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Capítulo Oito
"Você tem certeza que vai ficar bem?" Avery perguntou enquanto eu assistia Rhage perambular por todo o chão da sala. "Eu apenas sinto como se não estivesse te dando muita informação."
Ajustei meu telefone no meu ombro esquerdo, enrolei meus pés debaixo de mim antes que Rhage decidisse que o que ele estava fazendo não era tão interessante quanto a atacar as minhas pernas. Às vezes eu achava que ele confundia as minhas pernas com um poste de coçar. "Eu não tenho nada planejado para sexta-feira. Está bem. Que horas vocês trarão Ava e Alex pra cá?”
"Você é incrível. Você sabia disso? " Avery fez uma pausa, e eu pude ouvir Cam gritando o nome de Ava no fundo. A criança estava, provavelmente, correndo por sua casa ou pulando de cima da escada. Um segundo mais tarde, eu pude ouvir as gargalhadas de Ava. "Que tal às sete?"
"Perfeito."
O som dos risos da menina de Cam e Ava enfraqueceu. "Então, me fale tudo sobre o novo trabalho enquanto eu tenho alguns minutos."
"Está sendo bom." Era a quarta-feira seguinte e eu estava na Academia há um pouco mais de uma semana. As coisas estavam indo surpreendentemente bem. Principalmente porque eu raramente via Brock. Ele ficava em seu escritório com a porta fechada e, quando ele não estava, eu tinha criado uma habilidade de evitá-lo, a menos que eu tivesse que lidar com ele durante uma reunião. Ambos estivemos bastante ocupados e eu estava me concentrando na publicidade e locação de espaços adicionais que tínhamos no segundo andar. "Eu ainda estou me ajustando, mas eu estou... Estou feliz por trabalhar lá.” E isso era verdade.
"Estou tão feliz em ouvir isso, oh, a propósito, antes que eu me esqueça, Brock acabou encontrando Cam na segunda-feira. Eles almoçaram," ela me disse e eu imaginei que explicava por que Brock tinha ido embora no meio da tarde naquele dia. "Eu acho que Brock fez o ano de Cam. Então, você pode agradecêlo por isso.” "Claro," eu murmurei.
Houve uma pausa. "Então, eu sei que vocês meio que cresceram juntos, mas eu nunca teria adivinhado isso com base na forma como você agiu em relação a ele, quando ele apareceu no restaurante."
Incerta em como responder a essa pergunta, eu assisti Rhage pular no chão e, em seguida, arrepiar o pelo de trás. Ele estava encarando a parede. Quando falei com Avery na semana passada, quando ela ligou para me convidar para o café da manhã, que eu, finalmente resgatei como uma particularidade, ela realmente não tinha falado em Brock. Eu patinei durante essa conversa sem ter que falar sobre ele.
"Eu só estava pensando sobre isso, porque eu conversei com Steph na noite passada", ela continuou, e eu deixei minha cabeça cair para trás contra o sofá quando eu engoli um gemido. Steph trabalhou na Academia da Filadélfia e, quando eu a conheci a vários anos atrás, eu tive uma inveja escandalosa dela. Ela era tudo que eu queria ser de novo nessa ocasião - bonita, inteligente, gentil, além de confiante e forte, tão forte. "Ela está vindo para casa para visitar sua mãe em breve e nós conversamos sobre nos encontrarmos. De qualquer forma, ela perguntou por você", disse Avery.
"Ela peguntou?"
"Sim", respondeu ela. "Ela perguntou como você e Brock estavam convivendo. Não foi como se ela estivesse fofocando ou qualquer coisa assim," Avery acrescentou rapidamente. "Eu até perguntei porque ela estava fazendo essa pergunta, e ela realmente não respondeu, por isso fiquei super curiosa."
Enquanto eu encarava o teto, eu imaginava a foto emoldurada no escritório de Brock. Por que ele tinha aquela foto em seu escritório? A vontade de falar sobre ele, falar com alguém, me pegou desprevenida. Desde que deixei a Filadélfia, eu nunca falei com ninguém sobre Brock. Nem mesmo quando eu vi Abby e Katie, duas pessoas que sabiam o quanto eu gostava dele.
Falar sobre Brock traria à tona um monte de lembranças maravilhosas ao mesmo tempo em que arrastava coisas que eu não queria lidar.
