P E G A D A S
Antรณnio Fernandes
As pegadas de cada um, serรฃo sempre as marcas que deixar nos outros! (Antรณnio Fernandes)
NOTA INTRODUTÓRIA Pegadas são “marca” de vida. No próprio e no semelhante.
São a “marca”, - “linha d’agua” - indelével, do carater. São a “marca” incontornável que dá a forma à forma de ser, e de estar, de cada um. Nas “pegadas” que deixamos, damos mostra da memória que transportamos em resultado de “pegadas” que fomos acumulando seletivamente, e de que não abdicamos, dandolhes seguimento. As boas e as más. São as “pegadas”, que identificam o individuo no seio da comunidade em que se insere.
São, no amago, as Historias de vida, e da vida individual, a juntar a tantas outras, de cujo somatório resulta a Historia da comunidade e ... dos Homens! São “pegadas” que fizeram e deixaram marcas que hoje são os marcos da Historia da evolução dos Homens e da sua organização em sociedades ao longo dos séculos. No fundo, a mensagem que vos quero transmitir nestas breves pegadas - em forma de letra e de imagem - é a de que este pequeno apanhado de textos em verso, pretende ser, tanto quanto me é possível, de forma sucinta, um olhar individual com pretensão a ser comum, sobre o individuo. As suas sensibilidades, sociabilidade e de trajetos. O seu Ser! Braga, Dezembro de 2015. António Fernandes Que sendo, deixa pegadas.
Isabel Costa Pinto
PEGADAS I Ficou de ti Uma pegada na areia, Que a outra o mar levou em Lua Cheia, Para mim. Ficou de ti O cheiro a mar, Na brisa que corre sem parar,
Para mim. E ficaram as cores vivas Do teu sorriso cúmplice e do olhar No arco-íris que enche Todos os odores que ativas Nas forças físicas para te amar Em presença que comigo mexe. (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS II Não sei se calcorreando caminho As pegadas que nele ficam Receberão o necessário carinho Para que um dia se repitam. Ou se na vereda meeira A macela continuará a nascer Aromando a ribeira Que correndo, ao rio vai ter. Por entre muros de pedras disformes Amontoadas umas sobre as outras Em sintonia acostumada, Dando forma arrumada Ao caminho de que não sei o nome Repleto de sonhos enormes... (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS III O medo que nos assola Sem tirano que o imponha Começa em banco de escola De casa, de rua, ou redoma. É... Assim... Como um aperto Que condiciona a vontade E algema o pulso preso De quem ama a liberdade. Que é condição primeira De uma vida que se escapa Em arrepio charneira Vivida sempre à socapa.
Que o medo sem tirano Não é coisa que exista Embora a ausência de amo Não evite que persista. Porque o sentimento do medo Só existe porque se aceita A teia que envolve o enredo E como tal se respeita. Mais do que tirania É falta de autoestima Em cada cabeça vazia De senso, com e sem rima. (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS IV Cheira a mar O silvo do vento O voo de gaivota A perspicácia de condor A promessa de amor No pinhal com o vento à solta A duna, o arbusto, e o senso. Cheira a mar Até onde o olhar chega O som é audível e sabe a sal O sentimento, Universal Que vem e vai, e a água leva... Devagar... Sempre, devagar... Que vai e vem E a água devolve O riso, o olhar, a saudade O cheiro a felicidade... Em aureola que envolve Tudo aquilo que não tem O toque da brisa matinal Em rosto rosado De brilho acetinado E olhar intenso, marginal. Cheira a mar A onda corrida De espuma espraiada Em areia dourada. A concha despida. O rochedo escarpado. Onde se esvai a vida Que não sabe amar... ... E se abate na tempestade Que avulso se instala Dentro do peito... Na vontade Minha e tua. Nunca, dela! (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS V Neste cais aonde espero Por barco à vela Sinto o apertar desespero De pincelada em tela Com a raiva em tudo o que não quero Em deriva mar adentro onde o sangue Se