baraúnas baraúnas revista
NOVEMBRO, 2024. nº 11
NOVEMBRO, 2024. nº 11
NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO CARIRI, NA PARAÍBA, COM POUCO MENOS DE 3 MIL HABITANTES, OS VELÓRIOS SÃO, NATURALMENTE, POUCOS E LIDAR COM A MORTE, COM QUEM MORRE, HÁ POUCOS ANOS PASSOU A SER TAREFA DE JOSEFA TATIANE. PRIMEIRA MULHER A OCUPAR O CARGO ‘COVEIRA’ NA REGIÃO. DESAFIOS PARA ELA, SEMPRE FIZERAM PARTE DO “DESTINO”, COMO MULHER. MAS, SUPERÁLOS, TEM SIDO TAREFA CONSTANTE EM SUA VIDA
ISSN 2595-2218 - 11ª ed./nov/2024
EXPEDIENTE
A revista baraúnas é uma publicação do Estágio Supervisionado (impresso) do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, com periodicidade semestral.
REITORA
Célia Regina Diniz
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS
Diretor: Prof. Rômulo Ferreira de Azevêdo Filho
CHEFE DE DEPARTAMENTO
Prof.ª Maria Salete Vidal da Silva
Prof. Luís Adriano Mendes Costa
COORDENAÇÃO DE CURSO
Orlango Angelo Rostand Melo
PROFESSOR ORIENTADOR/EDITOR
Arão de Azevêdo Souza
PROJETO GRÁFICO
Arão de Azevêdo Souza
REPORTAGEM E DIAGRAMAÇÃO
Adê Macedo, Adeilson Souza, Altaline Milena, Ana Beatriz, Ana Karolina, Arthur Dmytto, Eduarda Oliveira, Élyton Pablo, Junior Costa, Junior Lira, Laiany Oliveira, Lavinia Jácome, Letícia Cely, Maisy Henrique, Maylda Alves, Nickson Montenegro, Rennaly Oliveira, Victoria Pinheiro, Viviane Araújo.
ENDEREÇO PARA CONTATOS: Curso de Jornalismo
Universidade Estadual da ParaíbaRua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário, Campina Grande-PB, CEP 58429-500 Fone/83 3344.5316. www.uepb.edu.br e-mail: araodeazevedo@gmail.com
Olá, estamos chegando ao fim de 2024 e, com ele, mais uma edição da Revista Baraúnas, uma publicação do componente curricular Estágio Obrigatório, na modalidade impresso, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.
Trazemos uma edição ampla, cheia de reportagens, artigos, perfis, crônicas, tudo feito com muito carinho por nossos estudandes de jornalismo, que, logo logo vocês verão no mercado de trabalho, em rádios, tv’s, sites, assessorias de imprensa, e nos mais variados nichos de atuação do jornalismo.
Por isso, convido você, leitor, leitora, a acompanhar as primeiras produções daqueles que, em breve, estão sendo os porta-vozes da sua comunidade, da sua cidade.
Boa Leitura! O editor.
A CORAGEM DE JOSEFA.
PRIMEIRA MULHER A OCUPAR O CARGO DE COVEIRO NO CARIRI PARAIBANO
Perfil - Do orfanato à Rede Globo
Artigo - A imagem no jornalismo contemporâneo
Jornalismo e suas novas formas de reportagem
Crônica - Uma Discussão vazia e a Voz Sábia de Quem Só
Observa
O que as cartas me dizem
Santo Antônio, o santo pop
Cangaço Novo 2 -Fagundes-PB é cenário da série
Animais de Campina. Animais de Francisca
Revolução de Garfo e Faca: Jovens dão o tom da nova alimentação
Espaço de saúde, lazer e histórias
Quanto Vale um Sonho?
Adoção de animais: um gesto de amor
Projeto propricia recomeços diários e transformação em comunidade
A importância do IHCG na história de Campina
Artrose: doença causa incapacidade funcional
Torcida Jovem do Galo
Oxente, essa chinela é arreta, né?
Game Over para a TV: como a Twitch está ‘streamando’ o futuro dos eSports
Uma vida na cultura e um casamento na viola
60 anos Filarmônica Nossa Senhora do Desterro
Crtica - O Auto da Compadecida 2: realmente precisamos de uma continuação?
Guardiãns do barro
Superando desafios
A arte transformadora do Cosplay
Superando a distância
Dança que transforma
Um lugar para se sentir completo novamente
Cores da moda no Agreste pernambucano
Crítica - Cinema, tempo, nostalgia e sua percepção
A INCRÍVEL E SURPREENDENTE HISTÓRIA DO ATOR MARCIO TADEU
Aos 56 anos, o paraibano Márcio Tadeu de Lima, natural de João Pessoa, construiu sua carreira dividindo-se entre o humor e a atuação. O amor pela arte surgiu ainda na adolescência, quando teve seu primeiro contato com o teatro no orfanato onde viveu por um breve período. Desde então, se apaixonou pelos palcos, encontrando neles sua vocação e caminho de vida.
Conheça a infância de Marcio Tadeu
Rejeitado ainda na barriga da mãe pelo seu pai, sua genitora precisou sair de Pernambuco para João pessoa, onde Marcio nasceu. Por não ter grandes condições financeiras, sua mãe lhe deixou em um orfanato, e com o passar de alguns anos voltou para busca-lo.
sentou a realização de um sonho. Em 2008, ele venceu o festival de piadas do Show do Tom (Rede Record), provando que seu talento era seu maior trunfo. Em 2010, surgiu a oportunidade de atuar em sua novela favorita, Morde e Assopra. O personagem Herculano foi escrito especialmente para ele por Walcyr Carrasco. Em 2012, participou do sucesso Avenida Brasil como o Padre Solano, e em 2016, viveu Romualdo em Êta Mundo Bom, consolidando sua trajetória na teledramaturgia.
