Jewellery Mag - Janeiro 2022

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J E W E L L E R Y M A G J A N E I R O

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04 P O R T U G U E S E J E W E L L E RY X M A AT R E T H I N K . R E A C T. R E S H A P E

Apresentação do projeto

12 E N T R E V I S TA G A E TA N O C A V A L I E R I

Presidente da Confederação Mundial de Joalharia

14 D E S TA Q U E BARÓMETRO 2022

Opinião e desejos de vários especialista em relação ao setor


Uma marca criada para renovar a tradição das criações em ouro do património português, com destaque para as criações escultóricas inspiradas nas forças da natureza e no lado performático de dois objetos em estreita interação. Os brincos Mutual, uma das peças de assinatura da marca portuguesa, evocam a ideia de união (“togetherness”), conjugando diferentes pedras preciosas sobre ouro.


E D I

T O R I A L

Nuno Marinho, Presidente da AORP

A T R A V E S S A R

“Rethink. React. Reshape” é o mote da iniciativa que volta a unir a AORP ao MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, e que se materializa numa coleção de joias assinadas por seis designers portugueses, em parceria com marcas e artistas de outras áreas criativas, também elas nacionais.

Começo por destacar este projeto, porque é muito representativo daquilo que defendemos na AORP. A importância de criar pontes para chegarmos mais longe, atravessando as dificuldades que se cruzam no caminho. Agora que a direção, que tão honradamente lidero, se aproxima do fim do mandato, essa é, sem dúvida, a marca que temos intenção de gravar na tão nobre história da Associação.

Criar pontes de contacto, primeiro, dentro do setor, entre os nossos Associados, entre as entidades que influenciam diretamente a nossa atividade, com destaque para o Governo, a INCM, as Câmaras Municipais, as restantes associações que direta ou indiretamente representam as nossas empresas e o nosso setor.

E, fortalecidos dentro, criamos pontes com o exterior, com os restantes setores de atividade, sobretudo na fileira da Moda portuguesa, com entidades como o MAAT, El Corte Inglés e outros parceiros, alianças de criatividade e inovação, que abrem novos caminhos e novas oportunidades à joalharia portuguesa.

Por isto também o nosso mandato foi marcado pelo lançamento da campanha “Together We Stand”, um manifesto de união e força coletiva, em que demos voz aqueles que, através da sua visão, coragem e ambição fortalecem e projetam a joalharia portuguesa no mercado global.

E falando em globalidade, entendemos como, mesmo em tempos de pandemia, a nossa determinação em continuar a apoiar a expansão internacional do setor não refreou, mas antes se renovou, na busca de novos mercados e de novos formatos, como são exemplo as apresentações coletivas em Milão e em Londres, à margem das Semanas da Moda, também ela renovadas em formatos adaptados aos novos tempos.

Nesta renovação, encontramos a reafirmação da nossa missão, mas também a confiança de que, não obstante os obstáculos, sempre os haverá, temos hoje em dia um setor mais forte, mais resiliente e mais aberto à mudança. Com isso, entramos em 2022 com um sentimento de missão cumprida, mas também que há ainda muito por fazer cumprir, num ciclo permanente de crescimento e de evolução.

Que os sonhos continuem a cimentar os caminhos e pontes que vamos continuar a construir.

Atravessamos juntos!

Feliz 2022.

DE SIGN GRÁF IC O PAGINAÇÃO

CAPA

ED I TORIA L

PROPRIEDA DE

Dep. de Comunicação e Imagem AORP

Editorial Portuguese Jewellery x MAAT

AORP geral@aorp.pt

AORP www.aorp.pt


02 TENDÊNCIAS

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01 Brincos, Mater jewellery tales; 02 Anel, Fiordy Studio; 04 Anel, HLC; 03 Brincos, Arte Nova Jewellery; 05 Anel, Mater jewellery tales; 06 Earcuff, Mel Jewel; 07 Colar, Arte Nova Jewellery; 08 Brincos, HLC

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03 TENDÊNCIAS

PA N TO N E C O LO R OF THE YEAR

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V ERY PERI 17-393 8

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À medida que a sociedade vai impondo cada vez mais a sua vontade de quebrar paradigmas e impor novas regras, a cor continua a ser uma forma crítica de expressão e comunicação, capaz de influenciar pensamentos e emoções. Por isso, este novo tom, remete-nos para uma atitude assertiva e consistente, ainda que cheia de energia e dinamismo, através da qual não há limites para a criatividade e imaginação.


04 PORTUGUESE JEWELLERY X MAAT


05 PORTUGUESE JEWELLERY XMAAT

A AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal e o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia voltaram a unir-se para uma parceria, onde a sustentabilidade foi a protagonista. Seis marcas de joias portuguesas foram desafiadas a criar uma coleção exclusiva inspirada no conceito de upcycling, através da incorporação de materiais reutilizados.

A O R P X M A AT: S E I S D E S I G N E R S

Ana Bragança, Clélia Jewellery, Leão Creative, Lia Gonçalves, Mariana Machado e Wonther desenvolveram parcerias inéditas com outras marcas ou entidades para a criação de peças a partir de desperdícios ou de materiais reciclados, com o objetivo de sensibilizar para a emergência da ação climática e da moda sustentável.

Queremos liderar pelo exemplo, não só na inspiração das marcas e designers para procurarem incorporar boas práticas e conceitos que visam uma produção mais sustentável, mas também o consumidor a refletir sobre o consumo e a moda mais consciente. Tudo isto, sob a premissa de criar pontes, desde logo entre a AORP e o MAAT, da joalharia com outros setores industriais e de atividade e destes com o público, encontrando na ação coletiva um ciclo de renovação e visão de futuro”.

A coleção “Portuguese Jewellery X MAAT: Rethink. React. Reshape” encontra-se à venda nas lojas dos dois espaços expositivos da Fundação EDP, MAAT e Central Tejo. Para Nuno Marinho, Presidente da AORP, “Nesta reedição da parceria com a Fundação EDP e o Maat quisemos apontar holofotes para uma missão que partilhamos em conjunto e que é de todos nós: a importância de instigar à reflexão e à ação para o tema da emergência climática e do impacto no meio ambiente.

P O R T U G U E S E S D E S E N V O LV E M C O L E Ç Ã O E XC L U S I VA I N S P I R A D A N A R E C I C L A G E M D E M AT E R I A I S

Para o MAAT, “esta parceria com a AORP materializa aquele que é o espírito da loja do museu: a aposta em produtos de design, nomeadamente de autores nacionais. Neste caso em particular, é com prazer redobrado que nos associamos a um projeto focado em métodos de produção mais sustentável.” Recorde-se que, no âmbito desta mesma iniciativa, estas mesmas marcas têm as suas coleções próprias à venda nas lojas dos museus, num sistema rotativo bimensal, que pretende promover e valorizar a joalharia contemporânea e de autor portuguesa.


06 PORTUGUESE JEWELLERY X MAAT

ANA BRAGANÇA JEWELLERY Em todas as coleções, há uma procura constante de salientar a clareza e a elegância das formas geométricas, despojando tudo o que é excesso. Ana Bragança realiza produtos exclusivos, de design contemporâneo único, desenhados e concebidos artesanalmente. Atelier Circonflex Ana Bragança estabeleceu uma parceria com o Atelier Circonflexe, um gabinete de arquitetura localizado na Suíça, formado por duas mulheres que privilegiam as questões ligadas à Arquitetura Sustentável, escolhendo cautelosamente e de forma séria tanto os materiais como os métodos construtivos utilizados. Às antigas maquetes do gabinete, realizadas em K-line - objetos estes que deixaram de ter utilidade e que iam ser descartados - Ana Bragança juntou umas estruturas realizadas num material nobre que relembram cortes ou alçados de um projeto de Arquitetura imaginário, onde vivem personagens e árvores feitas em prata.