espalha por ondas até ao inferno Das cavernas aonde se espraia e se estende. Salpicando a antes areia doirada Escorrendo por gretas abertas nos rochedos Espuma antes branca e agora encarnada Espraiada ao destino que em si espelha As injustiças ignóbeis da fome e do medo Em busca de um sonho que em si navega. Acostam corpos inertes Despidos de sonhos. Despidos de vida. Cadáveres que contam as sortes Dos embarcados no mundo da raiva E se estendem pelo areal, putrefactos Testemunhos do irracional comportamento Dos que mais não são do que retratos De governos que só causam sofrimento. Que aqui, a este cais chega Em barco sem vela, à deriva De lastro rasgado e o mastro quebrado O vazio de um mundo que enfrenta O limite da diferença entre o vale e a arriba Em que o Homem justo se encontra amordaçado! (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS VI Um dia haverá uma brisa, Outra brisa, E outra brisa maior. Que trará ao raiar florescente da esperança, Uma rosa. Uma rosa simplesmente. De que não importa a cor. O caule verde que da terra brota,
Se liberta, Cresce, Forma botão e abre em flor. - Espalha semente? - Não importa! Porque pega de estaca. Tal e qual o amor!
(António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS VII Caiu uma folha no soalho do varandão que aguarda espigas maduras junto a palha embalada pelo verão e portadas mal seguras. Caiu uma outra na soleira da entrada da eira, no empedrado, aonde já se encontra o lugar da desfolhada lindo (!), limpo e asseado. E... Sobre o beijo que no banco corrido foi comungado caiu uma folha, um desejo, um torpor, um gemido, de entrega, de pecado... Folha a folha, toque a toque, em pele macia desnudada no varandão, sobre palha, de onde o sino que toca se ouve por entre saliva enroscada esculpindo arte, corpo, talha. (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS VIII Por entre o sossego que desponta no Outono no voo das folhas doiradas as caricias e o apego aprofundam o contorno, das cumplicidades sentidas. No carreiro entre vinhas campo afora, rio abaixo, e castanhas debangadas, dizendo, coisas minhas, palavras que n찾o deixo, avulso, ou desgarradas. Na suavidade com que caem as folhas soltas e livres, o brilho do teu olhar. Sedoso ondular que tem as gargalhadas alegres Que s찾o tuas! S처 tu as sabes dar. Em cada folha que voa de uma arvore qualquer para um qualquer lugar, um sonho se realiza na vida de uma Mulher que vive para se dar! (Ant처nio Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS IX I Desliza pela vidraça da tua face gota de água titubeante em rego onde se aconchegue. o traço por onde passe... uma outra cai a espaços entre soluço contido deixando mancha no regaço e na alvura do vestido onde não fica, o seu caminho é a terra em que penetra sem pó levantar deixando que as mágoas façam a regra o sentimento e o despertar. II Lacrimejam olhos amêndoa de doçura sem descrição libertando a dor de alma por entre os dedos de sua mão erguida, sobre vidraça, onde as gotas se amontoam até que o peso as faça, com suavidade, cair, sem que doam. Fertilizando saudade do que vem, não do que foi. O que vem, vem por vontade. O que passou, desvaneceu. (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS X A poesia tem destas coisas: É uma forma simples de comunicar. Não é boa nem má, é ao seu jeito o jeito de cada um, onde as únicas coisas que tem em comum, são a rima e a arte de o amor idolatrar, sem esquecer o aroma das rosas... A poesia é um tempo no tempo de cada um de nós, tão escasso... neste curto ciclo de vida. Uma réstia fugaz de dar azo à nossa voz. Um sopro de revolta, que à revolta dá guarida. Mesmo nos tempos em que a solidão inunda a última esperança de que a cultura avance sem querer da poesia uma quadra redonda em que tudo cante, e em que tudo dance! E rodopie embriagada numa sarjeta de beira da