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Capítulo Doze
"O quê?" Disse meio alto e, então, me contraí quando Brock piscou. Yikes19. "Desculpa. Isso foi alto. Eu estou apenas... surpresa."
"Posso dizer." Um sorriso apareceu em seu rosto.
Ele não estava noivo? Meus pensamentos giraram rápido. "Por que?" eu disse e, então, corei. "Desculpa. Isso provavelmente não é da minha conta."
"Eu achei que você já soubesse. Eu meio que estou surpreso pelos seus pais não terem dito nada," ele disse, encostando em sua cadeira.
"Claramente, eles não falaram." Minha mãe nem mesmo tinha mencionado isso ontem à noite. Por que eles não disseram nada? Então eu entendi. Provavelmente porque ela estava com medo que eu fosse voltar a me apaixonar por ele. Jesus. Eles realmente achavam que eu era tão... previsível? Ou patética. Qualquer palavra começada com 'P' funcionaria aqui. "O que aconteceu?"
Ele inalou profundamente. "Nós só nos afastamos."
"Isso... é tudo?" Eu pisquei. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Brock esteve fora do meu alcance pelos últimos dezesseis anos. Eu já tinha aceitado a muito tempo que ele iria se casar com a linda e magra Kristen. Eles iriam ter filhos, uma van inteira cheia deles. As crianças praticamente cresceriam na academia. Meus pais iriam babar neles, porque Brock era como se fosse um filho, então seus filhos seriam como netos, e eu estava bem com isso. Eu tinha que aceitar isso porque não era algo que eu tinha escolha.
por..." Me encostei também, completamente chocada. "Vocês ficaram juntos
19 Expressa choque e alarme, muitas vezes para efeito humorístico.
"Quase seis anos, eu sei." ele disse, seus dedos batendo no braço da cadeira. "Não era para dar certo."
E isso foi tudo que ele disse.
Percebendo o quão obviamente ele não queria falar sobre isso, eu deixei passar. "É uma pena ouvir isso."
Ele me estudou um pouco. "Não há nada para sentir pena, Jillian."
Perdi um pouco do fôlego, e seu escritório que era grande pareceu pequeno demais de repente, então comecei a me levantar. "Obrigada por me ouvir sobre a expansão em potencial. Eu vou falar com elas e ver se tem algum tempo disponível."
Brock esperou até que eu chegasse na porta e disse. "Não esqueça de dizer a elas para trazerem os maridos e que planejamos sair para jantar depois."
Vagarosamente, eu olhei para ele.
Ele sorriu para mim e pegou o controle remoto. "Um grande e feliz encontro, Jillian."
"Sou apenas uma menina, parada na frente de um forno, pedindo para acelerar e assar logo minha pizza."
Suspirando, eu apoiei minha testa contra a porta do forno. Ainda haviam vinte e poucos minutos faltando. Isso parecia uma eternidade. Me afastando dele, eu assisti Rhage engolindo, seu rabo deslizando pelo chão como se ele estivesse comendo com raiva. Eu olhei para meu celular e mordi meu lábio inferior. A vontade de ligar para Abby e falar sobre Brock estava me consumindo.
Brock não estava noivo.
Será que todo mundo sabia disso lá em casa?
E mesmo que minha mãe soubesse que saber que o Brock está solteiro agora iria me levar ao caminho de ter meu coração partido pela milésima vez, como ela ou meu pai puderam ficar sem dizer nada?
Meu coração começou a pular por todos os lugares enquanto cruzava meus braços sobre meu peito e me apoiei contra o balcão. Brock era um flertador brincalhão. Ele sempre foi. Ele era o tipo de cara que você não podia levar a sério quando ele te dava atenção. Eu tinha feito isso várias vezes por bobeira antes e agora não cometeria o mesmo erro. Não quando era tão fácil cruzar as linhas de amizade com ele, mas o fato dele estar noivo tinha ajudado a manter minha cabeça sobre meus ombros e meu coração seguramente trancado, bem longe das suas mãos.
Não que eu estivesse tentando dar meu coração a ele.
Então realmente, ele não estar noivo significava absolutamente nada.
Nadinha.
Brock realmente estava solteiro novamente.
Aquela barreira de arame-farpado tinha ido embora, enterrada profundamente na areia. Eu queria fingir que ela ainda existia, mas isso precisava mentir muito para mim mesma. Esforço demais. Brock estava disponível. Ele ainda poderia estar saindo com Kristen. Ele tinha voltado para Philly no final de semana e ela estava aqui na segunda. Ele não tinha ficado animado em vê-la, mas eu também não tinha feito perguntas, então...
