Monotipia 03 marรงo 2011
04 26 Lilian Higa Denis Mello 16 Jozz
28 Pietro Antognioni
20 Danilo Beyruth
18 Mario Cau 38 Morganna Batista
24 Paulo Arthur 25 Tiras:
Wes Samp, Jussara Nunes e Rafael Marรงal
39 tiras:
Rodrigo Chaves, Marco Oliveira, Henrique Madeira
40 Diego Novaes
Tweet do editor Enfim, chegamos à terceira edição, que está abarrotada de gente boa. Entrevistas, quadrinhos, ilustrações e fotografias recheiam nossas páginas. esperamos que se divirtam lendo tanto quanto nos divertimos fazendo. Martins “@antiambiente” de Castro, editor
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Os
s universos de Lilian Higa
Monotipia: Quem é Lilian Higa? Lilian Higa: Eu tenho 25 anos e sou formada em Design de Moda. Comecei a trabalhar como fotógrafa no ano em que me formei, em 2008. Nunca estudei fotografia - tive a matéria na faculdade, mas quase tive que refazêla. Sempre trabalhei como freelancer. Comecei fotografando shows e material para uma rádio aqui de São Paulo e paralelamente, fazendo trabalho corporativo. Mas antes de começar a trabalhar eu fotografava por hobby. Ainda é um hábito andar sozinha por ai com a câmera na mão. Foram dois anos de rolês fotográficos antes de abraçar fotografia como profissão. Antes disso eu fui figurinista, trabalhei com estamparia, desenho... Não me imagino trabalhando com algo que não precise de criatividade, que não exija coisas novas. MT: O que lhe interessa na fotografia, no que se refere tanto à temática quanto ao meio de captação de imagens em si? LH: Falando de temática, tudo me interessa. Tudo mesmo. Acho que algumas pessoas dão mais importância aos temas do que na maneira como se aborda os temas - e para ser sincera,
isso não me agrada muito. Mas devo confessar que o cotidiano da cidade é meu assunto favorito. O bacana de fotografar é que você ganha uma consciência um tanto estranha da quantidade de coisas que acontecem sem sua influência. É como brincar de ser invisível, de não existir. Some ao fato de poder se esconder atrás de uma câmera, morar em São Paulo (onde já é fácil o suficiente passar despercebido). Esse lance de fazer o tempo parar e poder contar uma historinha, inventar uma mentira, mostrar um outro ponto de vista, um lado bonito de algo considerado feio se tornou inevitável para mim. Eu vejo fotos constantemente, mesmo sem estar com a câmera. MT: Em seus trabalhos, você costuma dar atenção aos espaços mais do que retrata objetos e pessoas. Fale sobre a sua relação com o ambiente. LH: Acho que isso se dá por conta de como eu abordo os temas. Eu gosto de fotografar cenas. É isso que eu vejo quando fotografo, são cenas. Virou algo inerente. Não que pessoas ou coisas não sejam interessantes, ou que eu não aprecie fotos assim, pelo
contrário. Mas eu sinto falta de contexto quando fotografo, quando penso na imagem, no resultado. MT: Vimos que, em suas séries, a cor tem papel de destaque. como você define sua relação com as massas de cor? LH: As cores possuem um apelo que eu não consigo ignorar. Uma fotografia não tem cheiro, não tem gosto, mas cabe tanta coisa ali cor, texturas, sombras... fora o apelo emocional. Eu acho que essa parte gráfica ajuda nesse apelo, e ajuda a direcionar a atenção para o que é importante na foto como um todo. MT: Por que fotografar? LH: Para guardar aquele instante que só você vê. Para reaprender constantemente a enxergar as coisas. Para educar meu ponto de vista, para prestar atenção nas pessoas, na relação (e eu falo, sentimentalmente) que temos com tempo e espaço.
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Mรกrio Cau
www.mariocau.com
Batemo “Necro
Monotipia: Fale sobre Danilo Beyruth: Desde c gostei muito de animaçã ilustração fantástica (Ac yama). Crescendo nunc iria trabalhar em algo rel Prestei vestibular para a gumas para artes plástic nho industrial. Entrei em FAAP, mas abandonei s do fui efetivado o estágio cia de publicidade, a DP Na verdade, minha form e na prática do que qual que o único curso de art vo que fiz foi o de persp Quanta, o resto veio de gas de trabalho e livros.
MT: Quais são as suas no que se refere a mov formatos e materiais? DB: Minhas principais in de quadrinhos, como Fra Jack Kirby, Richard Corb Toth e Milton Caniff. Tam ilustradores de livros de Frazetta e Sorayama. G ele e Goya, entre outros
Evil King
os um papo com o Danilo Beyruth, ilustrador e autor dos quadrinhos onauta” e “Bando de Dois” sobre a vida, em todas as suas formas.
sua formação. cedo desenho, sempre ão e quadrinhos e de chilleos, Frazetta, Soraa tive muita dúvida de lacionado a desenho. algumas faculdades, alcas e outras para desem desenho industrial na seis meses depois, quano que fazia numa agênPZ. mação é mais autodidata lquer outra coisa. Acho tes realmente significatiectiva da Academia interesse pessoal, cole-
s principais influências, vimentos e/ou artistas,
nfluências foram autores ank Miller, John Byrne, ben, Jack Davis, Alex mbém gostava muito de fantasia como Achilleos, Gustave Doré, Egon Schis.
