JORNAL ABR MAIO JUN 2014
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IJL LONDRES 2014 Participação Coletiva
OURO PORTUGUÊS Celebridades
TOPÁZIO Tradição e Prata Reinventam-se
Portuguese Story Transportando os feitos do passado para a era moderna, a Monseo Jewels apresenta uma nova coleção BY Diana Vieira da Silva Portuguese Story evoca uma época de grande originalidade na arte e na arquitetura portuguesas. Esta coleção reinterpreta a geometria da abóboda da Igreja dos Jerónimos, obra exemplar da arquitetura portuguesa quinhentista. Obra de referência de um período marcado pelas influências das culturas mediterrânicas e islâmicas presentes na Península Ibérica e pela forte tradição da arte e arquitetura portuguesas.
CAROS COLEGAS, Neste período conturbado interessa, olhar o futuro. O risco das gerações mais novas é que não haja soluções com esperança, por isso temos que acreditar que produzimos beleza. A Ourivesaria é arte, inovação e desejo. O elogio ao bom gosto, ter ideias que transmitem momentos sem preço, é isso que temos que perseguir. Nesta edição do nosso jornal trazemos uma mão cheia de novidades. O segundo trimestre do ano revela um setor em movimento, empenhado em trazer brilho ao Mercado. A entrada da ourivesaria portuguesa nos mercados internacionais continua a ser o nosso maior desafio, e por isso centramos a nossa atuação no apoio concreto às empresas no cumprimento dessas ações. Os resultados deste objetivo aparecem agora, fruto de já vários anos de trabalho, e mostram uma ourivesaria em crescimento. Globalmente a ourivesaria portuguesa aumentou as suas exportações no último ano em cerca de 45%, diversificando os mercados de destino e pautando-se por uma evolução que parece ser sustentada. Assitimos a um reiventar das nossas empresas mais tradicionais e centenárias, definindo estratégias inovadoras e criativas, fintando os anos de declínio que atravessaram, como é o caso da Topázio. Damos palco também a novas empresas e designers, que catapultam o nome de Portugal para os palcos mais diversificados, ganhando prémios e orgulhando as nossas origens. Cá dentro, a associação inventa novas atividades de reforço do trabalho em rede entre empresas, com o Matchmaking em Ação. Tantas vezes as respostas aos desafios estão no saber do nosso vizinho, e a colaboração inter empresas é vital para o desenvolvimento setorial. Um especial destaque para mais uma ação de divulgação da nossa ourivesaria, das nossas empresas e do que melhor produzem na revista internacional Vogue Acessory, da qual levantamos um pouco do véu em especial para os nossos leitores, e que estará disponível para o mundo, em Setembro. Estas e um conjunto de outras temáticas de interesse fazem parte da nossa atividade em benefício da ourivesaria portuguesa. Nenhum futuro é bom se não soubermos valorizar o passado, tantos e tantos que fizeram peças de beleza intemporal. Não é novidade que o mercado de luxo nunca chega a entrar em crise, pois é símbolo de prazer, e o luxo não tem que ser caro! A extravagância e o bom gosto mantém-se em alta, assim se saiba apresentar uma ourivesaria com requinte, que surpreenda com cores e se transforme em joias de encantar. Neste período de férias que se aproxima, invistam tempo visitando museus, exposições, bebendo cultura e inspirando-se nos bons exemplos que grandes marcas produzem, trazendo novidade para a nossa Ourivesaria!
(Presidente AORP)
CONCEPÇÃO GRÁFICA
FOTOGRAFIA CAPA
Sílvia Silva Gabinete de Comunicação e Imagem da AORP silvia.silva@aorp. pt
Orlando Gonçalves Anel: Marco Cruz
PROPRIEDADE
EDITORIAL
AORP Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Por tugal geral@aorp. pt
AORP Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Por tugal
05 TENDÊNCIAS
VERÃO 2014
BRAGANZIA Braganzia é um projeto de joalharia por tuguesa inspirada no séc. XVIII e XIX. A ideia de personalizar/combinar várias peças numa só faz com que uma joia se transforme em muitas joias,e se adapte a cada ocasião do dia. www.braganzia.com
BRUNO DA ROCHA Anel prata 925 banhado a ouro
Joana Ribeiro Joalharia Anel Frutectum, prata e esmalte
MINUCIAS JOIAS Anel em prata plaqueada com zircónias cravadas
RAZZA JOIAS coleção Maria Anéis em prata 925 com banho de ouro rosa, pérolas e pedras quar tzo azul, verde e rosa
ROSARINHO CRUZ Anel “Marr y me flower?” Ouro 19,2 quilates, turmalinas e água marinha
ELEUTERIO JEWELS Colar em ouro 18 quilates e diamantes
06 DESIGNER NACIONAL
LIA GONÇALVES C OMO PONTO DE PAR TIDA O UNIVER SO: A GEOME TRIA E A JOALHARIA
Lia Gonçalves, natural de Viana do Castelo, é Mestre em Design de Produto e Licenciada em Joalharia, pela ESAD/ Matosinhos. Embora no seu percurso tenha começado por contactar com o mercado tradicional e, particularmente, com a indústria da filigrana, o seu trabalho baseia-se numa abordagem contemporânea à joalharia de autor, explorando linguagens que traduzem a preferência por uma estética minimalista e, ao mesmo tempo, a preocupação com questões ligadas à usabilidade da peça. Com um imaginário construído a partir de uma base clássica, mas fortemente influenciado por ideias e conceitos de vanguarda, procura criar joias com uma identidade mais pessoal, transitando entre joalharia e design, tradição e modernidade. Cruzando elementos orgânicos e referências geométricas, com técnicas que destacam, sobretudo, o processo manual, explora linhas simples e elementos mínimos, mas também
texturas e corrosões, propondo formas que a usuária pode, muitas vezes, recriar, reinterpretar e/ou personalizar. O foco das suas criações, que começa por estar no ‘eu’, procura assim implicar ativamente o ‘outro’, salientando o conceito relacional que estabelece os limites entre o corpo habitável e a própria joia. COLEÇÕES / INSPIRAÇÃO O universo é a origem e a nossa relação com ele representa uma parte de nós. Por isso, em 2010, quando começou a desenhar as primeiras peças, foi na observação dos céus e na beleza dos corpos celestes que a designer se inspirou para refletir a sua personalidade. Interpretando formas e trajetórias que caracterizam luas e planetas, tem vindo, desde então, a desenvolver várias coleções – Moon, Land, Corpos Celestes, Crateras e Movimentos, conjugando a linguagem es-
www.joalhariadeautor.com
tética da marca com um trabalho contínuo de pesquisa e experimentação técnica. Durante o processo de criação, conceito e modelação ganham sentido paralelamente; curvaturas, inflexões e encaixes amovíveis, que permitem a deslocação entre aros e fios, são usados, por exemplo, para simular o movimento descrito pelos planetas em torno do sol através de estruturas circulares, enquanto a modelação de ceras possibilita a reprodução de texturas em peças mais orgânicas, que tencionam retratar a morfologia dos relevos lunares. As coleções Lia Gonçalves são totalmente executadas em prata 925, simples ou adornada com zircónias, e dirigem-se a novos públicos, não apenas nacionais, apostando, ao mesmo tempo, na diferenciação do design e do processo artesanal.
