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BemFlorianópolis foi nomeada pela revista brasileira semanal Veja “o melhor lugar para se viver no Brasil”, por isso nada mais natural do que os turistas quererem conhecê-la também. E eles vão mesmo. Florianópolis é um destino cada vez mais procurado devido às suas praias perfeitas, o excelente surfe, os frutos do mar deliciosos e a combinação de uma cidade grande moderna com fortificações coloniais do século XVI com mercados e parques tranquilos. O título de Ilha da Magia atribuído à Florianópolis faz cada vez mais sentido. Capaz de reunir natureza e patrimônio histórico preservados com infraestrutura de cidade grande, a capital enfeitiça tanto os turistas que muitos acabam voltando... para ficar. Desde 2000, a população da cidade aumentou 35%. Também aumentou o número de carros, etc... Porém, junto com eles, chegaram novas e ótimas ofertas gastronômicas, glamour de sobra e intervenções para melhorar o trânsito (apesar de, na alta temporada, não ter viaduto, túnel ou ponte que dê jeito nos congestionamentos). São apenas 436,5 quilômetros quadrados, porém, capazes de abrigar praias paradisíacas, lagoas, dunas, trilhas em meio à Mata Atlântica, casario colonial, sítios arqueológicos, lorem ipsum boates concorridas e restaurantes estrelados. Boa Leitura.
Expediente Editor: Ricardo Silva Filho
Chefe de Redação: João Melo Oliveira
Design & Projeto Gráfico: Ana Paula Koops Lordello Nickolas Kotaka Gomes
Estagiários: Genilda Oliveira Araújo Marc Barreto Bogo
Tradutores:
Conselho Editorial: Milcíades Ruvalcaba Riojas Beatrice Cunha Almeida
Coordenadores de Distribuição: Brasil: Carolina Pereira Ribeiro Luan Fernandes Pinto Argentina: Teodosio Parra Molina Peru: Rainer Cazares Gamboa Bolívia: Keila Garibay Callas
Germain Jimínez Corral Yoav Mercado Casárez
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Contos e Lendas
Qui occaepudae cuptate molore cullece ribeatas dipsani nessitaque occate coriat
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Lugares
Qui occaepudae cuptate molore cullece ribeatas dipsani nessitaque occate coriat
Fragmentos
Um pouquinho das tradições dos açorianos
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Vizinhança
Conheça alguns habitantes que são a cara dessa cidade
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Essência
O estilo de vida e cotidiano dos tradicionais moradores da cidade Os grafiteiros que levam a arte para os muros
Gostinho
Qui occaepudae cuptate molore cullece ribeatas dipsani nessitaque occate coriat
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Contos e lendas As bruxas de itaguaçu Texto por Leonor Barros Ferreira
A muitos anos atrás, de madrugada, numa sexta-feira de lua cheia, lá na beira da praia do Itaguaçú, na época um grande gramado em Coqueiros – Florianópolis, Santa Catarina, um bando de bruxas muito malinas, que tinham o costume de roubar canoas de pescadores para fazer os seus passeios bruxólicos noturnos, resolveu dar uma festa, convidando todos os elementares das matas e dos mares. Eram Boitatás, Mula-Sem-Cabeça, Curupira, Lobisomens..., sem a companhia do capeta. Além de cheirar a enxofre, o tinhoso bonitão era descarado e dissimulado, do tipo que só fala aquilo que você deseja ouvir e ver. 1O malvado só comparecia nas festas para abusar das bruxas. Elas já não agüentavam mais as suas sacanagens, pois ele só participava das festas para dar tapas, beliscões e mordidas nas bundas das bruxas. Isso, quando o tinhoso não ficava cutucando cada uma delas com o seu enorme rabo. Envolvidas nas urgias do capeta, as
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bruxas acordavam no dia seguinte com o corpo todo doido e marcas por todos os lados. Acontece que ao aproximar-se do ambiente festivo, o capeta pôde sentir o cheiro das bruxas e ouvir de longe as suas frenéticas gargalhadas. Ao ver que fora traído pelo bando de bruxas por ele tão cobiçadas, o tinhoso enfurecido, ajeitou os chifres embaixo do chapéu e o rabo sob sua vestimenta, cobrindo-se com um manto preto e esfarrapado. Assim, ele ficou ali de espreita, no meio de um pé de manguezal para dar o grande bote. Camuflado, o capeta foi chegando de mansinho e adentrou na grande festa, disfarçado de mendigo. Nesse momento o descarado pediu às bruxas, com voz roca e suplicante: “Me dê um pedaço de pão e um copo de água, por favor. Estou morto de fome e cede.” Ao verem aquele homem todo esfarrapado e com cheiro de bode, pedindo pão e água, as bruxas caíram na gargalhada, agindo com zombaria: “ Sai daqui coisa feia, mistura de
cruz credo com aquilo. Seu horroroso, nem o tibinga é tão feio e fedido como tu! Ahahahahahahahaha...” Assim, todas as bruxas zombaram do infeliz. Mas o capeta continuou no disfarce, insistindo no pedaço de pão e no copo de água. Até que a bruxa mais velha do bando resolveu atender-lhe o pedido, dando-lhe uma migalha de pão oco e seco, e um copo de vinagre. Mas no momento em que ele mordeu o pão e bebeu o vinagre, ficou enfurecido..., perdeu um dente e cuspiu fogo na direção das bruxas e de todos os elementares. Nesse momento o mar, por sua vez, ficou revolto e o vento sul apagou as luzes das velas e das lamparinas que clareavam aquela noite escura. Foi quando as mãos, os braços e as pernas das bruxas começaram a encolher..., com as suas orelhas e nariz desaparecendo. Por sua vez, as ondas do mar inundaram campo verde, arrastando todos os seres elementares mar adentro, fincando-os um por um no lodo salgado.
E lá fora, na beira da praia o capeta exclamou aos berros e de bom tom: “Não quiseram me convidar para a festa, é? Nem quiseram me servir, nem me respeitar. Suas ingratas, que no lugar de água me deram vinagre e em vez de pão me deram um torrão; são só fofocas, maldades e traição. Desta vez terão seu troco. De agora em diante em forma de pedras viverão. E este campo transformo em mar, onde fincadas para sempre vocês possam ficar! Assim pediram, assim será! Ahahahahahahah...” Nessa noite, na beira da praia do Itaguaçu, o capeta sumiu. E as bruxas lá estão com todos os seus convidados transformados nas misteriosas pedras encantadas. Umas grandes e outras pequenas; de todos os tamanhos e formas. Se Você duvidar, é só passar por lá. Lá na beira da praia do Itaguaçú, no Continente da Ilha da Magia, antiga Nossa Senhora do Desterro de Santa Catarina de Alexandria. Só assim você poderá ver essas pedras nas suas formas elementares, tais quais como o capeta as deixou.
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As bruxas de itaguaçu - Ilustrado por Nickolas Kotaka Gomes
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O Mercado Público de Florianópolis é um dos principais pontos turísticos da cidade. Valorizado como patrimônio artístico, histórico e arquitetônico da Ilha. Texto por Marisa Alves Ferreira
A sua história começa antes mesmo da construção de qualquer estrutura física, entre os séculos XVII e XIX os Ilhéus, donos de barraquinhas, comercializavam diversos tipos de produtos na praia em frente à atual praça XV de Novembro, entrada da cidade. Eram mascates, oleiros, pescadores e colonos da Ilha que ali ficavam comercializando seus produtos e abastecendo navios que seguiam em direção ao Rio do Prata e ao oceano Pacifico.
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Com a notícia de uma visita ilustre do imperador Dom Pedro II, em 1845, a história desses comerciantes começou a mudar. Para evitar que a majestade visse as precárias condições de higiene e segurança alimentar com que os produtos eram comercializados na entrada da ilha, as barraquinhas foram retiradas do local, com a promessa de que elas seriam enviadas para o outro lado do rio da Bulha, canal
da Avenida Hercílio Luz, para mais tarde discutir um destino melhor para esses comerciantes. Então, apenas em 1848 foi aprovada uma lei para a construção do mercado, que ficaria localizado no Largo do Palácio, à beira mar. O governo provincial foi autorizado a fazer uma loteria em beneficio da construção do mercado, mas apesar de conseguir arrecadar o dinheiro o montante não foi o suficiente, existem relatos de que a obra ficou parada do final do ano de 1849 até o começo de 1850, por falta de dinheiro. Então em março de 1850 foi aprovada uma lei que autorizou o presidente da província a contrair um empréstimo para a conclusão das obras. Com isso em janeiro de 1851 a conclusão da obra foi alcançada e o mercado público inaugurado.
