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Capítulo Cinco

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Brock e Jillian

Brock e Jillian

Passei o resto do sábado e maior parte do domingo absurdamente orgulhosa de mim mesma, porque concordar em sair com Grady novamente, sem Cam e Avery era um bom passo – um grande passo, porque o que mais eu poderia fazer?

Viver como uma eremita no meu apartamento, argumentar com o meu gato idiota ao tentar não deixar cair sorvete no meu Kindle e usar meu estômago como uma mesa para a minha taça? Sim. Isso parecia quase certo.

Domingo à noite, passei uma quantidade desumana de tempo no meu armário, definindo o que eu usaria no meu primeiro dia de trabalho na Academia. Esse tempo foi interrompido por uma chamada da nave mãe.

"Você está animada para amanhã?" Isso foi o que a minha mãe disse quando eu atendi ao telefone.

Eu sorri. "Eu estou. Um pouco nervosa. Estou tentando descobrir o que

vestir.”

"Querida, é um centro de treinamento. Você provavelmente poderia usar jeans."

"Eu não posso!" Eu balancei minha cabeça enquanto eu vasculhava as pilhas de calças de trabalho pretas e, em seguida, olhei para as saias e vestidos que eu nunca vesti. “Os funcionários de Philly não usam jeans. A menos que isso tenha mudado?"

"Seu pai é dono da empresa. Você pode vestir o que quiser", respondeu ela secamente.

Isso não era verdade, nem mesmo remotamente. O fato de o meu pai ser dono da empresa e do cargo de gerente assistente ter sido criado do nada,

provavelmente, será um problema com alguns dos funcionários em Martinsburg, mas eu estava tentando não pensar nisso.

"Então, como foi o seu encontro com os seus amigos?" Mamãe perguntou, mudando de assunto.

"Foi bom." Eu arranquei um par de calças e segurei-as no meu peito. "Falando no meu encontro, você nunca vai adivinhar com quem eu encontrei."

"Papai Noel?"

Revirei os olhos. Minha mãe era estranha. Eu a amava, mas ela era tão estranha. "Hum, não. Esbarrei com Brock." Mamãe ficou em silêncio.

Minha suspeita anterior floresceu. "Não aconteceu de você falar com ele recentemente?" Houve uma pausa.

"Eu falei com ele cerca de uma semana atrás."

Eu me virei quando Rhage se lançou em frente à porta do armário, perseguindo o que eu esperava que fosse algum inseto invisível. "Você disse a ele onde eu estaria na sexta à noite?"

"Não", minha mãe disse imediatamente. "Eu sei como você se sente sobre ele. Eu não iria dizer-lhe onde encontrá-la.”

Essa foi uma maneira estranha de responder à pergunta, mas, em seguida, a mãe perguntou cuidadosamente: "Você falou com ele?” Saindo do armário, coloquei as calças na cadeira ao lado da porta. "Sim. Por poucos minutos."

"E... e como foi?"

"Foi ok", eu respondi, hesitante, não querendo dar a ela qualquer falsa esperança de que Brock e eu de repente iríamos reconectar e tornarmos melhores amigos para sempre. "Você sabe por que ele estava aqui?"

"Então vocês falaram e foi ok?", Ao invés disso ela perguntou. "Jillian, esta é a primeira vez que você fala com ele em quantos anos?"

"Muitos anos, mas"

"Eu tenho certeza que foi mais do que ok", disse ela. "Tenho certeza de que provavelmente há uma pequena parte de você aliviada por ter realmente falado com ele?"

Eu comecei a dizer-lhe "o inferno que não", mas havia uma parte de mim que estava aliviada? Eu não tinha certeza. Eu deveria estar aliviada sobre o quê?

"Querida, eu sei que isto é uma conversa antiga, mas vocês dois eram tão próximos. Desde em que seu pai o levou para dentro de casa, você era sua pequena sombra. Você era muito afeiçoada a ele naquele momento, e eu sei que ele ainda é afeiçoado a você", ela disse, e minha mão livre fechou em uma bola tão apertada que os meus dedos doeram. "Então, falar com ele tinha que ser mais do que ok. Você era a amiga dele, Jilly, e por causa disso, talvez um dia, vocês dois encontrarão o seu caminho de volta um para o outro.” Eu puxei uma respiração superficial, me lembrando de uma outra pessoa me dizendo a mesma coisa. "Eu não sou essa amiga mais, mãe. Não é desse jeito. Isso nunca vai ser assim."

"Talvez não, mas o futuro não está escrito em uma pedra."