Márcio continuou a conquistar espaço e destaque, e em 2023 viveu Zezinho na novela Terra e Paixão, mais um passo importante em sua carreira na Rede Globo. Sendo aclamado tanto pelo público quanto pela crítica.
COMO TEMOS NOS RELACIONADO COM A IMAGEM NUMA ERA DIGITAL ONDE TUDO SE TORNA TÃO EFÊMERO?
Não é novidade que o uso constante das redes sociais impactou a nossa relação com a informação. Somos bombardeados o tempo inteiro com informações que, muitas vezes, nem são do nosso interesse, mas a máquina algorítmica de alguma forma nos empurra goela à baixo conteúdos patrocinados dos mais diversos tipos.
Em meio a esse turbilhão de sons e pixels literalmente na nossa cara, é de se pensar de que forma lidamos com a imagem e tudo que ela pode representar no jornalismo. Levando em consideração que no mundo atual tudo é visual ou audiovisual, o que difere uma imagem informativa/ jornalística de um storie comum no nosso feed?
Marcio, em entrevista, fez uma revelação chocante, relatou que foi abusado sexualmente na sua infância, “Dos sete aos oito anos, ninguém sabe disso, mais fui violentado sexualmente”, "tinha tudo para ser um revoltado e Deus me transformou em um fazedor de risos", alegou o cantor e ator, trazendo paz e serenidade em forma de sorriso. Passando por situações tristes, deixando marcas que foram apagadas com o tempo, Marcio se transformou em um homem forte, capaz de superar e se reinventar.
Carreira artística
Márcio Tadeu começou sua carreira em 1987, mas um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi em janeiro de 1991, com o personagem “Babygordurinha” no espetáculo Este Banheiro é Pequeno Demais para Nós Dois, dirigido por Roberto Cartaxo. Esse papel foi um divisor de águas, mudando sua perspectiva de carreira. Em 2006, estreou na Rede Globo na minissérie A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Márcio descreve essa fase como “surreal” devido à forte concorrência para poucas vagas na televisão nacional. A conquista de um papel na Globo repre-
A atriz e amiga Valéria Souza destaca a importância do ator para a Paraíba e seu legado: “Márcio venceu, lutou e trabalhou muito pela arte e pela profissão de ator. Ele mereceu cada conquista, tanto pessoal quanto profissional, chegando ao topo em rede nacional.” O ator baiano Jorge Pacheco também enaltece a trajetória de Márcio: “Ter artistas como Márcio Tadeu no Nordeste é algo grandioso. Sua história me inspira a acreditar que a realização dos sonhos é possível.”
Inspiração e Legado
Márcio Tadeu é exemplo de superação, persistência e coragem. De um menino pobre de orfanato, ele se tornou uma estrela de renome nacional. O Brasil celebra sua trajetória e seu legado artístico, que segue inspirando. Como dizia Chico Anysio, uma referência para Márcio: “Sorrir é, e sempre será, o melhor remédio.” Que possamos levar essa máxima para a vida!
Como dizia Chico Anysio, uma referência para Márcio:
“Sorrir é, e sempre será, o melhor remédio.” Que possamos levar essa máxima para a vida!
A resposta está justamente no que ela nos fala além do registro. Ou no que ela registra além do que se fala. A nossa história recente vem sendo escrita também por imagens marcantes que nos fazem parar o rolar frenético no feed, e focar naquele ímpeto imagético que uma boa lente zoom, vários pixels de nitidez e um olhar astuto podem entregar.
Se não concorda comigo, vejamos: dedo em riste, corpo solto no ar e sua prancha de surf flutuando ao seu lado, assim o fotógrafo Jerome Brouillet eternizou o Gabriel Medina na disputa pela medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris 2024. É fato que mesmo sem levar o ouro para casa, a foto do Medina estampou as capas de caderno dos maiores jornais do mundo e ficou marcada no imaginário olímpico para sempre. “Tocado pela graça” é como o fotógrafo nomeou aquela imagem.
A fotografia tem esse poder de nos fazer parar e refletir. Seja pela beleza e riqueza de detalhes, seja pelo que ela representa para aquele momento político, por exemplo. Era outubro de 2019 quando o então presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Justiça Sérgio Moro são captados numa interação gestual espontânea, mas que vista de fora e atrelada ao momento político de ambos, se tornou o símbolo de um possível rompimento no governo.
A Gabriela Biló, fotojornalista responsável pelo cli-
ck, captou há metros de distância o momento em que o presidente faz uma “arminha com a mão” enquanto o ministro está de cabeça baixa, como se consentindo a uma ordem não desejada.
A imagem é hoje mais importante do que nunca no jornalismo justamente por termos a capacidade de mostrarmos a verdade em uma era de tantas possibilidades de criação de conteúdos falsos com os mais variados intuitos. Uma história bem contada passa por um registro fiel daquele acontecimento, assim atua o fotojornalismo. Um caso recente em que se pode tirar grande proveito (nesse caso apenas de análise) é o que ocorreu em Brasília no dia 08 de Janeiro de 2023. O cenário fotografado ali serviu, mais do que nunca, de maneira informativa e documental de um momento de tensão política há muito tempo não visto no nosso país.
A imagem atua justamente como o que crava aquela informação como verdadeira, quando o visual transcende o intelectual e complementa o que está sendo noticiado.
