Neoliberalismo

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A ERA ANIBAL CAVACO SILVA E PEDRO PASSOS COELHO E AS CONSEQUENCIAS DO

NEOLIBERALISMO

Antรณnio Fernandes


INTRODUÇÃO O PENSAMENTO Pensar a sociedade e o modo como vive, em conflito com o meio e o mundo que agride em permanência, sustenta a ideia de que não foram todas as correntes do pensamento que aparentemente se presuma tenham parado no tempo. Em abono da verdade, as correntes do pensamento filosófico que gravitam em torno da organização das sociedades; o seu passado, presente e futuro. Assim como as que dinamizam as vertentes da vida em toda a sua plenitude; crenças e credos. Mais do que parecer parar, parece terem estagnado. Estagnaram no tempo! Contribuindo para isso o trazer em permanência ao presente a memória do passado, como se este se repetisse! Ao ponto de que hoje em dia o pensamento ideológico de algumas correntes de opinião se estribar no agarrar a princípios defendidos na era da revolução industrial, uns; a princípios que remontam aos primórdios e ciclo da Era Cristã, outros; a princípios que recuam aos tempos do primeiro testamento, outros ainda; a princípios da mega concentração dos meios disponíveis, muitos outros; e também á racionalização dos mesmos; E por aí adiante! Ou... Por aí atrás!... Daí que se torne imperioso o ajustamento do conhecimento ao desempenho. Sendo que o conhecimento não se afere pela retórica e sim por provas dadas quotidianamente e outros parâmetros de identificação definidos, e outros a definir, socialmente, e onde se estriba o pensamento.


CAPITULO I OS ÓRGÃOS DE SOBERANIA E O CIDADÃO Ora, se, por inércia, falta de sabedoria, ou outro qualquer predicado, temos nos Órgãos: - Presidência da Republica; Um cavalheiro com vícios de forma, ou vícios deformados, que só age por encomenda e a preceito. E que quando não o faz, "recolhe-se" no silêncio como se de retiro espiritual ande necessitado. - Governo da Nação; Um conjunto de raros sapientes da incompetência que em dois anos de legislatura destruíram o Serviço Nacional de Saúde. A educação em todos os níveis. A economia. As finanças publicas. A organização do Estado, esvaziando a sua estrutura da componente Humana em favor de meio nenhum! Entre outros malefícios que a criança mais desajeitada do planeta não faria! - Assembleia da Republica; Um grupo de cidadãos eleitos que depressa se esquece de quem os elegeu e quais as responsabilidades inerentes ao cargo que a Constituição da Republica lhes confere! Perante tudo isto, como poderá, ou deverá, o cidadão comum fletir o rumo que os tempos levam, e o conjunto de outros cidadãos que se lhes sobrepõe e ditam as regras? Convenhamos de que não é tarefa fácil. Admitamos de que há condicionantes que submetem uns a outros. E de que, nos tempos presentes, a afronta tem um "preço".


A questão que fica por apurar é a de que: - Não terá sido sempre assim? - E, se assim foi, porque questionar agora as metodologias e os métodos? - Porque os tempos são outros. - Os meios disponíveis são outros. - O conhecimento em quantidade e qualidade é outro. Em suma; A vida, é outra! Mas, se a vida é outra, pelo menos por enquanto, uma vez que nada garante o não acontecer do seu retrocesso, que ao que parece pode mesmo acontecer, tais são os interesses envolvidos, e que só ainda não concretizaram objetivos em virtude da correlação das forças em presença no cenário global lhes não ser favorável. E não é favorável porque qualquer retrocesso evolutivo da vida em sociedade afeta o consumo e por inerência toda a cadeia de distribuição até ao fabrico, transformação, produção, pescas e outros. Assim sendo, temos uma cadeia em espiral que suporta a economia e permite a sustentação financeira. Ou pelo menos a sua sustentabilidade. A degradação desta cadeia arrastará consigo corrosão em todas as componentes organizativas dos Estados e das Sociedades, ao ponto de colapsarem por completo, dando azo a formas de organização primitivas que só sobreviverão destruindo tudo o que a espécie Humana desbravou ao longo de séculos.