CLÉLIA JEWELLERY Com profunda inspiração na natureza e na arte, Clélia Parreira utiliza o universo físico e artístico como tela para as suas criações, com peças que nascem de técnicas tradicionais e artesanais. As suas peças são produzidas no seu atelier em Lisboa, de forma manual, em pequena escala ou exclusiva. Vicara Numa parceria com a Vicara Design, a Clélia Jewellery selecionou a madeira de alfarrobeira, para elaborar estas peças. Usada nas tampas do decanter de vidro “Cerne”, desenvolvidas pelo artista Samuel Reis, foi nesta madeira que encontrou a durabilidade, resistência e versatilidade que pretendia. A ondulação do Tejo e a pala do edifício do MAAT foram a inspiração para desenvolver esta mini coleção. Peças esculpidas à mão que refletem o equilíbrio entre o tosco e o elegante característicos de uma nova modernidade.

Créditos: Pedro Lages/ld360


07 PORTUGUESE JEWELLERY X MAAT

L E Ã O C R E AT I V E Inspirada pelas emoções e relações humanas, a Leão Creative, fundada pela designer e joalheira Maria Leão Torres tem a perícia de se adaptar aos diferentes públicos, às várias intenções, a cada momento, conceito e projeto. Viúva Lamego “Renascimento”, é uma coleção que resgata e apropria-se dos princípios do padrão azulejar, ora isolando ou destacando o módulo – no brinco – ora aplicando a sua repetição na criação de uma unidade espetacular – nas pulseiras. O nome associa-se ao propósito urgente de repensar a vida dos excedentes fabris e tem a audácia de chamar para si os tempos áureos renascentistas, em que se começam a produzir azulejos em Portugal, com características claramente nacionais.

L I A G O N Ç A LV E S Formada em joalharia e natuaral de Viana do Castelo, o trabalho de Lia Gonçalves baseia-se numa abordagem contemporânea à joalharia de autor, explorando linguagens que traduzem a preferência por uma estética minimalista e, ao mesmo tempo, a preocupação com questões ligadas funcionalidade da peça. Investigadora Sílvia Araújo A coleção ENSAIO é o resultado de uma aliança entre a prata reciclada à celulose bacteriana, desenvolvida no contexto da tese de doutoramento em Design, na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, pela investigadora Sílvia Araújo. A coleção ENSAIO apropria-se da mistura da prata e da celulose, num complemento estético, onde o antes e o depois não destroem o design e funcionalidade das peças: são joias mutáveis, onde o manuseamento da mesma por cada utilizador será díspar e a degradação da celulose imprevisível. A mutação dará a cada peça uma construção contínua, para um novo desenho, até à degradação total da celulose, destacando a prata e os tubos soltos, inspirados no tubo-de-ensaio de laboratório.

Créditos: Pedro Lages/ld360


08 PORTUGUESE JEWELLERY X MAAT

MA RIA NA MAC HA D O JE WELLERY Formada em Design de Produto, as peças de Mariana Machado são livres de estações, ocasiões e convenções. Nascem do desejo da artista de cristalizar o calor do momento e capturar o movimento do instante, resultando em icónicas e sedutoras texturas com contornos contemporâneos, onde a assimetria é a essência. I.Glass Mariana Machado, em parceria com a I.Glass, criou uma coleção que se caracteriza pela repetição de elos de prata soldados em corrente. Os pendentes em vidro adicionam cor e versatilidade. Na I.Glass, a maioria do vidro transparente partido durante o processo de fabrico manual é reciclado, reintroduzido no forno de fusão com a mistura vitrificável, dando origem a novas peças. Os pendentes disponíveis nesta coleção são feitos a partir dos pedaços de vidro colorido partido, provenientes do desperdício da produção.

WONTHER Nascida numa pequena vila ucranicana, Olga Kassian mudouse para Portugal em criança. Cada peça da Wonther é a personificação das ambições, concretizações e singularidades das mulheres – é um lembrete constante da sua força e do direito que têm para escolher um percurso único. Ownever A Wonther e a Ownever juntaram-se na criação da pulseira INTERLINKED, na qual a Wonther reutilizou pedaços de bioleather (significa que a pele é biodegradável, uma vez que esta é tingida com tintas vegetais) que resultam da produção das malas da Ownever. A pulseira homenageia um mundo de ligações, nas quais a união faz a força e é sinónimo de poder. Uma corrente que não nos limita, mas que nos liga, elevando-nos uns aos outros.

Créditos: Pedro Lages/ld360


09 PORTUGUESE JEWELLERY X MAAT

Para assinalar o lançamento da coleção “Rethink. React.Reshape”, a AORP e o MAAT promoveram uma pré-apresentação privada, que reuniu representantes das marcas e parceiros, media, influenciadores digitais e convidados institucionais. Além de dar a conhecer a coleção em primeiramão, o evento incluiu uma visita guiada à exposição “Dia”, de Carsten Höller, atualmente em exibição no MAAT. Fotografias de Vasco Vilhena


10 PORTUGUESE JEWELLERY X EL CORTE INGLÉS

“The Gold Edition” foi o mote da segunda edição da pop-up Portuguese Jewellery, uma iniciativa da AORP - Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, em parceria com o El Corte Inglés Lisboa com vista a promover um espaço dedicado exclusivamente à joalharia portuguesa.

Arte Nova Jewellery, Fiordy Studio, HLC, Mater jewellery tales e Mel Jewel apresentaram as suas coleções em ouro, mostrando diferentes abordagens criativas ao metal nobre, do design minimalista à exuberância do luxo contemporâneo.

A AORP E O EL CORTE INGLÉS L I S B OA I N AU G U R A M E S PAÇ O DE DIC ADO À JOALHARIA PORTUGUESA Para Fátima Santos, Secretária-Geral da AORP, fez todo o sentido enaltecer o ouro nesta edição que antecipou a época natalícia. “O ouro tem um simbolismo especial. Não só porque é eterno e precioso, mas também porque é desde sempre associado aos momentos especiais e de celebração. Este ano, mais do que nunca, aprendemos a valorizar quem nos rodeia e as nossas relações, sejam elas de amor, familiares ou amizade.”

Para o El Corte Inglés Lisboa, “O El Corte Inglés orgulha-se de promover nas suas lojas as marcas portuguesas e o que de melhor Portugal tem para oferecer. As marcas de joias nacionais são, sem dúvida, de uma qualidade e elegância inquestionável e é um privilégio poder homenageálas desta forma”.


11 PORTUGUESE JEWELLERY X EL CORTE INGLÉS

A inauguração da pop-up “Portuguese Jewellery” no El Corte Inglés de Lisboa serviu de mote a um simbólico evento de apresentação, que contou com a presença de representantes das marcas, media, influenciadores digitais e convidados VIP.


12 ENTREVISTA

G A E T A N O C AV A L I E R I P R E S I D E N T E DA C I B J O, CO N F E D E R AÇ ÃO M U N D I A L D E J OA L H A R I A

A CIBJO, a Confederação Mundial de Joalharia, representa os interesses de todos os indivíduos, organizações e empresas ligadas à indústria da joalharia, dando cobertura à totalidade da cadeia de valor desde a mina ao mercado nos vários centros de produção, manufatura, comércio e distribuição. Gaetano Cavalieri lidera a organização desde 2001. Em entrevista exclusiva à Jewellery Mag, destaca as principais mudanças e desafios que impactarão a indústria nos anos que se seguem, bem como o papel da CIBJO na promoção da cooperação e conciliação internacional.

