A EUROPA MULTICULTURAL

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TÍTULO A Europa Como Espaço de Diálogo Intercultural e de Mediação

Autor: António da Silva Fernandes Email: antonio_sf@hotmail.com Instituição: ACARE – Associação Comunitária (IPSS) Localidade: Braga, Portugal 1


1 – INTRODUÇÃO A linha de pensamento que se apresenta é a de um autodidata que aceitou o desafio de, na qualidade de cidadão anónimo, discutir num local com qualificação de excelência: a mais conceituada academia do País e das mais reconhecidamente qualificadas no conjunto das academias Europeias como o é a Universidade do Minho, temática tão pertinente trazida a debate e discussão, com articulação grupal, intragrupal, intergrupal, multidisciplinar e interdisciplinar sobre desafios contemporâneos da sociedade atual, abordando temas como as migrações, a diversidade, a comunicação intercultural e a mediação, com vista a aprofundar a construção de sociedades mais acolhedoras, inclusivas e pacíficas. Os tópicos propostos para a apresentação de trabalhos são os seguintes; Comunicação; Educação Intercultural; Estudos Culturais; Direitos Humanos; Mediação Social; Novos Desafios na Europa; Estamos assim, perante um desafio à capacidade de abertura e de assimilação intelectual lançado à cidadania, em Portugal, na Europa e demais Continentes, sobre um amplo universo geográfico e de média densidade habitacional em que interagem a inovação e as tecnologias que respondem a necessidades específicas da sociedade atual num território tido por “placa Continental” que é a Europa, sobre que se exige conhecimento profundo em matéria tão distinta como o é a discussão dessa mesma Europa: intercultural, Multicultural, Mediação, Diálogo, Inovação Tecnológica, Educação, e demais alterações estruturais operadas, que lhe são transversais e que carecem de acompanhamento observado, social e político, neste momento crucial da discussão da sua existência futura num contexto de complexidade extrema de circunstância e de conjuntura. Nesse sentido o trabalho que apresento é um trabalho sustentado em conhecimento adquirido na relação com factualidades circunstanciais de vida mas também e, sobre tudo, de vida partilhada em sociedade nas suas distintas formas comportamentais perante factos concretos num período da História em que as convulsões sociais na Europa e a sua influência política e geoestratégica “desenharam” o comportamento das suas populações perante esses novos factos geradores de necessidades diferentes e diferenciados: na organização política e social; no sistema produtivo; na liderança; na gestão; no consumo: 2


entre outras alterações profundas nas relações entre os Homens e as suas necessidades e destas com o meio. Um trabalho de dissertação pura resultante da compilação de experiências partilhadas com suporte científico no âmbito do enquadramento em debate no quadro do trabalho académico para a sua população alvo, mas também para que conste como memória futura desta experiência concertada de estudo e de análise dos temas e das pessoas alvo que são hoje a mole Humana que dá vida ao Continente, Europa. Um trabalho com um único suporte: um olhar a Europa atual à luz do comportamento comum; de um cidadão comum; num quadro de comportamento comum; num espaço geográfico de que se nos apresenta, comum; Um trabalho que espelha o raciocínio lógico daquilo que é o recurso à memória coletiva transitada que se alojou na memória individual mas também, na experiência de vida em que o suporte de conhecimento adquirido nesse trajeto de aprendizagem: crescimento conjugado em faixa etária com o crescimento escolar; de envolvência social; componentes profissionais; familiar; consciência cívica; política; interação ativa em defesa permanente de valores como a liberdade intelectual e demais liberdades subjacentes como o são: - A paz; - A liberdade de expressão; - A liberdade de reunião; - A liberdade de associação; - Demais direitos inclusos na carta internacional dos direitos humanos; Num tempo em que a conjuntura internacional promove contextos adversos à coabitação pacifica entre os diversos povos mas que, por outro lado, promove e agita todos os “ingredientes” propulsores do conhecimento indispensável a uma analise relativa daquilo que é hoje a Europa como consequência de um conjunto alargado de dinâmicas interativas da luta da Humanidade pela sua sobrevivência e de melhoria constante das suas condições de vida como resposta a necessidades no tempo e na História de pontos de equilíbrio em função do conhecimento detido mas também das matérias-primas disponíveis e da organização das sociedades em torno desses centros de recurso naturais primordiais para a sua sustentabilidade. É um enorme desafio ao discernimento mental em matéria de abrangência impagável que se reduz a memórias circunscritas no tempo, ao tempo e, aos meios disponíveis, nesse pequeno espaço de tempo. 3


Um tempo que nunca parou e que teve o condão de agrupar em si as envolvências contidas, mas também as vertidas.