Não era sobre isso que eu queria falar e essa conversa era inútil, porque eu não tinha planos de vê-lo novamente. "Olha, eu tenho que ir. Te ligo mais tarde, ok?

Mamãe suspirou, e foi um suspiro de alguém que estava preocupado e não irritado. "OK. Eu falo com você em breve. Eu te amo."

"Eu também te amo."

Desligando o telefone, eu sentei na beira da minha cama e encontrei minha mente vagando mais uma vez por lugares que eu preferia que ela não

fosse, mas era algo que Mamãe havia falado - algo que minha amiga Katie também tinha falado para mim horas antes de todos os aspectos da minha vida mudarem.

"Você é essa amiga, Jillian."

Eu senti como se não fosse algo que eu realmente precisasse apontar, mas eu fiquei quieta quando eu ouvi Katie Barbara quebrar a última década da minha vida com a sabedoria que só uma stripper psíquica poderia derramar sobre você.

"Você é a amiga que está sempre lá, não importa o quê. Mesmo se você não quer estar lá, você ainda está lá." Ela apontou a tira de bacon extra crocante em minha direção. "Você é essa amiga assim."

Eu olhei para os meus ovos mexidos e suspirei. Como exatamente essa conversa surgiu, porque se eu estivesse em posse de um Vira-Tempo8, eu apenas voltaria e evitaria esse tema.

Ao meu lado, Abby Ramsey deslocou para frente, deixando cair os cotovelos sobre a mesa. Eu levantei meu olhar, procurando a garçonete. Este seria um grande momento para ela perguntar se queríamos a nossa conta. O problema é que era sábado de manhã no IHOP e o lugar era... bem, lotado.

Katie mordeu sua tira de bacon, que na verdade tinha sido o último pedaço de bacon que ela roubou do meu prato. "Como este fim de semana, por exemplo. Você não tem voltado para casa durante o verão. Na verdade não e você só tem poucas semanas antes de seu semestre de outono começar, certo? Mas você está aqui hoje."

Eu comecei a me defender, mas Abby falou: "Katie, ela não deixou Shepherd apenas por ele."

8 Relógio para viajar no tempo (Harry Potter).

Bom...

Sentada de costas contra a cabine, eu mantive minha boca fechada. Claro que Abby me defenderia. Eu era mais próxima dela do que eu era de Katie. Abby e eu nos conhecemos anos atrás em uma sessão de autógrafos, e nosso amor mútuo pela leitura resultou no que eu gosto de pensar que era uma amizade muito épica, considerando que havia uma lacuna de 10 anos entre nós.

Mas o amor pelos livros não distinguia idade.

Crescendo, eu sempre soube de Katie. Mesmo em uma cidade tão povoada quanto a Filadélfia e seus subúrbios vizinhos, todos conheciam Katie. E realmente não era porque ela era uma stripper no clube em frente ao bar chamado Mona’s. Também não era porque ela afirmava ser sensitiva, um efeito colateral de cair de um poste escorregadio.

Era só porque Katie era amiga de todos. Eu não acho que havia uma pessoa lá fora, que Katie não tinha amizade em algum ponto.

Mas naquele momento eu estava meio que desejando que eu não tivesse concordado com este café da manhã quando eu disse a Abby que eu estaria chegando para o fim de semana.

"Você sabe muito bem que é por isso que está aqui", Katie respondeu, terminando a fatia de bacon antes de lançar o seu cabelo loiro grosso por cima do ombro. "Ele é a única coisa que a traz de volta aqui em um estalar de dedos."

"Eu não diria que é a única coisa", pensei, pegando meu copo de refrigerante. "Eu vim para casa no mês passado."

"Para o quatro de julho," ela retrucou.

O suspiro de Abby quase foi engolido pelo gole de café que ela tomou. "Eu acho que o que Katie está tentando dizer"

"Ela sabe o que estou dizendo." Katie deslizou a manga de sua camisa roxa de néon de volta até seu ombro. Seus olhos brilhantes da cor do oceano

encontraram os meus. "Ele a trata como uma irmã mais nova/escrava. Ele não vale a pena. Ainda não."

Cada parte de mim se acalmou e depois enrijeceu. Os músculos ao longo minhas costas travaram. Minha pele arrepiou como uma colônia de formigas de fogo. Eu era uma pessoa muito sangue-frio. Tanto que quando eu morresse, eu tinha certeza de que "calma e serena" seria gravado em minha lápide, mas nada, nada fazia minha cabeça querer girar trezentos e sessenta graus mais rápido do que alguém falar mal dele.

