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REFORMA 1517 - 2017

Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 756 – Novembro de 2017

A Reforma na Infância

Congresso Cuidados Paliativos

Com o tema “A Reforma na Infância”, 8ª edição do Congresso Mãos e Coração foi dirigida pelo Rev. José Roberto Coelho (Secretário Geral do Trabalho da Infância). O encontro ocorreu no último mês em Santo Página 5 André (SP), reunindo, durante os três dias de evento, mais de 200 pessoas.

Dr. Simon Kistemaker

500 anos da Reforma em Contagem

Evento realizado na Universidade Presbiteriana contou com o lançamento do livro “Esperança para viver e para partir”, de Eleny Vassão Página 7

Conheça a história de um homem caraterizado por seu caráter cristão, simplicidade e generosidade de espírito. Página 9

Culto de celebração pelos 500 anos da Reforma reuniu 3000 pessoas na IP Central de Contagem (MG). Página 14


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EDITORIAL

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O Deus da História

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m seu artigo “Os 500 anos da Reforma Protestante, que abalou o mundo”, de 02/01/2017, Miriam Leitão escreveu que a Reforma foi “sobretudo, um fato laico porque provocou profundas transformações na sociedade da época”. Segundo ela, “Apesar de ter nascido de uma discussão teológica e doutrinária, a Reforma é, sobretudo, uma efeméride laica porque representou valores universais que marcaram o fim da Idade Média e prenunciaram o Iluminismo”. Filha de pastor presbiteriano, a veterana jornalista tem uma visão inteiramente secularizada da Reforma, o que se configura um danoso equívoco. Os efeitos sociais, políticos, econômicos e educacionais foram tremendos, e

por isso inegáveis, mas eles decorreram da visão teológica reformada, centralizada na soberania de Deus e, por isso, com reflexos em todas as áreas da experiência humana, não apenas a religiosa. Na verdade, a universalmente aceita distinção entre sagrado e secular foi ferida de morte. A perda do viés doutrinário – ou exatamente, o mais completo desinteresse pela verdade – explica o descaso com que o papa Francisco e a liderança luterana se referiram à Reforma desde que a celebração dos 500 anos entrou em pauta. Em um evento realizado na Suécia, país com forte tradição luterana, Francisco declarou que se dedicaria a estreitar a coooperação e diálogo entre católicos e luteranos

após séculos de divisão. Um texto conjunto conclamava ambas as tradições a curar as memórias de divisões passadas. Francisco colocou o ecumenismo e a cura das feridas no centro de seu papado, mas nenhuma referência foi feita às ainda vigentes decisões do Concílio de Trento, segundo as quais são malditos os que abraçam a doutrina bíblica da justificação pela fé somente. Em viagem recente pelo sul do Brasil, visitando locais desenvolvidos por colonizadores de origem pomerana e alemã, não pude deixar de apreciar – ao lado da presença marcante do luteranismo vista em belos templos – a referência abundante às comemorações dos 500 anos da Reforma. Uma avaliação mais atenta das celebrações

programadas, porém, não ofereceu sempre motivo para comemorar. Ocorre que, salvo exceções, se tratava de eventos culturais sem qualquer referência ao que tão radicalmente afetou a cultura ocidental no século 16, a saber, a verdade sobre Deus, como revelada nas Escrituras e lamentavelmente escamoteada pelo catolicismo. Nós também temos nossas celebrações, mas o que estamos comemorando? Nossas crenças e práticas são coerentes com a verdade bíblica resgatada pela Reforma? O adorador israelita foi instruído a relembrar sua história ao apresentar ao Senhor a sua oferta e o seu culto (Dt 26.1-11), mas não faria isso eliminando Deus da história. O Senhor é o Deus do seu povo, o Deus da História.

Ano 58, nº 756 Novembro de 2017 Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci, São Paulo – SP CEP: 01540-040 Telefone: (11) 3207-7099 E-mail: bp@ipb.org.br assinatura@cep.org.br Órgão Oficial da

www.ipb.org.br Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e Publicações Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente) Domingos da Silva Dias (Vice-presidente) André Luiz Ramos (Secretário) Alexandre Henrique Moraes de Almeida Anízio Alves Borges José Romeu da Silva Mauro Fernando Meister Misael Batista do Nascimento Conselho Editorial da CEP fevereiro 2016 a fevereiro 2018

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TEOLOGIA E VIDA

Deus como autor de todo conhecimento Hermisten Costa

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Bíblia parte do pressuposto da existência de Deus. “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”, escreveu Moisés (Sl 90.2). Moisés por revelação direta de Deus, registra de forma inspirada (2Pe 1.20-21), narrando os atos criadores de Deus, sem se preocupar em falar com mais detalhes a respeito daquele que, mediante a sua Palavra, faz com que do nada surja a vida, criando o universo, estabelecendo suas leis pró -prias e, avaliando a sua criação como boa. Moisés apenas apresenta o Deus Todo-Poderoso exercitando o seu poder de forma criadora, segundo o seu eterno propósito. Deus existe; esse é o fato pressuposto em toda a narrativa da Criação. Deus cria segundo a sua Palavra e isso nos enche de admiração e reverente temor: a Palavra de Deus é o verbo criador que manifesta a determinação e o poder de Deus (Gn 1.1,26-27; Sl 33.6,9; Jo 1.13; Hb 11.3), o qual criou as coisas com sabedoria (Pv 3.19). Como fonte de todo conhecimento Deus tem, naturalmente, a consciência total da perfeição e amplitude do seu conhecimento. Ele se conhece perfeitamente, tendo ciência de

toda a sua perfeição: “Em si mesmo ele é sujeito e objeto de todo conhecimento” (H. Hoeksema) Somente Deus possui um conhecimento perfeito, arquetípico de si mesmo. Qualquer tipo de conhecimento parte de Deus, que é a sua fonte inesgotável; portanto, podemos concluir daí algumas coisas: 1) Deus é o princípium essendi de todo conhecimento, inclusive o científico; logo, 2) toda verdade é proveniente de Deus, porque “todas as coisas procedem de Deus” (João Calvino); portanto, não pode haver contradição em Deus mesmo; 3) A ciência e a fé não se contradizem; o mesmo doador da fé (Ef 2.8) é o criador das verdades científicas; logo quando ambas parecem contraditórias, é porque ou há uma compreensão errada da fé ou, a ciência não é

ciência; está laborando em erro. Por isso é preciso que haja humildade de ambas as partes: do teólogo na interpretação da Palavra de Deus, sempre em submissão ao Espírito de Deus, sem cair num dogmatismo ingênuo nem num relativismo dogmático, que corre sempre atrás dos modismos científicos e filosóficos para adaptar a Teologia. É preciso que nós teólogos entendamos que trabalhar com a teologia não significa dizer sempre coisas novas; embora reconheçamos “as situações novas que ameaçam a salvação dos homens” (G. C. Berkouwer) para as quais devemos buscar na Palavra a resposta. Por outro lado, precisamos entender, que a Palavra de Deus é mais rica do que qualquer dogma; portanto, o nosso sistema doutrinário, por melhor que seja – e eu estou con-

vencido de que é –, não pode ser mais rico do que a Palavra de Deus, como bem observou Berkouwer (1903-1996): “Porventura a Escritura não é mais rica do que qualquer pronunciamento eclesiástico, por mais excelente e atento ao Verbo divino que esse possa ser?” (G. C. Berkouwer). Por isso, o critério último de análise, será sempre “O Espírito Santo falando na Escritura” (Confissão de Westminster, I.10). O mundo do conhecimento pertence a Deus, pois, ele é o seu autor e revelador; logo, todo e qualquer conhecimento científico que o homem tenha é parte do conhecimento de Deus expresso na sua criação; dessa forma, podemos dizer que não existe conhecimento fora de Deus. Quando então nos referimos ao conhecimento que podemos

ter do próprio Deus, do seu caráter e majestade, temos de reafirmar a verdade bíblica, de que esse conhecimento provém do próprio Deus. “Somente quando há fé na conexão orgânica do Universo, haverá também a possibilidade para a ciência subir da investigação empírica dos fenômenos especiais para o geral, e do geral para a lei que governa acima dele, e dessa lei para o princípio que domina sobre tudo” (Abraham Kuyper). O teólogo sabe que a Teologia é uma busca humana por compreender e sistematizar a revelação; e como humanos que somos, podemos nos enganar. A teologia, portanto, está, de certa forma, sempre a caminho, em busca de uma compreensão mais exaustiva das Escrituras. Entretanto, como em todas as demais ciências, nós, Reformados, temos nossos pressupostos; o nosso é que a Bíblia é o registro inspirado e inerrante da Palavra de Deus. Disso não abrimos mão. Estamos convencidos de que uma visão relapsa da Palavra determina o fracasso teológico e espiritual da Igreja. Portanto, a Escritura é suficiente para nos guiar e conferir significado a toda realidade. O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP, e é Pastor-Efetivo da IP do Jardim Marilene, Diadema, SP.


