Quando Elizabeth Bishop viajou ao Rio de Janeiro, Lota de Macedo Soares – que a conhecera em Nova York quase dez anos antes – levou a poetisa para conhecer sua casa que estava sendo construída em Samambaia, Petrópolis. O encantamento inicial pela natureza intensificou-se com a declaração de amor de Lota e, entre 1951 e 1967, as duas mulheres construíram uma relação de amor marcada por uma constante “reinvenção de si”, através do cuidado consigo mesma e com a companheira. Lota supervisionou as obras do Parque do Flamengo, o Aterro, e Bishop escreveu muito nesses anos, talvez sua melhor produção de contos e poesias.
O livro de Nadia Nogueira não só permite a aproximação com o universo íntimo de Lota e Bishop, mas busca também combater o silêncio histórico a que estiveram submetidas as relações homoafetivas femininas e desconstruir o discurso médico-legal, que diagnosticou as mulheres envolvidas em tais relações como nocivas ao convívio social.