Naquele momento, ouvi uma batida e olhei ao redor, minhas sobrancelhas se uniram. Rhage estava perto da parede, sacudindo a cabeça peluda. Obviamente, ele tinha atacado a parede e ela ganhou essa batalha. Que gato estúpido.
"Você ainda está aí, Jillian?"
"Sim. Desculpe." Enrolei um braço em volta dos meus joelhos. "Brock e eu... Bem, nós éramos muito próximos, mas nós meio que nos distanciamos." Certo. Isso soou insuficiente e clichê, e eu poderia fazer melhor. Avery merecia isso. "Tá certo. Se eu vou ser honesta, eu estava - eu estava apaixonada por Brock e ele pensava em mim como uma irmã mais nova. Ele não se sentia da mesma maneira, e nossa amizade... finalmente implodiu por causa disso.” "Oh. Uau. Você sabe o que isso me lembra? Teresa e Jase."
Um lado dos meus lábios tremeu.
"Não é assim."
"Bem, sim. Mais ou menos. Você sabe, Teresa foi super apaixonada por Jase quando era mais jovem, e ele não se atreveria a tocá-la, porque Cam o teria assassinado em seu sono." Avery riu. Teresa era a irmã mais nova de Cam e Jase era seu melhor amigo desde que eram crianças. "De qualquer forma, olha como isso acabou. Eles estão casados e”
"E Teresa está prestes a ter um bebê ", eu disse. "Eu entendo o que você está dizendo, mas Brock nunca me cobiçou secretamente como Jase fazia com Teresa."
"Como você sabe?", Perguntou ela.
Revirei os olhos. "Confie em mim, eu sei."
"Hmm. Eu não sei - espere. Espere. É melhor eu ir. Eu ouvi Ava gritando." Avery suspirou. "Você vem para o brunch 13 comigo e Teresa no domingo? Você pode me contar tudo sobre o seu encontro de sábado com Grady.”
"Uau. As notícias correm rápido", eu disse, me abalando um pouco com a lembrança sobre a mostra de arte com Grady. Eu realmente havia me esquecido disso. Estava na ponta da minha língua para dizer a ela que eu tinha planos, mas Avery sabia que eu nunca tinha planos, e eu me lembrei que eu prometi a mim mesma há quase duas semanas que eu não poderia recusá-la. Eu fiz isso uma vez desde então. Eu não faria isso novamente. "Irei ao brunch de domingo.” "Sério?" A voz de Avery arfou com surpresa.
"Sim. Seguindo em frente.” "Impressionante. OK. Vejo você na sexta-feira. Amo você!” Me despedindo, baixei o telefone e coloquei-o na ponta da mesa. Eu estava prestes a pegar o controle remoto, quando houve uma batida contra a minha porta da frente que enviou Rhage correndo para debaixo da mesa de café.
Não tendo nenhuma ideia de quem poderia estar aqui, eu me levantei e caminhei a curta distância até a porta. Rhage espreitou a cabeça para fora, as orelhas para baixo quando eu me levantei na ponta dos meus dedos cobertos
13 Refeição que engloba café da manhã e almoço.
de meias e olhei através do pequeno orifício... que me mostrou nada mais do que talvez uma visão distorcida de um peito, mas quem realmente sabia?
Olhos mágicos eram tão inúteis.
Voltando os meus pés, eu soltei o ferrolho e abri a porta . Meu estômago imediatamente revirou.
Sob a luz do teto brilhante, Brock estava em frente à porta do meu apartamento. "Hey." Ele colocou uma mão contra a moldura da porta e me deu aquele meio sorriso enquanto ele continuava com a outra mão atrás das costas. "Você está ocupada?"
Durante vários segundos, eu não pude nem encontrar palavras para formular o que eu precisava dizer e então eu deixei escapar: "Como você sabe onde eu moro?"
"Você é minha funcionária. Eu tenho todas as suas informações fiscais, e nelas tem o seu endereço", explicou. Meu olhar prendeu na corrente de prata fina pendurada em seu pescoço, desaparecendo sob a gola da Henley cinza. "E se eu não o tivesse, com certeza Andrew teria me fornecido."
Meu pai teria feito isso. "Posso apenas salientar que aparecer no meu apartamento sem aviso prévio é meio assustador?"
A expressão do seu sorriso preguiçoso disse que ele provavelmente não tinha pensado nisso e ele também não se importava. "Você vai me deixar entrar?"