2 - A EUROPA INTERCULTURAL A Europa, enquanto espaço geográfico aonde interagem múltiplas culturas: locais; regionais e nacionais; num todo Continental, é o resultado de vicissitudes nos ajustamentos necessários aos tempos, no tempo em que as mudanças ocorrem, aos processos de evolução social correntes dentro dos parâmetros culturais locais e, decorrentes da interação internacional inclusiva das múltiplas culturas que se cruzam, encontram e, disseminam, em permanente mudança de que a História dá conta que envolvem o poder da influência; de legislar; da governação política; da relação familiar, escolar, laboral, de proximidade e outras, com enfoque privilegiado para a proximidade quotidiana em que a mediação dos conflitos sociais emergentes, em consonância, ou sobre, a sociedade em geral e, em especial, na receção e inclusão de outros povos em paridade de direitos, liberdades e garantias, tem hoje as ferramentas necessárias para que a mediação através do diálogo intercultural funcione em pleno e que, se assuma no Mundo contemporâneo, como o espaço ideal para esse efeito. Daí que, a Europa seja o Continente mais procurado por outros povos que trazem consigo enraizadas culturas diferenciadas, cuja finalidade é a de se estabelecerem num território aonde pensam vir a encontrar as condições de estabilidade e de paz social para a sua vida e a dos seus familiares diretos, sem quebrarem o vínculo cultural com as suas origens: familiar; comunidade; religião; de Estado; de Nação; outras. A multiplicidade intercultural é hoje uma realidade incontornável no espaço Europeu, mais concretamente na U.E., tantos são os elos de ligação social, desde a família à atividade social ou profissional, de coabitação inclusiva na comunidade, conducentes a uma matriz que é transversal a essa interculturalidade com raízes culturais comuns ao ponto de, indelevelmente, se poder afirmar como sendo um processo dinâmico de dialética da cultura Europeia do futuro. Neste contexto, a mediação enquanto processo de diálogo para o entendimento das partes tem um desempenho determinante por ser a solução mais eficaz na estabilização e interiorização cultural dessa nova realidade conjuntural com que as sociedades passadas, presentes e futuras se tem deparado, deparam e depararão nomeadamente no âmbito das diversas tipologias liderantes. 4


2.1 – Lideranças: considerandos e tipificação social As diversas variáveis da contextualização de todos os processos de relação intercultural entre povos e comunidades tem, nas lideranças, o seu epicentro porque são elas que, inexoravelmente, dão o rosto pela predominância de interesses específicos através de exercício multifacetado do poder. Desde um exercício de poder político do Estado, ao pilar estrutural da organização social civilizada que nas sociedades modernas é, a família. A influência do desempenho dos líderes nos diversos modelos das lideranças nos últimos séculos tem acompanhado todo o processo de evolução das sociedades e por essa via das civilizações contribuindo de forma decisiva, através do diálogo, para a, mediação num espaço intercultural, multicultural e multidisciplinar tão vasto como o é a Europa. Desde a imposição do poder pela força, (ditaduras tribais e de Estado, Monarquias feudais e outros) até à aceitação desse mesmo poder através de eleição (modelos democráticos de exercício); o poder político e económico, de iniciativa empresarial, ou outras formas de exercício do poder com Lideranças Musculadas que em regra impõe o medo e a submissão ou, Lideranças ideológicas: as que pugnam por convicções de que é possível construir um modelo de sociedade em que a partilha solidária e a equidade distributiva serão possíveis e a sua capacidade em acautelar os impactos do futuro também; mais as Lideranças interativas que acreditam na coabitação dos vários modelos de organização social defendidos pelas outras correntes ideológicas. Neste sentido, o exercício do poder através da liderança assume ser uma figura multifacetada e multidisciplinar. No entanto, é a incerteza que constrói a conjuntura factual de todas as sociedades em sintonia com a evolução das civilizações, independentemente das formas de liderança pontual: - Lideranças impostas; - Lideranças escolhidas; - Lideranças socialmente aceites; A liderança é a forma socialmente reconhecida ou imposta, de qualidade individual que produz efeitos e resultados coletivos, seja no plano teórico ou prático, de que destaco: ✓ As lideranças em contexto de incerteza; (lideranças de gestão, de transição, em cenários de crise social e política, entre outras); 5


