Entre Lembranças e Fotografias: A experiência do projeto Cestas da Memoria

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Entre lembranças e fotografias A experiência do projeto Cestas da Memória


Prefeito de Belo Horizonte Marcio Araujo de Lacerda Presidente da Fundação Municipal de Cultura Leônidas José de Oliveira Diretor do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte Yuri Mello Mesquita Coordenação da Série O Arquivo e a Cidade Helena Guimarães Campos Yuri Mello Mesquita Texto Mônica Cecília Costa Colaboração Alessandra Pires Fonseca Macedo Joanna Guimarães Fernandes Juliana Versiani Haueisen Estagiários Raione Lucas Pedrosa Suellen Alves de Melo Thiago Henrique Costa Miranda Revisão Conrado Moreira Digitalização dos Documentos Thiago Henrique Costa Miranda Projeto gráfico e diagramação José Augusto Barros Fotografias Acervo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte Ficha catalográfica Rafaela de Araújo Patente Impressão e encadernação (APCBH) Maria Cruz Ferraz A772 Thais Marcolino dos Santos Entre lembranças e fotografias – a experiência do Projeto Cestas Apoio da Memória / Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura; Arquivo Público da Cidade Gráfica da Prefeitura de Belo Horizonte de Belo Horizonte, v. 2, 2016.

60 p.: 21 cm. - (série o arquivo e a cidade). Produzido pelo Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. ISBN: 978-85-64559-07-3 1. Belo Horizonte (MG) – História. 2. Educação Patrimonial 3. I. Fundação Municipal de Cultura. II. Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. CDD 981.51


Entre lembranças e fotografias A experiência do projeto Cestas da Memória

Fundação Municipal de Cultura Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte Belo Horizonte 2016


A todos os voluntários que nos permitiram vislumbrar uma parte da história da cidade através de seus olhos, nosso mais sincero agradecimento. A todos os gestores, técnicos e estagiários que participaram da implementação e execução deste projeto, com dedicação e comprometimento, nosso reconhecimento e respeito.


Apresentação Em 2016 comemoramos o aniversário de 25 anos do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH) da Fundação Municipal de Cultura. Como parte dessa comemoração, foi criada a Série de publicações O Arquivo e a Cidade. Essa Série tem como objetivos divulgar o APCBH, seu acervo e as metodologias criadas ou adotadas pela instituição para a implementação da política de gestão de documentos no município e para o tratamento e o acesso aos documentos. A Série também incentiva e valoriza a produção intelectual dos funcionários do APCBH, além de estimular os diferentes setores da instituição a sistematizarem seus métodos de trabalho. Abarcando uma diversidade de temas como metodologias de trabalho, projetos institucionais e o acervo do APCBH, a Série conta com o lançamento de dois exemplares anuais integralmente impressos em equipamento próprio do APCBH. Nesse primeiro ano da Série O Arquivo e a Cidade, temos a satisfação de entregar à comunidade duas publicações: uma destinada ao público infantojuvenil e outra sobre um projeto institucional que tem no idoso o seu elemento principal. Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte – A Cartilha do Cidadão foi o primeiro volume da Série, voltado para o público infantojuvenil, notadamente para aquele que visita o APCBH e participa de seu projeto de educação patrimonial. Estabelecendo um forte diálogo com a área da Educação, essa publicação considera os principais interesses e necessidades desses estudantes: a ampliação do conhecimento sobre os documentos e a história da cidade e o estudo sobre a cidadania.


Entre lembranças e fotografias – A experiência do projeto Cestas da Memória é o segundo volume da Série que tem como tema o projeto desenvolvido pelo APCBH desde 2003. O projeto Cestas da Memória é focado nas contribuições da participação voluntária dos idosos. Em sessões do projeto que ocorrem sempre às sextas-feiras, os idosos ajudam a identificar fotografias do acervo institucional, contribuindo imensamente para a preservação da memória local e para o estreitamento dos laços entre a administração pública e a sociedade belo-horizontina. Mais do que apresentar um histórico desse projeto, essa publicação traz considerações sobre os documentos arquivísticos e as especificidades dos documentos fotográficos, voltando-se então para uma apreciação da participação espontânea dos idosos no projeto Cestas da Memória. Uma preocupação evidente na obra é a de difundir a metodologia construída para a organização das sessões do projeto Cestas da Memória, assim como para o tratamento dos dados nelas levantados. Também é lembrada a repercussão do projeto e o seu reconhecimento como modelo de política pública cultural capaz de promover a inclusão e a cidadania dos idosos. Com o lançamento dessa Série e desse volume, esperamos fortalecer o papel de destaque do APCBH como referência para outros municípios e instituições interessadas em implantar ou incrementar uma política de gestão documental. E mais: esperamos que a população belo-horizontina conheça melhor a política cultural de seu município e possa, cada vez mais, perceber a relevância do APCBH para assegurar seus direitos de cidadania. Leônidas Oliveira Presidente da Fundação Municipal de Cultura


O Cestas da Memória desde 2003 contribui para a descrição do acervo fotográfico do APCBH, mas vai muito além disso. O projeto estimula a participação da comunidade nesse processo e proporciona a formação e a capacitação de técnicos da instituição. Por isso é motivo de grande orgulho escrever a apresentação dessa publicação parte da série “O Arquivo e a Cidade”, lançada em 2016, ano em que o Arquivo completa 25 anos. Pretendia fazer um texto impessoal e institucional, mas nesse caso é impossível. Minha trajetória profissional foi marcada pelo Cestas e por todos os seus participantes. Entrei no Arquivo como estagiário, quando ainda cursava meu segundo ano de graduação e, em 2007, fui designado para trabalhar com o acervo fotográfico e com o projeto Cestas da Memória. Rapidamente fiquei encantado com a riqueza das fotografias do Fundo Assessoria de Comunicação Social do Município, acervo praticamente inédito até então. Enquanto realizava minhas tarefas diárias, o grande volume de fotos de canos de distribuição de água, de implementação de redes de esgoto e de canalização de rios me chamou atenção no acervo. Isso mostrou a relevância do tema saneamento básico na prefeitura no período 1950-1979. Além das fotografias, as conversas com os convidados e com os técnicos me instigaram a ir além, a pesquisar o tema saneamento básico no município em diversas fontes. Assim, construí minhas pesquisas acadêmicas a partir do acervo fotográfico do APCBH e do programa Cestas da Memória. Além disso, toda a minha trajetória no Arquivo se confunde com o Cestas. Como estagiário, como contratado de projetos, como funcionário terceirizado e como diretor, sempre estive próximo ao projeto de alguma forma. Por tudo isso, tenho enorme carinho pelo trabalho aqui desenvolvido e por todas as pessoas que passaram pelo Cestas da Memória. Tenho convicção que esses voluntários oferecem ajuda primorosa para a preservação da história do nosso município. São fontes riquíssimas para sabermos como a administração pública funcionava nos seus bastidores, as nuances do dia a dia político e tudo aquilo que a PBH queria mostrar (e que queria esconder também) é contado por essas pessoas que reservam suas sextas para contribuir com o Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte.