Enquanto líder de uma organização mundial, quais são, na sua opinião, as três principais mudanças que a indústria joalharia enfrenta, no contexto da pandemia? A primeira é a mudança acentuada no comércio eletrónico, inicialmente enquanto forma de manter o negócio ativo durante o confinamento, mas cada vez mais como um meio de operação padrão. Já demorou muito para acontecer, mas muitos de nós atrasamos a transição. A crise da COVID transformou as vendas digitais e o marketing numa necessidade. A segunda é a crescente compreensão de que, no clima moderno de negócios, precisamos ser ágeis e flexíveis o suficiente para lidar rapidamente com disrupções imprevistas. Há alguns anos atrás, teríamos olhado o que estava a acontecer na China durante o primeiro trimestre de 2020 e pensado que a distância nos teria protegido. Mas, como aprendemos na última década, as crises económicas, políticas e agora de saúde espalham-se como um incêndio. Poucas semanas depois de sabermos sobre o novo coronavírus em Wuhan, entrámos todos em confinamento. Como empresas, não nos podemos dar ao luxo de ficar sobrecarregados nem financeiramente, nem por mantermos muitos stocks mortos. Precisamos de ser capazes de reagir rapidamente às circunstâncias de mudança. Terceiro, acredito que a pandemia tornou os consumidores consideravelmente mais conscientes da importância da saúde, do meio ambiente e das sociedades em que vivem. Para permanecermos relevantes, precisamos de lhes explicar porque é que a joalharia é sustentável e socialmente responsável.

Assim, para manter a confiança do consumidor, temos que trabalhar juntos. Isso significa harmonizar padrões e nomenclaturas e fazer tudo o que for necessário para proteger a integridade do produto. Essa é a essência da responsabilidade coletiva. E olhando para o que se segue, quais serão os principais impulsionadores do setor nos próximos anos? Em última instância, é o mercado que impulsionará o crescimento. Se ele se expandir, o mesmo acontecerá com nossa indústria. Mas estou confiante quanto a isso. Não acredito que a China e a Índia tenham atingido todo o seu potencial, embora o seu crescimento não seja tão dramático como foi nos últimos 15 anos. No fim de contas, provavelmente, ambos ultrapassarão os Estados Unidos nos rankings de mercado mais valiosos do mundo, apenas devido ao tamanho das suas populações, embora o mercado americano provavelmente também aumente substancialmente. Depois, há mercados que atualmente estão subdesenvolvidos, mas têm dentro deles um enorme potencial. Estou particularmente otimista com África, que se pode tornar um verdadeiro motor de crescimento, à medida que sua classe média se estabilize e os padrões de vida e os rendimentos aumentem. Além disso, vamos ter de nos conectar com os consumidores das gerações Millennial e Z, da mesma forma que fizemos com os Baby Boomers e a Geração X. Para isto acontecer, teremos de colocar um esforço consideravelmente maior na comercialização dos nossos produtos e nossas mercadorias como sustentáveis e socialmente responsáveis. O Blue Book da Comissão de Sourcing Responsável foi o documento mais descarregado do site da CIBJO desde o início da pandemia. De que forma a CIBJO está a atender à necessidade de orientação e informação sobre sustentabilidade e boas práticas responsáveis e quais são, na sua opinião, os pontos mais críticos em toda a cadeia de valor da ourivesaria, desde o abastecimento ao retalho?

A mais recente campanha da AORP tem como lema “Together We Stand”, por acreditar na força da união e da cooperação enquanto forma de enfrentar os novos desafios, como uma verdadeira cadeia de valor. A CIBJO partilha dessa visão?

O Blue Book da Comissão de Sourcing Responsável fornece uma estrutura pela qual todas as empresas podem mostrar que estão em conformidade com os padrões de Responsabilidade Social e Corporativa, mas também desenvolvemos uma gama de ferramentas e programas práticos para os membros da indústria usarem, para que possam implementar as suas recomendações.

Absolutamente. Trabalhamos numa indústria onde a integridade da cadeia de abastecimento é decidida pelo menor denominador comum. Basta que haja um mau ator, em qualquer setor e em qualquer país do mundo, para contaminar inteiramente a reputação de uma marca. Somos fortes como nosso elo mais fraco.

Associado ao Blue Book de Sourcing Responsável está o Kit de Ferramentas de Sourcing Responsável, que pode ser descarregado gratuitamente no site da CIBJO. Este fornece formulários, modelos e outras informações que as empresas podem adaptar e usar nos seus próprios negócios, para se manterem alinhadas.


13 ENTREVISTA

As tecnologias, como a inteligência artificial, permitir-nosão planear com mais eficiência e análise, identificando os nossos consumidores e atendendo às suas necessidades. As ferramentas de realidade virtual ajudar-nos-ão a criar experiências de compra, bem como a atender clientes que possam estar localizados muito longe de nós. Tecnologias como a Blockchain ajudarão a aumentar a perspetiva de rastreabilidade, o que tem sido muito difícil de alcançar no nosso setor até ao momento. A impressão 3D levanta a perspetiva de revolucionar o design de joias à medida, traduzindo rapidamente o que pode ser modelado num ecrã de computador numa joia acabada. O certo é que, daqui a uma década, o negócio da joalharia terá uma aparência muito diferente do que conhecemos hoje.

Também estamos a desenvolver, em conjunto com a Intertek, um grupo internacional, um curso online que irá formar responsáveis de sustentabilidade para a indústria da ourivesaria e fornecer-lhes uma certificação reconhecida internacionalmente neste âmbito. Vai ser lançado durante as próximas semanas. Os nossos outros Blue Books, que também estão disponíveis para download gratuito no nosso site, fornecem informações essenciais sobre os padrões de classificação e identificação, sem custos. Estes foram consolidados em dois documentos de orientação, que também são disponibilizados gratuitamente para a indústria no nosso website. Um deles é um livrete simples do tipo “Faça e Não Faça”, e o outro é o Guia de Referência do Retalhistas abrangente, com 54 páginas e duas seções: um guia de referência rápida chamado Fatos-Chave e cinco capítulos, cobrindo com mais detalhe os principais segmentos, ou seja, diamantes, gemas, pérolas, metais preciosos e abastecimento responsável. Temos também a Iniciativa de Medição de Gases de Efeito Estufa da Indústria de Joias. Esta permite que as empresas nos setores de joias e pedras preciosas meçam e entendam as suas pegadas de carbono, reduzam-nas e compensem o que resta com créditos de carbono, tornando-se, assim, neutras em carbono. Não seria sensato apontar para pontos críticos. Numa cadeia de abastecimento como a nossa, cada ponto é crítico e afeta todos os outros. A migração digital também está a remodelar o setor, da inovação tecnológica ao e-commerce. Como é que esse novo cenário digital poderá trazer oportunidades para as empresas de ourivesaria? Isso acontecerá através de uma infinidade de maneiras. As cadeias de abastecimento, que sempre estiveram interconectadas, podem agora ser mais bem geridas, muitas vezes a milhares de quilómetros de distância. Com a condição de estarem preparadas para fazer os investimentos necessários em vendas e marketing online, as empresas mais pequenas terão mais facilidade para atuar numa escala internacional, tanto na comercialização dos seus produtos como na obtenção de abastecimento.