NO MEIO DE TANTAS NOVAS FORMAS DE INFORMAÇÃO
O JORNALISMO EM QUADRINHOS VEM SE POPULARIZANDO CADA VEZ MAIS.
Mostrando que existem mais de uma forma de produzir informações o jornalismo em quadrinhos (JHQ) mostra que existe uma forma mais dinâmica de fazer uma reportagem.
Quadrinhos são uma forma de literatura bem popular entre os adolescentes e jovens adultos principalmente alguns com super herois como Batman e Superman,com um universo repleto de aventuras,para os não consumidores desse tipo de literatura podem achar infantil esse hobby pois não tem o conhecimento que em uma história dessas pode conter temas sérios como política,abusos e até suicídios,esse universo é reflexo da nossa realidade atual,é inegável que as HQ(histórias em quadrinhos) sejam uma forma mais criativa de transmitir algo ou um enredo, com isso foi criado o jornalismo em forma de quadrinhos. É muito comum nos jornais a aparição de tirinhas com críticas e um teor mais jornalístico, esse ramo foi expandido ainda mais para registros inteiros,essas HQ-jornalística podem ser produzidas por uma equipe de quadrinistas juntamente com jornalistas ou um quadrinista já da areia de jornalismo,um dos pioneiros do gênero foi o ilustrador Joe Maltês em 1994 com “Palestina” mas um quadrinho bem conhecido que
QUADRINHO | Vida de polícial não é facíl mas dos cidadões comuns também não.
pode ser considerado um quadrinho jornalístico é “Maus” do sueco Art Spiegelman onde ele retratou os horrores que seu pai sofreu Nos campos de concentração,essa obra ganhou o prêmio Pulitzer a maior premiação do meio jornalístico.No Brasil o primeiro registro de uma reportagem em quadrinhos seria de Robson Vilalba com a obra “Notas de um tempo silenciado” (2015) mas
quando falamos de pioneiro desse tipo de literatura no Brasil falamos de Alexandre de Maio,autor de “Raul”(2018),em 2014 Maio lançou o “Meninas em Jogo” onde denuncia o turismo da exploração sexual durante a copa do mundo,para aqueles se interessam mais sobre o formato e de como produzir uma reportagem em quadrinho o livro “ Pequeno Manual Da reportagem
em quadrinhos” do autor Augusto Paim se torna um guia dinâmica e cheio de informações mostrando além do passo A passo dessa contribui como também apresentando um novo olhar para a forma de produzir informações.
Quadrinhos são uma forma de literatura bem popular entre os adolescentes e jovens adultos principalmente alguns com super herois como Batman e Superman,com um universo repleto de aventuras,para os não consumidores desse tipo de literatura podem achar infantil esse hobby pois não tem o conhecimento que em uma história dessas pode conter temas sérios como po-
lítica,abusos e até suicídios,esse universo é reflexo da nossa realidade atual,é inegável que as HQ(histórias em quadrinhos) sejam uma forma mais criativa de transmitir algo ou um enredo, com isso foi criado o jornalismo em forma de quadrinhos.
É muito comum nos jornais a aparição de tirinhas com críticas e um teor mais jornalístico, esse ramo foi expandido ainda mais para registros inteiros, essas HQ-jornalística podem ser produzidas por uma equipe de quadrinistas juntamente com jornalistas ou um quadrinista já da areia de jornalismo, um dos pioneiros do gênero foi o ilustrador Joe Maltês em 1994 com “Palestina” mas
um quadrinho bem conhecido que pode ser considerado um quadrinho jornalístico é “Maus” do sueco Art Spiegelman onde ele retratou os horrores que seu pai sofreu Nos campos de concentração, essa obra ganhou o prêmio Pulitzer a maior premiação do meio jornalístico. No Brasil o primeiro registro de uma reportagem em quadrinhos seria de Robson Vilalba com a obra “Notas de um tempo silenciado” (2015) mas quando falamos de pioneiro desse tipo de literatura no Brasil falamos de Alexandre de Maio, autor de “Raul”(2018),em 2014 Maio lançou o “Meninas em Jogo” onde denuncia o turismo da exploração sexual durante a copa do mundo, para aqueles se interessam mais sobre o formato e de como produzir uma reportagem em quadrinho o livro “ Pequeno Manual Da reportagem em quadrinhos” do autor Augusto Paim se torna um guia dinâmica e cheio de informações mostrando além do passo A passo dessa contribui como também apresentando um novo olhar para a forma de produzir informações.
Agora gostaria de indicar 2 reportagem em quadrinhos:
“Maus: a história de um sobrevivente”
Maus é rato em alemão, o nome tem relação a forma que os nazistas descreviam os judeus, a história baseada Em fatos reais se passa no campo de concentração de Auschwitz.
Obra dos jornalistas Amanda Ribeiro e Luiz Fernando Menezes, esse quadrinho foi feito após várias entrevistas com policiais, seu objetivo é mostra algumas problemáticas no meio da Polícia Militar mas também mostra que essa culpa vai muito além disso.
Era uma manhã como todas as outras. Saí para trabalhar cedinho, antes do sol raiar. Depois de fazer algumas corridas no motoUber, parei em uma barraquinha para comer alguma coisa. Pedi um café com leite e um pedaço de bolo. Sentei junto ao balcão ao lado de dois Jovens, que não pareciam ter mais de 25 anos. Estavam conversando exaltadamente sobre um assunto que chamou minha atenção: “existe vida inteligente fora da terra?”.
Fiquei escutando atentamente a discussão dos dois. Um falava que existia vida, mas não inteligente como nós. O outro afirmava que existe vida inteligente sim, porém há uma grande conspiração mundial que esconde a verdade de nós. Cada um com seus argumentos baseados em lógicas individuais ou supostos estudos de cientista que eu nunca ouvi falar.