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INCLUSÃO SOCIAL

Escola Aeja Mackenzie – Educação de Jovens e Adultos A história do Instituto Presbiteriano Mackenzie como protagonista educacional iniciou em 1870, quando o casal de missionários presbiterianos Mary Annesley e George Chamberlain criou a Escola Americana que logo se tornou referência de educação básica em São Paulo com estratégias pedagógicas inovadoras e desde aquela época ostensiva prática de inclusão social, étnica e política, reflexo de uma cosmovisão cristã baseada nos princípios bíblicos. Márcia Nepomuceno

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Escola AEJA MACK, mais um núcleo de atividades educacionais cujo Mantenedor é o Instituto Presbiteriano Mackenzie, mantém os princípios confessionais dos patriarcas de nossa instituição, tendo como base as estratégias de inclusão social, étnica e política. É uma unidade escolar de Educação Básica, localizada à Rua Aureliano Coutinho, 196, Santa Cecília, CEP 01224-020, São Paulo/Capital, que tem por objetivo oferecer bolsas de estudos na modalidade AEJA – Educação de Jovens e Adultos, Ensino Fundamental e Médio com padrão de QUALIDADE Mackenzie, para as pessoas que não tiveram a oportunidade de estudos na época certa, visando o crescimento individual, social, intelectual e profissional do sujeito. Apresenta-se como proposta relevante ao contexto sócio-político-educacional, atendendo a diferentes camadas populares. Preocupa-se com a multiplicação de sua ação e cumpre

importante papel social. O projeto pedagógico da Escola está fundamentado nos preceitos constitucionais, legislação de ensino e na história do Instituto Presbiteriano Mackenzie e seus valores que evidenciam seu caráter confessional cristão-evangélico. Para isso, contamos com o apoio da Capelania do Instituto, na pessoa do Rev. Carlos Alberto Henrique, dando suporte diário à equipe pedagógica e aos alunos, com devocionais e atendimentos individualizados. Nossos cursos são caracterizados por estudos presenciais e desenvolvidos de modo a viabilizar processos

Vivências culturais diversificadas

pedagógicos tais como: Desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar. Registros, utilizando recursos variados, permitindo a sistematização e a socialização dos conhecimentos; Vivências culturais diversificadas que expressem a cultura dos educandos, bem como a reflexão sobre outras formas de expressão cultural. O AEJA-MACK é uma modalidade de ensino que atende educandos trabalhadores com o compromisso na formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo que os alunos par-

Estudos presenciais

ticipem efetivamente das relações sociais, com comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral, baseados na cosmovisão cristã. Nossos cursos são presenciais, semestrais e gratuitos (bolsa de estudos 100%). Para ingresso na escola, é preciso que o candidato se enquadre nos perfis da modalidade AEJA conforme legislação nacional, e socioeconômico conforme regras da filantropia do Instituto Presbiteriano Mackenzie, além de participar de uma avaliação diagnóstica para verificação de pré-requisitos para a série solicitada. Perfil da Modalidade AEJA conforme legislação: Ensino Fundamental 1 – ter no mínimo 15 anos completos; Ensino Fundamental 2 – ter no mínimo 16 anos com-

pletos; Ensino Médio – mínimo de 18 anos completos. Não há idade máxima para estudar na escola, visto que a modalidade é para atendimento a jovens e adultos. Perfil Socioeconômico: Só poderão se inscrever candidatos em que a renda familiar per capita seja igual a 1,5 salário mínimo. Para tanto, os candidatos devem comprovar a renda mediante apresentação de documentos no momento da inscrição. Além da gratuidade dos estudos e do ensino de qualidade, os alunos recebem uniforme (camiseta da escola) e material escolar (cadernos, caneta, lápis e borracha). Os interessados em informações sobre o próximo semestre poderão ligar para (11) 2114-8585. A Profa. Márcia S.L. Nepomuceno é Diretora da AEJA MACK.


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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

8o Congresso Mãos e Coração De 28 a 30 de setembro aconteceu a oitava edição do Congresso de Capacitação para Professores e Líderes de Departamento Infantil “Mãos e Coração – A Reforma na Infância”, na IP do Jardim Itapuan – Santo André – SP. Clayton Silva e Elaine Martins

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projeto Mãos e Coração surgiu em 2011, quando o Rev. José Roberto Coelho assumiu a Secretaria Geral da Infância e apresentou ao SC a proposta de um congresso que não se limita apenas à UCP, mas abrange a ED e a toda área de educação cristã, com o enfoque principal de capacitar as mãos que ministram aos corações das crianças. Para isso, ao longo desses sete anos, o secretário trabalhou com uma equipe de palestrantes (oficineiros) das mais diversas áreas da educação e com variadas formações, para promover capacitações dos que lidam com berçário e falam de Deus na primeira infância, e também dos que precisam de ideias criativas para trabalhar com pré -adolescentes (juniores). O escopo de oficinas atende tanto os que buscam o embasamento teórico hermenêutico de como interpretar narrativas a aqueles que precisam da prática de como serem bons contadores de histórias, se valendo

de recursos áudiovisuais e do evangelho através da arte. O Congresso também auxiliou os novatos egressos do DI a como organizar e manter o departamento; como organizar a UCP; como preparar o culto das crianças; como conseguir voluntários. No dia 28, por ocasião do culto de abertura estavam presentes o Secretário Geral da Infância, Rev. José Roberto; o Secretário Sinodal Clayton Silva; a Secretário Presbiterial, Elaine Martins; o Presidente do Sínodo SAB, Rev. Zedequias Alves; o Vice-Presidente do PRSA,

Presb. Valmir Silva; e o pastor da IPJI, Rev. Paulo Alexandre Pinto. O evento contou com palestrantes experientes, que vivem aquilo que ensinam e nos conduzem a estar mais próximos de Deus e do seu reino. No primeiro dia, o Rev. Dr. Hernandes Dias Lopes, Diretor Executivo de Luz para o Caminho, nos trouxe uma mensagem de exortação a “colocar a nossa casa em ordem e passar a mensagem do evangelho às futuras gerações” sob o tema: “o legado da Reforma na família”. No segundo dia, o Rev. Dr. Cláudio Henrique Albuquerque, pastor da 1ª IP do Recife, nos desafiou a “colocar a nossa igreja em ordem” sob o tema: “o legado da Reforma na Igreja”. No terceiro dia, o Rev.

8º Congresso Mãos e Coração – A Reforma na Igreja

Pastores e líderes presentes no 8º Congresso Mãos e Oração – A Reforma na Igreja

Dr. Heber C. Campos Jr. nos ensinou “como contar narrativas históricas de forma a levar os pequeninos a amarem a Deus” sob o tema: “o legado da Reforma na educação”. Tivemos 188 inscritos, 80 visitantes, 3 palestrantes, 5 pessoas da equipe nacional, 13 oficineiros, 30 pessoas da equipe da igreja local. Tivemos 15 estados

representados de Norte a Sul, de Roraima a Santa Catarina. Foi uma alegria receber esses irmãos e ser instrumento de Deus na vida deles, para melhor servirem ao Senhor e as crianças.

Clayton Silva, Secretário Sinodal de UCPs do Grande ABC, e Elaine Martins, Secretária Presbiterial de UCPs do PRSA.


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CELEBRAÇÃO

IP de Chapadão do Sul (MS) comemora 5 anos de organização Alexandre Pividori

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o dia 02 julho de 2012 eu, minha esposa e meus dois filhos viemos para Chapadão do Sul/MS com a missão de plantar uma igreja nesta região. Depois de uma longa temporada pastoreando em Curitiba, fomos para Rondonópolis/ MT com a finalidade de atuar profissionalmente no Grupo Torre, implementando um Departamento Ambiental e atuar nos 80 mil hectares de cultivo de soja e algodão da empresa. Nesse período, fui professor da UNIC (Universidade de Cuiabá), e em ambos os casos, sempre aproveitamos as oportunidades (Cl 4.5). Aceitamos o desafio de iniciar uma igreja em uma

pequena cidade no norte do estado do Mato Grosso do Sul. Tão logo fomos acomodados, iniciamos os trabalhos. Com o apoio de um cristão da IPI, empresário no ramo da agricultura, e visionário do Reino de Deus, o Sr. Alberto Schlatter, estruturamos o salão que havia sido alugado para a realização dos cultos. Por se tratar de uma região agrícola, convidamos o presbítero Antônio Cabrera para ser o mensageiro no culto de inauguração da igreja, o que foi aceito prontamente pelo irmão da IP de Rio Preto/SP. Iniciados os trabalhos, partimos para a missão: levar o evangelho aos perdidos desta terra próspera. Usamos todos os recursos disponíveis: programa na

rádio local, gravação das mensagens dominicais em em vídeo e em áudio, visitação, trabalhos em escolas e hospitais. Foram anos muito intensos até aqui, mas valeu muito todo esforço. Em setembro comemoramos cinco anos de vida. Nossa igreja foi organizada com apenas dois anos. Atualmente temos um grande ministério de música contando com mais de doze integrantes; realizamos missão com a distribuição gratuita de CDs com as mensagens dominicais; enviamos uma prévia em vídeo das mensagens de domingo pelo Whatsapp para todos os contatos; disponibilizamos em vídeo as mensagens de domingo no canal do youtube e no facebook; atingimos mais

IP Monte Santo (MG) realiza Rua de Lazer no Dia das Crianças Estela Márcia Dutra

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o dia 12 de outubro, a IP de Monte Santo de Minas, sob a liderança do Rev. Paulo Márcio Paiva, realizou uma Rua de Lazer em comemoração do Dia das Crianças para a população infantil da cidade, com o apoio e incentivo da comunidade. Brinquedos infláveis foram dispostos na rua, em frente à igreja, ordenados por idade e tamanho das crianças, e monitorados pelos membros da igreja.

O lanche, preparado e servido pela IP Monte Santo de Minas, incluía cachorro quente, pipoca, algodão doce, geladinho, refrigerante e água, e foi oferecido durante todo o tempo da festa às crianças e a todos os presentes. A celebração não visou apenas as brincadeiras e recreações. Houve também um período destinado à evangelização realizado dentro do templo através de peça teatral – não menos divertida e animada – apresentada pelo

Expresso Alegria, companhia de Passos (MG) e seus famosos Doutores da Alegria. O dia era de muito sol e muito calor, porém isso não atrapalhou a alegria da criançada, que se divertiu e se alegrou com o evento que alcançou entre quase 1000 pessoas. “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.14b). Estela Márcia Dutra é responsável pelo trabalho realizado com as crianças na IPMS

Rev. Alexandre Pividori e família

de cem mil ouvintes com o programa na rádio local. Usamos todos os recursos disponíveis para levarmos o evangelho do reino de Deus ao maior número de pessoas. O que era apenas um sonho, atualmente é uma igreja com quase 300 membros e conta com diversos ministérios.