Mercado público de Floripa - Foto por Samuel Araujo Carvalho
A falta de espaço para que os pescadores vendessem seus peixes e os colonos vendessem suas colheitas faz com que fosse construído outro galpão ao lado do primeiro mercado público, o galpão do peixe, inaugurado em 1891. Mas, o mercado público continuou com os problemas higiênicos e sociais que as barraquinhas de rua enfrentavam. Isso porque a construção do mercado foi de fato apenas a modificação do espaço físico aonde se encontravam as barracas. Mesmo com inúmeros regulamentos que visavam melhorar as condições do mercado público e os grupos sociais que o frequentavam, a situação só começou após a proclamação da república, onde foram definidas uma série de medidas que visavam deixar Florianópolis conhecida como cidade moderna, civilizada e limpa.
É justamente nesse contexto em que se constrói o novo prédio do mercado público, inaugurado em 5 de fevereiro de 1899, pelo superintendente municipal Raulino Horn. O novo mercado modificou toda a experiência que até então os ilhéus tinham vivido, com iluminação a gás acetileno e com o regulamento interno mais completo e rígido o Marcado logo agradou a população e mídia. Em janeiro de 1931 foi inaugurada a ala Sul do mercado público, que passou a ser utilizada especificamente para a venda de carnes e pescados. Na mesma década foram realizadas obras de na rede de encanamento e a construção de três câmaras frigoríficas, o que também foi um passo grande na história do mercado, antes disso os peixes eram vendidos apenas na parte da manhã, quando começavam a se deteriorar
eles eram descartados. O frigorifico funcionou até o ano de 1988, já que a prefeitura havia realizou novas obras no prédio e cada proprietário do box adquiriu seu próprio sistema de refrigeração. Outra grande transformação de cenário vivida pelo mercado municipal de Florianópolis foi nos anos 70, com a construção do aterro da Baía Sul e da ponte Colombo Salles. A partir daí os alimentos e utensílios que eram comercializados passaram a chegar através de veículos. Nos anos 80 foi criada a Associação dos Comerciantes e Varejistas do Mercado Público de Florianópolis e ocorreu o tombamento do lorem ipsum neo var prédio, como patrimônio histórico municipal, que assegura a sua permanência e conservação. A última reforma do mercado público foi feita em 2015.
Conheça
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A Barra possui uma das maiores concentrações de pousadas e hostels da cidade. Texto por Marisa Alves Ferreira
O distrito da Barra da Lagoa está localizado a 22 km do centro de Florianópolis, com acesso pela Lagoa da Conceição, passando pela Praia Mole, em direção ao norte da lha. Nas últimas décadas o bairro cresceu e se desenvolveu, por isso em 1995 foi desmembrado do distrito da Lagoa da Conceição, do qual fazia parte. A Barra tem vida própria, com escolas, supermercados, farmácias, posto de saúde, polícia e corpo de bombeiros, por isso muitas pessoas residem na região. O centrinho da Barra fica perto da praia e da ponte sobre o canal. Possui diversos estabelecimentos co-
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merciais, restaurantes, barracas de artesanato, além da igrejinha do bairro, vagas de estacionamento e várias opções de hospedagem. A praia da Barra da Lagoa tem uma faixa de areia com 650 metros de extensão. O mar, apesar de ser aberto, não é tão agitado por causa do molhe de pedras e do Morro da Galheta que amenizam os ventos e força da água. As ondas são pequenas, mas de boa qualidade, ideais para aprender a surfar, por isso há algumas escolas de surf no local. Na areia há um posto de salva-vidas e barracas que alugam cadeiras e guarda-sol. A orla possui ao todo 8 km de extensão, pois a praia da Barra é continuada pela praia do Moçambique, que se estende até o norte da ilha, acompanhando o Parque Florestal do Rio Vermelho. Um molhe de pedras no canto direito da praia serve como proteção para as embarcações que desejam acessar ou deixar o canal da Barra. Na ponta do molhe há um pequeno farol para alertar os navegadores durante a noite. É muito comum encontrar diversos pescadores e barcos pesqueiros no local. A pesca é uma das principais fontes de renda de muitas famílias da região. Todos os meses de junho acontece no centrinho da Barra da Lagoa a tradicional festa da Tainha. Os pescadores também
oferecem passeios de barco pelo leste da ilha, pela Lagoa da Conceição e até para a Ilha do Campeche, localizada no sul da ilha. A ponte que atravessa o canal era pênsil, mas foi trocada por uma estrutura firme e muito segura. Do outro lado do canal há várias residências, hostels, restaurantes e uma pequena praia perto das pedras, a Prainha. A única forma de acessa-los é atravessando a ponte. É ali também que tem início a trilha que atravessa o morro para chegar na Praia da Galheta, uma das mais bonitas da ilha e a única onde o naturismo é permitido. No topo do Morro da Galheta, no percursuo da trilha há outro farol com um belo visual panorâmico da região. A Praia da Galheta também pode ser acessada por uma trilha a partir do costão esquerdo da Praia Mole. O canal é a única ligação da Lagoa da Conceição com o mar. Com águas muito calmas, é comum encontrar pessoas praticando esportes aquáticos, como esqui, stand-up paddle e caiaque. Ao longo do canal há vários restaurantes, com mesas em decks sobre a água. Um dos que eu mais gosto é o Tamarutaca, que apesar de não estar junto à agua, fica do outro lado do canal e é acessado de carro por uma rua estreita que se inicia
pouco antes da ponte que atravessa o canal, na entrada do bairro. Outro restaurante muito conhecido e concorrido é o Ponta dos Caranhas, que fica bem na descida do morro entre a praia Mole e a Barra, do lado esquerdo da pista, às margens da Lagoa da Conceição. No centrinho da Barra também há alguns restaurantes. Por ser um local turístico, os preços são um pouco altos. Quando estive lá tirando as fotos para o blog, almocei no Restaurante Dois Irmãos, bem na beira da praia, próximo ao estacionamento. Nos indicaram como sendo o melhor dos restaurantes ali do centrinho, mas eu não gostei muito. Só vale a pena por estar próximo à praia.
Na ponta do molhe há um pequeno farol para alertar os navegadores durante a noite. É muito comum encontrar diversos pescadores e barcos pesqueiros no local . A pesca é uma das principais fontes de renda de muitas famílias da região.
Distrito da Barra da Lagoa - Foto por Samuel Araujo Carvalho
Conheça
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Praia da Barra da Lagoa - Foto por Marisa Alves Ferreira
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Pessoas no Mercado pĂşblico de Floripa - Foto por Marisa Alves Ferreira
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Faixada do Mercado público de Floripa - Foto por Marisa Alves Ferreira
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Área na Lagoa da Conceição - Foto por Marisa Alves Ferreira
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Floripa tem vários bairros que são antigas colônias de pescadores e de imigrantes. Um dos mais antigos e tradicionais da cidade é o distrito do Ribeirão da Ilha, localizado no sul da ilha. Texto por Maria Cunha Barros
O relativo isolamento a que o Ribeirão esteve submetido fez com que muitas das características culturais de seus habitantes permanecessem praticamente as mesmas até os dias de hoje.
