O alvo deste livro não é a história do subúrbio, mas o linguajar carioca que, por meio do “conceito carioca de subúrbio” – cotidianamente, inocentemente, irresponsavelmente –, resume esses lugares pela carência, pela presença da ferrovia, pelos baixos rendimentos de seus moradores, ou ainda, pela “falta de cultura e sofisticação”. Por meio de uma ampla revisão teórica e histórica dos estudos urbanos e, especialmente, pela criativa apropriação da noção de “rapto ideológico” das categorias sociológicas de Henri Lefebvre, que postula que a mudança abrupta de uma categoria é parte de uma grande transformação política e ideológica, o autor investe contra o pensamento que reproduziu e cimentou a transformação da categoria espacial subúrbio em poderosa representação e signo ideológico da segregação social e espacial no Rio de Janeiro do século XX.