Síntese O trabalho ora presente resulta de reflexão avulsa em contextos avulso também em momentos oportunos e por isso de conteúdo disperso em um universo de complexidade variável consoante essa mesma diversidade.
A Nação e a Liberdade devem ser de um abraço incondicional que o entardecer não ofusque nunca o alcance de um sopro que motive a saudade ou a incerteza. Em uma ponte arco-íris onde a cor alimenta a seiva que dá vida ao sonho no alcance de um olhar que repudia a violência e canta a esperança que desliza por entre os dedos. Palavras de uma passagem efémera que preenche a alma de um livro onde a metáfora dá o encanto ao brilho de um ocaso nos acasos que preenchem a alma das pessoas simples. Tão simples quanto o são os desenhos que a Associação Juvenil Synergia disponibilizou para complemento deste que é por cumplicidade tão singelo quão simples mote sem mote porque a liberdade de cada um se circunscreve ao pensamento e a liberdade cívica de vida em sociedade não tem fórmula perfeita. A liberdade é assim uma espécie de neblina. Ora densa; ora ténue; ora dissolvendo; ora inexistente.
ano de 2019, dezembro, dia 31
Soneto I-MMXIX A Nação e a Liberdade
No rasto do pó de cada dia se incrusta o teu perfume rasgando sulco na nostalgia por onde semeia um nome
Mês de junho, Portugal, dia dez, de Camões e comunidade, dia maior, mares e marés,
crista de onda da liberdade!
Onde um enorme horizonte irradia luz resplandecente, mares de solidariedade.
Alicerçando a liberdade minha, tua, de toda a gente como água de uma fonte!
10 de Junho de 2019
Soneto II-MMXIX Abraço
Não sei a dimensão, a forma, a força , a intensidade de uma luz na escuridão por onde corre a saudade
Nem sequer sei da vontade transformada em ilusão perdida na ansiedade de um olhar sobre a multidão
Por onde espalhas abraços vulgares como o recebido num terminar de missiva
Tão curto. Tão... sem vida. Duvido, se foi o sentido ou de palavra, os pedaços…
junho de 2019
Soneto III-MMXIX Entardecer Cruzei o entardecer numa só manhã de Sol incandescente de um sonho presente em bruma que te rasga seio e ventre. Te envolve a face, os olhos, afaga os lábios e toca, raiz de cabelos livres, soltos, onde os arrepios assolam. Deixa por isso ao sonho esculpir tua imagem bela em um só ato, inolvidável, concretizar ato improvável expresso numa macia seda com suco e sabor do abrunho.
22 julho 2019
Soneto IV-MMXIX Sopro
Há um só sopro de liberdade em um rebento que desponta Há um laivo de saudade em cada navio que aporta.
E há esta dura incerteza no olhar que varre a proa por cada mão da incerteza de ser ou não da pessoa.
Não trouxe este navio mas um outro navio trará
aqui, no porto da liberdade
onde espera a saudade livre, a gaivota voará sem receio do desafio.
ano de 2019, dia 09 de Julho
Soneto V-MMXIX Arco-Ăris
HĂĄ nos teus olhos mar imenso,
uma infinita profundeza, na face de um brilho intenso, diamante de rara beleza.
Lapidado numa madrugada ao luar, brilho das estrelas, vĂŠrtice de mestria talhada no som do vento sobre as velas.
Sem destino ou horizonte nem as arribas para escalar
ou tempestade para vencer,
na noite ao amanhecer luzem os teus olhos verde mar arco-Ăris de um Sol nascente.
ano de 2019, dia 10
Soneto VI-MMXIX VIOLÊNCIA
rasgado foi teu peito vilipendiado coração depois de todo o feito covardemente foi a mão
Supostamente tão amiga em tempo ido, sem memória, num só gesto, que te intriga, varre a mente da história.
Em cada segundo, cada momento, de uma vida angustiada, que se esvai com o tempo,
em arrepio tão intenso de um silvo em terra rasgada que não chora sofrimento.
ano de 2019, dia 10
SONETO VII-MMXIX PAI Ainda oiço gargalhada a meio de conversa franca
sobre tudo que é a vida, contrariedades e bonança. Ainda te sinto o cheiro. O mimo. O carinho. O amor. Reprimenda se necessário.
O meu pai! O meu Senhor! E foste caminho adiante abrindo um sulco ligeiro por um terreno desconhecido a que lhe dou um sentido, ser mulher de corpo inteiro, foi o que me ensinaste!
ano de 2019, dezembro, dia 20
SONETO VIII-MMXIX VENTOS
Guardo também uma lembrança
em memória sem os arrumos onde se constrói a bonança de todos os ventos e destinos
Mesmo daqueles que um dia havemos concordado libertar numa madrugada arredia prisioneira de um pulsar
Que voa nas noites negras e que devagarinho bate
as asas de um sonho lindo
acordado ficou dormindo nuvem da Liberdade de hoje vagueando por entre trevas.
ano de 2019dezembro de 2019, dia 6
SONETO IX-MMXIX UM CRAVO Na minha mão tenho um cravo seguro sem vacilar no tempo
de todo o tempo desbravado em defesa de um só momento. Um sentir a vida abrir porta de cárcere tão tenebroso para que uma nova rota
lhe desse nota e o sentido. Foi momento feito sonho. Foi o acreditar possível. Foi bandeira desfraldada. Foi uma mão estendida. Foi uma força invencível. Foi uma flor que pouso...
ano de 2019, dezembro, dia 31
SONETO X-MMXIX AS PALAVRAS
Descaso as palavras úteis afim de as poder saborear separando - as das inúteis teimosas no tanto amargar
Tão soltas, desfio palavras, de liberdade prenhes de vida
em democracia fecundadas útero épico, a guarida.
E as deixo rumar caminho onde as palavras inúteis passeiam escrita vazia
bocejo de escrita cheia por cátedras de nada, fúteis, espinhos de um só azevinho.
ano de 2019, dezembro dia 8
Soneto XI-MMXIX UM LIVRO
Por entre meus dedos desliza teu sedoso cabelo solto, um macio punhado de cinza, uma chama ao vento solto
em um cativeiro de sobro cortado em uma madrugada dando forma ao novo livro que trazes na mĂŁo fechada
Onde todas as palavras ditas sobrevoam dunas e pinhais e por mar adentro se estendem
Em terra ficaram as malditas no fio de todos os punhais que teu cabelo pretendem.
Ano de 2019, dezembro, dia 13
Soneto XII-MMXIX NATAL O Natal dos pobres acontece esquina do tempo no ano
mágoa contida esquece os dias, as cores, o engano. Natal é o que queres que seja Um dia uma noite um desejo o sonho que muito se almeja
um suspiro, um aí, uma cerveja. O verde pinho da alegria no riso franco da família reunida para comemorar e entre o passado folhear na sombra daquela tília o verde musgo de um só dia.
ano de 2019, dezembro, dia 13
Soneto XIII-MMXIX ALMA
Na alma dos teus olhos negros uma só chama intensa brilha eleva ao cimo dos rochedos onde labareda abre trilha.
Marca uma pegada visceral ferro em brasa sangue e dor terra corpo suor sabor a sal sentimento simples foi amor.
subiu suor e o desceu lavou face lavou alma lavou o seu corpo também
não disse nada a ninguém a raiva susteve na calma e o olhar o adormeceu.
ano de 2019, dezembro, dia 16