A joalharia portuguesa é hoje o resultado de um legado secular renovado pelo design contemporâneo, pela inovação e pela internacionalização. Qual é a sua visão sobre Portugal? O que destacaria enquanto principais características e oportunidades para o futuro? Portugal é a epítome de um país que pode realmente beneficiar do novo panorama tecnológico. Existe a tradição e as capacidades técnicas, mas foi prejudicado pela geografia e pelas pequenas economias de escala. Num mundo digital, isso pode ser superado. É necessário expandir universos, mas o seu ponto de partida é excelente e existem reais vantagens comerciais nos países de língua portuguesa do mundo. Angola, Moçambique e Brasil são todos fornecedores relevantes de matérias-primas e também representam mercados com potencial já existente ou para o futuro. Contudo, no fim de contas, nada disso acontecerá de forma automática. É preciso tomar a iniciativa. Que conselho gostaria de dar aos nossos Associados, às marcas portuguesas? Envolvam-se na arena internacional, através de organizações como a CIBJO. Se vocês não forem vistos e ouvidos, o vosso talento e capacidades não brilharão. Em 2011, o Porto acolheu o nosso congresso anual e, durante mais de um ano, Portugal brilhou como centro das atenções. Mas quando acabou, passou para segundo plano. Hoje, com as ferramentas digitais ao nosso dispor, é mais fácil aumentar o perfil público. Eu convido as empresas do setor a fazerem isso. Teremos o maior prazer em tê-las connosco. Como é que vê a articulação entre a organização global CIBJO e as entidades nacionais, como acontece com a AORP, na missão de estimular a cooperação global e o multilateralismo? Eu vejo a AORP como um microcosmo da CIBJO, proporcionando, à escala nacional, o que nós fazemos internacionalmente. Associações nacionais como a AORP são uma parte indispensável da comunidade de ourivesaria global, não apenas por representarem os interesses dos seus países, mas também por unirem os seus membros a outras pessoas em todo o mundo e para mediar as interações entre eles. Havia um banco cujo slogan era “pense local, aja global”. Isso é o que a CIBJO e a AORP devem ser capazes de alcançar trabalhando juntas.


14 BARÓMETRO 2022

B

A M

R E

Ó T R O QUAIS SÃO AS PREVISÕES/DESEJOS PA R A 2022, E M R E L AÇ ÃO AO S E TO R DA O U R I V E SA R I A? CONVIDÁMOS 6 PERSONALIDADES A PA RT I L H A R A S UA V I SÃO S O B R E O FUTURO DO SETOR.

PAULA PEDRO DIRETORA CONTRASTARIA Nas previsões para 2022 acreditamos num otimismo realista. Os números de 2021 evidenciam bem a resiliência, empreendedorismo e criatividade dos ourives e joalheiros nacionais que não cruzaram os braços durante estes meses tão difíceis e inesperados. Reagiram com um dinamismo fervilhante, possibilitando uma notável recuperação que não mostra sinais de abrandamento. Senão vejamos, a Contrastaria registou em 2021 um volume de entrada de peças equiparável, em alguns períodos, ao ano de 2019. Podemos agora dizer que, apesar de tudo, houve oportunidades que se revelaram no contexto adverso da pandemia. Houve sabedoria em identificar e tirar partido destas oportunidades, acelerando de forma inequívoca um movimento que já se fazia sentir em direção à transição digital, e que envolveu todo o setor desde o mais tradicional ao mais inovador. Nunca a capacidade de adaptação às circunstâncias foi tão valiosa como agora. A vontade de ir mais longe facilitou a internacionalização, mas também as vendas à distância, removendo as barreiras geográficas e levando uma arte tão querida dos portugueses diretamente às suas casas.


15 BARÓMETRO 2022

Em 2022 aguardamos confiantes, por isso, o resultado de um claro investimento de muitas marcas nacionais num posicionamento no mercado além-fronteiras, uma internacionalização que promete granjear o justo reconhecimento da qualidade única que a paixão dos nossos produtores e artistas confere aos artefactos. Será um ano também em que se reafirmará o valor diferenciador da marca de contraste e de uma Contrastaria parceira, em permanente articulação com as associações deste setor e, diretamente, com os próprios operadores, ávidos de agilidade e celeridade, um nível de excelência que agora podemos oferecer. Sabemos que em 2022 o caminho a percorrer será ainda trabalhoso, sem dúvida, mas sabemos também que o sucesso acontece a quem o faz acontecer.

LUÍS ARAÚJO PRESIDENTE TURISMO DE PORTUGAL

A expectativa para 2022, tanto no setor da ourivesaria como no setor no turismo, é que tenhamos um ano de retoma económica e social sem interrupções devido à pandemia. Espero que desta vez possamos dizer ainda com mais propriedade “Ano Novo, Vida Nova”. Uma vida em que encerramos definitivamente o capítulo da pandemia e voltamos a uma realidade sem restrições ou confinamentos devido à Covid-19. Se assim for tenho a certeza que a ourivesaria poderá reforçar-se como um dos setores que contribui para que Portugal seja um destino turístico ainda mais atrativo.


16 BARÓMETRO 2022

JOÃO DIAS ADMINISTRADOR DA AICEP - PORTUGAL GLOBAL

A ourivesaria portuguesa tem-se destacado pela qualidade e por conjugar inovação e modernidade com os vários séculos de tradição. Em 2022 deverá prosseguir a trajetória de crescimento do setor e o reconhecimento cada vez maior das marcas portuguesas em todo o mundo, fruto da aposta na personalização, no design e na excelência. Portugal tem cerca de 770 empresas de ourivesaria e relojoaria nas quais trabalham mais de 2600 pessoas, vende para 117 mercados e é o 11º principal exportador da UE, sendo Hong Kong o principal cliente, seguido dos Estados Unidos, Suíça, França e Espanha. O volume de exportações, que em 2020 ultrapassou os 160 milhões de euros, deverá agora continuar a crescer também devido ao investimento das empresas na digitalização e no comércio eletrónico. Aliás, nos últimos cinco anos, desde 2016, Portugal registou um aumento das exportações do setor mesmo quando, a nível mundial, estas diminuíram, em média, cerca de 5%. A ourivesaria portuguesa é claramente um setor com futuro. São bons motivos para a AICEP continuar a apoiar a AORP e a apostar em ações de capacitação e iniciativas que permitam desenvolver novos modelos de negócio e promover a ourivesaria portuguesa além-fronteiras. Para que 2022 possa ser um ano ainda mais brilhante para o setor.

EUNICE NEVES DIRETORA DO CINDOR

Prevejo e desejo que o setor continue a apostar na qualificação de recursos humanos capazes de responder à acentuada competitividade dos mercados. Esta capacitação começa na formação necessária para potenciar a célere adaptação que a transição digital e a internacionalização impõem. O novo fôlego que algumas empresas sentem e que, paradoxalmente, foi gerado pela oportunidade na crise de alavancar o posicionamento na esfera digital deve expandirse, atenta a utilização massiva do mundo virtual na aquisição de bens que veio, certamente, para ficar. A formação assume, assim, a sua missão mais valiosa: antecipar, acompanhar e formar o tecido humano do setor.


17 BARÓMETRO 2022

ALBA CAPPELLIERI DIRETORA DO MUSEU DEL GIOIELLO

Magnificência: desejo muito que no próximo ano esta qualidade tenha um papel mais significativo no setor da joalharia. A magnificência que pretende ser uma predisposição, não só para gerar e comunicar beleza, mas também para inspirar e mobilizar mentalidades. Na minha opinião, a excelência na produção, hoje, não pode continuar a limitar-se à qualidade estática do produto final. Em vez disso, a beleza de hoje e os bons acabamentos - seja na forma de alta joalharia, joias finas, joias artesanais de vanguarda ou joias da moda - estão cada vez mais associadas ao conceito de ‘kalokagathìa’, a expressão usada na cultura grega, no século V a.C., para descrever o ideal de perfeição física e moral. ‘Belo e bom’ porque ‘possui todas as virtudes’, portanto, bonito não só pela sua aparência estética, mas também pelo seu caráter delicado, aquela beleza que está ligada ao comportamento moral, aos valores que personifica. Estamos, assim, a falar de qualidade estética, produtiva, material e conceptual - hoje essencial - mas também de sustentabilidade, autenticidade, veracidade, em relação às próprias tradições e ligações para com o território. As tecnologias digitais têm um papel fundamental a desempenhar como apoio, enquanto ferramenta facilitadora para uma narrativa transparente.

