Revista Baraúnas 10a edicao

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baraúnas revista

Iasmin Mendes, uma das idealizadoras da Feira Literária de Campina Grande, enxerga a Flic como uma política de formação de leitores e promoção da literatura. Na Paraíba, são várias feiras com o mesmo propósito

flic
JUNHO, 2024, nº 10
flic

revista

baraúnas

ISSN 2595-2218 - 10ª ed., jun/2024

EXPEDIENTE

A revista baraúnas é uma publicação do Estágio Supervisionado (impresso) do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, com periodicidade semestral.

REITORA

Célia Regina Diniz

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Diretor: Prof. Rômulo Ferreira de Azevêdo Filho

CHEFE DE DEPARTAMENTO

Prof.ª Maria Salete Vidal da Silva

Prof. Luís Adriano Mendes Costa

COORDENAÇÃO DE CURSO

Orlango Angelo Rostand Melo

PROFESSOR ORIENTADOR/EDITOR

Arão de Azevêdo Souza

PROJETO GRÁFICO

Arão de Azevêdo Souza

REPORTAGEM E DIAGRAMAÇÃO

Alisson Brando, Ana Karolina, Danyelle Fernandes, Davi Henrique, Érica Silva, Eva Leite, Felipe Tavares, Gradvolh Abrantes, Jéssica Sousa, Juliana Oliveira, Larissa Alves, Lucas Araújo, Maisy Henrique, Milena Siqueira, Nadinny Raquel, Nereide Araújo, Solange Farias, Victoria Freitas e Viviane Duarte.

ENDEREÇO PARA CONTATOS: Curso de Jornalismo

Universidade Estadual da ParaíbaRua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário, Campina Grande-PB, CEP 58429-500 Fone/83 3344.5316. www.uepb.edu.br e-mail: araodeazevedo@servidor.uepb. edu.br

aos leitores!

Esta é a décima edição da Revista Baraúnas. Edição que muito nos orgulha como ferramenta do Estágio Obrigatório do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, Campina Grande.

Como reportagem de capa, Eva Leite navega nas feiras literárias que são realizadas na Paraíba. Entre elas, a Flic, de Campina Grande, um evento que tem como objetivo formar novos leitores e divulgar escritores e suas obras. Na mesma temática, a matéria de Felipe Tavares aborda o comércio de livros em Campina Grande, cidade que possui 3 instituições de ensino públicas e 14 particulares, tendo duas editoras universitárias.

Nesta edição da Baraúnas, você navega em diversos assuntos, da cultura, política, entretenimento, espalhados em dezoito reportagens produzidas com muito carinho e dedicação por nossa equipe.

A todos, uma boa leitura!

Entre fios e trilhos

Devoção à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

O poder da natureza a nosso favor

Estúdio familiar mostra a força empreendedorismo feminino

Incríves, sonhadoras e empreendedoras

Comércio de livros em Campina Grande

Leitura que se faz sentir presente

O aroma e a tradição do café em Taquaritinga-PE

A construção do império de Jay

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Flic se consolida como expoente das Feiras Literárias na Paraíba

Perfil: “Nasci para a arte”

Gerando crescimento e experiências inovadores

A cultura como ferramenta de inclusão

Vila do Artesão

Depoimento: Quando a minha vida QUASE chegou ao fim

Águas da transformação

Fé: a força que move

Globo exibe

telefilmes produzidos 33 42 35 43 38 44 40 45 29 25 6 35

HISTÓRIA DA CIDADE | O prédio da antiga estação ferroviária de Campina Grande abriga hoje o Museu do Algodão

EVA LEITE
FOTOS:

Entre fios e trilhos

O MUSEU DE HISTÓRIA E TECNOLOGIA DO ALGODÃO, INAUGURADO HÁ CINQUENTA ANOS, CONTA A TRAJETÓRIA DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO DE CAMPINA GRANDE

Campina Grande possui diversos cartões postais emblemáticos. Um dos mais conhecidos entre os habitantes e turistas é o monumento Os Pioneiros da Borborema, às margens do Açude Velho. O que pouco se sabe é que, a uma curta distância dali, está localizado o Museu de História e Tecnologia do Algodão, lugar que guarda a história e a memória representada nas três estátuas: o índio cariri, a catadora de algodão e o tropeiro. Foi através desses personagens, que tanto marcam o desenvolvimento da cidade, que Campina Grande cresceu, se tornando a segunda maior exportadora de algodão do mundo, sendo reconhecida como a "Liverpool Brasileira", berço da riqueza do “ouro branco” no século 20. Grande parte da história da cidade chegou através dos vagões de trens. A icônica Maria Fumaça é ponto de curiosidade de quem passa próximo ao Memorial do Trem, despertando a vontade de parar para conhecer um pouco a estrutura do antigo veículo ferroviário, que é parte de um dos mais utilizados e comercializados na época. Fabricado em 1922, o primeiro trem que chegou à cidade, inaugurando os trilhos campinenses, está atualmente em exposição no museu do trem em Recife. Foi o trem que

deu propulsão ao desenvolvimento da cidade e alavancou socialmente Campina Grande.

A imersão na viagem pela história da cidade começa logo na entrada do museu. O prédio da Estação Velha, que se mantém o mesmo para fins de preservação de suas características, foi fundado em 2 de outubro de 1907, e tombado como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba em 2001. Hoje, o museu funciona nesse espaço desde 1973, abrigando o acervo da cultura algodoeira de Campina Grande, e conta ainda com o Memorial do Trem e a Galeria de Artes Izaías do Ó.

“A história de Campina Grande está viva nessas paredes. Temos o maior cuidado de preservá-la e conseguir contar isso para as novas gerações.”

Maria José Cavalcante, guia do museu

O prédio, de fachada amarela, tijolinhos brancos e portas e janelas de madeira escura, possui dois andares. No seu interior, são organizadas as máquinas e artefatos para exposição, divididos numa espécie de linha do tempo. Enquanto um lado do prédio conta a história do Ciclo do Algodão até os dias atuais, o outro concentra parte do maquinário industrial da cultura algodoeira. Nas paredes, diversos quadros e informativos ajudam a ilustrar e contar a história do desenvolvimento da cidade, desde peças e figuras importantes, até os espaços que marcaram grandes modelos arquitetônicos da época.

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Eva Leite
FOTOS: ACERVO DO MUSEU

O algodão

Desde o século 19, Campina Grande se mostrava com grande potencial econômico através do cultivo e venda do algodão. O produto era vendido à granel, nas ruas, em locais denominados praças algodoeiras, uma das características do comércio do algodão em Campina Grande. Com o passar do tempo, o algodão só pode ser aceito no mercado e exportado se houvesse o controle de qualidade da indústria.

O empresário Izaías de Souza do Ó foi um dos responsáveis por trazer o maquinário do algodão para a cidade, e ajudou no processo de construção e socialização da cidade, enriquecendo a cultura que já existia e trazendo novos hábitos e características. Somada a essa iniciativa, tendo em vista a necessidade de melhorar o transporte do algodão, o então prefeito na época, Cristiano Lauritzen, construiu a primeira linha férrea de Campina Grande.

Na época, o algodão mais valorizado e aceito no mercado era o de cor branca, daí o nome “Ouro Branco”, como ficou conhecido por representar os tempos áureos de desenvolvimento da cidade, nas décadas de 1920 a 1940. Entre os anos de 1980 e 1990, a indústria do algodão branco entrava em falência. Foi a partir de então que surgiram estudos voltados para a variação genética da semente do algodão, fazendo nascer o algodão colorido, conhecido em cores como vermelho, marrom, marfim, verde e azul. As pesquisas são patenteadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Campina Grande.

Atualmente, grandes investimentos financiam a produção desse algodão colorido, que já é conhecido no mundo inteiro, e continua movimentando o mercado algodoeiro. Mais expressi-

vamente, a cultura do algodão colorido pode ser observada nas técnicas artesanais regionais, através do comércio de roupas, e em exposições de produtos feitos em renda renascença, crochê, macramê e outros tipos de bordados, homenageados em eventos anuais como o Salão do Artesanato Paraibano, por exemplo.

Algumas das principais praças algodoeiras eram onde, atualmente, localiza-se hoje a conhecida Praça da Bandeira. No início da indústria, o algodão era vendido pelos tropeiros, que traziam suas cargas para serem vendidas nas praças. Alguns dos elementos emblemáticos que eram encontrados nessas praças algodoeiras são os baús que os tropeiros utilizavam para guardar seus pertences; os tachos ingleses, grandes panelas nas quais eles preparavam os alimentos; a máquina de tear, peça importada que auxiliava no controle de qualidade do algodão. Antes das máquinas serem importadas para produção dos fardos, o algodão era enrolado na máquina de tear, que possui uma manivela para girar o fio e formar os novelos de algodão. Com a chegada da industrialização na cidade, o algodão passou a ser prensado para poder ser vendido.

Somando-se aos artefatos históricos, alguns informativos são expostos nas paredes do prédio, que trazem curiosidades e depoimentos de quem acompanhou de perto o desenvolvimento da cidade. É o caso do relato de Antônio Pereira de Moraes, que foi presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campina Grande, na década de 1940: “Na praça do Algodão, estavam amontoados os fardos, da altura de dois pavimentos, que pareciam verdadeiros monumentos no meio da rua, onde brincávamos, por entre aqueles fardos, que foram o alicerce da riqueza e da fama de Campina Grande”.

Antiga estação ferroviária

A ferrovia campinense foi de grande importância para o desenvolvimento da cidade, pois através do trem, eram transportados produtos e máquinas importadas, além das pessoas que visitavam a cidade e ficavam para morar. William Tejo foi um dos agentes culturais mais expressivos de Campina Grande, que acompanhou o desenvolvimento da cidade e andou nos vagões do trem logo nas primeiras viagens. O perfil da população campinense mudou muito desde então. Na época de inauguração da estação, Campina Grande tinha apenas 1.800 habitantes.

Alguns dos artefatos que cons-

truíram a história da sociedade campinense estão no museu, além de outros objetos importados que contam um pouco da história da civilização. Desde louças e talheres ingleses até um dos primeiros modelos de rádio e vitrola, ferros de passar roupa, lamparina doméstica, máquinas de datilografia, telefones residenciais e máquinas de costura de origem norte-americana. Da própria estação, são encontrados alguns objetos que fizeram parte do funcionamento do local, como a máquina que carimbava os bilhetes de trem, e a lamparina utilizada para sinalização de chegada e partida do trem, na estação.

O fomento à história e à cultura

Maria José Cavalcante é uma das guias do museu que, com entusiasmo, conta que trabalha no local há 34 anos. A cultura algodoeira de Campina Grande representa força e identidade, e Maria busca preservar esse cultivo com as próprias plantações de algodão na área externa do museu. Ela relata que, sempre que pode, distribui sementes de algodão para os visitantes. É uma das maneiras que encontra de manter viva a tradição, valorizando o algodão que teceu a história da cidade, e que também foi registrada em um dos capítulos do livro “Nos Trilhos da Memória”, do jornalista memorialista Josélio Carneiro de Araújo.

Localizado na rua Benjamin Constant, centro de Campina Grande, próximo ao Açude Velho, o espaço público é aberto para visitação gratuita durante todo o ano.

No período do São João, época de maior movimentação na cidade, são esperados visitantes locais e estrangeiros, bem como excursões escolares. E, dentre as potencialidades históricas e culturais, o Museu de História e Tecnologia do Algodão pode ser considerado um retrato constante do marco inicial da cidade que encontra grandeza não apenas em nome, como também na força do seu povo.

ALGODÃO | Variações do lã colorida, desenvolvidos através de estudos genéticos

MARIA FUMAÇA | Um dos primeiros trens que inauguraram os trilhos campinenses, em exposição no Memorial do Trem do Museu do Algodão

DEVOÇÃO | Ao tocarem o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, os fiéis depositam seus agradecimentos e preocupações, confiando no consolo e auxílio maternal da santa

Devoção à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

BODOCONGÓ, UM BAIRRO

QUE ABRIGA DUAS UNIVERSIDADES, ONDE MUITAS VEZES A CIÊNCIA E A FÉ ESTÃO SEPARADAS, É TAMBÉM LAR DOS DEVOTOS DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO

m uma terça-feira, num Santuário pequeno, de atmosfera acolhedora e silenciosa, fiéis católicos se encontram em momentos de devoção. Alguns sentados, com o olhar fixo no ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, enquanto outros, de olhos fecha-

dos, inclinam a cabeça em reverência e profunda intimidade com o Divino. Todos aguardando pelo início da celebração. Uma mulher, vestida com um traje azul, cor do manto da Virgem Maria, se destaca por seu sorriso reluzente, segurando nos braços uma bebê vestida de branco. Esta mulher é Milena Almeida, que reuniu sua família para agradecer à Nossa Senhora

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do Perpétuo Socorro pela bênção recebida: sua filha Isadora.

Ao lado de Milena, seu esposo, cujo zelo pela pequena graça em forma de criança transborda em cada gesto de carinho e atenção. Durante uma breve conversa, Milena compartilha que sempre sonhou com a maternidade, mas enfrentou obstáculos, especialmente ao imaginar que, devido à sua idade, poderia não realizar seu grande sonho de se tornar mãe. No entanto, sua fé em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro mostrou-lhe que é preciso confiar e esperar na intercessão materna da Virgem Maria para alcançar o que, para muitos, é considerado impossível.

