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Capítulo Quatorze
Brock colocou o carro em marcha e puxou para fora do estacionamento enquanto eu me sentei de volta contra o assento, os dedos doendo de tão forte que eu estava apertando o seu casaco. Nós não falamos durante o percurso para o meu apartamento.
“Eu vou subir com você", ele anunciou, estacionando em um ponto perto da fachada.
"Isso não é... " Eu parei quando seus dedos roçaram meu quadril. Ele estava desafivelando meu cinto de segurança. Eu pisquei e Brock já estava saindo do carro e caminhando pela frente. "Ok, então."
Ele abriu a porta do passageiro e estendeu a mão. Olhando-o com curiosidade, eu peguei minha bolsa do chão ao lado dos meus pés e saí. "Você realmente não tem que fazer isso", salientei.
"Eu quero." Brock caminhou ao meu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos de suas calças enquanto nos dirigíamos para as escadas. Felizmente, eu estava no terceiro andar. Mais longe, eu mesma não teria ocupado o apartamento. Ele olhou ao redor, examinando o estacionamento e os apartamentos com brilhos suaves iluminando a partir de suas janelas. "É calmo aqui."
"É." Segurando seu blazer fechado, eu arrastei minha mão ao longo do corrimão enquanto subimos as escadas exteriores. "Eu imagino que o seu novo lugar realmente seja."
"A única coisa que você ouve são as aves e o que estou convencido que seja um lince ou algo assim."
Eu ri. "Um lince?"
"Eu estou dizendo a você, às vezes no meio da noite, você ouve algumas coisas estranhas. Fora isso, é incrível." Ele parou quando nós demos a volta no segundo andar. "Você deve vê-lo."
Olhando para ele, eu não tinha certeza de como responder a isso. Era uma oferta amigável? Ou mais? E por que eu acho que seria mais? Eu não tinha ideia, então eu apenas assenti.
Ele não disse nada quando chegamos ao terceiro andar e descemos o grande corredor. Meu apartamento ficava no final, no canto. Paramos, e por alguma razão, meu coração começou a bater como se eu tivesse subido muito mais do que três lances de escadas.
"Bem, obrigado por... hum, andar comigo até aqui." Baixando meu queixo, eu cavei minhas chaves do fundo da minha bolsa e, em seguida, olhei para cima. "E por..." eu parei, porque Brock deu um passo para perto de mim, tão perto que as pontas dos seus sapatos roçaram contra os meus.
"E por...?" Ele perguntou em voz baixa.
Eu não tinha ideia do que eu estava prestes a dizer. Um pouco atordoada, eu balancei a cabeça para clarear meus pensamentos.
"Por dirigir por aí para mim hoje, como se fosse o meu motorista pessoal."
"Eu gostei." O sorriso de Brock foi breve quando ele olhou para minha porta, e então seus ombros levantaram com uma respiração profunda. "Eu acho que eu perdi a minha vocação."
"Sério?" Eu disse ironicamente.
"Sim. Eu poderia sair do meu emprego como Gerente Geral. Trazer um de seus tios de volta para cá e apenas dedicar toda minha vida para dirigir por aí para você."
Eu balancei a cabeça. "Você sabe, isso não soa ruim, na verdade. Eu odeio dirigir."
Uma sobrancelha levantou. "Eu pensei que você gostasse de dirigir?"
"Eu costumava, mas agora eu dirijo praticamente apenas para ir e voltar do trabalho, e esse tipo de condução tira toda a diversão.” "Eu posso ver isso." Ele fez uma pausa. "Você está cansada?"
"Hum..." Eu estava tão articulada.
Seu sorriso voltou. "Se não, eu pensei que talvez pudéssemos compartilhar uma... uma bebida."
"Eu... eu não tenho nada de bom para beber. Quer dizer, eu tenho uma garrafa de vinho que está fechada, mas é como o vinho barato que realmente não faz outra coisa além de te dar uma dor de cabeça," eu divaguei, o pulso batendo. "Eu também tenho um pouco de refrigerante e café, mas–"
"Água ou refrigerante seria bom", disse ele com uma risada.
Eu abri minha boca e meus lábios moveram silenciosamente por alguns segundos. "Você está querendo... querendo entrar?"
"Sim. Eu estou querendo entrar, Jillian."