Entre as conversas, os casos de bastidores, as piadas, os boatos, os escândalos, os relatos das mudanças que a cidade sofreu, o Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte conseguiu muito mais do que descrever seu acervo fotográfico, foi possível entender a estrutura da Prefeitura a partir daqueles que dedicaram anos de suas vidas trabalhando, morando e convivendo na capital mineira, que se tornou metrópole e foi marcada por uma série de transformações nesse processo. Muito obrigado a todos os envolvidos no Cestas da Memória desde 2003 e longa vida ao projeto.

Yuri Mello Mesquita


Sumário APRESENTAÇÃO.............................................................................. 5 INTRODUÇÃO ................................................................................10 OS DOCUMENTOS ARQUIVÍSTICOS .............................................12 A FOTOGRAFIA...............................................................................16 Aspectos gerais da fotografia na municipalidade ......................20 A fotografia no APCBH ................................................................. 23 O PROJETO CESTAS DA MEMÓRIA .............................................. 28 Os voluntários ............................................................................... 30 Fluxos do projeto .......................................................................... 38 REGISTROS DO PROJETO ............................................................. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 54 REFERÊNCIAS ................................................................................ 56


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Introdução O Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH) tem por finalidade recolher, divulgar e preservar os documentos de guarda permanente produzidos e recebidos pelo Poder Executivo municipal, além dos documentos privados de interesse público. Também guarda parte da documentação do Legislativo municipal, por meio de convênios firmados. Esse órgão surge como “instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elemento de prova e informação” (BELO HORIZONTE, Lei nº 5.900, 1991). Deve-se destacar que o APCBH se origina na estrutura administrativa como uma instituição eminentemente cultural, haja vista sua inserção inicial na Secretaria Municipal de Cultura e, mais tarde, na Fundação Municipal de Cultura. Nesse sentido, durante toda sua existência desenvolveu atividades culturais em paralelo às suas funções de gestão, guarda e preservação documental, com importantes projetos que visam estabelecer um diálogo entre a Instituição e a sociedade. Esta publicação apresenta um desses projetos, o Cestas da Memória. Desde 2003 ele ocupa papel de destaque no APCBH devido à importante missão de identificar e descrever parte do acervo fotográfico da instituição, a fim de ampliar seu acesso. Para tal, conta-se com o trabalho voluntário de idosos, já que muitas fotografias lhe são contemporâneas. Inicialmente, a obra dedica-se a caracterizar o documento arquivístico, buscando perceber como a fotografia se enquadra nessa categoria. Os significados da fotografia e as formas como ela foi compreendida durante sua história revelam-se amplos e complexos.


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Assim, buscou-se caracterizá-la de forma geral, com levantamento de algumas questões relevantes, além de promover um breve apanhado da produção fotográfica na municipalidade, com destaque para a atuação da Assessoria de Comunicação Social do Município e para o trâmite percorrido por esses registros no APCBH. A partir de então, abordou-se o Cestas da Memória, o contexto de sua criação, objetivos, metodologia e a avaliação de seus resultados práticos. Por se tratar de uma iniciativa de sucesso, que superou as expectativas iniciais, é imperativo compartilhar essa experiência, tanto para reconhecer o trabalho de todas as pessoas envolvidas nela, como para que ela possa se tornar referência para outras instituições, que podem se inspirar e adaptar a ideia as suas necessidades.


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Os documentos arquivísticos


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Documento é qualquer unidade de registro de informação, independentemente de sua natureza, conteúdo, forma, formato ou suporte. Inclui textos escritos, obras de arte, objetos de uso cotidiano, pinturas corporais, lendas e mitos, enfim, tudo que registra a ação humana. A partir desse conceito, considera-se que os documentos produzidos e recebidos por pessoa ou família, entidade coletiva, pública ou privada, no exercício de suas funções são documentos arquivísticos. Os documentos, ao serem produzidos, possuem valor primário para aqueles que os criaram, sendo que esse valor pode ser administrativo, fiscal ou legal. Nessa fase eles apresentam alto potencial de uso e são armazenados próximos de seus produtores ou custodiadores, nos chamados arquivos correntes. Com o passar do tempo, pode ser que esse potencial se reduza, mas que, por motivos legais, por exemplo, esses documentos não possam ser eliminados. Assim, o ideal é que eles sejam transferidos para outros espaços, os chamados arquivos intermediários. Nessa fase os documentos aguardam sua destinação final, ou seja, eliminação ou guarda permanente. Esta última ocorre quando os documentos apresentam valores diferentes daqueles pelos quais foram criados, conhecidos como valores secundários, que podem ser o valor informativo e o valor probatório. Nesse caso eles não podem ser eliminados e devem ser recolhidos ao arquivo permanente. Os documentos pertencentes a uma instituição pública são recolhidos ao arquivo público da esfera e poder nos quais ela está inserida, que será o responsável por preservá-los e disponibilizá-los à população.


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As fotografias de diferentes épocas da Praça Rui Barbosa (Praça da Estação) e do seu entorno evidenciam mudanças e permanências nesses locais relacionadas com diferentes setores da vida social. Pavimentação da Avenida dos Andradas, no trecho próximo à Praça Rui Barbosa. 22/04/1963. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Marcos Lima Horta. Praça Rui Barbosa. Meados do século XX. Estação Ferroviária junto à Praça Rui Barbosa. 19/06/1979. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Marcos Lima Horta.

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É importante ressaltar que os documentos não passam necessariamente por todas essas fases. Pode ser que do arquivo corrente eles já sejam eliminados ou mesmo recolhidos ao arquivo permanente. Os prazos das fases corrente e intermediária, bem como a destinação final, são estabelecidos por meio da avaliação documental, que deve ser feita no momento da produção dos documentos. Essa é a base para a elaboração da tabela de temporalidade, que aprovada pela autoridade competente, apresenta os prazos de guarda e a destinação final dos documentos. A fotografia é um exemplo de documento arquivístico. Produzida em órgãos públicos principalmente por motivos administrativos, ela é capaz de provar e informar, já que apresenta uma imagem fixa de determinado tempo. Acompanhada de outros registros de um conjunto documental, sua capacidade de comprovação torna-se mais evidente. As fotografias, a partir da avaliação documental, podem ter a guarda permanente definida. Assim, ao serem recolhidas aos arquivos demandam que tais instituições desenvolvam metodologias de trabalho adequadas para o tratamento e recuperação de suas informações, devido às diversas possibilidades que oferecem à pesquisa.


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A fotografi a


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A fotografia surgiu no início do século XIX, no contexto dos avanços tecnológicos propiciados pela Revolução Industrial. Sua invenção permitiu a criação de imagens por meio da impressão da luz sobre compostos químicos. O processo mecânico de formação dessas imagens colaborou para o entendimento inicial da fotografia como reflexo da realidade e, por isso, detentora de ampla credibilidade. A capacidade de registrar possibilitou à fotografia, ao longo dos anos, o reconhecimento como um documento empregado para as mais diversas finalidades. Ela aparece como nova forma de disseminação de informações, conhecimentos e expressão artística. Portadora de múltiplos significados, permitiu mostrar imagens de guerras, cidades, paisagens e povos, tornando-se parte do cotidiano. No entanto, deve-se ressaltar que a fotografia é apenas uma representação do real, motivada pela escolha do fotógrafo ou pela necessidade de um contratante. O alvo do registro fotográfico é apenas um fragmento de um todo, uma seleção consciente realizada pelo fotógrafo. Nesse sentido, a subjetividade está presente em todas as fotografias, desde o que é retratado, passando pelas tecnologias empregadas, até mesmo a disposição visual dos elementos presentes na imagem. O fotógrafo, portanto, realiza a primeira interpretação das fotografias que produz. Depois, cada observador poderá fazer uma nova leitura, segundo os usos que lhe interessam, podendo inclusive ser diferente da intenção no momento de sua criação. Dessa forma, as imagens são a expressão de várias construções que se materializam no enquadramento da foto e significam o abandono de todo o resto da cena que não foi incorporado ao retrato.