“Sempre pedi a Deus para ter um filho, e aí eu nunca conseguia. Minha tia, que mora no bairro Bodocongó, sempre foi devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e ela falou: se você fizer nove novenas às terças-feiras, você conseguirá sua graça. Comecei a fazer as nove novenas e depois que fiz, entreguei a Deus. O relato mais surpreendente da minha vida foi descobrir que eu só tinha um ovário, pois eu não sabia, desde então; por isso eu não conseguia engravidar. Porém, em maio, comecei a sentir alguns sintomas e, para a graça de Deus e de Nossa Senhora, eu estava grávida para viver o meu milagre. Hoje estou aqui com minha filha no colo, Isadora, para agradecer e render louvor a Deus e a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro por essa graça em minha vida.” conclui Milena.

| Milena Almeida expressa sua gratidão à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro pela graça alcançada, segurando sua filha nos braços, o seu milagre

São diversas as circunstâncias que levam a Paróquia Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro a lotar todas as terças-feiras, nas sete celebrações que ocorrem durante todo o dia dedicado à "Mãe do Perpétuo Socorro", como carinhosamente é chamada. Essas celebrações compreendem três missas com novenas interligadas, além de outras quatro novenas independentes.

Um aspecto notável nas celebrações é a integração da novena à missa. A missa é a renovação do sacrifício de Cristo, a celebração de sua presença no pão e no vinho consagrados. Já a novena é uma prática devocional que consiste em uma série de orações realizadas durante nove dias consecutivos, geralmente para anteceder uma festa religiosa dedicada a anjos, santos e a Maria, ou para solicitar uma graça especial. Durante as preces, os pedidos são diversos, desde o restabelecimento de relacionamentos até o sucesso em exames e curas de doenças. Cada fiel traz suas preces específicas e pessoais à Mãe que perpetuamente auxilia e ampara todos os que a procuram. O Padre

Erisson Roberto, vigário do Santuário, relata que nas terças-feiras, a igreja recebe devotos não somente de Campina Grande, mas também de muitas cidades vizinhas.

O ícone da santa, presente do lado direito do altar do Santuário, a mostra com o Menino Jesus em seus braços. O olhar de Nossa Senhora não se volta para o Menino, mas para quem a observa, enquanto sua mão direita aponta para Jesus, reconhecido como o verdadeiro alento e Perpétuo Socorro. Este gesto de confiança entre Mãe e Filho se repete todas as terças-feiras no bairro de Bodocongó, onde a fé e a devoção se entrelaçam em um ambiente de poucos metros quadrados, mas de grande significado espiritual.

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AGRADECIMENTO

O poder da natureza a nosso favor

A NATUREZA NOS DÁ OITO FORMAS DE MANTER NOSSO CORPO SAUDÁVEL E

SEM CUSTO ALGUM, PODENDO USAR DE FORMA PREVENTIVA EVITANDO ASSIM ESTRAGOS EM NOSSA SAÚDE

Solange Farias

Entre as práticas saudáveis temos a ingestão de Água, Ar puro, Alimentação saudável, Exercício físico, Repouso, Temperança, Luz solar e espiritualidade.

Para ter o corpo em plena forma é preciso seguir algumas regras que a natureza oferece, sem custo algum. Hoje, o Brasil tem o 3º pior índice de saúde mental do mundo, é o que mostra a nova edição do relatório global “Estado Mental do Mundo 2022”. Com isso precisamos parar, respirar e rever nossos conceitos sobre o que estamos fazendo e querendo com nossa vida. Fonte: https://mentalstateoftheworld.report. O conselho de psiquiatria reafirma que manter bons relacionamentos

com os outros pode sim melhorar muito nossa disposição na vida pessoal e no trabalho.

Cerca de 140 milhões de brasileiros, ou 78,6% da população avaliaram seu estado de saúde como bom e muito bom, mas ainda assim, preocupa bastante pois há muitas questões como a social, maus hábitos, entre outras, que levam a população aos hospitais.

São muitas perguntas que fizemos depois que a saúde está fragilizada.

O que é de fato um corpo saudável para você? Muitas vezes nos deparamos com aquele delicioso e apetitoso hambúrguer com batata frita, ou aquela preguiça e ficar apenas deitado sem fazer nada ou preferir aquele refrigerante do que

um simples suco de frutas. Para onde queremos com nossa saúde, fragiliza-la ainda mais, ao ponto de passarmos horas e horas numa sala de espera de hospital em vez de estar vibrando com a saúde em dia?

Água

Ela é vital para o ser humano, é essencial para transportar alimentos, oxigênio e sais minerais, ela também está presente no suor e lágrimas, no plasma sanguíneo, entre outros. É responsável por 20% dos ossos, alguns refrigerantes a base de cola, vão absorver o cálcio do corpo e causa enfraquecimento dos ossos. É recomendado a ingestão de, no mínimo, 2 litros e meio de água por dia. Assim, a cada um litro de urina, os

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rins processam cerca de mil litros de sangue. É recomendado que tome água potável regularmente, nunca substitua por ingestão de sucos, refrigerante ou qualquer outro tipo de líquido, pois eles contém grande concentração de açúcar e retardam a digestão.

Ar puro

Respirar ar puro é essencial para as células vermelhas que captam o oxigênio. É recomendado que se busque lugares arejados como, parques onde tem uma grande concentração de árvores para respirar e dando ao pulmão dióxido de carbono, expulsando assim o gás carbônico. Mantenha o ambiente onde você mora e trabalhe com boa circulação do ar. Busque fazer atividades (caminhada, esportes, lazer e etc…) sempre que puder ao ar livre vai renovar o oxigênio do corpo.

Alimentação saudável

Uma pesquisa mundial mostra que cerca de 2,1 bilhões de pessoas são obesas ou possuem sobrepeso e representam 30% da população mundial. As orientações dadas por especialistas no mundo todo é uma alimentação saudável, baseada em vegetais ricos em fibras e nos nutrientes encontrados nos alimentos integrais. Evitando assim bebidas estimulantes como energéticos, chá, café, drogas como álcool e fumo em todas as variações e alguns tipos de alimentos. Dê prioridade a verduras, frutas e legumes em suas refeições, alimente-se três vezes ao dia com intervalo de cinco horas de uma para outra. Use o sal moderadamente.

Exercício físico

Exercitar o corpo libera substâncias que proporcionam a sensação de paz e tranquilidade, ou seja, a endorfina que na prática do exercitar o corpo causa um bem-estar e prazer para o indivíduo. Qualquer tipo de exercício físico ocupacional (subir

MEDITAÇÃO | Jovem busca na meditação equilíbrio para auxiliar no seu dia, além de uma alimentação saudável.

escadas, carregar pacote, varrer a casa) ou formal (pedalar, nadar, caminhar) tem um gasto considerado de calorias diárias por pessoa. Não perca tempo e coloque na sua rotina exercícios físicos diários.

Repouso

Muitas pessoas que se sentem irritadas, deprimidas ou sem concentração é por que não dormem bem e nem suficiente para o corpo suas defesas naturais e assim evitando doenças como; diabetes, hipertensão, cardiovasculares, obesidade e entre outras. O envelhecer é rapidamente acelerado. É recomendado que além do repouso diário é de grande importância tirar um dia da semana para sair da rotina habitual, dando assim um repouso físico, mental e porque não espiritual.

Temperança

A Temperança é o controle de tudo que fazemos em nossa vida, ou seja, equilíbrio para manter a saúde física e mental em total eficiência. Os hábitos que tenha exagero como no trabalho, no lazer, na alimentação, relações pessoais e muitos outros que possam causar desequilíbrio do indivíduo. Não exagere nas atividades, tire tempo para fazer cada uma

delas no seu tempo. Nas práticas saudáveis segue o mesmo conselho de manter o equilíbrio, nada além de que o corpo e a mente suportam.

Luz solar

A luz solar na dose certa é uma grande aliada para saúde do corpo e da mente. A vitamina D é o grande responsável pelo funcionamento do organismo, nele a sua atuação é relacionada ao metabolismo do cálcio, previne doenças como osteoporose e raquitismo. Ficar um longo período sem a luz solar pode causar a depressão sazonal. Abrir as janelas para entrar raios de sol dentro de casa é uma solução que pode trazer bem-estar. O uso de protetor solar é fundamental para evitar doenças de pele.

Espiritualidade

Para fechar, o contato com uma religião é imprescindível na vida do ser humano, onde ela pode buscar forças nas crenças adquiridas nas doutrinas, hábitos sociais e em algumas religiões que adotam hábitos saudáveis. Crie hábitos de orar/rezar independente de sua crença. Meditação é outro benefício que pode trazer confiança para lidar com suas atividades diárias.

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Estúdio familiar mostra a força empreendedorismo feminino ARTE CORPORAL

MÃE E FILHA SE UNEM E ROMPEM PRECONCEITOS APLI -

CADOS NA CENA DO RAMO DA TATUAGEM E COMPROVAM QUE PARA TATUAR NÃO EXISTE GENÊRO.

Há um estúdio de tatuagem e piercing no coração de Campina Grande que tem atraído a atenção das pessoas, não apenas pela qualidade de seus serviços, mas também pela relação bastante intrigante com as donas de negócio. Julia Grazi, especialista em body-piercing e a filha Vitória Ellen, talentosa tatuadora, comandam o Estúdio Danna Tattoo e Piercing: um estabelecimento que ilustra a dialética entre relações familiares e negócios de paixão pela arte corporal. Esta dupla dinâmica é um exemplo único do fato que a família unida pode transformar sonhos em realidade e resistir aos obstáculos.

Julia sempre foi uma empreendedora nata, sonhando em gerenciar seu próprio negócio. A oportunidade se concretizou quando ela decidiu fazer um curso de body piercing, atraindo também sua filha Vitória para o mundo das tatuagens. "Comecei a tatuar como uma forma de terapia, incentivada por um amigo tatuador. Minha mãe sempre quis trabalhar para ela mesma, e essa união de interesses nos levou a abrir o estúdio", explica Vitória. O apoio mútuo foi crucial para o início dessa jornada, mos-

trando como os sonhos individuais podem se alinhar e se fortalecer quando há um objetivo comum.

O nome “Danna”, escolhido por Julia, simboliza mãe, família e união, pilares fundamentais do negócio. Iniciaram suas atividades em casa, mas logo perceberam a necessidade de um espaço próprio devido ao aumento da clientela. "Havia muita gente entrando e saindo de casa todos os dias. Decidimos que precisávamos de um estúdio para profissionalizar nosso trabalho", conta Julia. Essa decisão foi um marco importante, permitindo que mãe e filha oferecessem um ambiente mais adequado e acolhedor para seus clientes, além de separar a vida profissional da pessoal. A realidade de mãe e filha, Julia e Vitória, foi a de atravessar o desafio de se estabelecer em um mercado tradicionalmente masculino. “Eu era uma tatuadora iniciante e queria fazer meu trabalho conhecido. Foi muito difícil, especialmente por ser jovem”, lembra Vitória. O fato de serem mãe e filha era uma vantagem, porém, fortalecia o aspecto dinâmico jovem. Juntas, elas se apoiavam e encontravam saídas, como se posicionar

em eventos e nas redes sociais, conseguindo, assim, um lugar de destaque na cidade.

Para Julia, a conexão com a filha transcende o ambiente de trabalho. "Somos muito amigas e companheiras. Isso facilita a conciliação das opiniões e a tomada de decisões no estúdio", comenta. A sintonia entre as duas é evidente,

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Alisson Brando

MULHERES EM AÇÃO | Com apenas dois anos de existência, mãe e filha se unem no empreendedorismo femino e conquistam notoriedade.

e essa relação se reflete na qualidade do atendimento e na fidelidade dos clientes. A parceria vai além do profissional, criando um ambiente de trabalho harmonioso e colaborativo, onde cada uma respeita e valoriza a opinião da outra, resultando em um negócio bem-sucedido e um exemplo para outras famílias. Vitória ressalta que

a autenticidade é um diferencial no trabalho delas. “Muitas tatuadoras acham que precisam ser masculinas para terem credibilidade. Eu acredito no oposto. Meu trabalho é uma extensão de quem eu sou, independente de gênero”, afirma. Essa abordagem tem ajudado a quebrar estereótipos e a construir uma base de clientes que valoriza a individualidade e o talento das artistas. A diversidade de estilos e a capacidade de atender diferentes perfis de clientes são pontos fortes que destacam o estúdio no mercado competitivo da arte corporal.

O machismo no ramo da tatuagem é um desafio constante. Mulheres tatuadoras frequentemente enfrentam preconceitos e desconfianças, sendo muitas vezes subestimadas por seus pares e clientes. Vitória e Julia decidiram enfrentar essas barreiras de frente, mostrando que a qualidade do trabalho independe do gênero. "Minha mãe sempre me incentivou a seguir meus sonhos e a não deixar que o machismo atrapalhasse nosso caminho", diz Vitória. Esse espírito resiliente tem sido um dos pilares que sustentam o sucesso do estúdio.

O Estúdio Danna Tattoo e Piercing, com apenas dois anos de existência, já se tornou um exemplo de sucesso no empreendedorismo feminino local. Julia e Vitória esperam inspirar outras mulheres a seguirem seus sonhos, mostrando que é possível alcançar reconhecimento e sucesso em setores tradicionalmente masculinos. Para manter um ambiente acolhedor e harmonioso, Julia e Vitória investem constantemente na melhoria do estúdio e no aperfeiçoamento de suas técnicas. Participam de workshops, feiras e eventos do setor, buscando sempre as últimas tendências e inovações. "Queremos oferecer o melhor aos nossos

clientes, mantendo um alto padrão de qualidade e um atendimento personalizado", afirma Julia.

