Cavalos historia e raças ultima versão

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Cavalos, Hist贸ria & Ra莽as ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY



Cavalos, História & Raças ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY

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Editor / Publisher

Produção Gráfica

Assistente Editorial / Editorial Assistant

Pré-Impressão / Pre Printing

Projeto e Concepção Gráfica / Graphic Concept and Creation

Impressão e Acabamento / Printing and Finishing

Eduardo Mattos (Appears Marketing & Incentive) Fernando José Silva

Aguinaldo Silva Filho

Aguinaldo Silva Filho Produções Gráfica Ideal – Jcaprini Graf. Edit.ltda.

Gráfica Ideal – Jcaprini Graf. Edit. Ltda.

Assistente de Arte / Desing Assinstant Vanderlei Spiandorelo (Alto Contraste SP)

Pesquisa e Textos / Research and Texts Sandro Ferrari

Carlos Eduardo Oliveira

Tradução / Translation

Luciana Cogo Ferreira de Moraes

Fotografia / Photos

Blogsport - págs. 252, 244, 256 Codemix - pág. 228

Publicado por / Published By Appears Marketing & Incentive

Rua Álvaro Rodrigues, 182 – 1º andar, conj. 14 Brooklin, 04582-000, São Paulo, SP, Brasil Tel: 55 11 5531-0858 / 55 11 5533-4179 www.appears.com.br

appears@appears.com.br ISBN 978-85-64727-00-7

Diário do Congresso - pág. 254 Dreamstime LLC

1616, Westgate Circle Brentwood, TN 37027 –

United States - Capa, págs. 13, 86, 85, 89, 99, 102, 101, 107, 121, 218, 222, 230, 236, 240, 242, 217, 221, 225, 227, 229, 231, 233, 235, 237, 239, 241, 243, 247, 251, 253, 255, 259 Esporte site - pág. 245 Site Terra - pág. 252

Turismo adaptado - pág. 252 Wikipedia - pág. 257

Fotógrafos(as) / Photographers Alexandre Freitas - págs. 62, 65, 73

Ana Clark - págs. 23, 44, 46, 48, 50, 52, 54, 25, 27, 29, 41, 43, 45, 47, 49, 51, 53, 60, 74, 78, 55, 57, 59, 61, 69, 71, 75, 77, 79, 81, 83, 93 Atibaia News - pág. 255

Auro Giuliano - pág. 257 Laís Gonçalves - pág. 7

Norberto Cândido - págs. 32, 34, 36, 38, 31, 33, 35, 37, 39.

Introdução

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Sumário / Summary

• História / History ......................................................................................13

• Histórico das Raças Brasileiras / History of Brazilian Races..................23

• O Rebanho Brasileiro / The Brazilian Herd ............................................85

• Principais Raças / Main Races ..............................................................101

• O Cavalo e o Homem / The Horse and Man ..........................................215

• Bibliografia / Bibliography ....................................................................261 • Tradução / Translation............................................................................253

Introdução

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Palavra do Editor

“Uma relação sem prazo de validade”. Não é pos-

sível contar a historia da humanidade sem contar a história de seu envolvimento com o cavalo. Tem

sido assim durante milênios. Provavelmente continuará a sê-lo, mesmo em um mundo onde dinâmicos avanços da tecnologia fazem diariamente o

homem se afastar cada vez mais do seu envolvimento com a natureza.

No campo ou na cidade, na agricultura, em enduros ou na equitação, no hipismo, nos jóquei clubes

ou na equoterapia, em imponentes haras, ou sob

as rédeas de forças de segurança, o cavalo ainda continua a ser um grande aliado da vida nos quatro continentes.

Para nós é muito gratificante apresentar a obra Cavalos, História & Raças, que lança luzes em al-

guns dos principais capítulos da equação do homem com o cavalo, onde serão mostradas as principais raças brasileiras como a Mangalarga, Mangalarga

Marchador o Campolina e o Crioulo, bem como as principais raças do mundo como a Árabe, Puro San-

gue Inglês, Lusitano, Andaluz, Appaloosa, Paint Horse, Quarto de Milha, entre outras. A cumplici-

dade do cavalo com o ser humano através da histó-

ria da humanidade, com especial atenção na história

do Brasil, trazendo fotos e imagens dos principais fotógrafos do meio eqüestre, que traduzem a impo-

nência, beleza e do espírito deste admirável animal. Esta obra pretende uma homenagem a uma das mais harmoniosas e sinceras relações já estabeleci-

das na natureza, ainda sem prazo de validade para acabar ” o homem e o cavalo”

Eduardo Mattos

Editor/Publisher

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Criar cavalos, mais do que hobby ou profissão, é paixão. E, como todo apaixonado, queremos dividir

o objeto de nossa admiração com todos os que nos rodeiam.

Foi pensando nisso que o Banco BVA decidiu

apoiar o projeto CAVALOS, HISTÓRIA & RAÇAS - livro de caráter cultural e artístico, que trará as

principais raças de cavalos do Brasil e do mundo, suas origens, como foram introduzidas em nossa

cultura, sua importância no desenvolvimento desde a abertura de nossas fronteiras, passando pelo período pré-industrial até os dias atuais.

O cavalo tem sido a milhares de anos um dos ani-

mais de maior utilidade para o homem e teve, durante muito tempo, um papel importante no transporte; fosse como montaria, ou puxando

uma carruagem, uma carroça, uma diligência, um

bonde; também nos trabalhos agrícolas, como animal para arar. Até meados do século XX, exér-

citos usavam cavalos de forma intensa em guerras: soldados ainda chamam o grupo de máquinas

que agora tomou o lugar dos cavalos no campo de batalha de "unidades de cavalaria".

Hoje, embora o cavalo não tenha o mesmo campo

de trabalho de antigamente, muita gente segue

montando seja por lazer, por esporte ou até mesmo para o trabalho.

Temos prazer em convidá-lo a viajar conosco nesta história e conhecer um pouco mais sobre

as raças brasileiras e os responsáveis pelo seu desenvolvimento.

Espero que vocês apreciem a leitura deste livro tanto quanto nós apreciamos tê-lo apoiado.

Atenciosamente,

Benedito Ivo Lodo Filho

Introdução

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Puro Sangue Ă rabe



Hist贸ria



História

Recentemente, graças à utilização de sofisticados sensores eletromagnéticos, uma equipe de pes-

quisadores coordenada pelo historiador Norbert

Muller conseguiu encontrar o célebre Hipódromo

de Olímpia, uma pista retilínea de 1.200 metros de comprimento que estava encoberta por sedi-

mentos rochosos que foram acumulados ao longo dos séculos. Esse interessante descobrimento arqueológico desvendou parte do cenário que abri-

gava as Olimpíadas da Antiguidade e apontou a exata localização da raia onde aconteciam as fa-

mosas corridas de carros puxados por cavalos,

competições que, conforme descreveu o autor

Hipódromo de Olímpia

grego Pausânias, eram organizadas pelos mais ricos

e importantes cidadãos mas que também atraíam uma grande parcela da população.

No Santuário de Olímpia, as primeiras corridas

Nero, arenas de entretenimento onde se desta-

provas incluíam os carros puxados por dois cavalos

de cavalos. Foi em pistas como estas, adornadas

equestres datam do ano de 680 a.C., quando as

– conhecidos como bigas, ou por quatro cavalos –

chamados de quadrigas. Algumas décadas depois,

as competições aboliram os carros e passaram a

ser realizadas apenas com cavalos de sela, porém

cava uma elite de patrícios, muitos deles criadores

de luxo e requinte, que reinou absoluto o mais fa-

moso cavalo de corrida daquela época: Incitatus, o preferido do Imperador Calígula.

os vencedores continuavam a ser somente os pro-

prietários dos corcéis, já que a seleção e treina-

mento dos cavalos de corrida somavam uma

despesa considerável. Nota-se, portanto, que da antiga civilização helênica surgem claras evidên-

cias de que os cavalos já não se prestavam apenas aos trabalhos de tração e transporte, mas algumas

linhagens de equinos passavam a se destinar ex-

clusivamente à prática esportiva.

Numa escala maior e num estilo mais aprimorado, os romanos reproduziram as provas equestres de-

Calígula e Incitatus

Segundo registrou Suetônio, o cronista dos Doze

senvolvidas pelos gregos, com as bigas ou os ca-

Césares, para o cavalo Incitatus chegou-se a

plebeus podiam assistir as competições regulares Calígula

manjedoura de marfim, sendo que o animal era Calígula

valos de sela. Na Roma imperial, milhares de

que se realizavam no Circo Massimo ou no Circo de

construir um imponente estábulo de mámore com

permanentemente servido por diversos criados. História

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Sua alimentação incluía porções de aveia mistu-

nascera no mesmo dia que o conquistador Alexan-

berto com mantos de cor púrpura, tonalidade que

conquista da Índia, num lugar onde o Imperador

rada com flocos de ouro e normalmente era co-

era exclusiva dos senadores, além de ostentar um

enorme colar de pedras preciosas. Conta-se que o

Imperador Calígula, embalado num dos seus mais

dre Magno e veio a morrer numa batalha durante a fundou uma cidade em homenagem a seu cavalo:

Bucéfala, localizada no atual Paquistão.

grotescos delírios, cogitou incluir o nome do seu

cavalo Incitatus no rol dos senadores e até mesmo

pensou em nomeá-lo cônsul do Império Romano.

Moeda os doze Césares Bucéfalo

Calígula

“O grande obelisco que atualmente se encontra na Praça de São Pedro, no Vaticano, é o mesmo que fora levantado no centro do Circo de Nero, o famoso hipódromo cuja construção foi iniciada por Calígula, onde o legendário cavalo Incitatus era publicamente apresentado como o predileto do imperador. Incitatus, que quer dizer “impetuoso”, era um belíssimo corcel branco que fora trazido da região que mais tarde constituiu a Espanha especialmente para aprimorar o plantel de cavalos de corrida do excêntrico Calígula.”

Statua Alexandre o Grande

É importante observar que a admiração coletiva e

O cavalo celebrado pelo Imperador Calígula alcan-

mesmo a glorificação de certos cavalos tornados

tamanho natural, esculpida totalmente em már-

nômeno muito antigo que já vem das civilizações

que do que alguns personagens humanos. Assim

Cavalaria feudal ou no galope da Babieca montada

Antiguidade: Bucéfalo, a montaria de guerra de Ale-

equinos em geral já não se reduzem a simples ani-

çou a glória de ser representado numa estátua em more, figurando na historiografia com maior desta-

também ocorreu com outro legendário cavalo da

célebres por seus poderosos proprietários é um fe-

clássicas e adentrou pela Idade Média no trote da

heroicamente por El Cid. Há muitos séculos que os

xandre – o Grande, Rei da Macedônia. Represen-

mais domesticados para o trabalho de tração ou

exuberante garanhão negro que costumava ser

até certos animais especiais passaram a compor o

tado em pinturas e esculturas, Bucéfalo era um ajaezado com um peitoral que tinha a figura mítica

da Medusa. Conta a tradição que o cavalo Bucéfalo 16

História

transporte, porém algumas linhagens de cavalos e

plano das atividades sociais através do lazer, do

hipismo e do esporte.


Há milênios que a presença dos cavalos tem con-

tribuído para o bem estar e desenvolvimento das

A identificação desses troncos originários, embora

longínquos, permitiu o estabelecimento de uma

coletividades. Desde as mais simplórias comuni-

classificação por origem, dividindo-se os cavalos

dade e da época medieval, os cavalos tem servido os

a) – os descendentes do “Equus caballus orienta-

dades até às sociedades mais complexas da Antigui-

camponeses e artesãos com sua eficiente e barata força de tração, atendido às necessidades de trans-

em dois grupos principais:

lis”, ou o Cavalo do Deserto, o Árabe ou o Barbo, raças conhecidas como de “sangue quente” que

porte dos produtores e mercadores, prestando-se

deram origem aos cavalos de sela e de velocidade;

motivo que o cavalo atravessou o tempo e chegou

talis”, ou Cavalo da Floresta, tidos como animais

dos nobres, como elegante pedestal de ministros e

lume muscular.

poder dos libertadores e dos ditadores.