Me diverti muito escutando esse debate, digno de um ambiente acadêmico. Sinceramente, eu não levei muito a sério os argumentos de ambos. Eu sempre tive curiosidade por esses assuntos e gosto de estudar sobre. Me parece que todos os argumentos deles eram oriundos de vídeos da internet que não tinham nem uma base confortável. Conversa vai conversa vem, o rapaz que acredita na existência da vida inteligente espacial se exaltou e começou a falar alto, proferindo palavras que contestavam a inteligência do outro. Apesar disso, eu acho que eles tinham uma relação de amizade, pois, logo os ânimos se acalmaram e a conversa retornou ao rumo civilizado. Mas nem um dos dois me convenceram.
Na verdade, eu tentava disfarçar minha vontade de rir, e quase engasguei ao tomar um gole do café quando um deles falou que foram aliens que criaram o ser humano, e que Deus é um extra terrestre oriundo de uma civilização tecnologicamente avançada.
Eu já estava terminando de comer quando uma voz
ecoou atrás de mim. Outra pessoa estava escutando atentamente o suposto debate de ideias, e eu não o tinha notado. Era um senhor, que aparentava ter seus 60 anos. Empurrava uma carrocinha de materiais reciclados. Ele está naquele local tentando achar algo que ele pudesse ser aproveitado. com a mesma curiosidade que eu, ao ver aquela discussão entre dois jovens aparente bem instruídos. Porém, diferente de mim, ele não se contentou em apenas escutar. Quando os dois encerraram o embate, o senhor os indagou educadamente: meus jovens, porque estão tão preocupados com vidas fora daqui? Porque esses cientistas gastam tanto tempo e dinheiro com essas coisas? Não seria melhor olhar para as vidas que estão aqui?
O rapaz que era a favor da teoria de que existe vida fora da terra, mas não inteligente, falou que isso era necessário para o bem da ciência. Já o outro rapaz nem se deu ao trabalho de responder. Provavelmente ele não julgou que aquele questionamento merecesse uma resposta sua. Depois disso, o senhor pegou o material que encontrou ali e foi embora empurrando a sua carrocinha. Já os dois rapazes, entraram em outros assuntos de trabalho e vida pessoal.
Não demorou muito para eu ir também. Precisei retornar ao trabalho. Cheguei mais tarde a uma conclusão sobre que venceu aquele debate. Não foi nem num dos jovens, mas sim o senhorzinho humilde, que com uma simples pergunta, feita em um tom inocente, mostrou quais são as vidas que realmente importam.
RESERVA PARA AQUELES QUE SEGUEM O CAMINHO DA CLARIVIDÊNCIA E COMO ELAS INTERPRE -
Ajornada de uma cartomante é marcada por um misto de intuição, interpretação e conexão com os clientes.É muito comum as pessoas possuirem certa curiosidade com o que o mundo espiritual.Mesmo que a maioria não admita e se nutre dê certo preconceito quanto a isso. Mas é inegável que existe uma curiosidade sobre essa prática que surge de uma vontade de saber mais sobre o mundo das cartas, búzios e incorporação de entidades que se faz presente na vida delas.
O dia a dia de uma cartomante pode variar conforme o estilo de trabalho escolhido. Algumas mantêm uma rotina fixa de consultas, enquanto outras trabalham de maneira mais contida, atendendo a pessoas conforme a necessidade surge.
A Figura Sombria e Misteriosa que a mídia repassa Muitos filmes retratam a cartomante como uma pessoa envolta em mistério e trevas, quase sempre usando trajes exuberantes e com uma aparência exótica, como lenços na cabeça, jóias grandes e ambientes mal iluminados. Esse estereótipo cria a ideia de que a cartomancia é algo oculto e perigoso, o que afasta muitas pessoas da prática. Na realidade, as cartomantes modernas são pessoas comuns, que podem atuar em qualquer lugar, de forma profissional, sem precisar seguir esse tipo de caracterização.
Outro estereótipo comum em filmes é a ideia de que a cartomante sempre prevê tragédias inevitáveis ou destinos inescapáveis. Na prática, as cartomantes não trabalham
com fatalismo, mas sim com interpretações baseadas em tendências, energias e conselhos que ajudam as pessoas a refletirem e tomarem decisões conscientes. O objetivo da leitura não é assustar, mas oferecer orientação.
Que tipo de cartomante você é ?
Igor Alexandre da Silva,24 anos, mais conhecida como Ygona, é uma pessoa transgênero, estudante de engenharia de produção na UFCG, campus de Sumé. Ygona tem alguns anos de experiência na cartomancia. Ela quebra o pressuposto de que obrigatoriamente a cartomante tem que ser uma pessoa mais velha que incorpore todos os aspectos de quem trabalha com isso. Nesta reportagem, vamos trazer o relato sobre a prática de Ygona, buscando entender a atração e o significado que essa prática traz a ela.
Apesar dessa arte remontar a séculos e estar presente em várias culturas, a cartomancia ainda é alvo de preconceitos e estigmas. Muitos veem a prática como charlatanismo ou ilusão, o que acaba afetando a imagem de profissionais sérios que se dedicam à arte com respeito e ética.
- “Pra mim é sobre o dom de ler as cartas, no sentido de futuro ou até mesmo de confirmações de coisas espirituais também”, fala Ygona
Esse tal de “Catimbó” “Ygona” conta que se interessou por baralho desde de criança quando via na tv, em filmes e novelas as cartas e isso se fincou em sua mente até mais velha. Foi aí que ela buscou esse conhecimento, principalmente através de um livro que foi ditado por um espírito.
