XIII SONETOS

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Síntese O trabalho ora presente resulta de reflexão avulsa em contextos avulso também em momentos oportunos e por isso de conteúdo disperso em um universo de complexidade variável consoante essa mesma diversidade.

A Nação e a Liberdade devem ser de um abraço incondicional que o entardecer não ofusque nunca o alcance de um sopro que motive a saudade ou a incerteza. Em uma ponte arco-íris onde a cor alimenta a seiva que dá vida ao sonho no alcance de um olhar que repudia a violência e canta a esperança que desliza por entre os dedos. Palavras de uma passagem efémera que preenche a alma de um livro onde a metáfora dá o encanto ao brilho de um ocaso nos acasos que preenchem a alma das pessoas simples. Tão simples quanto o são os desenhos que a Associação Juvenil Synergia disponibilizou para complemento deste que é por cumplicidade tão singelo quão simples mote sem mote porque a liberdade de cada um se circunscreve ao pensamento e a liberdade cívica de vida em sociedade não tem fórmula perfeita. A liberdade é assim uma espécie de neblina. Ora densa; ora ténue; ora dissolvendo; ora inexistente.

ano de 2019, dezembro, dia 31



Soneto I-MMXIX A Nação e a Liberdade

No rasto do pó de cada dia se incrusta o teu perfume rasgando sulco na nostalgia por onde semeia um nome

Mês de junho, Portugal, dia dez, de Camões e comunidade, dia maior, mares e marés,

crista de onda da liberdade!

Onde um enorme horizonte irradia luz resplandecente, mares de solidariedade.

Alicerçando a liberdade minha, tua, de toda a gente como água de uma fonte!

10 de Junho de 2019



Soneto II-MMXIX Abraço

Não sei a dimensão, a forma, a força , a intensidade de uma luz na escuridão por onde corre a saudade

Nem sequer sei da vontade transformada em ilusão perdida na ansiedade de um olhar sobre a multidão

Por onde espalhas abraços vulgares como o recebido num terminar de missiva

Tão curto. Tão... sem vida. Duvido, se foi o sentido ou de palavra, os pedaços…

junho de 2019



Soneto III-MMXIX Entardecer Cruzei o entardecer numa só manhã de Sol incandescente de um sonho presente em bruma que te rasga seio e ventre. Te envolve a face, os olhos, afaga os lábios e toca, raiz de cabelos livres, soltos, onde os arrepios assolam. Deixa por isso ao sonho esculpir tua imagem bela em um só ato, inolvidável, concretizar ato improvável expresso numa macia seda com suco e sabor do abrunho.

22 julho 2019



Soneto IV-MMXIX Sopro

Há um só sopro de liberdade em um rebento que desponta Há um laivo de saudade em cada navio que aporta.

E há esta dura incerteza no olhar que varre a proa por cada mão da incerteza de ser ou não da pessoa.

Não trouxe este navio mas um outro navio trará

aqui, no porto da liberdade

onde espera a saudade livre, a gaivota voará sem receio do desafio.

ano de 2019, dia 09 de Julho



Soneto V-MMXIX Arco-Ă­ris

HĂĄ nos teus olhos mar imenso,

uma infinita profundeza, na face de um brilho intenso, diamante de rara beleza.

Lapidado numa madrugada ao luar, brilho das estrelas, vĂŠrtice de mestria talhada no som do vento sobre as velas.

Sem destino ou horizonte nem as arribas para escalar

ou tempestade para vencer,

na noite ao amanhecer luzem os teus olhos verde mar arco-Ă­ris de um Sol nascente.

ano de 2019, dia 10



Soneto VI-MMXIX VIOLÊNCIA

rasgado foi teu peito vilipendiado coração depois de todo o feito covardemente foi a mão

Supostamente tão amiga em tempo ido, sem memória, num só gesto, que te intriga, varre a mente da história.

Em cada segundo, cada momento, de uma vida angustiada, que se esvai com o tempo,

em arrepio tão intenso de um silvo em terra rasgada que não chora sofrimento.

ano de 2019, dia 10



SONETO VII-MMXIX PAI Ainda oiço gargalhada a meio de conversa franca

sobre tudo que é a vida, contrariedades e bonança. Ainda te sinto o cheiro. O mimo. O carinho. O amor. Reprimenda se necessário.

O meu pai! O meu Senhor! E foste caminho adiante abrindo um sulco ligeiro por um terreno desconhecido a que lhe dou um sentido, ser mulher de corpo inteiro, foi o que me ensinaste!

ano de 2019, dezembro, dia 20



SONETO VIII-MMXIX VENTOS

Guardo também uma lembrança

em memória sem os arrumos onde se constrói a bonança de todos os ventos e destinos

Mesmo daqueles que um dia havemos concordado libertar numa madrugada arredia prisioneira de um pulsar

Que voa nas noites negras e que devagarinho bate

as asas de um sonho lindo

acordado ficou dormindo nuvem da Liberdade de hoje vagueando por entre trevas.

ano de 2019dezembro de 2019, dia 6



SONETO IX-MMXIX UM CRAVO Na minha mão tenho um cravo seguro sem vacilar no tempo

de todo o tempo desbravado em defesa de um só momento. Um sentir a vida abrir porta de cárcere tão tenebroso para que uma nova rota

lhe desse nota e o sentido. Foi momento feito sonho. Foi o acreditar possível. Foi bandeira desfraldada. Foi uma mão estendida. Foi uma força invencível. Foi uma flor que pouso...

ano de 2019, dezembro, dia 31



SONETO X-MMXIX AS PALAVRAS

Descaso as palavras úteis afim de as poder saborear separando - as das inúteis teimosas no tanto amargar

Tão soltas, desfio palavras, de liberdade prenhes de vida

em democracia fecundadas útero épico, a guarida.

E as deixo rumar caminho onde as palavras inúteis passeiam escrita vazia

bocejo de escrita cheia por cátedras de nada, fúteis, espinhos de um só azevinho.

ano de 2019, dezembro dia 8



Soneto XI-MMXIX UM LIVRO

Por entre meus dedos desliza teu sedoso cabelo solto, um macio punhado de cinza, uma chama ao vento solto

em um cativeiro de sobro cortado em uma madrugada dando forma ao novo livro que trazes na mĂŁo fechada

Onde todas as palavras ditas sobrevoam dunas e pinhais e por mar adentro se estendem

Em terra ficaram as malditas no fio de todos os punhais que teu cabelo pretendem.

Ano de 2019, dezembro, dia 13



Soneto XII-MMXIX NATAL O Natal dos pobres acontece esquina do tempo no ano

mágoa contida esquece os dias, as cores, o engano. Natal é o que queres que seja Um dia uma noite um desejo o sonho que muito se almeja

um suspiro, um aí, uma cerveja. O verde pinho da alegria no riso franco da família reunida para comemorar e entre o passado folhear na sombra daquela tília o verde musgo de um só dia.

ano de 2019, dezembro, dia 13



Soneto XIII-MMXIX ALMA

Na alma dos teus olhos negros uma só chama intensa brilha eleva ao cimo dos rochedos onde labareda abre trilha.

Marca uma pegada visceral ferro em brasa sangue e dor terra corpo suor sabor a sal sentimento simples foi amor.

subiu suor e o desceu lavou face lavou alma lavou o seu corpo também

não disse nada a ninguém a raiva susteve na calma e o olhar o adormeceu.

ano de 2019, dezembro, dia 16



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