Segurei a maçaneta da porta. "Por que você está aqui?"
"Eu queria falar com você."
Minhas sobrancelhas subiram. "E você não poderia ter feito isso no trabalho?"
”Não", respondeu ele.
"E uma vez que você estava olhando meus documentos de trabalho, você teria visto o meu número de telefone. Então você também não poderia ter me ligado?” "Eu não gosto de falar por telefone.” Eu estreitei os olhos. "Você está falando sério?"
"Tão sério quanto um ataque cardíaco."
Empurrando minha cabeça para trás, eu olhei para ele. "Você realmente acabou de falar isso em voz alta?"
"Talvez eu tenha falado." Um ombro subiu quando o sorriso chegou aos seus olhos. "Você vai me deixar entrar, Jillybean?"
"Não se você me chamar assim", eu respondi.
Ele inclinou a cabeça para baixo, e houve uma vibração suave no meu peito. "Por que você tem um problema comigo te chamando assim?"
"Talvez por que eu não tenho mais doze anos de idade?"
"Hmm." Brock se endireitou. "Eu duvido que essa seja a razão."
"Que seja," eu murmurei. "O que você quer falar?"
"Eu vou lhe dizer se você me deixar entrar." Seu olhar tornou astuto. "Você estaria mais aberta a me deixar entrar, se você soubesse que eu trouxe algo para você?"
O centro das minhas bochechas aqueceram. "Você não deveria ter trazido coisa alguma para mim."
"Bem, é muito tarde para isso, porque eu trouxe." Ele inclinou a cabeça para o lado. "E eu acho que uma vez que você ver isso, você estará muito, muito feliz em me deixar entrar."
"Eu não me importo com o que você trouxe."
"Eu não acho que você diria isso se você soubesse o que eu tenho.” Eu mudei meu peso de um pé para o outro quando eu olhei para trás. O ar frio estava à deriva em meu apartamento, e se eu não fosse cuidadosa, Rhage iria fugir. Mordi meu lábio inferior quando eu pesava minhas opções. Deixá-lo entrar não era como se eu estivesse me abrindo para algo diferente de ter uma conversa com ele.
"Decisões, decisões," Brock murmurou.
Revirando os olhos, dei um passo para trás e resmunguei: "Entre."
Brock baixou a mão e entrou, com a cabeça virando enquanto seu olhar passava por mim. Fechei a porta.
"Belas meias," ele comentou. "Você sabe, é como se estivesse identificando duas estações agora - verão e inverno."
Olhei para mim mesma. Oh droga! Eu tinha esquecido que eu estava vestindo shorts de algodão de dormir emparelhados com meias até o joelho. E estes eram shorts curtos14 . Grata que eu estava vestindo um longo casaco de lã sobre a blusa, eu conscientemente puxei a bainha dos meus shorts, enquanto ele olhava ao redor do apartamento. Vi que ele tinha um pequeno saco marrom pendurado nas pontas dos dedos.
"Então," eu disse, brincando com as mangas do meu casaco de lã, "O que você me trouxe?"
"Ah, então agora você está curiosa sobre o que está no saco?"
Cruzando meus braços, eu olhei para ele enquanto eu esperava que não fosse óbvio que eu não estava usando sutiã, porque eu podia sentir meus mamilos pressionando contra a blusa que eu usava.
14 Analogia com a palavra short que também significa “curto”.
Brock riu quando ele levantou o saco e colocou a mão dentro, puxando uma pequena caixa branca. Em seguida ele virou, espiando a pequena cozinha. "Então, quanto tempo você mora aqui?"
"Hum, eu não sei." Eu o assisti caminhar até a ilha e colocar a caixa e o saco sobre ela. "Eu acho que me mudei para cá à, aproximadamente, quatro anos."
“Lugar agradável." Seu olhar desviou para a pilha de livros na outra extremidade da ilha, e um sorriso amável apareceu quando ele começou a abrir a caixa. "É seguro aqui?"