"Não fale assim de Brock." minha voz era fria, mas o fogo estava faiscando no fundo da minha barriga.

"Ele é um adulto crescido." Katie deu de ombros, ignorando a minha advertência. "E ele está tomando suas próprias decisões. Tem sido por tanto tempo quanto todas nós lembramos, e você tem sido a sua pequena sombra."

"Bem, isso soa meio patético quando você fala assim." Eu coloquei meu copo de volta na mesa antes que ele acidentalmente escorregasse para fora dos meus dedos, e meu epitáfio alterasse para ‘mal-humorada e impulsiva’."

"Se a carapuça assenta...” Meu queixo caiu. Todo mundo sabia que Katie poderia ser extremamente contundente, mas Jesus, isso foi um pouco desnecessário. "Katie", eu disse, os olhos arregalados.

"Você foi fazer compras de supermercado para ele", ressaltou.

Eu sabia de quando ela estava falando. Cerca de um ano e meio atrás. "Ele mal podia se mover," eu protestei.

"Você lavou sua roupa", ela continuou, e a camisa roxa brilhante deslizou fora de seu ombro.

Eu fiquei boquiaberta. "Ele fez uma cirurgia em seu músculo da parede torácica!"

"Você realmente limpou o seu apartamento para ele," Katie terminou com uma salva de palmas de suas mãos. "E quem faz isso? Admiravelmente, eu não tenho uma única amiga, nem mesmo uma amiga especial, que limparia o meu apartamento. Você é esta amiga."

Eu fechei minha boca. "Talvez você precise de amigas melhores." Katie inclinou a cabeça para o lado e levantou as sobrancelhas.

"O que Katie está tentando dizer é que você sempre esteve lá para Brock. Você saía do seu caminho para estar lá para ele," Abby tentou novamente, e desta vez Katie não a interrompeu. "E ele é...” Abby não terminou.

Ela não precisava.

Brock. Porque ela era muito agradável e Brock era apenas... bem, ele era

Eu extraí uma respiração profunda quando eu encontrei o olhar de Katie. "Eu fiz essas coisas para ele, porque ele estava realmente ferido, e eu estava apenas ajudando-o."

"E ele está melhor agora." Katie puxou a manga da sua camisa para cima novamente. "Próximo fim de semana é o seu grande retorno à disputa do MMA."

Meu estômago deu um nó, como fazia toda vez que eu pensava sobre sua próxima luta. Ele estava treinando para seu grande retorno desde o momento em que o médico o liberou para voltar para a gaiola – o octógono.

Ficaria tudo bem, embora.

Porque meu pai não teria apoiado Brock se ele pensasse por um segundo que ele não estava pronto. Não quando meu pai era o Andrew Lima, o especialista em jiu jitsu e artes marciais mistas9.

9 MMA

O meu pai descobriu Brock, quando ele era apenas um adolescente, com quatorze anos de idade. Brock tinha um talento natural quando se tratava de imitar movimentos. Quando era mais novo, cada pontapé, retenção de submissão, e habilidade tinha sido autodidata.

Eu tinha oito anos quando meu pai o levou para a concavidade Lima –para nossa família – e sob a tutela de meu pai, Brock rapidamente se tornou o próximo grande negócio, uma vez que ele tinha idade suficiente para competir. Todo mundo o queria. Endossos. Lutas em Pay-Per-View. Ele estava em ascensão, e eu estava muito feliz por ele, porque Brock não havia tido uma vida fácil até esse ponto, e ninguém – ninguém - merecia mais do que ele.

Quase dois anos atrás, enquanto ele estava trabalhando com um dos novos recrutas nas principais instalações da Academia na cidade, ele sofreu uma ruptura do tendão peitoral maior, um corte grave do músculo interior do tórax. O horror e a impotência que senti quando tinha acontecido ressurgiram. Não precisou nenhum esforço para vê-lo cair de joelhos, segurando o peito enquanto a dor estava gravada em suas características marcantes. Tinha sido tão ruim que ele foi levado às pressas para a cirurgia, mas com repouso e reabilitação, ele foi capaz de retornar à forma de luta superior.

Balançando a cabeça, voltei a me concentrar no presente. "Eu fiz essas coisas para ele, porque ele é meu amigo. Eu faria para qualquer um dos meus amigos."

Katie parecia querer dizer mais, mas decidiu contra isso, e eu mexi desconfortavelmente no meu assento. Katie nunca se conteve, por isso, se ela estava se contendo agora, não poderia ser bom.