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As primeiras expedições europeias a aportarem na Ilha de Santa Catarina escolheram o Ribeirão da Ilha como ponto de desembarque por se tratar de uma área protegida de ventos mais fortes. O nome dado ao bairro veio de um pequeno rio situado em frente à Ilha Dona Francisca, ao qual os indígenas – que já habitavam a região há pelo menos 2.000 anos – deram o nome de “ribeiracô”. Os primeiros navegadores chegaram ao Ribeirão da Ilha por volta de 1506. Vinte anos mais tarde, Sebastião Caboto, navegador veneziano a serviço da coroa espanhola, atravessou o Oceano Atlântico e, conforme relatos, foi no porto de Ribeirão que ele ancorou. Segundo os cronistas da expedição, Caboto considerou a população nativa “dócil”, razão pela qual deu início à construção de um acampamento em terra, tendo erguido, inclusive, uma igreja. Ao longo de quase dois séculos, a localidade praticamente desapareceu das crônicas e dos relatos de viajantes que passavam pela Ilha de Santa Catarina. Apenas em 1712 que o Ribeirão da Ilha voltaria a ser registrado, dessa vez no escritos e esboços de Amédée François Frézier, engenheiro militar francês que fez um estudo com a intenção de elaborar um mapa de parte do que viria a ser a costa catarinense. Alguns anos mais tarde, entre 1748 e 1756, é que ocorreu a efetiva colonização da Ilha de Santa Catarina com o desembarque de cerca de seis mil açorianos e madeirenses. Alguns autores contam que cerca de cinquenta casais estabeleceram-se no Ribeirão da Ilha, onde passaram a produzir alimentos tanto para sua subsistência quanto para garantir o sustento das tropas concentradas na Fortaleza de Araçatuba. Após o período de mudança e adaptação dos novos moradores ao Ribeirão da Ilha, chega à região Manoel de Valgas Rodrigues, que manda construir uma capela para
o abrigo de uma imagem de Nossa Senhora da Lapa. É a partir deste evento que a freguesia receberia, mais tarde, o nome de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão. Já a capela construída por Valgas Rodrigues seria substituída por uma igreja feita de pedra. Com o passar do tempo, a agricultura firmou-se como a atividade principal dos moradores do Ribeirão da Ilha. Eles plantavam, entre outras coisas, mandioca, milho, cana-de-açúcar, feijão, café e linho. O café produzido ali era considerado, inclusive, um dos melhores do Brasil. Já o linho servia como matéria-prima para a confecção das redes utilizadas na pesca artesanal. Outra atividade de destaque na comunidade era a pesca da baleia. A necessidade de escoamento dessa produção fez com que a localidade chegasse a ter três portos em pleno funcionamento. Esses portos também eram os principais responsáveis pela comunicação entre o Ribeirão e a vila central, já que a navegação costumava ser mais fácil que o acesso por vias terrestres. Na Ilha de Santa Catarina, em particular, essa dinâmica se manteria por muitos anos em função da abundância de morros, mangues, rios e florestas. Porém, com a chegada do século XX, essa dinâmica passaria por profundas transformações. Com a inauguração da Ponte Hercílio Luz, em 1926, o transporte terrestre passou a ser valorizado em detrimento do transporte marítimo, o que eventualmente ocasionou o declínio não apenas dos portos existentes no Ribeirão da Ilha, mas também de suas atividades econômicas. Isso fez com que a região entrasse em um verdadeiro período de estagnação. Apenas na década de 1970, com a modernização do conjunto urbano de Florianópolis, é que o Ribeirão da Ilha voltou ao centro das atenções. O aterro da Baía Sul facilitou o acesso ao bairro, o que atraiu novos visitantes e moradores. Consequentemente, grande parte dos nativos passou a dedicar-se às atividades relacionadas ao turismo. Houve também um incentivo, por volta da mesma época, ao cultivo de moluscos marinhos. O relativo isolamento a que o Ribeirão esteve submetido fez com que muitas das características culturais de seus habitantes permanecessem praticamente as mesmas até os dias de hoje. Destacam-se as festas religiosas como a de Nossa Senhora do Divino Espírito Santo e a de Nossa Senhora da Lapa e a produção das rendas de bilro. Distrito do Ribeirão da Ilha - Foto por Davi Goncalves
Descubra
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Esse bar/restaurante composto com mosaicos açorianos, cerâmicas portuguesas e do folclore Texto por Maria Cunha Barros
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Alegre e aconchegante, como os bons botecos, oferece almoços sem salgar no preço, deliciosos sanduíches e cervejinhas geladas. Valei-me, meu Santantonho! De frente para o mar, o Tonho te espera.Com ar limpo do dia prepara teu prato. E como entende que nada é mais sagrado do que comer bem, faz tudo com carinho, lorem alimentos frescos e temperos colhidos da horta. Simples, alegre e aconchegante, como os bons botecos brasileiros, não salga no preço. No sábado, é dia de feijoada, dia de reunir as pessoas do coração para
degustar a alquimia das suas panelas. Valei-me, meu santantonho! Pausa para o café e logo mais te serve uma cervejinha gelada e a boa comida de boteco. E pra não duvidar da sua sacralidade te cobre com a luz do poente.Divertido e boa praça, o Tonho é um recanto de puro charme, composto com mosaicos açorianos, cerâmicas portuguesas e do folclore ilhéu, homenagem às tradições desse vilarejo único no Brasil. Povo de falar ligeirinho, catolicismo pagão, lendas tecidas no bilro, colchas de memórias e cantos do Divino.Diz-se na Ilha, “um ajuntar no
mesmo balaio”, sincretismo genuíno que deu certo, e permite o desfrute dessa cultura rica, feito para aqueles que desejam lorem conhecer mais do país e saborear a vida sem pressa. Tonho é irresistível. O boteco fica localizado no bairro de Santo Antonio de Lisboa, um dos distritos mais antigos de Florianópolis. Localizado no noroeste da Ilha de Santa Catarina, está a 15 km do Centro, no caminho para as praias do norte. O local teve um papel importante na colonização da cidade e ainda preserva muitas casas e construções históricas. Com suas
ruas estreitas e pouco movimentadas, restaurantes de qualidade e um visual maravilhoso, Sto. Antônio é passagem obrigatória para quem visita a capital catarinense. Antigamente o bairro era chamado de Freguesia de Nossa Senhora das Necessidades e foi uma das principais portas de entrada dos imigrantes na região, vindos principalmente da lorem ipsum neo vas lehras fjflsaj mvnas qwe Ilha dos Açores, em Portugal. O local também já serviu como porto e posto de alfândega, recebendo comerciantes e embarcações estrangeiras.
esses murais sã o muito lindos e tem um gato que é do d ono e fica dormindo em u ma das cadeiras, e é bem fácil de dar carinho nele
Interior do Tonho Boteco - Foto por Davi Goncalves
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Casas tradicionais no RibeirĂŁo da Ilha - Foto por Davi Goncalves
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Madeira da mesa do Tonho Boteco - Foto por Davi Goncalves
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Igreja no Ribeirão da Ilha - Foto por Davi Goncalves
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Na próxima, visita ra catedral do Ribei rão da Ilha
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Cerveja no Tonho Boteco - Foto por Davi Goncalves
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Calçada no Ribeirão da Ilha - Foto por Davi Goncalves
Mosaico em um muro no Ribeirão da Ilha - Foto por Davi Goncalves
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Entrada do bar do arante - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
Um bar que traz história e cultura manezinha através da gastronomia local e deixa lembrançãs em bilhetes Texto por Ágatha Costa Azevedo
“Tudo começou em 1958 quando Arante Monteiro e sua esposa Osmarina Maria Monteiro, abriram uma pequena venda para os pescadores. Vendia-se verduras, frutas, ovos, peixes, bebidas, bolachas, fumo de corda e
pratos de comida. Era conhecido como a “Bodega do Arante” e se localizava na então “Rua de Cima”. Na década de 60 o Bar do Arante se transferiu para a beira da praia, onde hoje se encontra, com o nome de “Pesqueiro Velho”. Nesta época mutas pessoas da cidade já andavam por aqui. Eram pescadores ou aventureiros que aqui aportavam e precisavam de comida. Dona Osmarina então, preparava o peixinho frito com pirão. Quando não queriam voltar para a cidade, ou o tempo piorava, muitos dormiam por aqui mesmo. A partir da década de 70, estudantes vindos principalmente de São Paulo e Rio Grande do Sul, passaram a frequentar a praia do Pântano do Sul, para seus acampamentos durante o verão. Afim de avisar os amigos que ainda estivessem por chegar, os estudantes deixavam no bar bilhetes dizendo qual era a sua localização. Bebendo a cachacinha (que sempre foi de graça) observando o vai e vem dos barcos, as gaivotas, as ilhas e ouvindo o barulho das ondas, não há quem não vire poeta. Foi aí que nasceu a mais famosa mania do Bar do Aran-
Entrada do bar do arante - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
Parede do bar do arante - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
te, os bilhetes colados nas paredes. Até hoje é assim, depois da primeira cachacinha, todos viram poetas. Já foram contados mais de 70 mil e um livro foi feito sobre o assunto: “Os bilhetes do mundo nas paredes do Arante”, de Paulo Alves. Hoje, graças a boa imagem que o Bar conquistou ao longo dos anos, ele é referência nacional e internacional da culinária da ilha e do litoral de Santa Catarina, onde houve a colonização açoriana. Temos muito orgulho de fazer parte da história do nosso lugar e de nossa cidade. Você é bem vindo, portanto, divirta-se, tome uma cachacinha, coma bem, e principalmente, sinta-se em casa.” O restaurante é simples e a comida é bem caseira. Pode-se optar por pratos à la carte, com preços entre 70 e 120 reais e que servem tranquilamente duas e até três pessoas, ou então pelo sistema de buffet livre, ao custo de 39 reais. O buffet livre é, na minha opinião, a melhor opção, pois possui uma grande variedade de pratos com peixe e camarão e a pessoa pode repetir quantas vezes quiser. Todo cliente ganha uma cachacinha de entrada, como cortesia da casa. No cardápio é possível conhecer toda a história do local e seus fundadores. A camiseta dos funcionários é es-
tampada com cópias de diversos bilhetes deixados no local. Os papéis estão espalhados por todo o restaurante e as vezes chega a ser difícil encontrar um espaço vazio para deixar um novo bilhete. Quem visita o Bar do Arante não pode esquecer de deixar sua visita registrada. Todos os garçons possuem papel e caneta à disposição. Estima-se que mais de 70 mil bilhetes já foram deixados desde que o restaurante surgiu. Claro que a grande maioria deles já não existe mais, pois os papéis ficam velhos, apodrecem e caem. Boa parte dos bilhetes encontrados são dos três últimos anos, mas ainda é possível encontrar algumas raridades. Pode-se perder horas lendo os recados, que são de visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo. Segue uma pequena amostra dessa diversidade…