Embora pertençam ao mesmo gênero “Equus”, as

ainda às exigências do luxo e do poder. Não foi sem

à era moderna como pomposa montaria dos reis e generais, como um impressionante símbolo de

“Durante a Idade Média, os guerreiros montados e armados de espadas e lanças passaram a ser conhecidos como Cavaleiros. Eram vassalos que se punham ao serviço dos senhores feudais e mantinham entre si um rigoroso código de conduta, valorizando o respeito e a honra. A partir do século X, os Cavaleiros medievais começaram a participar de torneios que simulavam combates, competições que atraíam guerreirosde toda a Europa e atraíam multidões de espectadores. Os duelos eram violentos e envolviam o uso de diversas armas, sendo a disputa com dois cavaleiros a galope e em sentido contrário, com lanças em riste, o evento mais esperado pelo público.”

Estima-se que a domesticação dos cavalos come-

çou há pelo menos 5.000 anos atrás em algum ponto do leste europeu, mas os especialistas ainda

não chegaram a um acordo sobre se os cavalos atuais descendem de um mesmo tronco ou de es-

pécies diferentes. Existe, no entanto, uma ten-

dência para a aceitação de que as linhagens atuais

b) – os descendentes do “Equus caballus ociden-

de “sangue frio”, com maior estatura e grande vo-

zebras e os jumentos tiveram uma origem mais

recente e localizada no continente africano. O ju-

mento já era utilizado no Egito antes mesmo do

cavalo: pinturas datadas de 2.000 a.C. ilustram as etapas de seu apresamento, amansamento e utilização. Os jumentos também foram encontra-

dos nas ilhas do Mediterrâneo e no norte da África, zona que parece ter sido o seu local de origem.

“Embora existam vestígios fósseis que comprovam a presença de equinos pré-históricos no continente americano, a introdução do cavalo moderno na América é atribuída a Cristóvão Colombo. Posteriormente, em 1534, alguns cavalos chegaram à Capitania de São Vicente por providência de D. Ana Pimentel, esposa de Martim Afonso de Souza. Por iniciativa de Pedro de Mendonça, os primeiros cavalos chegaram em Buenos Aires e, no ano de 1535, Ojeda desembarcou no Chile com alguns animais. Em 1541, o destemido Cabeça de Vaca cruzou o sul da América conduzindo enorme manada de cavalos.”

encontram suas origens em três espécies primiti-

vas. Destas, a mais obscura talvez seja o Cavalo

das Estepes, também conhecido como “Przewalski” em homenagem ao zoólogo que o descreveu. A

segunda espécie que pode ser considerada como ancestral dos cavalos atuais é o Tarpã, cuja do-

mesticação teria sido feita pelos árias, ou povos arianos, os mesmos que introduziram esses ani-

mais no Egito e na Grécia. Finalmente, a terceira raça originária das linhagens conhecidas é consti-

tuída pelos equinos de sangue frio, o Cavalo da Floresta, proveniente da Europa Central.

Cabeça de Vaca

História

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As tribos pré-históricas só conseguiam ver os

No meio rural, a tração animal ainda é capaz de

todavia as comunidades humanas que lentamente

o amanho de pequenas áreas, é mais versátil, pois

equinos como fonte de alimento, ossos e peles, foram aprendendo a domesticar as plantas, logo

mostrar suas conveniências: tem custo menor para os animais se prestam a diversos serviços, não exige

vislumbraram as vantagens da força e versatili-

mão-de-obra especializada, dispensa o consumo de

preparo da terra e para as moendas, assim como

de culturas. Na lida do campo, os muares parecem

plicação do trabalho e a produção dos excedentes

suportarem melhor os esforços prolongados. Por

dade dos cavalos. A tração dos animais para o

a atrelagem para o transporte, promoveu a multi-

combustíveis e ainda aproveita as forragens e restos suportar melhor o calor do que os cavalos, além de

indispensáveis ao desenvolvimento material dos

outro lado, os cavalos são mais ágeis que os muares,

e maleáveis que os bovinos, os equinos revelaram

cos maiores e convivem melhor com outros animais,

grupos familiar es ou comunitários. Bem mais ágeis

ser mais dóceis e adaptáveis às necessidades do

serviço agrícola ou de transporte, potencializando o

trabalho e criando rendas.

Durante o processo de aprimoramento da parce-

ria dos homens com os cavalos, não demorou para que as fortes e rápidas montarias se pres-

tassem ao exercício da guerra, o que fez do ca-

valo quase que uma extensão do guerreiro, fortalecendo as tropas e favorecendo a expansão

dos impérios. De resto, a história das civilizações,

trabalham melhor em terrenos fofos por terem casespecialmente na cocheira.

“Entre as espécies do gênero “Equus” existem dois tipos principais: o cavalo e o jumento. De maior porte, o cavalo tem a cabeça mais alongada, com orelhas curtas e finas, enquanto a cabeça do jumento é mais grosseira e pesada,com orelhas longas e largas. O pescoço do cavalo tem postura mais altaneira, provido de crina longa, sendo que o jumento tem o pescoço mais caído com crinas curtas e eretas. Nos cavalos, o número de vértebras lombares é 6, enquanto que os jumentos apresentam 5 vértebras. A garupa do jumento é curta e estreita, ao contrário da ampla garupa do cavalo.”

dos povos e das nações, jamais poderá ser devi-

No decurso de longos séculos e apesar de tantas

da raça equina como parceira efetiva dos em-

continuam preservando sua afinidade e parceria

damente contada sem o capítulo da contribuição

preendimentos humanos. Até a chegada da Revo-

transformações nas formas de vida, os homens com os equinos, não somente como animais do-

lução Industrial, a humanidade recorreu à força

mésticos de trabalho, mas também como animais

tração, transportes terrestres e mobilidade dos

cial estimação. A história de ligação utilitária do

dos equinos para satisfazer suas necessidades de exércitos. E mesmo com a introdução da máquina

a vapor e do motor a explosão, o uso de cavalos

e muares para o trabalho agrícola continua sendo utilizado até hoje.

de passeio e esporte e até como animais de espe-

homem com o cavalo não acabou e mal foi aba-

lada com as conquistas tecnológicas da industria-

lização. No dorso do cavalo, a passo, no trote ou a galope, o homem ainda se completa.

Evolução do cavalo

Ben-Hur

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História


Alexandre o Grande e Buc茅falo

Hist贸ria

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Corrida de Bigas

Corrida de Bigas

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Hist贸ria


Buc茅falo

Hist贸ria

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Mangalarga Marchador


Hist贸rico das Ra莽as Brasileiras


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Hist贸rico das Ra莽as Brasileiras


Histórico das Raças Brasileiras No decorrer dos dois primeiros séculos da coloni-

zação brasileira os cavalos trazidos nas caravelas

das frotas oficiais foram criados quase que à solta e acabaram se cruzando naturalmente, sem muitos cuidados de seleção. Esses cavalos e jumentos

vieram da Península Ibérica e das ilhas atlânticas,

sendo que os primeiros animais desembarcaram em São Vicente, Bahia e Pernambuco, como parte dos esforços de ocupação e povoamento planeja-

dos pela Coroa portuguesa.

Durante esse longo período, caracterizado por fei-

torias instáveis e núcleos povoadores litorâneos, a atividade pecuária foi lentamente penetrando pelo nordeste da Colônia, destacando-se as áreas ocu-

padas pelos rebanhos da Casa da Torre e da Casa

da Ponte. O primeiro desses latifúndios se espa-

lhava largamente pelo sertão da Bahia e chegava até os atuais estados do Piauí e do Maranhão; a segunda extensa sesmaria partia do sul da Bahia e alcançava o norte do atual estado de Minas Gerais.

Nesses dois grandes domínios a criação do “gado vacum e cavalar” foi evidentemente mais quanti-

tativa do que qualitativa, o que também vinha ocorrendo com as manadas que perambulavam

pelo sul do continente.

Há notícia de que o fundador de Buenos Aires,

Pedro de Mendonza, abandonou dezenas de equi-

nos que acabaram se procriando nos pampas, e

de que Álvaro Nunes, o célebre “Cabeza de Vaca”,

ao entrar pelo litoral de Santa Catarina e rumar para a fundação de Assunção, deixou muitos ca-

valos desgarrados pelo caminho. De modo que

uma parcela dos equinos levados pelos paulistas

às montanhas das Minas Gerais, a partir de Sorocaba, provinham dos bandos de “baguás” perdidos pelos pampas.

Mangalarga Marchador

Histórico das Raças Brasileiras

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Foi somente na chegada do século XVIII, com a cor-

rida para o ouro e os diamantes das Minas Gerais,

que a introdução e criação dos equinos passou a merecer mais atenção da Coroa e seus funcioná-

rios: a necessária vigilância dos “registros” ou

postos de fiscalização, por onde passavam o ouro, as gentes e os mantimentos, exigia a manuten-

ção de tropas bem montadas, providas de animais fortes, resistentes e adaptados ao meio tropical.

Por outro lado, a exploração das minas de ouro e

o surgimento dos povoados incrementaram o

trânsito das mercadorias, o que requeria um sis-

tema regular de transporte e abastecimento que

acabou sendo mantido basicamente por tropas de

mulas, visto que os muares eram notoriamente mais aptos para vencerem longas jornadas que costumavam ser intercaladas por terrenos íngremes e travessias acidentadas.

Os primeiros cavalos teriam desembarcado no Brasil em 1534, no porto de São Vicente, trazidos da Ilha da Madeira por Dona Ana Pimentel, na expedição comandada por Martim Afonso de Souza. Anos depois, Duarte Coelho trouxe alguns cavalos para Pernambuco e, em 1549, Thomé de Souza introduziu na Bahia equinos que trouxe de Cabo Verde. No ano de 1541, o destemido Álvaro Nunes, o “Cabeza de Vaca” atravessou com uma grande manada de cavalos o sul da colônia brasileira até cruzar o Paraguai e atingir a Bolívia, retornando pelo atual estado do Rio Grande do Sul.

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Histórico das Raças Brasileiras


Mangalarga Marchador

Hist贸rico das Ra莽as Brasileiras

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Após o ciclo do ouro, um novo impulso foi dado à

da seleção, alimentação e influência ambiental. A

Corte em 1808, um bom número de reprodutores

Mangalarga, sempre na busca de uma montaria

criação de equinos no Brasil, pois com a vinda da foi trazido da Coudelaria Alter do Chão, onde se

criava o cavalo Andaluz, conhecido em Portugal como Alter Real. Nessa mesma época, negocian-

tes ingleses estabelecidos no Rio de Janeiro pro-

videnciaram a vinda de alguns equinos da África do Sul: eram cavalos da Cidade do Cabo, originários do cruzamento de reprodutores ingleses e éguas holandesas.

No ano de 1819, por ordem de D. João VI, foi

aberta a Coudelaria de Cachoeira do Campo, em Barbacena – Minas Gerais, para a criação das montarias necessárias aos deslocamentos dos regimentos dos Dragões. Logo no início de suas ati-

vidades, além de abrigar os cavalos da raça Alter e da Cidade do Cabo, a Coudelaria de Barbacena recebeu uma linhagem local, um tipo que tinha se

formado em Minas Gerais pelo encontro dos cavalos que vieram do nordeste com os cavalos trazidos do sul. Na verdade, esse cavalo apurado nas

Minas Gerais já tinha até um nome: era o cavalo do Junqueira.

Nos domínios da família Junqueira formaram-se os primeiros potros do tipo local que foram envia-

dos para a Coudelaria de Barbacena, havendo notícia de procriação já no ano de 1821, surgindo

naquele núcleo criatório o que se pode chamar de primeira raça nacional, o Mangalarga. Atribui-se a

Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, o batismo dessa nova raça, mas é ainda duvidoso o

motivo de tal nomeação: o cavalo foi chamado de

Mangalarga por seu andar alçado e aberto ou porque o Barão de Alfenas apurou o cavalo do Junqueira em sua propriedade, a “Fazenda Mangalarga”?

O fato é que do maior centro de equinocultura daquela época, da Coudelaria de Barbacena, come-

çou a se espalhar por Minas Gerais e para todo o país uma raça de ascendência Andaluza mas que já podia ser considerada como nacional por conta

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Histórico das Raças Brasileiras

grande família Junqueira prosseguiu na criação do resistente e de andar macio, preparada para ven-

cer com agilidade terrenos irregulares ou aciden-

tados. Sob os cuidados dos membros da família

Junqueira, costuma-se creditar o desenvolvimento

das linhagens Fortuna, Sublime e Rosilho, entre outras, todas ligadas aos reprodutores da pioneira Coudelaria de Barbacena.

A ocupação territorial e o comércio colonial no Brasil ficaram profundamente marcados pela utilização das tropas de mulas. Assim como os cavalos, os muares que vieram com os colonizadores eram originários do Norte da África e adaptaram-se com grande facilidade ao clima quente, apresentando extrema eficiência no transporte de pesadas cargas a longas distâncias. Utilizados também na tração de carroças e máquinas agrícolas, os jumentos se integraram perfeitamente à paisagem rural do Brasil. Alguns híbridos com éguas nacionais chegam a atingir grande estatura e são muito apreciados para o serviço de sela, apresentando um desempenho caracterizado pela resistência e sobriedade.