Então, novamente, nenhum dos meus amigos realmente sabia toda a situação de Brock, e nem um único um deles pensava que isso era uma coisa boa.

Respirei fundo e levantei meu queixo. "E Brock me pediu para voltar para casa neste fim de semana. Ele quer sair para jantar hoje à noite, apenas

ele e eu – uma celebração antecipada em homenagem a sua luta na próxima semana, uma vez que ele sai amanhã à noite com o meu pai para treinar lá."

Os olhos de Abby se arregalaram. "O que? Você está nos dizendo isso só

agora?"

Mordendo meu lábio para me impedir de sorrir, eu dei de ombros. "Eu realmente não tive a chance de explicar desde que alguém–" Fiz uma pausa, atirando a Katie um olhar aguçado. “– esteve me repreendendo pelos últimos trinta minutos."

"Eu não estou envergonhada deste pedaço de conhecimento", Katie respondeu.

"É um encontro?" Abby perguntou.

Meu estômago embrulhou novamente. Um encontro? Oh Deus, só de pensar nesta noite como um encontro me fez querer rir e vomitar ao mesmo tempo, e isso seria bastante impressionante... e grosseiro. "Não é realmente um encontro. Quer dizer, ele não chamou de encontro, mas somos apenas nós."

Abby abriu a boca e, em seguida, olhou para Katie. Esperei, sabendo que o que quer que Katie estivesse prestes a dizer, eu provavelmente não queria ouvir.

Katie soltou seus braços em cima da mesa, sacudindo os talheres. "Se você não sabe se é um encontro, não é um encontro."

O sorriso com o qual eu estava lutando escapuliu. "Eu não acho que é um encontro, Katie."

Ela suspirou profundamente. "Às vezes eu realmente odeio esse homem."

Eu esvaziei como um balão que tinha sido furado. Katie não compreendia. Hora de mudar de assunto. Olhei para Abby. "Você e Colton ainda estão planejando ir para Poconos para o seu aniversário?"

"Sim. No próximo fim de semana. Eu não posso acreditar que já se passaram dois anos." Seus lábios curvaram em um sorriso bonito.

"Hora de você começar a aparecer com alguns bebês", aconselhou Katie.

Os olhos de Abby arregalaram. "Eu não sei disso."

Eu sorri, pensando um pouco. O bebê de Abby e Colton seria adorável. Eu estava absolutamente fascinada com a forma como os dois tinham reconectado. Era como algo saído dos livros de romance de Abby e editados para a vida. Eles se conheceram na escola. Abby tinha inocentemente se encantado por Colton, embora ela tenha casado com seu namorado do colegial, mas seu marido infelizmente faleceu. Então, anos mais tarde, Abby tinha recorrido a Colton depois de testemunhar um assassinato, um assassinato maldito que Colton acabou investigando. As chances! Sério.

"E você?" Perguntou Abby, seu olhar penetrante. "Quando é que você vai desistir da pole e ter filhos?"

"Desistir da pole?" Katie inclinou a cabeça para trás e riu. "Se e quando eu for ter filhos, isso não significa que eu tenha que desistir de dançar."

Eu pressionei meus lábios juntos para parar a construção do riso na parte de trás da minha garganta, enquanto eu imaginava uma Katie grávida agitando na pole. Se alguém fosse se despir enquanto obviamente grávida, esse alguém seria Katie. Ela trabalharia nisso, com barriga e tudo.

A garçonete finalmente chegou com nossas contas e fomos para a brilhante manhã ensolarada de Agosto. Conforme eu puxava os óculos de sol da minha cabeça e para os meus olhos, eu prometi a Katie que tentaria visitá-la hoje à noite no clube.

Eu sempre prometi a ela.

Eu nunca fui ao clube que ela trabalhava.

Não porque eu tivesse alguma coisa contra clubes de strip. Eu só sabia que, conhecendo a minha sorte, eu encontraria um membro da minha família, o que seria cerca de sete diferentes tipos de esquisitice.

Minha família era muito grande, você não poderia jogar uma pedra e não atingir um Lima. Primos e sobrinhos, e – Oh Deus – tios estavam literalmente em toda parte. Era como um ser superior vomitasse, pulverizasse Limas por toda a cidade da Filadélfia. Uma vez, eu fui a uma consulta ginecológica e meu tio Julio estava na maldita sala de espera com a sua esposa muito, muito mais jovem.