MT: como é seu processo de trabalho? DB: Ando sempre com cadernos, onde constantemente faço anotações. Quando tenho uma idéia de que gosto, vou desenvolvendo nesse cadernos. Se resolvo tocar em frente o projeto, começo a delinear a história e em seguida passo para thumbnails das páginas onde estudo a diagramação. Quando fico satisfeito, faço os lápis e finalizo. O letreiramento fica por último, já no computador.
MT: Quando começou a publicá-lo? DB: 2007. Acho que foi em novembro. MT: Por que trazer outros autores para a série e quais já passaram por ela? DB: Foi uma forma de explorar o que podia ser feito com o personagem, de ver como outros autores tratariam o tema. No inicio eu tinha um certo medo de me repetir muito, e ver como outros abordavam seus roteiros me deu um norteio.
MT: Diga-me, quem é O Necronauta? DB: O Necronauta é um personagem que criei para começar a publicar de forma independente. Ele compre a função de ser um salva-vidas dos mortos, ajudando almas penadas que ficaram presas após a morte por conta de alguma complicação ou entrave. O formato que pretendi criar para a revista levava em consideração que o eu estava começando a fazer HQs e que ainda não tinha experiência para tentar histórias mais longas, e o Necronauta funciona muito bem para isso, para histórias mais curtas. Na verdade, o personagem se presta a dois tipos principais de história, aquelas onde é o protagonista e que exploram o seu universo, e histórias onde ele só age conduzindo, onde quem realmente é o foco é o fantasma a quem ele se dispõe a ajudar.
MT Como foi a experiência de publicá-lo de forma independente e pela primeira vez e agora através de uma editora? DB: As duas formas de publicar são muito recompensadoras. A experiência que você ganha se publicando é extremamente útil, e te dá uma visão do mercado importante. E trabalhar com uma boa editora é fantástico e te alivia um pouco de ter que tomar todas decisões sozinho, além é claro de deixar mais tempo livre pra gastar onde realmente importa, na prancheta. MT: O que você sentiu ao ver aquele exemplar do Necronauta sendo vendido a $10 num estande do Rio Comicon? DB: (risos) foi divertido. Acho que é um pouco cedo para um Necronauta ter virado item de colecionador, mas confesso que fiquei orgulhoso.
MT: Sobre o Bando de Dois, como foi a pesquisa de referências históricas, do visual e da linguagem dos personagens? DB: Muitos filmes de cangaceiro, mas o material mais importante foi um livro chamado “Cangaceiros, Coiteros e Volantes”, de José Anderson Nascimento, que conta diversas histórias da época sem cair na análise social. MT: Quais foram suas preocupações narrativas no que concerne ao ritmo da história? DB: A principal preocupação é que fique interessante, que a história fluísse. O bando foi feito para ser uma história de aventura, e uma HQ de aventura tem que ser, antes de tudo, legal. Ilustração para a antologia Fubar, de Jeff McComsey
MT: Quanto tempo Bando de Dois levou entre os primeiros rascunhos até chegar ao leitor? DB: Um pouco mais de um ano. MT: Você tem estado atento à repercussão da historia? DB: Sim. A internet possibilita um acompanhamento bem próximo dessa repercussão. MT: Rola uma página com a trilha sonora do álbum, certo? Fale um pouco sobre a relação dos seus quadrinhos com outras mídias. DB: Como o Bando estava financiado pelo Proac, resolvi encomendar a trilha para chamar a atenção e ajudar a pro-
mover o projeto. Gostei muito do resultado que o Bernardo Pacheco conseguiu e acho que ficou com a cara da HQ. Por outro lado, acho que trilhas, animações e outras mídias são periféricas ao projeto: a HQ tem que funcionar por si só. MT: Onde encontramos seus outros trabalhos? DB: Tenho uma HQ de 5 páginas na antologia “Jesus Hates Zombies” pela Alterna Comics, fiz a capa das HQs independentes “Lavaroid” e da segunda edição da FUBAR, a “FIERRO” Brasil vai ter uma HQ minha de 5 páginas também, e tenho o Necronauta pela HQM e o Bando pela Zarabatana. MT: Conte-nos o que você produz para além dos quadrinhos? DB: Ilustração para agências de publicidade através do estúdio Macacolândia. MT: Que quadrinhos tem lido ultimamente? E o que além de quadrinhos? DB: Ainda estou pondo em dia o material que comprei numa viajem à Argentina, além da Cripta que a Mythos publicou. Além de quadrinhos, estou enrolado para ler o Manuscrito encontrado em Zaragoza de Jan Potocki e o Certamente Talvez dos irmãos Strugatsky.