Ele queria entrar, e minha mente desceu por uma estrada longa e suja. Eu olhei para ele e tive de elevar meu pescoço, porque ele estava tão perto. Uma tensão carregada ganhou vida, enchendo o pequeno espaço entre nós. Nossos olhares se encontraram mais uma vez. Nenhum de nós se moveu ou falou. Seus lábios separaram em uma inspiração rápida e superficial. Meu peito subiu em uma respiração profunda, trêmula. O que estava acontecendo aqui? Eu não sabia, mas eu não era completamente ingênua. Ele estava olhando para mim de uma forma que ele não tinha olhado quando éramos mais jovens, e isso não fazia sentido.
E eu tinha um sentimento que se eu deixasse Brock entrar, eu iria começar a ver as coisas que estavam lá, e isso era muito perigoso para nós –para mim.
Molhando meus lábios, eu desviei o olhar exatamente quando o seu olhar aguçou. "Está muito tarde."
"Não está tão tarde", ele disse em uma voz que esticou minhas terminações nervosas.
Meu coração pulou na minha garganta. "Eu só... eu não acho que seria inteligente."
Um lado de seus lábios pulou para cima. "Algumas das melhores coisas começam como se não fossem muito inteligentes. Como quando eu tentei roubar o seu pai."
Uma risada surpreendida explodiu de mim. "Isso não foi inteligente, e você tem sorte que trabalhou em seu favor."
"Pura verdade." Sua cabeça abaixou, e eu fiquei tensa, pensando que ele só poderia estar se preparando para fazer algo que não seria muito inteligente.
Ele deu um beijo na minha testa.
Também não é algo que um chefe deve fazer.
Mas eu realmente não me importava com isso enquanto eu ainda estava parada diante dele.
Seu hálito quente girou sobre o meu rosto e, em seguida, agitou as mechas de cabelo em volta da minha têmpora. "Mas você está certa."
Alívio e decepção lutaram dentro de mim quando eu me vi acenando bruscamente. Eu me deixei entrar, sem me atrever a olhar para ele quando eu fechei a porta atrás de mim e a tranquei. Só depois, quando eu descansei minha testa contra a porta, eu percebi que o casaco ainda estava caído sobre meus ombros.
"Merda", eu murmurei.
Em algum lugar atrás de mim, Rhage miou lamentavelmente.
Eu não me mexi, porque uma parte de mim ainda estava no corredor, ali de pé, pensando seriamente em deixar Brock entrar. E essa parte de mim era uma parte incrivelmente estúpida, porque eu estava desesperada para saber o que teria acontecido se eu o tivesse deixado entrar.
Meu estômago estava agitado e nervoso quando eu entrei no meu escritório na quinta de manhã e sentei atrás da minha mesa. Eu não sabia como Brock iria se comportar hoje, depois de pedir para entrar no meu apartamento. Eu tive um inferno de um tempo tentando adormecer na noite passada, porque minha mente não desligava. Havia uma boa chance de que eu tivesse lido algo que não estava lá quando ele pediu para entrar.
Isso não era improvável. Eu tinha sido uma profissional em fazer isso no passado. Talvez ele só quisesse beber alguma coisa e curtir como amigos normais fazem, e eu tinha tornado isso estranho.
Eu sempre tornei as coisas estranhas.
Mas aquele não tinha sido um abraço normal.
E ele também não tinha agido como um amigo. Não quando ele beijou minha bochecha e depois minha testa. Amigos não se beijam no rosto. Quer dizer, eu vi isso acontecer muito em programas de TV, mas nunca na vida real, graças a Deus, porque olá, espaço pessoal. Ele também concordou que entrar não seria sensato.
Na noite passada, eu girei essa coisa mais e mais na minha cabeça até que fiquei tão irritada que eu peguei meu Kindle e me obriguei a me perder em um romance histórico sobre o filho ilegítimo de um duque que havia se tornado um pirata.
Agora eu estava ansiosa de novo, e trabalhava, provavelmente por nada, enquanto eu olhava para um e-mail que tinha chegado durante a noite,
que contém uma lista de funcionários que eram adequados para uma avaliação. Vários minutos se passaram e eu não tinha ideia do que diabos eu estava lendo, então eu tive que voltar e começar de novo e então eu percebi que o RH estava pedindo a entrada minha e de Brock.
"Dia."