MARCO CARNIELLO DIRETOR GERAL DA VICENZAORO

A pandemia forçou, ou simplesmente acelerou, mudanças em todas as frentes da cadeia de abastecimento, da produção e do consumo de joias. Várias dessas mudanças eram realmente esperadas, tais como o crescimento dos canais online e a transformação digital das nossas empresas. A melhor parte é que os consumidores continuam a ser muito apaixonados por joias e exigem cada vez mais delas: histórias de emoções, beleza e sustentabilidade. O consumo tem se mostrado elevado, daí a participação em feiras físicas como a de Vicenzaoro. Espero meses de real crescimento para as empresas que conseguiram continuar a inovar e a evoluir durante a pandemia.


18 COLLECTIVE MILAN

JOALHARIA PORTUGUESA RE TOMA AGE NDA INTERNAC I ONA L C OM SHOWCASE EM MILÃO

A joalharia portuguesa regressou aos palcos internacionais. Depois da pausa forçada pelo cancelamento das feiras e eventos de promoção, a AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal criou um novo formato de showcase, o “Portuguese Jewellery Collective”, que visa percorrer os principais destinos de exportação das joias nacionais.

O primeiro destino foi Milão e aconteceu no dia 10 de junho, com a presença de seis marcas: Arte Nova Jewellery, CInco, Fiordy Studio, Galeiras, Tashi e Wonther.

Com perfis heterogéneos, partilham em comum uma abordagem contemporânea à joalharia portuguesa, vocacionada para a nova geração de consumo, privilegiando materiais sustentáveis e os canais digitais de contacto.

O evento, organizado em parceria com o estúdio milanês Zeta Studio, dirigiu-se a compradores de departments stores (grandes armazéns), concept stores, cadeias de retalho e galerias, italianos e internacionais com representação em Itália, representantes de revistas especializadas no setor da moda e líderes de opinião na indústria.

Segundo Nuno Marinho, Presidente da AORP, “É imperativo regressarmos aos mercados internacionais, liderando o setor no sentido de encontrar novos formatos de abordagem aos compradores e ao consumidor final. É inegável que a forma de fazer negócios, sobretudo no contexto internacional, mudou e, enquanto Associação, compete-nos guiar as empresas do setor na sua trajetória de adaptação e redefinição estratégica”.


19 COLLECTIVE MILAN


20 JEWELLERY CREATIVE CONNECT

JOALHARIA PORTUGUESA APRESENTA-SE NA SEMANA DA MODA DE LONDRES

A AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal promoveu, no dia 18 de setembro, uma apresentação coletiva de marcas de joias portuguesas, na Embaixada de Portugal em Londres. O objetivo passou por posicionar a marca joalharia portuguesa junto da comunidade criativa e de moda londrina, integrando o calendário da Semana da Moda da capital inglesa.

A iniciativa “Jewellery Creative Connect” apresentou seis marcas de joalharia contemporânea portuguesa, num formato interativo, em que seis reputados criativos de Londres foram convidados a interagir e dialogar com os designers e representantes nacionais.

Na seleção de marcas portuguesas estiveram a Arte Nova Jewellery, Cinco, Fiordy Studio, Joana Mota Capitão Jewellery, Mesh Jewellery e Museu da Filigrana. Com uma vocação internacional inata, apostam no design contemporâneo e nos canais digitais para alcançar consumidores em todo o mundo. “São marcas que aliam o saber-fazer português a uma visão contemporânea de negócio, encontrando no online a janela alcançar novos públicos, à escala global”, adianta Fátima Santos, Secretária-geral da AORP.

Além das sinergias criativas, o evento foi aberto a outros designers, compradores, líderes de opinião e jornalistas do universo da moda de Londres. “Já algum tempo que estudávamos formatos alternativos de promoção e posicionamento da joalharia portuguesa, com um objetivo muito claro de aproximação ao mercado da moda internacional. A pandemia veio acentuar essa necessidade e em junho promovemos um primeiro showcase em Milão, com a presença de seis marcas. Londres era um mercado muito ambicionado e finalmente concretizado. Em breve anunciaremos novos destinos”, acrescenta a responsável.

O evento foi organizado em parceria com a agência inglesa May Concepts e a portuguesa Kind Purposes, contando ainda com a colaboração de Miguel Bento, set designer português a residir em Londres, cuja carteira de clientes inclui marcas como Balmain, Burberry, Chanel, Dior, Dolce & Gabbana, Gucci, Hermés, Saint Laurent e Stella McCartney, entre outros.

A AORP contou ainda com o importante apoio institucional da Embaixada de Portugal em Londres e delegação do AICEP Londres.


21 JEWELLERY CREATIVE CONNECT


22 E-LAPIDAR | FOREIGN MARKETS

VEJA AS SESSÕES DO E-LAPIDAR | FOREIGN MARKETS NO CANAL DE YOUTUBE DA AORP

O E-Lapidar regressou com novas sessões. Este é um calendário de webinars, disponível através da plataforma Zoom, que procura orientar a indústria da joalharia e relojoaria. Numa altura em que as feiras internacionais foram adiadas ou canceladas, a AORP procura, com o apoio da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), orientar a indústria relativamente às oportunidades nos mercados externos. Com oradores nacionais e internacionais, abordaram-se as oportunidades dos mercados italiano, alemão e asiático, partilhando as boas práticas e os inputs de vários especialistas no setor.


23 E-LAPIDAR | FOREIGN MARKETS

ITÁLIA 22 DE ABRIL DE 2021

Oradores: Fátima Santos – Secretária Geral da AORP Eduardo Souto Moura, Diretor AICEP Milão Marco Carniello, Diretor Geral da VicenzaOro Maximilian Linz, Consultor & Estratega de Comunicação e Marketing O mercado italiano, que vinha a registar uma importância e potencial significativos para Portugal, viu-se fortemente marcado pela pandemia. Nestas circunstâncias desafiantes, a joalharia portuguesa procura continuar a levar a marca “Made in Portugal” até território italiano e dar a conhecer o legado português na maior feira internacional da Europa e uma das mais importantes a nível mundial, a VicenzaOro. Marco Carniello, Diretor Geral da VicenzaOro, explicou-nos de que forma é que a feira se adaptou às atuais circunstâncias e assumiu um formato híbrido para assegurar a sua realização. Já Eduardo Souto Moura, delegado da AICEP em Itália, partilhou estratégias de internacionalização para este mercado e Maximilian Linz, que trabalha em parceria com o StudioZeta, um showroom com sede em Milão, passou a sua perspetiva enquanto buyer neste mercado. A sessão foi moderada por Margarida Brito Paes, antiga Editora Digital da revista Elle Portugal, especialista no setor da moda.

ALEMANHA 1 DE JUNHO DE 2021

Oradores: Fátima Santos, Secretária Geral da AORP Miguel Crespo, Diretor da AICEP Berlim Marta Pais Vieira Conseur, Gestora de Produto na AICEP Berlim Guido Grohmann, Diretor Administrativo da Bundesverbrand Schmuck + Uhren (Associação Alemã de Joalharia e Relojoaria) Elena Jasper, Diretora de Exposições da Messe München - Inhorgenta Munich O mercado alemão tem sentido um incremento significativo na confiança do consumidor a nível da joalharia. Independentemente da pandemia vivida atualmente, a evolução da economia alemã tem encorajado os consumidores a investirem mais em peças de joalharia, evidenciando também um elevado interesse em peças produzidas à mão, através de técnicas distintas e com processos ambientalmente sustentáveis. Numa perspetiva de partilha do legado português no estrangeiro, há que repensar e planificar novas estratégias para que produtos nacionais entrem de portas abertas em território alemão, com caminho traçado para a Inhorgenta - uma das mais importantes feiras internacionais do setor da joalharia, em Munique, destaca o mercado alemão no mapa, abrindo oportunidades às empresas que queiram estabelecer relações comerciais neste país.