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Explore Entrada do bar do arante - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
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Bolo na Dona Ciclana - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
os que m a í r e u Café colonial, doceria e uma loja de móveis, oq pio, que nã á d o r s a o c e o no isto é o que a Dona Ciclana tem a oferecer em Percebem nosso buffet m o c s o t ra no o aos p bservamos Santo Antônio de Lisboa. tivesse ã ç a l e o mr tanto e estado. Também um serpr cer Com um novo conceito em buffet e confeitaria, a Dona Ciclana serviço do para ofere novo abre no próximo dia 21 de maio, em Santo Antônio de Lisboa. u o t g Toda inspirada nas lembranças da infância, a doceria retrô ofelayout, ualidade e al q rece um cardápio que segue o conceito de comfort food, ou seja, viço de rianópolis traz a sensação de conforto para quem prova seus doces, além de o para Fl Texto por Ágatha Costa Azevedo
promover uma experiência sentimental de retorno ao passado. A ideia de oferecer um espaço com doces e salgados vintage é um projeto da dupla Jean Alphonse, empresário da marca Amazonia Móveis, e Thiago Ribeiro, chef confeiteiro criador da confeitaria Dona Fulana. Em um casarão antigo do bairro, construído nos anos 50, eles formataram o espaço Quintal da Casa, que reúne a Dona Ciclana, a linha de cafés especiais O Ciclano e a loja Amazonia Móveis, esta em um formato pioneiro em Santa Catarina: as mesas, cadeiras e objetos de decoração à venda são a mobília do café e podem ser experimentados pelo público e então encomendados. A Dona Ciclana terá no menu semanal bolos, tortas, empadões, doces de frutas, quindins, pudins, salgados e doces tradicionais na infância e revisitados, como o buraco quente e o arroz-doce. De terça a sexta-feira abrirá a partir das 13h com um cardápio a la carte que permitirá saborear uma refeição ou fazer um lanche com cafés especiais e chás gourmets. Nos sábados e domingos o espaço servirá o primeiro café colonial do charmoso e tradicional bairro gastronômico, e um dos poucos existentes em Florianópolis, a partir das 13h. Ao formatar o conceito do Quintal da Casa, os empreendedo-
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Quentinha na Dona Ciclana - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
A casa onde fica Dona Ciclana - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
res tiveram o conforto como a premissa de tudo. É ele que dá sabor aos pratos e proporciona bem-estar no ambiente do café, com cadeiras, mesas, espreguiçadeiras e outros itens conhecidos por aliar sustentabilidade e conforto, graças ao design diferenciado da marca Amazonia. Para completar a experiência, os clientes terão à disposição toalhas de piquenique para degustar os salgados e doces no jardim do casarão. Criador da doceria Dona Fulana, o chef confeiteiro Thiago Ribeiro é quem assina o cardápio da Dona Ciclana. Ele e Jean viajaram pelo interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foram ao Paraná e São Paulo, para provar o maior número possível de cafés coloniais e brunches. “Percebemos o que não queríamos que tivesse no nosso buffet e cardápio, tanto em relação aos pratos como no serviço prestado. Também observamos layout, tudo para oferecer um serviço de qualidade e
algo novo para Florianópolis”, explica Jean. “Podemos antecipar que, entre nossos doces, o pudim será inesquecível”, convida. A linha de cafés especiais O Ciclano terá uma variedade de cafés especiais, que têm uma pontuação de qualidade e sabor superior à dos cafés gourmets. Terão origem em grãos de fazendas do Sul de Minas Gerais, Norte do Paraná e da região de Alta Mogiana, famosas pela excelência de sua produção. Um dos diferenciais é a oferta de café coado no café colonial, alinhada ao conceito de volta ao passado como experiência gastronômica. Há também uma linha de chás gourmets, que serão servidos de uma forma universalizada, como um convite a homens e mulheres para degustarem a bebida. Com capacidade para atender com todo o conforto até 180 pessoas, o Quintal da Casa poderá ser locado para eventos como casamentos, formaturas, almoços e jantares para grupos de pessoas.
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lendo cervejas, bebendo livros e saboreando paisagens, esta é a proposta de um dos bares mais exóticos da cidade de Florianópolis que traz conforto num ambiente muito gostoso para socializar com amigos, etc Texto por Ágatha Costa Azevedo
Em um dos lugares mais charmosos da Lagoa da Conceição está o Books & Beers, bar que logo que abriu em 2013, conquistou o público e lugar entre os points queridinhos na ilha. Eleito “Bar Revelação” pela publicação da Veja Comer & Beber Santa Catarina 2014/2015, Books & Beers também foi escolhido em votação aberta - “Voto do Leitor” na mesma categoria e “Melhor Carta de Cervejas”. O Books & Beers chama a atenção desde a fachada ao atendimento, passando pelo cardápio inusitado que oferece comidinhas, drinks e uma variedade quase infinita de cervejas. Encardernados como livros e com nomes que remetem a gran-
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O Books & Beers chama a atenção desde a fachada ao atendimento, passando pelo cardápio inusitado que oferece comidinhas, drinks e uma variedade quase infinita de cervejas. Encardernados como livros e com nomes que remetem a grandes clássicos da literatura mundial , os cardápios são uma atração à parte
Ambiente do Books & Beers - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
des clássicos da literatura mundial, os cardápios são uma atração à parte: Moby Drink, Dom Queshots, Memórias Póstumas de Brusquetas entre outros, aguardam com pratos inspirados em autores, tudo devidamente traduzido para o inglês e dividido em capítulos que vão de opções leves a pratos principais e sobremesas. O estabelecimento é descrito como “a celebração da Cultura do Bar em todos os seus significados”. O local privilegiado permite ao público curtir o pôr do Sol, brindar às delícias da vida, e conhecer novas culturas. São dois andares, o primeiro andar é dedicado à espera onde já rola tomar uma cervejinha e ainda comer algum petisco. Além disso, livros estão nas estantes para leitura. No andar de cima, mesas estão dispostas de maneira que a conversa de uma não atrapalha a outra, e casais, grupos e até mesmo famílias são facilmente acomodados. O deck é o mais concorrido, e por isso, para conseguir lugar ali é preciso chegar
cedo. A música é ambiente, e rola de rock clássico ao jazz. Aberto de terça a sexta a partir das 17h e sábado e domingo, a partir das 12h, o Books & Beers se mantém como um dos bares queridinhos de Floripa. Ao entrar, nos deparamos com um ambiente repleto de peças vintages, livros e bebidas. Há uma biblioteca repleta de títulos sobre gastronomia, cerveja e vinhos – se tiver sozinho, pegue um livro, peça uma cerveja e curta o local. Fomos direto para o segundo piso (mais agitado) onde haviam mesas, um bar e uma sacada com sofás, cadeiras de balanço e mesas. A vista me conquistou! Sentamos em uma mesa do lado de dentro pois tínhamos feito reserva naquele mesmo dia (o espaço externo é disputadíssimo – é necessário reservar com até 3 dias de antecedência). Mas conseguimos aproveitar, e muito, o local e o pôr-do-sol (o bar fica em frente a marina da Lagoa da Conceição).
Ao chegar, fomos muito bem atendidos pelos garçons que estavam sempre prontos! Nos entregaram o cardápio em forma de livro – que achei muito original – e todos os pedidos estavam em Português e Inglês. Pedimos alguns rótulos de cervejas artesanais/especiais (Coruja Extra Viva – R$22 e Bierbaum Vienna – R$18,50), sucos (R$8,00), e também duas rodada de mini hambúrgueres (Mini-hambúrguer Gulliver – R$32,50) de picanha e quinoa (que são uma delícia!!!!). E ficamos assim boa parte da noite. Apesar do local estar cheio, fomos bem atendidos em todo momento. Aproveitamos a noite de sexta-feira muito bem escolhendo o Books & Beers. Ele é um ótimo local tanto para curtir a noite com amigos ou em casal. Com certeza iremos voltar pois ele é aconchegante e com ótimas opções gastronômicas. Se estiver em Floripa, deixe para conhecer no horário do Pôr-do-sol :)
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i Buraco Quente da Dona Ciclana - Foto por Ana Paula Lordello
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i Bilhetes no Tonho Boteco - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
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Faixada do Books & Beers - Foto por Gabrielle Fernandes Carvalho
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Vizinhanรงa
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Rô Conceição tocando violão em coqueiros - Foto por Yasmin Correia Araujo
Rô Conceição Vida de músico não é fácil. Sim, tem as glórias de arrebatar o público e fazer da vida um espetáculo. Mas, também, tem a correria, o trampo, estrada, estúdio, projetos e toda a rotina de apresentações e entrevistas que rolam na vida profissional. Nós, aqui da Arredores, tivemos a satisfação de conseguir uma entrevista com o Rô Conceição, da banda Iriê, que mora e vive o bairro de Coqueiros, em Florianópolis. Rô Conceição vive Coqueiros por inteiro. Pelas manhãs, muitas vezes caminha pelo Parque de Coqueiros. Pelo o que a nossa equipe conseguiu somar, ele dá umas 20 voltas no Parque. Sim, para quem conhece o local, sabe que é bastante. Esperamos que curtam a entrevista do Rô da banda Iriê, uma das bandas mais representativas do reggae no Brasil. Iriê, palavra de origem jamaicana que significa “energia positiva”. Ótima ideia para batizar uma banda de reggae. Floripa os viu nascer e crescer, e eles são a cara da Ilha da Magia. RÔ CONCEIÇÃO traz luz aos nossos olhos com seu carisma e sorriso contagiante. Simpatia sem perder o poder da palavra, seu trunfo. Os teclados e seus timbres acertados com um cheiro de Jamaica e samplers que nos levam até lá são a marca de SERGIO SANT ANNA. Mas pra se fazer um bom reggae, aqui, como em qualquer outro lugar, a cozinha é quem comanda. DANIEL GAFA é o groovemaker, baterista de mão cheia, mantém o fogo aceso e os olhos atentos a CLÉO BORGES no contra baixo, que assina boa parte das canções do grupo, é lenha na fogueira. Da beira da praia, do surf, da capoeira, o bom estilo de DANIEL DA LUZ. Difícil tirar os olhos dele no palco. Fora dele, toca um projeto social com a criançada da ilha.