18 • Entre lembranças e fotografias O compromisso da fotografia é com o aparente das coisas. A fotografia é certamente um registro do visível; ela não é, nem pretende ser, um raio X dos objetos ou das personagens retratadas. Seu fascínio reside exatamente aí, na possibilidade que oferece à pesquisa, à descoberta e às múltiplas interpretações que os receptores dela farão ao longo da História. (KOSSOY, 2002, p. 143)

APCBH/ASCOM

Após a concretização dos registros, as fotografias podem seguir caminhos diversos, dependendo do que motivou sua produção. Presentes em álbuns de família, processos judiciais, publicações, exposições e acervos de instituições, se configuram como importantes testemunhos visuais de uma época. Fontes relevantes para se conhecer o passado devido ao seu potencial de preservação da memória, as fotografias colaboram para evitar o esquecimento.


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 19 As fotografias podem assegurar a lembrança de fatos ou de paisagens, assim como podem testemunhar a existência de uma edificação que foi demolida. Prefeito Amintas de Barros visita obras no Bairro Padre Eustáquio. À esquerda: Prefeito Amintas de Barros (camisa clara e gravata). 1959 - 1963. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo técnico Yuri Mello Mesquita. Viaduto da Floresta. 28/07/1966. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Marcos Lima Horta.

APCBH/ASCOM

Demolição de casa na Avenida João Pinheiro, esquina com Rua Timbiras. Fevereiro de 1970. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Marcos Lima Horta.

“Muito triste. (...). Tem umas fotos que eu vi aqui de uma casa, (...) e aqui tem a foto da sequência da destruição da casa. (...) Na Rua Timbiras com Avenida João Pinheiro. É triste você vê uma coisa dessa, e ainda ser fotografado (...). Devia se espelhar em cidades (...) que conseguiram desenvolver mantendo seu patrimônio (...).” (HORTA, 2015)


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Aspectos gerais da fotografia na municipalidade Em âmbito municipal, as fotografias foram produzidas por diferentes órgãos da administração pública ao longo dos anos. Tal fato é percebido pela análise dos organogramas e da legislação que definem a estrutura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Entretanto, deve-se destacar que nem sempre a atividade fotográfica teve existência oficial, regida por lei, apesar de presente no cotidiano. Um exemplo disso foi a Comissão Construtora da Nova Capital, da qual sobreviveram registros fotográficos, embora não haja, no decreto de 1894 que a organiza, menção a um Gabinete Fotográfico. Conforme foi possível averiguar por meio de pesquisa, ao longo do tempo, áreas como administração, educação e cultura desempenharam formalmente a função de produzir fotografias. É possível que em alguns momentos tal atribuição coubesse ao Gabinete do Prefeito, junto às atividades de relações públicas e assessoramento. De 1953 a 1968 existiu a Divisão de Documentação e Estatística, ligada ao Departamento de Administração, a qual incluía a Seção de Microfilmagem e Fotografia. Em lei de 1957 referente à aprovação do quadro de pessoal no serviço público, encontra-se descrito o cargo de fotógrafo e a natureza do seu trabalho. Trabalho técnico que consiste na tomada, revelação e reprodução de fotografias em geral. Abrange trabalhos de microfilmagem e fotocópia, bem como serviços de reportagem fotográfica. A orientação é prestada antes do início de cada tarefa, sendo de natureza técnica apenas quando se trata de serviço estranho à rotina. A revisão é realizada por superiores, tendo em vista a qualidade do material apresentado. (BELO HORIZONTE, Lei nº 620, art. 6º, anexo II)

Após alterações da estrutura administrativa em dezembro de 1967 surge a Seção de Microfilmagem, Fotografia e Plastificação, ainda subordinada à Divisão de Documentação e Estatística, que nesse momento faz parte do Departamento de Atividades Auxiliares da Secretaria Municipal de Administração. Ela permanece até agosto de 1970, quando é definitivamente extinta. A Seção de Microfilmagem e Fotografia sempre é citada em depoimentos de antigos servidores, alguns deles ex-fotógrafos, ao serem indagados sobre a produção das fotografias na esfera municipal. Segundo eles, além dos eventos, muitos documentos também eram fotografados como forma de registro.


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 21 Diversos fotógrafos que atuaram na administração pública municipal participam como voluntários de sessões do projeto Cestas da Memória. Luiz de Souza, fotógrafo da Prefeitura de Belo Horizonte. 1966.

APCBH/FMC

Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 25/07/2014. Da esquerda para a direita, na primeira mesa: 1ª Juliana Versiani Haueisen (técnica); 2º Luiz de Souza (voluntário); 3ª Maristela Teixeira de Oliveira (voluntária, em pé, de blusa vermelha).

“Há muitas fotografias que eu fiz no acervo. Mas é difícil identificar tudo. São mais de 50 anos... mas na medida do possível vou colaborando. (...) As minhas fotos eu descobri que existia aqui no programa. Foi um choque quanto me mostraram. Uma surpresa.” (Souza, 2014)


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Acompanhar e registrar as atividades do Prefeito é uma das atribuições dos fotógrafos oficiais. Inauguração de asfalto da Avenida Antônio Carlos. Da esquerda para a direita, próximos à faixa: 1º Engenheiro Levínio Castilho; 2º Governador José Francisco Bias Fortes; 3º Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira; 4º Prefeito Celso Mello de Azevedo. 1956-1959. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Theódulo Amaury da Matta. Prefeito Sousa Lima recebe Misses na Prefeitura. Ao centro: Prefeito Luiz Gonzaga de Sousa Lima. 1967-1971. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Theódulo Amaury da Matta.

APCBH/ASCOM

Em 1983 foi criada a Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, que tinha como competências planejar, coordenar, executar e controlar os trabalhos de cobertura jornalística da administração pública municipal. Esse órgão foi substituído pela Assessoria de Comunicação Social do Município (ASCOM) em 1992 e a legislação que a institui menciona a atividade de cobertura e distribuição de material jornalístico. Em 2001 uma nova legislação especifica as competências das gerências e subníveis que compõem a ASCOM, sendo a cobertura fotográfica explicitada como parte dos trabalhos de sua Gerência de Redação e Publicações. Ela permanece na estrutura administrativa após novas alterações, sendo composta pela Gerência de Atendimento à Imprensa, Gerência de Edição de Fotografia e Gerência de Coordenação Fotográfica. Esta é responsável por registrar os eventos, programas, projetos e ações promovidas pelos órgãos da administração municipal, além de executar as pautas fotográficas definidas pelas Gerências de Coordenação de Redação e de Atendimento à Imprensa. Atualmente a ASCOM é uma das maiores produtoras de fotografias na municipalidade, com importante papel no registro da história local.