“Em casa eu não tinha muitas informações a respeito das cartas, e quando conseguia alguma informação a respeito delas ou sobre o ‘Catimbó’, que era uma palavra que ouvia frequentemente em casa, mas
não sabia sobre o que se tratava. Mas, se lembra que parecia ser uma coisa bem demonizada. O assunto das cartas eram gatilhos para falar do tal ‘Catimbó’. Então isso a levou se interessar por cartas. foi justamente a falta de informação sobre o que realmente é isso”, Comentou Ygona.
Embora o Candomblé tenha suas próprias práticas divinatórias, há, no Brasil, uma longa história de sincretismo religioso, que mistura elementos de diferentes tradições espirituais e religiosas. Nesse con-
A cartomancia e o que a prática nos diz?
abrir as cartas.
texto, não é incomum encontrar centros ou terreiros de Candomblé onde cartomantes atuam ou onde se oferecem leituras de cartas. Isso ocorre mais por uma fusão cultural e religiosa do que por uma conexão intrínseca entre as duas práticas
“Fui a um centro de Candomblé aos 15 anos, onde aprendi e continuo aprendendo até hoje. Nesse lugar, através do jogo de búzios, foi onde confirmou minha ancestralidade com povo cigano, trazendo assim, o dom das cartas”, disse Ygona.
As cartas utilizadas na cartomancia, como o tarot e o baralho cigano, são ferramentas de adivinhação e autoconhecimento. Cada carta possui um simbolismo próprio, que é interpretado durante uma consulta para oferecer insights, orientações ou reflexões sobre aspectos da vida da pessoa que está sendo atendida, como questões relacionadas ao amor, trabalho, saúde ou espiritualidade. O que as cartas "dizem" depende da interpretação do cartomante e da maneira como elas são dispostas durante a leitura. Em seus anos de leitura de cartas Ygona fala que algumas pessoas não sabem como funciona essa prática e acabam fazendo perguntas bobas ou superficiais. Para ela, na verdade as cartas trazem elementos que, de alguma forma, se tornam uma interpretação a partir do significado que a carta carrega. E, então, ela consegue alinhar em uma sequência de conselhos ou previsões. “Meu baralho é dos Orixás, Numerologia e Astrologia. São três conhecimentos utilizados para interpretação das cartas. É um estudo constante, cada abertura é um aprendizado novo”, comentou.
Curiosidades das
A preparação de uma cartomante para a leitura de cartas envolve práticas que visam criar um ambiente propício para a intuição, concentração e conexão espiritual. Embora cada cartomante possa ter seu próprio estilo como a Ygona. Ela revela que em seu processo de leitura ela necessita tomar banhos de ervas e se abster de certas coisas como relações sexuais, por no mínimo 3 dias antes de
Homens e mulheres podem buscar a cartomancia por motivos diferentes, refletindo, em parte, as diferenças culturais, sociais e emocionais que influenciam as preocupações de cada gênero. Embora cada pessoa tenha suas próprias motivações, alguns padrões gerais podem ser observados.
”Algumas mulheres buscaram saber de seus relacionamentos amorosos e os homens queriam saber de algo mais material, como um concurso, vaga de emprego ou compra de carro.”
Uma Cartomante reclusa Ygona lê cartas e frequenta um centro de candomblé, mas não tem o costume de cobrar pelos seus serviços, só atende conhecidos e seus amigos, de forma pessoal. Então nunca teve de lidar com clientes céticos como outras cartomantes, ela geralmente joga cartas para saber de coisas futuras ou materiais. Mesmo que não cobre por sua leitura de cartas, a busca por respostas espirituais é uma constante em sua vida e na vida das pessoas que buscam ela. Para muitos, as cartas são mais do que simples papéis; são um espelho de duas almas e um guia em suas jornadas.
A prática da cartomancia, que atrai cada vez mais adeptos em busca de orientação e autoconhecimento, revela um aspecto fascinante da espiritualidade contemporânea. A cartomante Ygona destaca que seu papel vai além de cobrar por uma seção, mas prestar seus serviços a amigos que necessitam de sua orientação e ela pretende continuar isso.
NORDESTE BRASILEIRO, A DEVOÇÃO AO SANTO É TANTA, QUE EXISTE ATÉ UMA “PEDRA” EM SUA HOMENAGEM, “A PEDRA DE SANTO ANTÔNIO”
Santo Antônio é uma figura que representa muito mais do que a fé religiosa.
Ele é visto como um protetor e intercessor para diversos aspectos da vida cotidiana.
Entre os devotos, é conhecido como o "santo casamenteiro", alguém que ajuda na busca de um bom casamento e na resolução de problemas amorosos. No Nordeste brasileiro, a devoção ao Santo é tanta, que existe até uma “pedra” em sua homenagem e devoção, “A Pedra de Santo Antônio”.
A Pedra de Santo Antônio, localizada na Serra de Bodopitá, em Fagundes, Paraíba, a 120 km da capital, João Pessoa, é uma das maravilhas naturais que capturam a essência da beleza e do misticismo do Nordeste brasileiro. Geologicamente, a Pedra de San-
to Antônio é uma formação impressionante. Composta por rochas cristalinas que datam da Era Pré-Cambriana, sua origem remonta a mais de 500 mil anos e possui 950 metros de altitude. Apesar de não ser um ponto turístico tombado devido à sua localização em área particular, possui um valor inegável.
Bruno Maciel, 23, morador de Fagundes, destaca a importância da Pedra de Santo Antônio como um patrimônio religioso, natural e econômico.