À esquerda: criador e criatura Danilo e Necronauta. Ao lado página de Bando de Doi
a: o, s
Paulo Arthur
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Pietro Antognioni
Monotipia: Como foi/é sua formação, enquanto artista gráfico? Pietro Antognioni: Bom, eu desenho desde quando era criança, nunca deixei de desenhar. Fui autodidata até meus 19 anos na época eu morava na Bahia, aí decidi descer para Sampa e estudar na Quanta Academia de Artes. Já queria fazia muito tempo desde a época da antiga Fábrica de Quadrinhos, mas como meus pais nunca iriam morar em Sampa tive que aguardar rs... Estudei três anos lá, e posso dizer que aprendi muita coisa realmente. MT: Quais são as suas principais influências, no que se refere a movimentos e/ou artistas, formatos e materiais? PA: Minhas influências são muitas, desde desenhos animados, escritores, música, alguns filmes, quadrinhistas e pintores clássicos. Para citar alguns nomes: Egon Schiele, G. Klimt, Van Gogh, Octavio Cariello, Roger Cruz, Mozart, Beethoven, Disney e por aí vai. Sobre materiais utilizados trabalho geralmente com um lapiseira “0.5” e sulfite A4 90g ou A3 quando é página de HQ, com canetas da Faber-castell para arte-final, gosto muito de pintar
com aquarela e acrílica mas quase não tenho mais usado, acabo fazendo boa parte das cores no Photoshop CS3. MT: como é seu processo de traballho? PA: Bom, eu geralmente acabo olhando alguns livros de arte ou dou uma olhada na net, mais para me instigar a produzir. No trabalho faço os desenhos direto no photoshop ou illustrator, dependendo do que o diretor de arte precisa, mas quando são meus próprios trabalhos gosto de fazer do modo mais tradicional que consiste em esboçar com a lapiseira sobre o sulfite e depois fazer a arte-final com canetas descaráveis, escaneio e faço a cor no Photoshop. Mas não tem muito segredo quanto a isso. Quando você se acostuma a cumprir prazos e se você tem base em desenho, vai fazer qualquer tipo de trabalho sem ter aquele problema de: "Não estou inspirado hoje". Não acredito muito nisso... então você senta ler o roteiro ou briefing e faz. MT: Já teve algum outro trabalho publicado? PA: Sim. Já publiquei alguns trabalhos
em revistas daqui como a Mundo Estranho, Você S/A (ambos da Abril), na revista Retrato do Brasil, trabalhos mais antigos em revistas e livros de RPG nacionais (Editora Daemon e Mantícora). Em meios virtuais eu não me lembro só no meu blog mesmo. E fiz ano retrasado e ano passado HQs para uma antologia na Polônia. MT: Vi que você também já produziu livros didáticos. Como este trabalho influenciou, supondo que tenha influenciado, na sua produção pessoal? PA: Bom, logo que vim para São Paulo os meus primeiros trabalhos foram como freela para alguns livros de RPG, devo muito ao Ronaldo Barata, meu professor de Desenho na Quanta. Depois consegui um emprego fixo num estúdio que produz livros didáticos, chamado Conexão Editorial. Agradeço demais a oportunidade de ter trabalho com eles, pois era um corre-corre absurdo por conta de prazos curtos (aquela história de sempre), mas o legal é que acabei por ganhar velocidade na produção e a maneira de resolver as ilustrações mais rápido. Sem contar que com a produção em massa fez desenvolver muito meu desenho.
Trabalhava lá umas nove a dez horas por dia e quando chegava em casa ia desenhar ainda mais... coisa de maluco mesmo. MT: Hoje, o que você produz para além dos quadrinhos? PA: Hoje eu trabalho em uma agência de publicidade (DM9), e nas minhas horas vagas produzo os quadrinhos. Tenho uma graphic novel sendo produzida com o roteiro do Octavio Cariello e também vou fazendo algumas histórias curtas, focando mais como exercício de narrativa e me disciplinar a produção de páginas de HQ. Pois realmente dá muito trabalho. Mas é com o que eu quero trabalhar um dia. Então temos que batalhar. MT: Que quadrinhos tem lido ultimamente? E o que além de quadrinhos? PA: Nos últimos meses tenho lido as HQs do Joe Sacco (Palestina, o Derrotista etc.), e HQs do HellBoy quando é publicado por aqui e The Walking Dead. Além dos quadrinhos tenho lido mais livros mesmo, os que estou lendo agora são O Processo, do Kafka e Um Sussurro nas Trevas, de H. P. Lovecraft.
Morganna Batista @morgannab http://www.flickr.com/photos/estalarosdedos
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Marco Oliveira @Marc_liveira
Henrique Madeira
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Diego Noivaes @Diego_novaes
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