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Capítulo Dezoito

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Brock e Jillian

Brock e Jillian

Em algum momento entre o final de semana e a segunda de manhã, eu percebi que algo que sempre fantasiei, desde que era velha o suficiente para saber o que aquelas cenas de sexo dos livros que eu lia realmente estavam descrevendo, tinha realmente acontecido.

Brock tinha me beijado.

Bem, eu tinha beijado ele e ele tinha me beijado de volta. Não foi um beijo longo e apaixonado. Quando era mais nova, eu sonhava sobre o tipo de beijo que fazia os dedos do pé se contraírem e que roubavam seu fôlego. Esse beijo tinha sido brutal e rápido e, não só isso, mas ele tinha me tocado - uma parte dele tinha estado dentro de mim.

Eu não conseguia parar de pensar nisso, porque não... não contava. Não foi real. Eu estava fora de mim e ele estava meio dormindo quando acordou, comigo se esfregando nele como um gato com calor, e Brock... Brock respondeu como a maioria dos homens responderia. E ele nem tinha ganhado nada disso. Eu voltei a dormir imediatamente.

O que aconteceu não significava nada.

Não poderia significar, porque se antes já éramos um desastre, agora seríamos uma catástrofe. Eu tinha que guardar meu coração e ouvir minha cabeça. Havia muita coisa para eu perder se trilhasse esse caminho de novo com Brock - meu trabalho, o que eu estava planejando conseguir para Avery e Teresa e, acima de tudo, minha felicidade.

Eu precisava manter distância, então quando meu telefone tocou no domingo à noite, e era Grady, não só fiquei surpresa que ele estava ligando, como quase fiquei aliviada por querer atender.

"Ocupada?" ele perguntou quando eu atendi.

"Não. Estava apenas lendo," disse a ele, olhando para o kindle no sofá ao meu lado. A tela a muito tempo tinha apagado e Rhage estava atualmente com uma pata sobre a parte preta, como se estivesse me desafiando a pegá-lo.

"Então, eu estarei em casa nesse sábado," ele disse e eu não consegui evitar em pensar que até mesmo Brock iria perguntar o que eu estava lendo. No momento que pensei nisso, tive vontade de dar com o kindle na minha cabeça. "E eu estava esperando que você estivesse livre e que pudéssemos, finalmente, tirar o atraso daquele jantar."

"Mesmo?" Surpresa, eu me contraí.

Grady riu. "Sim. Você parece chocada. Você achou que eu não iria manter minha promessa?"

Sim, eu realmente achei que ele não iria. Ele não tinha mandado mensagem desde a última quarta-feira, e tinha sido apenas uma mensagem genérica de 'hey, como você está', esse tipo de coisa. "Apenas achei que você realmente estivesse ocupado."

"Estou, mas estarei livre no sábado à noite. Então, o que acha?"

Um gosto ácido subiu na minha boca - a mesma boca que estivera presa na de Brock a menos de vinte e quatro horas atrás. Sair com Grady depois disso parecia nojento e errado, como se eu devesse...

Espere.

Espere um segundo.

Eu não estava namorando Brock. Não havia nada entre nós, e não era como se ele tivesse confessado algum tipo de sentimento por mim. O que aconteceu entre nós foi... foi errado. Ele sabia como eu me sentia em relação a ele antes, quando éramos mais novos, e isso não o tinha parado de ser a bicicleta da Lima Academy.

Não havia nada de errado em sair com Grady. Nadica de nada e, na verdade, provavelmente era a melhor coisa que eu poderia fazer.

Então eu inalei profundamente e disse. "Eu adoraria sair com você no sábado."

Chegou a manhã de segunda e eu dei o melhor de mim para agir o mais normal que fosse humanamente possível quando vi Brock, decidindo que eu não iria pensar nem mais um segundo sobre isso. Éramos ambos adultos - dois adultos sexualmente ativos. Okay. Eu não era realmente sexualmente ativa, mas eu tinha certeza que ele era. De qualquer jeito, éramos adultos. Essas coisas, às vezes, aconteciam e não tinha nada a ver com nosso passado ou até mesmo com o presente.

Brock era meu amigo, e ele também era meu chefe.

Eu podia lidar com isso e não transformar em algo maior.

Quando ele chegou, trazendo meu latte de abóbora, tudo que eu conseguia pensar era como senti sua mão contra mim, e eu podia sentir meu rosto mais quente que os sete círculos do inferno.

Seus lábios se curvaram enquanto ele colocava o copo sobre minha mesa. "Bom dia, Jillian."

