Monotipia26

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“Elas“ Mário cau http://www.mariocau.blogspot.com.br/


XXVI

Fevereiro... sol, praia, carnaval (ok, sol e praia rolam o ano todo) e, claro, quadrinhos e outras coisas bacanas. Nesta edição, a querida Aline Zouvi deu início a uma série de entrevistas com nossos intrépidos colaboradores (André Lasak abriu a série). Também conversamos com a artista plática Bárbara Sotério os quadrinhistas Liper Gomba e Damasceno, autores do aclamados “Achados e Perdidos“, “Quadrinhos Rasos“ e outras brincadeiras. Mário Cau aproveita o carnaval e nos brinda com diversas ilustras da série “Elas“ Esta edição ficou bacaninha, em nossa suspeitíssima opinião. Martins de Castro Monalisa Marques Editores Aline Zouvi Colaboradora www.monotipia.com www.facebook.com/monotipia @monotipia


Bárbara Sotério



Monotipia: Fale sobre sua formação, enquanto artista plástica. Bárbara Sotério: Eu estudei Gravura na Escola de Belas Artes da UFRJ, fui monitora da disciplina de Litografia com o professor Kazuo Iha, também cursei o Meios Múltiplos na EAV Parque Lage. MT: Quais são as suas principais influências, no que se refere a movimentos e/ou artistas? BS: É quase impossível ser original hoje em dia, com tantas coisas que a gente vê e admira, mas faço o possível para não seguir nenhum movimento. Meu prazer em fazer meu trabalho está no fazer com as mãos e também no criar, eu aprendo técnicas, vejo muitas exposições e livros, com todos que vejo aprendo alguma coisa, mas quando estou executando deixo tudo que vi no subconsciente; Então como eu disse, não sou pretensiosa de achar que estou criando algo novo, mas é o que tento todos os dias. Agora há influências no exemplo de dedicação ao trabalho, no método de autodesenvolvimento e perseverança, assim eu admiro demais Iberê Camargo, Egon Schiele, Giacometti, Adir Botelho, Lourdes Barreto, Marcos Varela, Kazuo Iha.


“Amiga da Lua“ Água-forte https://www.facebook.com/soteriobarbara


MT: Há alguma predileção no que se refere a formatos e materiais? BS: Sim, o que mais gosto de fazer é desenhar, é a coisa mais simples, mais básica, mas que pode se transformar num universo; um pedaço de papel e uma caneta, um lápis, isso eu posso fazer em qualquer lugar. Como resultado estético eu gosto de desenhos a nanquin e gravura em metal. MT: Como é a dinâmica de produção dos seus trabalhos? BS: Geralmente carrego sempre comigo um caderno onde sempre desenho o que vem à mente, eles são estudos, mas não são exatamente o que vou fazer seja em gravura, pintura ou escultura. Na verdade eles são um estudo do “clima” do meu próximo trabalho, servem mais como um aquecimento, porque raramente faço um esboço do que vou fazer; isso começou na época em que parei de usar borracha para apagar e foi crescendo, meu toque pessoal é a espontaneidade, por isso ainda tenho muitos problemas com composição. Mas mesmo assim o resultado final é muito melhor, quando eu sigo esboços, o trabalho fica muito “duro”.


“Despertar“ Escultura https://www.facebook.com/soteriobarbara


MT: Quais costumam ser suas preocupações narrativo-descritivas, no que concerne à construção de um ritmo visual, em seus trabalhos? BS: Me preocupo com a quantidade de brancos, meios tons, etc., com a distribuição dos objetos, crio cenas quase teatrais, não só com os olhares de meus personagens, mas com um fio de cabelo que cruza seu rosto, a inclinação certa da cabeça, às vezes deixo alguma sujeira, um risco não planejado aparecer; e no fim olho para o trabalho, vejo o que ele me transmite e escolho um título, que é quase tão importante quanto qualquer coisa na imagem. MT: Tem feito outras pesquisas plásticas em outras linguagens que não essas? BS: A escultura é algo novo para mim, recentemente meu amigo o escultor Marcius Tristão me deu um pouco de argila para experimentar e depois disso me empolguei e fiz uns experimentos com arame, tecidos e luzes, estou com a cabeça cheia de idéias para isso, mas pouco espaço físico para abriga-las, rs. Também gostei muito das fotografias que fiz dessas esculturas, que para mim viraram um trabalho à parte. Mas é tudo experiência, mais para frente quero aprender sobre essas duas e saber melhor onde estou pisando. MT: O que você tem lido ultimamente? Vai de “Viagens de Gulliver” a “Panorama da Semiótica”, também adoro Gorki, li pouca coisa, mas me acrescentou muito. Uma professora me disse que é um ótimo exercício para criação, ler bastante, de tudo.


“Todos os dias“ 2011 Litografia https://www.facebook.com/soteriobarbara


“Elas“ Mário cau http://www.mariocau.blogspot.com.br/



Lasak

Aline Zouvi (@alineaz) conversou com o camarada AndrĂŠ Lasak sobre a vida, alĂŠm de uma ou outra coisa.