Este cenário dantesco, inverosímil até, pelos custos implícitos, só é admissível em situação de catástrofe natural. O Homem, não estará, de todo, preparado para tais efeitos. Nem é sequer imaginável admitir que sobre tal se pense como solução a médio prazo na justa medida em que do seu trajeto se afere dinâmicas de sucesso no empreendedorismo aos mais diversos níveis e setores. No entanto, assistimos já a estratégias delineadas de controlo e retração no consumo através da descapitalização do consumidor partindo do principio de que este vetor influirá "naturalmente" no ajustar da sociedade. Originando assim diminuição na despesa publica com encargos laborais a favor de encargos financeiros que contribuirão para o equilíbrio de receita dos detentores da divida publica. O aumento de impostos sobre o consumo. O aumento do desemprego que carreará também retrocesso no acesso ao ensino secundário e universitário. Entre muitos outros fatores de influência na estagnação e retrocesso social.

Assistimos também e uma nova forma de captação, controlo, e concentração de riqueza. A divida soberana dos países. Se esta nova forma de aquisição de dividendos vingar, o risco de erosão orgânico dos Estados é latente e eminente. Porque basta o controlo financeiro dos poderes instituídos para gerar riqueza.


CAPITULO II O DESCONTENTAMENTO Não é por acaso que se ouvem vozes no sentido do abandono da moeda única. Do abandono do projeto Europeu. De diabolização do federalismo e endeusando "independentista" no seio de UE! Vozes, a que curiosamente não é estranha a finança internacional controlada por interesses obscuros de domínio mundial . Vozes que vociferam vezes sem conta e tantas quantas forem necessárias porque o projeto Europeu colide e rompe com a hegemonia dos EUA sobre a Europa e também sobre todos os outros países no mundo, em todos os domínios. Impedindo-os (USA) de ditar o que bem lhes aprouver desde que daí resulte beneficio para a sua estabilidade interna e do "policiamento" que exercem no mundo! Assim como, não foi por acaso, que o projeto de federação dos Estados Europeu se gorou, e a consagração em documento próprio e devidamente aprovado pelos países membros, dos direitos e obrigações dos Estados membros, se eclipsou do debate, abortando a intenção pioneira dos seus mentores. O projeto inicial para a constituição de uma União Europeia coesa falhou porque não acautelou a luta contra os interesses antagónicos ao ponto de se pensar ser possível a sua conjugação, coordenação, consenso e sucesso!


Foi esta visão da evolução possível dentro de um quadro mental de pensadores portadores do lirismo (q.b.) sempre transcendente á crença no aperfeiçoamento continuo do pensamento comum, que cimentou o alicerce, mas... não surtiu o efeito a médio e longo prazo pretendido. Já que, no curto prazo, surtiu efeitos meteóricos se tivermos em conta o estádio médio evolutivo das sociedades. Ou seja; O desenvolvimento a que assistimos nas ultimas décadas não tem exemplo de comparação possível na História da Humanidade. E isso deve-se ás políticas macro económicas e financeiras de impacte social implementadas no âmbito da Comunidade Económica Europeia! Entretanto, e porque a gestão política é mutável, sujeita a sufrágio, a componente do pensamento político progressista e de esquerda perdeu os processos eleitorais decorrentes nos países do centro da Europa, mais concretamente em França e na Alemanha, dando lugar ao pensamento político conservador do centro-direita, que trataram de imediato em minar o relacionamento político interno; a coesão social; a solidariedade internacional; o Estado Social vigente; o espirito inovador da UE no seu todo! Visando com esta estratégia alterar o horizonte político dos cidadãos Europeus, bipartidarizando o espectro político partidário e condicionando seu pensamento a limites temporais e também de conduta, apertando a malha da "massa pensante" à condição da sustentabilidade social em que o modelo económico e financeiro é o epicentro da vida e da organização social.