07 DESIGNER NACIONAL
LIA GONÇALVES x MONORED SS14 LIA GONÇALVES APRESENTA COLEÇÃO CÁPSULA EM PARCERIA COM MARCA DE VESTUÁRIO BLEU 9 - 19 é o nome da coleção cápsula de joias criada pela designer Lia Gonçalves a convite da monored, marca de vestuário 100% portuguesa. A proposta, totalmente em prata, foi inspirada no temas da colecção de verão da marca, com o mesmo nome, baseando-se em referências arquitetónicas e elementos geométricos, nomeadamente linhas e formas circulares. Além de brincos, pulseiras, pregadeiras e anéis de traço minimal e construção simples, a coleção inclui ainda vários colares moduláveis, explorando, dentro de uma lógica relacional, a interpretação do conceito de (in)completo. A linha de joias é limitada e encontra-se à venda exclusivamente na design gallery Ivo Maia Designers, em Santa Maria da Feira. Tal como Lia Gonçalves, a monored é uma marca com atelier em Viana do Castelo, enquadrada no conceito “criador nacional”, apresentando um design dinâmico, contemporâneo e funcional.
monored SS14 / BLEU 9-19 imagem cedida por monored – todos os direitos reservados, monored 2014
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08 POPS 2013
09 ENTREVISTA
INSTITUTO PORTUGUÊS DE GEMOLOGIA
Entrevista José Baptista
Presidente do Instituto Português de Gemologia
A Associação Portuguesa de Gemologia – Instituto Gemológico Português é a única instituição portuguesa que faz certificação de gemólogos, habilitada na atribuição de títulos e graus de reconhecimento académico oficial. Rege-se por elevados padrões de qualidade, de forma a divulgar e promover de forma digna e credível esta área científica. Entre várias ações realizadas pelo Instituto, teve lugar em Lisboa no dia 23 de Janeiro a 5ª edição da iniciativa “Quanto vale o anel da sua avó?” Um evento gratuito e aberto ao público em geral, que teve como objetivo permitir a qualquer pessoa conhecer o valor do seu património, especialmente joias com diamantes e peças em prata. Isto acontece num momento em que o IGP alerta para o crescimento da entrada no mercado português de diamantes falsos e sintéticos.
Opinião sobre o estado atual do setor: O setor da Ourivesaria encontra-se um pouco combalido mas tem tratamento de cura através de formação e atualização permanente. Industriais e comerciais do setor deveriam apoiar ativamente os jovens criativos e os seus novos projetos. Gostávamos que nos fizesse um ponto de situação, passados 6 anos da abertura do IPG: Hoje somos, com certeza, um centro de informação, de formação e conhecimento de toda a realidade que envolve o mundo das pedras preciosas. Seremos ainda este ano certificados oficialmente pelo Btraining Consulting, pois conseguimos reunir todas as competências para podermos, com confiança, ser uma mais-valia para um setor ainda tão importante para o prestígio e economia nacional. Implementámos nestes últimos 6 anos Cursos
de Iniciação à Gemologia; Cursos de Diplomados em Gemologia; Cursos de Peritos da Graduação de Diamantes; Master de Corindos e Berilos e também Cursos de Pérolas para que os alunos definam o tipo de joia. Passaram pelo IGP cerca de 295 alunos aptos para se iniciem numa nova profissão visando principalmente micro ou pequenas empresas. Qual o nível de interesse dos portugueses neste ramo: O nível de interesse dos portugueses neste ramo é muito alto pois desejam ter novas experiências numa profissão que use metais nobres e pedras preciosas. Querem no fundo saber como tudo acontece. Sobre as ligas, técnicas e acabamento. Como atingir uma forma tão bonita a partir de uma lâmina de prata ou ouro. Como melhorar o aspeto e a beleza de uma pedra preciosa.
Principais objetivos e projetos do IGP: Divulgação da gemologia e a dignificação do setor através do saber e do saber fazer. O conhecimento, aliado a uma nova mensagem, cria sempre a admiração e respeito que o setor merece. Quais as atividades desenvolvidas para estimular o interesse e o conhecimento sobre a gemologia no nosso setor: Estamos presentes em eventos ligados a divulgação de gemas e minerais, difundindo e fazendo sentir a importância e a necessidade que esta disciplina tem na vida do setor. Criar ainda mais consciência aos profissionais sobre a importância de se atualizarem anualmente. Criámos o Dia do Gemólogo convidando os nossos alunos e antigos alunos a ter um dia de práticas de laboratório, recordando o que se esqueceram e tomando para si novos
www.igp.com.pt
conhecimentos. Promovendo visitas a Museus de História Natural e também divulgando e patrocinando visitas guiadas a eventos comerciais vocacionados para profissionais. Atividades previstas desenvolvidas pelo IGP: Promover novos cursos, nomeadamente sobre diamantes sintéticos; cursos de gemologia para crianças, criando desta forma o gosto pelo fantástico mundo das pedras preciosas. Promover a 1ª Exposição Internacional de Minerais nas cidades do Porto e Lisboa. Consolidar também parcerias sérias entre todas as Instituições credíveis do setor.
