O Império do Sol

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Breve Hist贸ria dos

INCAS


Título O Império do Sol Breve História dos Incas Autor Eduardo Amarante Revisão Isabel Nunes Grafismo, Paginação e Arte final DivAlmeida Atelier Gráfico www.divalmeida.com Técnica da capa DivAlmeida Atelier Gráfico www.divalmeida.com Impressão e Acabamento Espaço Gráfico, Lda. www.espacografico.pt Distribuição Projecto Apeiron, Lda. apeiron.edicoes@gmail.com 1ª edição – Maio 2013 ISBN 978-989-8447-31-9 Depósito Legal nº 358742/13 ©Apeiron Edições Reservados todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, seja mecânico, electrónico ou fotográfico sem a prévia autorização do editor. Projecto Apeiron, Lda. www. Edicoes-apeiron.blogspot.com apeiron.edicoes@gmail.com Portimão – Algarve


Eduardo Amarante

Breve História dos

INCAS

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O Império do Sol

ÍNDICE

Introdução

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Capítulo I Simbolismo na América pré-colombiana

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TIAHUANACO Arquitectura Cerâmica • CHAVIN O culto do Jaguar em Chavin • PARACAS A trepanação craniana • MOCHICA Organização social Arquitectura Hidráulica A vida para além da morte Deuses e cultos da cultura Mochica • NAZCA Arquitectura As figuras gigantes de Nazca Cerâmica • LAMBAYEQUE-CHIMU Arquitectura Cerâmica Metalurgia Síntese das principais ideias

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Capítulo II O Império Inca Introdução

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Origens – Período Curacal (Incas lendários) O Dilúvio e a nova humanidade O Tahuantinsuyo Cuzco, o Umbigo do Mundo Período Monárquico Período Imperial A conquista e o fim do Império Inca O Expansionismo As vias terrestres incas Os Tambos Os Chasquis Os Quipu A organização social do Império A organização administrativa Arquitectura Machu Picchu Conclusão

36 37 39 40 42 42 43 45 46 47 47 48 49 50 54 55 57

Capítulo III A Religião dos Incas Simbolismo e Cosmogonia – cultos solares e lunares Os três mundos O Código de Moral entre os incas Alguns exemplos da sabedoria inca

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Bibliografia

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Declaro-me vivo Chamalú, Índio Quechua

Saboreio cada momento. Antigamente preocupava-me quando os outros falavam mal de mim. Então fazia o que os outros queriam e a minha consciência censurava-me. Entretanto, apesar do meu esforço em ser bem-educado, havia sempre alguém que me difamava. Como agradeço a essas pessoas, que me ensinaram que a vida é apenas um cenário. A partir desse momento, atrevome a ser como sou. A árvore anciã ensinou-me que somos todos iguais. Sou guerreiro: a minha espada é o amor; o meu escudo é humor; o meu espaço é a coerência; o meu texto é a liberdade. Perdoem-me se a minha felicidade é insuportável, mas não escolhi o bom senso comum. Prefiro a imaginação dos índios, que tem embutida a inocência. É possível que tenhamos de ser apenas humanos. Sem Amor nada tem sentido, sem Amor estamos perdidos, sem Amor corremos de novo o risco de estarmos a caminhar de costas voltadas para a Luz. Por esta razão é muito importante que apenas o Amor inspire as nossas acções. Anseio que descubras a mensagem por detrás das palavras; não sou um sábio, sou apenas um ser apaixonado pela vida.

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A melhor forma de despertar é deixar de questionar se as nossas acções incomodam aqueles que dormem ao nosso lado. A chegada não importa; o caminho e a meta são a mesma coisa. Não precisamos correr para nenhum lugar, apenas dar cada passo com plena consciência. Quando somos maiores do que aquilo que fazemos, nada nos pode desequilibrar. Porém, quando permitimos que as coisas sejam maiores do que nós, o nosso desequilíbrio está garantido. É possível que sejamos apenas água fluindo; o caminho terá de ser feito por nós. Porém, não permitas que o leito escravize o rio; ou então, em vez de um caminho terás um cárcere. Amo a minha loucura que me vacina contra a estupidez. Amo o Amor que imuniza contra a infelicidade que prolifera, infectando almas e atrofiando corações. As pessoas estão tão acostumadas com a infelicidade que a sensação de felicidade lhes parece estranha. As pessoas estão tão reprimidas que a ternura espontânea as incomoda e o amor lhes inspira desconfiança. A vida é um cântico à beleza, uma chamada à transparência. Peço-vos perdão, mas… DECLARO-ME VIVO! Luiz Espinosa (Chamalú), escritor boliviano que procura restaurar os antigos conhecimentos esotéricos dos Incas.