“Em relação à economia, a Pedra de Santo Antônio capacita um grande fluxo de comércio na área, onde é movimentado nos finais de semana e também em grande proporção no mês de junho, por conta da festividade da Pedra.” -Assim relatou Bruno.
A festividade, que acontece no final de semana, sempre antecedendo ao dia 13 de junho, é um verdadeiro espetáculo que atrai visitantes de diversas regiões do Brasil e até do exterior.
Os relatos de milagres atribuídos a Santo Antônio e as crenças populares, como a de que passar três vezes por debaixo da Pedra pode garantir um casamento, fortalecem a conexão dos devotos com o local. Para eles, é um símbolo de esperança e fé, capaz de realizar sonhos e atender promessas.
Bruno, ainda ressalta, a lenda em que uma imagem foi achada no meio da fenda da formação rochosa e desde então essa imagem é exposta na igreja, atraindo visitantes de vários lugares do mundo.
Além do valor religioso, o local tem uma força vital econômica para a cidade. O ponto Turístico, também conta com cerca de 12 locais comerciais, sendo eles, bares e restaurantes fixos. Durante as festividades, que acontecem nos meses de junho e julho, o comércio local se intensifica, gerando empregos e movimentando a economia.
Os restaurantes da região se preparam para receber os visitantes com pratos típicos, como feijoada, a galinha caipira e a famosa favada, que encantam os turistas e proporcionam uma verdadeira imersão na culinária nordestina. A proprietária do Bar e Restaurante do Begó, Dona Cleide, afirma que a "favada" e as "tripinhas de porco" são as iguarias mais procuradas, mostrando como a gastronomia se entrelaça com as tradições da festa.
“Todos eu vendo, sabe? Gra-
ças a Deus, eu tenho clientes que sempre estão ali comentando.”Disse Dona Cleide.
À medida que as festividades se aproximam, a expectativa cresce entre moradores e visitantes. A cidade se enche de cores, sons e aromas que ecoam as tradições do passado, ao mesmo tempo em que se abre para novas experiências e interações
A turista Marina, 25, moradora da capital, João Pessoa, visitou a cidade de Fagundes a passeio e revelou que sua curiosidade surgiu das histórias contadas por
seus familiares. Ao visitar o local pela primeira vez, ela se encantou com a beleza e a atmosfera carregada de fé.
“Já escutei lendas dos meus avós, tios, até os pais também, sobre esse famoso Santo casamenteiro, né? E a história que se passar três vezes debaixo da pedra, rumo ao casamento., Contou Marina.
Essa popularidade turística transforma Santo Antônio em um fenômeno, onde a religiosidade encontra um espaço nas tradições contemporâneas, fazendo dele
um personagem sempre atual.
Um Santo Pop
Em Fagundes, Santo Antônio realmente é pop, popularíssimo, e sua presença na vida da comunidade é um testemunho da força das tradições que moldam a identidade de um povo. A Pedra de Santo Antônio é mais do que um monumento natural, é um símbolo de esperança, fé e união que perpetua as crenças e as histórias de um povo, fazendo dela uma parte fundamental da rica tapeçaria cultural que caracteriza a vida em Fagundes.
E quando falamos que Santo Antônio é pop, isso também leva, não só para cultura, religião, e o turismo. O espaço é um dos principais pontos de referências para os esportes radicais. A Pedra de Santo António, já recebeu eventos de Downhill, evento esse válido pelo ranking nacional DH1, campeonato nordestino, com etapa única. Outra modalidade radical, que acontece bastante no local é o Rapel. O lugar, atualmente, também está sendo usado como cenário da segunda temporada da Série, Cangaço Novo, produzida pela Prime Video.
da Pedra de Santo Antônio à esquerda, no alto. Ao lado, Capela de Santo Antônio cheia de flores deixadas pelos devotos do Santo.
SÉRIE
SÉRIE 100% BRASILEIRA, COM ELENCO NORDESTINO, CANGAÇO NOVO É RENOVADA PARA SEGUNDA TEMPORADA E TRAZ NOVOS CENÁRIOS DE GRAVAÇÕES, COMO A CIDADE DE FAGUNDES, VALORIZANDO A CULTURA E ATRAINDO OLHARES PARA O NORDESTE.
Ana Beatriz e Junior Lira
A série Cangaço Novo, produzida pela Prime Vídeo, traz para as telas uma narrativa envolvente que mistura ação, drama e elementos históricos do Sertão nordestino.
Ambientada no contexto do cangaço moderno, a produção explora o imaginário coletivo sobre os bandos armados que dominaram o Nordeste brasileiro no início do século XX, enquanto atualiza esse cenário para o presente, criando uma trama marcada pela violência, pela luta por justiça e pelas relações de poder.
Cangaço Novo retrata a história de Ubaldo, um homem que descobre ser o herdeiro de um violento bando de cangaceiros. Com uma mistura elementos de faroeste e do drama clássico de vingança, trans-
Entre eles, Karina Macedo, participou das gravações que aconteceram na Pedra de Santo Antônio em Fagundes-PB, e também em Campina Grande. Karina cita alguns pontos positivos que a série trouxe para Fagundes, “O impacto é muito importante, principalmente no comércio do nosso maior ponto turístico, que é a Pedra de Santo Antônio, onde tiveram uma atuação lá muito boa e todos os comércios saíram lucrando com o impacto que teve da gravação do Cangaço 2”
A recepção crítica tem sido amplamente positiva, com elogios à maneira como a série consegue atualizar o tema do cangaço, sem perder a essência histórica e cultural da época. As cenas de ação, a direção de arte e a interpretação dos atores têm sido mencionadas como pontos fortes. Além disso, a série levanta discussões sobre a violência, o poder e as questões sociais que ainda permeiam o sertão, criando um paralelo entre o passado e o presente.
portando o espectador para uma realidade dura, na qual questões de honra, lealdade e sobrevivência são retratadas de maneira visceral. A estética da produção se destaca, com cenas de ação que exploram o Nordeste em toda sua vastidão, ao mesmo tempo que retrata as nuances das relações entre os personagens.