Além do sucesso profissional, a relação entre Julia e Vitória é um modelo de parceria e amizade. "A nossa ligação é muito forte, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Essa conexão nos ajuda a enfrentar os desafios e a celebrar as conquistas", diz Vitória. Essa harmonia reflete-se no ambiente do estúdio, que é visto pelos clientes como um espaço acolhedor e familiar. Esse diferencial tem sido essencial para o crescimento e a consolidação do Estúdio Danna no mercado.

O cenário do machismo no ramo da tatuagem ainda é uma realidade dura, mas histórias como a de Julia e Vitória mostram que é possível romper essas barreiras. Elas acreditam que, com determinação e talento, as mulheres podem conquistar seu espaço em qualquer área. "Queremos inspirar outras mulheres a acreditar em si mesmas e a lutar pelos seus sonhos, independentemente das dificuldades", afirma Julia. Essa mensagem de empoderamento é um dos legados que elas querem deixar para a comunidade. A trajetória de Julia e Vitória é marcada por desafios e superações, mas também por muitas vitórias e alegrias. O Estúdio Danna não é apenas um negócio de sucesso, mas um símbolo de perseverança, união e amor familiar. A história dessas duas mulheres mostra que, com coragem e determinação, é possível transformar sonhos em realidade e construir um legado inspirado

A união familiar e a paixão pela arte são os elementos que tornam esse estúdio único e especial, um verdadeiro exemplo de como a força feminina pode transformar o mundo ao seu redor.

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Incríves, sonhadoras e empreendedoras

NA FALTA DE UM EMPREGO, MULHERES BUSCAM EMPREENDER E GANHAR

UMA RENDA EXTRA MONTANDO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO

Danyelle Fernandes

Investir em um negócio é um desafio e tanto, empreender requer tempo e dedicação. Investir é a solução de muitos, principalmente quem está desempregado, precisa de um trabalho, e tem que pagar as contas do fim do mês. O jeito é colocar em prática o talento naquilo que você sabe fazer de melhor, seja cozinhar, fazer sobrancelhas ou vender acessórios, daí, surge um novo empreendimento.

Borborema, localizada no interior do Brejo paraibano, tem aproximadamente 4.214 habitantes, segundo o IBGE em 2022. Por ser uma cidade com uma pequena população, as oportunidades de emprego também são pequenas, e isso faz com que homens e mulheres migrem de sua cidade para outros estados. Mas esse não foi o caso de Ana, Anaize e Sonally, que residem no município e resolveram mudar esse destino.

“Eu não sabia que gostava de fazer isso, fui me descobrindo por acaso…” Sonally, esteticista.

Começaram o negócio com a expectativa de ganhar apenas um rendimento extra para ajudar nas despesas domésticas enquanto um trabalho fixo não aparecia. “Comecei sem muita perspectiva se iria dar certo, porque na verdade era

SONHO | Ana Beatriz trabalha com acessorios-semijoias. Seu sonho sempre foi empreender.

só uma questão para ocupar meu tempo, eu era muito nova, não tinha emprego...." conta Sonally, 33, esteticista, e está nesse meio há mais de dez anos. “Eu não sabia que gostava de fazer, fui me descobrindo por acaso, dentro de um ano, já tinha muitas clientes, fiz alguns cursos, e tinha um quartinho que era meu estúdio", relata.

Além de montar o seu próprio ambiente de trabalho e com pouco tempo de funcionamento conquistar uma boa quantidade de clientes, se destacou, pois foi uma das pioneiras a criar um espaço dedi-

CONQUISTA | Sonally mais novo estudio

cado inteiramente ao cuidado das sobrancelhas e da pele para mulheres, o que não havia na cidade. Atualmente, Sonally já possui dois estúdios de estética que lhe rendem um bom lucro.

Sonally, fala com empolgação sobre sua conquista e relembra que o espaço para investir na área da estética é vasto, e vai sempre existir oportunidades para quem quer iniciar. "Eu não vejo concorrência, nunca olhei para esse lado. Vejo mulheres que podem ser parceiras, é algo muito positivo e que valoriza muito a cidade", conta.

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empreendedoras

Sonally que é esteticista no seu estudio na cidade de Solanea, PB

TALENTO | Anaize usou seu talento para cozinhar e abriu seu prórpio negócio

Desenvolver um projeto para gerar lucro no final do mês, nem sempre se tratou apenas como um extra, mas sim uma renda que deveria ser fixa, e isso acontece devido a falta de emprego ou perda inesperada do mesmo. É o caso de Anaize, que precisou colocar a mão na massa para conseguir administrar as dívidas mensais. "O que me levou para esse meio, foi a falta de emprego. Eu tinha um emprego, era por contrato, mas na época aconteceu um concurso, não obtive a nota esperada e aí tive que montar meu próprio negócio"

conta, Anaize.

O talento de Anaize para cozinhar sempre foi um destaque entre suas qualidades, cozinhava no dia a dia, mas nunca fora. Depois que perdeu o emprego resolveu usar seu dom para ganhar dinheiro: "Eu trabalho com delivery de marmita, almoço sob encomenda: para casamentos, batizados e eventos", e continua, falando sobre seus sentimentos em relação ao trabalho: "Eu me sinto feliz! Trabalho com o que eu gosto... a gente passa a ser conhecido através do nosso trabalho", relata.

Devido ao bom rendimento

que Anaize tem recebido com as vendas, esse tem se tornado seu único trabalho. Ela tem muitos planos para o futuro, quer crescer o negócio e pretende continuar fazendo isso: "Abrir meu restaurante futuramente, se Deus quiser, e melhorar a cada dia mais", comenta.

Empreender para essas mulheres se tornou sua fonte de renda para sustentar a família e as despesas da casa. É preciso ter garra e confiança no processo. E para uma mulher que tem muitas outras tarefas diárias durante o dia, ter seu próprio negócio é ganhar independência de poder ver a vida de uma maneira diferente.

Histórias como essas são de fundamental importância para gerar exemplos que possam ser seguidos por outras jovens. E o empreendimento feminino tem crescido bastante e vem se destacando. Segundo a pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil em 2022, feita pelo Sebrae, houve um recorde de mulheres donas de empresas, 10,3 milhões, o que corresponde a 34,4% dos empreendedores. Os números são muito positivos e a tendência é que continue crescendo.

Ana Beatriz é estudante de química e trabalha como operadora de caixa em uma rede de supermercados em Borborema. Mesmo com uma rotina muito pesada e tendo que conciliar trabalho e estudo, ela resolveu empreender. Desde muito pequena sonhava em ter seu próprio negócio: “Desde criança sempre tive vontade de empreender e essa ideia foi só aumentando ao longo dos anos”, relata Ana. Conquistar o seu espaço e enfrentar os desafios torna as coisas diferentes. Com pouco tempo nesse ramo Ana conta como se sente “Privilegiada, pois nós mulheres sabemos o quanto é difícil ter espaço e voz dentro da nossa cidade e ser acolhida é muito importante”, relata.

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MUDANÇAS | Prédio onde funcionava uma grande livraria na cidade, hoje tem um espaço reduzido

Comércio de livros em CAMPINA GRANDE

AS EDITORAS DAS DUAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS SÃO DESTAQUE NA PRODUÇÃO DE LIVROS NA CIDADE

Felipe Tavares

Campina Grande é a segunda maior cidade do estado da Paraíba, localizada no Agreste, há 126 km da capital, João Pessoa. O mercado editorial da cidade é diversificado, contando com vendas e produções de livros. Na zona central da cidade é possível encontrar livrarias de diversos gêneros, além da venda de livros didáticos. A venda de livros em bancas de jornais também é muito comum.

No panorama do mercado da venda de livros atual no Brasil, é possível notar a diminuição das grandes livrarias e o aumento de pequenas unidades com o foco em nichos. O que não é diferente em Campina Grande, destaque para a Livraria Espaço Cultural PB, localizada na Av. Pres. Getúlio Vargas, 78, ao lado dos Correios, que se adaptou ao mercado, reduziu seu espaço físico e resistiu ao fe-

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FELIPE TAVARES

Campina Grande possui

• 3 universidades públicas, sendo um Instituto Federal, uma estadual e uma federal;

• 14 universidades particulares

chamento de livrarias na cidade, no espaço antes funcionava a Livraria Cultura.

Mas o que vem se destacando após diminuição e fechamento de livrarias na cidade e no país são os sebos, onde é possível comprar livros usados e com preços mais acessíveis. Através dos sebos, livros que já foram lidos e poderiam ficar esquecidos em estantes, continuam sendo fonte de conhecimento e inspiração, passando de mão em mão através da revenda.

A cidade é um grande centro universitário, contando com três universidades públicas, sendo uma delas o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), além da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). E ainda conta com mais de 14 universidades particulares.

Ao falar em editoras, os destaques são as editoras das duas universidades públicas: a EDUEPB, Editora Universidade Estadual da Paraíba; e a EDUFCG, Editora Universidade Federal de Campina Grande. São editoras que publicam livros científicos e culturais, comercializados gratuitamente ou vendidos a preços bem abaixo do mercado.

Editoras Universitárias

Em 1995, foi criada a Editora da Universidade Estadual da Paraíba, EDUEPB, mas que só iniciou suas atividades em 1998, como um órgão suplementar vinculado à Reitoria da instituição.

Editar, co-editar, publicar, produzir, incentivar a produção, distribuir e fazer circular as obras de qualidades e relevância científica, cultural ou didática são algumas das missões da EDUEPB. Além de ter como objetivo a difusão da ciência e cultura por meio de publicações de livros e periódicos, buscando incentivar novos autores e outros.

A EDUEPB tem no seu catálogo livros disponíveis para downloads, podendo ser divido em livros com Selos Acadêmicos (EDUEPB) e os livros com Selos Latus, onde é disponibilizado um espaço para livros com temas relacionados à cultura.

A editora da instituição visa atender estudantes, professores, pesquisadores e o público em geral, difundindo o conhecimento produzido para além da academia. O catálogo conta com livros didáticos, pesquisas de ponta e obras clássicas de diversas áreas. A EDUEPB concorreu e ganhou importantes prêmios no decorrer dos anos, como o Prêmio Jabuti, que conquistou em 2011, com o livro ‘Teoria Quântica: Estudos Históricos e Implicações Culturais’. A editora tornou-se uma referência na produção de livros pela qualidade acadêmica, editorial e gráfica.

Já a Editora da Universidade Federal de Campina Grande, EDUFCG, foi criada em 2002, junto com desmembramento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que gerou a UFCG. A editora visa divulgar a produção científica e técnicas

de seus pesquisadores, professores, alunos e funcionários. Apresenta obras de diferentes campos do saber, abrangendo diversas áreas do conhecimento.

O diretor da EDUFCG, Bruno Araújo ressalta a importância da produção de livros para a comunidade acadêmica e a população em geral: “A importância da produção de livros, reside no incentivo a produção e a divulgação de obras de natureza científica, didática, técnica, literária e artística; a difusão do conhecimento produzido pela comunidade acadêmica da UFCG; a promoção de atividades de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão; e a colaboração ao processo de desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social do estado, da região e do país.”

A EDUFCG tem buscado expandir sua linha editorial, em especial com livros no formato eletrônico (e-book). O diretor da instituição destaca a importância da produção de ebook pela editora: “A produção e publicação de Ebooks, apresenta sobretudo, o caráter de acesso rápido e fácil às produções, tornando-as imediatamente disponíveis ao leitor em qualquer parte do mundo. Sendo assim, os Ebooks utilizam do ciberespaço para democratizar e agilizar a divulgação científica de nossa comunidade universitária, no sentido geral de virtualização da sociedade atual ", disse. Em 2021, a editora iniciou o processo de digitalização de parte do acervo impresso. Até 2022, a EDUFCG contava com um acervo impresso de 245 livros, sendo 30 publicados em parceria com os autores.

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Contadoras de histórias:

FLIC se consolida

como expoente das feiras literárias

na Paraíba

O RECONHECIMENTO DA IMPORTÂNCIA DA CULTURA DO LIVRO É UM DOS PILARES QUE MOVE AS FEIRAS LITERÁRIAS. A PARTIR DO INCENTIVO À LEITURA E DA VALORIZAÇÃO LITERÁRIA, SOBRETUDO A LOCAL, MUDANÇAS SE TORNAM POSSÍVEIS

ONordeste brasileiro é rico em cultura e diversidade. E como mostra a pesquisa recente do Instituto Pró-livro, ‘Retratos da Leitura no Brasil’, a cultura do livro também é um destaque da região. João Pessoa é a cidade que lidera o ranking, entre as capitais do país, com 64% da população que se dizem leitores. Se consideradas as outras cidades da Paraíba, esse percentual provavelmente seria muito maior. Ainda, o estado se destaca como um polo importante de literatura, e movimentos voltados para essa área são anualmente planejados e executados, com o objetivo de proporcionar diálogos sobre livros e incentivar a leitura. São elas, as

feiras literárias.

Há 14 anos, na região Cariri da Paraíba, acontece a Festa Literária de Boqueirão (FLIBO). O movimento é um dos mais antigos e tradicionais do Estado. A cada ano, a comunidade literária da cidade de Boqueirão e região se reúne, no mês de setembro, para prestigiar uma programação gratuita repleta de cultura, diversidade e, claro, muitos livros.