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A fotografia no APCBH

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Desde sua criação o APCBH preserva documentos nos mais variados formatos e suportes recolhidos nos órgãos municipais ou recebidos por meio de doações. As fotografias são parte expressiva desses registros documentais que desde 1993 vêm sendo ampliados pelos recolhimentos, em especial da ASCOM. As fotografias que compõem o acervo da instituição revelam importantes aspectos da administração municipal e da cidade de Belo Horizonte ao longo dos anos; por isso são bastante consultadas, dadas as mais diversas possibilidades de pesquisa, como demonstrar a evolução urbanística da cidade; os eventos realizados; os meios de transporte característicos de cada época; as transformações da moda, entre tantas outras. A Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo da Administração Direta da Prefeitura de Belo Horizonte estabelece que os documentos fotográficos produzidos e recebidos pelos órgãos públicos do município são de guarda permanente, ou seja, após cumprirem os objetivos pelos quais foram criados devem ser recolhidos pelo APCBH.


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As fotografias do acervo do APCBH contribuem para a percepção das mudanças ocorridas no espaço urbano e na sociedade belo-horizontina. Feira de Artes e Artesanato de Belo Horizonte, na Praça da Liberdade. Novembro de 1973. Trólebus no Viaduto Santa Tereza. 1962. Moradores de rua debaixo do Viaduto Santa Tereza. Ao fundo: Serraria Souza Pinto. Maio de 1955. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Marcos Lima Horta.


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Ao serem recolhidas as fotografias são higienizadas, ordenadas, acondicionadas e identificadas pelo Departamento de Gestão de Documentos. Em seguida são encaminhadas à Divisão de Arquivos Permanentes, responsável por inseri-las em um fundo ou coleção, descrevê-las e armazená-las nas áreas de guarda que, devido às especificidades de seu suporte documental, são ambientes climatizados, com controle de temperatura e umidade. Caso necessitem de algum tipo de intervenção com vistas à preservação elas são enviadas à Divisão de Conservação e Reprodução de Documentos. Por fim, são disponibilizadas a qualquer cidadão na Sala de Consultas. Nem sempre as fotografias chegaram ao Arquivo em condições adequadas. Isso se explica pela criação e extinção de vários órgãos na estrutura administrativa municipal, responsáveis pela cobertura fotográfica dos eventos antes da criação da ASCOM. Esses documentos eram, com frequência, remanejados entre as unidades, sofrendo perda de informações relevantes e danos causados pelas formas inadequadas de acondicionamento. Além disso, a prática da gestão de documentos, na qual há uma preocupação com a preservação dos registros durante toda sua existência, ainda é uma política relativamente recente nas administrações públicas. A fotografia é capaz de registrar detalhes que talvez não fossem possíveis serem retratados por meio de um texto escrito, tamanha a riqueza de expressão da imagem. Porém uma fotografia sem identificação de data, local ou pessoas perde parte de seu significado e, assim, a cidade perde um pouco de sua história.

Ao longo do tempo, o tratamento dado aos documentos públicos do município passou por muitas mudanças. Divisão de Comunicação e Arquivo (D.C.A), ligada ao Departamento de Administração da Prefeitura. Fevereiro de 1966. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelo voluntário Luiz de Souza. Tratamento de fotografias do acervo do APCBH realizado pelo Conservador/Restaurador Demilson Malta Vigiano. 2016.


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O projeto Cestas da Memรณria


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O fato de muitas fotografias recolhidas pelo APCBH não apresentarem qualquer informação anexa – como nome do evento, data do documento ou fotógrafo – exigiu que a equipe técnica buscasse alternativas para agilizar o processo de descrição. A necessidade de pesquisas era uma realidade, posto que as mudanças do espaço urbano da capital foram marcantes em muitas regiões ao longo dos anos, além da maioria dos técnicos envolvidos no trabalho não serem contemporâneos das imagens. Esse foi o grande problema a ser enfrentado com o acervo fotográfico, já que uma das funções do APCBH é promover o acesso qualificado aos documentos. Sem informações básicas atribuídas às imagens, uma grande parte delas não seria passível de consultas. A partir desse quadro e da necessidade de atender à sociedade, garantindo a preservação e o acesso aos documentos, o APCBH implementou um dos projetos de maior visibilidade da instituição – o Cestas da Memória. Criado em 2003, ele tem por objetivo geral promover a identificação e a descrição de fotografias presentes na documentação sob guarda do Arquivo. O acervo fotográfico da ASCOM, que incorpora parte do material produzido anteriormente por outros órgãos, foi inicialmente escolhido para ser trabalhado pelo projeto. Tal iniciativa contou com a participação voluntária de idosos, como ex-servidores municipais e outras pessoas que também tivessem conhecimentos sobre a cidade. Nessa perspectiva, o projeto conciliou uma demanda interna do APCBH com sua missão de promover atividades na área cultural, sanando uma deficiência percebida na época, que era a ausência de iniciativas culturais voltadas ao público idoso.


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Os voluntários Para além de seu objetivo mais geral, o Cestas da Memória foi concebido como uma maneira de trazer para o Arquivo um segmento da população belo-horizontina ainda pouco frequente na instituição, por meio do estímulo a sua participação numa tarefa de extrema relevância para a cidade: preservar sua história. Dessa forma, os voluntários não são meros expectadores, mas cidadãos dedicados a resguardar para as gerações futuras informações que sem eles se perderiam.

Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 25/05/2007. Da esquerda para a direita: 1º Newton dos Santos Vianna (voluntário); 2º Dalmo Cruz Vianna (voluntário); 3º Rafael Alves Machado (técnico e coordenador do projeto); 4º Euler Santos Horta (voluntário, parcialmente encoberto); 5º Albes Pereira Cláudio (voluntário). Pescaria na lagoa do Parque Municipal Américo Renê Giannetti. Ao fundo, Instituto Municipal de Administração e Ciências Contábeis (IMACO). Outubro de 1967.

“Vi que realmente eu podia ajudar porque... tem muito retrato... das obras, tem muito retrato... de... reuniões, que a gente tomou parte lá na (...) Prefeitura... (...) eu ainda estava lembrando bem. Agora, que eu falo (...): acelera isso porque a memória já tá indo embora...” (VIANNA, 2015)

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A identificação das fotografias nas sessões do Cestas da Memória estimula a discussão sobre os usos do espaço urbano.

As pessoas mais idosas e os cronistas do lugar devem ser consultados, pois possivelmente terão condições para identificar e relatar as circunstâncias que envolveram os cenários documentados e os personagens retratados. Seus testemunhos são insubstituíveis porque contemporâneos – ou então, menos afastados no tempo – da época em que foram tomadas as fotos. E esses depoimentos devem ser colhidos com urgência; caso contrário, são incontáveis os cenários e personagens que permanecerão desconhecidos e anônimos nas fotografias do passado. (KOSSOY, 2001, p. 87)


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 31 1. O ano de 2001 foi instituído como o Ano Internacional do Voluntário pela Organização das Nações Unidas (ONU) e em 2003 foi aprovado o Estatuto do Idoso. 2. Exemplo de iniciativa é a do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), com o projeto “Chá da Memória”, no qual pessoas que participaram da construção de Brasília foram convidadas para identificar as fotografias recolhidas dessa época.