Há quanto tempo mora em Coqueiros? Vim pra Coqueiros em 2010, em junho, eu e minha esposa, antes disso morei no centro minha vida toda. O que gosta de fazer em Coqueiros? O que mais curto no bairro é o Parque, tô por ali sempre que posso. Além disso gosto da Via Gastronômica, acho um conceito bacana que poderia ser melhor aproveitado. Como você aproveita o Parque de Coqueiros? Dou umas caminhadas e umas corridinhas leves de vez em quando. Dou um pulo por ali pra ver o mar, as pessoas. Seria ótimo se tivéssemos mais parques como esse espalhados pela cidade. Essa interação com a natureza é muito boa. Caso fosse escrever uma música para Coqueiros, o que não poderia faltar na letra? Rô Conceição: O mar, um lugar banhado por essas águas calmas é um convite a inspiração. Em que ponto Coqueiros está afinado? Gosto do clima de bairro num lugar bem perto de tudo, isso é ótimo. Em que ponto Coqueiros está desafinando? O crescimento exorbitante assusta, a cada dia que passa vemos mais e mais edifícios se erguendo pelo bairro, um problema vivido por toda cidade. Vi isso minha vida toda no centro, casas virando edifícios, é triste. Pois um dos principais pontos de Florianópolis é a naturareza interagindo com o ser. Texto e entrevista por Gabriel Alves Lima
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Luiz Henrique Cudo e suas anotações - Foto por Yasmin Correia Araujo
Luiz H. Cudo Cudo é um cara tranquilão, capaz de ficar nu (e ficou) em plena Felipe Schmidt, movimentada rua do centro de Floripa, se isso servir como base para a entrega total ao personagem da vez. Além de ator, o rapaz é músico, dirigiu e atuou em curta-metragens, participou do coletivo de ativismo cultural Expressão Sarcástica e apresentou o programa Patrola, na RBS TV. Ele participa de um grupo teatral chamado ERRO. O ERRO Grupo se define por uma espécie de hibridização do fazer teatral, fundindo elementos do teatro, das artes visuais, da performance, mas sempre com o olhar voltado para o espaço urbano. Por conta dessa multiplicidade de elementos das mais variadas linguagens, definir o trabalho do ERRO sempre deu muito trabalho, mas nós adotamos o termo “teatro”, pois entendemos que o teatro é a forma artística que abrange todos os elementos oriundos de outras linguagens e tanto a performance, quanto a intervenção e ação cabem dentro da noção de teatro que usamos. E como agimos no espaço urbano, é evidente que a rua aparece na definição, ficando “teatro de rua” como a definição do nosso trabalho. Mas também deixamos livre para quem quiser classificar de forma diferente, sejam críticos, jornalistas ou até mesmo outros artistas. Bom, é muito difícil atuar em qualquer atividade com a qual as pessoas que você terá que lidar não fazem a mínima ideia do que seja ou que, pior ainda, não respeitam. E é aí que eu acho que reside a principal dificuldade da função em Santa Catarina. Claro que falo isso a partir da ótica do trabalho do ERRO Grupo, que desenvolve experiências para além do teatro convencional e da lógica comercial.
Olá, Cudo. Quando você começou a atuar? De que modalidades de teatro você já participou? Comecei no teatro aos 13 anos e já fiz muito teatro de palco, dos mais variados gêneros: comédia, tragédia, teatro do absurdo, drama, teatro político, teatro de animação, teatro infantil, e claro, teatro de rua. Como é o trabalho com o ERRO Grupo? Como vocês definem a proposta do ERRO? O ERRO Grupo se define por uma espécie de hibridização do fazer teatral, fundindo elementos do teatro, das artes visuais, da performance, mas sempre com o olhar voltado para o espaço urbano. Por conta dessa multiplicidade de elementos das mais variadas linguagens, definir o trabalho do ERRO sempre deu muito trabalho, mas nós adotamos o termo “teatro”, pois entendemos que o teatro é a forma artística que abrange todos os elementos oriundos de outras linguagens e tanto a performance, quanto a intervenção e ação cabem dentro da noção de teatro que usamos. E como agimos no espaço urbano, é evidente que a rua aparece na definição, ficando “teatro de rua” como a definição do nosso trabalho. Mas também deixamos livre para quem quiser classificar de forma diferente, sejam críticos, jornalistas ou até mesmo outros artistas. O grupo busca um modelo específico de ator? Nosso modelo de ator está relacionado a sua disponibilidade. Buscamos pessoas disponíveis para nossos trabalhos que são feitos na rua. Nesses anos trabalhando com atores e não-atores, percebemos que durante um trabalho de intervenção urbana um fator essencial é a disponibilidade com o espaço. Texto e entrevista por Gabriel Alves Lima
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Arredores de Florianópolis Vanderléia Will em sua personagem “Dona Bilica” - Foto por Yasmin Correia Araujo
Vanderléia Will Vanderléia Will nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 1 de outubro de 1970. Formada no Curso de Licenciatura, habilitação em Artes Cênicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), desde 1990 está engajada em divulgar e preservar a cultura de sua cidade natal, de origem açoriana. É a criadora da personagem Dona Bilica, uma típica benzedeira e rendeira da Praia da Barra da Lagoa, em cartaz há mais de 16 anos. Em 2013, inaugura um espaço cênico no Morro das Pedras, o Circo da Dona Bilica, empreendimento da companhia Pé de Vento Teatro, que tem como anfitriões Dona Bilica e seu marido, o palhaço Pepe Nuñez, um dos mais competentes formadores de palhaços no Brasil. O circo é a materialização de um projeto amadurecido ao longo de dez anos, onde servirá de palco permanente para as atrações da Cia Pé de Vento. A estrutura se abrirá para as mais diversas manifestações artísticas e culturais da cidade e também a convidados de outras partes do país e do mundo. Além de ser um centro de fomento e de intercâmbio entre artistas e produtores culturais, outra grande missão da estrutura será a preparação de novos talentos. As oficinas que Pepe ministra em todo o Brasil – ele é um dos mais respeitados e conhecidos formadores de palhaços no país – se concentrarão, a partir de agora, em Florianópolis. Tudo isso será feito com autonomia, independência e liberdade. Batizar o circo com a referência à Dona Bilica foi uma escolha natural: trata-se de uma homenagem à cultura local, com a qual Vandeca convive desde pequena.
Conte um pouco sobre sua carreira: Me graduei na UDESC em 1994 e em 1998 conheci meu marido, ele é espanhol, Pepe Nunes, e ele é palhaço. A partir daí começou a trabalhar comigo, dirigindo meus espetáculos. Nós montamos um espetáculo que viajou o mundo inteiro, um espetáculo sem fala, paralelo a isto, eu fazia aqui em Floripa, a Dona Bilica. Nisto, nos casamos, ele se mudou pra cá, e sempre quis abrir um teatro, um circo né. Dai ele comprou um terreno no Morro das Pedras e decidiu que ali seria nosso circo. E eu fiquei com um pé atrás, porque abrir teatro no sul da ilha, tão longe do Centro e tudo mais, parecia loucura. Todavia, ele conseguiu me convencer e em 2013 abrimos o espaço de teatro com 225 lugares, onde tem toda uma estrutura com banheiro, restaurante, lojinha, estacionamento, etc. E a partir da inauguração, nós começamos a programar espetáculos de teatro, espetáculos de palhaço, shows musicais e oficinas. Então a cidade recebeu muito bem, diferente do que eu imaginava. Seu marido tem outro hobbie além de ser palhaço e empresário, poderia nos contar um pouco sobre? Sim, ele é um excelente cozinheiro, inclusive, o restaurante que temos junto do circo é dele. E como funciona a escola de palhaços? Nós tínhamos a vontade de compartilhar nosso conhecimento com as pessoas, então criamos a primeira escola de palhaços no sul do Brasil, consideramos importante, pois é uma profissão em extinção. Texto e entrevista por Gabriel Alves Lima
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Ser manezinho é...