"Sim. Nunca houve nenhum problema." Me arrastei para mais perto. "A maioria das pessoas que vive aqui são casadas ou trabalham em DC15 e viajam diariamente." Meu olhar caiu sobre suas costas. Será que ele já coloriu e preencheu a grande tatuagem de fênix? Aposto que ele fez e estaria incrível. Então, novamente, suas costas, com todos aqueles músculos filamentosos sempre era incrível. "Então onde... Onde você mora agora?” "Eu comprei uma casa fora de Shepherdstown," ele me disse. "Tem uma vista impressionante do rio. Você precisa vê-la.” Eu parei de andar, pensando que sua noiva poderia não ficar muito entusiasmada com isso. Então, novamente, eu duvidava que ela fosse me ver como uma ameaça.
Brock virou de lado, deslizando a caixa na direção onde eu estava. Olhei, e parei de pensar quando vi o que ele tinha trazido.
"Rosquinhas glaçadas", disse Brock. "Apenas glaçadas. Nada estranho escondido dentro delas. Eu sei o quanto você costumava odiar morder alguma coisa e não ter ideia se está recheada com creme ou frutas. Elas estão frescas, também. Comprei na padaria em Shepherdstown que fabrica todo o dia.”
15 Washington DC
Eu odiava morder qualquer alimento e ter algo inesperadamente esguichando na minha boca. Era bastante indelicado, mas eu não estava focada nesta aversão.
Em cima do papel encerado realmente estavam grandes rosquinhas glaçadas.
Era tão simples. Rosquinhas apenas glaçadas. Nada sofisticado ou espetacular. Mas ele se lembrava, e eu não sabia por que isso significava alguma coisa para mim. Eu tinha certeza de que assassinos em série lembravam coisas sobre suas vítimas, mas eu senti um pouco da tensão aliviando dos meus músculos rígidos quando eu pisquei para conter as súbitas lágrimas quentes.
Gah, eu estava tão emocional. Eram apenas rosquinhas. "Obrigada." Eu limpei minha garganta. "Isso é realmente bom."
Seu olhar pairou no meu, e eu rapidamente baixei meu queixo, passando por ele na cozinha. "Jillian..."
"Se eu for comer isso, você também vai," eu disse, arrancando várias folhas do rolo de papel toalha. Deus, eu estava uma bagunça do caramba, mas eu... Eu senti falta disso, senti falta de ter alguém na minha vida que me conhecesse por dentro e por fora, porque ninguém, ninguém me conhecia como Brock. Só me virei quando eu tive certeza que eu não parecia como se eu estivesse a segundos de explodir em lágrimas, e fui para a ilha, colocando as toalhas no balcão. "Quer dizer, eu não vou comer três rosquinhas gigantes."
"Desde quando?"
Uma risada estrangulada me escapou. "Bem, eu não tenho mais dezessete anos."
”Posso ver isso."
Um arrepio agradável percorreu a minha pele quando eu olhei para cima. Havia um brilho intenso, quase predatório no seu olhar, que eu não entendia. E, de repente, me atingiu, realmente me bateu, que, depois de seis
anos, Brock Mitchell estava no meu apartamento, no meu mundo, e eu nunca, em cem anos teria esperado por isso.
Mas lá estava ele, maior do que a própria vida, transformando o que era um apartamento espaçoso em algo que agora parecia realmente muito pequeno. Ele era cem por cento homem agora, algo que não era apenas de tirar o fôlego, mas uma lenda viva no mundo das artes marciais mistas. Porém, mais do que isso, ele era um homem que tinha superado uma infância terrível, batendo estatísticas e opositores. Derrubando a dúvida de todos quando ele subiu na hierarquia, sofreu uma lesão que ameaçou sua carreira para voltar e ganhar tudo, mais e mais.
Brock tinha fogo nele.
Ele sempre teve.
E foi isso que me atraiu para ele a partir do momento que eu o vi na sala de estar, olhando para o meu pai, embora ele estivesse com medo e com fome.
A ilha da cozinha nos separava, mas ele estendeu a mão com um longo braço. A Henley esticava contra seus músculos enquanto ele alisava o polegar ao longo da minha pele, exatamente no corte profundo deixado em minha bochecha.
Respirei fundo quando o toque incendiou o seu caminho através de mim. Meus sentidos entraram em curto circuito e um calor selvagem percorreu toda a frente do meu corpo, comprimindo as pontas dos meus seios. Ele só estava tocando meu rosto, minha cicatriz, e meu corpo estava pirando.
Brock manteve meu olhar por um longo instante e, em seguida, exalou pesadamente, soltando a sua mão. Eu não tinha ideia do que ele estava pensando quando ele desviou o olhar para longe de mim, mas ele tocou a cicatriz, e eu só podia imaginar que era algo que eu provavelmente não queria ouvir.