Mangalarga Marchador


A raça Mangalarga, entretanto, foi afetada desde cedo por uma orientação diferenciada entre os criadores mineiros e paulistas. Após uma migra-

ção de Minas Gerais para o Oeste Paulista, parte da família Junqueira, chefiada por Francisco Anto-

nio Diniz Junqueira, estabeleceu-se em Orlândia onde seus descendentes deram continuidade à

criação de cavalos, formando o tipo Mangalarga

Paulista. Em sua conformação mais primitiva, esse cavalo tinha o pescoço, tronco e ancas mais mus-

culosos, assemelhando-se às ascendências do An-

daluz e do Alter. Com o novo critério local, o Mangalarga Paulista passou a ter o pescoço leve-

mente rodado, ancas menos inclinadas, cernelha mais alta, melhor aprumo e membros mais altos.

Sua antiga marcha tripedal foi alterada para a marcha trotada, que não chega a ser tão brusca como o trote nem é tão macia como a marcha do Mangalarga Mineiro.

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Mangalarga

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O Mangalarga Marchador, vem da mesma linhagem

Paulista, na qual fizeram-se algumas infusões de

sangue Árabe e de outras raças, buscando sempre

preservar a marcha picada ou batida, sem chegar à marcha trotada. Talvez por influência de tantos cruzamentos, a cabeça do Mangalarga Mineiro

apresenta-se mais reta, curta e larga, com olhos grandes e narinas abertas; seu porte é ligeiramente menor do que o Mangalarga Paulista, no

entanto, pela comodidade da sua marcha, ele é preferido para as viagens mais longas e muito valorizado no mercado.

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Ainda em Minas Gerais e na célebre Coudelaria de Barbacena surgiu uma outra raça equina bem brasileira: a Campolina, cujo nome se deve ao seu

criador, Cassiano Campolina, que era afazendado

no município de Entre Rios. Após sua morte, seus cavalos passaram aos cuidados de Joaquim Pa-

checo de Rezende, cujos descendentes deram continuidade ao aprimoramento da raça. Dos

cavalos nacionais, o Campolina é aquele que mais

se aproxima das características do Andaluz origi-

nário, pois é o resultado do cruzamento de éguas

comuns com garanhões da Coudelaria de Barbacena que, como já se disse, criava os cavalos

Alter, a variedade lusitana do Andaluz. Entre as

raças brasileiras, o Campolina é o que apresenta

maior peso e estatura, sendo em geral elegante,

forte e bom trotador e marchador.

Campolina

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Campolina


Campolina

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Campolina

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De porte bem menor, mas de uma agilidade com-

provada, é uma terceira raça nacional: o Crioulo. É um cavalo pequeno geralmente utilizado pelos

vaqueiros e campeiros, pois é na lida do gado que

ele se destaca: possui aceleração e estacada, além de “compreender” as manobras de cerco e

dominação. O Crioulo se reproduziu naturalmente

pelo sul brasileiro, acreditando-se que ele deriva

dos animais Andaluzes abandonados por Pedro de

Mendonza na Argentina e Álvaro Nunes em sua expedição para o Paraguai. Estes Andaluzes te-

riam voltado ao estado selvagem, recebendo a denominação popular de chimarrões ou baguais. Depois de tanto tempo de livre cruzamento, os

animais foram degenerando, porém adquiriram alto nível de adaptação e tornaram-se velozes e resistentes.

Até o surgimento do Puro Sangue Inglês, o Andaluz era a raça mais conceituada em todas as cortes da Europa, dominando por mais de dois séculos como a melhor raça tanto para sela quanto para carruagem. A matriz Andaluza encontra-se na origem das muitas raças selecionadas no Brasil, de modo que o grosso do nosso rebanho equino está de alguma formaligado à linhagem do Norte da África, onde predominava o sangue Barbo ou Bérbere,pois mesmo os Andaluzes derivam dessa raça

Crioulo

Histórico das Raças Brasileiras

63



Crioulo


Além das nossas raças de cavalos reconhecidos

como nacionais, temos alguns tipos regionaliza-

dos que também tem mantido seus caracteres mais importantes, como é o caso, por exemplo, do cavalo Guarapuava, encontrado nos estados do

Paraná e Santa Catarina, eventualmente no sul de São Paulo. Trata-se de uma espécie do tipo Bér-

bere ou Bardo que passou pela influência climática e recebeu uma pastagem mais favorável, rece-

bendo ainda uma pequena contribuição do Puro

Sangue Inglês.

Também formado por segregação foi o cavalo Pan-

taneiro, uma raça natural do Pantanal do Mato Grosso que também é chamado de Poconeano ou Mimoseano. Esse tipo teria se originado de cavalos

goianos, admitindo-se a contribuição dos Crioulos

sulistas. O Pantaneiro é um cavalo talhado para a lida com o gado: é ágil, de bom temperamento,

adaptado a uma região de variações extremadas de temperatura e umidade.

Outro tipo regional, embora não possa ser consi-

derado de uma raça bem definida e melhorada, é

o cavalo Nordestino. Ele constitue uma sub-raça do cavalo Árabe e se destacou por sua agilidade

na transposição de terrenos ásperos, pedregosos, íngremes e espinhosos, além de sua adaptação a uma região de água escassa. No chamado polí-

gono da seca, ele é o cavalo do vaqueiro e o pu-

xador de carga. Em geral é um animal pequeno,

atingindo 143 cm em média, os membros são des-

carnados com tendões salientes, o que dá a falsa idéia da sua fragilidade. Entretanto, o cavalo Nor-

destino suporta trabalhos e condições que animais

de outras raças não teriam condições de resistir.

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Histórico das Raças Brasileiras


Afora todos estes tipos equinos tão bem adaptados

que podem ser considerados como genuinamente brasileiros, é preciso considerar a importante e já tradicional presença em nosso território do cavalo Puro Sangue Inglês. A criação desta raça no Bra-

sil começou no longínquo ano de 1871, porém os zoólogos em geral tem criticado o artificialismo

com que os cavalos PSI foram mantidos, tanto no

regime alimentar quanto no manejo. Apesar dessa restrição, a apurada raça PSI tem contribuído na composição de diversos tipos nacionais através de cruzamentos bem planejados.

O primeiro registro genealógico do Puro Sangue

Inglês data de 1791, no entanto a raça já vinha sendo aprimorada na Inglaterra desde o século

XVI, cruzando-se equinos locais com éguas orien-

tais. Supõe-se que os cavalos Bérberes são pre-

ponderantes, apesar de dois dos três troncos da raça serem Árabes: o Darley Arabian e o Byerley

Turk. Consta que do Puro Sangue Inglês também

houve alguma infusão na mais antiga raça norteamericana, o Quarter Horse. No Brasil, o cavalo

Quarto de Milha tem sido muito apreciado e valo-

rizado no mercado, dada a sua força, bom aprumo

e resistência, entretanto trata-se de uma raça

bem específica que ainda não pode ser conside-

rada como nacional.

O primeiro Jockey Club brasileiro foi o Fluminense, no Rio de Janeiror, fundado pelo Barão de Caxias e o Conde D’Eu, realizando-se as corridas no Hipódromo de Vila Isabel. O início da criação do Puro Sangue Inglês foi em 1871, com a égua chamada Primavera. Em São Paulo, o Jockey Club foi fundado em 14 de março de 1875, e teve como primeiros diretores Raphael de Aguiar Paes de Barros, Paula Souza e Eleutério da Silva Prado, sendo que a primeira corrida só ocorreu no ano seguinte, no antigo Hipódromo da Moóca.

Histórico das Raças Brasileiras

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PRINCIPAIS PADRÕES DAS RAÇAS NACIONAIS

(Segundo as exigências básicas dos criadores e de acordo com divulgação feita pelos Profs. A. P. Torres e W. R. Jardim)

MANGALARGA

Cabeça de perfil retilíneo, olhos grandes e bem

afastados, ganachas delicadas e medianamente salientes; chanfro ligeiramente comprido, narinas dilatadas; orelhas de tamanho médio e proporcionais à cabeça; fronte ampla, boca bem rasgada.

Pescoço de bom comprimento, musculoso e des-

tacado do tronco; saída do tronco alta, forma do tronco piramidal.

Tronco harmonioso e resistente, cernelha deli-

neada; dorso retilíneo, boa passagem da cilha, rim largo e bem protegido; costelas arqueadas,

garupa ampla e musculosa, coxa cheia e bem descida; cauda inserida harmoniosamente na garupa.

Membros fortes com articulações largas e salien-

tes; espáduas bem inclinadas e longas; braços longos e musculados; antebraços longos e musculados, canelas curtas com tendões nítidos; coxas cheias bem musculadas e quartelas fortes.

Altura mínima de 1,48 m para os machos e 1,42

m para as fêmeas. Andar preferencial de marcha trotada com apoio diagonal, com passadas elegantes, levemente alçadas, longas e enérgicas.

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Histórico das Raças Brasileiras


Mangalarga Marchador

Hist贸rico das Ra莽as Brasileiras

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CAMPOLINA

Cabeça de tamanho proporcional, com fronte ampla e seca; ganachas afastadas e definidas;

orelhas de tamanho médio, paralelas e voltadas

para frente; olhos afastados, cheios e expressivos; boca rasgada com lábios finos e firmes; narinas amplas de asas móveis.

Pescoço musculoso, rodado, de comprimento médio, harmoniosamente ligado à cabeça e ao tronco.

Tronco de cernelha alta, comprida e musculosa;

costelas longas e arqueadas; tórax largo e pro-

fundo; garupa ampla e suavemente inclinada com

ancas arredondadas; cauda com inserção baixa, continuando a linha da garupa; crina forte e sedosa.

Membros musculosos, com espádua cheia e oblí-

qua; braço curto e antebraço longo; joelhos retos e bem suportados; coxas cheias e musculosas;

pernas longas, fortes e bem aprumadas; quartelas médias, oblíquas e fortes.

Altura mínima de 1,57 m para os machos e de

1,52 m para as fêmeas. Andamento com Marcha avante, batida ou picada.

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Histórico das Raças Brasileiras


Campolina

Hist贸rico das Ra莽as Brasileiras

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CRIOULA

Cabeça curta em forma piramidal e ampla na base, afinando para o focinho; maxilares fortes e

bem desenvolvidos; ganachas bem afastadas;

chanfro curto e largo.

Pescoço bem unido à cabeça por uma garganta larga, musculoso na inserção com o tórax; cerne-

lha musculosa, larga e forte; lombo curto, largo e musculoso; garupa média, musculosa e forte; cauda com sabugo grosso e curto.

Membros bem aprumados, longos, largos e

fortes; joelhos e canelas largos e espessos,

com tendões fortes; quartelas fortes, largas e medianamente inclinadas.

Altura média de 1,45 m tanto para os machos quanto para as fêmeas.

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Histórico das Raças Brasileiras


Crioulo

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Mangalarga Marchador

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Mangalarga Marchador

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Mangalarga Marchador


Mangalarga Marchador

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Mangalarga Marchador

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Mangalarga Marchador



Mangalarga Marchador



O Rebanho Brasileiro


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O Rebanho Brasileiro


O REBANHO BRASILEIRO Enorme potencial econômico do plantel nacional está em franca expansão

O mercado de criação de cavalos no Brasil movi-

menta R$ 7,5 bilhões por ano e gera 3,2 milhões

de empregos diretos e indiretos. Some-se a isso

uma receita de exportações de cavalos vivos que atingiu galopantes 769% de aumento entre 2000 e

2008, e que atualmente é da monta de US$ 27 mi-

lhões anuais. Tais indicadores, avalizados pela CNA

– Confederação Nacional de Agricultura, são o tes-

temunho de que a criação e a comercialização de cavalos no país não é atividade de lazer de poucos, mas um negócio de muitos.

Nessa crescente, o rebanho brasileiro acompanha

de perto o desenvolvimento da atividade. Atual-

mente, o Brasil conta com o terceiro maior rebanho

eqüino do mundo, com cerca de 5,8 milhões de cabeças, atrás apenas de China e México.

O maior plantel encontra-se na região sudeste, que

detém cerca de 26,6% do rebanho – destaque para

Minas Gerais, com 860 mil animais, seguido dos plantéis de Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul,

respectivamente.