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INTRODUÇÃO ________________

O Império Inca – que se destacou em plena Cordilheira dos Andes entre os quechuas (povo do qual descendiam) – ocupava uma faixa superior a 4.500 kms ao longo da costa do Pacífico, e compreendia terras hoje pertencentes ao Equador, Colômbia, Peru, Bolívia, Argentina e Chile. Os Incas constituíam um vasto império, integrado por povos de diferentes culturas, localizados nas mais variadas regiões geográficas: a costa, as montanhas e a selva. Para fazer a comunicação entre tão grandes distâncias, o império contava com um eficiente sistema de estradas, que atravessavam os despenhadeiros dos Andes por meio de pontes pênseis. Corredores bem treinados – os chasquis –, revezavam-se na transmissão de informações. Por meio dos quipus, os Incas mantinham registos detalhados das suas populações, terras, economia, etc. Os incas transmitiam

Durante cerca de 400 anos, desde o

as suas informações

seu início, no século XII, até à sua con-

através de quipus, um

quista e aniquilamento por parte dos

alfabeto de nós.

espanhóis chefiados por Francisco Pizarro, os Incas foram um modelo de orga-

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nização social e política e os herdeiros de uma sabedoria ancestral que se reflectiu na sua conduta moral, arte, arquitectura e religião, bem como nas suas cidades, templos e edifícios.

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Simbolismo na América Pré-Colombiana

As ruínas de Tiahuanaco na actual Bolívia. O edifício mais importante para fins cerimoniais é o Kalasasaya (o Lugar das Pedras Verticais). É construído à semelhança de uma paliçada com 3,60m de altas colunas salientes em intervalos, cada um deles esculpido por figuras humanas. Cada um dos degraus, em número de 7, do Templo Solar de Kalasasaya (onde se encontra a Porta do Sol) são blocos rectangulares de pedra com cerca de 9m de largura. Nos equinócios o Sol incide precisamente no monólito que ocupa o centro deste Templo.

No continente americano temos dois grandes focos culturais. Um deles, a sul, é o chamado núcleo tiahuanacota (de Tiahuanaco) que abrange parte da actual Bolívia, Peru, norte do Chile,

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sul do Equador… O outro grande foco é aquele a que poderíamos chamar, em linhas gerais, núcleo mexicano, que vai desde a península do Yucatán até ao norte do México, ainda que alcance algumas subculturas, como a de Chibcha. 

TIAHUANACO

Esta cidade pré-colombiana, em torno da qual gira o núcleo cultural tiahuanacota, alberga desde logo um mistério, pois foi um porto, ainda que esteja a 50 kms de distância do lago Titicaca, um lago salgado a quase 4.000 metros de altitude! As monumentais pedras destas construções actualmente em ruínas, trabalhadas com uma enorme perfeição, contribuíram para fazer desta zona uma das mais famosas da América do Sul. As ruínas de Tiahuanaco foram comparadas às de Chavin (ao norte do actual Peru), quer pela sua antiguidade, quer pelo facto de ambas terem sido importantes centros de culto e de peregrinação, além de apresentarem muitas semelhanças, destacandose os templos, as praças subterrâneas, as cabeças em relevo, os enormes monólitos, etc. Arquitectura A arquitectura de Tiahuanaco utiliza enormes blocos de pedra talhada e polida com uma surpreendente perfeição técnica. Os blocos empregues nas construções são de basalto e de grés. As grandes pedras talhadas estavam unidas por meio de grampos de cobre em forma de “ T ”. Às suas construções estão associadas enormes estátuas de pedra que representam seres mito-

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lógicos antropomorfizados, bem como as célebres portas monolíticas: a Porta do Sol e a Porta da Lua. Nesta impressionante cidade deparamo-nos com construções tão maravilhosas quanto gigantescas. Destacamos a famosa Porta do Sol, em cuja parte central há uma figura que se identifica com o deus Viracocha, terceira pessoa da Trindade, composta por Kon, Quilla e Viracocha. Kon é o Deus supremo. Quilla é a Deusa feminina, a Deusa Lua, equivalente à Ísis egípcia, ou à Virgem Maria na iconografia cristã. Viracocha, Deus Condor, representa o Sol manifestado que surge, precisamente, nesta porta de Tiahuanaco1.

Porta do Sol.

Pormenor do cimo da Porta do Sol representando o deus Viracocha.

De ambos os lados da Porta do Sol vêem-se figuras, umas em movimento, outras ajoelhadas aparentando ter asas, identificadas com símbolos estelares. Cientistas russos demonstraram que na

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Tiahuanaco é muito mais antiga que os Incas, facto bem visível nas construções posteriores, de muito menores dimensões.

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