Intimidada, peguei as pontas do meu casaco e puxei-as juntas. Era hora de trazer essa conversa de volta aos trilhos. "Então, por que você..."
"Droga," ele amaldiçoou, estreitando os olhos. "Que porra acabou de atravessar o seu piso?"
Eu virei a tempo de ver o fim da cauda marrom e branca do Rhage correndo atrás do sofá. "Oh, esse é Rhage, meu gato. Ele odeia as pessoas, por isso é melhor fingir que ele não existe.” "Raiva16?" Ele olhou para mim, as sobrancelhas levantadas. "É um nome interessante."
"É baseado em um - um vampiro personagem de livro."
"Que bom que você esclareceu que era um personagem do livro", ele brincou enquanto estendia a mão e agarrava uma toalha de papel. "Você pegou o suficiente? Podemos precisar de mais uma.” "Cale a boca." Meus lábios tremeram quando percebi que algo mais sobre Brock não tinha mudado ao longo dos anos. Ele gostava de provocar. Nunca maliciosamente, mas ele sempre tinha sido brincalhão.
"Por um segundo eu pensei que você tinha um rato." Ele moveu para uma das banquetas. "Sente-se comigo."
"Você quer alguma coisa para beber?"
"Água seria bom."
Claro que ele iria pedir água ao comer uma rosquinha, pensei enquanto pegava uma Coca-Cola pra mim, pois por qual motivo eu propositadamente beberia água quando eu tinha uma bondade carbonada bem ao meu alcance? Peguei uma garrafa de água e coloquei na frente dele enquanto eu caminhava ao redor da ilha e me sentava na banqueta que o obrigava a se sentar à minha esquerda.
16 Rage significa raiva.
Eu pulei, apenas percebendo então que meu cabelo estava puxado para trás do meu rosto. Comecei a alcançar a presilha que fixava o comprimento no lugar, mas me contive. Qual era o objetivo? Não era como se ele não tivesse visto - e visto quando ele tinha estado muito pior do que isso. Além disso, ele tinha acabado de tocar a cicatriz, então...
Irritada comigo mesma, eu mordi a rosquinha e quase gemi quando minhas papilas gustativas praticamente tiveram um orgasmo. Tinha passado muito tempo desde que eu tinha comido a gostosura açucarada frita.
mim. "Você gosta?", Perguntou Brock, seu pesado olhar encapuçado sobre
De boca cheia, eu assenti.
O sorriso dele foi rápido e amplo. "Bom." Seu olhar afastou por um momento. "Sabe o que isso me lembra?"
Eu levantei minhas sobrancelhas já que a minha boca estava cheia.
"Quando nós costumávamos sentar na cozinha tarde da noite, porque você tinha decidido que queria brownies ou bolo", disse ele.
Engoli a bondade pegajosa, e peguei a minha lata de refrigerante. Eu não queria relembrar com ele, mas eu não consegui parar. "Na verdade, você queria brownies ou bolo."
Ele riu. "Essa é uma versão revisionista dos eventos."
Eu lhe lancei um olhar de soslaio.
"OK. Eu era o único que queria comer os brownies ou bolos assados, mas você queria fazer isso porque você queria o bolo cru e a mistura do brownie." Seus cílios grossos baixaram. "Você ainda faz isso?"
"Não." Fiz há apenas dois dias atrás.
O olhar em seu rosto dizia que ele sabia a verdade. Nenhum de nós falou enquanto nós finalizamos as rosquinhas, deixando uma na caixa - uma que eu definitivamente comeria quando ele fosse embora.
"Então, eu vim aqui para falar com você." Brock limpou os dedos na toalha de papel enquanto seu olhar deslizava em minha direção. "Porque eu estou desapontado."
Eu fiz uma careta enquanto limpava a viscosidade dos meus dedos. "Com
o que?"
“Você."
"Como assim?" Eu me inclinei para trás.
Rolando a toalha, ele a deixou cair no saco de papel marrom. "Quando você decidiu ficar e trabalhar comigo..."
"Para você," eu corrigi.
"Para mim." Ele baixou o queixo e sorriu, olhando para mim através daqueles cílios impossivelmente espessos. "Eu não achei que você iria passar o tempo todo se escondendo de mim."
Oh merda.
