SONETO 11/2018
Dói-me a alma aonde quer que esteja se o coração cala aquilo que quer ou almeja
Dói-me o coração quando a alma se esconde
por uma só razão. É a dor que o consome
Doí-me, até o pensamento quando transborda
metáforas estranhas
que dizem das entranhas aquilo que as incomoda se hão sido, ou o momento
Braga, dia 1 do mês de fevereiro de 2018
SONETO 12/2018
Já não anda Já não ri Já não canta Já não sei
Já não quer Já não sente
Já não sabe Já não vê
Não sei porquê nem o porque tem de ser
num dia assim
o dia em que você descobrir que não quer Ir por aí
Braga, dia 1 do mês de fevereiro de 2018
SONETO 13/2018
Passaste na rua olhaste e sorriste
de uma forma nua a nudez despiste
Passaste na rua com passo apressado de uma forma nua desnudaste o passado
Passaste na rua de uma forma ligeira de que sĂł o cheiro ficou
como se fora tua aquela rua inteira onde uma lĂĄgrima rolou!
Braga, dia 1 do mĂŞs de fevereiro de 2018
SONETO 14/2018
E seguiste caminho balançando a anca de um jeito estranho uma espécie de dança
Vinho que no copo baloiça a dança épica das ondas
da tempestade à bonança doce dança. das searas
Um espalhar de vista ao correr do vento suão
tocando de leve a espiga
com o sabor da saliva do suor doce da mão que estendida se arrisca
Braga, dia 4 do mês de fevereiro de 2018
SONETO 15/2018
Em cada momento vazio os que te dizem o que fazer há um travo amargo de frio que assusta, só de pensar
Há uma solidão enorme que te confunde a mente
Uma sede. Uma fome Que de dor deixa semente
Que queremos para o bem. sem para o mal saber
ou sequer, se vale o tempo
De um olhar o momento, de luz cheio no lençol do pólen que uma flor tem
Braga, dia 5 do mês de fevereiro de 2018
SONETO 1672018
A rua, aquela por onde sempre passamos sem na ver é assim, uma rua sem nome que pisamos sem sequer
olhar o mendigo com fome na esquina junto à rotunda de quem não sabemos nome ou sequer de algo que coma
porque não nos importa tudo aquilo que importa só
à rua, no traçado que alberga
e que em tudo o mais é cega alheia ao sentimento de dó que a nós reporta
Braga, dia 6 do mês de fevereiro de 2018
SONETO 17/2018
Olho os teus olhos castanhos de vida cheios quando nos teus lábios é tamanho o palpitar de desejo
Não importa já o franzir ou o carregar do sobrolho
quando nada há a fazer Depois de um só beijo
Aquele nervoso miudinho que corre corpo abaixo
áurea de um certo prazer
que dá, o simples saber que o amor, não é desleixo só nos toma, devagarinho
Braga, dia 7 do mês de março de 2018
SONETO 18/2018
Tenho de azevinho um ramo com bolas vermelhas para te dar mas não sei porque tremo no gesto simples que é dar
Tenho as minhas certezas sem ter tanta certeza assim
de que sejam tão precisas quanto as tenho para mim
Talvez porque saiba o difícil que é a linguagem do amor
perdida entre factos e gestos
Dos eruditos aos modestos ganham ou perdem calor consoante a forma mais ou menos subtil
Braga, dia 8 do mês de março de 2018
SONETO 19/2018
Conversei com a areia de um cordão dunar que me disse ser boa ideia de vez enquanto parar
Pensar que um carreiro não é caminho seguro
só porque é o primeiro da subida que procuro
Se do outro lado da duna uma íngreme arriba houver
e lá ao fundo o mar
Sem nada a que me agarrar para a descida fazer por entre a espessa bruma
Braga, dia 8 do mês de março de 2018
SONETO 20/2018
Mesmo em dias de chuva daqueles que cheiram a verĂŁo em que a poeira se eleva da terra com que se faz chĂŁo
HĂĄ uma mĂŁo estendida por entre os pingos e a terra como se fora a vida desbravando a nova era
De um tempo sempre novo e de novos sentimentos
que se entranham devagar
Sem pressa para se instalar nas vagas e nos momentos do saber de um grande povo