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Capítulo Dez
A omelete gigante estava quente e cheia de quase toda carne existente - linguiça, salsicha, bacon, bacon canadense e presunto. Claro que coloquei alguns vegetais ali. Tinha também pimentão e cogumelos.
E queijo.
Muito queijo, e eu não me importava que queijo não fosse um vegetal.
Eu nunca fiquei mais animada por algo na minha vida.
Avery pediu a carne com ovos, com acompanhamento de bacon extra crocante. E era um corte gigante de T-bone. Do outro lado nosso estava uma muito grávida Teresa, que tinha uma pilha de panquecas acompanhadas de uma tigela de frutas e um acompanhamento extra de salsicha.
Eu amava o fato que essas mulheres comessem tanto quanto eu.
O café da manhã de domingo era uma tradição que havia começado lá na Pennsylvania e tinha acompanhado a gente para a West Virginia. Eu tinha sido convidada para aproveitar desse momento desde que apareci em Shepherd a anos atrás, porque eu as tinha conhecido por causa de nossos amigos em comum. Eu já tinha furado muito mais vezes do que aparecido, mas isso era algo que estava me esforçando para mudar.
Comecei a comer a omelete quando o celular de Avery tocou. Ela abaixou sua faca e o pegou. "Ai meu Deus."
Avery esticou seu celular no centro da mesa e nele havia uma foto do Jack, filho do Jase de outro relacionamento, que estava deixando uma Ava muito feliz andar de cavalinho nele.
Jack já tinha uma idade de dois dígitos. Eu era péssima em descobrir o quão velha as crianças eram. Acho que era algo que se aprendia quando você começava a produzi-las. Ele parecia tanto com Jase que fazia você olhar duas
vezes. Cabelo cor de ferrugem e lindos olhos cinzentos, ele era um quebrador de corações em fase de crescimento. Ao lado deles havia duas tartarugas em coleiras. Parecia que Jack as estava levando para passear quando Ava subiu em suas costas.
"Oh, Ava está no paraíso." Teresa colocou um pedaço de melancia em sua boca e olhou para baixo quando um pouco do caldo caiu em sua barriga inchada. Ela suspirou.
"Ava está apaixonada pelo Jack," Avery explicou para mim e sorriu para Teresa. "Sempre que Jack vem em casa, Ava fica, literalmente, no seu encalço, como sua pequena sombra. É tão fofo."
"É mesmo," Teresa concordou, pegando uma salsicha com seu garfo. "Tenho certeza que Cam vai ficar super feliz quando Ava ficar mais velha."
Avery revirou os olhos. "Ele vai ser um daqueles típicos pais. Sabe? Aquele que limpa uma espingarda na frente dos meninos que Ava namorar."
Teresa levantou uma sobrancelha. "Cam tem uma arma?"
"Não, mas tenho certeza que ele vai ter uma quando Ava tiver dezesseis."
Eu ri enquanto cortava um grande pedaço da minha omelete.
"Obrigada novamente por cuidar da Ava e do Alex para gente," Avery disse pela centésima vez. "Você não faz ideia do quanto é difícil sair quando se tem crianças." Ela apontou seu garfo para Teresa. "Pelo menos com Jack, ele sempre foi velho o suficiente para não precisar de atenção constantemente. Apenas espere quando o bebê chegar. Transar vira esporte olímpico. Graças a Jillian, nós finalmente conseguimos não fazer o bebê número três, espero."
Adicione isso a lista das coisas que eu não precisava saber que eles faziam quando eu estava cuidando das suas crianças.
"Yeah, mas nós temos uma babá de plantão," Teresa respondeu. "Jack."
"Verdade," Avery disse.
Teresa riu enquanto ela esfregava sua barriga inchada. "De qualquer modo, onde se tem vontade, se dá um jeito," ela disse, mergulhando a salsicha no pote de molho. "Falando nisso, Jillian, não ache que não percebemos que você não deu detalhes sobre seu encontro."
"Mmm?" disse com a boca cheia de ovos e queijo.
Avery levantou uma sobrancelha. "Então, você disse que se divertiu e que vocês iriam sair para jantar na quarta, mas vocês... você sabe..." ela me deu uma cotovelada. "Se beijaram? Fizeram mais que isso?"