O Cestas da Memória surgiu alinhado ao contexto sociocultural da época de sua implementação, quando o trabalho voluntário e a pessoa idosa estavam em processo de valorização crescente1. A equipe que compunha o APCBH, inspirada em outras iniciativas do mesmo gênero2, propôs esse projeto de caráter social e participativo. A busca para a solução de um problema técnico da instituição – gerar descrições num acervo recolhido com informações insuficientes – aproximou o APCBH da terceira idade. A partir de então, vir ao Arquivo significava para os idosos continuar contribuindo, prestar um trabalho à sociedade e ao mesmo tempo “Então as praças, ruas, é óbvio que você tem ter suas memórias reavivadas. Incluos cantos sentimentais, centro da cidade, são social e promoção da cidadania Palácio das Artes, ia no cinema, teatro... perpassam o eixo central do projeto Antes você encontrava todo mundo, né...” (MACHADO, 2015) Cestas da Memória, que se preocupa em preservar e divulgar o patrimônio documental da cidade. Segundo Bosi (1994, p. 77), “além de ser um destino do indivíduo, a velhice é uma categoria social. Tem um estatuto contingente, pois cada sociedade vive de forma diferente o declínio biológico do homem. A sociedade industrial é maléfica para a velhice.” A partir desta colocação é possível perceber a dualidade existente no tratamento dispensado à terceira idade na contemporaneidade. De um lado, distingue-se uma desvalorização dos idosos, uma vez que já não pertencem mais à ca-


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tegoria social produtiva, sendo substituídos pelos mais jovens. Nessa perspectiva, envelhecer assume um caráter inevitável e pessimista. No entanto, por outro lado, há o respeito pelos mais velhos, sua valorização enquanto guardiões das tradições e da memória coletiva. Reforçam-se os ideais de proteção à terceira idade, de envelhecer com qualidade de vida, notadamente evidentes diante do aumento gradativo dos idosos na população mundial. Busca-se a recuperação de sua importância, a valorização de sua experiência e sua visibilidade enquanto cidadãos detentores de deveres e direitos e dignos de respeito. A memória se configura como aquilo que merece ser lembrado, tanto pelo indivíduo quanto pelo grupo. A memória coletiva é constituída de lembranças construídas, selecionadas e compartilhadas entre aqueles que desfrutam de uma identidade social comum. Ela reforça o sentimento de pertencimento ao grupo, por meio do registro dos acontecimentos vividos. Nesse diálogo entre presente e passado, os idosos assumem papel de destaque, já que contribuem para a transmissão das memórias individuais e coletivas para os mais jovens.


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 33 Há situações em que os voluntários do projeto Cestas da Memória identificam imagens que retratam eventos dos quais participaram.

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Confraternização de Natal da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (SMCTE). Da esquerda para a direita, agachados: 1ª Irma (?) (lenço na cabeça); 2º Axel Giorni (camisa xadrez); 3ª Maria Beatriz Hauck (blusa clara); 4ª Ângela Assumpta (blusa escura). Da esquerda para a direita, em pé: 2ª Wanda Júlia de Carvalho Lacerda (vestido claro, estampado); 3º Juarez Bahia Mascarenhas (terno claro); 4ª Marlene Azalen (vestido claro liso); 5ª Regina Célia Pimenta (vestido estampado com gola clara); 7º Durval (?) (de óculos); 10º Alcebíades Magalhães Dias (Cidinho Bola Nossa - camisa clara e bigode). Dezembro de 1977. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pela voluntária Maria Beatriz Hauck.

Inauguração da Rua de Lazer no bairro Campo Alegre. Abril de 1979. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pela voluntária Maria Beatriz Hauck. Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 13/06/2008. Da esquerda para a direita: 1º Edson Júnior Campos de Faria (estagiário); 2ª Maria Beatriz Hauck (voluntária); 3º Rafael Alves Machado (técnico e coordenador do projeto). Ao fundo, Marcos Lima Horta (voluntário).


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APCBH/ASCOM

34 • Entre lembranças e fotografias

Às vezes você vê, por exemplo aí, com essas fotografias, você lembra da turma que trabalhava junto com a gente...” (VIANNA, 2015)


A experiência do projeto Cestas da Memória • 35 A confraternização e a oportunidade de relembrar acontecimentos proporcionam satisfação aos voluntários, que é compartilhada por toda a equipe técnica do projeto. Visita dos engenheiros da Prefeitura às obras de captação do Rio das Velhas. Foto tirada no interior de tubulação da Adutora do Rio das Velhas. Da esquerda para a direita: 1º Dalmo Cruz Vianna; 2º Newton dos Santos Vianna; 3º Paládio Barroso de Castro e Silva (de gravata e óculos); 4º Rogério Magalhães Pinto (ao fundo); 5º Thales Lobato dos Santos (em primeiro plano, bigode, braços distendidos ao longo do corpo); 6º Pedro “Papa” (atrás de Lobato, baixo, de bigode e óculos); 9º Mário Andrade Reis (em primeiro plano, de chapéu); 10º Maurício Cardoso Lemos (o mais alto); 11º Israel Coutinho Magalhães Drummond (de boné, mão sobre o joelho). Sem data. Foto identificada no projeto Cestas da Memória pelos voluntários Newton do Santos Vianna e Dalmo Cruz Vianna. Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 24/08/2007. Da esquerda para a direita: 1º Newton dos Santos Vianna (voluntário); 2º Dalmo Cruz Vianna (voluntário); 3º Albes Pereira Cláudio (voluntário, de costas); 4º Flávio Antônio de Oliveira Filho (estagiário); 5º Marcos Lima Horta (voluntário); 6ª Raquel Aguilar de Araújo (estagiária). Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 24/08/2007. Lanche servido após a identificação das imagens. Da esquerda para a direita: 1º Newton dos Santos Vianna (voluntário); 2º Albes Pereira Cláudio (voluntário).