✓ As lideranças de grupo; (étnico, social, político, religioso e outros); ✓ As lideranças associativas corporativas; (grémios, ordens profissionais, ordens religiosas e outros); ✓ As lideranças associativas cooperativas; (empresariais, agrícolas e outros); ✓ As lideranças associativas de voluntariado; (coordenação de equipas de voluntários em todos os domínios e outros); ✓ As lideranças no tecido empresarial produtivo; (iniciativa, controlo, produção, transformação, escoamento e outros); ✓ As lideranças no tecido empresarial de serviços; (comportamentos, relação interpessoal, influência discursiva, produtividade e outros); ✓ As lideranças no tecido empresarial do comércio; (aquisição, armazenamento, venda, relação com o cliente e outros); ✓ As lideranças políticas nacionais; (poder legislativo, poder executivo, acordo de coligação, oposição e outros); ✓ As lideranças políticas internacionais; (correlação de forças, equilíbrio social, globalização e outros); ✓ As lideranças militares; (forças militares, organizações paramilitares e outros similares); ✓ As lideranças múltiplas; (lideranças paralelas em Instituição. Uma liderança temporal vocacionada para a solidariedade social e uma outra liderança vocacionada para a atividade empresarial dessa mesma Instituição mais as lideranças intermédias de serviços distintos, como por exemplo: medicina; enfermagem; utentes; atividades externas e outras valências); ✓ Outras tipologias; (a família na qualidade de célula principal de toda a organização das sociedades e, outros); Nesse sentido as lideranças modernas e progressistas têm sempre como contraponto referencial as lideranças retrógradas ou conservadoras. Seja no plano económico, social, político ou outro. Sendo que, esse contraponto referencial é o suporte de toda a estrutura social em mudança entre o passado e o futuro num período preciso que é o presente. Temos assim estádios de avanço civilizacional que motivam a permanente incerteza nas lideranças mundiais e o seu posicionamento em concreto. 6


Objetivamente: a liderança é um método de comando de pessoas, em todos os domínios, através dos tempos em interação educativo-relacional, passado, presente e futuro. A liderança é assim, o somatório de conjuntos alargados de lideranças que agem, interagem, e que se combatem para se impor com dinâmicas autónomas, mas, cada vez mais, estandardizadas por questões relacionadas com a necessidade de organização global, em tempos de paz.

3 – O CONTINENTE EUROPEU A Europa é um vasto Continente multicultural formada por diversos Países onde as maiores diferenças se refletem no modelo político; na forma de organização social; na expressão linguística; na expressão cultural, entre outros elementos relevantes que cunham a identidade de uma comunidade. A Europa de hoje é, incomensuravelmente, um espaço geográfico de diálogo intercultural e de mediação. Um fenómeno que se aplica a todo o seu espaço geográfico Continental. A Europa é também, um vasto Continente multicultural formada por diversos Países aonde as maiores diferenças se refletem no modelo político adotado em cada um deles, ao longo da sua História, mas também, na forma de organização religiosa das suas comunidades, assim como, na sua expressão linguística nacional e regional. Sendo que há matrizes elementares comuns em cada um deles, mas, de ramos diferentes em circunstâncias especificas. 3.1 – As correntes do pensamento na Europa. O Socialismo, a Social-democracia e a Democracia Cristã, tem sido as correntes do pensamento filosófico com maior predominância na Europa com influencia estruturante na componente politico partidária com vocação de poder e que servem de suporte distinto a modelos de organização política e social diferentes, com história evolutiva própria, amadurecimento específico e mecanismos de luta na defesa de direitos liberdades e garantias dos cidadãos em todas as variáveis da vida em sociedade, por extrato social, completamente autónomos e com dinâmicas de decisão articulada entre os diversos agentes envolvidos como o são, por exemplo, os interesses financeiros e empresariais, os interesses de todos os trabalhadores por conta de outrem, mas também de todos os agentes intermédios, que num todo se constituem como um bloco de intervenção ativa e interativa na economia, desde a mera gestão microeconómica familiar à macroeconomia