É uma grande alegria compartilhar com outras igrejas a satisfação de sermos IP em Chapadão do Sul/MS. Uma jovem adolescente igreja que ainda tem muito chão para trilhar, e muitas almas para colher. Em tudo, louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. O Rev. Alexandre Pividori é pastor da IP em Chapadão do Sul/MS

IP Volta Redonda celebra seu 58o aniversário Gumercindo Esposti

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2ª IP de Volta Redonda (RJ), comemorou o seu 58º aniversário de organização, completados no dia 23 de agosto de 2017, com cultos nos dia 19/08 e 20/08, com a presença do Rev. Cláudio Reis, pastor da IP do Centenário em São Paulo e no dia 23/08, com a presença do Rev. Romer Cardoso, diretor do Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro. Por ocasião dos cultos, tivemos a alegria de receber novos

membros, por batismo infantil, profissão de fé e batismo. No dia 23 de agosto, a igreja recebeu moção de congratulação da Câmara Municipal, autoria do vereador Isaac Bernardo, membro da nossa igreja. A 2ª IPB-VR, foi organizada no mês e ano do primeiro centenário da Igreja Presbiteriana do Brasil. Desde 2010, a igreja é pastoreada pelo Rev. Márcio Cunha. Gumercindo Esposti é agente do Brasil Presbiteriano.


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CUIDADOS PALIATIVOS

Lançamento do livro Esperança para viver e para partir – Espiritualidade na prática de Cuidados Paliativos

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3º Congresso de Cuidados Paliativos – “Buscando o sentido da vida” aconteceu de 04 a 06 de outubro no Auditório da Escola Americana do Instituto Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo. O evento foi promovido pela ACEH – Associação Capelania Evangélica Hospitalar, em parceria com o Instituto Presbiteriano Mackenzie, por meio de sua Chancela-

Claúdio Marra, Editor da Cultura Cristã

ria, CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) e do COPEX (Coordenação de Pesquisa e Extensão e Faculdade de Direito – Biodireito). O Congresso teve como colaboradores e participantes a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), a Cruz Azul de São Paulo, o Instituto Eleny Vassão, seus coautores e o Editor do livro, no lançamento

de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Hospital do Servidor Público Estadual de SP), a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), a Editora Cultura Cristã e o Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ). O evento contou também com a participação de 21 palestrantes, entre eles os Revs. Roberto Brasileiro, Davi Charles Gomes e os capelães Bruno Dias, Elizabeth Pavão, Priscila Dias e Eleny Vassão de Paula Aitken. No último dia do evento, às 12h50, ocorreu o lançamento do livro Esperança para viver e para partir – Espiritualidade na prática de Cuidados Paliativos, da autoria da capelã Eleny Vassão e com a participação do Capelão Bruno Oliveira, Dra. Cláudia Naylor, Prof.

Capelã Eleny Vassão durante lançamento do seu mais novo livro publicado pela Editora Cultura Cristã

Dr. Francisco Lotufo Neto, Capelão João Batista Garcia, Dr. Paulo Tsai, Capelã Priscila Dias, Dra. Rosana Chami Gentil, Dr. Rudy Eduardo Uchôa de Azevedo, Dra. Sara Krasilcic, Dr. Sérgio Paulo Der Torossian e Profa. Thelma Feltrin. Publicada pela Editora Cultura Cristã – na ocasião representada por Cláudio

Marra, seu Editor – a obra aborda temas relacionados aos Cuidados Paliativos a partir do relato dos últimos momentos do Dr. Rudy Uchôa, médico que serviu

por vários anos a Universidade Presbiteriana Mackenzie. A obra já está disponível na loja online da Editora Cultura Cristã.


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INSPIRAÇÃO

O farol Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o SENHOR será a tua Luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória! (Is 60.19) Aldenir Lopes

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m farol é uma estrutura elevada, uma torre, munido de lâmpadas e espelhos refletores, cujo facho de luz é visível a longa distância. Os faróis orientam os navegadores para ancorarem em segurança. Antigamente, os faróis eram alimentados por azeite, depois petróleo e hoje eletricidade. O primeiro farol registrado é o de Alexandria, construído em 280 a.C. No Brasil o mais conhecido é o Farol

da Barra em Salvador. A palavra farol deriva da palavra grega “Faros”, nome da ilha onde está o farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Farol significa uma direção a seguir, norte, orientação. Semelhantemente, Deus é o Farol que nos orienta a ancorar o nosso barco no Porto Seguro que é Jesus. A Palavra de Deus é Luz para os nossos caminhos. O crente em Jesus navega em mares revoltos, ondas gigantes, rochedos,

tempestades, noites tenebrosas; e é indispensável ser orientado, guiado e iluminado pelo Espírito Santo. Em Isaías 9.2 lemos: O povo que andava em trevas viu grande Luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu lhes a Luz. Quando Jesus nasceu, os pastores que guardavam os seus rebanhos foram cercados por um resplen-

dor de luz do céu, uma estrela resplandecente guiou os magos a Belém. Jesus afirma: EU SOU a Luz do Mundo; o Pão da Vida; a Porta das ovelhas; o Bom Pastor; o Caminho a Verdade e a Vida; a Ressurreição e a Vida. Em João 12.35-36 somos convidados por Jesus “a andar na Luz, enquanto a Luz está conosco, para que as trevas não nos apanhem. Te-

mos a Luz, cremos na Luz, somos filhos da Luz”. Jesus é o Farol do marinheiro, a Bússola do nauta, nossa Rocha inabalável e Âncora segura e firme! A Luz que é Jesus estará sempre conosco até a consumação do século e por toda eternidade. Que abramos o nosso coração e deixemos a Luz do céu raiar. Aldenir Lopes é presbítero da 1ª IP de Taguatinga – DF

FALECIMENTOS

Francisco de Paula Pereira de Souza Na tarde do dia 31/07/2017, faleceu Francisco de Paula Pereira de Souza, Pastor Emérito da IP de Madureira e Pastor Evangelista da Congregação Presbiterial de Armação de Búzios. Ele e a esposa, Dna. Neuza Maria da Rocha Pereira de Souza, com quem era casado há 58 anos, se deitaram para a sesta da tarde. Ao acordar, Dna. Neuza verificou que ele havia falecido. Ele não reclamava de nenhum problema de enfermidade. Estava bem, tanto que no domingo (30/07), dirigiu normalmente o culto na Congregação. Agradecemos ao Senhor pela vida ministério do Rev. Francisco e intercedemos para que o Eterno

também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.7-8). O Senhor nos deu Francisco de Paula Pereira de Souza, o Senhor para si o tomou. Bendito seja o nome do Senhor.

Dona Alice, um exemplo de fé Deus console os familiares, Igreja e amigos neste momento em que dele nos despedimos para o encontro final na glória celestial. Para consolo do nosso coração, relembramos as palavras do Apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas

“(...) a vereda do justo é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito!” (Pv 4.18) Dona Alice demonstrou amor pela IPB, em especial, pela Sociedade Auxiliadora Feminina. Praticou sua fé em seu ministério de assistência social, uma fé inabalável, mesmo quando as dores a deixavam mais vulnerável. Cerca de seis horas antes de

sua partida, eu e meus irmãos, oramos juntos com ela. Seu legado permanecerá: filhos criados para a glória de Deus e não para o mundo, como ela mesma sempre afirmava. Sem muitas palavras, várias pessoas foram para se despedir. Uma homenagem das auxiliadoras femininas da Confederação Sinodal nos fez relembrar o quanto seu testemunho foi marcante. Algumas de suas amigas de tantas viagens, encontros departamentais, reuniões inspirativas estavam lá para demonstrar o reconhecimento pelos serviços prestados ao longo de tantos anos. Ela ensinou a todos nós acerca do compromisso com as coisas de Deus, como auxiliadora irrepreensível: planejamento, organização, capricho nos mínimos detalhes,

pontualidade e urgência. À luz de seus ensinos, amparados pela certeza de que ela está com o Senhor, é preciso prosseguir, honrando e servindo a Deus, até que o nosso dia também se torne perfeito e possamos viver juntos para sempre com o Senhor! Dona Alice foi casada com o Presb. Jádis. Deixou os filhos Jônatas, Mônia e Thaís. Mônia Rodrigues


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Reforma e Puritanismo Marcone Carvalho

Diferente das reformas luterana, calvinista e anabatista, cujo nascimento se deu principalmente por razões teológicas, a reforma, na Inglaterra, começou pela via política. O rei Henrique VIII, por meio do Ato de Supremacia (1534), foi declarado “o único chefe supremo da Igreja”. Desde então, oficialmente, o catolicismo deixou de ser a religião do país. Na prática, a igreja continuou com a teologia e as cerimonias romanistas, porém não mais subalterna ao Papa. Nascia, assim, o anglicanismo. Com a morte de Henrique VIII, ocupou o trono o menino Eduardo VI, que governou através de um conselho regencial (1547-1553). Durante esse curto reinado, medidas protestantes foram adotadas e importantes mudanças ocorreram. Pela primeira vez, a Igreja Anglicana experimentou reformas em sua doutrina e liturgia. Falecido o rei Eduardo, Maria Tudor assumiu a coroa e restaurou o catolicismo como religião nacional. A violência da monarca

Assembleia de Westminster – 1643–1648

e a perseguição dirigida aos protestantes lhes valeram a alcunha de “Maria, a sanguinária”. Cerca de 800 protestantes fugiram para a Europa continental, inclusive destacados clérigos e teólogos. Países Baixos, Alemanha e Suíça foram os principais destinos. Em Genebra, nesses anos de exílio, homens como Christopher Goodman, Anthony Gilby, William Whitthingham e John Knox receberam a influência de Calvino. Em 1558, Elizabeth I assumiu a coroa. Pro-

testante, a nova rainha tinha diante de si um país dividido, do ponto de vista religioso e político. De fato, foi durante seu reinado (1558-1603) que se esboçou o que alguns chamam de “glorious comprehensiveness”: a existência de diferentes tendências e grupos no seio do anglicanismo. Com o regresso dos exilados, um grupo passou a reivindicar reformas mais profundas na Igreja Anglicana, especialmente no campo da liturgia. A exigência de “pureza” no culto fez com que os

defensores dessa posição fossem identificados como “puritanos”. Esse grupo era basicamente formado pelos que estiveram exilados na Suíça, e vários deles foram os responsáveis pela publicação, em 1560, da Bíblia de Genebra, a principal tradução inglesa usada no século 16. Durante os primeiros anos de Elizabeth, os puritanos conseguiram certa medida de aceitação pública. Porém, a partir de 1565, foram perdendo espaço. No transcurso das décadas, envolveram-se em

controvérsias e, no século seguinte, entraram em conflito com os monarcas Tiago I e Carlos I. Devido à sua alta estima pela Bíblia e pela centralidade da pregação no culto, e também pelo radicalismo de alguns de seus adeptos, o puritanismo enfrentou lutas e não poucos inimigos desde seus primórdios. O grupo acabou naturalmente se transformando em um movimento e abrigou no seu interior alas com distintas ênfases. Os puritanos eram, em sua maioria, reformados. No livro Teologia Puritana, Beeke & Jones apontam algo da diversidade existente entre eles: a divergência entre Baxter e Owen, o primeiro sendo mais simpático aos Cânones de Dort que aos documentos de Westminster; Goodwin, arminiano; John Milton, possivelmente ariano; e Eaton, antinomiano. Quanto à forma de governo eclesiástico, os três modelos tinham seus partidários: episcopalismo, congregacionalismo e presbiterianismo. No que concerne à relação Igreja e Estado, conformistas e não-con-