A primeira temporada foi um sucesso, levando a série a ganhar na categoria “Melhor Série Brasileira de Ficção” no Prêmio Otelo, que é considerado o “Oscar” brasileiro, devido a sua grande importância. A segunda temporada foi confirmada e já estão rolando as gravações, que começaram no mês de novembro e se estenderão até dezembro e sem data definida para a estreia.
Dirigida por Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série se propõe a trazer um olhar contemporâneo sobre o cangaço, um fenômeno que ainda reverbera na cultura popular Nordestina. A trilha sonora, rica em ritmos regionais, e a fotografia, que exalta as paisagens áridas e agrestes, criam uma imersão profunda no ambiente.
Foram escolhidas diversas locações no Nordeste para a gravação da segunda temporada, com destaque para a cidade de Fagundes, na Paraíba. A série atraiu olhares não apenas pela sua trama intensa, mas também pela grandiosidade de sua produção. Ao escolher Fagundes como um dos cenários principais, a produção não apenas se beneficiou da beleza natural, como a Pedra de Santa Antônio, mas também do cenário com as paisagens áridas da região.
Muitos moradores de Fagundes participaram como figurantes, o que gerou um senso de pertencimento e orgulho. Para muitos, foi a primeira vez que viram sua cidade retratada em uma grande produção audiovisual. Beneficiando também comércios locais, prestadores de serviços e moradores foram diretamente envolvidos no processo, gerando empregos temporários durante as filmagens.
A figurante, ressalta a cultura do nosso estado, como também da série, buscando sempre levar consigo as origens do verdadeiro significado do nome “cangaço” e como era o cenário dos tempos Antigos, “procurou trazer o máximo que pôde da nossa cultura, principalmente as coisas antigas do série, bastante peças antigas, como o quadro, como o banco, como mesa, que foram usadas como cenário. E a montagem de um pequeno barzinho lá na pedra.”
A série Cangaço Novo, ainda tem gravações marcadas na cidade de Fagundes, como também em Galante, distrito de Campina Grande, e figurantes escolhidos para a primeira parte das gravações continuarão na segunda parte, que está prevista para o mês de Novembro.
FRANCISCA GUIMARÃES
É A CRIADORA DO PROJETO SOCIAL ANIMAIS DE CG, QUE RESGATA
Se tornou comum andar pelas ruas e se deparar com um animal abandonado, muitas vezes, doente, sujo, maltratado e desprotegido. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022 haviam cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, dentre eles 20 milhões são cachorros, e 10 milhões gatos. Em Campina Grande o cenário não é diferente do visto nas outras cidades do País. E mesmo sendo um dever do estado proteger e cuidar bem dos animais, na prática, o que se pode ver é a negligência estatal. E como em muitos outros casos, quando o poder público falha, a comunidade se desdobra para executar o que é preciso. E na questão do cuidado aos animais, as iniciativas sociais da população é que têm feito a diferença, seja por meio de Ong´s ou projetos sociais, como o projeto Animais de CG, que desde meados de 2016 tem atuado resgatando ani-
ANIMAIS EM SITUAÇÃO DE RUA EM CAMPINA
GRANDE, CUIDA E ENCAMINHA PARA ADOÇÃO RESPONSÁVEL.
mais de rua, fornecendo proteção e cuidados necessários em toda Campina Grande.
Todo mundo constantemente avista um animal pelas ruas enquanto se desloca pela cidade, e para a maioria das pessoas isso não representa nada demais, porém, para Francisca Guimarães, ou simplesmente Fran, como gosta de ser chamada, criadora do projeto Animais de CG, a perspectiva é diferente. O olhar de Fran para os animais de rua não é comum.
Muitos podem achar que é natural para o animal estar nas ruas, alguns podem até pensar: “ele sabe
se virar”, mas Fran entende que o animal precisa ser bem cuidado e que sofre por não poder falar para pedir socorro. Por isso, ela mesma se propõe a ser o socorro necessário para os bichos.
Fran, quando avista um animal na rua, ao perceber que ele é arisco, amedrontado e até agressivo, já entende que ele é um animal em situação de rua e que precisa de ajuda, mesmo que a aparência dele não diga isso, pois segundo ela, é comum animais de rua aparentarem estar bem nutridos, por engordarem devido ao processo de castração.
de apoio e proteção animal), e esse contato despertou em Fran o desejo de transformar a realidade dos animais em situação de vulnerabilidade nas ruas. Segundo ela, foi nesse mesmo período que a sua filha, sem pretensão alguma, levou um gato de rua para casa. Esse gato, chamado de Morfeu, viria a se tornar o primeiro animal do projeto.