O que, a acontecer, geraria sentido de fusão do pensamento esvaziando de conteúdo a diferença ideológica, e o bipartidarismo diluiria o pensamento livre e democrático. Confundindo-se assim a democracia com a vontade subjugada. Se estivermos suficientemente atentos, constatamos que a estratificação social é difusa e a do pensamento inexistente. Tudo aparece padronizado em torno de referências estáticas e das quais nem fazemos parte integrante. Esta tipificação em modelos padronizados prende-se com técnicas atreitas ao consumo embora delas derive metodologia de vida coletiva. Metodologia essa que condiciona direitos e liberdades mas de cujas regras depende a vida comum, concordese ou não. Lamentavelmente passamos a fazer parte de uma engrenagem onde a automação é um facto consumado. Exigível e exigente. E o não preenchimento dos requisitos inerentes á automação do comportamento, limita o acesso ao direito mais básico e elementar. O direito de viver!

O exercício cognitivo necessário e que decorre do pensamento, deixa de fazer sentido. Afinal, há máquinas para tudo!... Desde a fecundação de um óvulo in vitro e congéneres, ao deslocamento inteligente, aos infinitos cérebros de armazenamento de dados e de memória ilimitada na quantidade, qualidade, especialidade, e fidelidade de identificação. Dirão os mais céticos: - Nada teria sido possível sem a intervenção Humana!


Respondo: - É verdade... - Simplesmente, esse trajeto trouxe-nos até aqui. E agora? Agora, penso eu - que teimo em continuar a pensar -, é necessário proceder a mudanças radicais nos comportamentos sociais de relacionamento com as necessidades primárias, secundárias, terciarias e as demais. Nos mecanismos de troca; económicos, financeiros e outros. Por exemplo; O dinheiro está em desuso acelerado e os algarismos em uso crescendo de rotatividade desde a produção ao fornecimento e ao consumo. De que ainda sobram as moedas porque os porta moedas eletrônicos não são tão funcionais quanto o necessário. As reservas em matérias primas raras exigidas em séculos anteriores como fundos de garantia da moeda circulante deixaram de ser referência obrigatória a que sucederam os títulos/ações de variações especulativas em bolsas de valores e que ainda vingam porque obedecem a critério de supervisão global inflacionária ou deflacionária, consoante o barómetro financeiro o ditar e convier através da manipulação do resultado contabilístico das maiores empresas locais agrupadas por espécie e volume de vendas. De que resulta, que se neste preciso momento, houvesse um fecho das contas correntes global, não haveria papel moeda impressa em quantidade igual a menos de metade dos saldos positivos existentes! Nem pouco mais ou menos!


Já no que toca ás matérias primas... é sempre possível alterar o seu valor em função da procura ou simplesmente porque é necessário fazê-lo para equilíbrio de contas.


CAPITULO III A ORGANIZAÇÃO No entanto, a questão colocada, mantém-se: - E agora? Agora, exige-se do Homem, através da organização institucionalizada onde pontua a representatividade delegada por processo eletivo, que aplique o somatório de saber acumulado ao longo de gerações e experiências várias, desde as mais sofridas ás de êxtase, de forma a que a sua qualidade de vida continue a evoluir e o aperfeiçoamento da sua organização não estagne nem retroceda. Importa por isso, ponderar a ocupação existencial em moldes atuais e futuros porque os passados esgotaram-se. Importa ponderar a longevidade como uma vitoria social e não como um encargo. Importa ponderar a alteração dos conceitos económicos e financeiros como ferramentas da estabilização social e da sua evolução. Importa valorar a erradicação dos polos de pobreza ainda existentes. Importa ponderar a noção do valor em moldes atuais num contexto em que o valor da necessidade se sobrepõe ao valor do consumo.