"Bom dia." Eu foquei em seu peito e então comecei a pensar sobre como eu tinha dormido sobre ele. Mudei meu olhar para suas mãos e isso foi o movimento errado, porque então eu estava pensando sobre ele usando esses dedos. Bom Deus, não havia nenhum lugar seguro para olhar.

Ele não foi embora, por razões claras. "Como foi seu final de semana?"

"Bom, só fiquei em casa." Eu encarei seu colarinho. Esse parecia um lugar seguro. "Você?"

"Chato, na maior parte do tempo," ele disse. "Exceto pela sexta a noite e o sábado de manhã. Isso passou totalmente longe de chato."

Oh Deus, ele iria cutucar, né? Inalando profundamente, eu olhei para ele. Eu iria passar por cima disso. "Bem, que bom ouvir. Eu tenho alguns telefonemas para dar, então..."

Brock cruzou seus braços, esticando aquela sua camisa até que parecia que ia rasgar. "Tenha certeza que sua agenda esteja livre perto do meio dia. Nós vamos almoçar."

Meu estômago revirou. A ideia de almoçar com ele me encheu com uma mistura de ânsia e animação, mas eu lembrei que iria me distanciar. Eu seria inteligente, pelo menos uma vez, sobre isso. Passar tempo sozinha com ele agora não era uma jogada inteligente. "Tenho muita coisa para fazer hoje."

Uma sobrancelha levantou. "Você tem tempo para almoçar."

"Eu trouxe de casa."

Se inclinando para frente, ele descruzou seus braços e colocou sua mão sobre minha mesa. "Você pode comer esse almoço amanhã."

"Não posso," disse. "É salada. Vai estragar."

Seus olhos estreitaram. "Desde quando você come salada?"

"Desde sempre. "

Ele ficou quieto por um momento. "E se eu for até a sala de recreação, qual a chance deu encontrar essa salada?"

Oh inferno, ele não iria, iria? Sim, ele iria. Mas teria de haver uma salada lá. Eu trabalhava com vários loucos por saúde. Alguém deve ter trazido salada. "Você vai encontrar uma salada."

"Que pertence a você?"

Eu fechei minha boca.

Brock deu um sorrisinho. "E se eu dissesse, como seu chefe, que você vai sair para almoçar?"

Minha mão se fechou na caneta que eu estava segurando, a apertando tanto que achei que ela fosse quebrar. "Então eu diria que isso seria abuso da sua posição sobre mim?"

Ele riu. "Isso é discutível."

Eu forcei a dar de ombros casualmente. "Não acho que seria certo."

"E por que isso?"

Meu coração palpitava contra minha costela. "Eu só tenho muito o que fazer..."

"É por causa do final de semana," ele interrompeu. "Mesmo que eu tenha dito para não deixar essa merda ficar no caminho do que estava acontecendo?"

Meu olhar voou para porta. Estava aberta, mas ninguém estava por perto. Ainda assim eu mantive meu tom baixo. "Não tem nada acontecendo, e não tem nada a ver com o final de semana," eu disse, e era uma mentira, mas resolvi jogar um pouco de verdade, dizer algo que eu esperava que ele entendesse a indireta. "De qualquer modo, eu vou sair com Grady no sábado, então..."

Brock me encarou por um minuto e disse, "O cara que você disse na sexta que estava ocupado demais para te levar para sair e que você não se importava?"

"Eu não disse isso."

"Oh, porra, sim você disse. Eu estava sóbrio. Eu lembro o que você falou." Aqueles olhos escuros encontraram os meus. "Eu me lembro de tudo que você disse e fez."

Calor voou para minhas bochechas. "Bem, parabéns."

"Onde ele vai te levar?"

"Eu acho que para a steakhouse," eu disse sem pensar. "Ele queria ir em um lugar legal."

Brock fez tipo de um bico. "Você realmente vai sair com ele no sábado?"

"Sim," eu olhei para meu computador. "Então, você precisa de mais alguma coisa?"

Seu olhar ficou mais duro e ele tinha uma expressão de desacreditado. "Você realmente vai fazer isso?"

"Isso o quê?"

"É assim que vai ser?"

Eu segurei seu olhar. "Eu não entendi o que você quis dizer por essa pergunta ou a anterior."

Se afastando da minha mesa, ele se endireitou. "Oh, eu acho que você entendeu." E, então, com isso, ele virou e saiu do meu escritório.

E eu mal o veria durante o resto da semana.

Sábado à tarde, eu parei na frente do espelho que era preso dentro da porta do meu armário. Eu não tinha comprado um vestido novo. Em vez disso, eu peguei um que tinha comprado quando namorei com Ben. Era simples, mas era um vestido preto bonito que eu tinha planejado usar no nosso jantar de aniversário.