"Vocês transaram?" Teresa perguntou.
Eu tossi, quase me engasgando com um pedaço de bacon. "Não. Sem sexo. Não que tenha algo de errado com sexo no primeiro encontro," eu disse, porque de verdade, eu não via nada de errado com isso. Só não era minha praia, já que parecia meio precipitado e eu era como uma tartaruga de três pernas quando se tratava de relacionamentos. "Ele tentou me beijar."
"Tentou?" Teresa levantou uma sobrancelha.
Pegando meu copo de Coca-Cola, eu dei de combros. "Eu virei meu rosto quando ele se inclinou. Não quis fazer isso. Só não estava pensando."
"Oh," Avery disse, soando desapontada.
"O que?" perguntei.
"Nada." ela cortou um pedaço da sua carne.
Eu tomei outro gole e abaixei meu copo. "Isso não pareceu com nada."
"Acho que era algo como 'quando se quer ser beijada por alguém, você não vira o rosto'," Teresa explicou.
"Eu quero que ele me beije!" disse, e então corei quando a mulher de cabelo branco que estava do outro lado olhou para mim. "E quero. É só que... eu não tenho muita experiência."
Os olhos de Teresa arregalaram. "Você é...?"
"Não. Eu não sou virgem," disse me movendo, não confortável. "Eu só estive em um relacionamento."
"Aquele cara era um babaca," Avery disse.
"Yeah, eu sei disso, mas não houve ninguém antes dele? Depois?" Teresa perguntou.
Balancei minha cabeça. "Não é fácil para mim..." me interrompi enquanto pegava um pedaço da omelete. O que eu iria dizer a elas? Que não era fácil porque eu não estava totalmente confortável com minha aparência?
Deus, isso parecia besteira quando se dizia em voz alta. Inferno, eu nem estava confortável com tudo antes de tudo. Será que elas iriam entender? Teresa e Avery eram mulheres lindas, lindas de maneira única.
"Eu sou péssima nessa coisa toda de namoro," continuei. "Tenho um péssimo gosto para homens. Quero dizer, não estou falando que Grady é ruim. É só que... eu não sei o que estou falando. Por favor me ignorem."
Teresa olhou para Avery e, então, se inclinou o máximo que sua barriga permitiu, o que não era muito. "Todas nós éramos péssimas com namoros. Especialmente Avery."
"Verdade," ela disse feliz, cortando outro pedaço de carne. "Tem época onde eu olho para trás e ainda me admiro que Cam e eu estamos juntos. Eu era... bem, eu era realmente adversa a ideia de namorar alguém. Ele apenas estava determinado a mudar isso."
Teresa se encostou no seu banco, sua mão indo parar na sua barriga. "Sabe, não acho que disse isso para você, mas o cara com quem namorei na época da escola era um verdadeiro babaca. Ele batia em mim."
sabia." Eu quase deixei cair meu garfo. Ela não tinha me dito isso. "Eu não
"E vamos apenas dizer que, quando Cam descobriu, as coisas foram parar no fundo do poço. Mas o que quero dizer é que eu já tive um péssimo gosto para namorados. Não tem nada para se envergonhar aqui, especialmente quando você reconheceu isso - reconheceu no passado. E não tem problema com você virar seu rosto quando Grady estava prestes a te beijar. Talvez você só não está pronta para esse relacionamento chegar nesse ponto."
Concordando vagarosamente, eu peguei o que sobrou da minha omelete. Eu não tinha mais dezenove anos. Eu tinha vinte e seis, mais quatro e teria trinta. Então quando é que eu estaria pronta? Quando eu seria... normal?
Graças a Deus que a conversa mudou de assunto e elas começaram a falar sobre a vontade de dar aulas de dança. Eu odiava me sentir desse jeito saber que, às vezes, eu tinha tão pouca confiança em mim mesma. Vergonha não era nem mesmo a palavra certa para isso. Ninguém gostava de uma mulher que se olhava no espelho e não gostava do que via.
O que era tão ridículo de se pensar sobre.