"OH meu Deus", disse, descruzando meus braços e esfregando minha mão sobre meu rosto. Graças a Deus que eu já tinha tirado minha maquiagem ou eu estaria parecendo com aquele cara que tinha o rosto derretido nos filmes do Indiana Jones.
Eu podia ligar para Abby, mas era quase a hora da janta, e falar sobre Brock com ela, com qualquer um, iria fazer eles acharem que...
Meu telefone tocou da onde tinha deixado ele em cima do balcão, me assustando. Eu andei até ele, vendo um número não conhecido da Pennsylvania. Eu quase não atendi.
"Alô?"
"Hey, é o Brock."
Meus olhos arregalaram enquanto meu coração bobo pulava em meu peito. Pensar sobre ele e agora ele me ligando do nada me fez querer olhar ao redor e ver se não haviam câmeras escondidas no meu apartamento.
"Heeeey," eu respondo.
Houve uma pequena risada do outro lado do telefone. "Eu percebi uma coisa. Desde que vamos sair para jantar amanhã à noite, faz sentido se eu te buscar de manhã."
"O quê?" Eu não fazia ideia de como isso fazia sentido.
"Não tem porque nós dois irmos de carro para o trabalho e depois para o restaurante. Estacionar na cidade é péssimo. Então eu posso te buscar."
Meus pensamentos correram para tentar alcançar o que ele estava dizendo. "Mas você teria que passar pela academia e vir aqui longe para me buscar."
"Não é longe. Não demora tanto e eu gosto de dirigir," ele respondeu. "Chego as oito e meia. Esteja pronta."
"Mas..."
"Te vejo de manhã, Jillian,"
Então ele desligou e eu fiquei encarando meu celular como uma idiota. Eu podia ligar para ele de volta, mas uma vez que Brock tinha decidido alguma coisa, não tinha como convencê-lo do contrário.
"Por que?" eu disse em voz alta.
Rhage miou em resposta.
Eu olhei para o gato listrado. Ele estava sentado na frente da sua tigela vazia, me encarando como se achasse que eu iria lhe dar mais comida. "Isso não vai acontecer," eu disse ao pequeno diabo.
Olhando para o tempo que faltava para a pizza, eu salvei o telefone de Brock. Fiquei parada no meio da cozinha por um bom tempo, sem saber o que eu deveria fazer. Ligar para ele de volta e dizer não? E isso seria transformar a carona em algo grande demais? Será que eu deveria apenas sair antes dele chegar aqui e fingir que eu esqueci? Isso provavelmente me transformaria numa babaca. Ou será que eu deveria nadar conforme a maré e parar de pensar demais nisso, porque isso seria me preocupar sobre a mensagem subentendida?
E a última coisa que eu precisava era subentender as coisas.
Eu era extremamente habilidosa em pegar algo simples e criar um parágrafo gigante sobre o que não foi dito.
E essa era a última coisa que eu precisava fazer agora.
"Eu preciso de mais do que só pizza," decidi, me virando e andando até a geladeira.
Eu abri o freezer e peguei um pote de sorvete sabor manteiga de amendoim. Eu nem mesmo peguei uma tigela. Apenas a colher. Iria ser esse tipo de noite.
Horas mais tarde, eu me movi rápido no meio da cama, precisando de ar. O movimento brusco tinha mandado Rhage correndo da cama para o outro lado do quarto.
Vários minutos se passaram enquanto eu estava sentada em meu quarto escuro, confusa e tentando dar sentido ao porquê de eu estar acordada e me sentir como se estivesse acabado de correr escada acima.
Então, vagarosamente, dolorosamente, tudo voltou aos poucos. Imagens cortadas da noite... tinha sido um pesadelo, mas as emoções que ele provocou me fez lembrar do cheiro de pólvora. A sensação de estar desolada enquanto eu olhava para cima - olhava para o homem magro e sujo, sem acreditar totalmente no que estava acontecendo. Terror tinha sido dominante, obliterando minha habilidade de entender que cada ar que eu respirava era a contagem regressiva para meu último.
Com as mãos tremendo, eu levantei meu braço e passei meus dedos sobre a parte profunda na minha bochecha esquerda. Eu apertei meus olhos fechados, ouvindo o som estridente de desolação. A dor tinha sido rápida, intensa, forte e, então, havia nada... nada além disso.
