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Capítulo Vinte e Quatro
Havia uma pequena parte de mim - okay, isso não era verdade. Havia uma parte bem grande de mim que imaginava como as coisas iriam funcionar. Será que Brock agiria como se não tivesse nada entre nós ou ele não teria problema nenhum em demonstrar as coisas em público? Eu não fazia ideia se ele queria que nosso relacionamento fosse descoberto pelos nossos colegas de trabalho.
Então, novamente, eu não fazia ideia se estávamos em um relacionamento. Só porque ele colocou sua boca em mim, me proporcionando o melhor orgasmo da minha vida, e me disse que me queria não necessariamente significava que éramos oficialmente namorado/namorada.
Acho que eu devia esclarecer isso.
Brock parou no meu escritório na segunda de manhã, uma mão segurando seu celular em seu ouvido e a outra segurando um café para mim. Ele piscou e, então, saiu. Claro, meu rosto começou a pegar fogo no momento em que o vi.
Ele tinha montado as estantes e passamos o resto do dia assistindo uma minimaratona de filmes do Will Farrell. Nós não tínhamos conversado sobre aquela noite ou o que aconteceu comigo. Pedimos pizza e ele foi embora por volta de oito horas. Seu beijo de tchau me fez querer que houvesse um beijo de oi.
Depois dele ter feito minha cabeça explodir ontem à tarde, ele não tinha me deixado retribuir o favor. Ele saiu de cima de mim, encontrou minha calça, sorriu como um gato em uma loja cheia de passarinhos enquanto me ajudava a vesti-la de novo, e voltou a trabalhar na estante. Eu queria devolver o favor, mas, por ser a idiota que eu era, não consegui deixar o nervosismo de lado.
Com Ben, não fui eu que comecei a ação entre nós e, desde que ele tinha sido meu único namorado, isso significava que eu nunca havia tentado seduzir ninguém.
Eu nem conseguia me imaginar fazendo isso.
Mas eu queria fazer.
Por volta das dez da manhã, eu juntei uma pilha de relatórios e fui para a sala de conferências para nossa reunião de segunda. Carregando os papeis contra meu peito, saí do meu escritório no mesmo momento que Brock saiu do dele. Eu esperei, me sentindo nervosa, do mesmo jeito que me sentia naqueles anos atrás.
Seus lábios se curvaram em um sorriso quando ele se aproximou de mim. "Adorei essa saia," ele disse com a voz baixa enquanto se inclinava, falando direto em meu ouvido esquerdo. "Mostra sua bunda incrível."
Meus olhos arregalaram enquanto olhava ao meu redor. As paredes dos cubículos eram altas demais para ver as pessoas, mas eu não acho que alguém o ouviu. Ainda assim eu tropecei em meu próprio pé.
Brock riu enquanto colocava a mão em meu braço, me ajudando a me equilibrar. Balançando minha cabeça, eu comecei a dizer a ele para parar de olhar para minha bunda enquanto decorava que saia cinza estava usando para comprar mais desse tipo ou usá-la mais vezes, só que Paul saiu de trás de um dos cubículos.
Seus olhos azuis claros passaram por Brock até a mão em volta do meu braço. Algo endureceu sua expressão, mas passou tão rápido que eu achei que pudesse ter visto errado.
Paul acenou na minha direção antes de voltar sua atenção para o Brock. "Eu passei para os treinadores de Philly os caras que mandamos para lá."
Soltando meu braço, Brock pegou o papel dele. "Obrigado, cara." Ele ficou ao meu lado enquanto andávamos pelo escritório. "Nós vamos checá-los quando formos lá essa semana."
"Parece bom." Eu olhei para Paul, que estava andando alguns passos atrás de mim, à minha direita. "Qual o plano para eles?"
"Se seu pai gostar de como estão, ele vai mantê-los lá," Brock explicou. "Se não, eles vão ser mandados de volta para cá para treinar mais."