Texto por Tomás Sousa Almeida
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01) Antes de qualquer coisa, ter nascido na Ilha de Santa Catarina, seja na Carmela Dutra, na Carlos Correia ou mesmo de parteira, ou no continente (leia-se Estreito, ou em puro manezês Streitcho). E não adianta vir com essa história que nasceu fora e veio morar aqui pequenininho (com exceção de um ou outro); 02) Falar manezês fluente, tão rápido que deixa o cristão que te ouve meio tanso; 03) Falar 60% das palavras no diminutivo (Vais querê um cafezinho com pãozinho ou com bolinho de chuva?); 04) Gostar do cheiro das bancas de peixe do Mercado Público. Nada de tapar o nariz pra comprar camarão; 05) Ter assistido um Avaí e Figueirense no Adolfo Konder e, de preferência, ter fugido com a bola quando essa era
chutada pra fora do campo; 6) Ter, pelo menos uma vez na vida, subido a Avenida Tico-Tico (Rua Clemente Rôvere); 07) Ter ajudado a fazer ou ter brincado no boi de mamão; 08) Ter participado da farra do boi ou, pelo menos, ter fugido em carreira, todo borrado com medo do pobre animal; 09) Ter se vestido de mascarado e corrido atrás das raparigas nas noites de verão ou assustar a manezada com as caveiras de mamão verde com vela e das cobras de pano; 10) Ter tomado banho na Lagoa da Conceição sem medo de pegar pereba;
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Seu Manoel mostra suas bebidas - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Chopp no Mercado, Café na Lagoa e levar o passarinho para passear no Curió O jeito manezinho de ser Os autênticos manés, eram os malandros exibidos de vida boa, que usavam uma perna da calça arregaçada até a metade da perna, um pouco abaixo do joelho e que por distração, se exibiam com uma gaiola na palma da mão, dentro um curió, um sabiá, uma tia chica ou um coleirinha a dobrar. Aquele ou aquela, que come um loc loc com peixe frito frio, ou ainda, aqueles que comen pirão de água escaldado com carne seca de varal, assada numa grelha na brasa de fogão de lenha. Velozes tempos são os de decisões tomadas pelos smartphones, de momentos registrados e postados instantaneamente pela tecnologia do Instagram e de conversas pelo Facebook. Em meio à contemporaneidade, uma vida diferente reina ainda, dia após dia, décadas após décadas, no simples modo de agir do manezinho, nos memoráveis hábitos de dar uma voltinha no Merca-
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do Público, de levar o passarinho para passear ao Curiódromo da Ilha mantido pela SAC (Sociedade Amigos dos Curiós) ao lado do manguezal do Itacorubi, e de tomar café da tarde aos domingos na Lagoa da Conceição. Andar muito sempre esteve na essência do manezinho. É costume antigo frequentar o Ponto Chic, no calçadão da Felipe Schmidt, o Bar do Alvim e a peixaria do Chico, no Mercado. Antes, ele ia para comprar peixe e farinha em fardos, agora vai para tomar um chopinho e jogar conversa fora. O objetivo mudou, mas a tradição permaneceu. De óculos escuros, camisa vermelha e calça curta na altura do tornozelo, evidenciando o grafismo dos sapatos preto&branco sem meias, Duduco circula entre as mesinhas altas do Bar do Alvim, na ponta direita do Mercado Público (de frente para o mar e continente), às 17h40, no calor escaldante de uma sexta-feira típica de verão. Aos 52 anos, Nilson Nelson Machado é figura po-
pular desde que abriu duas creches com 150 crianças no Morro do Mocotó, a maioria filhos de pais detentos, dependentes de álcool e drogas. “A gente sempre sai para dar uma voltinha. É tão bom se inteirar das fofocas, não é?”, confere ele, tocando o braço da repórter, ao lado da irmã dele, Eda Machado Chierighini, 60. Aliás, tocar o corpo do interlocutor ao falar para chamar a atenção é outro hábito comum entre os ilhéus. A cada palavra dada, um toque pede deferência ou opinião. “Gostamos de saber como tu vais, gostamos de cumprimentar e se despedir várias vezes com a mão. É uma coisa da gente”, detalha. O vaivém dos garçons é intenso e o genro do Alvim, Janir José Francisco, 44, que gerencia o bar na ausência do dono, há 23 anos, marca à caneta cada chope que sai. “É um orgulho ser manezinho, com a cara do Mercado Público, batizado nas águas da Lagoa”, assevera Duduco. Homossexual assumido e carnavalesco reconhecido pelas fantasias premiadas, como “O Exterminador de Dragões da Ilha da Magia”, que irritou Rogéria em 2004 em um concurso nacional, Duduco tem como principal virtude a criação de 17 filhos no Lar do Tio Duduco. Seu filho mais novo, de cinco anos, recebeu seu sobrenome legalmente há pouco tempo.
pre esteAndar muito sem manezinho. É o d a ci n sê es a n ve equentar o Ponto costume antigo fr da Felipe SchChic, no calçadão lvim e a peixaria midt, o Bar do A do. Antes, ele ia ca er M o n o, ic Ch do e e farinha em para comprar peix ra tomar um fardos, agora vai pa conversa fora. O chopinho e jogar as a tradição perm , u do u m vo ti je ob maneceu.
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Bares no Mercado Público - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Café da tarde na Lagoa A Lagoa da Conceição seduz. Tanto seduz, que as tardes de domingo, em qualquer uma das quatro estações são dedicadas a ela por manezinhos legítimos, nascidos e criados na Ilha. É frequentada por artistas, intelectuais, políticos e gente simples, que apreciam um bom café e um lanche gostoso, sem distinção de classe social. “Gosto de vir à Lagoa. É a cara do meu domingo”, diz a jornalista Giovana Meyer, 24. Sentada à mesa da Sanduicheria da Ilha, ela relembra os tempos quando era pequena e vinha com toda a família. Compartilhar momentos com os familiares e amigos tornou-se um hábito há muito tempo. “Vamos ‘curricá’ na Lagoa?” é sempre o convite de Lílian Jussara Lopes, 53, para uma de suas oito irmãs, após o almoço de domingo no sítio de Vargem Grande. No linguajar manezês, ‘curricá’ é a ação da ‘curriqueira’, mulher que não para em casa e que está sempre fofocando na vizinhança. Lílian toma café ao lado das irmãs Iara Lopes Martins, 51, e Márcia Lopes Bonassis, 49, da filha Milene Lopes Maciel, 32, e da neta Beatriz Lopes Silveira, 12. A esquina das ruas Manoel Severiano de Oliveira com
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Henrique Veras do Nascimento, no centrinho da Lagoa, não é conhecida por seus nomes, mas sim por ser um point charmoso com muitas cafeterias aconchegantes, como o Café Cultura, Rocambole, Café da Lagoa, Empório Mineiro e a Sanduicheria da Ilha. “É ponto de encontro, lugar que permite um bate-papo sem música alta e sem barulho, e onde tem pessoas interessantes”, diz a consultora de moda, Tatiane Leite Martins, 31. “Eu adoro!”, diz a amiga Marli Marques Abrahão, 42, enquanto saboreia um suco de laranja e um café expresso. Espontâneo, o curió Pantera Negra (com anilha do Ibama nº 35182.013.07/08), de Nivaldo Nunes, canta melodicamente na gaiola. Alegre, o menino Nicolas Nunes de Oliveira, 11 anos, segue com dedicação a paixão herdada do pai à margem dos modismos da atualidade. Fiel, a Sociedade Amigos dos Curiós reproduz o velho costume dos passarinheiros da Florianópolis antiga de ter pássaros canoros e competir em torneios de canto. Anos a fio, antes mesmo da oficialização da SAC em 1980, os apaixonados por passarinho iam de gaiola na mão se encontrar no hoje extinto Bar do Vado, na popular rua Major Costa, nas encostas do Morro da Caixa, no Centro. Foi lá que eles decidiram criar a sociedade, conta
Tarde na Barra da Lagoa - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Nivaldo, 62 anos, dono do campeão de títulos Pantera Negra, detentor do primeiro lugar na modalidade de fibra no Torneio da Integração Sul-Brasileiro em 2011. A ideia contou com o apoio do então prefeito Antônio Henrique Bulcão Vianna, que apelidou sua sede, anos mais tarde, de Curiódromo da Ilha. A turma gosta tanto de curiós que a construção do curiódromo foi com dinheiro do próprio bolso do presidente eleito no início da década de 1990, Osvaldo Corsini Vieira, o Vadinho. O valor gasto na obra (na época, a moeda era o cruzeiro), era transformado em dólares e abatido pelo clube quando tinha dinheiro em caixa. “Todo diretor era penalizado nas promoções para angariar recursos: pagava ou vendia rifa”, lembra entre risos, Nivaldo Nunes, tesoureiro da entidade na época. Organizada e estoica, a entidade conta hoje com mais de 900 associados. Compartilhar momentos com os familiares e amigos tornou-se um hábito há muito tempo. “Vamos ‘curricá’ na Lagoa?” é sempre o convite de Lílian Jussara Lopes, 53, para uma de suas oito irmãs, após o almoço de domingo. No linguajar manezês, ‘curricá’ é mulher que não para em casa e que está sempre ao lado das irmãs Iara Lopes Martins, 51, e Márcia Lopes Bonassis, 49.