Importa tornar os Orçamentos dos Estados em ferramentas de uso corrente exequível e de balanço fidedigno de acordo com


padrões adequados aos tempos correntes. Importa tomar consciência de que a mais valia foi ultrapassada pelo conhecimento que revolucionou técnicas de organização, produção, transformação, distribuição e de consumo e que o bom senso, a deontologia e a ética, passaram a ser fatores de relevo na relação e sustentabilidade económica e social.

Importa tomar consciência de que, no contexto global e comparativo, o cidadão de hoje não tem as necessidades que tinha há cem anos atrás. E de que, cem anos, na existência da espécie são uma gota de água num Oceano. Perante estes factos conclui-se que o dilema atual não consiste na falta de bens nem sequer nos processos na sua produção, transformação, transito e transação como acontecia em passado recente. O dilema atual é um dilema de ajustamento mental. De alteração racional. De aceitação pacifica das novas realidades factuais. Este é, de facto, o maior desafio que a sociedade do presente enfrenta. Onde os meios de suporte material evoluíram de forma célere mas a capacidade de raciocino coletivo não acompa-

nhou em tempo real o que á sua volta foi acontecendo para dar resposta ás novas necessidades quotidianas. Daí que, para um mundo onde tudo é novo, se torne obrigatório olha-lo com conceitos novos!


CAPITULO IV O MODELO Reconhecido a atraso coletivo do pensamento em geral em relação ao ajustamento necessário á evolução que as tecnologias trouxeram e de onde, ao que parece, o único juízo capaz de se fazer é o do uso, assume importância vital reordenar a relação

entre o pensamento, o uso, os meios e a sociedade. Constatando-se de que tudo está em causa! As referencias Históricas. O modelo de organização social. Os modelos de organização política, económica, financeira, entre outros. Torna-se por isso necessário reordenar os padrões, os conceitos e os preconceitos também. Reordenar porque a vitalidade

económica esmoreceu. A pujança financeira perdeu dinâmica. E o consumo tende em diminuir. Neste contexto, as economias emergentes, que tem beneficiado da deslocalização das empresas em busca de aumentos desenfreados nos seus lucros, veem com apreensão o tempo médio de duração deste ciclo diminuir em função da desregração

internacional dos mercados e os efeitos nefastos que o conceito neoliberal lhes provoca internamente e por arrastamento na encomia mundial. Uma vez que a relação social e as responsabilidades inerentes são sempre carreada para os Estados. Decorrendo destas responsabilidades o aumento da despesa publica que quando confrontada com a perda de receita entra em co-

lapso. Colapso esse que empurra os Estados para a necessária emissão de títulos para venda de divida publica a taxas de juros


que não controla. Passando assim, de economia emergente para economia em emergência com a falência á vista! Este modelo económico atingiu dinâmicas funcionais que; Se por um lado trouxe beneficio pela celeridade de resposta ás necessidades da sociedade em geral. Por outro lado encurteceu o tempo de "incubação" e de desempenho. Num momento de

crescimento desenfreado nos números da população existente onde as regras de funcionamento organizado são mais exigentes a "implosão" da classe média assume gravidade acrescida pela significado e relevância desta no tecido orgânico do Estado, e também, no seu desempenho regulador de bens de consumo específicos; no seu desempenho profissional especializa-

do; no seu desempenho de intervenção ativa em todos os quadrantes da ação e dinamização social, política, e outras. Modelo económico que, por perseguir acumulação de riqueza mais eficaz e mais rápida, com o apoio na sua implementação de governos nacionais, foi classificado por modelo com suporte ideológico neoliberal onde a economia é a regra e o papel do

Estado, nulo! Ou seja:- A regra, é não haver regras!