Eu concordei, enquanto dava a volta na linha de mesas. Vários membros do staff estavam esperando do lado de fora da porta e estavam conversando. Eu senti a mão de Brock no meu cotovelo. Eu olhei para ele, em dúvida, e seus cílios grossos levantaram, atirando um olhar na direção de Paul. O outro cara estava me encarando, e eu percebi que ele deve ter falado algo.
"Desculpa," disse educadamente, surpresa que eu não o tinha ouvido falar comigo desde quando ele falou com Brock e eu pude ouvi-lo. Ele tinha abaixado sua voz? Não, eu disse a mim mesma. Eu nem mesmo sabia se ele tinha noção que eu tinha problemas de audição e, se ele soubesse, isso poderia ter sido um mini movimento de babaca. "Eu não te ouvi."
A expressão de Paul estava estoica enquanto ele repetia. "Você tem o relatório sobre os novos membros?"
Franzindo o cenho, eu imaginei porque ele estava perguntando por eles. "Sim. Tem algum motivo que você precisa deles?"
Brock tinha andado mais para frente, já entrando na sala de conferência, e Paul tinha parado enquanto o resto dos funcionários o seguia. "Preciso de um motivo para vê-los?"
Eu comecei a apontar que, bem, eu podia perguntar o que quisesse, mas a afirmação morreu na ponta da minha língua. Eu inalei profundamente. "Eu só não entendo porque precisaria vê-los agora se isso não é do seu departamento."
"Na verdade, meio que é." Paul cruzou seus braços enquanto me encarava de cima. "Chase Byers, um dos caras que trabalha na recepção, quer ser transferido para a parte de treinamento, então eu preciso avaliar sua performance e ter certeza que ele merece ser transferido." Ele pausou, sua expressão afiada. "Brock não falou disso com você?"
Eu abri minha boca enquanto olhei para a sala. Tenho certeza que ele não falou.
"Jillian," ele disse tocando meu braço, "Você me ouviu?"
Meu olhar voltou para o dele. Okay. Não tinha como ele ter acabado de falar ou eu estava perdendo minha cabeça. "O quê?"
"Você tem o relatório dele?" ele perguntou.
Odiando que eu podia sentir minhas bochechas queimando, eu olhei para os relatórios que estava segurando e os folheei até encontrar aquele sobre a produção semanal de Chase. Eu peguei a folha e entreguei a ele. "Desculpa. Aqui está."
"Obrigado," Paul disse, mas tenho certeza que foi da boca pra fora.
"Sem problema," respondi, irritada mais comigo mesma que com ele. Eu era sua gerente e, ainda assim, eu estava pedindo desculpas? Mas que porra?
Paul não respondeu enquanto entrava na sala de reuniões. Eu não entendia esse cara e o problema que ele tinha comigo. Franzindo o cenho, eu olhei para cima e encontrei o olhar de Brock. Suas sobrancelhas estavam levantadas. Ele estava esperando por mim e eu estava aqui parada, encarando o chão.
Que legal.
Suspirando, eu deixei de lado a atitude de Paul e entrei na sala de reuniões, fechando a porta atrás de mim e disse a mim mesma que na próxima vez, eu iria colocar Paul em seu devido lugar.
Na terça à tarde, perto das três, meu telefone tocou, mostrando uma ligação interna. Eu olhei e vi que era o número do GG. Um sorriso apareceu em meus lábios enquanto atendia.
"Sim?"
"Preciso ver você," Brock disse pelo telefone e desligou.
Eu tremi de desejo. Dizendo a mim mesma para relaxar e que sua necessidade de me ver tinha a ver com trabalho, eu bloqueei meu computador, coloquei de volta meu sapato de salto e me levantei. De pé, eu alisei a saia do vestido bege que achei no fundo do meu armário.
Eu realmente precisava sair e comprar mais roupas.