Fixei uma expressão vazia no rosto. "Eu não sei o que você está falando."
"Sério?" Seu tom era malicioso. "A única hora que te vejo é quando estamos em uma reunião com o pessoal."
"Isso parece normal," eu argumentei.
"E sempre que saio do meu escritório, de repente, você está no telefone."
Eu mordi o interior da minha bochecha. "Bem, eu estou fazendo um monte de chamadas, verificando os preços dos anúncios e tentando encontrar..."
"Uh-huh. E é realmente conveniente que essas chamadas parecem apenas acontecer quando eu não estou no meu escritório."
Dei de ombros casualmente.
"E como eu sei disso?", Ele apoiou o queixo na palma da mão, olhando de uma maneira muito presunçosa. "Eu verifiquei hoje. Liguei para Steve. Você sabe, ele senta diretamente na sua frente, e perguntei se você estava no telefone.”
Oh, não.
"Ele disse que não, mas adivinhe?"
Eu não disse nada.
Brock esperou.
Suspirando, eu cruzei os braços. "O quê?"
"Você estava no telefone um segundo depois que eu saí do meu escritório."
"Que coincidência", murmurei. "Você realmente tem um timing ruim."
Ele arqueou uma sobrancelha. "Isso é besteira."
"Linguagem, Sr. Mitchell," Eu imitei.
Surpresa cintilou sobre seu rosto e, em seguida, ele jogou a cabeça para trás e riu, expondo seu pescoço.
E quem sabia que um pescoço poderia ser tão atraente? Eu não sabia, mas o dele era.
Sem aviso, Rhage saltou na ilha.
Brock baixou o queixo. "Bem, olá."
O gato olhou para ele, as orelhas arrebitaram e depois se contraíram. Ele olhou para Brock como se ele não tivesse ideia de por que outro homem estava na casa. Seria uma coisa válida a se perguntar.
"Desculpa. Ele tem maneiras muito ruins." Eu suspirei. "Rhage, desça."
Soltando seu bumbum no balcão, ergueu uma perna e, lentamente, lambeu sua pata enquanto olhava Brock.
ele. "Ele ouve bem", disse Brock secamente quando ele estendeu a mão para
"Não faça isso!" Eu avisei, mas já era tarde demais. Seus dedos já estavam dentro do território morder e arranhar. Me encolhendo, eu desejei o inevitável golpe de garra.
Ele nunca veio.
Rhage abaixou sua pata e esticou a cabeça para fora, cheirando as pontas dos dedos de Brock. Então Brock mexeu. Rhage permaneceu imóvel enquanto ele o acariciava atrás da orelha. Depois de alguns segundos, Brock tirou a mão e Rhage saltou, suas garras de gatinho clicando enquanto ele pulava pelo corredor, em direção ao quarto.
"Que diabos?", sussurrei, reverente e um pouco irritada. "Ele odeia todo mundo. Incluindo eu.”
"Estranho. Parece um gato muito frio." Voltando para mim, Brock descansou seus braços na ilha. "De qualquer forma, você está me evitando."
Eu ainda estava fixada no fato de Rhage não mordê-lo ou pelo menos chiar para ele. Meu gato era um bastardo traidor da pior espécie.
"E eu quero que você pare."
"Huh?" Eu pisquei, me concentrando nele.
Ele se inclinou, seu olhar fixo no meu. "Eu percebo que existe alguma... existe alguma merda entre nós, e Deus sabe que se eu pudesse voltar atrás e mudar as coisas, eu faria. Você não tem ideia do quanto eu desejo que eu não tivesse a minha cabeça presa tão longe da minha própria bunda. Mas eu não posso mudar o passado. Nunca poderei.” Eu me mexi, apertei meu queixo com tanta força que eu fiquei surpresa que eu não desfiz todo o trabalho dos médicos que tinham investido na reparação meu rosto.
"Mas você sabe, quando Andrew disse que você concordou com o trabalho, eu fiquei tão ... fodidamente aliviado, porque eu sabia que eu não ia apenas começar a vê-la, mas finalmente falar com você." Ele sentou e balançou a cabeça lentamente. "Reconectar com você significa muito para mim, Jillian. Eu sei que eu sou agora o seu chefe, e eu sei como isso parece, confie em mim, mas eu quero ser seu amigo”. Eu não tinha ideia do que dizer.