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B-2 10 formistas coexistiram durante grande parte do século 17. O puritanismo sofreu seu grande golpe em 1662, quando se aprovou o Ato da Uniformidade. Quase dois mil puritanos saíram da Igreja Anglicana. Após 1689, com a promulgação da Lei de Tolerância, o movimento perdeu sua razão de ser – reformar a Igreja Anglicana – e, dessa forma, as igrejas dissidentes (Batistas, Presbiterianas, Congregacio-

nais, etc.) passaram a desfrutar de legalidade. A maioria dos estudiosos concorda que o fim do século 17 marca o desaparecimento do movimento. Por essa perspectiva, personagens como Jonathan Edwards, Spurgeon, Ryle, Lloyd-Jones e Packer não poderiam ser descritos como puritanos no mesmo sentido dos puritanos dos séculos 16 e 17, mas como herdeiros espirituais do movimento. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho colabora regularmente com o Brasil Presbiteriano.

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Philip Melanchthon e a educação Marcone Carvalho

Sabe-se que o êxito da Reforma Protestante em muito se deveu à instrução dos fiéis. A criação de escolas e a elaboração de catecismos demonstra o apreço que os reformadores tinham pela educação. É justamente nessa área que o alemão Philip Melanchthon (14971560) se destaca como o grande nome do século 16, sendo considerado o fundador da escola e da universidade protestantes. Professor em Wittenberg desde 1518, aliou-se a Lutero e passou a exercer capital influência na consolidação da Reforma. De índole pacifista, era dado ao diálogo e soube reconhecer acertos em outras tradições teológicas. Humanista formado em Heidelberg (1511) e Tübingen (1514), graduou-se em teologia em Wittenberg (1519). Profícuo escritor e educador, Melanchthon escreveu o primeiro tratado de teologia protestante (Loci Communes, de 1521) e a Confissão de Augsburg (1530), documento clássico da fé luterana. Publicou manuais de educação, formou muitos professores, participou da fundação de numerosos estabelecimentos de ensino e redigiu programas que vieram a ser adotados em toda a Alemanha.

Fez de sua casa uma escola (schola domestica), na qual ensinava para um seleto grupo de alunos. Na Saxônia, sua “Instrução para os visitantes do clero paroquial” foi promulgada como lei. Ao longo dos anos, pelo menos 56 cidades buscaram sua colaboração para reformar o sistema

educacional. Ele também ajudou a reestruturar oito universidades e fundou outras quatro. Um exemplo do impacto de suas ideias ocorreu no principado de Württenberg. Em 1524, ano em que o protestantismo foi adotado como religião, havia três escolas. Em 1559, eram 80 e, em 1600, o

número tinha subido para quase 400. Vale mencionar que a proposta educacional desse reformador unia instrução e religião, em uma época em que as duas coisas andavam juntas. Por tudo isso, Melanchthon tem sido lembrado como o pai da pedagogia protestante.


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O debate entre Lutero e Erasmo A questão do livre e do servo arbítrio Gerson Moraes

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ucien Febvre (18781956), fundador da Escola dos Annales, historiador especialista no século 16, e que o via como uma “pátria do espírito”, talvez por ser ele mesmo um fervoroso humanista, teve de conhecer a fundo os dois personagens do debate em epígrafe. Sobre eles, Febvre tinha visões opostas. Enquanto pintava Erasmo como prudente e calculista, agindo sempre em benefício próprio, Lutero é apresentado como fogoso, impulsivo, que nunca calcula as consequências de suas palavras e atos. Contudo, isso não é negativo para Febvre, muito contrário, pois o reformador tem um destaque especial na obra do historiador. Talvez a citação a seguir, de Febvre, possa ajudar na compreensão dos nossos personagens debatedores. “Um lógico que defendesse com clareza um sistema de ideias coerentes, perfeitamente ligadas, que não deixassem lugar para o equívoco, não teria sido mais que uma voz no clamor inútil e confuso das Alemanhas. Um homem de bom senso, prudente, e que pesasse suas ações

antes de realizá-las, que só pusesse o pé sobre terreno firme e anteriormente sondado, só teria feito e dito o que precisamente fazia e dizia Erasmo. Lutero era mais um homem piedoso que um lógico ou um sábio; um homem piedoso que tratava de realizar grandes e belas obras, de levar uma vida devota, virtuosa e santa. Era um instrumento que seguia seu impulso sem se preocupar com as dificuldades, com as oposições ou com as contradições que não percebia com a inteligência, mas que conciliava na unidade profunda de um sentimento vivo e dominador. Lutero não é nem um doutor, nem um teólogo: é um profeta”. Erasmo de Roterdã era, na década de 20 do século 16, o mais famoso sábio europeu e vinha sendo cobrado por diversos humanistas sobre seu posicionamento em relação à Reforma Religiosa que estava em andamento desde 1517. Erasmo bem que tentou se furtar a essa responsabilidade, já que o clima em toda a Europa era bastante pesado naqueles dias. A Europa não estava apaziguada, as guerras eram constantes, e a Reforma

era mais um elemento a favorecer esse clima bélico. Henrique VIII, antes de romper com a Igreja Católica e criar a Igreja Anglicana, recebeu o título de “defensor da fé” em função de sua fidelidade ao papa e por tecer severas críticas a Martinho Lutero. Ele mantinha correspondência com Erasmo e passou a pressioná-lo a escrever contra alguns posicionamentos teológicos de Lutero (e o tema escolhido foi o livre -arbítrio). Erasmo, inclusive, antes de publicar o seu tratado, enviou um esboço desse escrito ao rei

da Inglaterra. No dia 1° de setembro de 1524, a obra veio a público. Confrontar o grande Erasmo não era tarefa fácil, e Lutero sabia disso. Ele esperou mais de um ano para redigir sua obra. De servo arbitrio, o livro em que Lutero rebatia as ideias de Erasmo, foi publicado somente em 31 de dezembro de 1525. O método desenvolvido por Lutero se baseou na convicção de que a Bíblia é a Palavra de Deus e que o Espírito Santo auxilia na sua leitura e compreensão. Para Lutero, a coisa mais importante era Deus

ser Deus, para Erasmo era Deus ser bom. Erasmo acreditava na educação; Lutero, na revelação. O assunto em discussão é matéria antiga de disputa no campo teológico. Lutero e Erasmo reeditaram na Modernidade o velho debate entre Agostinho e Pelágio. Lutero, de forma brilhante, vai desconstruindo toda argumentação erasmiana, mostrando que o homem caído não pode ter uma vontade livre. Se o homem possui livre-arbítrio em matéria de salvação, “que necessidade há ainda de Cristo? Que necessidade do Espírito?” Em todo o livro Do servo arbítrio, Lutero repetidas vezes exalta as qualidades de Erasmo, mas não compreende como tão douto autor conseguiu escrever tão indouto livro. Lutero não economizava nem nos elogios e nem nas críticas. De qualquer forma, a leitura e o cotejamento das duas obras é uma experiência fascinante, uma forma de se visitar um dos grandes capítulos da Reforma Protestante. Gerson Leite de Moraes é pastor presbiteriano, professor do Mestrado em Ciências da Religião da UPM e do SPS; doutor em Ciências da Religião pela PUCSP e doutor em Filosofia pela UNICAMP.


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GOTAS DE ESPERANÇA

ESPIRITUALIDADE DA REFORMA

Por que um reavivamento é necessário? Hernandes Dias Lopes

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o mesmo ano em que se celebra os quinhentos anos da Reforma Protestante, faz-se necessária uma reflexão profunda sobre a saúde espiritual da igreja. Mesmo tendo igrejas saudáveis e cheias do Espírito Santo espalhadas pelo mundo, o cenário geral é preocupante. Há perigosas ameaças à igreja. Vejamos: Em primeiro lugar, a ameaça do liberalismo teológico. O Racionalismo trouxe a ideia de que a razão humana é o supremo tribunal aferidor da verdade. O Iluminismo colocou o homem no centro do universo. A Alta Crítica, faz uma releitura da Bíblia e apresenta contra ela pesadas acusações. Acusam a Bíblia de ser um livro cheio de erros e mitos. O resultado é que esse viés teológico, como um veneno letal, devastou a igreja onde chegou. Os seminários, que outrora formaram teólogos, pastores e missionários, agora, plantam ceticismo, promovem incredulidade e espalham apostasia. Os sinais da devastação

provocada pelo liberalismo teológico podem ser vistos na Europa, na América do Norte e também no Brasil. Em segundo lugar, a ameaça da secularização. O humanismo idolátrico baniu o jugo de Deus. Karl Marx, com seu materialismo dialético tirou Deus da História, Charles Darwin, com sua teoria da evolução, tirou Deus da Ciência. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, tirou Deus do inconsciente humano. Friedrich Nietsche, do topo de sua soberba intelectual, disse que Deus morreu. Richard Dawkins, o patrono dos ateus contemporâneos, disse que Deus é um delírio. O homem, besuntado de orgulho, baniu Deus de sua vida e de sua história. Até mesmo aqueles que professam a fé cristã, em muitos redutos, já empurraram Deus para a lateral da vida e vivem para o seu próprio deleite e não para a glória de Deus. Tudo agora gira em torno do homem. Tudo acontece pelo homem e para o homem. A secularização está entrando nas igrejas, deixando-as anêmicas e desidratadas. A falta de engajamento

e fervor da maioria dos crentes é um fato incontroverso. Em terceiro lugar, a ameaça do sincretismo. No afã de atrair mais pessoas para o seu arraial, muitos líderes, desprovidos da verdade, introduzem na igre-