Hoje, somente entre os animais registrados, são 300 mil mangas-largas marchadores, 278 mil quartos-de-milha, 197 mil crioulos, 186 mil man-

gas-largas, 88 mil campolinas, 80 mil árabes, 30

mil puros-sangues ingleses e 25 mil appaloosas, entre outros. Mais de 20 associações nacionais de raças puras funcionam no país.

O Rebanho Brasileiro

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Puro Sangue Ă rabe

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O Rebanho Brasileiro


Puro Sangue InglĂŞs

O Rebanho Brasileiro

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Paint Horse

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O Rebanho Brasileiro


Paint Horse



Manga Larga Marchador



Equipamentos no estรกbulo



Manga Larga



Andaluz



Principais Raรงas


Alter-Real


ALTER-REAL Origem: Portugal

Famosa raça lusitana, originou-se na Família Real

portuguesa através de éguas Andaluzas de alto

padrão adquiridas pela Casa de Bragança para fundar uma criação nacional. Durante muito

tempo, notadamente no século 18, foi utilizada pela monarquia para equitação clássica superior. Castanho (por vezes, tordilho), medindo entre

1,52 e 1,62 m., apresenta cabeça de tamanho médio, olhos transparentes, pescoço, lombo e ga-

rupas fortes. Inteligente e altamente fiel, é tam-

bém corajoso e temperamental. Bem disposto e obediente, tem enorme potencial para ser excelente cavalo de sela.

Principais Raças

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Alter-Real

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Principais Raรงas


Principais Raรงas

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Principais Raรงas


Alter-Real

Principais Raรงas

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ANDALUZ Origem: Espanha

Inteligente, afetuoso, de cor normalmente entre

o rodilho e o preto, tem séculos de história a correr em suas veias. Historiadores espanhóis asse-

guram que existiam cavalos na península ibérica

antes da sedimentação do estreito de Gibraltar, e

que eles vieram da África. Ao longo dos séculos, a gênese da raça passou pelo domínio romano (200

AC), invasões bárbaras e até a invasão muçul-

mana à Espanha (711 DC). No século 11, já era

utilizado tanto como animal de combate como de simples transporte – e foi a partir desse momento

que sua raça começou a ser apurada pelos espanhóis, e difundida no continente europeu. O an-

daluz tem em média 1,62 m, cabeça grande,

olhos expressivos, dorso compacto, garupa firme

e arredondada. De porte altivo, temperamento generoso, é extremamente dócil. E compensa a

falta de velocidade e inaptidão para o salto de

obstáculos com muita elegância, resistência e boa vontade.

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Principais Raças


Principais Raรงas

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Andaluz

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Principais Raรงas


Andaluz


Andaluz


Andaluz

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Andaluz

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Andaluz

Principais Raรงas

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Andaluz


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Principais Raรงas


ANGLO-ÁRABE

Origem: Inglaterra, França e Polônia Era difícil que desse errado: unir, num mesmo ani-

mal, as qualidades do cavalo árabe e do puro-san-

gue inglês. O resultado, tentado inicialmente por Inglaterra, Polônia e França, obteve ótimos resul-

tados. Num primeiro momento, cavalos árabes foram cruzados com matrizes puro-sangue inglesas; depois, seus descendentes se reproduziram

com éguas nativas, com boa porcentagem de san-

gue árabe – nascia uma raça vigorosa que, no en-

tanto, por longo tempo seria

questionada. A

polêmica terminaria em 1942, com a decisão de

catalogar os anglo-árabes, desde que tenham ao menos 25% de sangue árabe. Provas de salto,

concursos, exposições, ou como cavalo de mon-

taria: polivalente, o anglo-árabe sai-se bem em várias atividades. Se temperamento inclui valen-

tia, docilidade, inteligência e alegria. As cores pre-

dominantes são, normalmente, a alazã e a castanha, e seu tamanho varia de 1,45 a 1,60m.

Anglo-Árabe

Principais Raças

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Anglo-Ă rabe



APPALOOSA

Origem: Estados Unidos A raça deve sua gênese à antiga etnia indígena nez-percé, dos EUA. Unanimidade hoje como ex-

celente montaria, os appaloosas (o nome é uma corruptela de “palouse horse”) quase foram extintos no final do século 18, assim como seus cria-

dores, por conta das sangrentas campanhas do

exercito norte-americano contra os nativos indí-

genas. A partir da década de 1930, foi reconhe-

cido como raça e passou a ser criado no estado o

Oregon – apesar de ainda hoje ser identificado ao

meio-oeste do país, o appaloosa também cresceu em popularidade em outras regiões a ponto de si-

tuar-se entre as cinco principais raças dos EUA. De porte nunca inferior a 1,40m., é rápido, ágil,

robusto e de grande resistência, alem de combi-

nar docilidade e velocidade. A fama internacional vem da crina escassa, quase inexistente, e principalmente da pelagem coberta por pintas e ma-

lhas, o que o tornou figurante notório nos filmes western de Hollywood.

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Principais Raças


Principais Raรงas

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Principais Raรงas


Appaloosa

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Appaloosa

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Appaloosa

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Puro Sangue Ă rabe


ÁRABE

Origem: Arábia Uma das raças mais conhecidas do planeta, com muitos países produzindo linhagens separadas.

Sua ancestral história remonta ao tempo das Cruzadas. Reza a lenda que sua criação foi obra de Alá, soprando um punhado de vento sul. Acredita-

se também que tenha vivido, por milhares de anos, em estado selvagem nos desertos árabes,

até ser domesticado. Fato é que o cavalo árabe hoje conhecido resulta de criteriosa seleção efe-

tuada pelos beduínos da Arábia desde o início da era cristã, e que desde o século 20, é criado e cul-

tuado em todo o mundo, sendo igualmente res-

ponsável por uma lista de raças formadas a partir de cruzamentos com ele. De porte médio (1,42 a 1,51 m), tem várias cores, com predominância da tordilha; seus olhos são geralmente escuros. Os cascos pequenos e duros denunciam a habilidade

à corrida, enquanto o pescoço gracioso e a cabeça estreita dão-lhe um garbo elegante. Paciência, in-

teligência, lealdade e grande vivacidade são alguns de seus muitos predicados.

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Puro Sangue Ă rabe


Puro Sangue ร rabe

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Puro Sangue Ă rabe


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Principais Raรงas


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Principais Raรงas


LUSITANO Origem: Portugal

Embora o nome indique sua procedência e o fato de existir em Portugal por vários séculos, alguns pesquisadores afirmam que o passado do cavalo

lusitano é impreciso, o que torna difícil definir com sua origem. O mais provável é que descenda das

primeiras criações de cavalos Andaluz, talvez a partir de cruzamentos com o cavalo árabe e/ou

com uma raça nativa de região montanhosa, o

que lhe transmitiu a robustez e linhas curtas que o caracterizam. Quando se descobriu a aptidão da

raça para com a lida do gado, o lusitano passou a

receber maiores atenções de criadores e mesmo de autoridades portuguesas, que procuraram manter e aprimorar seus predicados. Com altura média de 1,60 m, o lusitano tem corpo curto e pe-

lagem tordilho, alazã ou castanho. Trata-se de raça forte e corajosa, muito útil a vaqueiros e fa-

zendeiros em geral e excelente montaria para todas as horas.

Principais Raças

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Lusitano

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Lusitano

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Lusitano


Lusitano


Lusitano

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Lusitano

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Lusitano

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Lusitano

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Lusitano

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Principais Raรงas


PAINT HORSE Origem: Estados Unidos

Dizer que o Paint Horse é um cavalo bonito é

quase redundante, já que a raça destaca-se pela linda pelagem que tem como principal caracterís-

tica o “malhado”, com manchas ao longo de todo

o corpo do animal. “Primo” próximo do Quarto de Milha, ele reúne a beleza de ser um cavalo exótico

e , ao mesmo tempo, a versatilidade necessária

para o trabalho, o lazer e o esporte. Não por

acaso, figura entre as raças mais comercializadas nos EUA. Em sua origem, descende dos cavalos

espanhóis levados para a América no século 16.

Os exemplares alcançam altura média de 1,50 m. Musculoso, atlético, esperto e versátil, trata-se de um cavalo extremamente inteligente e disposto.

Principais Raças

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Paint Horse


Paint Horse


Paint Horse



Paint Horse


Paint Horse


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Paint Horse

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Paint Horse



Paint Horse


PURO-SANGUE INGLÊS Origem: Inglaterra.

Raça universalmente conhecida e identificada

através da modalidade à qual se destina: trata-se

eminentemente de um cavalo de corrida. Não por coincidência, sua importância despontou a partir

da Inglaterra, berço onde nasceu o esporte. A

raça, entretanto, nasceu muito antes disso. Já no século 18, monarcas britânicos promoveram a im-

portação de vários bons cavalos estrangeiros,

entre eles berberes, árabes e orientais. Cobertas

por esses garanhões, as éguas nativas geraram potros cada vez maiores e mais habilidosos. Em

1750, foi estabelecido o primeiro studbook do puro-sangue inglês, que com o tempo se consa-

graria como uma das raças mais prestigiadas e admiradas do mundo. Hoje, é criado nos EUA (seu maior mercado no mundo, atualmente), Argen-

tina, Rússia, França, Alemanha, Austrália, Colôm-

bia e Brasil. Sua media de altura gira em torno de 1,62 m, com pelagem variando entre tordilho,

preto, castanho e alazão. Vigoroso, de temperamento corajoso e muito ativo, uma das marcas re-

gistradas do puro-sangue inglês é a cabeça altiva,

quase aristocrática, com face reta, olha atento e

inteligente, pescoço longo e arqueado, caracterís-

ticas que o tornam talvez o mais fino e elegante cavalo de montaria; a garupa é ampla, muito musculosa, e seus membros e ossatura são excelentes. Afirmar que o puro-sangue inglês é o ca-

valo mais rápido do mundo ajuda a entender um pouco o porquê de a raça comandar mercado multimilionário e de altíssimos valores que constituem

uma indústria gigantesca de criação de cavalos

cujos dígitos superam em muito todas as demais

raças.

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Principais Raças


Corrida de Puro Sangue InglĂŞs



Puro Sangue InglĂŞs



Puro Sangue InglĂŞs


Puro Sangue Inglês

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Puro Sangue Inglês

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Puro Sangue InglĂŞs



Puro Sangue InglĂŞs



Puro Sangue InglĂŞs



Puro Sangue InglĂŞs



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Puro Sangue Inglês

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Puro Sangue Inglês

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Principais Raรงas


QUARTO DE MILHA Origem: Estados Unidos

No final do século 18, em plena “conquista do

oeste”, colonos norte-americanos da Virgínia e da Carolina do Norte e do Sul cruzaram cavalos norte-europeus e espanhóis, almejando montarias

mais robustas e, notadamente, aptas a corridas

de curta distância – nascia o quarto de milha, a mais antiga raça do país. De início, foi intensa-

mente empregado na corrida de cavalos, esporte

muito popular nos EUA durante o período colonial.

Medindo entre 1,54 e 1,63m., apresenta cabeça pequena, dorso curto e musculoso, garupa maciça

e arredondada – os olhos são grandes e “inteli-

gentes”. Corajoso, tranqüilo e resistente, não é exagero apontá-lo como o cavalo mais versátil do mundo, e uma das raças mais populares. Profun-

damente identificado desde sua origem na lida com o gado, nas últimas décadas vem sendo largamente utilizado em rodeios mundo afora.

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Quarto de Milha

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Principais Raรงas


Quarto de Milha

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Quarto de Milha

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Quarto de Milha

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Quarto de Milha

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Quarto de Milha


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Quarto de Milha

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Quarto de Milha

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Quarto de Milha



O Cavalo e o Homem


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O Cavalo e o Homem


O CAVALO E O HOMEM Meu reino por um cavalo! Tal foi o brado desespe-

rado que o rei Ricardo III lançou ao final da bata-

lha de Leicester ocorrida no distante ano de 1485, de acordo com a dramática cena descrita pela

pena criativa de Shakespeare. Ao ver suas tropas praticamente vencidas, Ricardo III tem um rompante final e, protegido na sua resistente arma-

dura e ostentando a coroa real, investe contra seu

oponente, Henrique Tudor, para matá-lo pessoal-

mente. Nessa investida decisiva, seu cavalo é atingido por uma flecha e Ricardo III é arrojado ao chão. Atônito e acuado, o rei então grita furiosa-

mente: “A horse, a horse, my kingdom for a horse!”.