10 FEIRAS INTERNACIONAIS
FEIRAS INTERNACIONAIS 2014
Joya O evento mais importante de joalharia contemporânea vai acontecer no mês de outubro, na cidade de Barcelona. A JOYA, que vai na 6ª edição conta com a participação de artistas, escolas e coletivos selecionados por um jurado. O processo de decisão é bastante cuidado e criterioso; são analisados fatores como a criatividade, técnica, desenho e profissionalismo.
rias e outros eventos do setor. Nesta edição, Portugal e a AORP estarão mais uma vez presentes, tendo sido selecionados os seguintes designers: • Ana Pina • Bruno da Rocha • Gabriel Ribeiro • Joana Mota Capitão • Lia Gonçalves
Gabriel Ribeiro
A feira é mais do que um espaço de exposição é um evento destinado aos profissionais do setor mas também aberto ao público geral, o que permite aos designers trabalhar não só as oportunidades de negócio como uma relação mais próxima com o consumidor final. É uma plataforma nacional e internacional, alvo da curiosidade de um grande número de meios de comunicação e da colaboração com galewww.joyabarcelona.com
Durante quatro dias, de 5 a 8 de setembro, a Bijorhca em Paris será, pela 4ª vez consecutiva o palco da campanha de promoção, e da marca coletiva da ourivesaria portuguesa no internacional “Portuguese Jewellery Shaped with Love”. Esta participação da AORP, contará com a presença de destacados representantes da ourivesaria nacional: • Astorga Jewels • Marco cruz • Rare Jewellery • Mimata by Joana Mieiro • Joana Mota Capitão • Sara Maia Jewelry Craft A perceção geral de dinamismo e abertura internacional é reforçada
pelos dados fornecidos pela organização que indicam uma progressão de mais de 22% nos visitantes, alcançando um valor próximo de 15.000 nesta edição. Para além disso, conta com a presença acrescida dos principais países da União europeia e de alguns países extracomunitários como países do Médio Oriente e a Rússia. Portugal conta com uma das maiores comitivas de sempre num certame internacional estando em exposição nesta edição mais de 10 empresas portuguesas. www.bijorhca.com
Mimata
Bijorhca
IJL A AORP encontra-se a preparar uma nova participação internacional: a IJL – International Jewellery London, a ocorrer em Londres entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro.
Considerada como um local de encontro para a indústria da ourivesaria com alcance mundial, a IJL traduz um enorme potencial para encontrar o cliente certo para cada negócio.
A IJL é o mais importante evento de joalharia do Reino Unido que oferece uma visão exclusiva das tendências que irão continuar a conduzir o mercado de joias e relógios e que movimenta cerca de 4.9 milhar de milhões de libras.
A AORP, pela primeira vez participa nesta feira e pretende levar ao mercado britânico a herança artística e criativa do Made in Portugal. A representação portuguesa vai contar com as seguintes marcas:
Retalhistas e armazenistas deslocam-se à IJL, vindos de mais de 63 países, para comprar as últimas coleções. Esperam encontrar desde grandes marcas a novos talentos, sendo as principais áreas de interesse a prata, design, joias, diamantes e pedras preciosas. Torna-se um mercado potencial para servir de montra a novas e inovadoras coleções, para promover marcas, reforçar parcerias e desenvolver relações comerciais com o mercado britânico.
• Pekan Jewellery • Gabriela Styliano Jewellery • Rainbow Jewellery • Joana Mota Capitão • Mimata • Sara Maia Jewelry Craft
Esta feira realiza-se pela quinquagésima oitava vez, sendo que este ano irá ocorrer no Edifício Olympia, famoso pela deslumbrante arquitetura Vitoriana, magníficas galerias e telhado imponentemente ornamentado. É considerado o espaço perfeito para exposições, conferências e feiras.
www.jewellerylondon.com www.portuguesejewellery.pt
11 FEIRAS INTERNACIONAIS
JUBINALE 2014 www.jubinale.com
Participação Coletiva Portuguesa na Polónia No passado dia 5, 6 e 7 de junho, a AORP esteve presente na feira internacional Jubinale com uma representação portuguesa de marcas. Esta feira, a ter lugar em Cracóvia, a mais bonita das cidades, contou com a presença de 6 marcas portuguesas num stand coletivo de 49m2.
JUBINALE é um dos principais eventos da indústria de joalharia na Europa Central. A Feira oferece aos seus visitantes uma perspetiva única sobre as tendências de verão que na próxima temporada marcarão o mercado de joalharia polaco e europeu. Os expositores da feira são empresas polacas e estrangeiras – fabricantes, importadores, grossistas, designers de joias e indústria de relógios. Todos os anos um grande grupo de compradores vem da
Polónia e dos países da Europa Central, como a Eslováquia, a República Checa, Hungria, Ucrânia, Alemanha, Lituânia, Itália, Áustria e outros. Empresas portuguesas participantes na feira: . Astorga Jewels www.astorgajewels.com . Bruno da Rocha www.brunodarocha.com . Fernando Rocha Joalheiros www.frjoalheiro.pt . Patrícia Andrade www.patriciaandrade.pt . Rainbow Jewellery www.rainbowjewellery.pt
10 ARTIGO
13 OURIVESARIA FORA DE PORTAS
CORAÇÃO DE VIANA CELEBRIDADES COM OURO PORTUGUÊS Os corações de Viana, têm origem marcadamente religiosa. Na antiguidade clássica o coração representava o centro da vida, da solidariedade, fraternidade e amor, sendo estes os sentimentos mais salientes na vida dos santos, por isso eram representados com o coração fora do peito. Estes corações sublinhavam o calor do amor com as chamas que brotavam da parte superior, sendo esta parte uma estilização dessas mesmas chamas, por isso chamarem-se corações flamejantes. Apareceram em Portugal com o culto ao Sagrado Coração de Jesus e daí o povo gostar de o usar ao peito como símbolo sagrado, com formas mais simplificadas. Podem ser em chapa (opados e ocos), filigrana ou chapa abatida e gravada.
Gualberto Boa Morte
Segundo se julga saber os corações mais antigos eram em chapa, opados e ocos com aplicações de filigrana,
representando, motivos religiosos e florais. O coração que mais vingou na ourivesaria portuguesa, é o coração em filigrana. Feito com os mais variados desenhos. Não há traje de Viana que não seja complementado com um coração. Muitas são as personalidades portuguesas que já são adeptas desta joia. Desde há cerca de 6 anos a artista plástica Joana Vasconcelos, não dispensa o seu lindo e grande coração de ouro em filigrana na maioria das suas apresentações em todo o mundo. Com a participação da Câmara Municipal de Viana e do respeitado ourives Manuel Freitas, foi criado há cerca de três anos um estojo com um coração para a fadista Katia Guerreiro oferecer a certas individualidades dos países que visita. Em boa hora o grande empresário Mário Ferreira se lembrou de oferecer à atriz americana Sharon Stone o nosso lindo coração que com a mediatização do seu uso fez crescer a procura não só dessa joia, mas também doutras da Ourivesaria Tradicional Portuguesa dentro e fora de portas! As senhoras Portuguesas e não só, que sigam o exemplo de Joana Vasconcelos, Katia Guerreiro, Joana Amendoeira e das saudosas artistas Beatriz Costa e Amália Rodrigues. E que lindas ficam!