Aline Zouvi: Fale sobre sua formação, enquanto escritor. André Lasak: Desde 1992 eu escrevo poesias. Graças à grande bagagem de informação visual e leituras que consumi desde a infância, encontrei na redação publicitária o meu norte. Junto com o desenvolvimento de textos para agências e freelas, abri em outubro de 2005 o meu blog. No início, o Quimera Ufana era atualizado diariamente, com poesias, contos e seções semanais, como os Inícios para Livros, Personagens para Livros e Microcontos. Querendo aproveitar a interação dos leitores, criei duas histórias interativas que consistiam em um capítulo com duas opções de continuação. A opção mais votada nos comentários do post era a escolhida para o texto do capítulo da próxima semana. Ultimamente meu blog está bem abandonado, mas eu ainda colaboro em outros sites além da revista Monotipia. Tenho vários projetos de livros na minha cabeça, uns já em desenvolvimento e outros em pesquisa. O que posso afirmar é que nos próximos meses teremos algumas novidades. AZ: Quais influências, no que se refere a movimentos e/ou artistas, você identifica no seu trabalho? AL: Para as poesias, me inspirei no trio concretista Pignatari-irmãos-Campos e livros de Carlos Drummond de Andrade, Arnaldo Antunes e muitos outros. Já a narrativa, me inspiro em Érico Veríssimo, Umberto Eco, Gabriel García Márquez, Vladmir Nabokov, Ernest Hem-


ingway e, mais recentemente, também em Edgar Allan Poe, Milan Kundera, Machado de Assis, J.R.R. Tolkien, Douglas Adams, Ítalo Calvino etc. Acredito que nós somos um pouco do que lemos. Sem bagagem é muito difícil encontrar o seu estilo, fluir com a narrativa e construir histórias que possam ser lidas com gosto. AZ: Há alguma predileção no que se refere a formatos? AL: No que diz respeito a textos, eu não tenho um formato preferido. Escrevo o que me dá na telha na hora. Hoje pode ser uma poesia, amanhã um conto, logo depois mais páginas de um romance, a estrutura de outro, um pedaço daquele continho guardado pela metade há anos numa gaveta, ou até partir para uma grande história vinda de uma ideia rabiscada num papel encontrado no meio dos meus arquivos. O importante é escrever, sempre. AZ: Conte sobre a sua dinâmica de produção. AL: Como eu disse acima, minha dinâmica é um tanto caótica. Tenho pastas e pastas de arquivos com pedaços de ideias e pesquisas de épocas e possíveis ações, organizadas pelo nome do projeto. Quando eu me sinto preparado para abrir uma delas, releio e remexo no que já foi escrito e depois continuo ou abandono e parto para outra pasta. Preciso administrar melhor o meu tempo para conseguir fazer isso pelo menos

uma ou duas horas por dia. Assim, meus projetos poderão sair com mais rapidez da “prancheta”. Estou escrevendo um romance que – neste primeiro momento – é uma trilogia. O personagem tem vida e capacidade para outras muitas histórias, mas a princípio preciso terminar ao menos o primeiro tomo. Estudando livros e diversas abas de pesquisas na web ao mesmo tempo, vou construindo a história e rabiscando a estrutura das continuações. Os três vêm se atropelando na minha cabeça ao mesmo tempo, mas prefiro escrever na ordem para não ficar com todos eles começados sem um fim. A cabeça não para de pensar, portanto mais pedaços de papel são rabiscados e largados embaixo do teclado ou espalhados pela mesa. Nada mais normal, claro. AZ: Como seu trabalho se relaciona com os quadrinhos? AL: Minha colaboração em HQs posso dizer que foge bastante do comum. Reviso as tirinhas da webcomic do Tiburcio desde o começo de 2010. Meu Monarca Favorito se passa na era vitoriana e seu herói é um imperador inspirado em D. Pedro II. Como é ele quem manda, o império balança mas não cai, graças às trapalhadas dos republicanos. Com o passar do tempo, fiz algumas colaborações não como roteirista, mas incluindo textos que complementavam o universo da história. Neste mês, entregamos os últimos quadrinhos da nossa parceria mais maluca: uma ópera encenada, na íntegra. Acreditamos ser a


primeira vez que algo do tipo esteja em uma webcomic no Brasil (e no mundo). Normalmente as HQs com óperas são uma interpretação da história e não sua encenação como um espetáculo completo, somando plateia, maestro, orquestra, bastidores e elenco representando num palco. A ópera O Curumim é baseada numa lenda indígena que eu já havia criado para a palavra em tupi-guarani ãatá, que significa canoa. A princípio eu apenas escreveria algumas falas e o libreto da peça, mas num sábado inspirador, ao som de Dvorák e Strauss, eu escrevi os diálogos dos três atos e mandei para o Tiburcio, que me ligou em seguida, dizendo com a voz embargada que desenharia a ópera na íntegra. AZ: Por que literatura? AL: Porque me fascina, me transporta para mundos diversos, me faz rir e chorar, aprender e raciocinar. E são esses princípios que me impelem a escrever histórias e ver a reação das pessoas. Isso me mantém vivo. Escrever é um presente que preciso usar com mais sabedoria, para botar pra voar o mais rápido possível as minhas criações. Tenho um amigo que incentivei a escrever e ele já publicou dois livros. Já está mais que na hora de um livro meu acontecer.