A famosa frase que Shakespeare eternizou: “meu reino por um cavalo”, sintetiza que numa situação

de extrema necessidade um cavalo pode ser de

grande valia, ainda que Ricardo III, ao dizer que trocaria todo um reino por apenas um cavalo, es-

taria apenas fazendo um desabafo impensado, pois que se encontrava transtornado com sua der-

rota. De modo que a frase pode ser considerada

apenas como uma figuração de linguagem, entre-

tanto ela encerra uma sutil representação do quanto os homens podem prestigiar os cavalos.

A valorização do cavalo como auxiliar do homem

encontra-se em todas as eras históricas e alcança tempos imemoriais, chegando a encantar o ima-

ginário das mais antigas civilizações, como é o

caso do lendário Pégaso, o cavalo de Zeus que

tanta gente acreditava viver nos prados do Monte Olimpo, entre a Tessália e a Macedônia. Segundo a mitologia grega, Pégaso era todo branco, ele-

gante e veloz, dotado de asas, o que lhe permitia

voar sobre as montanhas e as águas. Passados os séculos e as gerações, a imagem de Pégaso atrai

até hoje o encantamento das pessoas, tanto que permanece como um reconhecido e utilizado sím-

bolo de velocidade, comunicação e locomoção. Ricardo III na Batalha de Leicester

O Cavalo e o Homem

219


É essa capacidade de atração e encantamento que os equinos exercem sobre os seres humanos que permitiu, por exemplo, a Cervantes transformar a figura de um frágil pangaré no magnífico corcel

chamado Rocinante, a imponente montaria das

aventuras delirantes de D. Quixote. A tradição da cavalaria medieval forjou o tipo do homem corajoso e respeitoso, defensor dos fracos e oprimidos, exemplo de honra e lealdade: o cavaleiro.

Tamanha foi a ascendência social do guerreiro

montado e tão prolongada no tempo foi a sua in-

fluência, que as antigas ordens militares e religio-

sas mantiveram para seus membros o título nobre

de cavaleiro, procedimento até hoje utilizado nas ordens de serviço. Cavaleiro, portanto, é uma pa-

lavra que define o montador do cavalo, mas que

principalmente identifica o homem que adquire

uma postura superior revestida de dignidade. A honra, a coragem, a boa vontade e o senso de justiça que distinguiam os antigos cavaleiros per-

manecem como qualidades que dignificam os homens de todos os tempos.

220

O Cavalo e o Homem

Foi na Idade Média que proliferaram por toda a Europa os guerreiros montados que ficaram conhecidos como cavaleiros. Em geral, eles obedeciam rígidas regras de conduta, um código de respeito que cultivava a honra e a justiça. Dos combates reais entre cavaleiros inimigos organizaram-se lutas simuladas, dando origem aos torneios que passaram a atrair grande número de espectadores. Arenas especiais para esses torneios eram frequentadas por cavaleiros que vinham dos mais distantes Principados para participarem dos combates e concorrerem aos prêmios e ganharem a admiração das donzelas. Em diversas regiões do Brasil até hoje se realizam festas chamadas de Cavalhadas, na verdade reminiscências dos antigos torneios europeus e representações das lutas ibéricas dos cristãos contra os mouros. Por todo o país, também são comuns as organizações de romarias religiosas com cavalos e muares, as quais percorrem longas distâncias para renderem homenagens aos santos e aos lugares sagrados.


Dom Quixote por Miguel de Cervantes

O Cavalo e o Homem

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Rodeio

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O Cavalo e o Homem


A despeito do notável prestígio que a montaria

No caso do consumo de leite dos equinos, seu

riadas sociedades, não se pode esquecer a impor-

primitivas das estepes, no sul da Rússia e algu-

equestre proporcionou aos homens das mais vatância fundamental do utilitarismo do cavalo no

desenvolvimento das civilizações e até mesmo na constituição da vida moderna. A primeira e mais imediata vantagem que os seres humanos descobriram nos equinos foi que eles poderiam ser uma

boa fonte de alimentos. Por toda a Europa, em épocas remotas, os cavalos selvagens foram ca-

çados para o consumo da carne e aproveitamento do couro.

Os povos europeus, até a Alta Idade Média, co-

miam carne de cavalos sem qualquer restrição, até que o Papa Zacarias (741-752), procurando acabar com antigos costumes do paganismo, proi-

biu que os cristãos comessem a carne equina. Posteriormente, essa restrição aos cristãos também foi acompanhada pelos judeus e pelos mu-

çulmanos. Entretanto, com a Revolução Industrial e o advento das guerras mundiais, o preconceito

contra a carne de cavalo foi arrefecendo e o consumo começou a se expandir.

Os brasileiros quase não se alimentam da carne de cavalo, mas sua exportação tem crescido notavel-

mente. Em alguns países europeus, especialmente na França, a carne de cavalo é o componente prin-

cipal da indústria da salsicharia, por conta da colo-

aproveitamento regular só se observou nas tribos mas partes da Ásia. Normalmente, a quantidade

de leite produzida pelas éguas e jumentas precisa ser aproveitada na alimentação das crias, cujo

crescimento seria prejudicado se fossem privadas de parte do aleitamento. O leite de égua é ralo e

adocicado, sendo que sua composição se aproxima muito do leite humano, razão porque em algumas regiões subdesenvolvidas as mães que perdem a capacidade de amamentar recorram à ordenha das éguas e jumentas.

As festas de rodeios são baseadas em provas que lembram a antiga doma bruta dos cavalos, consistindo na montaria de animais geralmente indomesticáveis e imprestáveis para outras funções. A avaliação do desempenho da montaria é resultante do tempo que o peão consegue ficar sobre o lombo do animal e as reações ou pulos deste. Considerando o tempo de montaria e o comportamento do animal, os julgadores premiam os peões vencedores com títulos e dinheiro. Os cavalos e os peões costumam ser sorteados no momento da prova, de forma que o fator sorte pode influir no resultado do rodeio. Ultimamente, uma parcela considerável da opinião pública tem se manifestado contrariamente à realização dos rodeios, alegando principalmente a possibilidade de que os animais sejam maltratados para pularem mais violentamente. De resto, as festas de rodeio cada vez mais tem se transformado em eventos para shows de música sertaneja.

ração que dá à pasta e baixo teor de gordura. Para atender ao mercado externo com carnes e vísce-

ras, assim como ao mercado interno com couro, ossos e crinas, o abate de equinos no Brasil é regulamentado por lei, sendo que os frigoríficos especializados são permanentemente fiscalizados.

A carne de cavalo é bem mais pobre em gordura do que a carne de vaca e, por isso é de mais fácil

digestão. Seu sabor é levemente adocicado por causa da presença do glicogênio, apresentando a

cor vermelha escura com fibras finas e longas. É

uma carne de cozimento rápido e diz-se que os cortes dos muares são mais tenros e saborosos.

O Cavalo e o Homem

223


A criação de cavalos e muares ainda traz benefí-

cios secundários, tal como a produção do esterco que é utilizado como fertilizante. De um cavalo

normalmente se obtém cerca de 20 toneladas de

esterco por ano, material fermentado que contém de 0,30 a 0,75 % de nitrogênio e de 0,45 a 0,60 % de anidrido fosfórico. Esse adubo nitrogenado é bastante indicado para a formação de pastagens, favorecendo as qualidades físicas do solo.

Finalmente, dos cavalos também resultam outros

subprodutos, tais como o sangue, ossos, múscu-

los, cartilagens e vísceras, todos utilizados na composição de ração animal. O couro equino é

muito apreciado pelos curtumes, especialmente

os das éguas; as crinas são aproveitadas para estofamentos, escovas e cordas. Os cavalos,

enfim, são tidos como adequados animais de la-

boratório, sendo submetidos aos processos de fa-

bricação de soros e vacinas, pesquisas de

patologias e farmacologia em geral.

Afora esses aproveitamentos básicos, ressalta no

utilitarismo dos cavalos para os seres humanos a função do transporte, capacidade generalizada dos equinos que pode ser considerada como fundamental no desenvolvimento das sociedades. O

grande potencial de trabalho dos cavalos e mua-

res se deve ao metabolismo que nesses animais é muito mais intenso que em outras espécies, pois

podem armazenar maior quantidade de glicogênio, a fonte energética da ação muscular.

224

O Cavalo e o Homem


O Cavalo e o Homem

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Da verdadeira parceria entre o homem e o cavalo,

é preciso que se destaquem as atividades espor-

tivas, tais como as corridas, o hipismo e o ades-

tramento. A equitação, que se compõe de um conjunto de saltos de diversos tipos, é uma prá-

tica que acaba educando cavalo e cavaleiro, apro-

ximando um com o outro. O cavalo Mangalarga tem se adaptado muito bem neste tipo de com-

petição: tem bom equilíbrio e é de fácil controle do trote, marcha e galope; é corajoso e mais calmo que os meio-sangues.

“O hipismo é um dos poucos esportes em que os homens e as mulheres podem atuar em igualdade de condições, sendo que também os mais jovens e até mesmo as crianças podem praticá-lo. Esse esporte eqüestre encontra suas mais antigas origens nos hábitos de lazer da aristocracia européia, especialmente entre os nobres ingleses que gostavam de caçar raposas da floresta, conduzindo suas montarias pelos bosques e campos, saltando riachos e obstáculos. Foi desse modo que o hipismo foi se disseminando como um esporte elegante e empolgante, chegando a integrar os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, no ano de 1896 em Atenas, como uma simples demonstração, e passando a ser considerado como categoria oficial na Olimpíada de 1912. A prova do salto de obstáculos é certamente a mais conhecida do público e consiste em percorrer uma pista com diversos tipos de barreiras, completando o percurso no menor tempo possível e cometendo um mínimo de faltas. Derrubar obstáculos ou tocar uma das patas na água são as causas mais comuns de penalização, porém o conjunto também pode ser prejudicado quando o cavalo refuga ou desvia do percurso, quando o cavaleiro ou mesmo a montaria caem, quando o tempo estabelecido é ultrapassado.

O adestramento é outra forma de hipismo que também alcançou o reconhecimento de esporte olímpico. As origens do adestramento remontam ao século XIX, lembrando os movimentos de guerra dos batalhões de cavalaria e dos comandantes europeus. Nos passos do adestramento, destacam-se o equilíbrio e a harmonia do conjunto de cavalo e cavaleiro, buscando a perfeição nas posturas e deslocamentos. Trata-se de uma prova onde o conjunto apresenta diversos tipos de figuras, tais como o passo livre, o galope alongado, pirueta, espádua para dentro e outros. Os juízes dão nota de 1 a 10 para cada figura desenvolvida, sendo que as apresentações são julgadas de acordo com seus níveis de dificuldade: o elementar, o preliminar, médio I, médio II e GP Internacional.”

226

O Cavalo e o Homem


O Cavalo e o Homem

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“Uma modalidade que exige muita resistência do cavalo e do cavaleiro é o enduro. São provas de longa duração onde se devem vencer trilhas difíceis que podem alcançar a extensão de 160 quilômetros. Durante o trajeto, pontos de controle veterinário avaliam a condição física das montarias, podendo desclassificar os concorrentes. O condicionamento físico dos cavalos é um dos mais importantes fatores na modalidade olímpica CCE – concurso completo de equitação, uma espécie de triátlon eqüestre, onde durante três dias o conjunto participa das provas de adestramento, cross-country e salto de obstáculos.”

Enduro

228

O Cavalo e o Homem


“De beleza plástica incomparável é a prova do volteio, que consiste na realização de movimentos de ginástica sobre o cavalo em movimento. Dividido em diversas categorias segundo o grau de dificuldade, esse esporte tem seu torneio mundial realizado a cada dois anos. Por outro lado, a partir de 1984, tem chamado a atenção e ganhado prestígio a modalidade paraolímpica de adestramento, sendo que o primeiro campeonato brasileiro realizou-se em Ibiúna, no ano de 2003.”

Volteio

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Volteio


Apresentação Circense

Apresentação Circense

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Hipismo, Prova de RĂŠdeas

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O Cavalo e o Homem


Hipismo, Prova de RĂŠdeas

O Cavalo e o Homem

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“O hipismo paraolímpico tem sido cada vez mais apoiado no Brasil e é praticado regularmente em mais de 40 países. Cavaleiros e amazonas portadores de variadas deficiências competem em provas que são classificadas de acordo com o nível de debilitação, sendo que não somente os vencedores recebem medalhas, mas também os seus cavalos, o que não ocorre em nenhuma outra modalidade do hipismo.”

