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EUA apertam regras às companhias de shipping Drewry prevê terminais mais congestionados
EUA apertam regras às companhias de shipping
O Congresso dos EUA prepara-se para atualizar as leis que regulam o mercado do shipping, apertando o controlo das companhias de navegação. Dois congressistas, um democrata e outro republicano, apresentaram no Congresso dos EUA uma proposta de Ocean Shipping Reform Act, que visa adaptar as leis do setor à nova realidade, em defesa dos exportadores norte-americanos e contra os alegados abusos das companhias de navegação internacionais. “Um verdadeiro mercado tem de ser justo e previsível. Infelizmente, as companhias de navegação estrangeiras não estão a ser, nem justas nem previsíveis, e é tempo de mudar isso”, justificou o congressista republicano. A legislação em vigor remonta a 1998, mas nesse tempo, lembrou Dusty Johnson, as dez maiores companhias de shipping controlavam uma quota de mercado de 12%, e hoje controlam 80%, em termos de volume. A proposta legislativa assenta, no essencial, em três pilares: impõe requisitos mínimos para os contratos (não pode haver recusas injustificadas para transportar as cargas), reforça o controlo público e a transparência (autoriza a FMC a iniciar investigações por sua iniciativa, propõe medidas anti-retaliatórias e transfere o ónus da prova para os transportadores) e institui procedimentos autónomos para a verificação das práticas de Detention & Demurrage. A motivar mais esta iniciativa política dos responsáveis dos EUA estão as queixas de importadores e exportadores, industriais e agrícolas, sobre o aumento do preço dos fretes e a indisponibilidade de navios e contentores para carregarem as suas mercadorias. Pelo lado das companhias marítimas, o World Shipping Council (WSC), com sede em Washington, já criticou as iniciativas, sustentando que as dificuldades das cadeias de abastecimento estão generalizadas e que, por isso, não é justo, nem lógico, tentar atacar o problema regulando apenas um dos intervenientes no processo, no caso os transportadores marítimos. Recorde-se que, em julho, o presidente dos EUA ordenou à FMC que tomasse todas as medidas necessárias para proteger os exportadores dos altos preços impostos pelas companhias marítimas. E em junho, a Casa Branca anunciou a criação da Supply Chain Disruptions Task Force, liderada pelos responsáveis governamentais do Comércio, dos Transportes e da Agricultura e encarregue de reunir com os stakeholders para diagnosticar os problemas e propor soluções.
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Drewry prevê terminais mais congestionados
Com o crescimento do tráfego a superar o aumento da capacidade, a Drewry prevê um aumento da taxa de utilização dos terminais de contentores, com o risco de maiores congestionamentos. Nos próximos anos, a capacidade instalada nos terminais de contentores deverá crescer a um ritmo anual de 2,5%, até atingir os 1,3 mil milhões de TEU, em 2025, prevê a Dewry no seu Global Container Terminal Operators Annual Review and Forecast. A nova previsão representa uma revisão em alta da estimativa feita há precisamente um ano. No mesmo período, a consultora antecipa que o transporte marítimo de contentores cresça a um ritmo médio de 5% ao ano. Conclusão: a taxa de utilização dos terminais de contentores deverá subir dos atuais 67% para a casa dos 75%. O que nem é dramático, em termos gerais, concede Eleanor Hadland, autora do relatório, citada no comunicado emitido a propósito, mas deve preocupar quando se pensa nos problemas de congestionamento que muitos portos e terminais já hoje enfrentam, em resultado dos desequilíbrios nos fluxos e dos entraves nas cadeias logísticas. O aumento da capacidade dos terminais nos próximos anos deverá resultar sobretudo da ampliação e modernização de instalações existentes, estima ainda a Drewry, segundo a qual os projetos de raiz não são muito atrativos para os operadores globais. A automatização e digitalização de processos, para acelerar os fluxos dos contentores e dos navios são, cada vez mais, apostas dos operadores portuários, acrescenta a consultora.