14 ESPAÇO ASSOCIADO
Tradição e Prata que se Reinventam História, tradição e manufatura podem ser as melhores palavras para descrever os 140 anos de existência da empresa que deu nome à marca Topázio. Uma das mais antigas e emblemáticas empresas produtoras de artigos em prata no panorama nacional e internacional volta a mostrar, contrariando algumas das tendências que se têm observado, como a prata pode ter valor e como tem mercado nos dias de hoje. Media como o jornal Expresso ou a revista Marketeer afirmam esta nova Topázio como um bom exemplo de mudança estratégica para alcançar o sucesso. A Topázio, à semelhança da maioria das empresas do setor da ourivesaria, assentou desde sempre, a sua administração na tradição e nos valores passados entre gerações. No entanto, analisando as alterações do consumo, as dinâmicas empresariais e de mercado, a marca forçou-se a reagir às circunstâncias e percebeu que modernidade e mudança teriam de fazer parte de uma nova estratégia, de modo a recuperar a competitividade e força de outrora, no mercado. Nos últimos anos, na verdade, o setor vivenciou verdadeiras revoluções que se mostraram ameaças fortes para a ourivesaria, nomeadamente alteração nas tendências, nos hábitos de consumo e no poder de compra. Os consumidores, em particular no nosso país, viram a disponibilidade financeira a diminuir, o que influenciou diretamente à diminuição do consumo das pratas decorativas. Além disto perdeu-se o hábito da compra de peças como reserva de valor e sentido de algum investimento. No ano de 2000, as vendas da Topázio, líder de mercado, atingiam os 15 milhões de euros, e a fábrica empregava cerca de
300 trabalhadores. Doze anos depois, a Topázio registou uma diminuição significativa nas vendas e passou a ter cerca de 80 colaboradores. Estas circunstâncias abalaram os resultados da empresa e fizeram repensar toda a estratégia da marca. O ano de 2012 torna-se assim o ano da revigoração. A Topázio muda a administração, a estratégia e enfoca o trabalho na Marca, como ativo principal da empresa. Internacionalizar, maximizar a utilização da capacidade produtiva e inovar foram definidos como pilares fundamentais do novo rumo da marca, e isso revelou-se aposta ganhadora. A internacionalização e a capacidade produtiva foram combinadas. Para além da Topázio comercializar os próprios produtos, encontrou uma necessidade no mercado que se revelou estimulante e à qual respondeu aplicando o seu conhecimento, força produtiva e manufatura de qualidade para desenvolver projetos de outros clientes, tanto no mercado interno como externo, atravessando vários setores como a moda, decoração, restauração, etc. Esta orientação posicionou rapidamente a marca entre os fabricantes Europeus de produtos premium de prata. Rodando o mapa mundo, a Topázio, que outrora era presença assídua nas principais feiras setoriais, voltou a participar em certames internacionais e apostou sobretudo em feiras como a Maison et Objet em Paris, a Ambiente em Frankfurt ou Dubai Design Days. Na manga estão preparadas novas participações em mercados como o Brasil e EUA. Estas medidas conquistaram resultados notáveis, com as vendas a crescer 18%, correspondendo a um aumento de 27% para o mercado internacional e um aumento de produção de 300%.
A relação com o consumidor final não podia ser esquecida. Era importante que a notoriedade da marca fosse cuidada, mostrando a sua vivacidade e presença alargada no mercado. Assim a Topázio inovou na sua comunicação. Alargou a gama de produtos com novos lançamentos e aproximou-se do consumidor através da desmistificação da utilização da prata. Conseguiu voltar a transmitir valores centrais como o requinte, tradição e glamour. Por um lado passou a comunicar como podem ser utilizados e combinados os produtos em prata, dando enfoque também à área dos produtos e técnicas de limpeza e manutenção das pratas. Para reforçar a notoriedade junto do consumidor a Topázio apostou na comunicação below the line; renovou o seu site, criou novos conteúdos no Facebook, Pinterest e alguns eventos. Como uma fénix, a Topázio participa e cria agora eventos, como a apresentação dos tradicionais brincos de filigrana à rainha, na última edição do Portugal Fashion, em parceria com a TM Collection by Teresa Martins ou o evento Pratas no Palácio, no Palácio do Estoril, que contou com a criatividade de 13 decoradores portugueses. Os desafios que agora enfrenta a marca passam por crescer dentro dos diferentes setores que alcançou, entre moda, decoração, arquitetura e tailor made e caminhar mais alto, tornando a Topázio, enquanto marca, reconhecida a nível internacional. Pelas mãos de Gabriel Ferreira Marques, um dos sócios fundadores da empresa, foi criado o Grémio dos Industriais de Ourivesaria, atual Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal.
Uma reflexão sobre Comunicação em relação a marcas de Joalharia, (ou seja Luxo), dada a importância que a Comunicação tem na criação de Valor e também, como suporte na expansão que o setor deseja, a nível internacional.
www.topazio.pt
16 NOTÍCIAS
17 ESPAÇO ASSOCIADO
Curiosidades: A Topázio é propriedade da Ferreira Marques & Irmão, uma empresa fundada em 1874 na cidade do Porto, por Manuel José Ferreira Marques. Estreou-se no mercado internacional na década de 60 na Feira de Hannover.
TOPÁZIO NO PORTUGAL FASHION A Topázio participou na última edição do Portugal Fashion com a TM Collection by Teresa Martins, através dos seus brincos de filigrana em prata e prata dourada. As criações da estilista foram inspiradas nas tradições portuguesas e o desfile foi acompanhado com uma atuação da fadista Adriana Queiróz. No final os convidados foram surpreendidos com a participação de um grupo de rancho folclórico.