Pegando um cogumelo do meio da omelete com meu garfo, comecei a ficar irritada. Eu me lembrava de quando Abby finalmente tinha se reencontrado com Colton e ela tinha estado tão desconfortável com si mesma. A ideia de intimidade com ele a assustava e ela tinha ficado com vergonha de admitir que se sentia desse jeito. O que eu tinha dito para ela? Que não ter a maior segurança do mundo não fazia ela uma pessoa pior ou algo sobre se sentir mal sobre isso?
Isso fazia dela normal, bem normal, porque qualquer mulher normal não olhava para si mesmo todo dia e dizia "nossa, como sou incrível." Todas tinham momentos onde duvidavam sobre si mesmas e tinham problemas em olhar para seu reflexo por motivos além dos físicos.
Eu sempre senti que quando alguém fala que você tem que ser mais confiante, era como tomar um tapa na cara. Como ouvir isso ajudava a fazer você se sentir melhor?
Eu precisava me dar um tempo. Sério.
Colocando o cogumelo e mais um pedaço de omelete na boca, minhas orelhas atiçaram quando ouvi Avery dizer, "Nós só precisaríamos do espaço para o estúdio. Honestamente, a essa altura, só precisaríamos de uma sala grande, mas cada lugar que olhei na cidade precisava de muito trabalho e o aluguel era ridículo."
"Sobre o que vocês estão falando?" perguntei.
Teresa estava brincando com seu guardanapo, dobrando-o em um quadrado pequeno enquanto falava. "Você sabe como eu e Avery sempre quisemos abrir nosso próprio estúdio de dança, começar pequeno, oferecendo apenas algumas aulas já que eu, obviamente, estarei fora por um tempo." Ela deu uns tapinhas em sua barriga. "Então só precisamos do lugar, mas o que tem disponível nessa cidade é ridículo."
"Ou é grande ou pequeno demais," Avery confirmou. "E quase sempre acima do preço pelo tipo de trabalho que precisaria para converter a sala em um estúdio apropriado."
E eu tive uma ideia, e eu não acredito que nunca pensei nela antes, porque eu já tinha ouvido elas falarem sobre realizar seu sonho de começar sua própria companhia de dança. Então, novamente, eu nunca estive nessa posição, até agora.
"Temos um bom espaço disponível na Academia, no primeiro e segundo andar, que atualmente estamos procurando alguém para alugar," expliquei, olhando entre as duas. "A maior parte do espaço está completamente vazia. Claro que precisaria de trabalho para deixá-lo pronto para um estúdio, mas eu sei que meu pai quer expandir o tipo de serviço que oferecemos. Eu sei que vocês estão procurando seu próprio lugar, mas..."
"Nós, eventualmente, iríamos querer ter nosso próprio lugar, mas sabemos que não temos esse tipo de reputação agora, nem o capital," Avery disse, praticamente pulando no lugar. "Ser parceira de uma empresa como a Lima Academy..."
"Seria muito mais do que esperávamos." Os olhos de Teresa estavam cheios de animação. "Temos que conseguir permissão do seu pai?"
"Ainda não. Eu só preciso falar com.…" Franzi o cenho. "Eu só preciso falar com Brock e ver o que ele acha. Se eu conseguir convencê-lo, então talvez tenhamos espaço para vocês. Vocês poderão ir lá, ver o espaço, falar sobre o que precisam que seja feito e quanto isso custaria."
"Isso parece incrível," Avery disse, trocando um olhar contente com Teresa e, pela primeira vez em muito tempo, eu me deixei sorrir sem tentar esconder.
Eu estava nervosamente animada, esperando por Brock, na segunda. No momento em que o vi passando pelo meu escritório, com a cabeça baixa e focado no seu celular, eu sai voando da minha cadeira. Porém, o fato dele não ter levantado sua cabeça nem acenado como todos os outros dias era estranho.
Eu me sentei de volta, decidindo que deveria esperar um pouco.
Sem mencionar que provavelmente deveria dar a ele alguns minutos para se ajeitar. Afinal, era a manhã de uma segunda.
Meia hora se passou antes deu pegar um copo de café e ir em direção ao seu escritório, dando meia volta e indo para a sala de descanso em vez disso. Eu realmente não via nada de errado em amaciar ele com uma xícara de café.