Mais jovem, como se Nicole tivesse apenas seis anos a mais do que eu. A idade de Brock. Ela era uma ring-card girl10. Foi amor aos primeiros booty shorts e top de biquíni vista. Nicole era super doce. Super quente. E super grávida. Como se cada vez que eu a visse, ela estivesse grávida novamente. Durante o Natal eu sempre conseguia quase esquecer de um dos seus filhos. Eles tinham uma ninhada inteira. Julio era um dos irmãos do meio, mais jovem do que o meu pai, em seus quarenta e poucos anos, assim você imaginaria que em algum momento ele teria acabado com seus espermatozoides ativos.

A resposta era Não.

De qualquer forma, a coincidência na consulta ginecológica tinha sido horrível. Desde que Julio acreditava que eu deveria ser uma virgem, ele não tinha entendido por que eu estaria no ginecologista. Como se as mulheres não tivessem quaisquer outras razões para visitar o ginecologista além de fazer sexo.

Eu amava o meu tio, mas ele era um idiota às vezes.

10 Garota que segura as cartas indicando o número da próxima rodada nas lutas.

Ele prontamente chamou meu pai e insistiu que eu deveria ser sexualmente ativa, e quando eu cheguei em casa naquele dia, foi como se A&E11 tivesse aparecido e uma intervenção estivesse prestes a acontecer.

Então, sim, eu sabia que se eu fosse onde Katie trabalhava, eu provavelmente iria acabar sentada ao lado de um tio ou um primo, enquanto seios balançavam na minha cara, e isso poderia me levar para a terapia.

Abby permaneceu ao lado do motorista do meu Camry usado, observando Katie voar para fora do estacionamento em um Mustang novo. "Ela é louca e é preciso tempo para acostumar com ela." Abby virou para mim, apertando os olhos. "Mas eu a amo."

Sorrindo, eu recostei contra o meu carro quando eu removi minha franja pesada para o lado. Eu realmente precisava deixá-la crescer , porque eu estava ficando muito incomodada com ela, especialmente no verão. Algo que eu estava dizendo a mim mesma desde que eu tinha, oh, cerca de quatorze anos. Mas eu sempre cortava, da mesma forma de sempre. Reta e cheia, roçando nas sobrancelhas.

Talvez eu deixe crescer desta vez.

Talvez.

Ou talvez eu corte o meu cabelo como o de Abby. Era escuro e encostava nos seus ombros. O meu era comprido e tinha cor de chocolate ao leite, solto ele passava a alça o meu sutiã. Embora eu nunca o usasse solto. Não mais. Era sempre em um coque. Então, por que mantê-lo por muito tempo, especialmente quando era uma dor para secar e arrumar?

"Jillian?"

Percebendo que eu estava olhando para a estrada, eu voltei minha atenção para Abby. Ela sorriu para mim novamente. Abby era uma mulher

11 Anywhere and everywhere (Em qualquer lugar e em toda parte) - Usado quando se refere à atratividade sexual de uma mulher / homem. Significa "Eu faria com ela / ele em qualquer lugar e em todos os lugares".

bonita, mas quando sorria, ela era impressionante, e ela sorria muito mais desde que se reconectou com Colton. "Sim?"

Ela me estudou de perto. "Você sabe que Katie tinha boas intenções, certo?" Meus ombros ficaram tensos. "Eu sei."

"Ela pode ser apenas um pouco... impetuosa às vezes ", ela continuou, dando um passo mais perto. "Mas isso vem de um bom lugar. Ela se preocupa com você. Eu também. O mesmo acontece com Stephanie.

"Eu fiz uma careta, quando eu mudei meu peso de um pé para o outro. "Por que qualquer uma de vocês se preocupa comigo? Eu estou cem por cento bem.”

Abby inclinou a cabeça para o lado e o sorriso escorregou um pouco. O olhar que atravessou seu rosto estava cheio de dúvida e, em seguida, ela exalou lentamente quando balançou a cabeça. "Ok", disse ela depois de um momento, e então me abraçou, me dando um aperto rápido antes de beijar minha bochecha. “Ainda estamos certas para o almoço amanhã com Stephanie?" Aliviada que ela não ia empurrar isso, eu a abracei de volta. "Enquanto Nick e Colton deixarem vocês duas por tempo suficiente."

Abby riu enquanto ela andava para o lado, engatando a alça de sua bolsa. "Como se eles pudessem nos parar."

Considerando que ambos os casais - Abby e Colton, Stephanie e Nick estavam experimentando um período prolongado de lua de mel, eu realmente não poderia culpá-los se eles preferissem hibernar em casa por todo fim de semana.