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de Estado até à cadeia sobre que se articula a gestão internacional dos interesses económicos e sociais à escala global. Procura assim a Europa uma nova corrente do pensamento político aonde para alem dos partidos políticos tradicionais com as suas ideologias próprias, caiba o pensamento cumulativo da cidadania que já disputa o poder local e em alguns casos recentes aparece a disputar o poder central dos Estados, no seio da senda política instituída, articulando entre si os novos fenómenos emergentes da multiculturalidade advinda da multiplicidade intercultural da sua cidadania efetiva. Uma cidadania geracional com direitos de cidadãos nacionais e por isso com estatuto próprio igual aos de todos os demais cidadãos Europeus. 3.2 – O Estado Social É neste contexto que surge a teoria de “O Estado Social” que, não sendo um modelo de organização política clássico no ponto de vista da conceção ideológica, é uma solução sociológica de diminuição das desigualdades sociais existentes nas sociedades modernas em resposta ao estádio de aproximação igualitária nas oportunidades emergentes resultantes do conhecimento disponível e que tem influência direta na inovação de todos os procedimentos, em substituição dos procedimentos existentes, com problemáticas especificas por setor mas propiciadoras da partilha como forma de estabilizar os vários segmentos sociais em articulação homogénea para que se vão ajustando entre si uniformizando assim os habitats e a qualidade de vida necessária às populações consoante o meio em que se inserem e com os que interagem. Não se deve por isso misturar ideologias com soluções de oportunidade histórica para a vida em sociedades organizadas com argumentos de abordagem política leviana. Porque a seu tempo a opção política fará a diferença naquilo que será a sociedade do futuro num mundo em que as tecnologias terão alguma “roda livre” e os homens dominarão o pensamento controlado e discernido enquanto as máquinas tratarão exclusivamente os dados fornecidos ou nelas alojadas. Importa por isso desmontar alguma da argumentação que procura espaço para se afirmar nos diversos cenários da organização social tentando retardar processos já em curso e de que não há retorno. Ou, a haver, como já acontece em outros Continentes, os custos sociais desse retrocesso civilizacional serão incomensuráveis nos domínios da partilha científica e cultural que procura soluções de entrosamento no respeito pelas diferenças, mas também para o equilíbrio das oportunidades de vida em pé de igualdade e de acordo com o Direito Internacional. 8


Em primeiro lugar é necessário separar o princípio do enquadramento social que está por de trás de cada modelo de organização social e política, e sobre tudo, o seu conteúdo ideológico. Que são quem faz a matriz das dinâmicas impulsionadoras de todos os diversos tecidos sociais em contextos dinâmicos do tecido económico e financeiro. Sendo que neste âmbito a dependência económica atinge maior relevo por influir diretamente em todas as demais dependências que delimitam os direitos liberdades e garantias do cidadão comum e impõe a subserviência aos interesses dominantes como padrão de vida. Em segundo lugar é necessário separar as dinâmicas específicas em que cada segmento social se movimenta num tecido sociológico específico em que a pirâmide social se divide em patamares por classe social, da base à cúpula que detém o poder efetivo. Em terceiro lugar importa dissecar a origem das ideologias e demais fatores associados a necessidades sociais elementares de sobrevivência primária do Ser Humano numa primeira fase, de manutenção inovação e progresso nos estádios históricos de cada era no seu tempo numa segunda fase e, numa terceira fase, quais as soluções que se preconizam para o futuro. Contornar estas, e as que não são enumeradas, diferenças, tentando assim dissociar o elementar daquilo que são as regras que ditam a sobrevivência, do acessório, que é tudo aquilo que conjuga a acumulação de riqueza nas mãos de alguns – Homens – em resultado das mais-valias geradas pelo trabalho da quase totalidade de todos os outros – Homens –, como que de meras questões de organização social de vida em Estados/Nação se trate é, de há uns tempos a esta parte, um argumento filosófico de algumas correntes do pensamento mais conservador que o usa para atenuar conflitos sociais e políticos, e assim conseguir manter os seus privilégios, em que defende inclusive, que a separação política entre esquerda e direita é um argumento sem razão de ser no atual contexto. Nesta mescla de interesses completamente distintos mistura-se aquilo que é o princípio estrutural de um Estado Social, - a partilha solidária – como que se o Estado Social fosse algo de abstrato de que se fala porque convém, mas que não se incrementa nem implementa porque não interessa. Nem aos agentes políticos; nem aos agentes económicos; e muito menos aos interesses financeiros. Esta mistura política é uma mistura demasiado nefasta para as classes sociais mais carenciadas e laminar na destruição daquilo que deve ser, de facto, o Estado Social enquanto fórmula de organização social e económica de uma Nação sem dogmas em áreas de sensibilidade extrema, por isso:

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− O Estado Social deve ser um Estado de proximidade. De pessoas para pessoas. Que previne e acautela. Que é justo na captação de receita e na partilha da despesa. − Que não faz distinção no credo; na cor: na raça; na etnia; − Que protege e incentiva as suas raízes culturais transitadas e em mutação constante; − Que descentraliza serviços e competências em benefício das comunidades locais; − Que combate as assimetrias regionais, setoriais e sociais, seja em que domínio for; − Que providencia as condições de vida necessárias à fixação das populações no seu interior; − Que combate a concentração de populações em tecido urbano denso em manifesto e despropositado desequilibro da densidade habitacional e de desrespeito pelo meio num tempo em que já são percetíveis os danos provocados e as consequências que dai advirão para a Humanidade; − Entre muitos outros fatores de relevo para a vida numa Europa que se quer prospera, socialmente evoluída, interativa e, sobre tudo, com condições atrativas no acolhimento para os demais povos que nela queiram habitar com qualidade de vida e, paz; O Estado Social é assim, uma forma política de reforma do Estado que não se rege por princípios de sustentabilidade económica de configuração capitalista em que a sustentabilidade é um falso argumento e a austeridade o cutelo que esmaga os pobres, para se assumir como uma reforma de transição para um modelo mais justo e socializante. Neste contexto, a globalização não é uma consequência. Nem sequer uma inevitabilidade. A globalização é uma vitória dos povos sobre os interesses instalados porque permite a coordenação das políticas sociais que estabilizarão a vida futura e permitirão um maior equilíbrio racional do Planeta. 3.3 – Aa origens da União Europeia (UE) * “A União Europeia (UE) é uma união económica e política de 28 Estados membros independentes situados principalmente na Europa. A UE tem as suas origens na Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e na Comunidade Económica Europeia (CEE), formadas por seis países em 1957. O Tratado de Maastricht instituiu a União Europeia com o nome atual em 1993. A última revisão significativa aos princípios constitucionais da UE, o Tratado de Lisboa, entrou em vigor em 2009. 10