Passei minha língua pela parte de dentro da minha boca enquanto passava meus dedos pelo lado de fora. Às vezes eu pensava que se eu pressionasse forte o suficiente eu poderia sentir o implante, mas isso devia ser coisa da minha imaginação.
Abaixando minha mão, eu abri meus olhos e minha visão se ajustou a escuridão, me permitindo ver as formas das coisas ao meu redor. Na casa dos meus pais haviam paredes repletas de estantes de livros. Elas eram minha coleção, uma fonte de memórias incríveis e de novos mundos.
Eu só tinha uma prateleira aqui.
A maioria dos livros que eu lia estava no meu Kindle, assim como naquela época, a algumas gerações atrás do Kindle, mas eu ainda colecionava livros impressos. Eu gostava de estar cercada deles, poder alcançar e tocá-los.
Eu não sabia porque não tinha feito o mesmo aqui, convertendo o quarto extra numa biblioteca.
Puxando meus joelhos sobre a colcha, eu abracei minhas pernas. Uma pergunta revirava em mim enquanto eu me sentava na escuridão com apenas o som do ventilador.
O que eu teria feito se não estivesse no Mona's naquela noite?
A pergunta me incomodou por anos, porque eu... eu não podia respondê-la. Quer dizer, eu queria trabalhar na academia. Eu queria terminar a faculdade. Mas essas eram as coisas superficiais, eu não tinha... um grande autoconhecimento antes, sobre quem eu realmente era antes do tiroteio e quem eu viria ser por causa disso.
Eu tinha apenas vinte anos quando tudo mudou para mim. Minha vida parou antes que eu pudesse realmente descobrir o que eu queria ou quem eu era além de ser a filha do Andrew Lima, ou a menina que era a sombra de Brock 'The Beast' Mitchell. O controle remoto da vida tinha apertado o botão de pausa, mas...
Eu realmente deveria estar dormindo.
Amanhã seria um longo dia - um grande dia. Eu iria me encontrar com investidores em potencial, e não só eu estaria representando a Lima Academy, eu representava meu pai. A última coisa que eu precisava era estar sonolenta enquanto tentava prestar atenção ao que todos estavam falando.
Mas havia muito barulho - dentro da minha cabeça.
Levantando uma mão, eu a coloquei sobre minha orelha esquerda e a pressionei. O barulho do ventilador foi abafado até que eu mal pudesse ouvilo. Silêncio verdadeiro. Fechei meus olhos de novo e prendi a respiração. Parada em meu quarto, eu sabia que eu tinha gastado anos da minha vida depois de ter recebido uma segunda chance. Isso era algo difícil de encarar mesmo sabendo que eu estava fazendo isso nessas últimas semanas. Saber que alguém estava apenas existindo em vez de viver.
Só que eu queria começar a viver. Eu realmente acreditava nisso. Lágrimas encheram meus olhos. Eu podia tentar mais forte e isso... eu iria comprar mais estantes. Então, quando eu estivesse em casa para o Ação de Graças, eu iria trazer alguns dos meus livros favoritos comigo.
Eu podia fazer mais.
Eu precisava fazer mais.
Então, finalmente, meus pensamentos acalmaram e por alguns segundos abençoados, havia nada dentro nem fora de mim. Nada.
Meus pulmões começaram a queimar e só aí eu voltei a respirar de novo. Tirando minha mão de minha orelha, eu toquei a cicatriz novamente e balancei minha cabeça. Minhas bochechas estavam molhadas, então pressionei meus lábios juntos e não movi por um bom tempo.
Tirando as cobertas, eu sai para a sala escura. "Rhage?" sussurrei. A leve luz da cozinha deixava um leve brilho na sala de estar. Eu vi Rhage no fim da mesa.
"Desculpa," eu disse. Suas orelhas se moveram. "Eu não quis te assustar."
Me ajoelhei e estiquei meus braços. Rhage não se moveu por um tempo, mas então ele levantou e correu para meus braços. Eu o peguei, segurando contra meu peito, enquanto dava meia volta e caminhava para o quarto. Subi na cama e o coloquei ao meu lado. Talvez ele estivesse sentindo que eu precisava de carinho felinos, porque ele não fugiu de mim ou tentou me morder. Ele se enrolou contra minha barriga e rapidamente voltou a dormir.
Demorou para que eu pegasse no sono de novo, assombrada pelas memórias de uma noite que apesar de ter acontecido há muito tempo, parecia ontem.