As experiências acumuladas pelos idosos são valorizados pelo Cestas da Memória, por meio do trabalho vo“É uma frase que o próprio Rafael sempre luntário. Assim, ao mesmo tempo que diz: A cidade agradece a sua colaboração. É uma coisa que faço com maior prazer e presta um serviço à sociedade, o projeto eu sei que é importante (...) alguém que promove melhoria na qualidade de vida conhece, que tem interesse e que pode dos próprios idosos, quando os estimucolaborar para a identificação. Acho isso la a partilhar suas memórias e valoriza uma coisa bacana. É, o trabalho voluntário pode ser para ajudar uma pessoa que está o seu conhecimento. Dessa maneira, precisando mas pode ser para um bem enquanto identificam as fotografias do comum. (...) Me encaixei.” (HORTA, 2015) acervo do APCBH, os voluntários narram as histórias de outras épocas. O nome escolhido para o projeto teve o intuito de destacar o momento de convivência proporcionado aos participantes após a visualização e identificação das imagens, quando as conversas ao redor das cestas de lanche ajudavam a trazer à tona as recordações avivadas pelas fotografias e daque-


36 • Entre lembranças e fotografias

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les tempos muitas vezes já distantes. O prazer da troca de experiências, de poder “Toda vez a gente sempre está revendo compartilhar as lembranças - como se a alguém. (...) Você mata uma saudade, né?!” memória do outro passasse a fazer parte (OLIVEIRA, 2015) da vida de todos aqueles que tem a oportunidade de ouvi-la - revelam como o projeto extrapolou seus objetivos iniciais. Para os envolvidos na descrição de fotografias do APCBH é de extrema relevância o trabalho dos voluntários para recomporem os eventos silenciados pela ausência de informações. Já para muitos desses colaboradores, a participação nas sessões “Relembrar muitos momentos e quando a se configura como um reencontro com memória falha, parte para o trabalho dos o trabalho, uma vez que muitos são exoutros convidados, trocando informações. -servidores municipais. Daí as sensações Só de olhar pras minhas fotos eu identifico. Quando eu vejo a foto, imediatamente eu de cumprimento de dever e retorno à lembro que foi feita por mim, pela data e produtividade compartilhadas por eles. pelo evento. (...) Parece que foi ontem. São momentos marcados por nostalgia. O projeto também dá saudade.” É o reviver de um período muitas vezes (SOUZA, 2015) saudoso.

As sessões do projeto Cestas da Memória possibilitam as trocas de experiências entre as diferentes gerações. Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 13/06/2008. Da esquerda para a direita: 1º Marcos Lima Horta (voluntário); 2º Yuri Mello Mesquita (técnico); 3º Newton dos Santos Vianna (voluntário).


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VOLUNTÁRIOS PARTICIPANTES DO PROJETO CESTAS DA MEMÓRIA (2003 - 2016)

Albes Pereira Cláudio

Almir Jacy Monteiro

Aloísio Drubscky

Anita Tassini Boshi

Antônio Maurício Pereira

Aparecida Lourdes Veiga Macedo

Berta de Souza Pinto Porto Maia

Brenno de Carvalho Pieruccetti

Celeste Teresinha de Azevedo Berni

Corina Célia Lourdes Bandeira

Dalmo Cruz Vianna

Elza Leão

Eudóxia Moreira dos Santos Pena Chaves

Euler Santos Horta

Fábio Belgrano Simoni

Fábio Martins

Geraldo Reguera Domingy

Gilson Moraes Silva

Graça Regueira

Henrique Lessa de Souza Lima

Hilda Marina Pellizzaro

Inocêncio Gil Nunes

Jésu Venâncio de Matos

José Alberto Barreto

José Antônio Soares Campos (Juca)

Laura Fernandez Braz

Lilian Calic

Lúcia Rabelo

Luiz de Souza

Luiz Roberto da Silva

Marcos Lima Horta

Maria Aparecida Paoliello de Melo

Maria Auxiliadora Martins Tinoco

Maria Beatriz Hauck

Maria Cely Vasconcellos de Paula

Maria da Conceição Campos de Moraes

Maria das Graças Souza

Maria de Lourdes Barros

Maria Salete Landolfi Toledo

Maristela Teixeira de Oliveira

Martha Barreto de Lucena

Newton dos Santos Vianna

Paulo Afonso Teixeira Dias

Paulo Emídio Café Ferreira

Paulo Tinoco

Pierre Santos

Rafael Alves Machado

Raimundo do Espírito Santo

Theódulo Amaury da Matta

Vera Radic

Virgílio Horácio de Castro Veado

Waldir da Costa Gomes

Waldir de Almeida Ribas

Yuri Mello Mesquita


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Fl� os do projeto O Cestas da Memória surgiu com uma metodologia de trabalho estruturada que foi sendo aprimorada no decorrer dos anos. Desde o início as atividades foram detalhadamente definidas e divididas entre os técnicos e estagiários, tendo em vista o melhor andamento do projeto. As experiências iniciais serviram como parâmetro para os ajustes realizados posteriormente. Em encontros quinzenais, nas tardes de sextas-feiras, são realizadas as sessões com a participação de voluntários, com a proposta de identificar e descrever imagens do acervo do APCBH. A sistematização da dinâmica do projeto incluiu inicialmente ampla divul“Aí fez chamada no rádio, na televisão, fez gação, com a distribuição de fôlderes e encontro com essas pessoas, tinha ficha de convites em órgãos da administração inscrição, distribuiu na cidade, e o públimunicipal e outras instituições dedicadas co geral também. Essas inscrições foram feitas, aí teve um encontro do lançamento à terceira idade. O projeto também foi do projeto.” (MACHADO, 2015) noticiado pela imprensa belo-horizontina, fato que colaborou para ampliar o número de pessoas interessadas em participar. A partir daí começaram a ser realizados os primeiros cadastros dos voluntários cujas trajetórias pessoal e profissional os aproximassem do acervo a ser trabalhado. Este era composto, em princípio, por um conjunto de fotografias reveladas e provas contato do Fundo ASCOM, que abrangiam eventos das décadas de 1950 a 1970. Os voluntários eram agrupados por afinidade a determinados temas como personalidades públicas, obras, saúde, educação, transporte, logradouros, bairros e edificações. A partir da adesão dos voluntários teve início a organização das sessões. Foram criadas listas nas quais as descrições realizadas deveriam ser inseridas, com os devidos créditos aos voluntários responsáveis pelo reconhecimento das imagens. Antes da data planejada para a sessão o convite era feito aos participantes escolhidos, que confirmavam sua presença. As imagens eram selecionadas de acordo com o perfil de cada convidado e técnicos e estagiários escalados para acompanhá-los. Na data agendada um carro previamente reservado para tal fim buscava os voluntários em sua residência e os trazia para a sede do APCBH, onde acontecia a identificação das imagens. Neste processo eram anotadas as


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 39

A participação dos estagiários nas sessões do Cestas da Memória é uma oportunidade para ampliar conhecimentos e estabelecer relações sociais. Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 22/08/2014. Da esquerda para a direita: 1º Thiago Henrique Costa Miranda (estagiário); 2º Rafael Alves Machado (voluntário); 3º Yuri Mello Mesquita (diretor do APCBH); 4º Raimundo do Espírito Santo (voluntário); 5º Theódulo Amaury da Matta (voluntário, camisa clara, apontando imagem). Sessão do Cestas da Memória realizada no dia 04/04/2014. Da esquerda para a direita, na primeira mesa: 1ª Juliana Versiani Haueisen (técnica); 2º Marcos Lima Horta (voluntário); 3º Yuri Mello Mesquita (diretor do APCBH, camisa escura); 4º Rafael Alves Machado (voluntário). Da esquerda para a direita, na segunda mesa, ao fundo: 1º Raione Lucas Pedrosa (estagiário); 2ª Mônica Cecília Costa (técnica e coordenadora do projeto); 3º Dalmo Cruz Vianna (voluntário); 5º Newton dos Santos Vianna (voluntário, de costas).