Bruxelas é a capital da União Europeia. A UE atua através de um sistema de instituições supranacionais independentes e de decisões intergovernamentais negociadas entre os Estados-membros. As instituições da UE mais importantes são a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o Conselho Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e o Banco Central Europeu. O Parlamento Europeu é eleito a cada cinco anos pelos cidadãos da UE. UE instituiu um mercado comum através de um sistema harmonizado de leis aplicáveis a todos os Estados-membros. No Espaço Schengen (que inclui 22 estados-membros e 4 estados não membros da UE) foram abolidos os controlos de passaporte. As políticas da UE têm por objetivo assegurar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, legislar assuntos comuns na justiça e manter políticas comuns de comércio, agricultura, pesca e desenvolvimento regional. A Zona Euro, a união monetária, foi criada em 1999 e é atualmente composta por 18 Estados-membros. Através da Política Externa e de Segurança Comum, a UE exerce um papel nas relações externas e de defesa A UE tem em todo o mundo missões diplomáticas permanentes, estando representada nas Nações Unidas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), no G8 e no G-20. Com uma população total de mais de 500 milhões de pessoas, o que representa 7,3% da mundial, a UE gerou um produto interno bruto (PIB) de12,2 mil milhões de euros em 2010, o que representa cerca de 20% do PIB global, medido em termos de paridade do poder de compra.” “Em 2012, a União Europeia foi laureada com o Nobel da Paz, entregue pelo Comité Nobel "por ter contribuído ao longo de mais de seis décadas para o avanço da paz e da reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa". No anúncio do prémio, o Comité referiu que "o terrível sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial provou a necessidade de uma nova Europa. (...). Hoje, uma guerra entre a França e a Alemanha é impensável. Isto mostra que, através da boa vontade e construção de confiança mútua, inimigos históricos podem transformarse em aliados." * Fonte: Transcrição, Wikipédia, a enciclopédia livre.

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4 – A EUROPA, ESPAÇO DE MEDIAÇÃO E DIÁLOGO A Europa enquanto espaço de mediação e de diálogo, tem o seu pico de desenvolvimento no início e meados do século XX e no corrente século XXI Depois de um longo caminho na História das suas civilizações, mais concretamente com o deflagrar e as inerentes consequências das duas grandes guerras que a afetaram profundamente assim como o grande impacto social produzido pela Revolução Agrária que tem ciclos distintos consoante os Países em que se processou e no tempo em que ocorreu, em que, as profundas alterações que introduziu na organização dos territórios e na organização da vida das comunidades locais em pleno advento da Revolução Industrial, até ao presente, foram incomensuráveis. Após as diversas alterações no modo de vida das populações, desde os hábitos, usos e costumes, transitados de geração para geração, até ao romper, pela via revolucionária, de modelos políticos e económicos vigentes, a interação geracional foi sempre o elo de ligação cultural e de proximidade social que tem vindo a resistir mas que, com a renovação dos ciclos implícitos, familiar, político, social e outros, assim como a necessidade de ajustamento aos tempos, tem sido complacente com as mudanças operadas no espaço Europeu tornando-o em um espaço obrigatoriamente intercultural e de mediação para que a coabitação seja possível e pacifica. As deslocações de emigrantes oriundos dos Países mais periféricos e mais pobres para os Países mais devastados pelas: primeira e segundas grandes guerras, em busca de trabalho, é, o maior impacto na relação intercultural. Desde logo pelas diferenças linguísticas. A que acrescem as diferenças nos hábitos, usos e costumes, assim como, a inexistência de condições mínimas em diversos domínios com enfoque imediato na habitação para a fixação dos emigrantes, na sua maioria clandestinos e por isso, com dificuldades extremas na sua legalização de cidadania e de encontrar emprego condigno e com direitos. Estas dinâmicas de fixação, trabalho, e de estabilidade social, de povos com identidades diversas nos planos cultural e de experiências de vida, tiveram em si, vários patamares de processamento do diálogo necessário para interagir no espaço Europeu. Para além do surto de emigração interno, a Europa também foi destino para emigrantes oriundos de ex. colónias francesas e de outros Países assim como refugiados em fuga a conjunturas internas: guerras civis; fome; desemprego; instabilidade política e social; e outras carências em geral tendo inclusivamente um alto comissariado para os refugiados. Albergou também, através da concessão de asilo político, opositores a regimes políticos, religiosos e, outros. 12