na hora da leitura. Ultimamente estou com Ulysses, de James Joyce, e On The Road, de Jack Kerouac. Prefiro esse tipo de mistura de estilos. Se bobear, começo a reler Do Amor e Outros Demônios, de Gabriel García Márquez, também neste mês. No Skoob eu mantenho minha estante sempre atualizada com o que venho lendo, se interessar conferir. No quesito quadrinhos, estou parado no tempo. O último que li, de produção (nem tão) recente, foi Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho. Adoro reler os clássicos do gênero, de Alan Moore, Neil Gaiman, Frank Miller e companhia. Eles são ótimos inspiradores para descrições de cenas e criação de personagens. Fora isso, eu leio as notícias que me interessam no Twitter e outros sites, além de conferir as milhares de atualizações em meu Google Reader.

Leia mais sobre o André em https://www.facebook.com/quimeraufana

AZ: Que você tem lido ultimamente? AL: Gosto de ler mais de um livro por vez, pois assim tenho mais opções dependendo do meu estado de espírito


“Elas“ Mário cau http://www.mariocau.blogspot.com.br/



“Gomba!“



Monotipia: Fale sobre sua formação, enquanto ilustrador e quadrinista. Liper Gomba: Minha formação como quadrinista não é nem um pouco formal. Eu fiz um curso de quadrinhos de seis meses quando adolescente, e também um curso de roteiro por alguns anos. Mas fora isso, não cheguei mais a estudar desenho oficialmente. Cheguei a entrar na faculdade de artes, porém larguei para seguir em história, o curso no qual eu sou formado atualmente. Quando conheci o Damasceno e nós dois começamos a ter reuniões para conversar sobre quadrinhos que voltei a desenhar mais ativamente. Faço alguns trabalhos de ilustração, mas nada demais, faz pouco tempo que aprendi a trabalhar digitalmente, só alguns anos, e ainda estou pegando o jeito de desenhar. O Quadrinhos Rasos e o trabalho nos livros recentes, porém, sinto que me ajudou um bom bocado a melhorar a qualidade do meu desenho, mas tenho muito a aprender ainda.

MT: Há alguma predileção no que se refere a formatos e materiais? LG: Em geral eu trabalho exclusivamente com o meio digital, e ainda estou aprendendo as possibilidades de se desenhar direto no computador. Recentemente entanto, venho tentado voltar a me acostumar com o desenho no papel, assim como a pintura.

MT: Quais influências, no que se refere a movimentos e/ou artistas,você identifica no seu trabalho? LG: Minhas grandes influências vêm basicamente dos quadrinhos. Will Eisner e Bill Waterson foram os primeiros que eu realmente admirei ao ler coisas como “O Edifício” e “Calvin & Haroldo”. Mais para frente comecei a ser muito afetado pelo mangá, com autores como Matsumoto Taiyo (Ping-Pong), Jiro Taniguchi (Gourmet) e Kiyohiko Azuma (Yotsubato). Não só, estou constantemente sendo influenciado por quadrinistas brasileiros como o Vitor e a Lu Caffagi, o Ricardo Tokumoto e o Daniel Lima (que muito me influenciaram nas minhas tiras), e é claro, o Damasceno.

Já meu trabalho em dupla com o Damasceno envolve um processo muito mais longo e complicado. Nós dois fazemos histórias longas, que exigem longo planejamento antes de pensar e começar a fazer alguma coisa. A partir daí discutimos a história várias vezes, e quando acreditamos que estamos em um ponto em que já podemos começar a produzir, fazemos uma guia das páginas, indicando brevemente o que acontece em cada página da história. Em seguida eu faço um layout das páginas que passo para o Damasceno. Ele em seguida faz o lápis e finaliza a página. Após isso eu faço uma base de cor a partir de guias de cor que ele me manda, ou tentando seguir a lógica das cores que já estão no quadrinho. O Damasceno então finaliza

Quando a formatos, eu trabalho com tiras, com páginas de comprimentos variados, com formato livro mais tradicional. Você faz o que funciona melhor para a história. MT: Conte sobre a dinâmica de produção das suas ilustrações e HQs. LG: Quando eu trabalho sozinho, em geral eu fico fuçando ideias na minha cabeça enquanto tomo banho ou logo antes de dormir. Decidindo uma, eu esboço a página para conseguir ter uma geral da ideia. Caso tenha ficado legal, passo para a finalização.