Há perigosas ameaças à igreja: A ameaça do liberalismo teológico. A ameaça da secularização. A ameaça do sincretismo. A ameaça do mundanismo. A ameaça da ortodoxia sem piedade. ja crendices pagãs e práticas estranhas à sã doutrina para enredar os incautos. Torcem a palavra de Deus. Inventam novidades. Acorrentam o povo com as cordas da ignorância. Por causa da ganância insaciável, esses corifeus do engano, trans-

formam o evangelho num produto híbrido, o púlpito num balcão, o templo numa praça de negócios e os crentes em consumidores. O vetor que move esses arautos da mentira é o lucro. Esses lobos travestidos de pastores arrancam a lã das ovelhas e devoram sua carne, dandolhes o caldo mortífero das últimas novidades do mercado da fé, para mantê-las prisioneiras do engano religioso. Em quarto lugar, a ameaça do mundanismo. A verdadeira doutrina desemboca na verdadeira ética. Os reformadores ensinavam a vida simples e viviam de forma modesta. A simplicidade era a marca do cristão. O ideal desses homens não era ajuntar tesouros na terra, mas no céu. Não era ostentar bens materiais, mas promover a fé. Não era copiar o mundo em seus conceitos, valores e prazeres, mas inconformarse com ele. Não era viver no fausto e no luxo, mas proclamar o evangelho, mesmo sob severa perseguição, e isso, até aos confins da terra. A paixão pela glória de Deus foi sendo perdida a cada geração. O entusiasmo com o avanço do evan-

gelho entre as nações arrefeceu. A igreja passou a amar o mundo e a conformar-se com ele em vez de ser luz no mundo e embaixadora do reino de Deus. Em quinto lugar, a ameaça da ortodoxia sem piedade. A ortodoxia é necessária, inegociável e insubstituível, mas precisa vir acompanhada de piedade. Uma ortodoxia ossificada mata. Não basta crer nas doutrinas certas, é preciso viver da maneira certa. Não basta ter luz na mente, é preciso ter fogo no coração. Não basta ter conhecimento certo, é preciso praticar o que é certo. Não basta convicção, é preciso poder. Não basta ter zelo pela sã doutrina, é preciso praticar o genuíno amor. O descompasso entre teologia e ética, doutrina e vida, fé e conduta tem sido um grande estorvo ao avanço da fé cristã. Em face das considerações retromencionadas, é mister a igreja arrepender-se e clamar por um poderoso reavivamento espiritual, preparando o caminho do Senhor, para que ele se manifeste. O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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HOMENAGEM

Em memória do Dr. Simon J. Kistemaker João Alves do Santos

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o dia 23 de setembro último, aos 87 anos de idade, na cidade de St. Petersburg, Flórida (EUA), onde residia com sua esposa Jean, foi chamado aos tabernáculos eternos o Rev. Dr. Simon J. Kistemaker, professor emérito do Reformed Theological Seminary e um dos quatro primeiros professores do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper (CPAJ). O Dr. Kistemaker nasceu na Holanda em 1930 e imigrou para o Canadá, juntamente com sua família, aos 17 anos, pouco depois da 2ª Guerra Mundial, passando a morar em Hamilton, na província de Ontário. Estudou no Calvin College, depois no Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids (EUA) e concluiu seu doutorado em Teologia na Free University of Amsterdam, na Holanda, tendo como tema de sua tese “As citações de Salmos na Epístola aos Hebreus”. Foi ordenado em 29 de setembro de 1961 pela Christian Reformed Church. Até 1963 pastoreou a East Hill Community Church em Vernon, na Colúmbia Britânica (Canadá), e daí a 1971 lecionou Bíblia e Línguas no Dordt College, em Sioux Center, no estado de Iowa (EUA). A partir desta data, assumiu a cadei-

ra de professor de Novo Testamento do Reformed Theological Seminary, em Jackson, no Mississipi, (EUA), onde permaneceu até a sua aposentadoria, em 1996, quando recebeu o título de professor emérito daquela instituição. Mudou-se, então, com sua esposa para a Flórida, onde continuou lecionando no campus desse mesmo seminário em Orlando, até 2011. Mesmo depois dessa data ainda ministrava cursos eletivos e palestras, ocasionalmente. Foi presidente da Evangelical Theological Society no ano de 1976 e serviu como secretário dessa associação dez 10 anos. Com o falecimento do Dr. William Hendriksen (1900–1982), assumiu a responsabilidade de completar a série de comentários bíblicos do Novo Testamento que estavam sendo escritos por aquele destacado teólogo, e da qual faltavam ainda sete volumes, o que conseguiu concluir com igual competência e aprovação no ano de 2001. Dos comentários que escreveu, quatro foram contemplados com o Gold Medallion Evangelical Book of the Year Award, prêmio conferido pela Associação Evangélica de Editores Cristãos daquele país. Além dessa obra que o tornou mundialmente conhecido, inclusive no

Brasil, com a sua tradução para o português e publicação pela Editora Cultura Cristã, o Dr. Kistemaker escreveu vários outros livros de grande aceitação, muitos deles também traduzidos para o português e publicados por essa mesma editora, dentre os quais Os milagres de Jesus, Os encontros de Jesus e As parábolas de Jesus. O que mais se destaca

hoje pertence à Junta de Educação Teológica, e prontificou-se a assumir a tarefa de professor de Novo Testamento para, juntamente com os Drs. Gerard Van Groningen (Antigo Testamento), Fred Klooster (Teologia Contemporânea) e Boanerges Ribeiro (Teologia Histórica) formar o primeiro “time” de professores de nosso conceituado CPAJ.

O Dr. Kistemaker sempre foi caracterizado não só pela sua erudição, mas pelo seu caráter cristão, pela sua simplicidade e generosidade de espírito

em relação ao nosso país, porém, foi seu interesse pela formação de nossos pastores e professores de teologia. Em 1981, quando se tomavam as providências para a criação de um curso de pós-graduação em teologia no Brasil, hoje consolidado no Centro de Pósgraduação Andrew Jumper, o Dr. Kistemaker prontamente atendeu ao convite da Comissão de Seminários da IPB, que naquela época cumpria o papel que

Ele foi o último dos professores “fundadores” dessa instituição a ser promovido à pátria celestial, depois de relevantes serviços prestados à Igreja de Cristo e ao Reino de Deus. Cumprindo sua missão, o Dr. Kistemaker esteve no Brasil por quatro vezes. Em janeiro e julho de 1983, para ministrar cursos de sua área. Em julho de 1984, esteve em nosso país com os outros dois professores para exames finais. Dez

anos depois, já na segunda fase de atividades do Andrew Jumper, após sua reestruturação, veio em agosto de 1994 para ministrar as disciplinas de Teologia Bíblica do Novo Testamento e Exegese de 1Coríntios. Foi sua última visita ao Brasil, sempre acompanhado de sua digníssima esposa, “Dona” Jean. O Dr. Kistemaker sempre foi caracterizado não só pela sua erudição, mas pelo seu caráter cristão, pela sua simplicidade e generosidade de espírito, sempre procurando incentivar seus alunos na busca do conhecimento teológico e dispondo-se a ajudá-los. Com esse propósito, ele e sua esposa receberam vários de seus alunos em sua própria casa, a seu convite, até durante meses, tratando-os como a seus próprios filhos, para que tivessem acesso a recursos de biblioteca e acompanhamento que não poderiam ter em seus lugares de origem. O autor desta homenagem póstuma pode testemunhar como um dos que tiveram esse privilégio, pelo que lhe é imensamente grato. Louvado seja Deus pela vida desse seu fiel servo e pelo exemplo de generosidade e amor cristão que deixou àqueles que puderam ser abençoados por sua vida. O Rev. João Alves do Santos é professor do Andrew Jumper


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JUBILAÇÃO

Gratidão a Deus pelos Jubilados N

o dia 23 de agosto deste ano, o SC-IPB realizou um culto em ações de graças ao Senhor pela vida e ministério de 29 pastores da IPB, que receberam seus diplomas de jubilação. Suas esposas também foram homenageadas após o culto, recebendo uma medalha de honra pelo ministério realizado. O culto foi celebrado no templo da IP de Brasília, com a condução do pastor da Igreja local, Rev. Weber Sérgio, do Tesoureiro SC-IPB, Presb. José Alfredo Marques de Almeida, do Secretário Executivo SC-IPB, Rev. Juarez Marcondes Filho e do Presidente SC-IPB, Rev. Roberto Brasileiro Silva. Participou o grupo Louvores do Coração, da

IP de Brasília. O pregador foi o Rev. Valdeci da Silva Santos, Secretário Nacional de Apoio Pastoral. Vários dos pastores jubilados vieram acompanhados de suas famílias, e alguns por dezenas de amigos, parentes e membros de suas igrejas. O templo estava lotado. Foi uma linda festa ao Senhor! Louvamos a Deus por mais este grupo de servos que alcançaram este degrau em suas vidas dedicadas ao serviço divino. Oramos para todos continuem cada vez mais consagrados ao Senhor Jesus até o último dia. Rev. Dalzir Rodrigues Silva Chefe de Gabinete da Secretaria Executiva do SC-IPB

