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Eduardo Feio Presidente das administrações do Porto de Aveiro e do Porto da Figueira da Foz

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Portos de Aveiro e da Figueira da Foz têm um papel central no apoio ao crescimento económico das suas regiões

Em entrevista à Revista APAT – a primeira desde que assumiu a presidência das administrações portuárias de Aveiro e da Figueira da Foz -, Eduardo Feio fala dos objetivos imediatos da sua ação, com destaque para a melhoria das condições de navegabilidade e a transição energética e digital.

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APAT - Como encara este novo desafio, agora à frente de dois portos? Eduardo Feio - Com muito entusiamo. A nova administração está fortemente motivada e o sector portuário é fundamental para o desenvolvimento da economia nacional, onde a inovação está cada vez mais presente. Os portos de Aveiro e da Figueira da Foz têm tido um papel central no apoio ao crescimento económico e na melhoria da qualidade de vida das

…prioridades centramse na implementação e desenvolvimento de projetos nas áreas da transição energética e digital, bem como na melhoria das condições de navegabilidade

C regiões que polarizam. São portos com fortes ligações ao sector industrial, que queremos potenciar a par do aprofun M Y damento das outras dimensões portuárias existentes como a pesca e a náutica de recreio. CM Queremos ainda continuar a apostar no desenvolvimento MY dos portos como plataformas logísticas e de inovação forCY temente integradas, de forma sustentável, nos territórios onde se inserem. CMY

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APAT - Que prioridades para este primeiro mandato, para Aveiro e para a Figueira da Foz? Eduardo Feio - As prioridades centram-se na implementação e desenvolvimento de projetos nas áreas da transição energética e digital, bem como na melhoria das condições de navegabilidade da Figueira da Foz e de Aveiro. A implementação do projeto do terminal Intermodal da ZALI do Porto de Aveiro é outra prioridade.

APAT - Não receia que o aumento dos preços, fruto da atual conjuntura, atrase, ou mesmo comprometa, a realização de alguns investimentos? Desde logo, a melhoria das acessibilidades marítimas na Figueira... Eduardo Feio - Vivemos uma era de grande turbulência em que o novo normal é caraterizado por um nível de imprevisibilidade elevado. Contudo, no que respeita aos investimentos na acessibilidade marítima da Figueira da Foz é um processo em curso que iremos desenvolver. Como referimos, uma das prioridades para esta administração é a da melhoria das condições de navegabilidade da Figueira da Foz e de Aveiro.

Queremos (…) continuar a apostar no desenvolvimento dos portos como plataformas logísticas e de inovação…

…transitários são cada vez mais atores centrais na construção de soluções logísticas mais sustentáveis e na promoção da intermodalidade…

APAT - Aveiro está a investir na digitalização (por ex. com o projeto 5G) e na descarbonização (por ex. com a Prio). É para continuar? E na Figueira da Foz? Eduardo Feio - A digitalização e a descarbonização da economia, em particular dos portos, são processos que tendem a acelerar pela necessidade de dar resposta a questões prementes da atualidade, como sejam as alterações climáticas e a escassez de energia, agravada pela guerra na Europa. Estes desafios implicam investimentos iniciais avultados, em particular, no domínio das infraestruturas elétricas, produção de energias renováveis, redes de comunicação, sensorização e desenvolvimento de suportes informáticos que permitam a gestão eficiente e inteligente das operações portuárias, atividades e serviços. Em concreto, o Porto de Aveiro aprovou, em fevereiro de 2021, a sua Estratégia para a Transição Energética, em que são definidas as metas de redução das suas emissões para 2030, 2040 e 2050, bem como apontadas as principais linhas de ação e de investimento necessárias à respetiva concretização. A Administração Portuária tem, obviamente, estado a trabalhar, em estreita colaboração com a Comunidade Portuária, no desenvolvimento dos projetos, estando já garantido financiamento para parte destes investimentos, a executar até 2026. Paralelamente, estão em curso algumas iniciativas piloto, baseadas em memorandos de entendimento e provas de conceito, com vista ao desenvolvimento de soluções inovadoras em ambiente portuário, tais como a otimização do fluxo de carga/descarga de mercadorias (tecnologia 5G), a passagem de nível automatizada 5G, bem como a utilização de biocombustíveis em embarcações e equipamentos portuários de movimentação de carga. Outras ações de inovação, em parcerias nacionais e europeias, irão arrancar ainda este ano, com especial destaque para a análise dos efeitos das alterações climáticas e exposição ao risco e respetiva implementação de um sistema de gestão de alertas para eventos extremos (meteorológicos) no Porto da Figueira da Foz. Iremos continuar a desenvolver estes projetos bem como a identificar novas iniciativas que possam potenciar ao máximo a digitalização e descarbonização da atividade portuária.

APAT - Com o crescimento de Aveiro é razoável pensar numa evolução para mais concessões? Eduardo Feio - Só o Terminal Sul está concessionado e presentemente existem três operadores de estiva licenciados que ocupam o mesmo terminal (Norte). Presentemente, nesta fase de início de mandato, estamos a analisar os estudos existentes sobre o modelo de operação portuária.

APAT - Que papel poderão ter os Transitários no desenvolvimento dos dois portos e no alargamento dos seus hinterlands? Eduardo Feio - Os transitários são cada vez mais atores centrais na construção de soluções logísticas mais sustentáveis e na promoção da intermodalidade envolvendo os portos, por via da transferência da carga da rodovia para a ferrovia, bem como na utilização de veículos de transporte que utilizem combustíveis “verdes”, contribuindo assim para o esforço de descarbonização rumo à neutralidade carbónica.

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