Aliás, a utilidade terapêutica do cavalo não se

Nos últimos anos tem-se observado uma emocio-

tresse. Para constatar esse efeito, não é preciso

nante ligação entre o cavalo e o homem: trata-se

de uma simples montaria a passo lento e monitorado para crianças excepcionais ou com problemas

psicomotores. Essa espécie de terapia equina tem alcançado resultados surpreendentemente positi-

aplica apenas às pessoas acometidas por proble-

mas mais graves. É notório que o simples contato com os equinos, um pequeno passeio ou uma boa cavalgada, atuam de forma poderosa sobre o

humor das pessoas, neutralizando os males do esestudar muito: basta montar num bom cavalo, pegar um belo caminho, sentir a brisa no rosto e afagar a montaria que traz um dos mais singelos prazeres da vida!

vos, fazendo as crianças mais felizes e auxiliando na superação de suas limitações.

Hipismo Paraolimpico

252

O Cavalo e o Homem



É justamente este conjunto harmonioso composto

expulsão dos mouros da Península Ibérica. Basi-

mento agradável e garboso, cadenciado a passo,

mulação de uma luta entre os cristãos e os

pelo cavalo e o homem, resultando num desloca-

a trote ou a galope, que põe o cavaleiro acima de sua própria estatura e pode oferecer sensações de

confiança, domínio e aventura; é este tipo de parceria entre os homens e os eqüinos, que não é so-

mente utilitária ou produtiva, que eleva o cavalo à condição de elemento cultural, tornando-se um

componente importante do lazer e da celebração em comunidades espalhadas por todo o Brasil:

camente, o festejo da cavalhada consiste na si-

mouros, cada qual representado por um pelotão de doze cavaleiros. Os cristãos se vestem de azul

e os mouros de vermelho; os cavaleiros de ambos os lados utilizam lanças, espadas e pistolas com tiros de festim, apresentando uma cena de bata-

lha que é finalmente vencida pelos cristãos, com os mouros se convertendo ao cristianismo.

são as cavalhadas e as romarias, os festejos que

Diversos municípios do centro-sul, sudeste e sul

tradições regionais, todas elas derivadas da nossa

valhada, porém a cidade de Pirenópolis, em Goiás,

envolvem montarias ou cavalgadas segundo as herança cultural luso-católica.

Foram os padres jesuítas que trouxeram para a Colônia brasileira a encenação da cavalhada, uma representação em campo aberto para lembrar a

do Brasil, encenam todos os anos o festejo da ca-

tem se notabilizado por organizar a cavalhada

mais tradicional e empolgante do país, mesmo porque o evento tem a duração de três dias, juntando-se com a Festa do Divino e abrigando a presença dos folclóricos cavaleiros mascarados.

Cavalhadas

254

O Cavalo e o Homem


Festa do cavalo em Atibaia

Cirio de NazarĂŠ

O Cavalo e o Homem

255


As comemorações do Divino Espírito Santo são

Chegando nos locais de peregrinação, à romaria

Catiteiros e grupos de Congada, assim como com

tejo, tais como o cumprimento de promessas, as

enriquecidas com a apresentação de danças de

a chegada dos misteriosos cavaleiros mascarados. Conta-se que esses personagens começaram a

surgir porque eram escravos ou pobres que não podiam participar dos pelotões de cristãos ou

mouros, travestindo-se, então, com máscaras as-

sustadoras e saindo pelas ruas, pedindo cigarros ou bebidas e fazendo estripulias.

Os cavaleiros mascarados também são chamados de “Curucucús”, por causa do som que fazem com as bocas, imitando bicho, e a máscara mais

comum que utilizam é cabeça-de-boi. Dizem que

os cavaleiros mascarados são pessoas que não

se agregam outros elementos de crença e de fes-

feiras, a comilança, os cantos e as danças. No Brasil, romeiros a cavalo dirigem-se principal-

mente ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida

e para Bom Jesus de Pirapora, contudo chega a ser incontável o número e a destinação das pequenas romarias, tamanho o gosto e disseminação do hábito da peregrinação a cavalo, especialmente no Estado de São Paulo. Os paulistas realmente de-

monstram visível espontaneidade na organização

e participação de romarias que tanto rumam para os santuários mais importantes quanto buscam as mais singelas capelas rurais.

tem acesso ao festejo ritualizado dos cristãos con-

Desfrutando passeios pelos caminhos e campos,

caras fantasias e adereços da cavalhada, optando

das de fé, os cavaleiros e amazonas procuram

tra os mouros, sem recursos para adquirir as pela ironia e pelo deboche anônimos, porém sem abdicar do seu cavalo!

Mais difundida que a cavalhada entre os brasilei-

ros encontra-se a prática da romaria, também introduzida pelos portugueses desde a época colonial. Definida como uma viagem a um lugar

de devoção ou uma reunião de devotos para um festejo religioso, a romaria não dispensa o uso da

montaria e os cavaleiros fazem do trajeto a passo,

celebrando festas tradicionais e cumprindo jorna-

sempre conduzir as suas montarias com garbo e distinção, cavalgando com destreza e orgulho. O

cavalo pode animar o lazer, consegue enobrecer o festejo e é capaz de engrandecer a devoção, conquistando seu lugar coadjutor no cenário cultural brasileiro. Nas nossas mais caras tradições, nas

nossas crenças e costumes, em todo esse atrativo

conjunto de representações culturais encontrase a figura do cavalo, ilustrando a vida brasileira.

às vezes longo e cansativo, uma etapa importante do ritual de fé, rezando em pontos ou horas de-

terminadas, assumindo posturas de respeito e contrição.

Romaria

256

O Cavalo e o Homem

Festa do Divino


Cavalhadas

Cavalhadas

O Cavalo e o Homem

257





Bibliografia indicada CAMARGO, M. X. Gouvêa – “Origem e Formação

do Cavalo Mangalarga” – São Paulo – 1953

LENER, Martin (trad.) - “Cavalos – Guia Prático” -

Ed. Nobel – São Paulo – 1998

RAMOS, A. da Silva – “Melhoremos o Cavalo

Nacional” – Ed. Sec. Agr. Bahia - 1939

RIBEIRO, D. E. – “O Cavalo e o Burro de Guerra e de Paz” – Ed. Mel. – São Paulo – 1956 SOLANET, E. – “El Cavallo Criollo” – Buenos Aires - 1946

TORRES, Alcides Di Paravicini –

“Criação do Cavalo e de Outros Equinos”

– Ed. Nobel – São Paulo – 2ª. Edição - 1981

Cavalos – Guia Prático – Rebeca Kingsley (Ed. Nobel)

Guia das Raças de Cavalos – Murizio Bongianni (Editorial Presença)

Conversando sobre Cavalos – José Luiz Jorge

(Ed. Rigel)

Larousse dos Cavalos (Ed. Larousse do Brasil) Enciclopédia do Cavalo – Elizabeth Peplow (Ed. Litexa)

Cavalos – Judith Campbell (Ed. Melhoramentos) Tudo sobre Cavalos – Guia Mundial com 200 Raças – Caroline Silver (Ed. Martins Fontes)

O Mundo Maravilhoso dos Cavalos – Ângela Sayer

(Editora Ao Livro Técnico)

O Cavalo de Sela Brasileiro e Outros Eqüídeos Ricardo Santos (J.M. Varela Editores)

Bibliografia

261



Cavalos, História & Raças ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY

Tradução / Translation

263


History Recently, thanks to the use of sophisticated elec-

tromagnetic sensors, a team of researchers coor-

dinated by historian Norbert Muller managed to find the famous Hippodrome of Olympia, a straight

runway 1,200 meters long which was covered by

rocky sediments that have accumulated over the

centuries. This interesting archaeological discovery

has uncovered part of the scenario that hosted the ancient Olympics and pointed the exact location of

the lane where there were famous racing cars pul-

led by horses and competitions which, as described

by the Greek author Pausanias, were organized by the rich and important citizens but also attracted a large share of the population.

In the Sanctuary of Olympia, the first equestrian

races dating back to the year 680 BC, when the

evidence included the carts pulled by two horses

- known as a chariot, or by four horses - called

According to Suetonius recorded, the chronicler of

the Twelve Caesars, for the horse Incitatus was rea-

ched to build an impressive stable of marble, with

an ivory manger, and the animal was permanently

served by many servants. Their food included por-

tions of oats mixed with gold flakes and was usually covered with robes of purple, a hue that was exclu-

sive of the senators, and boasting a huge necklace of precious stones. It is said that the Emperor Cali-

gula, packed in one of its most grotesque delusions, he considered include the name of his horse Incita-

tus in the roll of senators and even thought about naming him consul of the Roman Empire.

“The great obelisk now standing in St. Peter's Square, the Vatican, is the same as that raised in the center of the Circus of Nero, the famous racecourse whose construction was started by Caligula, where the legendary horse Incitatus was publicly touted as the favorite of the emperor. Incitatus, which means "fiery", was a beautiful white stallion that had been brought from the region that later was especially Spain to improve the breeding of racehorses of the eccentric Caligula.�

The horse entered by the Emperor Caligula has

chariots. Decades later, the competitions have

achieved the glory of being represented in a life-

with saddle horses, but the winners were still only

most prominently in the historiography of some

abolished the cars and started to be realized only

the owners of horses, since the selection and trai-

size statue, carved entirely out of marble, figuring human characters. So also occurred with another

ning of racehorses totaled a considerable expense.

legendary horse of antiquity: Bucephalus, a steed

tion is clear evidence that the horses have not

Represented in paintings and sculptures, Bucep-

Note, therefore, that the ancient Hellenic civiliza-

only lent themselves to the work of traction and transport, but some strains of horses started to

of war Alexander - the Great, King of Macedonia. halus was an exuberant black stallion that used to

be harnessed with a breastplate that had the myt-

be used entirely to sport.

hical figure of Medusa. Tradition tells us that the

On a larger scale and in a more refined, the Ro-

conqueror Alexander the Great and died in battle

mans had reproduced the equestrian events de-

veloped by the Greeks, with chariots or horsemen.

horse Bucephalus was born the same day as the during the conquest of India, a place where the Emperor founded a city named after his horse Bu-

In imperial Rome, thousands of commoners were

cephalus, located in present day Pakistan.

place at the Circo Massimo or the Circus of Nero,

It is important to note that the collective admira-

patrician elite, many horse breeders. It was on

made famous by their powerful owners is a very

allowed to watch the regular competitions taking

entertainment arenas where they highlighted a tracks like these, adorned with luxury and sophis-

tication that reigned supreme the most famous

racehorse of that era: Incitatus, a favorite of

Emperor Caligula. 264

History

tion and even the glorification of certain horses

old phenomenon that has already entered the

classical civilizations of the Middle Ages and the

feudal cavalry trot or gallop heroically mounted by

the El Babieca Cid. Many centuries ago that hor-


ses in general no longer be reduced to simple do-

mesticated animal traction for work or transporta-

third race originated from known strains consists

of the cold-blooded horses, the Horse of the Fo-

tion, but some strains of horses and even some

rest, from central Europe.

activities through recreation, equestrian and sport.

allowed the establishment of a classification by

special animals were included in the plan of social

The identification of these stems, though distant,

origin, dividing the horses into two main groups:

For millenniums the presence of horses has contri-

a) - the descendants of "Equus caballus orientalis,

nities. From the most simple-minded communities

known as" Hot Blood "that gave rise to saddle hor-

buted to the welfare and development of commu-

or Knight of the Desert, Arab or Barbo, breeds

to the more complex societies of ancient and me-

ses and speed;

tisans with their cheap and efficient traction force

or the Forest Horse, taken as pets "cold blood",

dieval times, horses have served peasants and ar-

met the transportation needs of producers and

merchants, paying even the demands of luxury and power. It was not without reason that the horse went through the time and reached the mo-

b) - the descendants of "Equus caballus Western" with greater height and bulk muscle.

Although they belong to the same genus Equus,

zebras and donkeys had a more recent origin and

located in Africa. The donkey was already used in

dern era as pompous mount of kings and nobles,

Egypt even before the horse paintings dating from

an impressive symbol of power of the liberators

and use. The donkeys were also found in the Me-

as elegant pedestal of ministers and generals, as and dictators.

“During the Middle Ages, the mounted warriors and armed with swords and Spears came to be known as the Knights. Were vassals who put themselvesthe service of feudal lords and held each other tight code of conduct, emphasizing respect and honor. From the tenth century, the medieval Knights began to participate that simulated combat tournaments, competitions that attracted warriors across Europe and attracted crowds of spectators. The duels were violent and involved the use of various weapons, and the dispute with two galloping horsemen and opposite, with spears in hand, the event most awaited by the public.”