Pastores Jubilados e suas esposas após o culto de ações de graças

Rev. Abrahão Soares da Silva e esposa Teresa Lúcia Rabelo da Silva (ausente) – PRSJ Rev. Antonino Alves de Sousa e esposa Venlúzia Santana de Sousa – PBJP Rev. Ariovaldo Rodrigues de Oliveira e esposa Lúcia Rodrigues de Oliveira – PLIS Rev. Cícero Ferreira da Silva e esposa Walma de Oliveira Gonzaga Silva – PRIN Rev. Edson Ferraz Perpétuo e esposa Jussara de Melo Perpétuo – PVPB Rev. Elizeu Alves Vieira e esposa Regina Célia de Abreu Vieira – PFLO Rev. Enos Dias Pereira e esposa Leda Franco da Silveira Pereira – PLVA Rev. Ezequias Scherrer e esposa Geni Ferreira Scherrer – PSES Rev. Francisco Elias Manhães e esposa Maria M. de Castro Maio Manhães – PCEF Rev. Francisco José Cruz Moraes e esposa Keila Mendes de Medeiros Moraes – PRDF Rev. Heleno Guedes Montenegro e esposa Maria das Neves Guimarães – PSET Rev. Humberto Lima de Aragão e esposa Vilma de Moura Aragão – PCPL Rev. José Carlos Nascimento e esposa Tereza Silva Santos Nascimento – PRDO Rev. José Vieira Feitoza e esposa Icléa Furtado Higino Feitoza – PVSM Rev. Josias Vieira Altino e esposa Adélia Rangel de Souza Altino – PREI Rev. Luiz Pereira da Silva e esposa Gildete Oliveira da Silva – PSSB Rev. Luiz Viana de Alcântara Filho e esposa Ireni Medeiros de Alcântara – PAPB Rev. Marcelo Barzola Tabraj e esposa Altina Antônia de Morais Barzola – PBET Rev. Moacir Antônio Nava e esposa Elvira Ivonete Nava – PCST Rev. Serafim da Rocha Barbosa e esposa Márcia Alves Cabral Barbosa – PSGN Rev. Sebastião Augusto Lins e esposa Mauricéa dos Santos Lins – PREL Rev. Adauto Lins dos Anjos e esposa Elys Mirtow Prazeres dos Anjos – PROL Rev. Alecil Amaro dos Santos e esposa Joseli Souza Pereira dos Santos – PRNF Rev. Antônio Caixêta Neto e esposa Lauraci de Souza Fonseca Caixêta – POSG Rev. Antônio Coine e esposa Nilza Amaral Silveira Coine – PBTU Rev. Eduardo Florêncio e esposa Vicência Banks Florêncio – PLMR Rev. Enoch Bitencourt dos Passos e esposa Esther Limeira Bitencourt – PVTL Rev. Ersino Albano da Silva e esposa Lucíola Gonzaga da Silva – PRJF Rev. Norberto Santandréa e esposa Amélia Nelci de Lima Portes Santandréa – PAMR

Rev. Roberto Brasileiro, Rev. Weber Sérgio, Rev. Juarez Marcondes Filho e Presb. José Alfredo durante culto de celebração na IP de Brasília


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Professor que é professor Nesta edição, a terceira da série, veremos que o bom professor...

Trata de conhecer as características e necessidades seus alunos Cláudio Marra

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ocê é como o professor que conhece muito bem a lição, mas não sabe o nome de seus alunos? Você cai de paraquedas diante da classe cada domingo, “pronto” para dar a aula? Esse procedimento traz sérios problemas. Por exemplo, como são escolhidos os temas para compor o currículo para sua classe? Escolhidos os temas, como decidir a abordagem que receberão? Que métodos são mais eficientes para a sua classe? Como decidir as aplicações? A Bíblia inteira é “inspirada por Deus, e útil para

o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.1617), porém, você não poderá ensiná-la toda em uma aula. Nem mesmo em um ano. Precisaremos de um currículo, um caminho. Para se decidir o que será estudado, quais objetivos serão estabelecidos, quais abordagens e métodos serão adotados e para se planejar as aplicações e avaliações, o professor precisará conhecer os seus alunos. Se todo esse arrazoado

não bastou para convencê-lo, vamos apelar para uma razão mais forte, o exemplo de Jesus. Ele passou com os discípulos tempo longe do público (Mc 2.15,23; Jo 2.2; 3.22; Lc 9.18); ele reconheceu as suas diferenças e os chamou individualmente (Lc 5.3-11; Jo 1.47); ele lhes serviu de exemplo (Lc 5.29; Jo 4; Lc 6; 9.18); ele tinha legítimos círculos de intimidade (Mc 5.37; 9.2; 14.33). Jesus os conhecia. Para conhecer seus alunos, o professor poderá começar, no plano mais geral, lendo o que a Bíblia diz sobre o ser humano, sua criação e queda. Isso lhe dará um

senso realista a seu respeito e sobre eles. Um pouco mais especificamente, você lerá sobre a faixa etária da sua classe, anotando suas características e refletindo a respeito. Será proveitoso, também, participar de grupos de estudos sobre essa faixa, aproveitando a experiência de outros obreiros. Essas são maneiras indiretas para se conhecer os seus alunos. São importantes, mas não substituem a aproximação direta. Seguindo o exemplo de Jesus, o professor deverá passar tempo com seus discípulos, mas nada mecânico e formal. Diversas atividades podem

envolver professor e aluno, e a informalidade vai conferir maior validade às observações do discipulador. É evidente que o fator tempo apresenta enorme dificuldade. Aí será hora de lembrar que isso não elimina a necessidade do contato pessoal. Será hora também de revermos nossa agenda e o excesso de programas formais e reuniões que a igreja adora marcar. Menos, nesse caso, é mais. Na sequência, Professor que é professor procura conhecer a Escritura. O Rev. Cláudio Marra é o Editor do Currículo Cultura Cristã e autor do livro A Igreja Discipuladora.

PROJETO SARA

Oratio, meditatio, tentatio “Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe a tua Palavra. Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei.” Salmos 119.17-18 Raquel de Paula

A

mente de Lutero vivia cativa às Escrituras, pois, pela graça, ele finalmente entendera que o justo vive pela fé. A iluminação do Espírito Santo trouxe a esse homem uma coragem e ousadia para a atitude que culminou

o desencadear da Reforma Protestante, pela autoridade da Bíblia na mente, no coração e na vida de cada um. Para Lutero, para que uma pessoa fosse plenamente abençoada pelo Espírito Santo, era imperativo o estudo sério da Palavra de Deus, a oração séria e comprometida e a

consequente obediência às verdades bíblicas de Jesus, logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2.20). O máximo considerado por Lutero consistia no fato de que um teólogo fazia três coisas primordiais: oratio (oração), meditatio (meditação) e tentatio (provação, luta por ser encontrado fiel às Escrituras). Após 500 anos, temos hoje as Escrituras Sagradas disponíveis para cerca de 2.935 idiomas falados por

6,039 bilhões de pessoas. Quanto tempo temos tomado para nos empenharmos em contemplar as maravilhas que Deus tem para nós e nossos filhos? Quanto tempo temos separado para orarmos juntos com nossos queridos e por eles? O quanto temos nos empenhado para obedecermos às prescrições dadas pelo nosso amado Deus? Que nossa comemoração seja marcada pelo retorno às Escrituras, meditar diário, orar sem cessar e que

a nossa maior preocupação seja em obedecer a Palavra de nosso Deus. Aquele que não poupou seu próprio Filho para nos livrar da condenação eterna, que nos amou de tal maneira, nos dê sua graça redentora, e que a nossa razão de viver seja a glória de Deus, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.10-11). Raquel de Paula é membro da IP Praia Grande (SP)


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Presbiterianismo na Coreia do Sul (2a parte) Marcone Bezerra

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a Conferência Missionária Mundial de Edimburgo, em 1910, a Coreia foi mencionada como o campo mais frutífero do mundo. O Plano Nevius e o avivamento do início do século 20 favoreceram o progresso da obra presbiteriana no país. Após um início promissor, a jovem igreja enfrentou um longo período de sofrimento e provação. O domínio japonês (1910-1945). Repressão, perseguições e conflitos marcaram essa fase, o que reforçou o sentimento nacionalista dos coreanos, ao mesmo tempo em que fertilizou muitos corações para o evangelho. Paradoxalmente, o opressivo controle do Japão coincidiu com a expansão do protestantismo, cujos fiéis aumentaram de 177.692 (1910) para 374.653 (1937). O maior problema era a participação em cerimônias xintoístas como demonstração de fidelidade aos japoneses. O regime colonial e as limitações impostas aos cristãos foram uma grande prova de fé. Quanto à Igreja Presbiteriana em si, sua assembleia geral fora organizada em 1912 e seu crescimento era espantoso, a ponto de enviar, a partir de 1921, missionários à China, Rússia, Manchúria

e Japão. Outro dado ilustra o progresso da obra. Em 1907, os primeiros sete pastores foram ordenados; em 1912, eram 55; em 1919, 192. Mas esse número deve ser associado à mão de obra estrangeira. Na década de 1930, centenas de missionários atuavam nos ministérios de pregação, educação teológica e geral, assistência médica e serviço humanitário. Infelizmente, em pouco tempo, o cenário mudou. A tirania exercida pelos japoneses se intensificou. Entre 1920 e 1945, estima-se que 2,5 milhões de coreanos foram viver no exterior. Os que se negavam a realizar ritos xintoístas eram presos. Isso valeu a expulsão do missionário Samuel Moffett, em 1936. Em 1937, com a eclosão da guerra entre Japão e China, as escolas da missão norte-americana foram fechadas. Em 1938, todas as denominações protestantes foram dissolvidas. Foi um duro golpe. Somente em Pyongyang havia em torno de 20 mil presbiterianos distribuídos em cerca de 400 congregações. Por sua vez, em 1940, já com a Segunda Guerra iniciada, a repressão aumentou. Nesse mesmo ano, os missionários da PCUSA e PCUS abandonaram o país. Sob o jugo nipônico, muitos fiéis – inclusive pastores – cederam à pres-