Um jantar que ele não apareceu.

Ele tinha dito que ficou preso no trabalho e que perdeu a noção de tempo, o que provavelmente foi uma desculpa para ele beber com outra mulher.

Eu tentei não pensar muito nisso, a não ser para usar como despertador - um doloroso e, às vezes, vergonhoso. Eu não pensava sobre Ben, mas usar o

vestido que foi comprado especialmente para o nosso aniversário, eu não podia deixar de imaginar o que ele estava fazendo agora.

Então percebi que, honestamente, eu não me importava.

O vestido era um pouco mais justo que eu me lembrava na região dos meus seios, que eram exibidos por um decote em formato de coração. As mangas eram mais cumpridas e eu gostava disso porque nunca fui fã do meu braço. Nunca. O vestido seguia a curva do meu quadril e terminava logo acima das minhas coxas.

Fazia muito tempo que eu não usava um vestido.

Mas fazia muito mais tempo desde que eu tinha usado um vestido justo.

Mas eu estava fazendo isso essa noite e eu achava que parecia bem bonita. Talvez, até sexy. Tipo, muito sexy. Meu cabelo estava solto, repartido para esquerda, caindo em ondas. Meu delineador estava perfeito e o batom vermelho matte prometia ficar pelos próximos cem anos.

Eu me sentia bem. Ótima, até.

Me afastando do espelho, eu andei até meu quarto. O único problema com essa noite era quando eu pensava sobre meu encontro... eu não sentia nada. Não estava nervosa. Não estava ansiosa. Definitivamente, nem uma gota de antecipação. Era como se eu estivesse me arrumando para ir ao mercado parecendo que saí da balada.

E isso era um saco, realmente um saco da minha parte.

Mas se eu pensasse sobre os momentos que tive antes com Brock, meu estômago revirava como um ninho de pássaros que estavam brigando, e isso era errado, muito errado.

Tipo, tão errado que eu precisava dar com minha cabeça contra a

parede.

Eu não estava dando uma chance a Grady. Eu sabia disso enquanto colocava uma pulseira simples. Eu até pensei que ele não estava interessado e estava apenas inventando desculpas, mas ele obviamente estava. Hoje à noite seria diferente, porque eu estaria focada cem por cento nele e, se ele tentasse me beijar, eu iria deixar.

E não seria um beijo bêbado no meio da noite.

Pegando minha bolsa preta da cama, eu passei pela cadeira que ficava perto da porta, passando minha mão sobre o casaco de Brock... Jesus, como uma boba. Eu não o tinha devolvido. Eu tinha esquecido totalmente sobre ele quando ele esteve aqui na última sexta, e ele não tinha pedido de volta, então, eu apenas o guardei.

Não foi meu melhor momento.

Pegando a jaqueta estilo militar do armário do corredor, eu me abaixei e acariciei o topo da cabeça de Rhage. "Volto logo." Eu me afastei antes que ele atacasse minha mão. "Ou, talvez, eu não volte hoje à noite."

As orelhas de Rhage abaixaram.

Depois de conferir que ele tinha um pote cheio de comida de gato na cozinha, eu saí do meu apartamento. Grady estava me esperando dentro da mesma Steakhouse que Brock e eu fomos com os investidores em potencial. Não haviam muitas opções de restaurantes mais chiques na cidade.

Um grande sorriso apareceu em seu rosto e ele abriu os braços. "Você está linda."

"Obrigada." Eu dei um pequeno abraço nele e me afastei. "Você também."

Ele olhou para suas calças cáqui e deu de ombros; elas não eram o tipo de calças que eu podia imaginar Brock usando.

Uau. Por que eu estava pensando sobre isso.

Grady pegou minha mão enquanto a garçonete aparecia, nos guiando pelo corredor em direção à nossa mesa, perto da lareira. A mesa era grande o suficiente para quatro pessoas, mas ainda assim aconchegante com sua toalha de linho branca, com velas e taças delicadas de vinho. Quando estive aqui com Brock, nós nos sentamos na área além da lareira, onde haviam menos mesas e menos 'trânsito'.

Eu me sentei do outro lado de Grady e, quando ele pediu uma garrafa de vinho, eu pensei que pudesse ser uma ótima ideia. Durante o caminho até aqui, eu fiquei estranhamente tensa.

"Fico feliz que finalmente conseguimos," ele disse. "Fiquei tão mal por ter de adiar. Eu realmente queria ver você."

"Desculpa por quando tive de reagendar," disse automaticamente. "O jantar de trabalho foi coisa de última hora."