as cores enquanto eu escrevo o diálogo. Ele revê o diálogo, modificando o que acha importante, e passa para o quadrinho. Nós dois revemos tudo, muitas vezes fazendo várias mudanças até chegar a um ponto que acreditamos ser a conclusão do trabalho. A nossa ideia é tentar não separar “roteirista e desenhista”, tentando criar uma HQ que pareça ter sido feita por uma pessoa só. Contudo, esse processo está em constante mudança, enquanto tentamos aperfeiçoar mais e mais o nosso jeito de fazer quadrinhos. A parte dos diálogos, por exemplo, há pouco tempo decidimos que é importante iniciar ela mais cedo. MT: Quais costumam ser suas preocupações narrativas, no que concerne à construção de um ritmo visual, em suas HQs? LG: Todas, hehehe. A minha maior preocupação com todos os quadrinhos que faço é a narrativa. Como controlar o tempo, como trabalhar o que não está lá, expectativa, quebra de expectativa, virada de página, são só alguns dos elementos que eu procuro estar constantemente trabalhando nas minhas histórias. O trabalho no Quadrinhos Rasos, porém, me fez pensar em quadrinho através de uma lógica musical. Entender a narrativa com um ritmo com de leitura que envolva coisas como ponte, verso e refrão, só que na leitura. Não de forma exatamente interligada, mas como uma influência do jeito como uma música é construída. Não que eu saiba alguma coisa de música. Mal sei tocar campainha.

MT: Aproveitando a deixa, conte mais sobre o Quadrinhos Rasos. LG: O Quadrinhos Rasos é um site que criamos em 2010, com o objetivo de manter uma produção de quadrinhos constante. Diferente do nosso trabalho em histórias mais longas, no Rasos nós buscamos fazer as páginas individualmente. A escolha de juntar quadrinhos e músicas veio de forma extremamente simples, ao criar o site pensamos “precisamos de um tema”. E quase que imediatamente falamos “que tal música?”. E pronto. Foi só isso. Depois criamos várias regras para deixar o processo interessante, como por exemplo: a página tem que fugir do sentido da música; não só pode pegar partes picadas da letra, somente uma sequência completa; não se pode colocar palavras que não estejam na música; entre outros. Acabou que misturar HQ com música deu um resultado muito melhor do que esperávamos. Muitas pessoas vão até o site por causa das músicas, pessoas que até então não tinham interesse por quadrinhos. E isso é sensacional! MT: Sobre “Achados e Perdidos”, fale sobre enredo, personagens, o tempo que vc e o Damasceno levaram pra amadurecer os elementos que compõe a HQ, além de questões relativas ao financiamento coletivo, impressão, distribuição e afins. LG: Achados e Perdidos é uma história sobre adolescência, buracos negros e a dificuldade que temos de sermos nós mesmos, de vez em quando. Dev é um adolescente que um dia acorda com um Buraco Negro na barriga. Pipo, seu amigo animado decide que esse Buraco


Negro é um mistério a ser resolvido. Pipo descobre que o buraco negro na barriga de seu amigo dá passagem a um segundo buraco negro que existe embaixo da cama da colega de escola dos dois, Laura. A partir daí Pipo e Laura irão começar a ficar mais amigos, o que fará Dev se sentir deixado de lado. A história a partir daí busca trabalhar com os resultados de ser uma pessoa que se fecha para o resto do mundo, internalizando seus problemas. Mas claro, eu não vou contar o final. O livro foi lançado através do financiamento colaborativo, pelo site catarse. me. Esse modelo, conhecido também como crowdfunding, permite que o público possa ativamente escolher o que quer ver no mercado, investindo em projetos que acredite serem interessantes de se ver produzir. No financiamento coletivo, caso um projeto não alcance o valor almejado, todo o dinheiro investido até então retorna aos respectivos donos, minimizando os riscos para todos os envolvidos. Para o Achados, o nosso primeiro orçamento de impressão chegou a cerca de 25 mil reais, que foi o valor que pedimos. O projeto teve êxito e conseguimos passar um pouco do valor que pedimos. Assim como foi possível diminuir o orçamento da impressão. Ambos os fatos foram essenciais para não ficarmos no vermelho, já que durante o processo não havíamos pensando com calma nos custos de envio assim como o preço de fabricação das recompensas do projeto. MT: Fale também sobre “sua viagem magica pelo mundo dos webquadrinhos medios e ruins” na companhia do Ricardo Tokumoto. LG: O Ryotgomba, projeto meu com o

Ricardo Tokumoto serve a dois propósitos. Como eu só faço tiras num formato muito específico no Bufas (Danadas http://bufasdanadas.com/), estava com muita vontade de fazer piadas em formatos diferentes, com timings diferentes, e o Ryotgomba permite isso muito bem. Além disso, essa parceria facilita muito a possibilidade de eu conseguir capitalizar em cima desse monstro do humor que é o Tokumoto. O cara é genial e tem uma legião de leitores. Se um pouquinho disso vazar para mim já é lucro! Mas fora isso, o Ricardo é um grande amigo, e o Ryotgomba é mais uma brincadeira nossa do que qualquer coisa. É sempre engraçado pegar a página pela metade e tentar descobrir o que diabos fazer em seguida. Ou o contrário, de montar um início que seja muito estranho, e ficar esperando o ele vai mandar de volta. É muito divertido. MT: O que você tem produzido para além dos quadrinhos? LG: Eu tenho me aventurado levemente no mundo de jogos eletrônicos, buscando entender como funciona o sistema de produção desse meio de entretenimento também. Talvez até cogitando produzir um, mas nada muito certo ainda. Tenho alguns interesses em outras áreas que podem vir a gerar algum resultado. Mas são possibilidades tão longínquas que não vale a pena entrar em detalhes agora. E eu faço parte de uma banda que dá um show por ano. Mesmo não entendendo nada de música. MT: Por que quadrinhos? LG: Porque é o que eu mais me divirto