Ambientes Topázio
Ambiente criado Arq. Dino Gonçalves Foto: João Bessone
Exposição - Pratas no Palácio Hotel Palácio Estoril
Ambiente criado Arq. Dino Gonçalves Foto: João Bessone
18 NÚMEROS DO SETOR
Números do Setor A OURIVESARIA CONVENCE COM UMA CAPACIDADE EXPORTADORA CRESCENTE
A CAPACIDADE EXPORTADORA CRESCENTE As exportações de produtos manufaturados somaram mais de 68 milhões de dólares, no final de 2013, valor que representa um avanço inter-anual de 43% relativamente a 2012. Neste período, foi ainda registado um incremento geral de 7,4% nas importações. Em 2013, os artefactos de joalharia e suas partes (de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos) constituíram o motor das exportações produtivas na ourivesaria. Todas as categorias produtivas apresentaram uma considerável melhoria, tendo-se registado um incremento geral das exportações “produtivas” de $20,61 milhões de dólares, relativamente ao ano anterior. A miragem criada pela venda avulso de peças e matérias-primas usadas parece ter alcançado o seu auge em 2012, tendo-se registado avultadas descidas nos valores das exportações durante 2013. A maior parte das categorias não produtivas atingiram no fim do ano transacto os valores de 2010. Será preciso esperar pelos resultados de 2014 para perceber se a tendência se mantém e se normaliza nos valores anteriores a 2009. A ourivesaria portuguesa demonstrou uma capacidade exportadora crescente. Em geral, reconhece-se um melhor comportamento do mercado com um incremento nas importações e um desenvolvimento importante nas vendas ao exterior de produtos criados e produzidos em Portugal.
Dinamismo das exportações produtivas e controverso decréscimo das não produtivas Todas as partidas produtivas (ver quadro da página seguinte) apresentam uma visível e contundente melhoria, registando-se um incremento nas exportações “produtivas” de 43%.
EXPORTAÇÕES
Partidas produtivas ourivesaria 7113/7114/7115/7116/7117 Evolução (2004-2013) apresentam mais 20,8% de vendas. As Outras obras de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos (7115) contam com 10,1% mais de vendas internacionais.
A partida 7113 (artefactos de joalharia e suas partes, de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos) continua a constituir o motor das exportações produtivas. Regista um incremento de 55,5% de vendas para fora entre 2012 e 2013, atingindo os $40,11 milhões de dólares em 2013. O comportamento das Bijutarias de metais comuns, mesmo prateados, dourados ou platinados (7117), também melhora, com mais 36,9% de exportações. Os artefactos de ourivesaria e suas partes, de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos (7114)
De destacar, que a miragem criada pela venda avulso de peças e matérias-primas usadas parece ter alcançado o seu auge em 2012, tendo-se registado avultadas descidas nos valores das exportações não produtivas durante 2013.
EXPORTAÇÕES - Partidas produtivas 7113/7114/7115/7116/7117 PORTUGAL - Evolução (2012 e 2013)
19 NÚMEROS DO SETOR
DESTINOS DA OURIVESARIA PORTUGUESA
Mais destinos para os produtos de ourivesaria nacionais Transparece uma progressiva desconcentração geográfica das exportações. A lista de países encontra-se em expansão com novos mercados destino das vendas nacionais. Embora com valores por vezes pequenos, isto mostra um dinamismo crescente no setor e na procura constante de novos horizontes. Entre os países de destino das vendas destaca-se a França, que concentra 29,5%das exportações, seguida pelos Estados Unidos (17,5%), e pela Espanha em 3º lugar com 17,1%. Seguem-se a Suíça e Angola com uma concentração de exportações de 14,6% e 14,2%, respetivamente. Para as classificadas como exportações “produtivas” o mercado destino que concentra mais vendas é o espanhol (23%), seguido de perto pelo francês (20,5%). Também se destacam os valores registados pelos Estados Unidos da América (10,8%), pela Suíça (9,7%) e Angola (9,4%). Estes cinco mercados concentram perto de 75% das exportações “produtivas” (73,5%). Outros países que demonstram uma abertura para os produtos portugueses são a Polónia com 2,9% das exportações, Geórgia com 2,3%, Reino Unido com 2,1%, Alemanha com 1,4%, entre outros...
ranking principais paises destino das exportações “produtivas“ ourivesaria portugal (2015) Espanha
23,00%
França
20,55%
E.U.A.
10,83%
Suiça
9,73%
Angola
9,39%
Itália
4,08%
Código Partida
Polónia
2,98%
7112
Georgia
2,31%
Reino Unido
2,16%
Alemanha
1,46%
Emirados Árabes Unidos
0,69%
Arábia Saudita
0,67%
Filipinas
0,67%
Canadá
0,65%
Noruega
0,60%
Colômbia
0,51%
Marrocos
0,37%
Kuwait
0,45%
Luxemburgo
0,41%
7113
7114
7115 7116
7117
Detalhe Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos, e suas obras; bijuterias; moedas. Artefactos de joalharia e suas partes, de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos. Artefactos de ourivesaria e suas partes, de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos. Outras obras de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos. Obras de pérolas naturais ou cultivadas, de pedras preciosas ou semipreciosas ou de pedras sintéticas ou reconstituídas. Bijuterias de metais comuns, mesmo prateados, dourados ou platinados.
Códigos dos produtos transacionáveis segundo a classificação EuroStat
20 NÚMEROS DO SETOR
CIBJO CONGRESS 2014 Moscovo, Federação Russa
O organizador da edição de 2014 do congresso da CIBJO, que decorreu de 19 a 21 de Maio, foi o Russian Jewellery Guild, uma organização que congrega diversas empresas do ramo, num país onde existe relevante volume de produção de matérias primas, em especial ouro, platina, diamantes e pedras de cor, mas também onde se regista crescimento tanto do setor de manufatura como no consumo, em especial nos produtos de gama mais elevada. A CIBJO - Confederação Mundial de Joalharia, de que a AORP é representante oficial de Portugal, tem nestes congressos anuais que têm lugar nas mais variadas partes do Mundo, inclusivamente no Porto, em Portugal, na sua edição de 2011, a sua reunião magna onde, para além da singular plataforma de contactos que proporciona aos delegados internacionais e, destes, com os delegados nacionais do país anfitrião, serve para discutir e aprovar as questões de relevo que, durante o ano, vão sendo alvo de aturado estudo pelas comissões de trabalho designadas para os devidos efeitos.
Cerimónia de Abertura A CIBJO - Confederação Mundial de Joalharia, é uma organização que reúne associações setoriais nacionais de dezenas de países, assim como instituições de reconhecido prestígio e grandes corporações internacionais. Na organização da CIBJO, existem várias setores onde os delegados em congresso debatem os temas mais atuais e das suas áreas, a saber: Setor 1 (Indústria/Tecnologia/ Metais Preciosos), Setor 2 (Distribuição) e Setor 3 (Materiais Gemológicos, Trade e Laboratórios).