A iniciativa, promovida pela Associação Boqueirãoense de Escritores (ABES), junto a outros colaboradores, busca celebrar a história literária da Paraíba. Essa ideia de reconhecimento da importância da cultura do livro é um dos pilares que move as feiras literárias. É

EDUCADORA | Iasmin Mendes é uma das idealizadoras da Feira Literária de Campina Grande

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FOTOS: EVA LEITE

suas trajetórias tenham se iniciado há pouco menos de cinco anos, os movimentos já conseguiram mobilizar a comunidade literária local, promovendo o incentivo para o resgate e valorização das histórias e raízes culturais dos municípios. O objetivo é presente já desde o tema central de cada edição: “Entre versos e veredas do brejo paraibano”, na II FLAREIA, e “Lagoa Seca de Vila a Cidade”, na IV Semana Literária.

Assim como a literatura, outras formas de arte sempre estão presentes na programação das feiras, como a música e o teatro, nas mais diversas formas de comuni-

car e contar histórias. O intuito é abordar temas que interessem ao público para, além de entretê-lo, despertar nele a inspiração e o pensamento crítico. Nesse contexto, as feiras alcançam um significativo número de público que, até poucos anos atrás, não tinha acesso a cultura do livro.

Como missão, as feiras buscam ser um espaço para todos os tipos de leitores, inclusive para formar novos amantes da leitura. E a Feira Literária de Campina Grande (FLIC), em sua sétima edição este ano, vem contribuindo para as leituras de mundo que convergem dentro e fora do Estado.

Reunir pessoas para compartilhar histórias

entendendo que, a partir do incentivo à leitura e da valorização literária, sobretudo a local, mudanças se tornam possíveis.

A exemplo da Feira Literária de Areia (FLAREIA), e a Semana Literária de Lagoa Seca. Ainda que

“A gente se aventurou, e foi uma aventura que logo no início deu um retorno muito positivo, no sentido de percebermos, nos leitores de Campina Grande, uma falta desse tipo de evento. Na época, falamos com Mirtes Waleska, da FLIBO, que é uma festa que existe há mais de dez anos, da qual já tínhamos participado de diversas formas e, a partir desse processo, foi criada a Feira Literária de Campina Grande”, conta Iasmin Mendes, uma das idealizadoras da FLIC. O intercâmbio cultural entre as cidades de Boqueirão e Campina Grande propiciou a implementação da primeira feira literária na Rainha da Borborema, em 2018.

Pelas mãos dos educadores Stellio Mendes, Carla Teide, Iasmin Mendes e Samelly Xavier, com o

apoio de diversos colaboradores, como o Ministério da Cultura através da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto veio a tomar forma como um movimento a partir de 2019: “A gente percebe o quanto a FLIC cresceu em sete anos, né? No início, participavam muitos amigos nossos, pessoas conhecidas, muito ligadas à literatura, escritores, mas hoje já conseguimos ver um público bem mais robusto”.

Desde então, a FLIC passou a promover não apenas a feira, mas um verdadeiro evento itinerário pela cidade, alcançando os espaços públicos em suas mais diversas formas, através de encontros, saraus, oficinas em escolas, parques, bibliotecas e centros culturais: “A FLIC é um movimento literário para todos os leitores. Isso

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é muito amplo, e é inclusive um desafio, pois conseguir generalizar um evento para tanta gente também é difícil. Mas acreditamos que todo leitor tem que se encontrar de alguma forma no nosso movimento”, ressalta Iasmin.

Para tanto, o tema de cada edição parte de um conjunto de ideias que buscam expressar a filosofia da FLIC, a exemplo de alguns deles, como “Palavras que emancipam”, “Leituras de todos os cantos”, “Páginas de esperança”, entre outros: “São temas que mostram no que acreditamos, e para onde acreditamos que a literatura é capaz de levar. Paulo Freire é, talvez, um dos maiores homenageados porque a gente parte dele em muitos dos temas, então alguns dos conceitos e pensamentos dele sempre estão conosco a cada edição”, diz Iasmin.

A iniciativa visa, também, contemplar a pluralidade de obras e autores. Em 2018, um dos destaques da edição foi o protagonismo de escritores campinenses, que lançaram seus livros durante a FLIC, entre eles, “Uma história de cada vez e as cores de cada uma”, escrito por alunos da Escola Municipal CEAI Dr. João Pereira de Assis. Como explica Iasmin: “Tentamos sempre trazer escritores que versem com os diferentes públicos. Já trouxemos o Xico Sá, Zack Magiezi, Aline Bei, Viviane Mosé e o poeta Sergio Vaz. Então, procuramos alcançar essa diversidade, para que passemos aquilo em que acreditamos. Não procuramos leitores de gêneros específicos, mas sim qualquer pessoa que se interesse por literatura”.

Ler para conhecer: livros são a porta de entrada para novas realidades

Por meio dos projetos Leitura Viva, Cine Enem e Repórter Literário, que acontecem de forma itinerante durante todo o ano, o público infanto-juvenil e adolescente das escolas do ensino público de Campina Grande é estimulado a conhecer cada vez mais o universo literário. Esse tipo de abordagem é apontada como um dos fatores de incentivo à leitura, uma vez que as escolas ainda são importantes mediadoras do gosto pela leitura, conforme dados da 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2020.

Ainda assim, o cenário do interesse pela leitura parece desafiador, considerando a realidade digital em que o público está inserido. Iasmin destaca que é preciso reformular discursos e iniciativas de incentivo à leitura, sobretudo entre os jovens: “Será que é só leitura de livros clássicos e em formato físico que conta? Claro que não, os jovens têm hoje várias possibilidades de acesso à leitura, na internet principalmente, e acesso a gêneros como fanfics, que segundo alguns estudiosos, não é visto como literatura. Mas devemos parar para pensar se isso não é apenas uma das formas de se ter contato com esta e outras leituras, para que os jovens conheçam e se interessem também por outros gêneros, a partir desses que eles têm mais contato e referência”.

Com isso, algumas alternativas para otimizar esse cenário tomam forma no desenvolvimento dos projetos da FLIC, que objetivam o debate de obras literárias nas escolas

EVA LEITE

e transformam os dispositivos digitais em importantes aliados para o processo de leitura. Um exemplo dessa prática pode ser observado no projeto Repórter Literário, uma parceria com o projeto Anti-horário, do curso de Jornalismo, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB): “O Anti-horário participou com uma oficina pontual no primeiro ano, nos encantamos pelo projeto, e quando decidimos transformar a FLIC num movimento literário, com cronograma de atividades durante todo o ano, e com projetos voltados para as escolas, a gente procurou o coordenador do Anti-horário, o professor Antonio Simões, e pensamos em conjunto como desenvolver a parceria. Foi aí que surgiu o Repórter Literário, que é um projeto no qual alunos de jornalismo capacitam estudantes do ensino básico para a produção de conteúdos midiáticos”, explica Iasmin. Dessa produção, a cada ano nascem diversos trabalhos.

A FLIC é vista por seus idealizadores como uma política de formação de leitores, e propiciar a convergência de formatos e realidades literárias dentro das escolas é uma das formas pelas quais o movimento busca alcançar aqueles que já lêem, bem como os que ainda não se apaixonaram pela literatura.

Tal caminho inclui considerar positivamente os dispositivos digitais, como afirma Iasmin: “Temos que entender a tecnologia e incentivar que ela seja uma porta de entrada para a leitura. Porque a tecnologia está aí, ela existe e não é um discurso negativo que vai tirar o celular da mão de um jovem, e da nossa também. A tecnologia é uma realidade e a gente tem que lidar com ela, tem que ver como é que a leitura pode permear por um mundo que é midiatizado pela tecnologia”, afirma Iasmin.

SÉTIMA

Leituras do mundo

Viver a literatura em suas mais diversas faces implica uma leitura de mundo, como conta Iasmin Mendes: “Paulo Freire é um dos grandes norteadores da FLIC, e ele traz muito a ideia de que, para além da leitura da palavra, é necessário que a gente se forme para a leitura do mundo. A ideia é que a gente compreenda as problemáticas que existem no nosso mundo e que a gente possa, a partir dessa leitura, a partir dessa compreensão, agir, mudar, modificar”. Daí a escolha do tema da sétima edição da FLIC, “Leituras do mundo”, que acontece este ano, com a presença já confirmada de Itamar Vieira Junior, escritor nordestino e autor de “Torto Arado”, um dos atuais sucessos da literatura brasileira.

Ao longo do ano, os projetos nas escolas seguem em desenvolvimento, enquanto a programação do evento conta com a realização, em novembro, de exposições, feiras colaborativas, apresentações artísticas, debates e rodas de diálogo, lançamentos de livros, palestras e oficinas. Dessa diversidade de trocas e representatividade no cenário local, o pú-

blico, já estimado em mais de 4 mil pessoas, encontra na FLIC um lugar de conexões entre ideias, saberes e livros.

Os novos passos da FLIC são em direção à internacionalização do movimento, agregando parcerias de outros países que também desenvolvem iniciativas voltadas para a cultura do livro, e entendendo, assim, no público leitor de Campina Grande, a potencialidade de unir diferentes formas de arte e gosto, através da leitura, como coloca Iasmin: “A FLIC tem essa perspectiva de que uma leitura não é só uma decodificação de texto. A gente acredita que formar leitores não é alfabetizar crianças, no sentido de decodificação, mas sim que, a partir do momento em que a gente desenvolve esse processo de formar leitores, que é o intuito principal da FLIC desde 2018, consigamos modificar o mundo. Então, buscamos trazer a leitura muito no sentido de protagonismo, de que as pessoas percebam que, através da leitura, através da literatura, a gente pode ter um Brasil e um mundo melhores”.

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JÚLIO CÉSAR/FLIC
EDIÇÃO | Sarau de lançamento da VII edição da FLIC

Leitura que se faz sentir presente

Ler é um ato revolucionário. É uma ferramenta da qual o ser é munido desde criança, seja em casa ou na escola. Munido, em primeiro lugar, de criatividade. Das fábulas clássicas aos contos de fada, as crianças são levadas ao ponto mais longe que sua imaginação pode alcançar. Quando atingida a idade de compreender temas mais próximos da vivência em sociedade, o jovem estudante encontra, na leitura, uma compreensão de si mesmo e do outro, na obra perspicaz de um autor ou autora, que toma forma e sentido numa diversidade de gêneros literários a se encontrar. É desse processo, ora tão simples e instigante, ora tão complexo e desafiador, que o indivíduo torna-se capaz de decodificar muito mais do que palavras organizadas em versos e parágrafos.

A leitura é, também, um direito revolucionário. É parte indissociável da construção de identidade e repertório sócio-cultural de um indivíduo, contribuindo para a interpretação do mundo em que vive. Desde a formação das linguagens humanas, a leitura é um importante catalisador de pensamentos, sentimentos, ideologias e histórias, sendo possível, por meio dela, alcançar transformações sociais. No entanto, tal concepção nem sempre se deu dessa maneira. No Brasil, a leitura foi, por muito tempo, um processo recluso somente às esferas elitistas, que tinham acesso à educação e podiam, assim, cruzar horizontes além das páginas dos livros que tinham em mãos. Esses objetos eram remotos à realidade de grande parte da população que, invalidadas pelo sistema, desconheciam as contribuições literárias. Estas, por sua vez, são inúmeras. No sentido literal e fisiológico do ato, ler proporciona uma série de interações neurais que estimulam a criatividade, imaginação e o senso crítico, além de contribuir para a melhora da escrita e do vocabulário. Por outro lado, a subjetividade da leitura está nas entrelinhas do processo. Como uma unidade de sentidos que cumpre, para muitos, quase o mesmo papel vital de um órgão do corpo, o exercício da leitura é

Os livros também são uma porta de entrada para lugares de identificação e resistência. {

tido como um suporte emocional bastante estratégico e eficaz, versando sobre a criatividade e os sentimentos dos leitores que encontram, nas histórias e personagens, leituras de mundos reais e ficcionais. Os livros também são uma porta de entrada para lugares de identificação e resistência. Muito dessa concepção é presente, hoje, através dos expressivos movimentos literários em diversas partes do mundo, que possibilitam a democratização do acesso ao livro, com a convergência entre culturas e diálogos, além de promover a valorização de obras literárias e a formação de novos leitores. No Brasil, esses movimentos vêm se destacando há quase três décadas.

A literatura alcançou os espaços públicos do país na forma de feiras e festivais, a partir de 1995. De norte a sul, comunidades das grandes

e pequenas cidades viram eventos como esses ganharem forma e despertarem, assim, o interesse literário das pessoas a partir das particularidades de cada região do país e, com o intuito de trazer à luz os mais diversos temas e dar voz e visibilidade àqueles que movem o setor e a cultura do livro, as feiras literárias seguem como agentes importantes do fomento à regionalização e à expansão do seu potencial para transformar vidas.

Portanto, cabe dizer que a leitura é um encontro com o passado, presente ou futuro. Para além da mais pura e simples decodificação de textos, independente do formato, seja no livro físico ou digital, a leitura permite uma fusão entre histórias, identidades e realidades, que transformam a noção do espaço-tempo. O livro transporta e transfigura a ideia do “aqui e agora”, e não só faz pensar em mudanças, como é o principal precursor delas. Sempre é tempo de ler, mais que ontem e menos que amanhã. Visitemos as feiras literárias.

baraúnas | junho, 2024 24 |
Artigo
tradição do café em Taquaritinga-PE
Coffee Break Coffee Break O aroma e a

No mundo movimentado de hoje, uma xícara de café é mais do que uma bebida; é um ritual diário, uma pausa revigorante e um negócio global multi bilionário. Essa bebida, amada por milhões ao redor do mundo, é um combustível que movimenta economias e conecta pessoas.

O Brasil é mundialmente conhecido como um dos principais produtores e consumidores de café. Com sua vasta extensão territorial e condições climáticas favoráveis, o país se destaca na produção dessa bebida

tão apreciada ao redor do mundo. O café influencia profundamente a economia, a sociedade e as paisagens brasileiras.