fazendo. E porque eu acho que, caso eu faça um bom trabalho, talvez algumas pessoas possam se divertir também, lendo. MT: Que quadrinhos você tem lido ultimamente? E o que além deles? LG: Eu leio uma enormidade de quadrinhos periódicos. Enormidade. E sempre que vou a qualquer evento de quadrinhos acabo voltando para casa com mais uma série de novas produções para ler, fora o eventual encadernado ou coletânea que se encontra em livrarias pelo país. Quando se quer fazer quadrinhos não tem jeito, você tem que ler tudo se quiser produzir boas histórias. A sorte é que eu já queria ler de qualquer forma, então não é como se fosse um trabalho muito árduo de se fazer. Agora, para citar um específico, acho importante falar de “One Punch Man”. Um mangá de humor simplesmente sensacional que trabalha com a narrativa visual de forma incrível.

Leia mais sobre o Liper Gomba em: http://www.quadrinhosrasos.com/ http://bufasdanadas.com/ http://ryotgomba.tumblr.com/


Liper Gomba, um leitor feliz e o Damasceno (cuja entrevista vc confere na pr贸xima p谩gina), no FIQ 2011.




Eduardo Damasceno


Monotipia: Fale sobre sua formação, enquanto ilustrador e quadrinhista. Eduardo Damasceno: Eu desenho desde sempre, por isso fico com raiva quando alguém diz que desenhar é um “dom”. Sério, então quer dizer que eu não precisava ter passado todos esses anos treinando? Minha formação acadêmica é em Produção Editorial, um curso da área de comunicação. Eu fiz isso porque não era concebível nem pra minha família nem pra mim a ideia de formar em Belas Artes ou algo do tipo. Até os 18 anos eu mal sabia que isso existia, ninguém ao meu redor saberia me explicar o que era ou pra que servia, e hoje só tenho a agradecer a isso. Vale lembrar que eu sou de Formiga, no interior do estado, não cheguei a tomar conhecimento de que ilustração, quadrinhos ou animação fossem coisas que as pessoas faziam. Lia quadrinhos, assistia desenhos, mas em nenhum momento sonhei em fazer essas coisas. Simplesmente não era uma opção que existia no meu mundo. Eu não associava isso com meu gosto pelo desenho... eu só gostava de desenhar. Quando me mudei pra Belo Horizonte, aos 17 anos, fui tomando conhecimento de como as coisas acontecem. Cheguei a estudar em uma escola de quadrinhos aqui, foi quando descobri que as pessoas faziam aqueles quadrinhos que eu lia... claro, eu sabia que as pessoas faziam mas parecia uma coisa distante demais de mim, nessa época ficou mais próximo. E foi quando tive aulas com o Daniel Lima, criador do Oswaldo Augusto. Foi ele que me ensinou que eu podia desenhar o que quisesse e não precisava só copiar desenhos que eu gostava. Foi bem libertador e não é à toa que ele se tornou um grande amigo. Só aí entendi o que era ilustração, como isso funcion-

ava, que as pessoas pagavam pra gente desenhar. Durante 10 anos trabalhei como ilustrador, pra publicidade, pra livros didáticos, fazendo caricatura em festas, mas nunca pareceu certo. É só uma coisa, que eu faço porque tenho que pagar as contas. Quando comecei a trabalhar com animação as coisas pareceram mais certas, mas só quando comecei a fazer quadrinhos que a ficha caiu, é isso que eu gosto de fazer. Fico muito feliz de ter me formado em comunicação, cada dia que tenho que organizar um projeto, montar um livro, orçar um quadrinho, fazer acompanhamento em uma gráfica agradeço por ter formado em Produção Editorial e principalmente por ter escolhido um curso na área de comunicação, que é o que eu amo e o que eu acho que faz diferença. A ideia de fazer um trabalho e fazê-lo de tal forma que ele chegue até as pessoas e que esse é um processo vivo e em constante construção me agrada muito. Alguns anos atrás tentei fazer uma segunda graduação, dessa vez em artes plásticas e bem, conheci gente muito legal, alunos e professores, mas o universo da arte contemporânea é a coisa menos viva e mais alheia à comunicação que já presenciei, aguentei um ano só. O Quadrinhos Rasos já tinha começado, e eu queria dedicar todos meus esforços a ele, acabei pulando fora. Mas foi ótimo ter passado por essa experiência para tirar do meu organismo um preconceito que tinha comigo mesmo que me fazia acreditar que por não ter uma formação acadêmica eu não deveria ser capaz de fazer o que eu fazia... Estou sempre procurando coisas que me parecem certas, que fazem eu me sentir bem fazendo e quando eu e o Felipe