"E eu sei que não podemos voltar e fingir que eu não...” Um músculo flexionou em sua mandíbula enquanto seu olhar moveu para a parede oposta revestida com armários. "Que eu não te desapontei de todas as piores maneiras. Eu sei que já pedi desculpas antes. Eu disse que estava arrependido uma centena de vezes.”
Brock tinha dito mesmo.
"Mas essas desculpas não são suficientes", acrescentou.
Estudei seu perfil, temor construindo quando eu comecei a entendê-lo. "Você não tem que ser meu amigo por causa do que aconteceu, porque você se sente culpado ou..."
"Não é isso. Não é o que eu quero dizer." Seu olhar pairou no meu e ele se inclinou para mim, deixando apenas algumas polegadas escassas entre nós. "Eu não quero que você venha para o trabalho e se estresse sobre ter que me evitar. Eu quero que você esteja confortável lá." Uma mecha de cabelo
castanho caiu para a frente, roçando sua testa. "Eu sei que estou pedindo muito. Eu sei que há uma boa chance de eu nem sequer merecer isso, mas eu quero que sejamos amigos, Jillian.” Amigos.
Deus, há um tempo, ouvi-lo dizer isso teria quebrado meu pobre coração em pedacinhos, mas agora? Eu não sabia como me sentir sobre isso. Brock e eu, por tão tolo quanto pudesse parecer na época, com a diferença de idade, tínhamos sido melhores amigos. Perder toda a esperança de menina de que um dia teríamos o felizes para sempre dos romances tinha sido terrível. Terminar a amizade tinha sido a pior dor, porque quando eu o cortei da minha vida, perdi o meu amigo mais próximo, o meu parceiro no crime e na aventura.
"Podemos fazer isso?", Perguntou. "Eu estou sendo verdadeiro. Quando eu disse na segunda-feira passada que seria como uma segunda chance, eu quis dizer isso. Podemos pelo menos tentar?” Honestamente, eu não tinha certeza, não tinha ideia se eu poderia realmente ser amiga de Brock. Não porque ele não havia retornado meus sentimentos uma vez. Isso nem sequer tinha nada a ver com o que aconteceu comigo na noite em que Brock alegou ter me decepcionado das piores formas possíveis, porque eu não o culpava pelo que aconteceu.
Mas eu não tinha certeza se poderíamos ser amigos sem eu... eu me apaixonar profundamente de novo, escorregar, e agarrar uma espécie de sentimento por ele que inevitavelmente terminaria em outro desgosto.
Não que eu fosse tão fraca quando se tratava do sexo oposto, mas Brock tinha uma espécie de magnetismo que te atraía, mesmo quando você resistia. Eram as provocações de brincadeira dele, o jeito que ele doava carinho uma vez que ele chegava a te conhecer e como ele facilmente, sem nenhum esforço, te fazia sentir como se você fosse a pessoa mais importante no mundo dele. Era como ele te fazia esquecer que todas essas coisas não necessariamente te tornavam um floco de neve especial. Era apenas como ele era, e até mesmo as mulheres mais brilhantes e mais fortes lá fora, poderiam ser absorvidas.
Mas Brock não estava disponível. Ele estava comprometido. Havia um muro de arame farpado coberto entre nós, uma linha de profundidade na areia, que nunca me permitiria até mesmo refletir sobre esses pensamentos. Não que eu estivesse pensando agora.
"E se você achar que não pode, o que eu tenho que fazer para mudar sua mente?" Sua mandíbula suavizou. "Mais rosquinhas? Tenho certeza que você ainda gosta de Reese’s Pieces17. Eu posso incluir uma oferta semanal como parte do seu pacote de emprego.” Eu comecei a sorrir, então eu curvei meus dedos sobre a minha boca.
"O que você me diz?", Ele perguntou, cutucando meu braço com o dele.
Olhando para ele quando eu abaixei a minha mão, eu decidi que eu poderia pelo menos tentar, porque tornaria mais fácil trabalhar em conjunto. Eu estava ficando cansada de fingir que eu estava ao telefone. "Ok."
O sorriso que se espalhou pelo seu rosto mostrou que um homem poderia ser masculino e bonito, porque aquele sorriso roubava o ar direto dos meus pulmões, e eu imediatamente tive de imaginar aqueles muros de arame farpado e as linhas de profundidade na areia.
Amigos.
Eu poderia fazer isso.
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