estrada. Em versos soltos, avulso, com métrica e pontuação. Sem ponta por onde se lhe pegue porque o seu conteúdo é nada! Para além daquilo que é suposto ser dito ao coração... E, será de cupido, mesmo que não se saiba do que está impregnada! Independentemente da textura, do sabor, ou da razão, Consciente de que está só... No meio da multidão! Ignorada como um qualquer mortal que se lembra ou esquece consoante a conveniência por mais leve ou pesada que seja a consciência, não importa. É irrelevante. Não faz mal. Porque a poesia é a nossa alma, é o nosso pão. O nosso momento de glória ou de desgraça, dependendo de fatores conjunturais diversos, sejam eles recônditos ou dispersos, indiferentes, favoráveis ou diversos, num palco. No silêncio. Ou numa praça. (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS XI E podem pintar-lhe as cores que quiserem. Os tons que conseguirem compor. Burilar rimas e mais rimas de amor, mesmo nos momentos difíceis em que as palavra ferem! A poesia tem todas as formas. Todos os gostos, viveres e sentires, e tudo aquilo que quiseres desde que não lhe imponhas regras, que lhe não castre a liberdade, de com palavras poder dizer tudo aquilo que ajuízas ser verdade assente no princípio do saber, que até pode não o ser, para o pensamento comum, escolhido com o rigor do senso sem senso nenhum! Que este pode ser o primeiro de muitos, ou o último, de outros possíveis. De soberba, mote de estudos em todas as revoltas passageiras... por onde descerá inúmeras ladeiras. Iluminem-se-lhe os incómodos com o fogo dos ulmeiros sejam eles - os poemas - os últimos, ou os primeiros! A poesia é este pulsar da vida, em cada dia visível. É esta ânsia de dar, ânimo! A alegria possível! É o íntimo do ínfimo pormenor do arrepio ao desbragar do riso dizer com alma! Com calor! É necessário! É urgente! É preciso! (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS XII Ficou-me na curva da hesitação toda a certeza de uma incerteza constante em traço fino de um olhar risonho ansioso de tudo o que não tenho ao entardecer, fugaz, macio, penetrante rasgando melodia com acordes de ilusão. Ficou-me o traço doce do botão a despontar de uma rosa púrpura pedida no rosal plantado na curva da hesitação entre um simples aperto de mão uma frase solta sobre o dia, tão banal, e o calor do gesto no afeto a levitar. Ficou-me um imenso vazio por preencher como se fora noite esperando o dia madrugada adentro ao raiar da aurora Sol com palavras, luz na silva com amora, os cantares do rouxinol e da cotovia em ramo de árvore sobre rio a correr Ficou-me, somente, tempo para tudo aquilo que sei já não haver tempo de tentar sequer espreitar a janela porque tudo aquilo que se avista dela é o resto do início de um momento a percorrer com pés de veludo... (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS XIII É um toque macio de expressiva doçura Intuitivamente luzidio No gesto e na ternura É um movimento regular. Inadvertido. Rasgado. Esse teu gesto de acariciar O cabelo ondulado. Espiral permanente Em momentos preciso E olhar penetrante Embevecendo o sorriso Enroscando o cabelo De um forma sublime Ousando torcê-lo De um jeito que exprime O quão doce pode ser o olhar O sorriso, o toque, a expressão Um dia à noite ao Luar Uma chama. Um baque. Uma canção. Em que a música é o vento E a partitura, a neblina O calor partilhado, sentimento. De, uma mulher. De, uma menina! De um pico agreste no horizonte Em que o vale se faz colo de amante E a água que brota da fonte Se transforma em chama intensa De que sobressai a dor que se sente Em forma de necessidade imensa Que esmaga tudo que não seja a ansiedade A fome do suor em que só a presença Toca o cabelo, o rosto, até à vontade O arrepio e o gozo de uma alegria imensa... (António Fernandes
Isabel Costa Pinto
PEGADAS XIV Hoje é um dia assim Amanhã? Se verá!