Kim Myeong-Bok, nortecoreano presbiteriano que migrou para o Brasil em 1956

são e praticaram o xintoísmo. Por outro lado, cerca de dois mil cristãos sofreram tortura e prisão. Aproximadamente cinquenta perderam a vida. O número de protestantes decresceu de 374.653 (1937) para 245.000 (1942). Foi nesse contexto que igrejas vacantes foram assumidas por pastores de tendência modernista. Influências liberais haviam sido introduzidas no presbiterianismo coreano desde os anos 20, mas até então estavam controladas. Desse momento em diante, o grupo mais progressista cresceu, e o efeito disso se viu na década seguinte. Outro desafio para os presbiterianos foram as primeiras manifestações de pentecostalismo em suas fileiras. Pós-Segunda Guerra, Guerra da Coreia e Reconstrução (1945-1960). Essa conjuntura é marcada pelas divisões. Após a Segunda Guerra, o norte esteve sujeito à União Soviética, e o sul, aos EUA, fato que ocasionou a Guerra da Coreia (1950-1953). Fin-

dado o conflito, passaram a existir a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Nessa mesma década, deu-se início ao fenômeno de fragmentação do presbiterianismo, que atualmente conta com mais de 100 denominações presbiterianas. Depois de 1945, o cristianismo foi perseguido no norte e promovido no sul. O regime comunista fez com que milhares fugissem em busca de liberdade. Apoiada pelos EUA, a igreja protestante se reorganizou e prosperou no sul. O número de fiéis saltou de 240.000 (1945) para 500.000 (1950): 2.4% da população. Em parte, esse crescimento se devia aos que tinham vindo do norte. Outra tragédia na vida da nação foi a Guerra da Coreia (1950-1953). Esse conflito ceifou a vida de mais de um milhão de pessoas e deixou 1,5 milhão de feridos. Durante o confronto, o sul recebeu um milhão de refugiados do norte. A anomia que caracterizou a sociedade nesses anos favoreceu a evangelização e a assistência humanitária por parte das igrejas. Em 1955, a assembleia geral aprovou o plano evangelístico para os próximos cinco anos: plantação de 490 igrejas em áreas não evangelizadas. O censo de 1960 mostra que o contingente evangélico (623.000) cresceu 24.6% em 10 anos.

Infelizmente, a pior das expressões do presbiterianismo coreano começou a manifestar-se nessa década: o sectarismo. Seu pano de fundo foram as feridas da guerra, as divergências teológicas e a disputa de poder. O primeiro grupo dissidente formou a Igreja Presbiteriana KoShin (IPKo), originada em 1951 por aqueles que entendiam que os pastores que haviam realizado cerimônias xintoístas deveriam ser disciplinados. O segundo grupo cismático organizou, em 1954, a IP na República da Coreia (IPRC). A maior das divisões ocorreu em 1959. A denominação dividiu-se devido às questões de natureza teológica, tais como o ecumenismo e à posição da mulher na igreja. Surgiram a Igreja Presbiteriana TongHap (progressista) e a Igreja Presbiteriana HapDong (conservadora). Nessa altura, os presbiterianos somavam 775 mil membros (IPKo: 66 mil; IPRC: 114 mil; TongHap: 375 mil; Hap Dong: 220 mil). Algo elogiável nas igrejas coreanas é que elas não sacrificaram a evangelização em favor da ação social ou vice-versa. O tempo da grande safra se aproximava. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é pastor da 1ª IP de Santiago, Chile, e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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HISTÓRIA VIVA

Uma Instituição Centenária a Serviço do Reino Foi na IPAJ – Igreja Presbiteriana de Alto Jequitibá que, em 1950, o Supremo Concílio promulgou a Constituição da igreja. Essa história é marcada ainda por uma instituição implantada nos idos de 1908. Após mais de 100 anos e diversas transformações, ela continua a proclamar o evangelho. Guaraci Sathler e Paulo Martins

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ssa instituição foi fundada por iniciativa de Dona Constância Nora, esposa do Rev. Aníbal Nora, que iniciou em sua casa pastoral uma pequena Escola Primária. Já no primeiro ano de funcionamento atendia cerca de 70 alunos e foi o embrião do Gymnásio Evangélico, implantado em 1923, contando com o apoio do então Mackenzie Colle-

ge de São Paulo. O lema do Gymnásio era: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Em 1929, chegava para pastorear a igreja o Rev. Cícero Siqueira, encontrando o Gymnásio em crise financeira, efeito da “Grande Depressão” que assolava a economia mundial. O Rev. Cícero empenhou-se na recuperação da instituição. Em 1942, ela foi transformada no Colégio Evangélico de Alto Jequitibá, com interna-

tos masculino e feminino, tendo alcançado nos anos 40, 50 e 60 uma projeção que a colocou entre as mais respeitáveis instituições de ensino de Minas Gerais. Em 1966, o Conselho da IPAJ decidiu transferir para o Estado de Minas Gerais a área de ensino da instituição, o que resultou na criação da Escola Estadual Rev. Cícero Siqueira. No ano de 2000, decidiu criar a APCE – Associação Presbiteriana Cultural e Educacional, bus-

cando aproveitar as amplas instalações do antigo internato do Colégio. Essas instalações vêm sofrendo transformações, em conformidade com as suas finalidades. Vêm acolhendo eventos organizados por diversas igrejas evangélicas, constituindo um “campo missionário”, onde muitas vidas têm sido alcançadas pelo evangelho de Cristo. Dentre as atividades atualmente desenvolvidas pela APCE encontram-se: a hospedagem de acampamentos; do Encontro de Casais com Cristo do Leste de Minas; apoio a eventos sinodais, presbiteriais e de igrejas locais; o Projeto Atletas de Futuro, voltado a cuidar de

crianças e adolescentes através do esporte; o apoio ao Colégio Estadual Rev. Cícero Siqueira; apoio ao Projeto de Artesanato envolvendo a comunidade local; apoio a eventos desenvolvidos pela municipalidade; dentre outros. Suas instalações têm sido utilizadas para a tradicional Festa de Setembro da IPAJ, e recentemente, abrigou o Encontro Sinodal da Família, com a presença de aproximadamente 2 mil pessoas. Telefones para contato: (33) 3343-1213 ou (33) 99944-1213 (WhatsApp). www.apcejequitiba.org.br.

O Rev. Paulo Martins Silva é o pastor da IPAJ e o Presb. Guaraci Sathler presidente da APCE.

MEDITAÇÕES

Carta de perdão “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome” (1Jo 2.12). Frans Leonard Schalkwijk

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o dia de Finados, com suas missas pelos defuntos para abreviar sua permanência no purgatório, lembremos que o grande problema não são os mortos, mas a causa da morte, o pecado (Rm 6.23). O apóstolo João escreve essa carta como pastor idoso que ama seus “filhinhos”. Ele lhes

manda uma carta de perdão dizendo que seus pecados são perdoados por causa do Cordeiro de Deus que Ele viu chegando quando era ainda ajudante de João Batista (Jo 1.29)! Na Idade Média, houve uma grande inflação do perdão. A igreja romana precisava de verbas. Podia se comprar indulgências, cartas de perdão de penas tempo-

rais, também para parentes já falecidos. Os vendedores diziam que quando alguém colocava dinheiro na caixa, a alma amada sairia do purgatório! Essa pregação foi o estopim para a reforma protestante, cujo objetivo era sanear o perdão. Infelizmente o Diário Oficial de Roma não concordou com as teses de Lutero e publicou a condenação dele inaugurando a época da inquisição contra cristãos evangélicos. A situação melhorou, mas indul-

gências existem ainda hoje.1 E a tendência de obter perdão por si mesmo continua. A Reforma foi um movimento de volta às fontes, a Jesus e à Bíblia (Is 55.1). Foi também a redescoberta da fonte do perdão. Onde estaria ela? Em mim mesmo, fazendo boas obras? Não, porque “todas nossas justiças são como trapo de imundícia” (Is 64.6)! Ou quem sabe num santo? Mas santos e anjos recusam qualquer adoração, mesmo disfarçada

como veneração (At 10.26)! Então pagando missas? Mas o próprio São Pedro diz que fomos resgatados não por prata ou ouro, mas pelo sangue de Cristo (1Pe 1.18)! Sou mariano convicto, pois Maria disse: Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2.5). E todos, também Maria, apontam para a única fonte de perdão, Jesus, o Salvador dela e nosso (Lc 1.47). Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


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500 ANOS DA REFORMA

Comemoração dos 500 anos da reforma protestante

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ia 30 de setembro, , às 18h, na IP Central de Contagem, tivemos a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante em MG, com apoio dos presidentes dos treze sínodos do estado. Mais de 3.000 pessoas participaram e dezenas de pastores. Pregaram

os pastores Augustus Nicodemus Lopes, Jeremias Pereira da Silva e Roberto Brasileiro Silva. Além disso, Participou no culto Didison Reis (Solo de Sinos) e um grande coral intersinodal (regentes: Rev. Marcelino/ Comissão Nacional de Hinódia/IPB e Junim Stofel/

Sexta IP de BH). A graça de Deus esteve presente sobre todos os participantes. Comissão Organizadora Rev. Ronaldo Gonçalves – Sínodo Belo Horizonte; Rev. Domingos Dias – Sínodo Oeste de BH; Rev. Henrique Dutra – Sínodo Pampulha

Culto 500 anos da Reforma na IP Central de Contagem – MG

A História do Jornal – 3ª edição do BP

Rev. Jeremias Pereira, Rev. Augusto Nicodemus e Rev. Roberto Brasileiro durante culto 500 anos da Reforma em Contagem – MG

Pastores e líderes presentes no culto dos 500 anos da Reforma

Comissão elabora Anteprojeto de Regimento Interno

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jornal Brasil Presbiteriano nasceu em setembro de 1958, em Recife. A imagem ao lado é da terceira capa do BP, mais uma edição importante para a história não apenas de nosso jornal, mas também da IPB, que na época comemorava 100 anos de trabalhos em solo brasileiro. Para a ocasião, foi organizada a Campanha do Centenário da Igreja do Brasil, que contou com uma séries de comemorações e projetos – principalmente voltados para evangelização –, com o lema “Um ano de gratidão por um século de bênçãos”. O BP não é apenas um órgão oficial da IPB, ou apenas a fusão de O Puritano e Norte Evangélico. Ele é resultado das comemorações e ações do centenário da IPB, um veículo que carrega a história de nossa igreja. Na edição de outubro do BP já foi possível relembrar um pouco da história do nosso jornal, e para conhecê-la ainda mais é só continuar nos acompanhando nos próximos meses.