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informações fornecidas pelos convidados em fichas próprias. Depois disso era servido um lanche, momento de confraternização e troca de experiências tanto entre os voluntários quanto entre os membros da instituição. Após o fim da sessão os convidados eram levados de volta para suas casas. O trabalho interno continuava, pois todas as informações das imagens identificadas deveriam ser digitadas para a listagem específica e conferidas com o intuito de verificar os dados coletados. Por fim, relatórios qualitativos e quantitativos eram produzidos. No decorrer dos anos percebe-se a continuidade dessa rotina. No entanto, várias ideias foram incorporadas com o objetivo de otimizar o andamento do projeto. Estabeleceu-se uma padronização para o preenchimento das fichas de identificação das imagens, para a descrição e conferência das mesmas. Os relatórios produzidos passaram a ser mais detalhados. Nos anos iniciais eram selecionadas apenas fotografias reveladas e provas contato. Com o tempo, a maior parte das imagens encaminhadas eram negativos digitalizados, visualizados por meio dos monitores dos computadores. Em 2013 o Cestas da Memória passou por uma reestruturação para sanar algumas falhas detectadas na execução. O número de imagens selecionadas por sessão – que havia crescido progressivamente ao longo dos anos – foi reduzido com o objetivo de propiciar um tempo maior para a interação entre os convidados e favorecer um preenchimento mais cuidadoso das fichas. O treinamento para os técnicos e estagiários foi aprimorado com o intuito de melhorar a capacitação do pessoal e garantir um maior aproveitamento das sessões. As atividades continuaram divididas, mas reduziu-se o número de pessoas responsáveis pela organização das sessões, com a intenção de evitar a grande rotatividade e zelar pelo trabalho de qualidade. Dessa forma, a realização das sessões demanda um trabalho prévio de organização e de conferência posterior. É importante destacar que os voluntários além de auxiliarem na identificação das imagens também favorecem a construção de conhecimento pelos envolvidos nas descrições do acervo fotográfico. Suas memórias compartilhadas são muito úteis, pois geram o aprendizado sobre os sujeitos presentes nas imagens, funções desempenhadas, além de muitos fatos relacionados à administração municipal e à cidade. O trabalho dos técnicos envolve pesquisas, uma vez que as informações precisam ser conferidas. É absolutamente natural que as lembranças sejam marcadas por algumas


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O projeto Cestas da Memória identifica e descreve fotografias em diferentes suportes: impressas em papel (positivadas), negativos fotográficos e provas contato. Reprodução de fotografias, negativos e provas contato do acervo do APCBH/ASCOM.

imprecisões e incoerências. Muitas vezes as memórias mais atuais assumem o lugar das mais antigas. Em alguns casos, ao recordar os cargos de servidores, são citados aqueles mais recentes e não os ocupados na época que a fotografia foi tirada. Órgãos que ainda não existiam na data da foto são mencionados porque estão mais vivos na lembrança. Por isso existe a necessidade de realizar a conferência das informações repassadas pelos voluntários por meio do cruzamento de dados. No entanto, sem a colaboração deles o tempo dedicado às pesquisas seria muito maior. Desde a implementação do projeto já foram identificadas e descritas aproximadamente vinte mil imagens, número que seria bem menor caso não houvesse a colaboração deles. As inúmeras memórias divididas – quase como confidências nos momentos da visualização das imagens ou na hora do lanche – são uma parte da história da cidade que dificilmente poderia ser reconstruída sem o depoimento dos voluntários.


42 โ ข Entre lembranรงas e fotografias

Registros do projeto


A experiência do projeto Cestas da Memória • 43

Ao longo do tempo, o projeto Cestas da Memória produziu documentos, foi documentado e angariou amplo reconhecimento. Antes, durante e após as sessões do Cestas da Memória foram produzidos documentos diversos sobre a organização das atividades, a identificação e a descrição das fotografias, o acesso às informações produzidas e outros. Também foi produzido material de divulgação sobre o projeto para distribuição em equipamentos culturais do município e em eventos. Matérias jornalísticas tiveram o projeto como tema, destacando a relevância da participação espontânea dos idosos para a preservação da memória local e para o estreitamento dos laços entre a administração pública e a sociedade belo-horizontina. Sempre destacada pela mídia impressa e televisiva, a valorização do idoso avulta como mérito do projeto. Homenagens e agradecimentos aos voluntários também foram registradas, expressando o valor que o APCBH, a Fundação Municipal de Cultura, a Prefeitura e a sociedade lhes conferem. Finalmente, em diferentes ocasiões o Projeto logrou reconhecimento formal como política pública exemplar para a preservação do patrimônio cultural e para a valorização da cidadania dos idosos, por meio de premiação.


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Matérias jornalísticas

Estado de Minas, 22 jan. 2007, p. 22. Estado de Minas, 20 set. 2015, p.7.


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Jornal Marco – PUC Minas, dez. 2011, p.8-9. Diário Oficial do Município, 29 abr. 2006, p.1. Hoje em Dia, 23 set. 2003, p.20.


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Hoje em Dia, 27 ago. 2005, p. 16. Notícias Urgentes nov. 2003, p.12. Diário Oficial do Município, 26 ago. 2008, p. 1


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FMC da Gente, Jornal interno da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte – ago. 2014, p.1. Hoje em Dia, 24 nov. 2013, p. 23.


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Registros das sessões

Banco de dados do projeto Cestas da Memória Relatório de sessão do projeto Cestas da Memória. Banco de dados do projeto Cestas da Memória


Ficha de identificação de imagem do projeto Cestas da Memória preenchida por técnica do APCBH em sessão realizada em 25/07/2014.

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Ficha para cadastro de voluntários do projeto Cestas da Memória.

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Material de divulgação

Cartazes do projeto Cestas da Memória. 2014 Folder do projeto Cestas da Memória. 2014.


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Folder do projeto Cestas da Memória. 2014 Folder do projeto Cestas da Memória. 2003. Panfleto do projeto Cestas da Memória. 2003.


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Reconhecimento

Certificado recebido pelo projeto Cestas da Memória por sua classificação como semifinalista no Prêmio Cultura Viva, na categoria Gestão Pública. 2006 Certificado de participação da Fundação Municipal de Cultura no I Prêmio Inclusão Cultural da Pessoa Idosa, com a iniciativa Projeto Cestas da Memória. 2007


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Homenagens e agradecimentos aos voluntários

Cartão de agradecimento enviado aos voluntários do projeto Cestas da Memória. 2015. Homenagem a voluntários no aniversário de 10 anos do projeto Cestas da Memória. 2013 Cartão de agradecimento enviado aos voluntários do projeto Cestas da Memória. 2013. Placa de agradecimento entregue a representantes dos voluntários no aniversário de 10 anos do projeto Cestas da Memória.