A Cerimónia de Abertura do congresso contou com a presença de personalidades mundiais, tanto do setor como da política e dos direitos humanos, e com uma assistência bastante significativa onde mais de uma centena de delegados internacionais representantes do setor nas suas mais variadas vertentes, se juntaram membros da comunidade local, entre joalheiros, diamantários e demais profissionais da indústria num total de 300 participantes, o que é de assinalar. As honras da abertura couberam ao ministro das finanças russo, Anton Siluanov, que sublinhou a importância da CIBJO no setor como promotor da confiança do consumidor, das boas práticas, em particular no que concerne às matérias de responsabilidade social e corporativa. No seu discurso, referiu que se está a legislar sobre diamantes e pedras preciosas em geral e que as normas e regulamentos da CIBJO, tal como expressas nos Livos Azuis (CIBJO Blue Books), podem ser incluídos na proposta de lei em discussão. Desconhecem-se ainda os contornos desta lei e a sua abrangência, mas haverá certamente
interesse em conhecer os seus contornos gerais tão pronto esteja aprovada e em vigor. No discurso de abertura do presidente da organização, Dr. Gaetano Cavallieri, foi reforçado o âmbito global da confederação e a abertura que tem que se implementar para que um crescente número de membros do setor, da menor à maior escala, possam ter acesso à organização. O caráter globar e integrador da organização foi, assim, invocado. Em destaque, todavia, registou-se a preocupação da CIBJO em, não só insistir, mas também promover, na adoção de políticas empresariais de responsabilidade social e corporativa, apelando a todos os membros do setor a colocar como prioridade tais matérias. Alertou ainda os participantes para a crescente tendência de determinados agentes do mercado agirem junto de governos e centros de decisão na procura e no lobby de certas matérias do seu interesse. O seu carácter particular não será, assim, representativo do setor como um todo, quer regional quer globalmente, salientando que a CIBJO ao congregar as associações nacionais do sector nos seus vários níveis da cadeia de distribuição, será o fórum próprio para a centralização dessas matérias
e, com maior força e sustentabilidade, as fazer chegar aos decisores políticos. A questão dos metais de conflito, tal como são definidos pela ONU, foi levantada chamando-se a atenção para o perigo de legislação desadequada e desprovida de aplicabilidade no terreno. Deu-se o exemplo do Dodd-Frank Act nos EUA que acabou por fazer diminuir as remessas de ouro de determinadas regiões, apenas porque, ainda que legais e em conformidade com os princípios de desejável civilidade, se tornaram uma complicação para as firmas norte-americanas, acabando estas por procurar alternativas. O Presidente da CIBJO foi claro em reafirmar que uma das vítimas da legislação menos adequada acabe por ser a própria população que se quer, em primeira análise, proteger com a lei, relembrando que a CIBJO é uma Organização Não-Governamental com estatuto consultivo especial no ECOSOC (Conselho Económico e Social das Nações Unidas). Na União Europeia, a CIBJO fez-se ouvir nesta matéria no âmbito da legislação que o Parlamento Europeu irá produzir, à semelhança do Dodd-Frank Act nos EUA, no sentido de minorar os dados colaterais indesejáveis e contraproducentes nas questões da luta contra os metais de conflito. Ficou patente nos discursos de
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abertura que a CIBJO está a reforçar e a fortalecer a sua liderança como organização onde as matérias humanitárias, de justiça social e ética são inalienáveis e constituem o seu grande objetivo na transformação do setor a nível mundial. Como confederação setorial mundial de todo um sector em que está representada toda a cadeia de distribuição, deste a mineração até ao retalho, a CIBJO posiciona-se cada vez mais como voz ativa e considerada junto dos decisores políticos onde se legisla nas matérias de interesse para o setor e em observância com os valores que presidem ao ECOSOC.
TRABALHOS DAS COMISSÕES Diamond Committee A ameaça dos diamantes sintéticos no mercado esteve por detrás das matérias faladas nesta comissão onde houve bastante participação, apesar da aparentemente reduzida taxa de resoluções aprovadas. A distinção clara, ao nível da nomenclatura, do diamante natural do que é produzido em laboratório, foi uma questão bastante realçada, apesar de, com as regras actuais, tal matéria já estar salvaguardada. Será a preocupação dos diamantários que o seu produto natural seja destacado dos demais que, cada vez mais, proliferam pelos mercados mundiais e em dimensões que vão dos mais pequenos (melée) aos maiores (já acima de 1 quilate). Estas matérias irão claramente ser notícia e alvo de grande atenção por parte de todos os membros do setor, pois a mais importante gema da joalharia, o diamante, tem que manter os desejáveis níveis de confiança junto do consumidor. A alteração do nome do livro azul do diamante para simplesmente “The Diamond Book” foi aceite. Gemmological Committee Foi aqui levantada uma interessantes
questão relativamente à nomenclatura e descrição de cores nas pedras de cor. Não obstante até agora certas expressões comerciais, tais como “vermelho sangue-de-pombo”, não serem aceites e consideradas como rigorosas e aceitáveis pela CIBJO e pela maioria dos laboratórios gemológicos, existe por parte de alguns agentes do setor, designadamente o GIA, a vontade de as considerar como válidas. Foram apresentados argumentos para defender esta alteração, assim como a definição destas expressões de cor junto de pedras padrão. Haverá desenvolvimentos nesta matéria controversa nos tempos mais próximos. Uma matéria interessante que foi também discutida tem a ver com uma variedade de opala, o hidrofano, que aumenta de volume e peso após imersão em água. Estas opalas, que procedem, designadamente, da Etiópia, carecem assim de cuidados particulares por parte dos seus utilizadores, tanto na manufatura como junto do consumidor final, pois o aumento de volume pode implicar a danificação da pedra quando, por exemplo, está cravada. Marketing and Education Committee As questões do carbono associadas ao setor foram o tema principal da reunião onde a firma britânica Carbon Expert exortou os participantes a criarem mecanismos para a monitorização das suas emissões de carbono no sentido de se alinharem estratégias para a sua redução. Foram dados exemplos no setor dos produtos de luxo, tendo-se apresentado as campanhas de marketing dessas empresas onde o caráter “amigo do ambiente” está fortemente em destaque. Políticas de redução de emissões de carbono têm que ser acompanhadas com estratégias de comunicação ao consumidor para se obter o duplo benefício que lhes está associado: melhor ambiente e maiores receitas. Foi também apresentado um recente modelo da gigante Tiffany & Co que
tem promovido a exploração sustentável de pérolas de cultura e corais. No alvo desta estratégia ambientalista estão as gerações mais novas onde estas matérias são de particular importância.
descrições falsas e citações enganosas, e encontrar soluções legais para os resolver de forma eficiente.