A introdução do café no Brasil é atribuída a Francisco de Melo Palheta que, em 1727, trouxe sementes da Guiana Francesa para o estado do Pará. “Tem toda uma história de uma missão, que o general Palheta saiu para trazer esse café para cá, pois os países que tinham o café naquela época não distribuiam para outros países.” conta o cafeicultor e barista Ewerton França, de Taquaritinga do Norte-PE. Inicialmente, o cultivo brasileiro era modesto e voltado para o

consumo interno.

Entre 1820 e 1930, o chamado "Ciclo do Café" transformou o Brasil no maior produtor e exportador mundial da bebida. A cafeicultura impulsionou a economia brasileira e a industrialização, além de atrair imigrantes, especialmente italianos, japoneses e alemães, para trabalhar nas fazendas de café.

Por muito tempo o país foi exclusivamente dependente do café. Hoje em dia, o Brasil diversificou a sua economia, mas o café continua sendo um forte aliado. Atualmente, há um foco crescente em práticas sustentáveis, qualidade do grão e

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Larissa Alves

TERRA DO CAFÉ |

Taquaritinga do Norte é a Capital do Café Pernambucano inovação tecnológica para manter a competitividade no mercado global. A região Sudeste se destaca como a maior produtora de café do país. De acordo com dados da Compania Nacional de Abastecimento (Conab), sobre a produção brasileira de café de 2023, a região foi responsável por 86% da produção do ano. Destaque para os estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Em segundo lugar surge o Nordeste

com 6,1% da produção nacional. Na região, a Bahia é a única que produz café em larga escala, ocupando o quarto lugar no ranking nacional. Além dela, no Nordeste destacam-se os estados de Pernambuco e Ceará com boas produções do grão.

Terra

do Café

A trajetória do café no Brasil é um reflexo da capacidade do país de adaptar-se às mudanças econômicas globais, ao mesmo tempo que molda sua identidade e desenvolvimento socioeconômico. Neste contexto, partimos para a cidade pernambucana de Taquaritinga do Norte, que recebeu o título de “Terra do Café”, e é responsável por mais da metade da produção de café do estado, ocupando o primeiro lugar como produtora de café em Pernambuco. Pernambuco, junto com o Ceará, foi o terceiro estado brasileiro a receber os primeiros grãos que chegaram da Guiana Francesa. Ao longo dos anos, o café do país foi sendo modificado geneticamente, para atender a demanda do comércio mundial e produzir em larga escala. Mas, na capital pernambucana do café, se encontra a versão original do primeiro grão, que foi trazido em 1727, o arábica típica, com um aroma forte e sabor adocicado.

Em dados de registros, o café já estava na cidade em 1890, constando na primeira escritura do cartório de registro de imóveis do município. O documento discorre sobre a venda de uma propriedade com 2.700 pés de café, apenas 3 anos após Taquaritinga do Norte ter recebido o título de cidade.

Hoje, não se pode quantificar quantas produções de café existem na cidade, pois a grande maioria dos sítios da região, dos pequenos aos

grandes, possuem pés de café. Dos que comercializam o grão, são cerca de 200 produtores. E a cada ano aumenta o número de novas marcas que surgem na região.

Cerca de 98% do café produzido pela cidade é o arábica típica, sendo o patrimônio genético que o município detém. A altitude (entre 650 a 1.000 metros) e o clima da cidade serrana auxiliam no cultivo do grão. “Os cafés arábicos, normalmente, não costumam ter uma boa produção abaixo dos 500 metros de altitude. Hoje plantamos café aqui em torno dos 650 a 850 metros. Essa altitude e o clima frio são benéficos para o café. Também por causa do equilíbrio com o consórcio de outras plantas, onde o café é inserido dentro da mata.” conta Ewerton.

Além de Taquaritinga do Norte, só se produz comercialmente do mesmo tipo de café no Ceará. Esse tipo de café especial é reconhecido nacional e internacionalmente. A marca produzida por Ewerton França, a Rudimentar Coffee, já foi pensada para competir. O café especial é uma porta de entrada para o descobrimento das notas sensoriais presentes no café (como jaca, caju vermelho, maçã, abacaxi, entre outros).

A Rudimentar já participou de diversas competições, ficando em 5° no campeonato brasileiro de barismo (São Paulo, 2022) e também esteve presente no mundial em Milão, com o campeão chileno que disputou com a marca norte-taquaritinguense, além de outras partições passadas e planejadas para o futuro.

“Estamos nesse meio para entender e melhorar o nosso café. Mostrar que também somos capazes, mesmo com uma produção menor. [...] A cada campeonato que vamos, tiramos um aprendizado. A gente vol-

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RUDIMENTAR COFFEE |

Marca de Ewerton França leva o nome de Taquaritinga para campeonatos pelo mundo

ta, estuda, torra café de novo… Não diria que erramos mas aprendemos com esse processo. Nosso olhar é levar o nome de Taquaritinga e do café de Pernambuco para o lugar que acreditamos que ele merece estar, que é entre os melhores do país.”. Fala o cafeicultor, Ewerton França.

O Café como Identidade

Cultural e Patrimônio

O cultivo e o consumo de café podem se tornar parte integrante da identidade cultural de uma região. Cidades como Taquaritinga do Norte frequentemente incorporam o café em suas traduções e festividades. Para o município pernambucano, o grão está enlaçado na cultura e fomenta o turismo da região, marcada pela existência do café quando a cidade ainda era apenas um povoado.

A tradição da cidade cafeicultura foi preservada pelos mais de 200 anos da região. Tanto tempo de história e produção de um café especial como o arábica típica, chamou a atenção do estado inteiro, e a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEP), concedeu o título honorífico de Capital/Terra do Café de Pernambuco para a cidade.

A produção de café na cidade contribui para o desenvolvimento econômico, sustentabilidade e cultura local. Para entendermos sobre a importância do café para a região, conversamos com o Secretário de Turismo de Taquaritinga, Léo Lima. Ele conta como a cultura do café trouxe grandes resultados para o município.

Como exemplo do impacto do café na cidade, o Festival Café Cultural, que começou em 2018, contou

com a participação de mais 70 mil pessoas na sua última edição. Grande número comparada a população de cerca de 24 mil habitantes do município. Como alguns dizem, “o menino já nasceu grande”:

“O Café Cultural desde a primeira edição foi um evento magnífico. Que trouxe grandes resultados para a cidade e a partir dele muita coisa mudou. Antes de 2018 nós não tínhamos nenhuma cafeteria na cidade, apesar de ter café em Taquaritinga à mais de 200 anos. Nós tínhamos 4 ou 5 rótulos de café, hoje temos 25 (na minha última contagem porque sempre aparece um novo). Tínhamos empreendimentos voltados para a área turística fechando (fecharam restaurantes, pousadas…). E a partir do Café Cultural a cidade passou a viver novamente a áurea do turismo.” Relata Léo Lima.

A cultura do Café reacendeu o turismo da cidade e contribui fortemente para a economia local. O valor do café para Taquaritinga do Norte não pode ser medido pelo seu preço. Ele é tradição, cultura, sustentabilidade e desenvolvimento.

“O café representa uma grande

oportunidade para Taquaritinga. Somos uma cidade que ainda preserva a mata atlântica, o café necessita dessa mata de pé. É nossa garantia de ter nosso clima preservado. O café representa a oportunidade de ser um produto turístico, uma vitrine para atrair turistas à conhecer a cidade e a história do café. Se eu pudesse definir em uma palavra, o café em Taquaritinga seria isso: Uma grande oportunidade.” Fala o secretário de Turismo, Léo Lima.

“Eu tenho o café como uma paixão, como um estilo de vida. É difícil hoje alguém se referir a mim e não lembrar café. Para mim, é um propósito. Eu encontrei meu propósito de vida, o que eu quero fazer para frente. O café me trouxe muita coisa boa.” Conclui, Ewerton França. O café transcende as fronteiras geográficas e culturais, unindo pessoas em torno de uma paixão em comum. Do campo à xícara, ele continua a desempenhar um papel vital na sociedade, moldando economias, preservando tradições e inspirando inovação. E você? Já fez uma pausa para apreciar essa fascinante bebida hoje?

baraúnas | junho, 2024 28 |

a construção do império de JAY

Dançarina, estudante, professora, militante e muito mais: com apenas 20 anos de idade, Jay Império já carrega uma bagagem repleta de experiências maior do que muitas pessoas mais velhas. Pode-se dizer que ela é uma verdadeira aventureira, sem medo de tentar coisas novas em lugares inesperados. Com seus cabelos cacheados e olhos castanhos, Jay se identifica como uma pessoa trans/travesti e é natural de João Pessoa, onde vivia no famoso bairro do Bessa, área muito frequentada pelos turistas locais. Porém, aos 19 anos, a amante da cultura ballroom (é daí que vem o nome “Império”) tomou a decisão de trocar as praias ensolaradas e os agitos da vivência na capital pela cidade vizinha, que é próxima, mas ao mesmo tempo tão diferente, Campina Grande.

{ perfil junho, 2024 | baraúnas | 29
Lucas Tavares

Dançarina, estudante, professora, militante e muito mais: com apenas 20 anos de idade, Jay Império já carrega uma bagagem repleta de experiências maior do que muitas pessoas mais velhas. Pode-se dizer que ela é uma verdadeira aventureira, sem medo de tentar coisas novas em lugares inesperados. Com seus cabelos cacheados e olhos castanhos, Jay se identifica como uma pessoa trans/travesti e é natural de João Pessoa, onde vivia no famoso bairro do Bessa, área muito frequentada pelos turistas locais. Porém, aos 19 anos, a amante da cultura ballroom (é daí que vem o nome “Império”) tomou a decisão de trocar as praias ensolaradas e os agitos da vivência na capital pela cidade vizinha, que é próxima, mas ao mesmo tempo tão diferente, Campina Grande.

Mudando os cenários

Ao ser aprovada em um concurso para intérprete de libras no município de Areia, Jay não quis deixar a oportunidade passar, mas também não quis se tornar residente de uma cidade pequena demais para a sua grande personalidade. Foi a partir dessa aprovação que ela resolveu deixar João Pessoa por Campina Grande, assim poderia exercer o seu novo trabalho e ainda residir numa cidade que combina melhor com o seu estilo de vida.

“Eu pensei “vou me mudar pra Areia? Não vou me mudar pra Areia”, né? Eu não tinha perspectiva de ficar lá porque, poxa, iria estar quase que completamente isolada de tudo, tanto politicamente, quanto da ballroom. Daí veio a decisão de me mudar pra Campina, indo e voltando de Areia diariamente. Então agora eu trabalho em Areia e moro em Campina”, comentou Jay sobre a mudança que a trouxe até a Rainha da Borborema.

Todos os dias pela manhã, Jay acorda cedinho, pega os seus fones de ouvido, coloca a sua playlist de pop/R&B e viaja de ônibus para

Areia, o que ela não curte tanto, mas é necessário já que ainda não possui moto ou carro próprio. Lá, ela atua como intérprete de libras, orientando uma aluna surda e autista com as aulas e outras atividades escolares. Foi nessas viagens diárias que ela descobriu que, apesar de não ser a cidade perfeita, Areia tem o seu próprio charme.

“O clima me encanta! Vivi a maior parte da minha vida no calor, então o frio areiense me fascina” contou Jay em risadas.

Abraçando a ballroom

Depois de finalizar suas obrigações matinais em Areia, Jay volta para Campina, ouvindo sua playlist ou aproveitando o tempo no ônibus para tirar um rápido cochilo. Na cidade, ela frequenta a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde cursa Libras desde 2023, área na qual ela já tem a oportunidade de atuar graças à aprovação no concurso. Na cidade, ela se tornou popular por outro aspecto presente na sua vida desde a adolescência: a ballroom.

“A primeira vez que eu tive contato com a ballroom foi em 2019. Eu vi um vídeo no YouTube, de um baile em Paris, que teve uma categoria de País vs País. Os países se juntavam em grupos e faziam performances representando o seu país. Assisti o grupo do Brasil, que coincidentemente a minha hoje mãe estava nesse grupo. Mas depois nunca mais busquei nada relacionado. Em 2021, uma amiga minha que era do teatro transicionou, entrou na ballroom lá em João Pessoa, daí comecei a acompanhar tudo, fiquei muito interessada, passei a frequentar bailes, oficinas e treinos”.

Na cultura, que foi criada por mulheres trans e travestis da década de 1970 nos Estados Unidos, as minorias, principalmente pessoas LGBTQIAPN+, encontram um espaço livre de preconceitos para se conectarem umas com as outras através

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do voguing, estilo de dança surgido dentro da cultura.

“A ballroom se estrutura por casas, que são as nossas “famílias”. Por exemplo, eu sou da Império, uma casa que tá no Brasil todo. A gente tem mães e pais das casas, príncipes e princesas, padrinhos e madrinhas. Hoje eu sou só filha. Ainda não tenho nenhum título, mas você vai recebendo esses títulos ao longo dos anos. Minha mãe aqui na Paraíba é a Kitty Império, que me guiou muito”.

Entre os artistas do voguing que inspiram Jay, estão Makayla Revlon, Gigi Revlon, Tamiyah, Tanesha e Yolando, de acordo com a própria.

O império CG Tem Kunt

Ao vir para Campina, Jay precisou deixar a cultura ballroom de João Pessoa, mas isso não a impediu de continuar fazendo o que gosta, pois na cidade nova ela percebeu que haviam muitas pessoas talentosas, à espera de uma chance. Foi a partir daí que surgiu a iniciativa do “CG Tem Kunt Ballroom”, onde Jay começou a construir o seu próprio Império de acolhimento.