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Considerações fi nais


A experiência do projeto Cestas da Memória • 55

O Cestas da Memória trouxe muitos benefícios para o APCBH, visto que promoveu melhorias nas descrições, favoreceu a aquisição de conhecimentos, além de ter proporcionado o desenvolvimento de metodologias de tratamento voltadas para os registros fotográficos e a digitalização de negativos. Além disso, o projeto motivou a doação de documentos pertencentes aos próprios convidados. A satisfação dos idosos em participar é o grande fator de manutenção desse projeto, que só existe porque eles se dispõem a dividir seu tempo e suas memórias. Ainda há muito o que ser feito, mas os passos dados representam um ganho tanto para a instituição como para os pesquisadores e o público em geral, interessados na história da cidade ou na comprovação de direitos. A incorporação da história oral, com a gravação das sessões e entrevistas, é uma iniciativa que ainda se pretende implementar. Novos acervos serão tratados, como por exemplo as fotografias recolhidas da Câmara Municipal de Belo Horizonte, da Superintendência de Desenvolvimento da Capital e do Teatro Francisco Nunes, o que irá gerar a necessidade de adesão de novos voluntários. Dificuldades sempre existiram para viabilizar a execução do projeto, tais como recursos financeiros, disponibilidade de pessoal fixo para se dedicar às tarefas rotineiras – o que muitas vezes fez com que os técnicos fossem deslocados para atividades urgentes. Mas o atendimento aos objetivos propostos, a aproximação entre o Arquivo e a sociedade, as trocas de experiências com a terceira idade, aliados à grande repercussão que o Cestas da Memória proporcionou ao APCBH justificam sua manutenção e ampliação. Entre lembranças e fotografias, nas memórias reavivadas a partir de imagens de uma época já distante, o projeto valoriza a história de Belo Horizonte ao mesmo tempo que transforma os voluntários em seus agentes ativos.


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 57 outras providências. Disponível em: < http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao/ pesquisa>. Acesso em: Acesso em: 23 nov.2015. BELO HORIZONTE. Decreto nº 9.223, de 20 de maio de 1997. Estabelece os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo da Prefeitura de Belo Horizonte. Disponível em: < http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao/pesquisa>. Acesso em: Acesso em: 23 nov.2015. BELO HORIZONTE. Lei nº 5.900, de 20 de maio de 1991. Dispõe sobre a criação do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.cmbh. mg.gov.br/leis/legislacao/pesquisa>. Acesso em: 10 nov. 2015. BELO HORIZONTE. Lei nº 6.105, de 18 de fevereiro de 1992. Altera a estrutura organizacional da Administração Direta da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, prevista na Lei nº 5.562, de 31 de maio de 1989, e alterada pelas Leis nº 5.638, de 18 de dezembro de 1989, 5.904, de 05 de junho de 1991, 5.946, de 18 de julho de 1991 e 5.951, de 25 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao/pesquisa >. Acesso em: 10 nov. 2015. BELO HORIZONTE. Decreto nº 10.546, de 9 de março de 2001. Dispõe sobre alocação, denominação e atribuições de órgãos de terceiro grau hierárquico e respectivos subníveis da estrutura organizacional da Administração Direta do Executivo, na Assessoria de Comunicação Social do Município, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao/pesquisa>. Acesso em: Acesso em: 23 nov.2015. BELO HORIZONTE. Lei nº 9.011, de 01 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a estrutura organizacional da Administração Direta do Poder Executivo e dá outras providências. Disponível em: <http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=927757>. Acesso em: Acesso em: 10 nov. 2015. BELO HORIZONTE. Decreto nº 13.033, de 22 de janeiro de 2008. Altera o Decreto nº 12.007, de 29 de março de 2005, que “Dispõe sobre alocação, denominação e atribuições dos órgãos de terceiro grau hierárquico e respectivos subníveis da estrutura organizacional da Administração Direta do Executivo, na Assessoria de Comunicação Social do Município, e dá outras providências”. Disponível em: <http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao/pesquisa>. Acesso em: Acesso em: 23 nov.2015. BENJAMIN, Walter. Pequena história da fotografia. In: ______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet. 7. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 91-107. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças dos velhos. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. 488p. BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Tradução Vera Maria Xavier dos Santos. Bauru, SP: EDUSC, 2004. 270 p. DARBON, Sébastien. O etnólogo e suas imagens. Tradução Etienne Samain. In: SAMAIN, Etienne (Org.). O fotográfico. 2. ed. São Paulo: Hucitec / Editora Senac São Paulo, 2005. p. 95-105. DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Tradução Marina Appenzeller. 2. ed. Campinas: Papirus, 1998. 362 p. DURANTI, Luciana. Registros documentais contemporâneos como provas de ação. Tradução Adelina Novaes e Cruz. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 49-64, 1994. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/ article/view/1967/1106>. Acesso em: 16 nov. 2015.


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A experiência do projeto Cestas da Memória • 59 ROUSSEAU, Jean-Yves; COUTURE, Carol. Os fundamentos da disciplina arquivística. Tradução Madga Bigotte de Figueiredo. Lisboa: Dom Quixote, 1998. 356 p. SALKELD, Richard. Como ler uma fotografia. Tradução Denis Fracalossi. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. 184p. SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. A fotografia entre a morte e a eternidade. In: ______. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 1997. p. 117-149 . SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. Tradução Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 107 p. SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Tradução Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 223 p.

Fontes orais HORTA, Marcos Lima. Entrevista concedida ao projeto Cestas da Memória, no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 6 nov. 2015. MACHADO, Rafael Alves. Entrevista concedida ao projeto Cestas da Memória, no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo horizonte, 6 nov. 2015. OLIVEIRA, Maristela Teixeira de. Entrevista concedida ao projeto Cestas da Memória, no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 20 nov. 2015. SOUZA, Luiz de. Entrevista concedida à TV Câmara, no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 25 jul. 2014. VIANNA, Newton dos Santos. Entrevista concedida ao projeto Cestas da Memória, no Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 11 set. 2015.

As publicações desta linha editorial referem-se a temáticas relativas ao Patrimônio Cultural, ou seja, ao conjunto das diversas manifestações e práticas produzidas ao longo do tempo, seja no campo das artes, dos saberes, das celebrações, das formas de expressão e dos modos de viver ou na paisagem da própria cidade, com seus atributos naturais, intangíveis e edificados bem como do patrimônio documental e museal. O objetivo é potencializar a salvaguarda do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, garantindo o direito à memória, contribuindo para o seu conhecimento e disseminação, bem como provocando a reflexão sobre a diversidade cultural e identitária presente na cidade.


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Rua Itambé, 227 - Floresta. 30.150-150 - Belo Horizonte, MG telefone: 3277 4603 (Sala de consultas) e-mail: apcbh@pbh.gov.br site: www.pbh.gov.br/cultura/arquivo sistema APCBH http://www.acervoarquivopublico.pbh.gov.br facebook facebook.com/apcbh horário: 09h às 12h30 e 13h30 às 17h acesso aos As consultas devem ser precedidas de contato documentos por telefone ou correio eletrônico com a Sala de Consultas, que prestará os devidos esclarecimentos. serviços Reprodução de documentos Emissão de certidões e declarações Visitas Mediadas e Técnicas (contato: 3277-4665)


A experiência do projeto Cestas da Memória • 61


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A Série O Arquivo e a Cidade foi lançada nas comemorações dos 25 anos do APCBH, em 2016. A Série tem o objetivo de difundir o APCBH, seu acervo e as metodologias para o tratamento e o acesso aos documentos, adotadas e/ou desenvolvidas pela instituição. As publicações da Série têm temas relacionados com os projetos e as atividades desenvolvidas pelo APCBH e também com o seu acervo, sendo voltadas para públicos de diferentes perfis.

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