Brock tinha ficado até tarde na academia ontem à noite, então eu não o tinha visto depois que saí do trabalho e antes de voltar nessa manhã. Ele tinha mandado mensagem ontem à noite, dizendo - não perguntando - para eu ter bons sonhos com ele.
Foi tão clichê que eu ri alto quando vi.
Sua mensagem, o beijo que ele roubou ontem quando veio ao meu escritório antes de eu sair, todo o final de semana e tudo que ele fez - nada disso parecia real. O que era porque, quando eu falei com Abby ontem à noite e marquei de vê-la quando estivesse em casa, eu não tinha contado o que tinha acontecido com ele. Talvez aí então eu contaria.
O andar estava praticamente quieto enquanto andava a curta distância ao escritório de Brock. A essa hora do dia, a maioria dos funcionários ou estava na academia ou no segundo andar, mas já que o escritório fecharia hoje à noite para um feriado de cinco dias, tenho certeza que alguns já até tinham ido embora. Colocando meu cabelo atrás da minha orelha direita, eu entrei em seu escritório.
"Feche a porta depois de entrar," ele ordenou quando entrei.
Meu estomago estava se revirando, mas fiz como ele pediu. "O que aconteceu?"
Brock apertou algumas teclas em seu teclado e, então, afastou sua cadeira da mesa. Seu olhar passou por mim, e ele tinha esse jeito de olhar que fazia você se sentir como se estivesse nua e completamente exposta.
Ele não disse nada. Ele apenas ficou sentado em sua mesa, seu corpo a epítome da preguiça arrogante, enquanto me olhava.
Eu parei perto de uma das cadeiras, sentindo minhas bochechas esquentarem. "Você está se preparando para treinar os meninos?" Perguntei, reparando em sua calça de nylon e a camiseta da Lima. Ele não estava usando isso da última vez que eu o vi.
"Um pouco," ele respondeu, descansando seus braços na cadeira e juntando suas mãos. "Mas não é sobre isso que quero falar com você."
"Okay?"
Um olhar misterioso e um sorriso sexy apareceram em seus lábios. "Venha aqui."
Hesitei. "Já estou aqui."
"Mais perto," ele adicionou, apontando para sua mesa.
Meu olhar voou para ela. Ele queria que eu me sentasse na mesa? Bem, isso parecia totalmente inapropriado.
Seu queixo abaixou enquanto ele esperava pacientemente enquanto eu decidia entre tomar coragem e andar até ele ou correr para fora do seu escritório, meu rosto da cor de um tomate.
"Não vou morder." Ele pausou e acrescentou. "Não agora, pelo menos."
Meus lábios pressionaram juntos e eu olhei para a porta. Estava fechada. Ninguém iria entrar direto. Ninguém aqui ousaria invadir o escritório do "Beast".
Brock ainda estava esperando por mim.
Juntando cada pingo de coragem que eu tinha, forcei minhas pernas a se moverem para frente. Para alguns, isso não era grande coisa, mas com Brock, eu estava totalmente fora da minha zona de conforto. Poxa, com a maioria dos caras eu estava fora da minha zona de conforto. O tempo todo meu coração palpitava. Eu andei até a beira da mesa e parei na frente dele. Eu olhei para baixo e tentei inalar profundamente, o que não ajudou.
Brock estava excitado.
Eu podia ver isso claramente, porque sua calça de nylon não ajudava nada a esconder o que estava acontecendo ali. Meu olhar voou para o dele.
O sorriso em seu rosto ficou maior. "Então, eu estive pensando sobre uma coisa."
"Esteve?" Perguntei inocentemente. Com aquela ereção enorme só tinha uma coisa que ele poderia estar pensando.
"Fiquei acordado a maior parte da noite," ele disse, jogando sua cabeça para trás. "É sobre algo que você me disse no final de semana."
Eu tinha dito muitas coisas nesse final de semana. Me apoiando contra sua mesa, eu cruzei minhas mãos sobre a borda dela. "Vou precisar de mais detalhes."