Levantei minha cabeça, e eu vi Brock caminhando em meu escritório. Eu fiquei tensa. A primeira coisa que notei foi que ele estava vestindo calça de nylon preta e uma camisa Lima velha de uma de suas lutas, que era tão diferente de como ele tinha vestido desde que comecei. A segunda coisa foi o copo de papel branco que carregava. Starbucks.
"Bom dia", eu murmurei.
Brock sorriu quando ele colocou o copo na minha mesa. "Pumpkin Spice. Ainda fumegante."
"Eu olhei do copo para ele. "Para mim?"
"Eu pareço uma menina branca na América? Não. O Pumpkin Spice não é para mim." Lentamente, eu passei meus dedos em torno do copo quente. "Obrigada."
Balançando a cabeça, ele começou a virar. "Eu estarei no segundo andar com as classes. Uma vez que os nossos convidados chegarem, venha me buscar."
"Ok."
Eu o assisti sair e depois olhei para o meu delicioso Pumpkin Spice latte. Pareço uma menina branca na América? Um sorriso cortou meus lábios e então eu gargalhei.
Os dois potenciais patrocinadores apareceram não muito tempo depois que ele saiu. Eles ficaram impressionados com o que tínhamos e o espaço disponível para o crescimento. Ambos, Brock e eu suspeitávamos que ouviríamos sobre eles em breve. Não tínhamos discutido nada com meu pai
ainda. Achei que era uma conversa para ter durante o dia de Ação de Graças, quando eu estivesse cara a cara, em algumas semanas.
Na sexta-feira, Brock me trouxe outro latte, juntamente com duas fatias de pão de abóbora antes de, mais uma vez, desaparecer e passar a maior parte de seu tempo no segundo andar.
Naquele domingo, eu fui à Target próxima, em busca de uma estante. Eu fui atraída imediatamente por umas escadas muito legais, mas você realmente não poderia empilhar livros em fileiras profundas sobre elas. Acabei comprando duas padronizadas, testadas e autênticas e gastei uma quantidade impiedosa de tempo tirando-as do meu carro e subindo os três lances de escadas.
Esse é o momento quando ter um homem por perto viria a calhar.
Mas eu consegui tudo por minha conta. Eu mesma desembalei as peças, mas eu não montei. Eu acabei percebendo que havia uma temporada de Walking Dead em andamento e, desde que eu não tinha uma TV no meu quarto, eu sentei minha bunda no sofá com comida chinesa para viagem e não me mexi durante a maior parte à noite.
Segunda-feira, Brock chegou atrasado no trabalho. Não houve lattes ou fatias do pão delicioso. Evidentemente, eu tinha ficado decepcionada... até que ele desapareceu por volta das 11:30 e reapareceu com um saco para viagem do Outback.
"Você pode ter almoço embalado," ele disse quando ele entrou no meu escritório, carregando o saco marrom com cheiro maravilhoso.
"Mas, se me lembro corretamente, você nunca recusaria batata frita com queijo."
"Nunca", eu respirei, meu estômago roncou. Eu trouxe uma daquelas refeições Lean Cuisine20 mais ou menos, então não havia nenhuma maneira no inferno que recusaria batata frita com queijo.
Ele se sentou em frente à minha mesa e tirou as caixas brancas, em seguida, deixou cair um pequeno recipiente de um guardanapo. "Creme de leite."
Minhas sobrancelhas levantaram. "Sua memória é bastante impressionante."
Brock riu quando ele tirou uma salada – uma maldita salada.
"Como eu poderia esquecer de você ter um épico colapso cada vez que você fazia pedidos para viagem lá, e se esqueciam de te dar creme de leite?"
O canto dos meus lábios tremeu. Nada me enviava para a cova do desespero e raiva mais rápido do que não ter os molhos corretos na mão. Eu tinha apenas acabado de abrir o recipiente alegremente, quando vi Paul andando para o escritório. Parecia que ele estava indo para o de Brock, mas parou e olhou para o meu. Vendo onde Brock estava, ele sacudiu a cabeça, e eu não poderia dizer, mas eu tinha maldita certeza que ele tinha revirado os olhos.
Qual era a porra do problema deste cara?
Brock franziu a testa enquanto olhava por cima do ombro, mas Paul já havia desaparecido. Ele me encarou.
"Esse olhar na sua face é sobre o quê?"
"Nada," eu murmurei, empurrando várias batatas fritas de queijo em minha boca.