começamos a fazer quadrinho eu senti isso, que estava fazendo a coisa certa, que aquilo não era a nosso respeito, era mais importante que qualquer um de nós. E ainda me sinto assim, é divertido, mas não é a meu respeito. MT: Quais influências, no que se refere a movimentos e/ou autores, você identifica no seu trabalho? ED: Não saberia dizer. Eu não sei nem definir direito porque eu gosto do que gosto. É bem mais subjetivo do que o necessário pra poder explicar... eu gosto de trabalhos que conversam comigo, que não me excluem que me convidam a entrar neles, e me permitem passear ali. Tento fazer trabalhos que sejam assim também. Mas as pessoas ao redor são a maior influência sempre, aprendo muito sobre narrativa discutindo com o Felipe e aprendo muito sobre desenho porque convivo com desenhistas. Virei meio que uma esponja, eu vejo soluções que gosto em desenhos e tento aplicar no que eu faço, quando gosto muito eu fico um tempão usando soluções de desenhistas específicos até incorporar aquilo no meu desenho, mas não é nada pensado, geralmente eu vejo, acho bonito, repito até deixar de ser uma coisa estranha em um desenho meu e depois muda tudo de novo. Sempre que faço um desenho a sensação é de estar começando do zero, parece poético e bonito, mas na verdade é bem chato. Vejo desenhistas cheios de soluções pré-determinadas e “estilos” e dá vontade de fazer isso pra mim, mas não consigo, eu gosto que cada coisa tenha um jeito específico, cada projeto tenha um desenho específico, cansa... mas não consigo fazer diferente porque não sinto que é a coisa certa a fazer, pra mim. Tenho muita influência do universo da animação, sou apaixonado

pelo trabalho do estúdio Ghibl, pelas histórias que eles escolhem contar e pela forma como fazem isso. Adoro o desenho do Nicolas Marlet (designer de personagem de Kung Fu Panda), do Cris Sanders (Diretor de Lilo e Stitch e de Como Treinar Seu Dragão) e muitos outros. Na minha adolescência era fascinado por mangá, fascinado do jeito burro mesmo, de achar que “porque é mangá é bom”. Quando finalmente me livrei dessa estupidez descobri um mundo inteiro de coisa boa (inclusive outros mangás) e continuo descobrindo constantemente, sou absolutamente viciado em acompanhar o máximo de coisa que conseguir e descobrir coisas novas. E não sei se chega a ser influência ou se aparece no meu trabalho, mas tem alguns autores cujo trabalho eu amo de verdade - Cristophe Blain, Cyril Pedrosa, Hugo Pratt, Jiro Taniguchi, Matsumoto Taiyo e mais um tanto de gente. Tento ver o máximo de coisas possível, conhecer o máximo possível, ler tudo que cai na minha mão. Já há algum tempo sou extremamente influenciado pelo desenho da Lu Cafaggi, acho o desenho dela a coisa mais honesta e verdadeira que já vi sair das mãos de uma pessoa, quem dera todo mundo fosse tão honesto consigo mesmo quando desenha. MT: Há alguma predileção no que se refere a formatos e materiais? ED: Não mesmo. Como eu disse, gosto de pensar cada projeto como um mundo novo, seja no jeito de desenhar, no formato, no material. Gosto de experimentar materiais diferentes. Infelizmente, as coisas tem prazo então acabo fazendo muita coisa de jeitos que sei que faço mais rápido, por isso faço muito trabalho digital, ou com aquarela. O Quadrinhos Rasos é feito pra ser digital, sem a menor preocupação em publicá-lo

um dia, então ele é feito pensando nisso. Os livros tem exigências específicas, decidimos o formato que for melhor para cada história. Agora, quanto ao trabalho digital tenho uma preferência inegável, trabalho única e exclusivamente com software livre. Uso principalmente o GIMP rodando no Ubuntu 12.10 atualmente. MT: Conte sobre a dinâmica de produção das suas ilustrações e HQs. ED: Quando é trabalho de pagar conta não tem muito segredo, é um obrigação, sento e faço o mais rápido possível, até que fique de um jeito que eu não tenha vergonha de ver publicado. Em alguns casos até chego a encontrar algum prazer naquilo, mas é bem raro. Tem que ser rápido porque o trabalho nunca fica pronto de primeira, todo mundo sempre tem uma opinião a respeito e eu sei que vai ficar indo e voltando independente do tempo que eu tome pra fazer, então prefiro entrar logo na fase onde todo mundo dá pitaco porque afinal de contas o trabalho é deles, não é meu, tento fazer o melhor pro cliente e me tirar da equação. Lembrando que em Belo Horizonte nunca encontrei quem pagasse o que o trabalho vale, então pra sobrevier tenho que pegar muita coisa e fazer tudo bem rápido. Agora quando estou produzindo de verdade é outra história, me cobro muito mais e tenho prazer em tomar o tempo que for preciso naquilo. Gosto de passar dias pensando e estudando o visual dos personagens, as melhores composições pra cada quadro. Sou extremamente ansioso, durante muito tempo não aceitava o fato de levar mais do que 3 horas pra terminar um trabalho, e acabei conseguindo muito serviço por conta disso, eu fazia rápido. Hoje