CAPITULO IV A ECONOMIA Este modelo económico, o neoliberalismo, emerge numa era e época específicos. A Era do conhecimento exponencial. A Época de solidificação do estádio atingido nos âmbito tecnológicos e científicos. E emerge, devido á elitização de um segmento especifico da sociedade que as correntes de pensamento de direita aproveitam e capitalizam em seu proveito. Os economistas. Que tal como outros setores do conhecimento e do saber cresceu e gerou condição de imposição social de forma a se firmar tanto no panorama social e politico como no panorama profissional. Ao ponto de substituírem em muitos setores da economia o pensamento empresarial de gestão pelo seu pensamento de gestão economicista corrente que, dizem, abarca a noção e o resultado de toda e qualquer empresa como garantia exclusiva de sustentabilidade. Esta corrente surge num tempo em que o Homem procura soluções para o seu quotidiano e onde a distração, seja ela qual for, tenha índole diferenciado que tiver, nada resolve. No entanto, após aplicação na gestão publica e privada deste modelo económico, os resultados conseguidos deram mostras de ser um modelo sem fundamento nem suporte prático e socialmente deslocado por ser um modelo insociável que não acautela os interesses em causa. Os sociais e os empresariais.


Apurando-se, ser este modelo económico, é um modelo interdependente e de estrutura paralela autónoma da realidade Humana. Inconsciente; Inconsistente; Avulso; Acreditaram os seus mentores poderem, através deste modelo, arrecadar dividendos máximos com custos de transformação e manutenção ínfimos. Objetivos que não conseguiram. Ao não acautelarem, por esquecimento, insensibilidade, estupidez ou outro doentio epitáfio qualquer, o necessário escoamento do produto produzido: Matéria prima; Matéria transformada; Manufaturada; Outros. Não acautelaram, por inerência, o seu necessário escoamento através do consumo. Consumo que necessita de disponibilidade financeira social. E que para haver disponibilidade financeira social é necessário haver emprego. Acontece que se "esqueceram" de que ao automatizarem os meios de produção, transformação, tratamento, faturação, venda, e outros, geraram desemprego em catadupa imputando o ónus dos custos ao Estado obrigando este a endividar-se junto dos mercados financeiros internacionais arrastando os cidadãos que o compõe para uma crise sem precedentes. E por consequência direta, a insolvência de todo o tecido empresarial, comercial , de serviços e outros. Falhou esta técnica de engenharia financeira em toda a linha restando aos investidores pressionar o avolumar de divida coletiva e comum num ciclo viciado por regras avessas á deontologia e á ética, diretas e indiretas, como forma de aplicação financeira.


Resta ao cidadão comum aprofundar e aperfeiçoar formas de luta organizada no sentido de penalizar a máquina em favor do Homem numa relação fiscal de equidade substitutiva. E também, o transito financeiro em bolsa e outras operações de capital geradoras de mais valias sem interesse comum e coletivo. A falácia criada em torno da necessidade pretende substituir o contexto em que se insere o conceito de oferta que dê resposta ás necessidades Humanas em torno do qual a economia se explica e que assenta na procura e na oferta de bens essenciais. Tem sido em torno deste ciclo, procura e oferta, que os modelos das economias sociais, desde a familiar à dos Estados; das concentradas em projeto privado de cariz micro ou macro eco-

nómicos; entre outros, que os modelos económicos se tem estruturado, funcionado e providenciado respostas e contribuído para a estabilidade e o crescimento das sociedades e sustento da sua organização. Desta refrega entre modelos económicos tem surgido disputa conducente a alteração do modelo de poder efetivo de caráter

político e social. Poder que tem sido exercido através do domínio financeiro, independentemente do modelo político e social vigente. Deste exercício, no presente, não se vislumbram vencedores na justa medida em que o antagonismo existente e que alimenta a disputa, parecendo de interesse divergente, culmina em interesse comum convergente, tendo em linha de conta o ciclo


de vida de uma geração em "choque" de gerações, nos hábitos, usos e costumes, assim como; a sua própria longevidade; as mudanças sequentes nas necessidades; e por consequência, na procura. Daí que, o modelo político e económico neoliberal, não seja solução inteligente que assegure estabilidade duradoura de um

qualquer modelo de vida em sociedade por ser contraproducente!