It is estimated that the domestication of horses

2000 BC illustrate the steps of his arrest, taming

diterranean islands and North Africa, an area that seems to have been his place of origin.

“Although there are fossil remains that prove the presence of horses in the prehistoric American continent, the introduction of modern horse in America is attributed to Christopher Columbus. Later in 1534, some horses came to the Captaincy of providence D. Ana Pimentel, Martim Afonso de Souza’s wife. On the initiative of Pedro de Mendoza, the first horses arrived in Buenos Aires and in the year 1535, Ojeda landed in Chile with some animals. In 1541, the fearless Cabeza de Vaca crossed the South American driving huge herd of horses.”

The prehistoric tribes could only see the horses for

began at least 5,000 years ago somewhere in Eas-

food, bones and skin, but the human communi-

agreement on the horses today are descended

plants, once envisioned the benefits of strength

tern Europe, but experts have not reached an from a single stem or different species. There is,

however, a tendency to accept that modern strains find their origins in three primitive species.

ties that have been slowly learning to domesticate

and versatility of the horses. The animal traction

for land preparation and for the mills, as well as

the coupling to transport, promoting the multipli-

Of these, perhaps the darkest horse of the step-

cation of labor and the production of surplus ma-

zoologist who described it. The second kind which

or community groups. Much more agile and flexi-

pes, also known as Przewalski "in honor of the

terial indispensable for the development of family

can be regarded as ancestor of horses today is the

ble than cattle, horses proved to be more pliable

the Aryans or Aryan people, they have introduced

port service, leveraging the work and create in-

Tarp, whose domestication have been made by these animals in Egypt and Greece. Finally, the

and adaptable to the needs of agriculture or transcome.

History

265


During the process of enhancing the partnership

not over and badly shaken by the technological

strong and swift mounts to afford to pursue the

by step, trot or gallop, the man is still full.

of men with horses, do not take long for the war, which made the horse almost an extension of

the warrior, reinforcing the troops and encoura-

ging the expansion of empires . Moreover, the his-

tory of civilizations, peoples and nations, can never be properly told without the chapter's con-

tribution as a partner effective equine breed of human endeavor. Until the arrival of the Industrial

Revolution, mankind appealed to the strength of

horses to meet their needs for traction, ground

transportation and mobility of hosts. And even with the introduction of the steam engine and a combustion engine, the use of horses and mules for farm work is still being used today.

In rural areas, animal traction is still able to show

their convenience: it has lower cost for the culti-

vation of small areas, is more versatile, because

the animals lend themselves to different services,

does not require skilled labor, dispenses con-

sumption fuel and fodder and will also use crop

residues. Read in the field, the mules seem to

bear the heat better than horses, and can better

withstand the prolonged effort. On the other

hand, horses are more agile than the mules, they

work best on land because they have cute hooves larger and get along better with other animals, especially in the stable

“Among the species of the genus Equus are two main types: the horse and donkey. Larger, the horse has a more elongated head with short ears and thin, while the head of the donkey is coarse and heavy, with long ears and wide. The neck of the horse has more lofty position, equipped with a long mane, and the donkey has fallen over the neck with short manes and erect. In horses, the number of lumbar vertebrae is 6, while donkeys have 5 vertebrae. The croup is short ass and narrow, unlike the vast rump of the horse.�

In the course of centuries and despite many chan-

ges in life forms, men still preserving its affinity

and partnership with the horses, not only as pets

at work, but as animals walking and sports and

even as animals of special pets . The story of man's utilitarian connection with the horse was 266

History

achievements of industrialization. On horseback,


Brazilian Breeds Historical During the first two centuries of Brazilian coloni-

zation horses brought on the sailing ships of the fleet officers were created almost on the loose and

ended up crossing naturally, without much care

selection. These horses and donkeys came from the Iberian Peninsula and the Atlantic islands, and the first animals arrived in San Vicente, Bahia and

Pernambuco, as part of efforts to occupation and planned by the Portuguese Crown.

During this long period, characterized by factories

and unstable nuclei coastal inhabitants, the cattle industry has been slowly penetrating the northeast of Cologne, highlighting the areas occupied

by herds of Tower House and Bridge House. The

first of these estates spread widely through the hinterland of Bahia and reached to the present states of Piauí and Maranhão, the second exten-

gold, the people and the supplies required the

maintenance of troops and mounted animals provided with strong, resilient and adapted to the tro-

pical environment. Moreover, the mining of gold and the rise of towns increased the transit of

goods, which required a regular supply of trans-

port and you just basically being held by troops of

mules, as the mules were markedly more likely to

win long hours that used to be interspersed with steep and rugged crossings.

“The first horses were landed in Brazil in 1534, the port of San Vicente, brought from Madeira Island by Dona Ana Pimentel, the expedition led byMartim Afonso de Souza. Years later, Duarte Coelho brought some horses to Pernambuco and in 1549 Thomé de Souza introduced in Bahia horses that he brought Cape Verde. In the year 1541, the fearless Alvaro Nunes, "Cabeza de Vaca" crossed with a large herd of horses the southern Brazilian colony until it crosses Paraguay and Bolivia to achieve, returning the current state of Rio Grande do Sul.”

After the gold cycle, a new impetus was given to

sive land grant from southern Bahia and reached

the creation of horses in Brazil, because with the

These two major areas where the 'cattle and hor-

players was brought from the Alter stud farm,

tative, which has also been occurring with herds

Portugal As Alter Real. At this time, English mer-

the north of the current state of Minas Gerais. ses "was evidently more quantitative than qualithat roamed the southern continent.

There are reports that the founder of Buenos

Aires, Pedro de Mendoza, left dozens of horses that ended up breeding in the Pampas, and that

coming of the Court in 1808, a good number of

where he created the Andalusian horse, known in

chants established in Rio de Janeiro have provi-

ded the arrival of some horses in South Africa:

were horses of Cape Town, originating from the cross breeding of British and Dutch mares.

Alvaro Nunes, the famous "Cabeza de Vaca" upon

In the year 1819, by order of D. John VI, was ope-

the Foundation for Asuncion, left many stray hor-

- Minas Gerais, to create the necessary mounts to

entering the coast of Santa Catarina and head for

ses on the road. So that a portion of horses led by

Sao Paulo in the mountains of Minas Gerais, from

Sorocaba, came from gangs of "feral bovine" lost

ned for Stud of Cachoeira do Campo, in Barbacena the movements of the regiments of the Dragons. Early in its activities, and house race horses and Alter of Cape Town, the stud farm of Batley recei-

the pampas.

ved a local strain, a type that had formed in Minas

It was only on arrival of the eighteenth century,

from the northeast to the horses brought from the

Gerais by the meeting of the horses that came

with the race for gold and diamonds in Minas Ge-

south. Actually, that horse found in Minas Gerais

horses began to receive more attention from the

In the areas of family Junqueira formed the first

lance of "records" or checkpoints, as they went

farm of Batley, with reports of breeding by the

rais, the introduction and establishment of the

Crown and its employees: the necessary surveil-

had even a name: it was the horse of Junqueira.

local brand of foals that were sent to the stud

Brasilian Breeds Historical

267


year 1821, appearing at the core breeding what

better poise and higher members. His former run-

is attributed to Gabriel Francisco Junqueira, the

which is not nearly as sharp as the trot is not as

could be called the first national race, the foals. It

ning Tripedalia amended trotted to the march,

Baron ', the baptism of this new breed, but it is

soft as the march of Mangalarga Mineiro.

horse was called by his foals and open floor ele-

The type Mangalarga Mineiro, also known as Man-

queira's on your property, "Farm foals?

lineage, in which there have been some infusion

still uncertain why such an appointment: the vation or because the Baron' found the horse Jun-

The fact is that the largest center for equine that

galarga Marchador comes from the same Paulista

of Arab blood and other races, always seeking to

preserve the march bite or hit, not to the march

time, the stud of Batley, began to spread throug-

trotted. Perhaps influenced by so many intersec-

of Andalusian ancestry but that could already be

more straight, short and wide, with large eyes and

hout Minas Gerais and the whole country a breed considered a citizen because of the selection,

tions, the head of the Mangalarga Mineiro appears

nostrils open, their size is slightly smaller than the

power and influence environment. The large fa-

foals Paulista, however, for the convenience of

always in search of a sturdy mount and soft floor,

valued in the marketplace.

mily Junqueira continued in the creation of foals,

ready to win with speed or rough terrain. Under

your gear it is preferred for longer trips and much

the care of family members Junqueira, it is custo-

Also in Minas Gerais and the famous stud of Bar-

roan and Sublime, among others, all linked to the

polina, which name was given by its creator,

mary to credit the development of strains Fortuna, pioneering breeding stud of Batley.

“The territorial occupation and colonial trade in Brazil were deeply marked by the use of troops of mules. Like horses, mules that came with the settlers came from North Africa and have adapted very easily to the hot climate, with extreme efficiency in the transport of heavy loads over long distances. Also used in the traction of wagons and farm machinery, the donkeys are integrated seamlessly into the countryside of Brazil. Some hybrids come with mares to achieve national stature and are appreciated for the service saddle, featuring a performance characterized by endurance and sobriety.�

bacena, another very Brazilian breed came: Cam-

Cassiano Campolina whose farm was in the city of Entre Rios. After his death, his horses came to the

attention of Joaquim Pacheco de Rezende, whose

descendants have continued to improve the

breed. Domestic horses, the Campolina is one that most closely matches the characteristics of Anda-

lusian origin, it is the result of crossing common mares with stallions of the Stud Farm of Batley, as already stated, Alter created horses, the va-

riety of Andalusian Lusitano . Among the Brazilian

The mangalarga breed, however, was affected by

breeds, the Campolina is the one with higher

and miners in SĂŁo Paulo. After a migration from

and good trotter and walker.

early differentiated approach between farmers Minas Gerais to the West Paulista, part of the Jun-

weight and height, and generally elegant, strong

queira family, headed by Francisco Antonio Diniz

Sized and smaller, but a proven agility, is a third

dants continued the breeding of horses, forming

rally used by cowboys and cowboys, as with cat-

Junqueira, settled in Orlando where his descen-

national breed: Crioulo. It's a small horse gene-

the kind Mangalarga Paulista. More primitive in its

tle is that it stands out: it has accelerated and

hips most muscular, resembling the Forefathers of

siege and domination. The Crioulo reproduced na-

conformation, this horse had the neck, torso and the Andalusian and the Alter. With the new test site, the foals Paulista came to have the neck slightly rotated hips less inclined, withers higher,

268

Brasilian Breeds Historical

stockade, and "understand" the maneuvers of

turally in the south of Brazil, believing that it de-

rives from animals Andalucian abandoned by

Pedro de Mendoza in Argentina and Alvaro Nunes


on his expedition to Paraguay. These Andalusian

heastern horse supports the work of animals and

pular chimarrões or bagua. After so long of free

resist.

would have returned to the wild, being named po-

crossing, the animals were degenerating, but ac-

quired a high level of adaptation and became fast

conditions that other races would not be able to

Aside from all these types horses so well adapted

and tough.

that can be considered genuinely Brazilian, one

“Until the appearance of the Thoroughbred horse, the Andalusian breed was the most conceptualized in all courts of Europe, dominating for more than two centuries as the best race for both saddle and carriage. The array is in the Andalusian origin of many breeds selected in Brazil, so that the bulk of our horse herd is somehow connected to the lineage of North Africa, where the predominant blood Barbo or Berber, because even the Andalusian derive from that race.”

nal presence in our territory Thoroughbred horse.

In addition to our recognized breeds of horses and

domestic, there are some kinds regionalized has also maintained that his most important traits,

must consider the important and already traditio-

The creation of this breed in Brazil began in the

distant year of 1871, but the zoologists in general has criticized the artificiality with which the horses

were kept PSI, both in diet and in management. Despite this restriction, the PSI has helped breed

found in the composition of several national brands through well-planned crossbreeding.

The first genealogical record of Thoroughbred

such as, for example, horse Guarapuava, found in

horse was dated in 1791, but the race had already

in the south of Sao Paulo . It is a kind of type or

tury, crossing local horses with mares East. It is

the states of Parana and Santa Catarina, possibly

Bard that Berber influence climate went through a pasture and received more favorable, and receives a small contribution from Thoroughbreds.