faço tudo mais devagar, não sou menos ansioso, mas não consigo mais fazer as coisas tão rápido. A consequência é que eu pego menos serviços, ganho menos dinheiro, mas tenho mais tempo pra fazer quadrinhos e é isso que interessa no final das contas. As páginas do Quadrinhos Rasos, o Felipe escolhe minha música e eu começo a rabiscar, penso melhor desenhando e demoro muito pra ter uma ideia do que contar, quando a ideia surge aí tudo flui, se tudo correr bem, em 8 horas tenho uma página pronta. Os livros eu e o Felipe geralmente ficamos o tempo que for preciso discutindo a história, os personagens, o que a gente quer com aquilo, como fazer ele ser agradável para as pessoas. Só então começamos a pensar o visual dos personagens. Depois disso o Felipe faz o layout das páginas de acordo com o que a gente decidiu pra cada uma. Depois faço o desenho, arte final e escrevo o texto (o Felipe define a maior parte dos diálogos, eu literalmente escrevo o texto, que é sempre feito manualmente), na hora de colorir, escolho as cores, o Felipe faz o preenchimento e eu faço o acabamento. A produção de quadrinhos com o Felipe é um diálogo constante, a gente discute o tempo inteiro, muda as coisas o tempo inteiro e trabalhamos sem receio um do outro, se eu não gosto de uma coisa que ele fez eu mudo, se ele não gosta de alguma coisa que eu fiz ele muda e pronto, ou a gente concorda ou a gente refaz. Tentamos não aparecer demais nem preocupar demais quem faz o que. MT: Quais costumam ser suas preocupações narrativas, no que concerne à construção de um ritmo visual, em suas HQs? ED: Gosto de trabalhar pensando sempre em convidar as pessoas pra dentro

daquele trabalho, a gente trabalha constantemente pensando nos leitores, não fazemos só pra gente. Contamos histórias que queremos contar, mas a preocupação de como fazer aquilo chegar nas pessoas é constante. E gosto da ideia de não dar todas as respostas, estamos trabalhando nisso ainda, na ideia de mostrar a entrada para o leitor, mas não conduzi-lo até a saída, dar mais liberdade pra quem está lendo, não fazer histórias óbvias. Só fizemos dois livros até agora, temos uma vida inteira pra acertar a mão. Aprendo muito com o Felipe, ele quebra muito a cabeça quando o assunto é narrativa visual e ritmo, e é muito bom no que faz. MT: Sobre “Achados e Perdidos”, fale sobre enredo, personagens, o tempo que você e o Gomba levaram pra amadurecer os elementos que compõe a HQ, além de questões relativas ao financiamento coletivo, impressão, distribuição e afins ED: A gente queria fazer uma ficção científica. Um belo dia o Felipe disse: “E se um menino tivesse um buraco negro na barriga.” Eu achei a imagem legal na minha cabeça e perguntei, por que? Fomos desenvolvendo a partir daí, não dá pra contar histórias sobre coisas que a gente não conhece, não ficaria parecendo verdade. Então a gente resolveu contar uma história de adolescentes que alimentam os próprios problemas, porque disso a gente entende... Ficamos mais ou menos 4 anos discutindo a história até chegarmos em uma que gostávamos e que achávamos que valia a pena produzir. Quando veio 2011 e a gente viu tudo que estava acontecendo ao nosso redor - conhecemos outros quadrinhistas independentes de Belo Horizonte, fomos convidados para expor

no Festival Internacional de Quadrinhos, o Quadrinhos Rasos estava ganhando público mais rápido - vimos que teríamos que lançar o livro naquele ano, de qualquer jeito. E foi o que fizemos. Já vinha pesquisando crowdfunding há bastante tempo e, conversando com o Felipe, a gente viu que era a plataforma perfeita para lançarmos nosso livro. Acreditamos na produção de entretenimento, que o que fazemos é para nossa diversão e pra de todo mundo, acreditamos no creative commons porque não vemos sentido em limitar o acesso ao nosso trabalho e o crowdfunding é permeado por essas mesmas crenças, pela vontade de construir coisas juntos, de se comunicar e de participar. Então é o meio ideal de lançarmos nosso trabalho. E ainda se encaixava perfeitamente no tempo que tínhamos para conseguir o livro publicado naquele ano. Estávamos dispostos a conseguir o dinheiro de qualquer maneira, nos endividaríamos o tanto que fosse preciso se o livro não chegasse ao valor necessário no Catarse. Para nossa sorte, tudo correu bem e desenvolvemos relações duradouras com muita gente ao longo do processo. Ficou muito claro pra mim que gentileza, educação, simpatia são partes importantíssimas do processo, porque afinal estamos sempre, em todas as situações, lidando com pessoas, ainda bem. E se a empreitada deu certo foi porque tivemos ajuda de todos os lados possíveis, definitivamente foi nosso trabalho menos independente. MT: Quadrinhos Rasos. (Do que se trata? Quando vocês começaram? Como é a parceria de vocês, do ponto de vista da produção dessas HQs? Por que conjugar HQs e música?) ED: O Quadrinhos Rasos surgiu como