Trade Show Committee
O assunto em destaque na comissão de metais nobres foi o Dodd-Frank Act nos EUA associada aos metais de conflito. Visto que na União Europeia será brevemente publicada legislação no mesmo sentido, foram aqui conhecidos os efeitos adversos e grande confusão que, nos EUA, esta lei tem provocado, tentando-se aqui reunir argumentos para, junto do Parlamento Europeu, a CIBJO prevenir tais efeitos.
No segundo ano de trabalhos da Comissão de Feiras Setoriais a questão da responsabilidade social e corporativa foi o centro do debate. O envolvimento das feiras do setor na promoção destes valores, tal como a CIBJO os defende, é crucial na difusão destas matérias pelas empresas que, pelo mundo fora, participam em certames desta natureza. Foi sugerido que a CIBJO crie seminários e eventos de divulgação sobre matérias de responsabilidade social e corporativa para serem promovidos e realizados nas feiras, dando visibilidade a estas matérias. Ethics Commitee O tópico principal de discussão em comissão foi a publicidade. A observância de boas práticas nesta vertente tão visível e relevante do setor é fundamental para a promoção da confiança do consumidor, um dos objetivos nucleares da CIBJO. Foi salientada a necessidade de promover e erradicar a publicidade enganosa em especial nas plataformas on-line e nas redes sociais, já que ao nível do retalho tais práticas são neste momento menos preocupantes. Terá que ser feito um esforço para identificar os problemas, designadamente as
Precious Metals Committee
As questões do níquel também foram debatidas visto que a diretiva da UE de 1998 está a ser substituída pela de 2011. Foi sugerido que os membros da CIBJO apelem aos seus organismos nacionais reguladores para suspenderem temporariamente o apêndice primeiro da EN1811:2011 da atual diretiva. Foi também pedido que se considerem os produtos presentes no mercado até 31 de Março de 2013 como em conformidade com os regulamentos, evitando-se a remoção destes da cadeia de distribuição com todos os efeitos adversos e custo que daí advém. Uma proposta para a aceitação de ligas de platina 600‰, tal como está a ser incitado pela indústria relojoeira mundial, foi colocada em cima da mesa, mas não discutida.
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MATCHMAKING EM AÇÃO COMUNICAR (NÃO HÁ) ESPAÇO PARA LIGAÇÕES FRACAS NA OURIVESARIA EM PORTUGAL MATCHMAKING EM AÇÃO CONCENTRA AS ATENÇÕES EM MAIO
23 MATCHMAKING
A 28 de Maio aconteceu o “Matchmaking em Ação”. O evento teve lugar na sede da AORP e contou com a dinamização do coacher Filipe Carrera, e com a presença de Raquel Araújo (representante da AEP) e de empresas. Esta iniciativa foi o culminar de uma das intervenções promovidas no seio da AORP (integrada no Programa Formação PME), mas que resultou de vários projetos levados a cabo com vista ao mesmo fim, o de abrir o setor a novas possibilidades e fazer as empresas do setor aproximarem-se, interagirem e estabelecerem parcerias entre elas. O Matchmaking é o processo para fazer corresponder as expectativas de duas (ou mais) pessoas ou entidades, com a finalidade de as juntar e/ou compatibilizar. É um conceito amplamente utilizado e que se encontra em voga no mundo dos negócios, e que foi experimentado neste evento. Fátima Santos realizou a abertura dos trabalhos, salientando, entre outros aspetos, que o conhecimento e reconhecimento de competências, e a identificação de capacidades e de necessidades, entre as empresas associadas da AORP, e também entre outros intervenientes interessados, permitirá a rentabilização recursos e beneficiará os negócios. Raquel Araújo, como representante da AEP, entidade promotora do Programa Formação PME, defendeu que a responsabilidade social deve ser considerada um importante ativo das empresas e que todas o devem promover. Filipe Carrera deu o mote para a importância do networking nos negócios (que terá que acontecer para que o Matchmaking se concretize). Com a sua intervenção despoletou uma atitude proativa entre os participantes recorrendo a dinâmicas de networking. À medida que foi apresentando as vantagens da partilha, do intercâmbio e da proatividade, nos negócios e na vida, o especialista frisou as boas razões para sair da zona de conforto e fortalecer o networking e expandir a rede de contatos: - Promoção fácil e acessível - Acesso à informação - Realização / valorização individual - Incremento de competências e de competitividade - Acesso a novo conhecimento - Potenciar o negócio Disse também como criar oportunidades de networking: detetando necessidades e capacidades nas pes-
soas que conhecemos; dando-nos a conhecer; tomando a iniciativa; conversando com a pessoa ao lado, estando presente, e exercitando estas ações, em eventos sociais, voluntariado, formação, conferências, etc. O networking permite fazer mais com menos recursos. E assim sendo, é uma ferramenta de alavancagem social. Mas, para resultar implica empenho e atitude de networker, estar disponível para partilhar com a rede o nosso conhecimento, experiência e amizade, pois somos humanos e não máquinas interligadas. Seguidamente, os participantes foram encaminhados para uma atividade no espaço de networking café, destinado especialmente aos encontros empresariais. E o Matchmaking aconteceu. Diversas empresas presentes e alguns outros intervenientes interessados (por exemplo freelancers da área do design) trocaram necessidades e disponibilidades no sentido de colaborarem futuramente. Esta iniciativa irá, assim, ser a base para o desenvolvimento de uma dinâmica e uma rede operacional baseada na partilha e confluência de recursos e competências, na qual as práticas de intermediação e os encontros são essenciais. E não se esqueçam! Saiam da “zona de conforto” e… apostem nas “ligações fracas”.
24 NOTÍCIAS
alcino SILVERSMITH
eleuterio
Lançamento da coleção de joias ‘FADO BY ALCINO’ HOTEL INTERCONTINENTAL
Descoberta do Luxo e Modernidade na Filigrana
A Alcino Silversmith promoveu o lançamento da coleção de joias inéditas dedicadas ao fado: “FADO BY ALCINO”, que teve lugar no Hotel Intercontinental Porto – Palácio das Cardosas, no dia 19 de Junho pelas 17h30. No evento foi servido um Porto de Honra, Dona Antónia Reserva, houve o patrocínio da Sogrape e do Clube de Vinhos Enoteca, e cantou-se o fado, em homenagem ao património imaterial da humanidade! A ourivesaria a reinventar-se.