"Vejo você amanhã." Eu mexi meus dedos e, em seguida, dei a volta. Meu celular vibrou quando eu subi no carro, alertando-me para um texto.

Acionando o ar condicionado, eu procurei na minha bolsa e peguei meu celular. Capturei minha respiração e meu estômago deu uma cambalhota de

prazer quando eu vi o nome em minha tela. Eu não consegui evitar que meus lábios se curvassem nos cantos.

Brock.

Abrindo o texto, senti um pequeno sorriso bobo puxando meus lábios quando comecei a ler sua mensagem.

Ei Jillybean, mudança de planos. Alguns caras estão na cidade. Vou me reunir com eles no Mona’s por um instante. Você pode me encontrar lá às 7?

O sorriso deslizou um pouco. Quem estava na cidade? Eu dei uma rápida chacoalhada de cabeça. Não importava. Ele ainda queria jantar na churrascaria intensamente popular não muito longe do Mona’s. O jantar ainda aconteceria. Esta noite ainda aconteceria.

Escrevendo de volta que eu estava bem com isso, coloquei meu telefone no porta-copos e então deixei escapar um suspiro trêmulo. Esta noite seria a noite em que eu provaria para Brock que eu não era mais uma garotinha.

Brock já não pensaria em mim como uma irmãzinha.

Me arrastando para fora da memória, eu olhei para o meu telefone. Meus olhos começaram a queimar e borrar. Deus, eu tinha sido um idiota apaixonada naquela época, mas mesmo assim, eu tinha sido feliz. Eu estava disposta a correr riscos.

Porque me apaixonar por Brock tinha sido um risco. O amor era um risco, não importa o quê, e eu tinha sido corajosa - estúpida e cega - mas corajosa. Quando ele veio por Brock, eu mergulhei de cabeça e não subi por ar.

E eu tinha vivido. Claro, eu tinha sido tímida e às vezes oprimida pela minha família de bundões, mas havia todas as coisas que aquela versão de mim tinha feito - colecionar livros obsessivamente, ir para seções de autógrafos e encontro de autores, persuadir amigos para viagens para Nova Iorque, e passar todos os domingos tomando café da manhã com as melhores pessoas do mundo.

Havia tanto que eu queria fazer naquela época. Eu queria viajar. Para escrever um livro! Eu queria conhecer a última autora por quem me encantei, a rainha conhecida como JR Ward. Eu queria ficar ao lado do meu pai durante uma competição televisionada, sabendo que eu tinha uma mão para trazer esse talento para o ringue. Eu queria...

Eu queria tanto.

Eu mal reconheci aquela garota com as franjas grossas e sorriso largo, mas às vezes eu não tinha certeza, se não ser ela mais era realmente uma coisa boa, porque eu não fazia mais nenhuma dessas coisas que eu gostava.

Eu não colecionava livros.

Eu não ia para seções de autógrafos.

Eu, com certeza, não viajava.

Eu ainda não tinha conhecido JR Ward.

Eu não tinha nada a ver com o legado de minha família até recentemente.

E eu nunca tentei escrever um livro, mas isso provavelmente era uma coisa boa.

Esta versão de mim, a dos últimos seis anos, foi trabalhar, voltou para casa e depois se perdeu em mundos ficcionais que eram muito, muito mais excitantes do que os meus. Eu vivia com personagens que não eram reais, mas eles ainda viviam vidas mais autênticas do que eu, e como... Como eu deveria continuar assim? Como eu deveria continuar, quando viver entre páginas tinha mais encanto do que viver na vida real?

Deixando cair meu telefone, eu bati minhas mãos sobre meu rosto e esfreguei meus olhos. Eu senti como se eu estivesse a segundos de danificar tudo de novo, e o bom Deus sabia que eu já tinha feito isso uma vez antes.

Mas eu não podia me deixar fazer isso.

Porque amanhã eu começaria um novo emprego e era um que eu me importava, porque era uma parte do meu sangue. E eu ia sair naquele segundo encontro com Grady. Não só isso, mas quando Avery me convidasse para o café da manhã de domingo, e ela iria, porque ela enviava mensagem quase todas as sextas-feiras e me chamava para ir, eu não viria com uma desculpa para não ir como eu normalmente fazia. Eu iria. Estes eram passos pequenos, mas impressionantes, e talvez eu pudesse ser um pouco dessa velha Jillian.

Talvez isso não seja tão ruim.

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