"Você disse que queria começar a viver realmente. Eu quero te ajudar com isso."
Meu coração se virou pesadamente em resposta a sua afirmação. "Tenho certeza que já ajudou."
"Sim, eu ajudei. Mas isso foi apenas uma coisa. Não me entenda mal. Eu realmente aproveitei. Mal posso esperar para ter minha boca entre suas pernas de novo," ele me disse e meu queixo caiu no chão. Puta merda, ele disse isso como se estivéssemos conversando sobre o tempo ou outra coisa. Ele se inclinou para frente, soltando suas mãos. "O que você fez desde que me deixou?"
Deixei ele? Ele realmente achava que eu tinha deixado ele? Eu nunca pensei desse jeito, mas acho que ele poderia. "Não sei o que quis dizer."
"Você teve algumas aulas enquanto trabalhava. Eu sei disso. O que mais você fez?"
Eu abri minha boca para dizer a ele, mas não consegui pensar em nada. Nadinha. Era como se eu fosse essa página branca. Nada dentro ou fora. Um nó se formou em minha garganta e meus olhos começaram a queimar.
"Hey," ele disse baixo, segurando meu quadril com suas mãos grandes. "Tudo bem."
"Sim. Claro." limpei minha garganta. "Estou bem."
Seu olhar procurou pelo meu. "Não estou perguntando isso para te deixar triste."
"Eu sei." E eu sabia.
A mão de Brock apertou mais forte. "Você se lembra de sentar no balanço na casa dos seus pais e falar sobre os lugares que queria visitar?"
Não confiando em mim mesma para falar, apenas concordei.
"Você chegou a ver esses lugares?"
Neguei, balançando a cabeça.
"Você ainda quer ver esses lugares?" ele perguntou. "Eu acho que me lembro de alguns deles. Você queria andar pela estrada da costa do Pacífico e viajar para outro país. Escócia, certo?"
"Certo," sussurrei. Meu coração estava se remoendo.
"E eu acho, se me lembro bem, você queria viajar de carro pela velha Rota 66? Algo sobre a maior garrafa do mundo?"
Uma risada suave escapou de mim. "A maior garrafa de ketchup do mundo."
Ele balançou a cabeça. "Eu ainda não faço ideia do porquê você quer ver isso..."
"É uma garrafa gigante de catsup21!" expliquei. "Quem não quer ver isso? Eles até têm um festival!"
O sorriso estava de volta, o tipo de sorriso que sempre, sempre, acalmava meu coração. "Você é... fofa."
Eu achei que pudesse chorar.
Havia uma boa chance.
"Mesmo que ir a um festival de catsup não esteja na minha lista de coisas a fazer, eu a levaria lá de boa vontade." Ele disse como se isso pudesse acontecer simplesmente porque ele disse. "Temos muito tempo para fazer essas coisas e nós vamos..."
Eu me movi sem pensar.
Meu cérebro apenas tinha desligado e, num daqueles raros momentos da minha vida, eu não estava pensando em nada além.
Me curvando para frente, eu segurei suas bochechas, gostando de pinicarem minhas palmas e trouxe minha boca até a dele.
Eu beijei Brock.
21 Outro jeito de se falar ketchup, mais usado quando o molho vem em uma garrafinha de vidro.
O beijei como queria ter feito quando tinha dezoito e beijei de um jeito que nunca havia imaginado naquela idade que um dia seria possível.
Brock não era um recebedor submisso. Ele não iria ficar sentado ali me deixando beijá-lo. Não estava em seu sangue. Ele rapidamente assumiu o controle. Passou sua mão atrás da minha cabeça e devolveu o beijo com paixão. Meu sangue virou lava rapidamente nas minhas veias. Eu quebrei o beijo, me afastando o suficiente para vê-lo, e a verdade caiu sobre mim. Que se foda tudo.
Eu estava apaixonada pelo Brock de novo.
"De uma pequena faísca pode nascer uma chama."
- DANTE ALIGHIERI