Nos dias 22 e 23 de setembro reuniu-se em São Paulo, no Seminário JMC, a comissão nomeada pelo Supremo Concílio para elaboração de Anteprojeto de Modelo de Regimento Interno para Sínodo e Presbitério. A comissão é formada pelo Rev. Lucas Ribeiro (relator), Rev. Márcio de Marchi, Rev. Ageu Magalhães, Pb. Fausto Gonzaga, Pb. George Almeida e Pb. Regis Miranda.


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RESENHA

Cosmovisão Cristã Cínthia Vasconcellos

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ocê já se perguntou por que as coisas existem? Qual o sentido da existência humana? Por que estamos aqui? O que devo fazer da minha vida? Onde tudo isso vai terminar? Essas perguntas são alguns exemplos de várias outras que fazem parte da lista de questionamentos dos seres humanos. Na busca por respondê-las, recorremos a diferentes fontes criando diferentes cosmovisões e alcançando, portanto, respostas distintas. “Uma cosmovisão é a estrutura de entendimento que usamos para que o mundo faça sentido... É nossa maneira de enxergar a vida, nossa interpretação do universo, nosso guia para a realidade” e a partir disso determinamos nossos pensamentos e ações. Por essa razão, nossas crenças e convicções devem estar bem fundamentadas para que não vacilemos perante as situações que nos surpreendem ao longo da vida, nem diante das novas ideologias que têm permeado o mundo pós-moderno. Os telejornais e rádios tornaram-se repetitivos ao comunicar diariamente o mesmo cenário caótico em que “maridos são irados ou infiéis, esposas são repreensoras ou críticas,

e há um número elevado de casamentos que terminam em divórcio. Filhos desobedecem a seus pais e pais exasperam seus filhos. Os idosos são mortos em nome da misericórdia e o que está por nascer não chega a ver a luz do

precisamos nos posicionar e brilhar a luz de Cristo. O livro Cosmovisão Cristã tem por objetivo “ajudar pessoas a viverem de maneira sábia, refletindo cristãmente a respeito da vida diária”. Para alcançar esse objetivo, o

A leitura nos relembra de que dependemos de que Deus fale conosco e nos revele o significado e propósito da nossa existência. “Somos a coroa da criação, o melhor produto do design criativo, o objetivo da afeição e intenção divi-

autor traça os amplos limites da cosmovisão cristã e esboça algumas de suas implicações práticas. Uma retrospectiva da história bíblica da criação e Queda até a redenção em Cristo Jesus e a glória eterna do por vir nos revela, mais uma vez, a graça de Deus.

nas.” Em Gênesis 1.26, encontramos o relato da criação do homem, assim, “tanto para os homens como para as mulheres, ser criado à imagem divina é ser criado como Deus – em aspectos de nossa pessoalidade tais como a racionalidade, a espiritu-

“Uma cosmovisão é a estrutura de entendimento que usamos para que o mundo faça sentido... É nossa maneira de enxergar a vida, nossa interpretação do universo, nosso guia para a realidade” dia”. Os acalorados debates a respeito do aborto e ideologia de gênero são dois exemplos que estão cada vez mais comuns nas escolas, nas copas durante o coffee break e na mesa do almoço de domingo. Em 1Pedro 3.15 lemos: “(...) santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”, ou seja,

alidade, a criatividade, a comunidade, a moralidade e a autoridade”. Com o pecado fomos desfigurados, “somos a imagem disforme de Deus que está sendo transformada na bela imagem de Jesus Cristo” através da nossa vivência, desta forma, sendo restaurada e recriada à imagem do seu criador (Cl 3.10). Cosmovisão Cristã é um assunto de extrema relevância para novos convertidos e cristãos veteranos pois precisamos enxergar o mundo com as lentes do evangelho, pela perspectiva da “cruz de Cristo e seu túmulo vazio”. O autor aborda o assunto de forma simples e profunda, sua escrita clara, fluente e cativante proporciona uma leitura feroz que será facilmente concluída numa tarde de sábado. Ao final encontramos Perguntas para Reflexão que nos ajudam a fixar todo o conteúdo do livro. Além de ser um ótimo livro para cristãos é também um excelente presente para aqueles que gostariam de aprender ou compreender a cosmovisão cristã, além de ser uma ferramenta poderosa de evangelização visto que apresenta o plano da salvação do começo ao fim. Cínthia Vasconcellos é membro da 4ª IP de SBC, São Paulo, é colaboradora da Cultura Cristã.


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Boa Leitura

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Entretenimento e reflexão

A Força Oculta dos Protestantes André Biéler

O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

O livro do professor André Biéler nos apresenta um estudo fundamental sobre o que é influência do protestantismo na sociedade moderna – principalmente nas sociedades democráticas e industriais contemporâneas. O papel dos protestantes na sociedade é benéfico ou detestável e perigoso? Em sua recém-lançada 2ª edição, o livro, publicado no Brasil pela Editora Cultura Cristã, contém a visão do economista suíço sobre o papel do protestantismo, com foco no Calvinismo, no desenvolvimento da economia e da sociedade desde o século 16 até o atual. A obra ressalta a importância da Reforma na sociedade, já que desde o início os reformadores e a Igreja tem clara consciência da situação moral e material da população. Por isso, o autor busca apontar o que é herança dos protestantes da democracia e da economia moderna e quais são resultados de outras correntes de pensamento, como o Humanismo Renascentistas e, como ponto de partida, André se baseia nos preceitos da Ética Cristã, a que decorre da fé em Cristo.

O Pastor Descartável

Eugene Peterson & Marva J. Dawn (Org. Peter Santucci) Os pastores são soldados preparados para enfrentar a cultura. Suas armas? Um evangelho que é profundamente contracultural. Uma luta difícil, onde permanecer de pé não é fácil. A cultura com sua força poderosa, seja ela de óbvia ou sutil, tenta domesticar pastores com o objetivo de torná-los descartáveis. Eugene Peterson e Marva J. Dawn trazem neste livro um incentivo necessário aos pastores, visando ajudá-los a recuperar suas identidades e a visão pura e simples da liderança cristã. Por meio de textos bíblicos, os autores

treinam os líderes como servos contraculturais do evangelho. Para isso, examinam Efésios, Romanos, 1 e 2Timóteo e Tito, extraindo exemplos que levem os pastores a viver fielmente e com uma visão correta de identidade pastoral.

Lei e Graça

Mauro Meister

Como a lei e a graça se relacionam segunda a Escritura? É essa pergunta que o livros de Mauro Meister, pastor presbiteriano, diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, membro do Conselho de Educação Cristã e Publicações da IPB e do Conselho Editorial da Cultura Cristã, busca responder em seu livro, em sua segunda edição. A obra apresenta um estudo sobre a visão bíblica acerca da lei e da graça, visando ajudar o leitor a fundamentar uma vida de maior santidade e apreço pelas verdades divina, ao mesmo tempo em que apresenta um exegética sólida, de teología reformada. Segundo Pb. Francisco Solano Portela Neto, Mauro Meister apresenta um “estudo sólido não somente ao intelecto, mas, principalmente ao fervor e comunhão real que deve ser experimentado na obra de disseminação do evangelho de Cristo”.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Blade Runner 2049

O Escarlate e o Negro

Minhas Tarde com Margueritte

(2017)

(1983)

(2010)

O recém-lançado Blade Runner 2049, com direção de Denis Villeneuve, levanta questões acerca da existência. Aliás, a primeira versão de Blade Runner (1982) e o livro Os androides sonham com ovelhas elétricas?, de Philip K. Dick, que serviu de inspiração para ambos os filmes, levantam iguais questionamentos. O homem assumindo o lugar do Criador – lidando com criaturas que, por sua vez, se rebelam contra o seu criador –, ambição, catástrofes ambientais, materiais e morais causadas pelo ser humano nos são apresentadas na história, que acaba deixando de ser ficção científica para tornar-se um espelho da nossa realidade. Mais do que entretenimento, Blade Runner 2049 é fomentador de discussões e reflexões sobre nossas escolhas. Mergulhe no mundo dos robôs e androides questionando o sentido de nos dedicarmos ao que é apenas passageiro.

O filme de Jerry London tem como pano de fundo os conflitos da 2ª Guerra Mundial. Mas O Escarlate e o Negro não é mais uma história sobre a vitória dos países Aliados em cima dos países do Eixo. Não, este longa é uma história de fé. Baseado em fatos reais, o filme conta a história do padre Hugh O’Flaherty que monta um grande rede de colaboradores em Roma – mais especificamente no Vaticano – para ajudar refugiados, evitando que soldados alemães prendam e matem ainda mais pessoas. Tudo isso enquanto precisa lidar com o indiferença do Papa Pio XII, que insiste em manter a neutralidade da Igreja e não acolher os necessitados. Os feitos de O’Flaherty nos leva a pensar acerca dos nossos valores cristãos, sobre entrega, amor ao próximo e luta por ideais. Hugh O’Flaherty foi um homem de Deus, que até hoje nos inspira fé. Uma boa reflexão para a igreja em tempos de insuportável pressão.

Um encontro transformador entre duas pessoas totalmente diferentes. O filme francês nos apresenta a história de dois personagens com vidas completamente opostas, enquanto Germain Chazes é pobre em palavras e tem uma história de vida sofrida – com mãe e amigos que não acreditavam em seu potencial –, Margueritte é uma doce e culta senhora com prazer de viver. Baseado no livro “La Tête en Friche”, de Marie-Sabine Roger, o filme possuí um enredo cativante – e com um quê de comédia –, que nos revela como pequenos gestos, no caso a leitura de clássicos da literatura, podem fazer diferença. Dedicar-se ao próximo, ter prazer em viver e estar sempre dispostos a aprender são pequenos ensinamentos que Margueritte e Germain nos passam com sua amizade. Um filme leve e bom de se assistir, mas também com grandes e densas lições.

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