“Comecei a ministrar oficinas, a fazer treinos semanais e aí surgiu a página @cgtemkunt, que eu criei pra poder divulgar as movimentações que a gente fazia e tudo o mais. Daí, começaram a chegar pessoas, pessoas e mais pessoas por esse perfil no Instagram e eu criei um grupo no WhatsApp. Foi entrando gente e hoje temos essa coletividade de pessoas. Passo os ensinamentos que eu tinha da cultura pra essas pessoas que têm tanto potencial e querem explorar isso”.

em Campina sou eu e a Dorothy, da casa Baixa Costura, que é de João Pessoa, mas vem produzir balls aqui também. E os bailes tem temas variados, por exemplo, fiz uma ball Anos 2000 pro meu aniversário. Após esse processo criativo de pensar o tema e o formato, a gente vai atrás do lugar. O melhor local pra mim é o Museu dos Três Pandeiros”.

O grupo criado por Jay e seus colegas de ballroom agora é um espaço de segurança para pessoas LGBTQIAPN+ que precisam esconder da família a sua orientação sexual ou identidade de gênero, além de também acolher pessoas mais velhas do meio que vivem à margem da sociedade.

“A ballroom tem esse poder de criar um espaço muito gostoso pra nós” disse ela com um sorriso no rosto.

Novos horizontes

BALLROOM |

Na ball (baile)

Jay se reúne com seus colegas da cultura para dançar vogue e ser julgada pela performance

Hoje, segundo Jay, o grupo já conta com cerca de 40 integrantes, em diferentes níveis de assiduidade. Mas Jay não quis ficar apenas nos treinos, pois a ballroom não é apenas sobre ensaiar, mas também sobre performar.

“A ball (baile) é o ápice da ballroom! Elas têm acontecido num ritmo mensal. Hoje quem produz balls

Jay, que jamais se contenta com pouco, tem uma visão brilhante para o futuro do projeto. Entre as perspectivas para o grupo estão: conseguir monetizá-lo e leva-lo para mais bairros da cidade, podendo assim alcançar um número maior de gente. “Agora mesmo eu tô visando editais, pra poder submeter a ballroom em eventos maiores. Queria que no futuro o público pudesse pagar, o que facilitaria o pagamento de pessoas como coreógrafos, fotógrafos, DJs e etc. Outra perspectiva é chegar em outros bairros. A gente precisa estar em todos os lugares. Esse ano quero chegar na UEPB porque lá tem muitas pessoas trans, não é atoa que a universidade tem cotas pra pessoas transgêneros”, falou Jay com entusiasmo no rosto.

Por fim, Jay ainda acrescenta que no seu tempo livre, quando não está se dedicando ao trabalho em Areia, aos seus estudos na UFCG ou à ballroom, ela gosta dedicar tempo aos seus outros hobbies: se maquiar, navegar por jogos on-line e comer bastante, disse ela rindo.

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ARTISTA: Fazer arte é o que a faz sentir-se viva

NASCI PARA A ARTE

“Quando eu era criança, eu pensava em ser várias coisas: bailarina, pintora, cantora, atriz... A arte sempre me chamou.” É assim que Aluska Melo, nascida e criada em Queimadas-PB, relata sua constante vibração por não querer ser ou se encaixar no que é dito como a profissão ideal pela sociedade. Mas nem sempre foi assim…

Seu sentimento durante a transição do Ensino Médio para a vida adulta, era de estar como um passarinho em uma gaiola. Como diria o cronista Rubens Alves "Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas". A sensação que sentia durante esse período era de estar presa nas expectativas que eram taxadas sobre si, logo, não conseguia bater suas asas, não conseguia alcançar voos maiores na direção que almejava.

A pressão para entrar na universidade tomou conta de si, no seu imaginário só conseguiria dar orgulho para os seus pais se tivesse um diploma na mão. Essa auto sabotagem a fez engatar em um voo que frustrou ainda mais suas expectativas. Por gostar e saber falar a língua inglesa, ingressou no curso de Letras Inglês pela UEPB, mas assim que percebeu que essa não era a profissão que queria para o seu futuro, sem relutar, desistiu.

Com o passar do tempo, a maturidade a fez aprender a lidar com essa cobrança e entendeu que a vida não

se resume a uma graduação. Imagina só, ela tem apenas 22 anos.

REDEFININDO OS PLANOS

Foi então que focou em dedicar-se ainda mais à arte. Começou a pintar e desenhar em telas: e os seus sonhos começaram a se desenhar em retângulos e quadrados, quadros, tatuagens. O famoso: espairecer a mente, que acabou dando certo.

“Eu sempre fui conectada com arte. Antes de tatuar, eu comecei a desenhar meu corpo com canetinha de cd, postei no Instagram e choveu MUITOS comentários que eu seria uma ótima tatuadora. Um rapaz pediu para eu criar uma arte para outro tatuador fazer nele (na época eu ainda não era tatuadora). Tudo me incentivou a entrar nesse universo. Quando apareceu a oportunidade, eu agarrei com todas as forças”

Percebeu no seu primeiro mês tatuando, que há uma alta rentabilidade nessa área, ainda mais se você for excelente. Hoje, consegue gerar uma renda mensalmente maior que um salário mínimo, seu sentimento é de liberdade e realização. “Eu sou muito feliz com o meu trabalho, pois, além de fazer o que gosto, eu ainda ganho dinheiro com isso”.

fiz muitas tatuagens, mas eu lembro que as duas que geraram os melhores sentimentos em mim, foram: a primeira que eu fiz, naquele momento, eu sabia que havia nascido para isso; e uma bem recente, que foi tatuar um astronauta”. Com paixão estampada em seu rosto, Aluska confessa que é apaixonada por astronomia e ao fazer essa tatuagem, o sentimento era de estar desenhando em nuvens.

Jefferson Cardoso, responsável por ter o astronauta eternizado em sua pele, conta que foi uma mistura de emoções, um pouco de medo, ansiedade e felicidade de uma única vez, por estar realizando sua primeira tatuagem.

Mas o talento e a dedicação de Aluska deixou o processo mais leve. “O atendimento foi muito bom. Conversamos, brincamos e isso ajuda a distrair, principalmente quando estamos na sessão. A conversa ajuda a não focar na dor e acaba deixando tudo mais fácil, além dela explicar todos os cuidados que você tem que ter após fazer a tatuagem. Isso fez toda a diferença.”

O medo de ser tatuado pela primeira vez gerou no fim uma grande satisfação. “O resultado ficou incrível! Já tenho planos de fazer outras. Quando alguém fala sobre tatuagem eu a indico de cara.”

A sensação de eternizar arte na pele das pessoas sempre traz entusiasmo para o seu dia a dia. “Eu já

Hoje, sua maior motivação são seus clientes. Muitas pessoas a procuram porque desejam ficar com a autoestima melhor. Ela, que já relu-

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ALEGRIA NA PONTA DA AGULHA
{ Perfil

tou para aceitar seus longos cabelos cheios de cachos, sabe que não tem preço algum proporcionar isso para alguém.

APOIO DA FAMÍLIA

Ao ser questionada como sua família reagiu com seu ingresso nessa profissão inusitada, ela diz com seus olhos castanhos brilhantes, semblante feliz e aliviada que os mesmos a entenderam, principalmente seu pai, que foi a pessoa que mais a surpreendeu. Imaginava que ele não iria gostar muito da ideia, tendo em vista que por muito tempo não só ele, mas toda sociedade tratava a tatuagem como algo negativo e estereotipado. Hoje, eles a apoiam, incentivam e vibram juntos por cada novo passo dado nessa carreira.

Aleska Melo, sua irmã gêmea e sua maior parceira de vida, conta que a sensação ao ver sua irmã traçando seu próprio caminho e seguindo seus sonhos é de muita alegria. Porque, desde muito pequena, ela desenhava, pintava e era sempre encantada pela arte no geral. “Para nós que somos próximos, sabíamos que ela sempre iria destacar-se como artista.” Apesar de possuir o mesmo DNA, e ter uma ligação de almas com sua irmã, Aleska confessa que não possui o gene da arte nas veias. “Eu sou o oposto de Aluska. Há pessoas que já nascem com o dom e a arte de transformar, creio que ela é uma dessas pessoas.”

ARTE PARA ALÉM DA PELE

Além de tatuar, Aluska também pinta em telas, paredes e desenha (tanto em folhas A4, como desenhos digitais). Fazer arte de fato é o que a faz sentir-se viva. Apesar de no passado não ter tido uma experiência positiva com a universidade, no presente, não se sente mais aprisionada nas expectativas alheias

TATUAGEM: Aluska inaugurou seu estúdio em março de 2024

e está cursando uma nova graduação: Tecnólogo em Construção de Edifícios no Instituto Federal da Paraíba - IFPB. Desta vez, a escolha foi certeira, pois tem a ver com o que mais gosta de fazer. Depois desse curso, ainda tem interesse em fazer arquitetura ou urbanismo.

Prestes a abrir seu próprio estúdio, seu maior objetivo é deixá-lo com sua cara. “Eu demorei em decidir o que fazer nele, pois além de tatuar, eu também trabalho com pinturas em paredes e decidi que vou pintar o teto, usando a inspira-

ção do quadro do Van Gogh, noite estrelada, pois de todos os artistas, ele foi à pessoa que mais conseguiu transmitir sentimento e amor pela arte. Eu o admiro muito.”

Esse capítulo de sua história poderia facilmente fazer parte de um dos episódios de Friends, uma das suas séries preferidas. Rodeada de poucos, mas grandes amigos, uma família não perfeita, mas muito feliz e vivendo para aquilo que seu coração bate mais forte.

Daqui a 10 anos? “Quero está tatuando pela Europa.”

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Gerando crescimento e experiências inovadores

A ESCOLA APA PROPORCIONA AULAS DE BALLET CLÁSSICO, BALLET CONTEMPORÂNEO, TEATRO, GINÁSTICA, FLY DANCE FIT, TEATRO

MUSICAL, TÉCNICA VOCAL E VIOLÃO. SENDO ELAS SEPARADAS

POR CATEGORIA DE INFANTIL, JUVENIL E ADULTO. O PROJETO É COORDENADO POR JADE CAROLINE, DE 21 ANOS

DANÇA | Apresentação de ballet clássico infantil, em espetáculo Autoral em 2023

Milena Siqueira

Jade Caroline Silva Porto, idealizadora, fundadora, diretora e professora da Escola de Artes APA, em Campina Grande-PB, atualmente com os seus 21 anos de idade. Conta com uma equipe de dez funcionários colaboradores, havendo duas unidades da Escola, uma localizada no bairro Dinamérica e outra no bairro do Catolé.

A APA é sigla para “Arte Por Amor", Jade Porto sempre foi uma pessoa apaixonada por dança, teatro, cinema, e desde que se conhece por gente participa de espetáculos de ballet. Então ela cresceu com isso sendo muito presente na vida dela, quando atingiu os quinze anos de idade, se viu sendo questionada por inúmeras perguntas do tipo “Porquê você? Porquê você atua? Porquê você ensina essas coisas?”, e a resposta que vinha era apenas “por amor, às pessoas e à Deus”, a partir de então surgiu o nome “APA”.

No ano de 2018, foi promovido uma amostra de talentos no Colégio Panorama, e a Jade Porto, em conjunto com outros alunos, promoveram a diversão para as crianças, trazendo teatro, música e dança. Com isso, surgiu o APA social, e essa se tornou sua primeira atuação.

Ao longo dos anos, o APA social foi se desenvolvendo cada vez mais, e surgiu o desejo, e a necessidade de trazer uma nova estrutura para as atividades que o pessoal fazia, como aulas de ballet e outras danças. Em 6 de março de 2021, nasceu a Escola de Artes APA, em uma unidade do Santa Rosa.

Laisa Carolina Ferreira da Costa, de 18 anos, faz aula da modalidade de ballet clássico há um ano e oito meses, e nos conta o que o APA representa para ela: “mais do que uma escola de artes para mim é uma família, é a minha família na arte. Ser aluna APA é saber que a arte tem que ser feita por amor, posso dizer que dentro do APA eu conheci uma arte que me trouxe de volta a vida,

ARTE | Alunos durante apresentação de espetáculo de ballet

ser aluna APA é saber que posso me superar todos os dias”.

O Propósito da Escola em si, é gerar novas experiências transformadoras para os alunos, Laisa afirma que “A escola APA traz oportunidades incríveis, eu por exemplo faço treinamento como monitora, e já consegui dançar em festivais, além dos benefícios que tive para minha saúde física e mental”.

Hoje são cerca de cento e sessenta alunos matriculados, contando as duas unidades. Ambas as unidades atuam em conjunto e de forma bem ativa, anualmente são realizadas as atuações da “Paixão de Cristo” na semana santa, e o “Musical Autoral” que é um espetáculo realizado no mês de novembro, às duas atuações ocorrem no Teatro Municipal Severino Cabral.

Durante o ano, fazem outras atuações e participações a convite de alguns colaboradores, onde apresentam peças e coreografias.

A aluna de ballet clássico, Edrei Gabriely Ferreira Nascimento de 21 anos, conta de alguns benefícios que a escola proporciona para os alunos, diz: “Além dos benefícios físicos e psicológicos o APA oferece diversas oportunidades de incentivo

para os alunos, como por exemplo: apresentações e oportunidade de participação em eventos durante todo o ano, aulas temáticas e aulas extras, oficinas, etc.”