24 INTERNACIONALIZAÇÃO

POR TUGUESE JEWELLERY POWERHOUSE: REWRI TTING THE DIGI TAL & INTERNATIONAL FUTURE PROGRAMA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA OURIVESARIA DE PORTUGAL 2021 - 2023

O “Portuguese Jewellery Powerhouse: Rewriting the Digital & International Future” é o Programa de Internacionalização da Ourivesaria de Portugal promovido pela AORP - Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, para um conjunto relevante de empresas de Ourivesaria de Portugal e está previsto desenvolver-se entre 2021 e 2023. Trata-se de um projeto especializado na ourivesaria e integrado num programa global de apoio ao acesso internacional nas melhores condições para as empresas do setor da ourivesaria.

Está estruturado com um robusto programa de ações de promoção no exterior: participação em feiras, eventos de prestígio, missões empresariais e de prospeção no internacional e, também, missões inversas em Portugal, em formato físico e online. O projeto conta, de igual modo, com um conjunto de linhas de apoio para o E-commerce e Transformação Digital com foco nos eventos e mercados internacionais, no Business Intelligence de Mercados e ainda no âmbito da Cibersegurança e da gestão segura de dados no contexto digital. O projeto assume como principal objetivo afirmar as joias, produtos e serviços de ourivesaria portuguesa no mundo através da abertura de mais canais para a exportação, da diversificação e consolidação nos mercados internacionais, da capacitação para a internacionalização e da digitalização das empresas participantes, e, por conseguinte, do setor em Portugal.


25 INTERNACIONALIZAÇÃO

FE V 22 - 24 J GT - J E W EL L ERY, G EM & T EC H N O LO GY - D U BA I M A R 0 3 - 07 H K T D C - H O N G KO N G I N T ER N AT I O N A L J E W EL L ERY S H OW - H O N G KO N G M A R 0 4 - 07 PR EM I ER E C L A S S E - PA R I S M A R 17 - 21 V I C ENZ A O RO - V I C ENZ A A B R 0 8 - 11 I N H O RG EN TA - M U N I C H A B R 14 - 18 H K T D C H O N G KO N G I N T ER N AT I O N A L J E W EL L ERY S H OW - H O N G KO N G M A I 26 - 29 S I ER A A D - I N T ER N AT I O N A L J E W EL L ERY A RT FA I R - A M S T ER DA M J U N 10 - 13 J C K - L A S V EG A S S E T 0 2 - 0 5 B I J O R H C A / W H O’ S N E X T - PA R I S S E T 0 8 - 12 V I C ENZ AO RO - V I C ENZ A S E T 15 - 18 M A D R I DJ OYA /B I SU T E X - M A D R I D S E T 15 - 19 J E W EL L ERY & G EM WO R L D - H O N G KO N G S E T 3 0 - O C T 0 3 PR EM I ER E C L A S S E - PA R I S O U T 26 - 2 8 I N T ER N AT I O N A L J E W EL L ERY TO K YO - TO K YO


26 NOTÍCIAS SETOR

M E D I D A S D E S E G U R A N Ç A O B R I G AT Ó R I A S ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS DO SETOR DE OURIVESARIA

Relembramos que as medidas de seguranças para entidades que procedam à compra, venda e exibição de metais preciosos ou obras de arte, previstas na Lei nº 34/2013, são as que se seguem:

Sistemas de videovigilância: os estabelecimentos terão de ter afixados dísticos informativos sobre o sistema de vigilância instalado no local, que só pode ser colocado por um instalador credenciado. As entidades abrangidas por esta lei devem garantir: - A identificação das pessoas, abarcando toda a área de acesso ao público e com sistema de gravação de imagens por 30 dias, regra geral, ou 90 dias caso o estabelecimento lide com materiais preciosos usados;

Cofre ou caixa-forte: O Governo anunciou a revogação da obrigatoriedade de caixa-forte ou cofre de grau 3 para estabelecimentos comerciais.

- A monotorização externa do sistema, quando é feita, terá de ser exclusivamente assegurada em central de receção e monotorização de alarmes e videovigilância (CRMAV) de uma empresa titular de Alvará C ou uma entidade titular de licença de autoproteção.

Relativamente aos estabelecimentos de exibição, compra e venda de metais preciosos, faz saber a Portaria n.º 292/2020, de 18 de dezembro, uma segunda alteração à Portaria n.º 273/2013, que anula a obrigatoriedade de Caixa-forte ou cofre, com um nível de segurança mínimo de grau 3 de acordo com a norma EN 1143-1 ou equivalente, dotada de sistema de abertura automática retardada, e dispositivo mecânico e eletrónico de bloqueio da porta, fora do período de funcionamento.

Sistema de deteção contra intrusão: conhecido como alarme, é obrigatória a comunicação à PSP, sendo que este só pode ser colocado por um instalador credenciado. O sistema de deteção contra intrusão necessita que:

Este resultado surge do trabalho que a AORP tem vindo a desenvolver junto do Governo, nomeadamente do Ministério da Administração Interna.

- A monotorização externa do sistema, quando ocorrer, terá de ser exclusivamente assegurada em CRMAV de uma empresa titular de Alvará C ou uma entidade titular de licença de autoproteção, conforme aplicável;

É de salientar a importância de, adicionalmente, todos os estabelecimentos adotarem comportamentos de autoproteção, tais como:

- Nos casos em que existe a monotorização externa do sistema, o sistema de alarme deverá ser de grau 3. Nos casos em que o sistema não é monitorizado exteriormente, o sistema deverá ser de grau 1. Ambos devem ser com sirene exterior, audível fora do estabelecimento.

- Retirar frequentemente as notas de maior valor da caixa e guardá-las em local seguro e não visível ao público; - Não revelar a ninguém externo aos colaboradores da loja o local onde se encontra o botão de ativação do alarme; - Recorrer a empresas especializadas no transporte de bens ou numerário de grande valor; - Permanente alternância de rotina de transferência/ depósito de valores no banco.


27 NOTÍCIAS DO SETOR

CONTRASTARIA 2021 EM REVI STA: AS PRINC IPAI S MEDIDAS IMPLEMENTADAS

A Contrastaria encarou 2021 como um ano de continuidade do novo ciclo iniciado de forma muito vincada em 2020, do qual fazemos 10 destaques. Num ano que iniciou com a entrada em vigor das novas marcas de Contrastaria (1), robustecemos iniciativas já implementadas como o serviço de transporte seguro (2) que voltou a ser prestado de forma gratuita a partir de junho, permitindo satisfazer a necessidade de agilidade e rapidez manifestada por grande parte dos operadores que adaptaram os seus modelos de negócio aos novos perfis de clientes que advieram da pandemia. Alargámos a concessão de crédito a mais clientes (3) e reforçámos a relação de proximidade com setor (4) com o lançamento do primeiro webinar dedicado a clarificar procedimentos da Contrastaria, desta feita sob a temática dos serviços laboratoriais.

Continuámos a apostar persistentemente na simplificação administrativa, desde logo com a mudança de paradigma na atribuição dos títulos de atividade para os meios de comunicação à distância (5). A agilidade e desmaterialização de processos orientaram o projeto de revisão do Regime Jurídico da Ourivesaria e das Contrastarias (RJOC) (6), ao qual a Contrastaria se dedicou ao longo de todo o ano em articulação estreita com as associações representativas do setor e demais entidades do Conselho Consultivo de Ourivesaria que contribuíram com a sua visão sobre o que deve ser o novo articulado legislativo, redigido de raiz, não só com o fito de assegurar a simplificação administrativa e melhorias processuais, mas também de clarificar e de acompanhar a evolução do setor e da atualidade.