Neste contexto, a Europa Ocidental, surge como destino alternativo para um conjunto alargado de povos em busca de melhores condições de vida, de liberdade e de oportunidades. Uma condição factual que teve no diálogo intercultural e na mediação a sua pedra angular num edifício complexo, num tempo em que a conjuntura internacional pós segunda grande guerra, em plena “guerra fria”, tinha a Europa dividida em duas partes. A Europa Ocidental. A Europa Oriental. A Europa de hoje é um Continente aonde o diálogo e o cruzamento de culturas diferentes, nos mais diversos contextos, tornou a mediação sustentada no conhecimento e nos limites do balizamento legal, na razão central da sua existência e do seu futuro enquanto espaço de diálogo intercultural. Formada por diversos Países, com modelos de organização política autónoma e diferenciada, línguas/idioma próprias, nacionais e regionais, liberdade de culto, de expressão, de manifestação, entre um vasto conjunto de outras liberdades que distinguem os modelos políticos democráticos existentes no seu espaço. 4.1 – O impacto das religiões na Europa A Europa sempre foi uma plataforma Continental aonde o Catolicismo ocupou posição de destaque na educação das suas comunidades com preponderância estrutural e de intervenção política na organização do Estado. Com as alterações políticas de governo nos Estados o reconhecimento da liberdade religiosa veio alterar A componente religiosa com origem nos surtos migratórios e sua fixação com acentuado pendor descendente devido ao alto índice de natalidade, influencia hoje, fortemente, todo o espaço Continental Europeu não só no fenómeno da conversão, mas também, através do acasalamento entre indivíduos de que resulta cruzamento racial, étnico, religioso e outros.

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5- A EDUCAÇÃO A educação assume-se como o pilar central dessa dinâmica que envolve o espaço de diálogo intercultural e de mediação em todas as suas componentes, na justa medida em que, é a educação que permite o acesso ao conhecimento, elemento essencial ao entendimento daquilo que lhe é subjacente: as diferenças sociais em comunidades intergrupais e interculturais (grupos, etnias, credos, crenças, ideologias e outras; os conflitos de interesse imediatos (de origem familiar, social, político ou outro; as soluções de recurso quando temporárias ou, efetivas quando definitivas; culminando num estádio de respostas exequíveis socialmente aceites em domínios específicos como o são: a integração; a mobilidade; a inclusão; e outros. É a educação e o conhecimento que condicionam as diversas conjunturas: − Sociais; − Políticas; − Religiosas; − Outras; Num quadro em que os conflitos assumem projeção propulsora de progresso na evolução social dos povos, quando em conflito dos interesses comuns para com os interesses do poder dominante, em que o domínio do conhecimento é a pedra angular para que, numa plataforma de diálogo e de mediação se ultrapassem as diferenças existentes na genesis das comunidades. Em suma; a educação e o conhecimento são fatores determinantes para construção de um modelo de comportamento social que respeite o princípio das diferenças na Europa e, como projeto global, para as novas sociedades do futuro.