No passado dia 17 de junho, tendo como mote a descoberta do luxo e modernidade na filigrana, Travassos na Póvoa de Lanhoso, foi palco de um agradável convívio na sede da marca de alta joalharia portuguesa Eleuterio. Com objetivo de reforçar a parceria com Olindo Moura, distribuidor oficial para Portugal da marca, este evento contou com a presença de algumas das mais importantes joalharias do país. A promoção da imagem atual da marca e a preparação de futuros
pontos de venda foi levada a cabo neste encontro, visto pela Eleuterio como fundamental, para que todos os presentes, tivessem informação sobre a filigrana nos dias de hoje, presenciando uma mostra com todos os passos do processo da manufaturação desta técnica. Sendo esta uma aposta da marca, a Eleuterio pretende investir e aumentar a área de produção manual da sua oficina. Com um rebranding da marca recente, esta também foi uma das novidades desta casa de luxo, que apresentou no seu showroom, as suas mais aclamadas coleções bem como a mais recente, Lace. Sendo maioritariamente as suas vendas direcionadas para os mercados internacionais, este cocktail, veio intensificar a sinergia com o mercado nacional.
25 NOTÍCIAS
o ouro maciço reinventado Investigador da Universidade do Minho desenvolveu uma técnica de fundição que faz com que as peças de ourivesaria fiquem mais leves e resistentes.
RELATÓRIO E CONTAS 2013
Contas sãs, mostram gestão sustentada no sentido do desenvolvimento dos seus negócios. Persistindo nesta senda da implementação de uma exploração sadia e compatível com os fins estatutários, foi possível em 2013 continua a alcançar os objetivos de dinamização do tecido empresarial, com resultados positivos. A utilização mais intensa de toda a estrutura associativa possibilitou a dupla concretização de apoio à modernização do setor através da execução de ações junto dos empresários participantes nas atividades A meio do exercício do novo mandato dos órgãos sociais que gerem a AORP (2012/2015), a grande nota é a de que se afirma sustentado o equilíbrio financeiro alcançado no ano de 2012. A assembleia geral de 30 de maio foi unânime na aprovação das contas do exercício, mais uma vez salientando o bom trabalho desenvolvido. Quando todos os indicadores exteriores se apresentam desfavoráveis, e o contexto económico é dos mais críticos, a AORP com políticas de gestão muito rigorosas e realistas, trabalha em contra ciclo, e apresenta soluções às empresas do setor que lhes permite reunir e executar um conjunto de medidas
desenvolvidas, ao mesmo tempo que a absorção dos custos estruturais permitiram a rentabilização da exploração. Por esta via se lutou e se contrariaram os ventos adversos que ainda assolam a economia em geral e que criam o ambiente depressivo que a todos nos afeta. As ações de incentivo desenhadas e implementadas no âmbito desses programas, constituíram a oportunidade de facilitar a caminhada. O relatório e as contas estão disponíveis no site da AORP em www. aorp.pt para consulta dos interessados. www.issuu.com/aorp
Peças em ouro mais baratas. Como? Tornando-as menos pesadas. Filipe Samuel Silva, professor na Universidade do Minho, desenvolveu uma técnica que, na prática, retira o interior da peça e substitui-o por uma espuma porosa em rede, que pode assemelhar-se a um osso. Para se ter uma ideia, os ossos são densos por fora, mas internamente têm uma estrutura porosa, idêntica a um favo de abelha, que é resistente e leve. É basicamente, o que é feito com as peças de ourivesaria que - através de uma técnica de fundição - ficam mais leves, mas mantêm a resistência. O investigador da Universidade do Minho explicou que “a nossa ideia é, no ouro, retirar-lhe o interior da peça”, mas dado que esta não pode ficar oca - pois pode entrar em colapso - é colocada uma estrutura de células tipo esponja. Com esta “estrutura interna, a que nós chamamos uma estrutura de células, conseguimos retirar à peça toda entre 30% a 60% do peso”. No entanto, “com essa estrutura interna a peça mantém a resistência interna, mantém a resistência mecânica e fica muito mais leve”. “A parte exterior é ouro e a parte estrutural e interna também é ouro”, acrescentou. Este projeto arrancou há dois anos e está ainda numa fase de registo de patente. “Submetemos a patente a nível internacional e o processo, digamos, está desenvolvido. Agora estamos a tentar aplicar em algumas peças porque temos de ter geometrias específicas para fazer a aplicação”, afirmou. Apesar disto, Filipe Samuel Silva apontou que têm tido “dificuldades em transferir isto [técnica de fundição] para as nossas empresas de ourivesaria”. Entre os obstáculos que enfrentam está o facto de as empresas do setor serem pequenas e ainda terem uma grande capacidade exportadora. Além disso, como muitas ainda estão mais voltadas para o mercado interno, estas empresas não querem apostar muito na inovação tecnológica, pelo menos enquanto não perceberem como vai reagir o consumo. Para a ourivesaria esta técnica foi desenvolvida porque “o preço do ouro subiu muito”. Mas esta técnica pode ser aplicada igualmente noutros setores, como a aeronáutica e o automóvel. O princípio utilizado é o mesmo.
26 TREND ALERT
vogue accessory + portuguese jewellery SNEEK PEAK EDIÇÃO DE SETEMBRO Nunca antes a Ourivesaria portuguesa teve tanto destaque nos media internacionais como agora. De novo, a AORP produz mais um editorial de moda para ser, desta vez, publicado na revista Vogue Acessory, com uma distribuição à escala mundial. Um trabalho exaustivo de seleção de peças de empresas portuguesas e de combinação de coordenados que resultou num trabalho que estará nas bancas em finais de Agosto. Este lançamento virá mesmo a tempo da reentré pós férias, onde as nossas empresas lançam as coleções para o segundo semestre do ano nas feiras setoriais dos mais diversificados países. A campanha “Portuguese Jewellery Shaped with Love” mostra-se assim de novo, promovendo a oferta portuguesa no internacional, catapultando as nos-
sas marcas para a esfera global e afirmando Portugal como país de produção exímia e design inovador na Ourivesaria. Esta atividade de promoção encontra-se inserida no projeto “what´s coming next”, apoiado pelo sistema de apoio às ações coletivas (SIAC). Toda a campanha poderá ser visualizada na revista Vogue Acessory, edição de Setembro à venda nas bancas no próximo mês, mas também brevemente na plataforma digital: www.portuguesejewellery.pt Fotografia: Orlando Gonçalves Peças: Leiteira - Alcino Silversmith | Anel - Joana Mota Capitão | Pulseira: Patrícia Gorriz
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