Segregation was also formed by the Pantanal horse, a breed native of the Pantanal of Mato

been improved in England since the sixteenth cenassumed that horses Berbers are dominant, alt-

hough two of the three branches of the Arab race are: the Darley Arabian and the Byerley Turk. Re-

portedly, the Thoroughbred there was also some sort of infusion in the oldest American breed, the

Quarter Horse. In Brazil, the Quarter Horse has

Grosso, which is also called Poconeano or Mimo-

been much appreciated and valued in the market,

from Goiás, assuming the contribution of Sout-

wever this is a very specific breed that can’t yet be

seano. This type of horses would have originated

given its strength, poise and good resistance, ho-

hern crioulo. The Pantanal is a horse fit for the

considered as a citizen.

adapted to a region of extreme variations of tem-

“The first Brazilian jockey club was the Fluminense in Rio de Janeiro, founded by Baron de Caxias and Count D'Eu, and the races where in the Hippodrome Vila Isabel. The beginning of the creation of the Thoroughbred horse was in 1871, with the mare named Primavera. In São Paulo, the Jockey Club was created in march 14th, 1875, and its first managers were Raphael de Aguiar Paes de Barros, Paula Souza and Eleutério da Silva Prado, and the first race only happened one year later, in the late Hippodrome of Mooca.”

care of the cattle: it is agile, good tempered, perature and humidity.

Another regional type, though not considered a race of well-defined and improved, is the Nort-

heastern horse. It constitutes a sub-race of the Arab horse, and was noted for its agility in trans-

lating rough terrain, rocky, steep and thorny, and its adaptation to a region of scarce water. The so-

called polygon of drought, he is the cowboy's

horse and handle cargo. In general it is a small

animal, reaching 143 cm on average, members are fleshed with prominent tendons, which gives

the false idea of their fragility. However, the Nort-

Brasilian Breeds Historical

269


Main standards for national races (According to the basic requirements of farmers

and in accordance with the disclosure made by Professors. A. P. Torres and W. R. Garden)

MANGALARGA

Head straight profile, large eyes, wide apart, ga-

nache delicate and moderately protruding, sligh-

tly long muzzle, nostrils dilated, ears of medium

size and in proportion to head, wide forehead, wide mouth.

Neck fairly long, muscular torso and detached, lea-

ving the trunk high, pyramidal shape of the trunk.

Stem smooth and sturdy, lined withers, straight

back, good passage of girth, broad and well protected kidney; arched ribs rump wide and muscu-

lar, full and well down the thigh, tail set smoothly

CAMPOLINA

Head of proportional size, with wide forehead and

dry; ganaches apart and defined; ears of medium

size, parallel and facing forward, eyes averted, full

and expressive, wide mouth with thin lips and

firm; wide nostrils of flapping wings.

Muscular neck, shot, medium length, seamlessly connected to the head and torso.

Trunk high withers, long and muscled, long and

arched ribs, chest broad and deep, wide rump and

gently sloping with rounded hips, tail set low, con-

tinuing the line of the croup, strong and silky hair.

Muscular limbs, with full shoulder and oblique long-short arm and forearm, knees straight and well supported, full and muscular thighs, long

legs, strong and well plumb; pasterns medium,

oblique and strong. Minimum height of 1.57 m for

males and 1.52 m for females. Marching forward with progress, hit or bite.

States with strong joints large and prominent,

CRIOULO

cled, long and muscled forearms, shins tendons

base, tapering to the nose, jaws strong and well

into the croup.

long and well laid shoulders, long arms and mus-

with short crisp, full thighs well muscled and strong pasterns.

Minimum height of 1.48 m for males and 1.42 m for females. Walking preferred gait with support

trotted diagonally past with stylish, slightly lifted, long and strong.

Head short and broad pyramidal in shape at the developed; ganaches well apart, short and wide muzzle.

Attached to the head and neck by a wide neck, muscular insertion to the chest, muscled withers, broad and strong, short loin, broad and muscular, average croup, muscular and strong, thick tail

with quick and short.

Members upright, long, broad and strong, knees and shins wide and thick, with sinews strong, pas-

terns strong, broad and moderately inclined.

The average height of 1.45 m in males as for fe-

males.

270

Brasilian Breeds Historical


The Brazilian Cattle

The horse and the man

Enormous economic potential of the national herd

My kingdom for a horse! Was the desperate cry

is booming.

The market for horse breeding in Brazil moves R$

7.5 billion per year and creates 3.2 million direct

and indirect jobs. Besides this, there was a huge

increase of 769% in the number of export of live

horses between 1996 and 2005, and is currently

in $ 27 million annually. Such indicators, confir-

med by the CNA – Confederação Nacional de Agri-

cultura

(NCA

-

National

Confederation

of

Agriculture), are evidences that breeding and mar-

keting horses in the country is not a leisure acti-

vity for a few, but business for many.

In this increasing, the Brazilian herd is closely mo-

nitoring the development of the activity. Brazil has currently the third largest horse herd in the world

with approximately 5.8 million heads, behind only China and Mexico.

The largest herd is in the southeast region, which

owns about 26.6% of the herd - mainly Minas Gerais, with 860 000 animals, followed by herds in

Bahia, Sao Paulo and Rio Grande do Sul, respec-

that King Richard III launched at the end of the

battle of Leicester which occurred in the distant year of 1485, according to the dramatic scene described by the creative Shakespeare. Seeing his troops almost won, Richard III has an outburst final, and protected by his strong armor and bea-

ring the royal crown, invests his opponent, Henry Tudor, to kill him personally. In this decisive onslaught, his horse is hit by an arrow and Richard

III falls down to the ground. Stunned and corne-

red the King angrily screams: "A horse, a horse, my kingdom for a horse. "

The famous phrase immortalized by Shakespeare:

"My kingdom for a horse", means that in a situa-

tion of extreme need a horse can be of great value, even though Richard III, saying it would re-

place an entire kingdom for one only horse, was

only making a mindless rant, because that was

upset by lost in battle. So the sentence can be considered only as a figure of speech, though it

contains a subtle representation of how men can honor the horses.

tively.

The appreciation of the horse as a helper of man

Nowadays, only among the registered animals,

times, coming to delight the imagination of the ol-

found in all historical eras and reaches ancient

there are 300.000 mangalarga marchador,

dest civilizations, such as the legendary Pegasus,

ses, 86.000 Mangalarga, 88.000 Campolina,

in the meadows Mount Olympus, Thessaly and Ma-

278.000 quarter horse, 197.000 Crioulo hor-

the horse of Zeus believed that so many people live

80.000 arab horses, 30.000 Thoroughbred and

cedonia between. According to Greek mythology,

more than 20 national associations of pure

with wings, which allowed him to fly over the moun-

25.000 Appaloosa, among others. There are breeds in Brazil.

Pegasus was all white, sleek and swift, endowed

tains and waters. Past centuries and generations,

the image of Pegasus today attracts the wonder of

people, so that remains a recognized and used as a symbol of speed, communication and locomotion.

The ability to charm and attraction that horses have on humans that allowed, for example, Cer-

vantes transform the fragile figure of a nag at the

The Brazilian Cattle

The horse and the man

271


magnificent steed called Rocinante, the imposing

toms of paganism, which forbade Christians to eat

The tradition of medieval chivalry forged the kind

was also accompanied by the Jews and Muslims.

mount of the adventures of delusional D. Quixote. of respectful and courageous man, defender of the

weak and oppressed, an example of honor and loyalty: the knight.

Such was the ascendancy of social mounted war-

rior and so prolonged in time was his influence

meat horses. Later, this restriction on Christians

However, with the Industrial Revolution and the advent of the world wars, prejudice against horse

meat consumption began to cool down and began

to expand.

The Brazilians hardly feed of horse meat, but its

that the ancient religious military orders and re-

exports have increased remarkably. In some Eu-

dure still used today in orders. Knight, therefore,

is the main component of the sausage industry,

mained to them the noble title of knight, a proce-

is a word that defines the fitter the horse, but that

ropean countries, especially in France, horse meat

because of the color that gives the pulp and low

primarily identifies the man who acquires a supe-

fat. To serve the foreign market with meat and

good will and sense of justice that distinguished

bone and horsehair, the slaughter of horses in

rior coated posture of dignity. The honor, courage, the old knights remain as dignified qualities those men of all time.

“It was in the Middle Ages that proliferated throughout Europe warriors mounted that became known as knights. In general, they obeyed strict rules of conduct, a code of respect that grew honor and justice. Actual fighting between enemy knights organized themselves simulated fights, giving rise to the tournaments that began to attract large numbers of spectators. Special arenas for these tournaments were attended by knights who came from more distant principalities to participate in fighting and winning a prize and the admiration of the ladies. In several regions of Brazil today are made parties called Joust, in fact reminiscent of old European tournaments and representations of the Iberian struggle of Christians against the Moors. Across the country, are also common religious pilgrimages organizations with horses and mules, which travel long distances to pay homage to saints and holy places.”

Despite the remarkable prestige equestrian riding

that gave men the most diverse societies, we

can’t forget the fundamental importance of the

utilitarianism of the horse in the development of civilizations and even in the constitution of mo-

dern life. The first and most immediate benefit to

humans was found in horses that they could be a

good source of food. Across Europe, in ancient

times, the wild horses were hunted for meat con-

sumption and the use of leather.

The people of Europe until the High Middle Ages,

ate horse meat without any restriction, until Pope

Zacharias (741-752), seeking to end the old cus272

The horse and the man

offal, as well as the internal market with leather, Brazil is regulated by law, and the specialized ree-

fers are permanently monitored.

The horse meat is much lower in fat than beef, so

it is easier to digest. Its flavor is slightly sweet be-

cause of the presence of glycogen, with the dark

red color with long thin fibers. It is a quick-cooking

meat and it is said that the cuts of the mules are more tender and flavorful.

In the case of milk consumption of horses, their

regular use was observed only in the primitive tri-

bes of the steppes in southern Russia and parts of Asia. Typically, the amount of milk produced by

mares and donkeys to be exploited in feeding

young, whose growth would be harmed if they

were deprived of part of breastfeeding. The ma-

re's milk is thin and sweet, and its composition is

very close to human milk, which is why in some

underdeveloped regions of the mothers who

breastfeed lose the ability to make use of the mil-

king of mares and asses.

“The rodeos festivities are based on evidence that recall the old dressage horses crude, consisting of riding animals usually are impossible of being domesticated and useless for other functions. Performance evaluation is a result of the amount of time that the pawn can stay on the animal's back and the reactions of this or leaps. Considering the time of ride and animal behavior, the judges award the winners with pedestrians bonds and cash. The horses and pedestrians tend to be drawn at the time of trial, so that the luck factor


can influence the result of the rodeo. Lately, a considerable portion of public opinion has manifested itself in contrast to the achievement of rodeos, including the possibility of arguing that animals are mistreated to jump more violently. Moreover, Dodge parties have increasingly turned to events to concerts of country music.�

The breeding of horses and mules still brings secondary benefits, such as the production of ma-

nure which is used as fertilizer. A horse normally gets about 20 tons of manure per year, fermented

material containing 0.30 to 0.75% nitrogen and

0.45 to 0.60% of phosphoric anhydride. This N

fertilizer is well suited for pasture establishment, favoring the physical qualities of soil.

Finally, the horses also result other byproducts,

such as blood, bone, muscle, cartilage and or-

gans, all used in the composition of animal feed. The leather horse is much appreciated by tanne-

ries, especially the mares; horsehair are used for

stuffing, brushes and ropes. The horses, after all,

are considered suitable laboratory animals, sub-

gallop and march, brave and quieter than the half-bloods.

In recent years there has been an emotional bond

between horse and man: this is a simple ride at a leisurely pace and monitored for Exceptional Chil-

dren or psychomotor. This sort of equine therapy has surprisingly positive results achieved, making

children happier and assisting in overcoming their limitations.

Moreover, the therapeutic usefulness of the horse

does not just apply to people affected by troubles. It is clear that the simple contact with the

horses, a short stroll or a good ride, act power-

fully on people's moods and counteract the evils

of stress. To verify this effect, one need not study

much: just ride a good horse, pick up a beautiful

path, feel the breeze on her face and stroking his

mount which carries one of the simplest pleasures of life!

jected to the processes of manufacture of serums

and vaccines, pathology and pharmacology research in general.

Aside from these plants basic notes on the utilita-

rianism of horses for human beings to transport

function, general ability of the horses that can be

regarded as instrumental in the development of societies. The potential for working mules and

horses is due to the metabolism in these animals is much more intense than in other species be-

cause they can store more glycogen, the energy source of muscle action.

Of true partnership between man and horse, it is

necessary to highlight the sporting activities, such

as racing, horse riding and dressage. The riding,

which consists of a set of jumps of various kinds,

a practice that is just educating horse and rider, approaching each other. The horse foals has adap-

ted very well in this kind of competition: it has good balance and is easy to control the trot,

The horse and the man

273


274



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