"Me conte sobre isso," ele perguntou com interesse genuíno.

Então eu contei, enquanto o vinho chegou e fizemos nossos pedidos. Quando a comida chegou, filé de frango para ele e bife para mim, claro, eu consegui afastar aquela tensão e me vi realmente aproveitando a mim mesma depois de meia garrafa de vinho.

Grady era muito mais que legal. E ele era inteligente. E bondoso.

Eu realmente deveria beijá-lo essa noite, eu decidi enquanto tomava um gole do vinho.

A luz da vela iluminava o rosto de Grady enquanto ele pegava sua taça de vinho. "Quais são seus planos para a Ação de Graças?"

"Vou para casa visitar minha família na quarta. O escritório fecha na terça e só reabre na segunda seguinte," expliquei, meio assustada que a Ação de Graças já era semana que vem. Puta merda, onde é que o tempo foi parar?

"Isso é legal. Vai ficar lá o tempo todo?"

Eu concordei enquanto mastigava um pedaço da carne. "Eu não visito muito minha família como deveria, então vou passar um tempo com eles." O que significava capturar Rhage e colocá-lo em uma caixa de transporte, o que era tão agradável quanto puxar os pelos das minhas partes de menina com uma pinça.

"Vai sair para comprar alguma coisa na Black Friday?"

Eu ri. "Não. Minha mãe é do tipo que nem dorme na quinta. Ela se entope de cafeína e sai para fazer compras, bem, a maioria das coisas para ela. Quero dizer, ela compra presentes para cada um também, mas eu sei que metade das sacolas que ela estarará carregando são para ela." Eu comecei a sorrir ao lembrar da minha mãe gritando com meu pai para tirar as sacolas do carro enquanto eu estava na sacada, tentando ver se havia alguma sacola da Barnes & Noble para mim.

Virando minha bochecha para esconder meu sorriso, eu imediatamente pensei sobre o que Brock tinha dito naquela noite em seu carro. Ele não queria que eu escondesse meu sorriso, mas ele realmente não entendia. Talvez Grady entendesse, mas seis anos de um hábito era difícil de mudar. Eu escondi um suspiro. Meu olhar voltou para Grady mas parou na mesa da recepcionista.

Havia um homem parado ali, suas costas para nós. Ele era alto, com ombros largos, e havia algo sobre como ele se portava que fazia meu estomago afundar como se eu estivesse em uma montanha russa, prestes a encarar a primeira descida.

Meus olhos se estreitaram enquanto Grady falava sobre criar ovelhas ou ordenhar vacas. O homem perto da mesa... havia algo de familiar...

Não. Não pode ser.

Eu senti meu coração parar enquanto a recepcionista se aproximava da área de espera, seus olhos grandes e encantados, e o homem se virava de lado. Eu vi seu perfil e quase caí da minha cadeira.

Era Brock.

Realmente era Brock.

"Oh meu Deus," sussurrei.

O queixo de Grady levantou, mas eu mal o vi. "Desculpa?"

Eu normalmente não falava o nome de Deus em vão, mas eu tinha a sensação que Jesus, Moisés, Maria e todos à essa altura iriam entender minha reação.

O que ele estava fazendo aqui? Eu tinha falado onde iria sair com Grady? Talvez? Quero dizer, eu poderia ter dito no meio da conversa. Eu devo ter dito, porque eu não conseguia imaginar Brock sendo um stalker, porque isso era um passo a mais na linha dos stalkers.

"Jillian?"

Piscando, eu me foquei em Grady enquanto meu coração parecia que ia tentar subir pela minha garganta. "Desculpa?"

Ele franziu o cenho enquanto se inclinava para frente. "Você está bem?"

Limpando minha garganta, eu concordei enquanto rezava para Brock não nos ver. "Sim, desculpa. Eu só me lembrei de algo que preciso fazer no trabalho."

Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios. "Parece importante."

Eu olhei sobre seu ombro, vendo Brock falar com a recepcionista. "Sim. É realmente importante."

"Espero que não seja outro jantar de negócios que você tenha esquecido."

Eu tinha? Porque definitivamente era Brock e ele estava sozinho - oh meu Deus, ele estava vindo para cá? Eu quase quis me jogar debaixo da mesa, mas isso seria estranho, então eu olhei para meu prato, de repente, rezando mais para que ele não viesse até nossa mesa. Não tinha como Brock ser tão...

Eu olhei para cima e vi sua cabeça escura sobre a parede que separava as mesas, se aproximando mais e mais, e no fundo eu sabia que Brock estava vindo para essa mesa.

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