Dedicatórias ao Céu
Prefácio ______________________________________
Raimundo Serrão inspira-se não raramente nas coisas do Céu. O seu Amor a Cristo dá-lhe a certeza de que a vida só faz sentido quando abrimos janelas no nosso coração para amarmos todos os filhos de Deus. É um homem sensível e muito afável, que a todos trata como pessoas especiais. Considera o ser humano a obra mais perfeita do Criador. Muitos alunos da Escola Secundária de Gil Vicente, em Lisboa, tiveram o privilégio de o ter como professor de Alemão ou Inglês. Ensinou-nos não só a importância da língua para comunicarmos uns com os outros, como também a utilizarmos as palavras escritas e faladas para melhorarmos as relações humanas. Das suas aulas recordo a empatia que conseguia criar com todos os seus alunos e a humildade com que sempre ensinava. Transmitia o seu saber com amor e abria-nos os caminhos para que, sozinhos, conseguíssemos voar livremente nas asas do conhecimento. Tantas vezes li no seu olhar a felicidade que sentia quando conversava com os seus alunos sobre a educação e o prazer de leccionar. Quando se cruApeiron Edições
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zava com os estudantes fora da escola, falava-lhes sempre com grande simpatia. Mesmo que estivesse no outro passeio, atravessava a rua para os cumprimentar com um sorriso genuíno. São muitos os ex-alunos que ainda hoje sentem por ele grande estima. Volvidas duas décadas, Raimundo Serrão continua a oferecer-me a sua amizade e o seu estímulo para continuar a ser uma eterna estudante ao longo da minha vida. Aprendi nas aulas do 10.º ano uma grande lição: para se ser grande, é preciso ser humilde para aprender e nunca desprezar quem, aparentemente, sabe menos do que nós. Às vezes, são essas pessoas que mais nos surpreendem pela sabedoria aprendida na escola da vida. Ao ler as Dedicatórias ao Céu, o leitor irá conhecer mais um pouco da essência de Raimundo Serrão. Este livro é sobre homens e mulheres que fizeram das suas vidas um hino de Caridade. Que ousaram ser pequeninos na sua época para hoje serem grandes exemplos da Humanidade. O autor estudou e investigou para escrever este conjunto de poemas que homenageiam aqueles que nos deixaram um legado de Amor. Profundo conhecedor da língua portuguesa, Raimundo Serrão encontrou as palavras certas para nos apresentar a fé e obra daquelas pessoas.
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Presenteou-nos com uma obra singular, que nos incita a reflectir sobre a coragem e o testemunho de gente que ousou ser diferente no seu tempo. Interpela-nos a ir mais longe, para que também nós sejamos capazes de santificar os nossos dias. Sílvia Júlio
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A Nossa Senhora A mais bela Criatura dos prodígios do Senhor Mãe de Deus e Nossa Mãe Ó Mãe, na Tua vigília sem fim, mergulhada no Amor, foste a ponte de arco-íris, ligaste-nos ao Senhor. Ó Mãe, ao atrair a Eternidade no vislumbre de um momento aceitaste, firme na vontade, foste alvor do Novo Testamento. Ó Mãe, muito mais do que Eva, Mãe e Serva do Senhor, sempre fora dos sentidos na órbita de Teu Amor.
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Ó Mãe, no Egipto do não-ter, sofreste connosco esta dor de ver os outros sofrer. Em Caná do não-haver. Ó Mãe, como Teu Filho, no Calvário, sem entender a ingratidão, tiveste a força divina de só pensar em perdão. Ó Mãe, de pé, junto da Cruz, crucificada também, a Luz perante a Luz, Senhora da Piedade, ó Mãe.
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A S. João Baptista À visita de Maria, acordaste no Templo de Isabel. Tantos segredos do Espírito cantavam na voz de Maria. Tu subiste no horizonte antes de o Sol nascer “para dar testemunho da Luz” na terra quase a morrer. Nas noites estreladas do deserto, onde moravas em nada e sem ninguém, escutavas as mensagens do Senhor, gravavas o caminho d’O que vem: Arrependei-vos, acreditai; Se tiverdes duas túnicas, uma dai; que tudo em todos seja caridade; perdoai, mas sempre vezes sempre; os passos dos sentidos sublimai. De todas as montanhas e lugares, almas famintas escutam tua voz, chorando a lama dos seus fundos lavada nas Águas do Perdão.
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