Hoje sinto-me em mim. Amanhã? Sei lá! Hoje respiro fundo Inspiro e expiro Com a força do mundo E, suspiro! Engulo em seco, A lagrima que seguro Em que tropeço E que me aperta o peito! Percorro percurso incerto Ao acaso mesmo se programado Enquanto não for consumado Andará sempre por perto... ... O amanhã De todos os dias E todas as noites Das alegrias E dos regabofes Do... Pode ser que aconteça Mas que se não acontecer Logo que amanheça Será o que Deus quiser! (António Fernandes)
PEGADAS XV Do deambular de todos os sentidos por todos os locais possíveis sobrevoando esgares e sorrisos mesmo os mais imprevisíveis. A mente humana, como exemplo, ou o suave deslizar de uma folha. O efeito, o afeto, mesmo o tempo, que dure, se durar, o exemplo. Deixei deambular a vontade mesmo sabendo não ser tua, por rasgos e saberes da idade que vem, sem luar, mas com lua. Ou brejeira de riso rasgado e de luminosidade, resplandecente que não sendo de trote ou de alado é a vontade de toda a gente! E quis que fosse registo da memória, do rumo, da vida. Algo que diga: Eu existo! Em que, mais, ou menos, prossiga... No tempo feito de dias contados e sabores agros e sabores doces, onde os odores também são afagados em tudo o que vives, em tudo o que dizes. Sobra por isso o deambular, o constante voar dos sentidos por onde a vontade os levar e trouxer ilesos, livres, sem perigos! (António Fernandes)
Isabel Costa Pinto
PEGADAS XVI
Há dias assim... lindos demais. Lilases, alecrim, de amor e nada mais. Há dias em que caminhar, sem pressas, de mão dada, sobre areia junto ao mar, são a dimensão reforçada. Do sentir tudo, do nada, como se fora o respirar por entre uma boca colada num beijo de asfixiar... E deixar que o cabelo solto voe ao sabor da vontade em sentir todo o teu corpo vibrar de felicidade! (António Fernandes)
PEGADAS XVII Hรก nesses teus olhos Uma lรกgrima de amor Em cada dia que passa Um colo quente
Uma alma ardente Uma ternura que enlaรงa A รกurea terna do calor Na alegria... e nos escolhos! (Antรณnio Fernandes)
PEGADAS XVIII
Não é de ninguém, a pegada. Deixou marca, indelével. Semi visível. Linha d'água. De tão cruamente cravada. Mas não é de ninguém, a pegada. Ficou-se pela marca profunda Que deixou na face rasgada De uma criança, ou adulto, imunda. Mas não é de ninguém a pegada. Esta. Não traz fama nem proveito, Fica por isso desamparada Sem um par que lhe dê jeito! (António Fernandes)
PEGADAS XIX Não há claridade alguma num lugar vazio, nem Sol que aqueça a penumbra cheia. Não há uma lágrima que brote de fonte seca, nem palavra que aconchegue uma frase estéril. Não há um sorriso no riso solto de gargalhada sem sentido. Tão pouco, haverá sentido no sorriso mórbido. Ou, por ventura, no passo seguinte! Não há tempo no tempo que sem tempo certo possa ser afirmativo, porque o tempo certo, para ser afirmativo, precisa de tempo.
E o tempo perde-se, no tempo que necessita para mudar. Sobram os restos do tempo, da claridade, do Sol, da lágrima, do sorriso, da palavra, do passo seguinte. Para que seja afirmativo!
Ou então... Um simples deixar andar a vontade ao sabor do riso e das vontades, dos devaneios eufóricos em um abraço único! (António Fernandes)
PEGADAS XX Não sei como poderás velar Quem dorme enquanto sonhas. Não sei como poderás amar A semente, a flor, ou o medronho.
Se é frio o teu querer E o cansaço teus desejos, Penso que o que deves fazer É não desperdiçar os teus beijos.