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6 - A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA A inovação tecnológica que sempre acompanhou todos os processos de desenvolvimento social de que resulta o novo conceito 4.0, tida por alguns círculos como sendo a quarta revolução industrial é uma estratégia concertada no ano de 2011 na Alemanha em que se defende a robótica informatizada e a dispensa da manufatura. Conflitos incontornáveis para os quais só o diálogo e a mediação encontrarão solução plausível. O novo conceito 4.0, tida por alguns círculos como sendo a quarta revolução industrial, mas que de facto, não o é, porque, uma revolução é sempre um corte com as regras e, aquilo que vem acontecendo, é a permanente inovação dessas mesmas regras. Na conceção dos equipamentos e nos seus procedimentos de extração das matérias-primas, sua transformação e consumo, de modo a que proporcione às pessoas a comodidade possível num mundo em que cada vez mais a longevidade é uma consequência desse desenvolvimento que tem trazido contradições para as quais a Europa procura soluções e de que o conceito 4.0 é uma estratégia em que se defende a robótica informatizada suportada em sinal elétrico digital, em memória primária (RAM), na indústria em geral, e a dispensa da manufatura. Estratégia concertada no ano de 2011 na Alemanha. Esta nova conjuntura nos tecidos económicos e social é inegavelmente um dos resultados diretos do diálogo intercultural e de mediação existente entre os diversos intervenientes em todos os processos com vista ao uso das tecnologias emergentes em proveito de uma nova civilização multirracial e multicultural. 5.1 - O Poder Emergente e a Inteligência Artificial A luta política dos tempos modernos é uma luta complexa de difícil perceção para aqueles que, politicamente, pararam no tempo. A globalização implica interação económica Continental num tempo em que as pequenas empresas tecnológicas dominam e o emprego é escasso ou precário quando contratado a intermediários do trabalho temporário que, assumem o ónus de um processo vinculativo em que a sua receita é a diferença entre o preço porque compram e o preço porque vendem, a mão-de-obra, sem responsabilidades inerentes, uma vez que são escritórios ambulantes de contratação para terceiros em áreas em que a manufatura ainda é mais barata do que utilizar robôs. Por pouco tempo é certo. Mas que, enquanto durar, dura. Um dos setores mais dinâmicos no Concelho tem sido a área alimentar. Um setor fundamental para a vida das pessoas cujo abastecimento é oriundo de produção concentrada (ex. estufas e aquacultura;) com dois a três funcionários, procedimento industrial automatizado, assim como a produção animal em cativeiro em que, até os 15


matadouros, dispensam a mão-de-obra. O transporte tendencialmente será um transporte artificialmente inteligente. Nos domínios da embalagem: empacotamento, engarrafamento, enlatados e outros, é todo automatizado no procedimento e robotizado na ação. As pessoas auto abastecem - se em inúmeros locais de venda direta e, já estão em funcionamento caixas automáticas para efetuar o pagamento. A reposição de mercadorias também já é automática. Isto na área alimentar, aonde, falar em criação de emprego, mesmo que temporário, é não saber em que mundo se vive se se tiver em conta a quantidade de empregos fixos eliminados. Assim como a desertificação das zonas envolventes aos postos de trabalho eliminados e a concentração de pessoas e viaturas em locais específicos com quantificáveis danos físicos e morais permanentes para os em trânsito e todos os outros envolvidos, provocados. A imprensa em papel está em vias de substituição total pelas plataformas digitais de consulta simples: telemóvel, PC, TV e outros. Os fornecedores de informação já são plataformas comuns aonde se coloca a informação a partir de qualquer local. A indústria transformadora é aquela aonde os efeitos da inovação tecnológica mais se fazem sentir por ser nesta que o seu desenvolvimento é mais acentuado a que se seguem os serviços, a extração e a produção, até ao consumo. Não foi por acaso que em 2011, na Alemanha foi criado o conceito 4.0, um conceito em que a intervenção Humana no processo produtivo, de transformação e outros é, zero. Logo, presumir que as dinâmicas multinacionais de produção, transformação, serviços e distribuição, criam postos de trabalho é de uma autêntica barbaridade intelectual. Por ser desajustada e mostra de desconhecimento sobre o que são as novas condições de vida em sociedades avançadas. E que, não vão parar, porque não podem parar. A evolução tecnológica é uma realidade conjuntural de futuro positiva. A questão está em que, as sociedades têm de ser preparadas para esse embate já em curso e não o estão a ser. Um embate que vai exigir uma maior distribuição do PIB global e por essa via vai exigir também o encurtamento das diferenças entre ricos e pobres.

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Não perceber isto é, como disse, não ter a noção da nova realidade económica global e, tentar, por puro revisionismo ideológico distrair o semelhante. Coisa impossível porque a comunicação é permanente e eficaz. A circulação de capitais, seja ela qual for, é uma norma reguladora do poder internacional. Poder esse, que tem tido diversas formas de aplicação e de exercício, ao longo da História. Nos tempos correntes o poder é colegial e transitório. O dinheiro deixou de ter sustentabilidade em matéria-prima de referência, para ser um mero mecanismo virtual. Mas, mesmo assim, graças ao citado poder colegial repartido, as organizações com maior pendor de influência social, dominam o poder político através dessa mesma influência tentando reverter as suas atividades futuristas para conceções ideológicas retrógradas de forma a travar dois fatores importantes: a educação; a distribuição da riqueza produzida; Simplesmente, o crescimento da densidade Humana, as necessidades que gera e a atividade de todos os agentes económicos criam polos de contradição, um dos pilares da teoria Marxista "as contradições do sistema capitalista no seu estádio imperialista ou neoliberal" ditam as regras da sobrevivência e conduzem as sociedades para o progresso por não haver outra alternativa. As teorias da miséria e do caos não beneficiam ninguém. A não ser em ditadura militar que presumo, no atual estádio social, ser impensável: para o agente económico e para o consumidor. Penso inclusive ser, mais prejudicial para o agente económico do que para o cidadão comum, consumidor. Porque, se um tem tudo a perder, o outro, nada tem a perder. Neste contexto, simplista é certo, o poder emergente é, de facto, o poder da inteligência artificial.