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Os curiós e os manés Os índios tupis deram ao pequeno pássaro um nome que significa, em português, “amigo do homem”. A expressão traduz com perfeição a relação entre os habitantes de Florianópolis, popularmente conhecidos como manezinhos, e o curió, cientificamente catalogado como Oryzoborus angolensis. Para os manezinhos, andar com um curió na gaiola é tradição. A figura do ilhéu passeando com seu amigo no Mercado Público, nos arredores da Lagoa da Conceição ou pelas várias praias da cidade faz parte do cenário florianopolitano, da mesma forma que o canto característico dos cúrios compõe a trilha sonora da ilha e de toda a região litorânea catarinense. Tal hábito cultural atravessa gerações de manezinhos. “Os moradores mais antigos da cidade se recordam de um vendedor de peixes que circulava pelo Mercado Público em uma carroça, sempre com o seu curió
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ao lado”, confirma um dos maiores especialistas nessas aves da cidade, o empresário Luiz Carlos Hantschel. “O canto servia como um anúncio de que o peixeiro estava passando e atraia os compradores”. Naqueles tempos, as aves eram capturadas na natureza. Nunca existiram muitos espécimes vivendo livremente na ilha onde se localiza Florianópolis. Os curiós eram trazidos de regiões de mata atlântica próximas, das cidades de Paulo Lopes, Penha e Tijucas. A captura indiscriminada e, principalmente, o avanço da agricultura, começaram a ameaçar a espécie. Áreas de mata nativa foram derrubadas naqueles municípios para dar lugar a plantações, acabando com o hábitat dos animais. Em 1967, passou a ser proibida por lei a captura desses animais. Foi a partir de então que a criação passou a ser um meio de preservação dos curiós em Santa Catarina, ela foi o único meio de tirar a ave da lista dos animais
ameaçados de extinção. Isso aconteceu na cidade ainda na década de 1980, quando surgiu o primeiro Curiódromo do Brasil. O local, criado no dia 25 de julho de 1980, está situado em um espaço nobre de Florianópolis, entre a supervalorizada avenida Beira-Mar Norte e a Universidade Federal de Santa Catarina, e é administrado pela Sociedade Amigos do Curió, ou SAC. Durante a maior parte dos seus 25 anos de existência, o Curiódromo florianopolitano foi o único do país. Só recentemente foram inauguradas duas novas estruturas, uma em São João Batista, também em Santa Catarina, e outra em Brasília. O Curiódromo é um espaço dedicado à troca de experiências entre criadores e serve de palco para exposição de animais, para torneios de canto e palestras. Há ainda as confraternizações, como as peixadas que ocorrem todas as noites de quarta-feira. “São mais de
mil associados, incluindo cerca de 150 criadores que reúnem aproximadamente três mil pássaros, entre curiós e outras espécies, como o canário, o bicudo”, contabiliza Aldo Luiz Machado, fotógrafo profissional e atual presidente da SAC. “Todos as aves estão devidamente registradas de acordo com as normas do Ibama”. A organização que o Curiódromo trouxe aos criadores catarinenses permitiu importantes avanços que colaboraram nas pesquisas com o pássaro. Possibilitou ainda uma verdadeira operação de resgate histórico da cultura e vida da ave. Quando viviam soltos, os curiós do catarinenses apresentavam uma forma única de cantar, tão característica quanto o sotaque de seus amigos manezinhos. O objetivo da cantoria, como não podia deixar de ser, era atrair as fêmeas e demarcar território. Posteriormente, o dialeto local foi batizado de Canto Florianópolis, ou ainda Canto Catarina.
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Curiódromo em Florianópolis - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
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Por meio de desenhos feitos em muros e casas, grafiteiros ajudam a compor cenário artístico e cultural de Florianópolis Texto por Tomás Sousa Almeida
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O graffiti é uma dessas manifestações que vem ganhando expressividade no cenário local. Trata-se de uma forma de expressão artística vinculada ao conceito de street art (arte de rua) e que teve sua origem em cenários contraculturais; inicialmente considerado uma contravenção, vem se estabelecendo como uma forma de intervenção nas cidade e se legitimando como um campo de estudo das artes visuais e outras áreas, figurando inclusive nos ambientes da mostra Casa Cor SC 2011. No Brasil, de acordo com a Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, a prática equiparava o grafite à pichação, proi-
bindo-a. No ano de 2011, com a Lei 12.408 de 25 de maio de 2011, a prática foi legalizada: “Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário”. A cidade de floripa vive um momento rico de intervenções urbanas, com desenhos espalhados, manifestações artísticas, música e teatro, sempre com o intuito de promover a cultura e o conhecimento sobre a história da capital catarinense. Conheça a história por trás das intervenções artísticas.
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Constante adaptação Rodrigo Rizo, teve suas primeiras experiências há 12 anos, mas se considera grafiteiro há 7. A inspiração para suas obras de arte é buscada na vivência do dia a dia, nas pessoas que conhece, nas situações cotidianas.” Minha inspiração vem da política, da cultura popular, os clichês, a publicidade e os conceitos já estabelecidos. Uso isso para fazer novas perguntas à velhas respostas” comenta. O artista, vê arte urbana como toda forma de expressão que não se restringe a um espaço, é onde o suporte faz parte da obra. Mas nem sempre o grafite foi bem quisto na cidade. A arte do Rizo, e seus camaleões, está em todos os pontos da cidade, apesar de comercializar seus trabalhos por outros meios, ele pinta algumas telas, mas não tem isso como foco profissional. “As pessoas querem transportar o que elas veem na rua para dentro de suas casas, para chamar de seu. Elas querem o grafite na parede in-
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terna da residência. E é isso que eu faço. Sei que o mercado da arte é bem competitivo, e estou ligado a ele de certa forma. Existem excelentes artistas e bons espaços, comercializando essas obras. O principal problema que eu vejo, é que o consumidor ainda não compreendeu que investir em arte é um bom negócio. Mas isso são questões culturais mais profundas.” declara Rizo. Com a valorização da atividade, surgiu também o interesse por aprender sobre e como produzir os traços. Por isso, Rizo criou um curso para os interessados, que normalmente ocorre na Cor Galeria. Ele comenta que a procura é boa, e que a maioria das pessoas se aproximam por curiosidade ou para explorar outra técnica de pintura, poucos tornam-se grafiteiros de fato. Na sua visão, daqui há 10 anos existirão novos estilos, espaços e propostas. “O grafite é infinito.”, relata. Viver financeiramente desta arte é possível, mas extremamente difícil. Pensando mais a longo prazo, a con-
Muro com grafite de camaleões por Rizo - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
sulta aos diversos militantes não pode mais se dissociar do investimento em reciclagem técnica. “É como um sonho. Se você acreditar com todas as suas células, você o torna real.”, define. O artista tem uma identidade visual, que é o Camaleão. É importante questionar o quanto a expansão dos mercados mundiais afeta positivamente a correta previsão do impacto na agilidade decisória. Por outro lado, a estrutura atual da organização auxilia a preparação e a composição das diretrizes de desenvolvimento para o futuro. Uma figura que espalha por onde vai. Quando perguntado sobre o simbolismo dos camaleões, ele responde: “Representa a adaptação, é quase uma metáfora visual do que o grafite significa para mim. Pois ocupa os espaços que não foram previstos para abrigar uma arte, e precisa ajustar-se. Seja nas formas, cores, luzes ou sombras, eu coloco isso no meu estilo e nas situações em que o camaleão aparece.”
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Frases de efeito Já o artista Daniel Barcellos Ellwanger, também morador da Lagoa da Conceição, faz desenhos relacionados com frases. “Escute seu coração”, “O que faz seu coração cantar?” e “Observe-se” são algumas delas. “A arte é comunicação, uma forma de passar uma mensagem, por isso também coloco as frases”, acredita. Com murais assinados como DBE, as pinturas podem ser vistas, principalmente, no Leste da Ilha. O desenho acima, por exemplo, foi feito no muro de uma residência na subida do Morro da Lagoa. Além de muros, o artista utiliza também caixas de luz para os desenhos. O tema das pinturas em geral envolve rostos femininos. “Vejo nas mulheres uma das maiores belezas, gosto de representar expressões humanas”, conta Daniel. Um das marcas registradas do artista, os corações, aparecem em quase todas as pinturas. “O amor é o que move, é o que provê vida, o que faz tudo existir. As relações humanas são as coisas mais importantes para cada indivíduo e, se pararmos pra observar, estamos sempre pensando nas nossas relações com os outros”, completa. Segundo ele, a qualidade do conteúdo da mensagem é bastante importante. “Acredito que somos responsáveis pelo que criamos, e acho que o artista urbano tem essa responsabilidade do que criar, de como quero ver a cidade. Quero comunicar algo que emocione, alegre e contagie”, conta.