Dorme sempre num abraço Sonho de encantamento. Vive o simples momento Que o cerco do nó, tem um laço! (António Fernandes)
PEGADAS XXI Partilho a nostalgia, O riso, A serenidade, O sossego, Este meu desapego Da pressa com que corre o dia Em relance de olhar, No fechar e abrir de pálpebra, No bocejo descontraído. Partilho o gesto franco Da mão estendida Que acaricia o ar E afaga a vinha, ... E se perde Na linha limite do horizonte, No recorte dos picos serranos, No ondular da seara, No Sol que se põe por de trás da tormenta! E também... No suspiro exacerbado Da saudade deslizando Que se anicha... E adormece sorridente Ao sabor de ondas Aradas em sulco Por terra de ninguém E cheiro a mar! (António Fernandes)
PEGADAS XXII Há um lago profundo De cor azul Onde a água é cristalina, Transparente, De toda a gente, Ou da retina. Imagem a Sul Do Norte no Mundo. Há socalcos, contorno, Sobranceira sobrancelha. Pálpebra que abre e fecha Sem vacilar a pestana Que calmamente abana Impedindo que a mecha Incendeie centelha E se alastre ao "forno"... Onde desliza uma gota De orvalho translúcido, E dor sem dor visível No orgulho ferido, Em momento repetido Dando forma perecível Ao sentimento invisível De orvalho translúcido Que cai... Gota-a-gota... E, se aloja Em cor azul De íris transparente. Sem medo de gente A Norte e a Sul Onde brota! (António Fernandes)
PEGADAS XXIII Há um banco no jardim Onde se sentada no costado Sorriso colorido a jasmim E o olhar distantemente vago... Por manto verde distendido Companhia de folhas voando Algures por tempo indefinido De sonhos que só sonhando Sabem do tempo perdido... Das tábuas onde o verniz Há já muito tempo deixou Que no chão mandasse a raiz Da árvore que ao lado cresceu. E de onde as folhas caíram Sobre a relva e a terra Por caminho que seguiram De luz solta que impera! Em convulso turbilhão De sentimento prisioneiro Aquele que rasga o coração E se solta, timoneiro! Por mares já navegados Onde a rebentação acontece Sabor a ventos fustigados Que a memória não esquece Por muito que a aconchegue A um gorro convertido Que simplesmente escurece Caminho de sonho acontecido Lembrado em basto banco De jardim onde não há flores Outono, estio? Se tanto... De tantos. Tão poucos. Amores. (António Fernandes)
PEGADAS XXIV Pintei pintura celeste De um mate transcendente Fundo verde cipreste Sombra da sombra da gente. Com pincelada segura Pintei os tons mais sombrios Onde o recorte se apura Entre os mates e os de brilhos. Que os demais são restante Do transbordar universal Mesmo sendo sobrante Não eliminam, o plural! Do acordar singular Em manhã de Sol brando Cansado de navegar Em celestial desmando. Pintura não conseguida Por quem a arte não domina Nem a arte, nem a vida, De Mulher que não foi menina! Talvez moça tenha sido De passagem, sem proveitos, Em um quadro concebido Na orla de todos os afetos. (António Fernandes)
PEGADAS XXV Quando a poesia chorar, Não chores com ela. Não lhe acendas uma vela Porque a irá apagar. Quando a poesia cantar, Não cantes com ela. Não lhe abras a janela, Porque a irá fechar! Quando a poesia sofrer, Não sofras também, Não fiques refém Da sua ira! Do seu dizer! Da poesia que finge Tudo saber, udo amar. Com feridas por sarar Em corpo que de dor tinge O poeta fingidor Perdido em voo de mar
Sem amor, e sem amar, Borboleteando o torpor... (António Fernandes)
Agradecimentos:
Academia Sénior Dr. Egas Moniz ACARE - Associação Comunitária de Apoio à Reabilitação de Braga Cerci Braga Associação do Artesãos do Minho Junta de Freguesia de S. Vítor União de Freguesias de Nogueiró Tenões União de Freguesias de Braga (Maximinos, Sé e Cividade) Isabel Costa Pinto (fotografias)