E, numa altura em que as vendas à distância assumiram evidente destaque, a confiança e segurança conferidas pela certificação provaram ter cada mais importância.

Atenta a este movimento de transição digital, a Contrastaria lançou a página de Informação ao Consumidor (7), facilitando aos operadores o cumprimento dos requisitos legais inerentes ao comércio on-line, agregando neste recurso digital o quadro de marcas oficiais, a lista de avaliadores de artigos de metais preciosos e materiais gemológicos e o acesso à cotação dos metais preciosos.

Mais perto do final do ano, a par da enorme pressão que mantivemos na operação por forma a garantir a manutenção dos atuais níveis de excelência, que nos permitem na maioria das situações entregar a obra da manhã para a tarde, houve ainda tempo e vontade para lançar a “Marca solidária” (8). A marca associada a esta campanha, que conta com a solidariedade do setor, é um coração que poderá ser inscrito a laser junto à marca de responsabilidade e à marca de contraste nas peças de ourivesaria e joalharia. O valor angariado nesta iniciativa reverterá na totalidade para a AMI – Assistência Médica Internacional. Lançada a tempo do Natal, uma altura solidária, por excelência, esta marca deixará também o seu cunho no ano de 2021.

A Contrastaria quer continuar a contribuir não só para a recuperação do setor mas, de olhos postos no futuro, para o seu desenvolvimento, pelo que em 2021 trabalhou afincadamente nos bastidores em processos de desmaterialização e eficiência que terão visibilidade em 2022, de que serão bandeira a ligação ao ePortugal (9) e a disponibilização do pré-registo de obra (10) no site da Contrastaria (www.Contrastaria.pt).

Num contexto que prima, cada vez mais, pelo imprevisível e pela incerteza, o desenvolvimento passará sempre por imprimir resiliência e flexibilidade aos nossos serviços, num processo de cooperação entre a Contrastaria e o setor. Foram estes os fatores de sucesso dos operadores nacionais em 2021 e continuarão a ser também esses os pilares da Contrastaria - a “Marca que faz a Diferença”. Paula Pedro - Diretora da Contrastaria


28 NOTÍCIAS SETOR

EXPO DUBAI 2022 GONDOMAR EXPÕE MAI OR C ORAÇÃO DE FILIGRANA DO MUNDO A filigrana de Gondomar garantiu o seu lugar de destaque no pavilhão de Portugal da Expo Dubai 2020, que ocorreu entre os dias 7 e 12 de dezembro, com a exposição do maior coração de filigrana do mundo. O município de Gondomar assinalou a sua parceria com o Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) e com a Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) na sua presença nesta que é uma montra mundial para valorizar um dos talentos e dos materiais mais acarinhados pela ourivesaria portuguesa. Para além dos artesãos António Cardoso e Rosa Maria (AC Filigranas) e Nuno Resende (F. Ribeiro, Lda), o município explica que estiveram em exposição peças emblemáticas da filigrana tradicional portuguesa, desde a Caravela Portuguesa, a Cruz de Malta e os brincos rainha, e o “O Maior Coração em Filigrana do Mundo” - um projeto de 2018, que contou com a colaboração de 12 empresas locais com 25 artesãos envolvidos sob a direção de Paulo Martingo, formador do CINDOR - Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria.


29 NOTÍCIAS DO SETOR

ROSA MARIA SANTOS MOTA LA NÇA LIVRO SOBRE OURIVESARIA POPULAR

Rosa Maria Santos Mota é a autora do livro “A Ourivesaria Popular no Norte de Portugal e a sua vivência em Viana do Castelo”. A Investigadora do CITAR – Centro de Investigação em Ciências e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa lançou, em 2021, esta obra literária que aborda o fenómeno cultural e histórico do ouro popular. A autora analisa, geograficamente, a evidência e o impacto na região, identificando as características e ressaltando a importância da sua passagem entre gerações. A Câmara Municipal de Viana do Castelo associou-se ao evento, com a edição e apresentação da obra que se realizou no Teatro Municipal Sá de Miranda.

A edição, classificada pelo Presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, como uma “viagem bem organizada e sistematizada pelas histórias, pelas oficinas, pelos dotes e pelas heranças”, integra diversos capítulos dedicados ao ouro, designadamente o “ouro popular e o ouro de Viana”, “Das oficinas às arcas de família”, “Vivências associadas ao ouro popular” ou “Quando, em Viana, o Ouro sai à rua”. A edição “A Ourivesaria Popular no Norte de Portugal e a sua vivência em Viana do Castelo da autoria de Rosa Maria dos Santos Mota, foi ainda apresentada por Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, professor catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa. Investigadora do CITAR, o trabalho de pesquisa de Rosa Maria Mota incide sobre o “ouro popular e o seu percurso nos séculos XIX e XX, no Norte de Portugal, com especial incidência em Viana do Castelo”.


30 NOTÍCIAS SETOR

CINDOR UM SETOR MAIS QUALIFICADO É UM SETOR MAIS FORTE

Em 2019, através da parceria do CINDOR com a ESAD – Escola Superior de Artes e Design, foi criado o primeiro Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) orientado para o setor da ourivesaria. “Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais em Ourivesaria e Joalharia são uma resposta específica para colmatar lacunas do setor. Sabemos bem que a competitividade nos mercados começa na formação e qualificação de recursos humanos que compõem o tecido empresarial, era, pois, importante assegurar a possibilidade de continuidade de estudos para o ensino superior”, destaca Eunice Neves, diretora do CINDOR. O Curso TeSP em Joalharia terminou a sua primeira edição em 2021. Existiam ainda, todavia, áreas muito específicas da ourivesaria e joalharia que necessitavam de recursos preparados e com qualificação especializada. O mercado global assim o ditava e a valorização económica do tecido empresarial também. Neste contexto, surge a parceria com o Instituto Politécnico do Porto que, juntamente com o CINDOR, desenhou e apostou em três projetos educativos em áreas distintas - Prototipagem em Ourivesaria, Gestão da Comercialização de Produtos de Ourivesaria e Animação Turística com enfoque na aposta estratégica no turismo industrial de ourivesaria. Estes cursos vêm não somente complementar a oferta formativa existente, como dar sequência à mesma.

Os estudantes que escolhem os percursos educativos CTeSP são dotados de ferramentas teóricas e tecnológicas requeridas pelo mercado de trabalho e, no final do curso, com duração de quatro semestres letivos, incluindo estágio de um semestre letivo, obtêm um Diploma de Técnico Superior Profissional, com qualificação de nível 5, do Quadro Nacional de Qualificações. A prossecução de estudos para a Licenciatura e outros níveis académicos está prevista para os estudantes que, após concluírem este percurso, não pretendam um ingresso imediato no mercado de trabalho e queiram seguir no caminho do reforço da qualificação académica. No final de cada curso estarão aptos a contribuir para os novos desafios que se apresentam e prenunciam no setor, numa época em que a fileira da joalharia e ourivesaria vive mais um momento de reposicionamento e expansão na conquista dos mercados internacionais. Aliás, a procura cada vez mais acentuada por parte da indústria do setor reforça inequivocamente a necessidade de técnicos formados nestas áreas. É na qualificação que reside a força motriz deste setor em evolução, cada vez mais robustecido e capaz de responder competitivamente aos desafios da economia global e ao ritmo veloz desta era digital. O CINDOR mantém assim a sua missão, perpetuada há 36 anos, de não somente formar os recursos humanos da indústria como antecipar as necessidades e exigências dos mercados globais.