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Arredores de Florianópolis
Leve e poético
Daniel Barcellos grafitando - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Pedro Teixeira, o Driin, é tatuador e começou os trabalhos de grafitti em 2006. “Eu queria algo mais livre, sem encomenda. O meu estilo é mais com cores mais duras. A temática, sempre de anjos e figuras femininas, tem uma poética. Eu fico em outro estágio enquanto pinto”, conta. O artista foi um dos sete convidados para a pintura do Armazém Vieira, no Saco dos Limões. “O proprietário nos convidou. A pintura de prédios históricos tem duas etapas. A primeira, com um selador e a segunda, com a cor original. Entre uma e outra ele decidiu liberar o espaço para o grafitti. Desde o início sabíamos que os desenhos seriam cobertos. Foi um momento legal, pois houve a oportunidade de mostrarmos a arte e ocuparmos um espaço bem tradicional”, diz. O local foi pintado também por Paulo Gouveia, Marcelo Barnero e Rodrigo Rhizo, entre outros. Segundo ele, a arte na rua é uma expressão mais democrática e direta. “Quando a pessoa quer apreciar arte, ela vai para um museu, que seleciona obras. Na rua não, cada um é livre para pintar o que quiser, é uma forma mais direta de se expressar”, explica. A pintura na rua, segundo ele, toca de maneira direta a população. “Por que as pessoas não reclamam quando tem um outdoor, mas reclamam de um desenho?”, questiona. “É uma forma de expressão. As pessoas pre-
Grafite de Daniel Barcellos - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
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Inspiração folclórica
Grafites em uma padaria - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Crescente em Florianópolis, o graffiti tem consagrado diversos nomes nos muros da cidade. É o caso do grafiteiro Paulo Noia, falecido este ano. O artista ficou conhecido por diversos trabalhos que realizou em toda a cidade, sendo um dos mais famosos realizado na fachada de um conhecido café do centro da cidade. Alguns trabalhos do artista, inclusive, encontraram inspiração no folclore regional e na cultura açoriana, tão presente na cidade, como é o caso da obra “Abominável criatura açoriana”. O grafite inspirado nas bruxas de Franklin Cascaes, que tomou o lugar do antigo tom de verde do restaurante, fez muitas pessoas mudarem seus trajetos só para passar por ali e dar uma espiada. Apesar da grande repercussão, intervenções como essa não são novidade em Florianópolis. Uma das mais tradicionais panificadoras da Capital, O Padeiro de Sevilha, no Centro da cidade, aderiu ao grafite ainda em 2012. De acordo com o gerente Ederson de Souza, a ideia partiu do proprietário, Maurício Machado. “Ele sempregostou de arte, então contratou o artista Paulo Noia e deu toda a liberdade a ele, inclusive para a escolha dos desenhos”.
Grafite de Gabriel Young - Foto Foto: por Divulgação Kauê Santos Cavalcanti
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Arredores de Florianópolis
Detalhes do Grafite em uma padaria - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
Colorido e inspirador O designer Gabriel Young, nascido em São Paulo e morador da cidade desde 2007, é um dos grafiteiros que espalham arte em diversos pontos de Florianópolis. Com desenhos mais abstratos, e também com mandalas, diamantes e flores, o artista investe bastante em cores e faz trabalhos bem detalhados. Assinados como ‘Gael’, há diversos murais espalhados pela Lagoa da Conceição, Rio Tavares e Trindade. “Gosto de pintar por locais onde passo normalmente, perto de onde moro”, explica. O estilo inclui formas orgânicas, abstratas e como bastante cor. “Uso spray, tinta, canetinha. Depende do tamanho do mural que será pintado”, conta.
que evoNos muros, grafites ão social e visluem na aceitaç idade de deiil ib ss po a am br lum ade para vigorar xar a marginalid ign e arquitetuem mostras de des asileiro e interbr o it u rc ci o d ra nacional .
Detalhes do Grafite de Gabriel Young - Foto por Kauê Santos Cavalcanti
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Arredores de Florianรณpolis
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Arredores de Florianรณpolis
Gostinho Cultura
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Arredores de Florianรณpolis
Presente na cultura local desde o século XVII, a pesca da tainha é praticamente um evento, tanto para quem aprecia a arte da retirada dos peixes, quanto para quem está louco para comprá-los fresquinhos direto dos pescadores. O período ocorre de maio a julho, principalmente na praia dos Ingleses e na Barra da Lagoa. Texto por Mateus Azevedo Costa
Ingredientes Tainha inteira e limpa (em torno de 2kg) 2 cebolas grandes 3 tomates grandes bem maduros Sal e pimenta do reino a gosto 2 xícaras (chá) de farinha de mandioca torrada 1 xícara (chá) de vinho branco seco 1 colher (sopa) de manteiga e 1 de azeita (bem cheias) 1 colher (sopa) de cebolinha picada e 1 de salsinha Palitos de dente ou barbante
Modo de preparo 1. Ligue o forno em temperatura média (180ºC). 2. Pique a cebola 3. Tempere a tainha em uma tigela com o vinho branco, metade da cebola picada, sal, pimenta do reino e um pouco da salsinha e da cebolinha. Espalhe bem o tempero tanto dentro quanto fora do peixe e deixe assim, marinando, por uma hora. 4. Refogue a outra metade da cebola com a manteiga 5. Junte a farinha de mandioca, o resto da salsinha e da cebolinha e uma colher pequena de sal. Misture tudo por uns 3 minutos, depois retire do fogo. 6. Recheie a tainha com a farofa e use os palitos ou o barbante para fechar. 7. Corte os tomates e a outra cebola em rodelas e use os pedaços para forrar uma assadeira untada com azeite. 8. Coloque a tainha na assadeira e regue com vinho e que ainda resta do tempero da marinada Asse por uns 30 minutos
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Tainha recheada - Foto por Luiza Melo Fernandes
uma bebida alcoólica um tanto inusitada. Nela, o café ganha mais sabor com a adição de especiarias (gengibre, canela, cravo e erva doce), açúcar e uma boa dose de cachaça. Texto por Mateus Azevedo Costa
Ingredientes 50 gramas de gengibre 50 gramas de cravo da índia 50 gramas de canela pau 50 gramas de erva doce 2 litros de cachaça 2 litros de café bem forte sem açúcar 5 xícaras de chá de açúcar
Modo de Preparo: 1. Coloque as especiarias e o açúcar em uma panela. 2. Caramelize a mistura. 3. Adicione café e deixe ferver. 4. Acrescente a cachaça. De novo, espere o ponto de fervura. 5. Desligue o fogo. Deixe o líquido esfriar. 6. Despeje em uma garrafa de vidro. 6. Parabéns, você fez uma consertada!
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Arredores de Florianópolis
normalmen essa receita de m as sobras o c a it fe é te o nterior, daí a ia d o d café um “café ia r e s is o p , nome concertado”
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“Concertada” pronta para ser servida - Foto por Luiza Melo Fernandes
Gratidão REPORTAGENS
FOTOS
Leonor Barros Ferreira
Samuel Araujo Carvalho
Jornalista e morador de Florianópolis
Foto-jornalista e morador de Florianópolis
Evidentemente, o novo modelo estrutural aqui preconizado
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pode nos levar a considerar a reestruturação do impacto na
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agilidade decisória.
agilidade decisória.
Marisa Alves Ferreira
Davi Ferreira Goncalves
Jornalista e moradora de Florianópolis
Fotógrafo e morador de Florianópolis
Evidentemente, o novo modelo estrutural aqui preconizado
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Maria Cunha Barros
Gabrielle Fernandes Carvalho
Jornalista e moradora de Florianópolis
Fotógrafa e moradora de Florianópolis
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Ágatha Costa Azevedo
Otávio Barros Fernandes
Jornalista e moradora de Florianópolis
Fotógrafo e morador de Florianópolis
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Gabriel Alves Lima
Yasmin Correia Araujo
Jornalista e morador de Florianópolis
Foto-jornalista e moradora de Florianópolis
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Tomás Sousa Almeida
Kauê Santos Cavalcanti
Redator e morador de Florianópolis
Fotógrafo e morador de Florianópolis
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Mateus Azevedo Costa
Luiza Melo Fernandes
Jornalista e morador de Florianópolis
Fotógrafa e moradora de Florianópolis
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agilidade decisória.
Eduarda Gomes Dias
Beatrice Sousa Costa
Redatora e moradora de Florianópolis
Fotógrafa e moradora de Florianópolis
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Vinicius Araujo Rodrigues
Igor Oliveira Santos
Jornalista e morador de Florianópolis
Fotógrafo e morador de Florianópolis
Evidentemente, o novo modelo estrutural aqui preconizado
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agilidade decisória.
Adiante... A arquitetura que confunde construções incas e coloniais, muros e casas feitas de barro, as ruas estreitas, casas e prédios preservados e toda a atmosfera backpacker são características especiais