Sabendo que ele gostava do seu café puro, eu peguei uma das canecas com o logo dos Lima de dentro do armário e coloquei um pouco para ele. Completei a minha antes de adicionar outro sachê de açúcar. Me virando, eu
parei quando vi Paul parado apenas a alguns passos atrás de mim. Café quente saiu pela borda da caneca, espirrando no topo da minha mão.
"Ouch," disse, resistindo a vontade de balançar minha mão e espirrar mais café.
Paul sorriu enquanto dava a volta em mim, andando até a geladeira para pegar um shake de proteína. Sem pedir desculpas. Sem me cumprimentar. Nada. Eu o assisti caminhar de volta para fora da sala, me deixando de boca aberta.
"Que babaca," murmurei.
Deixando para lá meu encontro com Paul, eu fui em direção ao escritório de Brock. A porta estava aberta, então eu disse "Você tem uns minutos? Eu trouxe café."
Brock levantou sua cabeça e um pequeno sorriso apareceu no canto de sua boca. Ele tinha a barba de vários dias por fazer e havia sombras em baixo dos seus olhos, como se ele não tivesse conseguido dormir muito no final de semana.
Uma sensação estranha passou por mim. Era curiosidade. Eu queria saber porque ele parecia assim tão mal.
Fechando o arquivo que ele estava usando, ele gesticulou para que eu entrasse. Seu olhar passou por mim e eu senti minha pele corar. Eu estava usando calça social e um suéter, mas um pequeno olhar dele me fez sentir como se estivesse usando apenas lingerie, o que era cem por cento certeza de ser minha imaginação super criativa.
"Sempre tenho tempo para você, Jillian."
Estava na ponta da minha língua apontar que houve várias vezes no passado, depois que ele ficou mais velho, que ele não teve tempo. Por sorte eu tinha um pouco de senso comum e percebi o quão amargo isso soaria.
E completamente desnecessário.
Então entrei no escritório e coloquei a caneca em sua mesa, tomando cuidado para não derramar. "Teve um bom final de semana?" perguntei, me sentando.
longo." "Longo," ele disse, pegando a caneca. "Foi um final de semana bem
Eu o olhei sobre minha caneca. "Parece que sim."
Brock parecia cansado, mas ele ainda conseguia parecer... bem, incrivelmente sexy em sua camisa branca que estava com o primeiro botão desfeito.
Ele me olhou. "Você, ao contrário, parece que descansou bem. Posso assumir que seu encontro com o baixinho não se transformou em uma aventura de final de semana."
Vagarosamente, eu abaixei minha caneca. "Meu encontro com Grady foi ótimo, obrigada, e pela última vez, ele não é baixinho."
"Uh-huh," ele disse, bebericando seu café.
"E como um encontro se transforma em um fim de semana inteiro? "
Ele levantou uma sobrancelha e abaixou sua caneca. "Obviamente você não esteve em um bom encontro então."
Calor invadiu minhas bochechas. Eu acho que não estive mesmo. Legal dele apontar isso. Babaca.
"Porque um bom encontro comigo não termina com uma exposição de arte," ele disse. "Um bom encontro comigo não termina até a próxima noite. Não até eu ter certeza que passei tempo suficiente tendo certeza que tenha sido um encontro que minha mulher nunca queira que acabe."
Oh.
Oh Deus.
Corada, eu encarei meu café. Eu não tinha ideia de como isso seria, ser o foco total de um homem como Brock durante um final de semana todo.
"Vocês vão sair de novo?" ele perguntou.
Levantei meu olhar, me sentindo estranhamente quente, como se tivesse ficado sentada sob o sol de verão. "Vamos jantar na quarta à noite."
Levantando, ele deu a volta na mesa, e eu fiquei tensa, sem saber o que ele estava aprontando quando seus olhos escuros guardavam um mar de segredos. "Que pena."
Confusão me percorreu. "Por que?"
Ele andou até que estivesse na frente da mesa e, então, se encostou nela. "Você não vai poder jantar com ele na quarta."
"E por que não?"
Esticando suas longas pernas, eu fiquei ainda mais tensa quando seu joelho esbarrou no meu. Profundamente em meu peito, meu coração palpitava como um beija-flor voando. "Porque você vai jantar comigo."