CAPITULO V CONSEQUENCIAS Ao provocar efeito contrario ao desejado pelos seus mentores, o neoliberalismo, que assume vertente essencialmente económica, para não afirmar - exclusiva - em virtude da essência conjuntural defendida a pretexto de uma crise financeira internacional, que mais não é do que o resultado da pretensão dos mercados reguladores internacionais em travar o crescimento da aproximação igualitária da posse. Travar o consumo, fazendo assim recuar a produção, e colocando nos preços ao consumidor o preço da sustentabilidade financeira. Tanto do produtor, como da cadeia que lhe é implícita a montante. Implica esta conduta o recuo social da posse e do acesso. Implica também estagnar os meios e condicionar a sua manutenção. De uma forma e visão geral, é intenção da nova classe dirigente situada no espectro político e social conservador de direita, dando continuidade aos seus antecessores, repor valores e padrões de vida ao cidadão comum que defendam a continuidade da existência de condições sociais e políticas que lhes assegurem a cadeia de comando da cadeira do poder em condições que permitam recuperar privilégios de distanciamento social. Para que tal lhes seja possível, torna-se-lhes necessário redirecionar e redimensionar o sentido e o conteúdo do pensamento político repondo-lhe carisma ditatorial e persecutório. Porque a consistência efetiva do pensamento neoliberal, para


surtir efeito, carece de métodos persecutórios e práticas ditatoriais. Sob pena de, a tão almejada sustentabilidade, ser ficcional, e por aí se ficar, pela ficção!... Constata-se assim, haver uma flexão no pensamento de direita no sentido de um esforço permanente em se ajustar aos tempos, defendendo sempre os mesmos princípios ideológicos.

Abandonou a conceção social democrata defendida nas décadas de setenta e oitenta em favor de um centrar do seu raciocínio em torno do ideário mais radical de concentração da riqueza que lhe permita a manutenção do poder efetivo! Poder esse que se reflete na maior diferenciação possível entre extrato sociais. Circunstancia que não acontecia quando, em determinado

estádio Histórico defendeu a socialização dos meios, mantendo na sua posse essencialmente o controlo. É neste contexto que se devem abordar os "eixos" de centro direita ou "eixos" do centro esquerda e perceber o conteúdo e objetivos pretendidos com tais "eixos" que basicamente refletem alianças tácitas de equilíbrio social numa determinada épo-

ca e perante determinadas circunstâncias de rutura social. Estas alianças permitiram no tempo a racionalização possível de divisibilidade do poder impedindo a sua radicalização. Entretanto, a correlação das forças no poder, em presença na Europa e no País, altera-se, propiciando condições políticas de exceção motivadoras da radicalização ideológica á direita a quem é facultada intervenção em cenário que cria e de que


resultam mexidas profundas no escalonamento social aos mais diversos níveis e em todas as componentes através da destruição do modelo de Estado Social e na implementação de políticas de abandono dos cidadãos á sua sorte originando o emergir "ressuscitado" da dependência familiar direta; da caridade; do dever favor; das crenças salvadoras; do medo;

entre outros.

E, se o pensamento de direita se alicerça em tabus do passado porque não tem resposta para as necessidades da sociedade do presente, o pensamento de esquerda reforça-se nas contradições presentes e que tem que ver com a impossível concentração da posse num mundo onde a sua distribuição equitativa se impõe como forma de modelo essencial para a sustentabili-

dade do Planeta! Pelo que, ajuizar a estagnação da dinâmica do pensamento, parecendo ser juízo razoável, tendo como elemento comparativo o comportamento da classe política dirigente, não é correto nem consequente. E não o é porque a dinâmica é o contrario da estagnação. Não sendo a política uma ciência estática nun-

ca poderá ser um pensamento estagnando. O que acontece é haver dirigentes com, e sem, preparação ao nível do pensamento político e nessa condição pretenderem aparentar ter o que de facto não tem… Obviamente de que os avanços e retrocessos sociais são afetados por estes circunstancialismos. Simplesmente, a vida prossegue o seu curso Histórico, com avanços e recuos, sendo


certo que a experiência que nos trouxe até aqui é o melhor exemplo de aconselhamento e conhecimento da sua dialética.