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7 - CONCLUSÕES Face ao exposto conclui-se: 1. A “Europa como espaço de diálogo intercultural e de mediação” tem tido ao longo da sua História vários desafios que tem vindo a ultrapassar com eficácia democrática, mesmo em conjunturas de ditadura, com um pilar de suporte estrutural: a educação orientada para o conhecimento. 2. Conclui-se também que, a confluência para o seu seio, de várias culturas, tem sido uma mais-valia no quadro da globalização mundial em curso. 3. Assim como se conclui que no âmbito das necessidades subjacentes às atuais necessidades da Humanidade é, a Europa, na sua zona territorial central, a área geográfica melhor preparada para resistir e resolver os desafios previsíveis e os não previsíveis do futuro das espécies no estrito respeito pela biodiversidade e, pelo direito à vida!

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8 – AGRADECIMENTOS Registo o meu agradecimento a todos aqueles que me educaram mas também aos que me ajudaram a formatar o perfil psicológico de forma a estar à altura deste enorme desafio que é o de ser capaz de ultrapassar horizontes pontuais que são as realidades factuais com que todos enquanto sociedade civilizada nos debatemos, ajuizando sermos portadores da consistência racional para apontar linhas gerais de futuro sustentado e equilibrado nas diversas variáveis implícitas e que este Congresso e os mui dignos Congressistas trazem a debate Com um enfase e um carinho especial para personalidades marcantes: - O meu pai, José do Egito Fernandes, ex. emigrante em França e na Republica Federal Alemã, que ultrapassou dificuldades básicas como o são a língua, os usos e os costumes de então, nos Países que o acolheram nos anos de 1960 até 1996.e a minha mãe, Maria Alzira da Silva, entretanto falecida que, obrigada pelas circunstâncias conjunturais do tempo, tomou a cargo a responsabilidade de criar seis filhos menores que tratou, educou e proporcionou o sustento, sem nunca regatear esforços ou impor condições. - Ao António Barroso, um ex. emigrante em França que, do alto do seu saber sobre os universos da História das religiões e a sua experiência pessoal nesse domino com as comunidades estrangeiras a elas afetas, assim como, das “Casas de Portugueses” espalhadas pela Europa com quem interagiu durante décadas. - A todos os dirigentes e associados do vasto conjunto que é o Movimento Associativo nas suas diversas vertentes com quem trabalhei e continuo a trabalhar, aonde aprendi que para se ser Homem tem de ser unicamente humano e, por conseguinte, saber quais os deveres e direitos dessa condição. - A todos aqueles que com dignidade se empenharam em lutas por causas: de liberdade; de justiça; de solidariedade; em tempos de ditadura, mas também, a todos aqueles que continuam essa mesma luta nestes tempos conturbados da democracia. - Ao Município de Braga: Ação de Formação “Mediadores Comunitários” e “Gestão de Organizações para Líderes no âmbito do Projeto “Braga Integra” dirigida a nacionais de países terceiros, a líderes associativos e outros interessados.

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9 – NOTA BIOGRÁFICA António da Silva Fernandes, casado, nascido a dez de julho de mil novecentos e cinquenta e quatro, em S. José de S. Lázaro, Braga, residente em Este S. Mamede, Braga, Portugal. Telemóvel: 914818901 Email: antonio_sf@hotmil.com Atividade profissional: Telecomunicações: Alcatel. Dirigente Associativo: ACARE; GETA; Academia Salgado Zenha; Academia Sénior Dr. Egas; Associação de Pais da Escola Dr. Francisco Sanches; APD - Associação Portuguesa de Deficientes; Associação de Solidariedade Social de Este S. Mamede;

Atividade política: MDP/CDE; JCP; PCP; LIESM-Lista Independente de Este S. Mamede; Comissão Política do Partido Socialista - Secção de Braga; Clube Político do Partido Socialista - Secção de Braga Política autárquica; Assembleia de Freguesia e Junta de Freguesia de Este S. Mamede. Escrita: Poesia em antologias nacionais e plataformas digitais; Artigos de Opinião em Órgãos de Comunicação Social local e nacional, semanários, em suporte de papel e plataformas de dados e Blogues; Radio: RTM e Antena Minho (Solidariedade e Cumplicidades);

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