uma forma de sairmos do campo das ideias e realizar quadrinhos de fato. Estávamos cansados de só conversar a respeito e queríamos botar a mão na massa, ver do que éramos capazes. É um exercício, extremamente divertido e o retorno que temos disso não tem dinheiro no mundo que paga. Tínhamos a ideia de fazer páginas semanais, o Felipe sugeriu que fizéssemos com músicas e foi isso. Decidimos que não poderíamos mudar a letra da música, que fugiríamos do sentido original dela e que as páginas teriam uma largura limite, e uma altura indefinida. Foi isso. Escolhemos as músicas um pro outro e cada um faz sua página. É uma forma incrível de exercitar, desenho, narrativa, ritmo. A gente não entende nada de música, e não temos preconceito com esse ou aquele estilo, gostamos de muita coisa, e muita coisa diferente. Achamos que seria um bom ponto de partida para as páginas, tudo que veio depois foi uma surpresa. Não pensávamos que eventualmente o ritmo das músicas influenciaria no ritmo da narrativa, não pensávamos que ao usar músicas atrairíamos um público mais amplo do que os aficionados por quadrinhos, não pensamos nada disso. Mas foi o que o aconteceu e somos eternamente gratos a isso. MT: O que você tem produzido para além dos quadrinhos? ED: Dívidas, principalmente. Faço alguns trabalhos de produção editorial e de direção de arte em animação ainda. Mas larguei muita coisa pra me dedicar aos quadrinhos, não tenho vontade de voltar atrás em nada. Quero fazer isso funcionar pra gente e aí quem sabe possamos ajudar outras pessoas a viver de quadrinhos também. Minha prioridade é sempre o Quadrinhos Rasos – seja o site, os livros, o selo. Ocupo

meu tempo com isso. Daí a produção incessante de dívidas, mas esses outros serviços estão dando conta do recado por enquanto. MT: Por que quadrinhos? ED: Foi o melhor jeito que encontrei até agora de participar do mundo. De alimentar o processo de comunicação, de me divertir e de divertir as pessoas. MT: Que quadrinhos você tem lido ultimamente? E o que além deles? ED: Puxa... muita coisa. Bleach, Naruto, One Piece, Vinland Saga, Bartender, Billy Bat, Yotsubato e One Punch Man acompanho regularmente. Monster eu leio o que está saindo aqui, mas estou dando um tempo porque a grana acabou. O mesmo aconteceu com Rurouni Kenshin que eu estava relendo e recomprando porque vendi minha coleção original. Recentemente eu li Dear Patagonia do Jorge Gonzales e Portugal do Cyril Pedrosa, os dois foram lá para as primeiras posições de quadrinhos favoritos. Dear Patagonia porque é bonito demais pra não estar lá e Portugal porque, além de ser o quadrinho mais deslumbrante visualmente no qual já botei os olhos tem uma narrativa absolutamente linda e conta uma história bonita demais de um jeito incrível. Andei lendo umas edições de coisas da marvel e da dc mas parei logo. Lia muito quadrinho de herói, mas parei porque comecei a achar tudo muito ruim, mas pra não ficar só no preconceito, de tempos em tempos pego alguma coisa pra ler, até agora só me decepcionei. Mas acredito que tenha boas coisas sendo produzidas nesse universo em algum lugar. Acompanho as coisas da MSP também, o trabalho que o Sidney

Gusman faz para o quadrinho nacional é incomparável, devemos muito a ele, sem dúvida. E eu acho o cebolinha falando uma das coisas mais engraçadas do planeta, até hoje. Além dos quadrinhos, terminei de ler a pouco tempo Starting Point, uma coletânea de textos, entrevistas, depoimentos do Hayao Miyazaki ao longo de uns 20 anos. De longe uma das coisas mais inspiradores que já li, sempre fui apaixonado pelo trabalho dele e agora eu entendo porque. Estou lendo também Alucinações Musicais, do Oliver Sacks que é legal demais e me deixa morrendo de medo de acordar um dia com música tocando dentro na minha cabeça. A Era da Empatia do Frans de Waal é um livro que enche a gente de esperança num mundo mais coletivo, tenho gostado bastante. Comecei a ler o Só Garotos, da Patti Smith também e estou adorando. Gosto de ler muita coisa ao mesmo tempo, demora, mas eu sempre acabo de ler tudo, o do Miyazaki eu devo ter começado a ler em 2009... No final do ano passado fiz uma experiência com audiobooks e finalmente terminei de “ler” toda a série Harry Potter que eu gosto muito, de verdade. Li a pouco tempo o The Element do Ken Robinson e estou fazendo o possível e esperando ansiosamente a revolução educacional que ele propõe. Leio muito sobre creative commons também, que é um assunto que me interessa muito. Li há pouco Common as Air do Lewis Hide, ele faz um apanhado muito bom da história da propriedade intelectual.

Leia mais sobre o Damasceno em: http://www.quadrinhosrasos.com/



“Elas“ Mário cau http://www.mariocau.blogspot.com.br/




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