CAPITULO VI AS NOVAS GERAÇÕES Há algumas dezenas de anos atrás era impensável a aproximação verificada nas ultimas quatro décadas no tecido social no que toca ao acesso, uso e posse, de bens tidos como só ao alcance de classe social abastadas. Desde logo: o acesso ao ensino que permitiu a licenciatura a uma grande maioria das ultimas gerações de cidadãos; A habitação própria; O meio de transporte próprio; O emprego com direitos; A capacidade financeira possibilitando o consumo de uma panóplia de géneros e produtos, básicos e supérfluos também. Foi um período de crescimento económico e financeiro individual, familiar e coletivo. As freguesias rurais cresceram, modernizaram-se e originaram condições e qualidade de vida com enfoque para as do Litoral por serem propiciadoras de proximidade ao emprego e a outras comodidades inerentes á vida quotidiana provocando inadvertidamente o abandono e consequente desertificação das freguesias do interior onde o distanciamento dos equipamentos e do mercado laboral acrescidos das despesas que esse distanciamento acarretava, ditou. A que acresce o facto de terem ultrapassado a necessidade tida do recurso á agricultura de subsistência.


As cidades tornaram-se cosmopolitas e com cinturas industriais, e o País recuperou em pouco tempo do atraso em que se encontrava comparativamente aos Países vizinhos a que estava votado pela classe política dirigente. Uma classe Retrograda. Iletrada. Que mantinha uma guerra colonial em três frentes. Enfeudada a interesses. Entre outros "balizamentos" racionais e limitativos da inteligência. Foi um período em que pontuava uma geração do desenrasca em função da miséria em que se vivia e que obrigou parte significativa da sua população a ter de emigrar, o que conjuntamente com a juventude incorporada no exército, fazia do País, um País vazio de população masculina que no estrangeiro procu-

rou assegurar a sua sobrevivência e no exército tudo fez para não morrer. De permeio fez uma revolução. A revolução dos cravos em 25 de Abril de 1974. A esta "geração do desenrasca" sucedeu uma outra que por encontrar o País em crescimento não teve necessidade de fazer esforço significativo nas áreas do quotidiano: do ensino,

mercado laboral, empresarial e outros, o que lhe valeu a designação de "geração rasca" mais por se apurar laxismo generalizado do que por outra circunstancia qualquer. Este comodismo nacional instalado não acautelou o futuro, legando á juventude atual, e por "tabela" á sociedade em geral, a condição de ficarem em uma situação de uma "geração á rasca" (!), pelos cir-

cunstancialismos conhecidos. Á rasca de emprego; saúde;


habitação; deslocação; energia e outras necessidades básicas e elementares á vida! Endividados, procuram junto dos progenitores condição elementar de subsistência sujeitando-se ao que conseguem, inclusive, à caridade! É esta a geração que volta a ter de emigrar para conseguir assegurar o seu provento. Emigração que a curto prazo traz ao de cima o acelerar do envelhecimento residente e que não mais recuperará desta fratura imposta pelo poder económico e político uma vez que a cultua do regresso ao País de origem já não impregna a geração em presença e os apegos familiares tem diminuído e com tendência a agravar este estado das coisas em resultado das fraturas sociais com os valores de fundo que se prendiam com o conceito e a noção geracional da família enquanto pilar estruturante de identidade pessoal e nacional. Registada esta evidencia em que os mais velhos se ficam para trás quando já não são úteis nem necessários, quando muito tornam-se num entrave à deslocação em busca de soluções alternativas para os seus, o que origina condição preocupante de concentração segmentada de extratos etários em círculos populacionais em expansão, uns, e em retração, outros.


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