Com apenas 14 anos, a aluna de ballet clássico e ginástica rítmica, Bianca Guedes Marques de Lucena, traz algumas de suas vivências desde o momento que entrou na escola “O apa traz muitos benefícios e eu como aluna sou apaixonada pela escola, ano passado em 2023 o APA deu várias oportunidades para os alunos como participar do FAC, o FAC é um festival que tem em Campina Grande e no qual vários bailarinos da Paraíba vem para participar”. E continua, “O APA para mim é simplesmente uma grande família que se ajuda em tudo e literalmente como o nome já diz arte por amor lá todos que participam da escola fazem as aulas com muito amor e muita alegria. Ser aluna APA é simplesmente um sonho, eu amo ir para o APA, amo conversar muito com as meninas que estão lá e é claro que amo muito os espetáculos que são transformadores a história sai inteira do pensamento da Jade e ela transforma eles em uma bela apresentação, onde todos que vão

FOTOS: DIVULGAÇÃO baraúnas | junho, 2024 36 |

EMPREENDEDORA | Jade Caroline, diretora e fundadora da Escola de Artes APA

assistir ficam apaixonados”.

O APA, não é apenas uma escola, ele se tornou um lar para muitas pessoas que tinham desistido dos seus sonhos. Lá você consegue encontrar acolhimento, além de construir amizades fortes que se tornam uma família. Clara Gama Brasil, 14 anos, estuda no APA há dois anos, fazendo ballet clássico e teatro adulto. “o APA traz crescimento, realização e carinho. É uma experiência muito boa, é um local muito acolhedor com pessoas incríveis que posso ter uma "família" lá, sempre aprendo novas coisas e a escola desperta mais curiosidade para aprender e carinho pela a arte.”

A Escola de Artes APA é um ambiente confortável onde as suas inseguranças são acolhidas e revertidas, tornando-se uma arte saudável e sem competitividade. Além do APA proporcionar um ensino muito diferenciado que acompanha bem o aluno, assim como as alunas entrevistadas afirmaram, a escola não só trás preparo para o ramo artístico como também para a situações que os alunos têm no dia a dia,

além das habilidades que cada modalidade traz.

PAIXÃO DE CRISTO

Há dois anos seguidos, a partir de 2023 começou a ser organizada a apresentação da Paixão de Cristo, produzida e dirigida pela escola de artes APA. Uma apresentação que ocorre anualmente no Teatro Municipal Severino Cabral, na semana santa que antecede ao domingo de Páscoa, e conta sobre a história da Crucificação de Jesus Cristo.

A Paixão de Cristo é uma produção teatral que sempre abre oportunidades para pessoas que não são apenas alunos da escola participarem, mas que tem alguma aptidão com arte, seja teatral, musical ou dançando. Com duração de um pouco mais de uma hora de espetáculo, a paixão de Cristo proporciona uma experiência nova e transformadora da história de Jesus Cristo.

Para assistir o espetáculo é cobrado um valor simbólico de apenas dez reais mais 1kg de alimento, esse que no final da apresentação será separado para doações de cestas básicas organizadas pela escola.

MUSICAL AUTORAL

O Musical Autoral, é o espetáculo principal da Escola, onde ocorre no mês de novembro no Teatro Municipal Severino Cabral, e tem como objetivo mostrar toda a evolução dos alunos ao decorrer do ano, através de atos teatrais, como dança, música e atuação.

Para a produção desse espetáculo, a própria Jade, diretora e professora do APA, escreve um roteiro com ideias que ela mesma cria em sua mente, através de inspiração e amor pelo que faz, separando esse roteiro por atos conforme as modalidades oferecidas pela escola.

O intuito do espetáculo, é mostrar o crescimento dos alunos em

sua específica modalidade. Mas ao mesmo tempo proporciona uma experiência única para a vida de cada um deles, e para aqueles que estão assistindo também.

MODALIDADE OFERECIDAS

ESCOLA E PLANOS

A APA proporciona aulas encantadoras e especiais, com uma metodologia própria de ensino. As turmas são personalizadas para cada nível e faixa etária de todas as modalidades. Em cada aula há uma decoração personalizada, trazendo uma experiência inovadora, com professores capacitados e encantadores.

Os materiais pedagógicos são específicos para cada aula, além de uma sala de aula planejada com a melhor estrutura para a prática de atividades físicas e artísticas. A escola contém cantina, camarim e área para as crianças, além de uma estrutura planejada não apenas para acomodar os alunos, mas também pais e mães durante as aulas.

O APA conta com uma equipe 100% alinhada com o propósito de gerar uma nova experiência a cada aula, tanto pessoalmente, como através de suas redes sociais, pois contém os registros de todas as aulas publicados nos stories do APA, fotos profissionais de todas as turmas em todas as aulas, em uma maneira de eternizar em fotos as experiências.

Os planos que o APA oferece, possibilitam a participação dos alunos em grandes eventos desenvolvidos pela escola, como os espetáculos da Paixão de Cristo, cursos de férias e o musical autoral. São feitas avaliações semestrais, com entregas de certificados após a conclusão do semestre.

Para mais informações sobre valores entrar em contato através do WhatsApp (83) 98738-7254 ou instagram @apaescoladearte

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Tamanquinho

das Artes

A cultura como ferramenta de inclusão

Viviane Duarte

Desde 2016, o projeto Tamanquinho das Artes tem se destacado como uma iniciativa exemplar na Feira Central de Campina Grande. Idealizado pela professora Eneida Agra Maracajá, em parceria com o Instituto Solidarium e o Ministério Público do Trabalho, o projeto visa levar cultura e arte para crianças em situação de vulnerabilidade social.

O Tamanquinho das Artes nasceu com um propósito claro: proporcionar assistência e promover mudanças significativas na vida de crianças que circulam pela feira enquanto seus pais trabalham. A iniciativa oferece uma ampla gama de atividades culturais e artísticas, incluindo aulas de teatro, dança, flauta, violino, artes plásticas e literatura infantil. Atualmente, cerca de 70 crianças são beneficiadas por esse projeto transformador.

A missão do Tamanquinho das Artes é profunda e multifacetada. Além de proporcionar acesso à cultura e à arte, o projeto busca transformar, libertar, humanizar e educar. Por meio dessas ações culturais, o Tamanquinho das Artes minimiza as desigualdades sociais, oferecendo às crianças oportunidades de desenvolvimento pessoal e formação cidadã.

A Feira Central de Campina Grande, tradicionalmente um espaço de comércio e convivência, tornou-se também um polo de esperança e renovação graças ao Tamanquinho das Artes. O proje-

NA FEIRA CENTRAL, DE CAMPINA GRANDE, CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÃO ABRAÇADAS POR

PROJETO SOCIOCULTURAL E PEDAGÓGICO

to não apenas ocupa o tempo livre das crianças de maneira produtiva, mas também as inspira e as capacita, oferecendo-lhes novas perspectivas e habilidades que contribuirão para seu futuro.

O impacto do projeto vai além do aprendizado artístico. As atividades proporcionam um ambiente seguro e acolhedor, onde as crianças podem expressar suas emoções, desenvolver sua criatividade e fortalecer sua autoestima. Cada aula, cada nova habilidade aprendida, é um passo rumo à construção de um futuro mais brilhante e igualitário.

A iniciativa de Eneida Agra Maracajá e seus parceiros mostra que a arte e a cultura são ferramentas poderosas de transformação social. O Tamanquinho das Artes é uma prova viva de que, com dedicação e visão, é possível criar mudanças significativas na vida de crianças em situação de vulnerabilidade. Este projeto é um testemunho do poder da comunidade e da solidariedade em promover um futuro melhor para todos.

VIVIANE DUARTE DIVULGAÇÃO/TAMANQUINHO DAS ARTES DIVULGAÇÃO/TAMANQUINHO DAS ARTES baraúnas | junho, 2024 38 |

PROJETO | Tamanquinho das artes promove oficinais de fotográfia, música e artes plásticas moldando futuros grandes artistas.

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RHARYANNE OURIQUES

Vila do Artesão

Legado de 14 anos de cultura e economia em campina grande

O ARTESANATO COMO FONTE DE RENDA, E A CONTRIBUIÇÃO DA VILA PARA O TURISMO LOCAL.

Fundada em 22 de dezembro de 2010 em Campina Grande, a Vila do Artesão celebra em 2024 seus 14 anos de história. O local costuma atrair olhares de turistas e visitantes de todo o Brasil durante todo o mês de junho, sendo um importante pólo cultural da cidade. Além disso, o local também é a principal fonte de renda de diversos funcionários e artesãos que é também a principal fonte de renda de diversos artesãos que dedicam a criação de artesanato em diversas tipologias. “Artesãos, nós temos mais de sessenta e cinco, e funcionários, temos quatorze”, afirmou Tomires Santos, Coordenador da Vila.

Com uma estrutura dividida em ruas com os tradicionais nomes de santos, na Vila do Artesão, é possível passear pelas ruas de Santo Antônio, São João, São Pedro, São Sebastião e São José. Além disso, o local oferece 77 lojas, carinhosamente chamadas de "chalés", uma praça de alimenta -

ção, contendo três lanchonetes e quatro restaurantes, escola de dança, máquinas de costura e cidade cenográfica, se destacando como atração turística, especialmente durante o mês de junho, quando se torna um dos destinos mais procurados pelos visitantes de outros estados que estão em busca de uma imersão na cultura nordestina.

Carregando a simbologia e o significado do nordeste em cada peça produzida pelas talentosas mãos dos artesãos, no local o turista pode encontrar uma diversidade de trabalhos em materiais em couro, fio, algodão colorido, pedra, barro, tijolo, tecido, madeira, além de trabalhos com materiais sustentáveis.

Localizada no bairro do São José em Campina Grande, o local surgiu com o objetivo de acolher os artesãos que não tinham local para comercializar os seus produtos. Esse é o caso da artesã, Amália Monteiro, 67, que está na Vila do Artesão desde a fundação, e

VILA | Local reúne comunidade de artesãos de Campina Grande, onde são comercializados diversos tipos de artes

que conta sua trajetória antes do surgimento do lugar. “Eu já trabalhava com artesanato. Como eu vivia de eventos e não tinha ponto fixo, exibia meus trabalhos no Salão de Artesanato, ou montava barraca toda sexta-feira na Praça da Bandeira, mas acabavam sendo retiradas, e por isso, surgiu o

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projeto da Vila do Artesão. Para colocar os trabalhadores, em um ponto fixo”, afirmou a artesã.

Para o artesão e também fundador, João Batista Soares, 62, a expectativa de vendas durante o São João deste ano está alta. “Aqui é bom quando tem evento em Campina Grande”, completou. No ano de 2023, a cidade injetou cerca de 500 milhões de reais na economia, regional e nacional. Isso porque além da tradicional festa realizada no Parque do Povo, a cidade oferece uma diversidade de locais para visitação

para aqueles que buscam a fuga do São João “tradicional”.

Revitalização

Atualmente, a Vila do Artesão está passando por uma renovação sob a orientação do designer e jornalista Fred Ozanan. As mudanças na estrutura, prometem modernizar o espaço, além de levar maior comodidade e entretenimento ao visitante. Com a modernização do espaço, esperasse um maior índice de visitação ao lugar. “Temos um espaço que estamos reformando para onde vem a Tv Nordestina e a Rádio FM”, afirmou Tomires Santos.

Desde a sua criação, a Vila do Artesão tem sido um refúgio para artesãos locais que tinham dificuldades em comercializar seus produtos. Sob a supervisão da Agência Municipal de Desenvolvimento (AMDE), as lojas são organizadas em tipologias, oferecendo uma ampla opção de produtos artesanais. Este é o caso do Chalé Armorial Empório das Artes. O local funciona há apenas dois anos na Vila do Artesão, e expõe diversos trabalhos em xilogravura e pirogravura de diversos artistas renomados. “Aqui temos obras de Arnilson Montenegro, xilógrafo de Taperoá, Marcelo Soares, Josafá de Orós. Além de obras de J.Borges e de Mané Gostoso”, citou Vanessa Kelly, gerente do local.

Além de ser um dos destinos turísticos mais populares da cidade, a Vila do Artesão também desempenha um importante papel na capacitação e especialização de artesãos locais. O local oferece cursos de corte e costura, aulas de dança, investindo no desenvolvimento profissional e na preservação das tradições artesanais da região.

Com sua rica história e compromisso com a cultura local, a Vila do Artesão continua a ser um símbolo de orgulho, cultura e fonte de renda para Campina Grande, sendo também um testemunho da habilidade e criatividade dos artesãos nordestinos.

Ao celebrar seus 14 anos, a Vila do Artesão não apenas busca um olhar ao passado por toda história tecida nas peças e no cenário do local, mas também para o futuro de valorização da cultura e a preservação das tradições locais.

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Quando a minha vida QUASE chegou ao fim

Desde do dia em que nascemos estamos em constante contagem regressiva nessa vida, e a certeza que um dia não estaremos mais presentes para presenciar momentos especiais com quem amamos nos traz um sentimento de medo. Mas a gente não pode paralisar e deixar de estar vivo, todos nós precisamos achar algo que nos dê coragem e ânsia para viver.

Para mim, não tem tempo ruim quando se trata de descobrir coisas novas. É como se a minha mente fosse um radar sempre ligado, captando cada detalhe e transformado em combustível para a minha sede de conhecimento. É assim que me alimento, é assim que me encontro, sempre buscando entender um pouco mais desse mundo maluco em que vivemos.

E quando esse mundo maluco para? Literalmente para? Impossibilitando até mesmo de viver o nosso ordinário? O que a gente faz? Como diria a Dory “continue a nadar” e eu continuei nadando.