QUALIFICAR O SETOR DE OURIVESARIA

TO AO CLIENTE / DESIGN DE JOALHARIA / COMUNICAÇÃO / MARKETING / GESTÃO DE RECUSOS HUMANOS / PLANO D


32 ASSOCIADOS

FILGOLD A Filgold é uma empresa localizada em Póvoa de Lanhoso, especializada em ourivesaria portuguesa. A empresa do Minho cria peças com precisão, cuidado e com meticulosa atenção aos detalhes, inspirados na tradição e raízes da terra. Tudo começa com uma ideia, um pensamento, um desejo. Por isso, a equipa de design da Filgold está integrada na fabricação e estabelece as bases, mas todos contribuem com o seu próprio toque original. Os designers valorizam a tradição e continuam a acrescentar novos aspetos. Para a empresa o design inovador é uma missão importante, a forma é sempre trabalhada até à perfeição até que todos estejam satisfeitos com o resultado.

www.filgold.com

ARTE NOVA JEWELLERY A Arte Nova é uma marca de joalharia portuguesa, que nasceu em 2019. Apesar de recente, a história da marca começou muito antes, pelas mãos do avô da família, que em 1956 já se dedicava ao fabrico e criação de joias de prata e ouro. Hoje, o legado continua pelas mãos do neto Carlos Barbosa e Maria Dias, seguindo os mesmos valores de qualidade e rigor, mas apostando na criatividade, inovação e dinamismo. Maria Dias e Carlos Barbosa criaram a marca com o objetivo de trazer alguma frescura à tradicional ourivesaria portuguesa. A marca pretende mostrar, precisamente, uma arte nova de fazer joalharia portuguesa, com peças de design contemporâneo, mas assente nas técnicas manuais e repletas de detalhe. Em novembro de 2021, a Arte Nova Jewellery transitou do universo digital para o espaço físico, com a inauguração de uma loja showroom, em plena baixa portuense, onde apresentam coleções e promovem eventos. www.artenovajewellery.pt


33 ASSOCIADOS

CARLOS MOURA A Carlos Moura dedica-se exclusivamente a ensaios e fundição de metais preciosos. Desde 1905, a empresa dedica-se ao ofício seguindo as tradições familiares, passando por várias gerações, acompanhando sempre a evolução tecnológica e ambiental e mantendo critérios rigorosos. Carlos Moura aprendeu com o avô, José Morais, o gosto pela análise, tendo frequentado a Imprensa nacional – Casa da Moeda do Porto nos anos 80, onde fez exame para poder exercer a atividade de Ensaiador Fundidor de Metais Preciosos. Carlos Moura sucedeu o pai em 1990 e começou a modernizar o laboratório. Nasceu assim, em 2001, a firma Carlos Moura & Cª Lda., apostando hoje em aparelhos modernos e em tecnologia atual em ensaios a metais preciosos.

www.carlosmoura.pt

B E AT R I Z JA R D I N H A Apaixonada pela criatividade do design e pela herança do artesanato, Beatriz Jardinha estabeleceu o seu atelier homónimo em Lisboa onde desenha, confeciona e produz todas as peças à mão. Enquanto as gemas não polidas e as marcas deixadas pelas técnicas rudimentares de soldagem e forjamento invocam qualidades terrenas e ásperas para suas joias, o uso de símbolos evoca o celestial e o divino. Inspirada pelas viagens e aventuras, Beatriz Jardinha também tomou consciência da naturalidade com que diferentes culturas abordavam a beleza e a ornamentação. Com referências à mitologia, religião e esoterismo antigos, a autora utiliza o simbolismo não como forma de exaltar significados específicos, mas sim de transmitir a força desses emblemas duradouros e as memórias culturais e antropológicas associadas a eles. www.beatrizjardinha.com


34 SUGESTÕES

1

2

D I A D E C A R S T E N H Ö L L E R S I G N O S E F I G U R AÇ ÃO D E J OA N M I R Ó

Até 28.02.2022

Até 06.03.2022

Exposição no MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

Exposição no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

3

U M A N O PA R A C E L E B R A R O CENTENÁRIO DE JOSÉ S A R A M AG O Até 16.11.2022

Fundação José Saramago

O núcleo de obras de Joan Miró, propriedade da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, cedida ao Município do Porto e depositada na Fundação de Serralves, é composta por 85 obras e engloba pinturas, esculturas, colagens, desenhos e tapeçarias do famoso mestre catalão. A Coleção abrange seis décadas de trabalho de Joan Miró, de 1924 até 1981, constituindo assim uma excelente introdução à sua obra e às suas principais preocupações artísticas. A exposição acontece na sequência da conclusão das obras do projeto de recuperação e adaptação da Casa de Serralves, assinado pelo Arquiteto Álvaro Siza, que contou com o apoio da Câmara Municipal do Porto, nos termos do protocolo que define as condições de depósito da Coleção Miró em Serralves. As obras estão agregadas tematicamente, Esta exposição monográfica – DIA de Carsten Höller – reúne uma vasta série de obras que produzem luz e escuridão. Esculturas com lâmpadas, projeções e elementos arquitetónicos, que abrangem um período que vai de 1987, altura em que Höller ainda trabalhava como cientista,

tentando dar uma visão holística do percurso do artista. As várias salas abordam diferentes aspetos da sua arte: o desenvolvimento de uma linguagem de signos; o encontro do artista com a pintura abstrata que se fazia na Europa e na América; o seu interesse pelo processo e pelo

até aos dias de hoje.

gesto expressivo; as suas complexas respostas

Cerca de vinte peças, muitas delas especialmente

abordagem da colagem; o impacto da estética do

recriadas para a exposição, distribuem-se

ao drama social dos anos 1930; a inovadora sudoeste asiático na sua prática do desenho; e,

por todo o edifício num percurso organizado

acima de tudo, a sua incessante curiosidade pela

que entra em diálogo com o carácter espacial

natureza dos materiais.

Este novo ano assinala o centenário do nascimento do escritor português José Saramago, tendo as celebrações já iniciado em novembro de 2021. Consolidar a presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro, e prestar homenagem à sua figura como cidadão são objetivos das comemorações, cujos trâmites foram anunciados já em junho passado. O programa foi inaugurado na noite de 16 de

único de curvaturas orgânicas, limites estreitos

novembro pela escritora espanhola Irene Vallejo,

e volumes de dimensões e luminosidades

que leu o seu Manifesto pela Leitura, seguindo-

diferentes. Despido de qualquer estrutura de

se um concerto pela Orquestra Metropolitana de

suporte, sem recorrer a qualquer sistema de

Lisboa. Na aldeia da Azinhaga foi plantada a 99.ª

iluminação preexistente, o espaço é apenas

de uma centena de oliveiras e alunos de mais de

iluminado pelas próprias obras conduzindo o

uma centena de escolas portuguesas, espanholas,

público através de experiências multissensoriais

brasileiras e de outros países da América Latina,

de perceção alterada.

fizeram uma leitura, em simultâneo, do conto “A Maior Flor do Mundo”.

No âmbito da exposição, terá lugar o programa público Meditações a 7,8 Hz, com curadoria de Mariana Pestana, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Trata-se de um conjunto de performances e uma publicação em vinil que reúne contribuições de pensadores e compositores contemporâneos sob a forma de meditações, dando corpo a uma ressonância entre a Terra e o ser humano.

A edição de uma fotobiografia, cinco conferências comissariadas pelo escritor argentino Alberto Manguel, um Colóquio de Estudos Saramaguianos no Brasil, a edição de uma moeda comemorativa e um ciclo de cinema pela Cinemateca Portuguesa são apenas algumas das ações que assinalam as comemorações. Consulte todos os detalhes do programa do Centenário de José Saramago aqui.




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