19 de março
“são só… cinco, sonetos.”
SINÓPESE
O dia do Pai é, para cada um de nós, um dia especial. Um dia especial porque nele refletimos sobre quem foi, ou quem é, o nosso pai enquanto homem; educando, referência, confidente, cúmplice, amigo, entre um rol de predicados que poderia arrolar, mas também, o seu contrário em todos os casos em que acontece, a que acresce a condição de Pai se aplicável. Em regra a figura do Pai é associada ao bem e ao bom. No entanto, sabemos que, em muitos casos, isso não acontece. E, o que acontece é mau de mais para o estar a descrever. Não por omissão, desconhecimento ou sequer branquear uma figura que é, e será, para o bem e para o mal, uma referência incontornável ao longo da vida de cada um. A figura do Pai! Serve este dia também, para que possamos refletir sobre qual tem sido o papel de cada um na qualidade de Pai, mas também, na qualidade de Filho.
Neste preciso ano de 2020 em que uma terrível pandemia designada por COVID 19 , da família dos coronavírus, multiresistente, sem formula de combate eficaz , e que exige da enorme figura de Pai o senso consistente para que no seio da sua família consiga estabelecer de forma eficaz o equilíbrio e a alegria de viver necessários em cada dia que passa desafiando todos os medos mesmo naqueles que ainda não sabem sequer o que é o medo coletivo, dando dessa forma testemunho de que os seus pais também tiveram situações idênticas de medos, embora diferentes na forma, mas que tiveram de vencer para assegurar as condições de vida que cada um desfrutou no tempo, e hoje, se consiga proporcionar no quadro da calamidade pública instalada.
O dia do Pai é por isso um dia de reflexão transversal a gerações em transito. É, também por isso, muito mais do que uma simples comemoração com lembrança associada que um/ a filho/a lhe dedica neste dia. Porque o dia do Pai é um dia que carrega emoções fortes em ambos os sentidos em todos os elos familiares entre as gerações ainda vivas e, muitas vezes, com aqueles que permanecem ainda vivos na memória.
Nota: Este dia do PAI devia ser comemorado na rua com “POESIA AO CENTRO” um evento anualmente levado a cabo pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva nos seguintes locais: Turismo; Reitoria da Universidade do Minho; Associação Comercial de Braga; Camara Municipal de Braga; em que os sonetos que os Sonetos constantes seriam ditos por sócios das associações; Acare—IPSS e Academia Sénior Dr. Egas Moniz. Evento cancelado pelo motivo descrito no sexto parágrafo desta nota de Introdução. Braga, dia 19 do mês de março do ano de 2020
Soneto I – Dia do Pai IMAGEM
Tua mão em minha cabeça desliza com a suavidade de carícia que mereça novelo eterno, saudade. Foste exemplo referência, horizonte de Sol nascente, corpo da incandescência de um passado ora presente. Em todos os momentos felizes, difíceis ou complicados, corre o vento dessa bonança feita de sonhos de criança onde se juntam entrelaçados, o crer; a fé; e a confiança!
Soneto II – Dia do Pai AUSENTE
Meu pai. O meu herói. Ainda hoje, e sou avó, sinto a mágoa que dói e me trespassa a alma, sem dó! Ficou o vazio imenso de gota que em charco cai se perde no aperto intenso de um suspiro, de um só ai! Ficou como me ensinou a meus filhos, amor saber dar
com entrega e dedicação. A família no coração, esta vida por diante levar, uma herança que vos dou!
Soneto III – Dia do Pai MEMÓRIAS
Ainda oiço gargalhada a meio de conversa franca sobre tudo que é a vida contrariedades e bonança. Ainda te sinto o cheiro. O mimo. O carinho. O amor. Reprimenda se necessário. O meu pai! O meu Senhor! E foste caminho adiante abrindo um sulco ligeiro por um terreno desconhecido a que lhe dou um sentido: - Ser mulher de corpo inteiro! Foi o que me ensinaste.
Soneto IV - Dia do Pai MEU PAI Meu pai é a minha vela em mar revolto, encapelado. Uma nau feita estrela em mar aberto, céu rasgado. Onde as nuvens não tem lugar as tempestades são bonança onde eu hei - de amarar para encontrar a segurança Só aquela que procuro
em cada dia, cada noite, ao levantar, ao deitar, no gesto simples de um respirar Intercâmbio entre a sorte, o acontecer, ou o azar.
Soneto V - Dia do Pai SOL O Sol levantou mais cedo foi o que aconteceu. na brisa, deixou o medo. Ou, simplesmente, acordou. Rompeu o dia como quis, abriu manhĂŁ como soube, Riscou o cĂŠu com um giz, soprou a neve para longe. Rasgou fundo a saudade, as lagrimas e tudo o mais Onde se incrusta a tristeza Lavou sem a ligeireza com que afaga os demais e aquece a liberdade!