Nunca imaginei que pudesse ser contaminado por um vírus oriundo do interior da China. Mas, de repente, o terrível coronavírus transformou-se em pandemia, provocando mais de 700 mil mortes no Brasil. Segundo O Ministério da Saúde, somente no Nordeste o número de óbitos acumulados chegou a 136.811.

A quantidade alarmante de casos e mortes era a pauta principal dos jornais, sortudo era aquele que conseguia passar despercebido por esse vírus cruel, eu não tive essa sorte e acabei o contraindo no meu local de trabalho.

Testei positivo e após 10 dias de ter contraído o vírus, fui levado às pressas para o hospital. Ao chegar, foi feito um check-up que detectou um comprometimento de 50% dos meus pulmões. Nesse momento o medo de que a minha contagem regressiva estivesse no fim sucumbiu-me. Ainda tinha muito para viver ainda possuía e vibrava muita sede de vida, esse era o meu grande pesar.

Eu estava com pneumonia viral e bacteriana, além de um fungo pulmonar. A partir desse momento, o meu quadro só piorava, até chegar ao ponto de ser entubado e colo-

VIDA POR UM FIO

CADA PIXEL DA TELA

REPRESENTAVA UM EPISÓDIO DA MINHA VIDA

DESDE PEQUENO

cado em coma induzido e um comprometimento pulmonar de mais de 80%.

Nesse período de intubação, muitas coisas aconteceram. De repente eu acordei em outro mundo, que não era “real”, estava numa sala e havia uma TV na minha frente.

Cada pixel da tela representava um episódio da minha vida desde pequeno, e cada cena era como se estivesse vendo de cima para baixo, quase como uma realidade virtual.

Os pixels iam sendo preenchidos conforme passava toda a minha história, e eu tinha ciência de que, quando chegasse ao último pixel, a

TV desligaria e a minha contagem regressiva da vida acabaria ali.

No entanto, após ver toda a minha história se desenrolar na tela, a imagem dissolveu-se, e fui levado a um lugar de uma quietude serena.

Nesse estado de beatitude, um som vibrante e majestoso começou a ecoar. A sua origem para mim era um mistério, pois não havia pontos de referência nesse lugar, eu estava numa zona totalmente sem dimensão.

Era como se o som emanasse de todas as direções e de lugar nenhum ao mesmo tempo.

No início, o som era suave, quase imperceptível. Mas gradualmente, a sua intensidade aumentava. A princípio, senti um calafrio percorrer o meu corpo, um medo inexplicável que acelerava meu coração.

Mas, ao mesmo tempo, uma paz profunda me invadia, acalmando meus pensamentos.

O som, embora aterrorizante em sua magnificência, era também uma fonte de paz e serenidade. Era como se estivesse ouvindo a voz do universo, um canto celestial.

Logo após isso veio um clarão ofuscante que me cegou, senti meu corpo ser tragado de forma avassaladora, sucumbindo a um desmaio. E eu voltei, minha contagem regressiva voltou do zero. Assim espero..

Tudo isso ocorreu em julho de 2021. Meses após receber alta do hospital, minha esposa viu essa publicação da NASA e, por saber da minha curiosidade, resolveu me enviar. Neste momento, congelei, literalmente congelei, fiquei arrepiado e percebi ser o mesmo som exato.

O som que escutei quando minha

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{
Relato

vida estava por um fio era idêntico ao que a NASA divulgou em 2022 do buraco negro adormecido que está no centro do aglomerado de galáxias de Perseu, a mais de 200 milhões de anos-luz da Terra.

A gravação foi feita no Observatório de Raios-X Chandra, operado pela NASA. O áudio, publicado no Twitter, resulta de ondas de pressão emanadas pelo buraco negro.

Quando acordei da entubação, não tinha a menor noção do tempo que havia passado. Pensei que tinha dormido pela manhã, perdido a hora e acordado à tarde. Foi quando minha esposa me relatou que havia ficado 8 dias entubado.

Onde eu estava, como eu fui parar, por que voltei e como é possível ouvir um som que nunca tinha sido escutado antes em um lugar que nunca havia presenciado, nem em sonhos? São questionamentos que eu não sei e talvez nunca saberei explicar.

Mas…

Da próxima vez que minha contagem regressiva realmente chegar ao fim e esse filme se repetir, quero que ele seja recheado de cenas boas, experiências diferentes e de muito amor ao próximo. Mas enquanto ela não chega eu vou vivendo, um dia de cada vez, mas vivendo.

PS: Esse relato foi do Levy Jeronimo que assim como tantos outros viram sua vida quase chegar ao fim. Cuidadosamente relatou sua experiência com medo e certo fascínio e entusiasmo nos olhos. Como uma boa ouvinte escutei cada detalhe imaginando curiosamente o mistério que envolve a morte, logo, não poderia deixar de relatar sua história para que de algum modo ela consiga tocar outras pessoas, assim como me tocou ao ouvi-lá pela primeira vez.

AGRICULTOR | Seu Sebastião José no cultivo em seu pequeno sítio

Águas da transformação

AGRICULTOR

FAMIILIAR

MUDA ROTINA DO SEU SÍTIO APÓS A CHEGADA DAS ÁGUAS DO VELHO CHICO

Gradvolh Abrantes

Na cidade de Boqueirão um dos agricultores familiar e o senhor Sebastião José da Silva. Ele que tem um sítio às margens do rio Paraíba e utiliza a água que é liberada na válvula dispersora para o plantio. Essa água é usada pela população ribeirinha para diversos fins, como consumo humano , pesca , pecuária e agricultura dos mais variados cultivos.

Com a chegada das águas do Rio são Francisco até o açude Epitácio Pessoa trouxe um alivio uma garantia uma segurança que a água não faltará mais.

Segundo dados do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e a Agencia Nacional das Águas, o açude, na primeira me-

tade do ano de 2024, encontra-se com 61,47% de sua capacidade de armazenamento , nesta porcentagem segura para a agricultura o seu Sebastião José, 71 anos, toca seu sítio pequeno mais com uma diversidade de cultivos.

O uso do espaço de uma forma inteligente faz do seu agricultor um homem um exemplo a ser seguido. Pés de manga, coco, caju, banana, limão, laranja, graviola, mamão, fava, abóbora, feijão e acerola compõe a diversidade ainda cria uma vaca pra o sustento de sua família este pequeno espaço se agiganta com a sua funcionalidade dentro da agricultura familiar. A chegada das aguas do Velho Chico trouxe uma nova esperança para a região.

junho, 2024 | baraúnas | 43

DEVOÇÃO | Fiés católicos se reúnem durante celebração

Fé: a força que move

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI MOSTRA COMO OS FIÉS CATÓLICOS EM VÁRIOS PAÍSES MONSTRAM SUA DEVOÇÃO

Nereide Araújo

Afé é designada como crença ou confiança a algo ou alguém, mesmo não tendo evidências que comprovem a sua existência e principalmente em determinadas circunstâncias da vida como problemas emocionais, e até físicos, ter fé consiste em ter esperanças que algo mudará positivamente para melhor independentemente de qual seja a circunstância.

Mas não é suficiente dizer que

temos fé, é preciso responder, concretamente, com a vida o que Deus nos revelou, o seu amor e salvação que é Jesus Cristo. Desta maneira para que o homem possa entrar em uma sintonia com Deus ou seja uma experiência pessoal, o próprio Jesus quis se revelar a nós por meio da sua morte de cruz e ressurreição, e é através dos exemplos que conseguimos manter uma fé viva.

A decisão de viver e manifestar

sua fé é de cada um, seja através de algum credo ou através da religião. No catolicismo podemos citar a vida dos santos que deram sua vida a serviço do reino de Deus, muitos foram martirizados e até decapitados por não negarem a fé em Cristo. Dentro das solenidades do catolicismo e expressão de fé no âmbito religioso podemos citar a Solenidade de Corpus Christi que quer dizer ‘Corpo de Cristo’ é celebrada sessenta dias após a Páscoa, antecedendo a Solenidade da Santíssima Trindade, e é sempre celebrada na quinta-feira remetendo a última Ceia do Senhor.

Corpus Christi é uma solenidade diferenciada na Igreja Católica pois conta com todo um itinerário diferenciado durante todo o dia. Pela manhã é confeccionado os tapetes de Corpus Christi, que tiveram origem em Portugal e foram trazidos para o brasil durante a colonização entre os séculos XVI e XIX.

Durante todo o dia se estende a programação, o Santíssimo é exposto na Igreja para adoração durante todo o dia, sendo que ocorre revezamento de grupos e pastorais para não ocorrer de o santíssimo ficar sozinho. os fiéis buscam trazer momentos de oração e reflexão a respeito da importância do dia celebrado com uma forma de expressar sua fé e sua devoção.

Ao final do dia, geralmente ao entardecer, acontece a procissão pelas principais ruas da cidade onde o Padre leva o santíssimo em procissão,logo após a benção do Santíssimo e a noite é celebrada a Missa fechando a solenidade.

Para Santo Agostinho “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva nela o que ele quiser’’ ou seja ter fé e a certeza que mesmo em meio a todas adversidades da vida tudo é passageiro.

baraúnas | junho, 2024 44 |

Globo exibe telefilmes produzidos de diversas regiões do Brasil

Para quem acompanha fielmente a programação da rede Globo já deve ter acompanhado inúmeras chamadas para filmes nacionais que seriam exibidos dentro da grade da emissora, porém em sua grande maioria, os escolhidos para exibição já eram sucesso de bilheteria nacional.

Ainda que grande parte das produções audiovisuais sejam voltadas para as temáticas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. É visível que a emissora há tempos tenta trazer histórias de diversas regiões do Brasil, seja em suas novelas, ou minisséries. Contudo, nem sempre obtém êxito, já que em muitas obras há a presença de personagens estereotipados e interpretados por atores paulistas e cariocas, que entram na pele do personagem, em sua maioria nordestinos, com caracterizações e sotaques questionáveis para a parte dos telespectadores que deveriam se sentir bem representados.

Um dos programas reservados à exibição de filmes é o “Tela Quente”, que está em exibição desde 7 de março de 1988. No ar, nas noites de segunda-feira, é destinado a um público variado, e já foi o cinema de muitas gerações.

Entre os anos de 2014 e 2015, a programação passou a ser transmitida em um horário mais tarde, geralmente, por volta das 23h. Além disso, é continuamente deslocada para mais tarde durante a exibição de programas com temporadas anuais, como o Big Brother Brasil, ou quando são exibidas as minisséries da emissora. Já em 2018, 30 anos após o início da faixa de filmes, sua audiência atingiu cerca de 20 milhões de espectadores em todo o Brasil, sendo 53% deles da classe C e 26% das classes A e B. A faixa etária de 25 a 49 anos representava 44% desse total.

O TQ é destinado a longas inéditos em TV aberta, e também a reprises de grandes sucessos que são mais recentes, a programação exibe filmes dos mais variados gêneros, e nos últimos tempos também tem exibido produções originais do Globoplay, como séries e documentários em premieres, que são uma amostra com a primeira exibição dos produtos audiovisuais para a TV aberta.

Mais recentemente, entre os meses de janeiro a março na edição de 2023, o TQ passou a exibir uma seleção de telefilmes produzidos pela Globo Filmes em

parceria com emissoras afiliadas da TV Globo em todas as regiões do país.

Os primeiros seis títulos foram ao ar em janeiro com: “Beleza da Noite” (TV Bahia) no dia 23; “Fuga de Natal” (TV Globo Brasília) no dia 30. Em fevereiro foram: “Baião de Dois” (TV Verdes Mares) no dia 6; “Amor ao Quadrado” (TV Globo Brasília) dia 13; “Guerra da Tapioca” (TV Verdes Mares) dia 27; e em março o filme “A Presepada” (TV Globo Nordeste) no dia 13.

Já em 2024, a temporada teve início de fevereiro a abril, iniciando com os filmes: “Maria”(TV Globo Brasília) no dia 5; “Eu Quero Ir” (TV Globo Pernambuco) dia 19; e “O Sertão Vai Vir ao Mar” (TV Rede Paraíba) dia 26. Durante o mês de março foram ao ar: “A Flor da Idade” (TV Globo Brasília) no dia 04; “Vivo ou Morto” (TV Globo Minas) dia 18; “Cabras da Peste” (TV Rio Grande do Sul) dia 25. Por fim, fechando em abril com “Pés de Peixe” ( TV Rede Amazônica) no dia 8.

As histórias nesses filmes trazem fortes características regionais como: sotaque, ambientação, expressões, comidas, vestimentas e músicas. Trabalhados do jeito certo, esses pequenos e grandes elementos dentro da produção conseguem gerar representação, e o sentimento de identificação maior com os telespectadores de outros estados, além de uma conscientização sobre a complexidade das culturas que são apresentadas na tela da emissora.

Até então, cerca da metade dos telefilmes exibidos foram em parceria com afiliadas nordestinas, o que representa um cenário positivo em relação a desconstrução dos estereótipos para com a região. Já que ao se ter uma equipe que compreenda o que de fato é o nordeste, que foca na beleza cultural, ou na narrativa ainda que fantástica, possa ser inserida no contexto regional, contribuem para novas percepções que vão de encontro com uma identidade nordestina mais realista do que a retratada durante muito tempo.

Sendo assim, uma iniciativa como essa mostra a sua importância por destacar as características brasileiras a partir de cada região, demonstrando não só os talentos por trás das produções, mas também dando espaço para cada telespectador se ver diante da sua cultura bem representada, e passar a conhecer a cultura de outros a partir da própria arte.

junho, 2024 | baraúnas | 45
{ Crítica de TV

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