20
Após o almoço, meu celular começou a vibrar sobre a mesa. Uma rápida olhada e vi que era Grady. Meu dedo pairou sobre ele quando eu debatia se queria ou não atender, o que foi um movimento idiota.
Me sentindo culpada, eu atendi antes que ele fosse para o correio de voz. "Olá?"
"Ei, desculpe incomodá-la no trabalho", disse Grady.
"Está tudo bem." Eu olhei para a minha porta aberta. "Eu tenho alguns minutos. O que está acontecendo?"
"Eu odeio fazer isso, mas eu estou ligando para reprogramar o nosso encontro deste fim de semana", disse ele, parecendo verdadeiro. "Eu acabei de ouvir dos meus pais. O meu avô está doente, eles precisam da minha ajuda."
"Oh." Eu brincava com a minha caneta. "Eu espero que não seja muito
grave."
"Ele apenas está avançando na idade e não sabe quando desacelerar." Grady riu. "As coisas estão meio loucas durante as próximas semanas com a metade do período e, em seguida, finais, mas quando as coisas se acalmarem, eu realmente quero ir jantar com você."
"Eu entendo." Balançando a caneta, ela disparou dos meu dedos e rolou por cima da mesa, caindo do outro lado. Suspirei.
"Você tem certeza? Eu me sinto como um babaca–"
"Está tudo bem. Eu tive que remarcar com você, então por favor não insista nisso." Eu levantei e caminhei em volta da minha mesa, pegando a caneta. "Eu adoraria pegar alguma coisa para comer quando... quando as coisas se acalmarem."
"Eu estou esperando por isso."
Eu levantei minhas sobrancelhas, sem saber se ele realmente planejava seguir através disso. Quero dizer, isso parecia meio fraco. Ele estaria ocupado a partir de agora até algum tempo indeterminado?
"Ok", eu disse enquanto me sentei no meu lugar. "Falo com você depois."
"Tchau, Jillian."
Desligando o telefone, eu não sabia o que fazer com a chamada. Sinceramente, eu não estava exatamente desapontada ou aliviada. Eu estava meio apática sobre isso, mas eu não esperava que ele me ligasse novamente. Eu acho que depois de virar a cabeça quando ele tentou me beijar e cancelar no primeiro jantar de encontro, ele estava procurando uma saída. Eu não poderia culpá-lo.
Terça-feira percebi o retorno do pumpkin spice latte. Na quarta-feira e quinta-feira, esses lattes foram novamente reunidos na minha barriga com pão de abóbora temperado e uma incrível fatia de bolo de libra.
Na sexta-feira, Brock me levou para o almoço, para este novo local de sushi na cidade. Brock perguntou sobre o meu próximo fim de semana, e ele me disse que tinha algum trabalho a fazer em seu lugar. Nós não falamos sobre o trabalho ou o nosso passado. Contei-lhe sobre as estantes de livros que tinha comprado, mas ainda não tinha montado. Ele se ofereceu para montá-las para mim, mas eu não levei a oferta muito a sério.
No caminho de volta para a Academia, paramos em um viveiro de flores. Eu fiquei no carro enquanto ele atravessava o caminho de cascalho, entrando uma das construções de tenda, já que ele disse que não iria demorar muito tempo.
Cerca de cinco minutos se passaram antes que ele voltasse, carregando duas flores, uma com floração laranja queimado e outro que era violeta profundo. Ele colocou-os no chão do banco traseiro.
"Crisântemos?", Perguntei quando ele subiu no banco do motorista.
"Sim. O que têm eles?"
"Por que você pegou dois crisântemos?"
"Por que não? "Um sorriso tímido atravessou seu rosto. "Eu gosto deles."
Brock era absolutamente a última pessoa que eu esperava que gostasse de crisântemos, ou qualquer flor para ser honesta, mas havia dois deles atrás de mim, provando que eu estava errada. Provando que havia algo de novo sobre Brock que eu nunca aprendi. Algo quase ridículo... e malditamente fofo.
Ele olhou para mim quando ele saiu do estacionamento. "Quase o tive."
Olhando para ele em confusão, perguntei: "Quase teve o quê?"
"Um sorriso", disse ele, me observando por alguns segundos e então ele libertou o Porsche solenemente pela estrada.
“Quase consegui um sorriso seu.”
- JOAN CRAWFORD