Aos poucos, Fran começou a resgatar animais de rua e levar para a sua própria casa, com o intuito de que posteriormente encaminhá-los para a adoção. Contudo, o processo de adoção nem sempre é imediato, e muitos desses animais, ao serem capturados, vem em situação de vulnerabilidade, com doenças e evidências dos maus tratos. Nesses casos, Fran precisa fornecer os devidos cuidados aos bichos, e isso acaba demandando tempo e recursos financeiros. À medida que o número de animais na casa de Fran foi crescendo, maior era a despesa e o desgaste físico e emocional para seguir com eles. Foi nesse momento que ela decidiu criar de vez o projeto Animais de CG.
passam um longo período abrigados no projeto, pois eles chegam doentes e necessitando de cuidados específicos, e isso por si só, já repele o interesse de novos tutores. Esses cuidados específicos muitas vezes custam um preço consideravelmente alto, e segundo Fran o projeto não possui mantenedores fixos, apenas doadores ocasionais, sensíveis à causa animal, e é isso que sustenta todo o trabalho que ela desenvolve. Centenas de animais já passaram pelo projeto, Fran relata que sequer tem um número exato. Atualmente ela resgata apenas gatos, pela maior facilidade para o cuidado dentro do seu apartamento, que é a sede do projeto até agora, onde no momento estão 17 gatos abrigados, o que representa um número excessivo, que fez com que ela encaminhasse outros seis para um lar temporário. A estadia e os cuidados desses outros seis, embora estejam em outro local, também é financiada pelo projeto.
PROTETORA | Francisca com a gata “Pandinha”, um dos animais resgatados pelo projeto Animais de CG
Natural de Boa Vista, Fran reside em Campina Grande há muitos anos, e foi após a mudança para a cidade campinense que ela teve a oportunidade de ingressar na universidade, o que a influenciou completamente no desenvolvimento do projeto. Quando começou a cursar Geografia na UEPB, ela teve contato com a professora Patrícia Dornellas, que fazia parte do GAPA (Grupo
O trabalho do projeto consiste em resgatar, alimentar, castrar e doar os animais de rua, de maneira consciente e responsável. Ou seja, Fran, ao resgatar e cuidar do animal, divulga nas redes sociais do projeto que aquele animal está disponível para a adoção, com informações de sexo, idade e demais que sejam necessárias. Quando alguém se interessa, deve passar por uma entrevista inicial, caso o interessado tenha mais de 18 anos e possa fornecer um ambiente adequado e todos os cuidados necessários para o animal, ele se torna apto para a adoção. Mas, ainda assim, o projeto continua acompanhando os animais, seja por meio de mensagens e fotos, para que possa monitorar a forma como ele está sendo tratado.
Na maioria dos casos, os animais
A família de Fran já se adaptou ao convívio com os gatos, embora em alguns momentos seja desgastante. Ela conta que os animais precisam de espaço, precisam dos cuidados, como alimentação, higienização, entre outros, e isso requer um tempo de rotina. Sem contar nos móveis e pertences que eles destroem. Mas para Fran o prazer em ajudar fala mais alto.
Pitoco: Um gato que amava viver
Um dos gatos que passaram pelo projeto marcou a vida de Fran. Pitoco, como ele era chamado, foi resgatado em meio a um terreno baldio, nas proximidades do Portal Sudoeste, bairro de Campina Grande. Ao ser resgatado, ele foi diretamente para uma clínica, por estar muito debilitado. Inclusive, pessoas próximas ao bairro relataram sobre um possível atropelamento que Pitoco havia sofrido dias antes do resgate. Foram 6 dias na clínica, e mesmo que após
esses dias ele tenha mostrado uma melhora, ainda não conseguia andar. Após realização de vários exames em Pitoco, foi constatado que ele tinha Esporotricose, conhecida como “fungo do jardineiro”. Os medicamentos para o tratamento não eram baratos, segundo Fran, então logo ela iniciou uma campanha de arrecadação nas redes sociais, procedimento que acontece sempre que surge uma necessidade financeira, Fran divulga a necessidade e os seus dados bancários, para que as pessoas possam doar, se assim desejarem, até que a o recurso necessário seja alcançado.
A campanha de Pitoco, em específico, comoveu muitas pessoas que acompanham o projeto. Mas segundo ela, a descoberta da doença foi tardia, o que prejudicou o tratamento, e impossibilitou que Pitoco sobrevivesse. Francisca, conta, que embora a situação do gato não fosse nada boa, ele demonstra vitalidade e era um animal alegre. Contudo, em cerca de seis meses, ele veio a falecer, entristecendo Fran e os demais. Fran conta que Pitoco deixou um legado e jamais será esquecido, ela inclusive faz planos para que futuramente o projeto receba seu nome. Pitoco, como todos os outros animais que chegam a falecer enquanto estão no projeto, tem seu corpo encaminhado para o Cemitério Ohana, um cemitério pet, parceiro do projeto. Além do cemitério, o projeto tem parceria com o Centro Médico Veterinário(CMV), em Campina Grande, es-
Nas imagens, alguns dos animais resgatados pelo projeto Animais de CG. Fotos: Reprodução da Internet
paço clínico que garante um desconto em algumas necessidades do projeto.
Uma vida para os animais
Fran não se resume apenas a ser a criadora do projeto Animais de CG, muito embora, hoje isso fale muito a respeito de quem ela é. Francisca Vitorino é uma mulher de meia idade, casada e com uma filha. Sempre foi dona de casa, e só quando veio para Campina Grande, decidiu ingressar na universidade de geografia, porém não chegou a concluir o curso, tendo se desligado totalmente para ser cuidadora de animais.
Ao relembrar sua infância na zona rural, Fran relata que sempre esteve envolvida no contexto dos bichos. Criada em sítio, ela desenvolveu afinidade com animais desde muito cedo. Seu pai criava inúmeros animais, desde cachorros e gatos, até jumentos, porcos, galinhas, entre outros. A cultura familiar explica muito do comportamento dela hoje com relação à causa animal.
Nessa jornada, Fran enfrenta muitas dificuldades. Levar esse trabalho adiante não é sempre fácil. Requer muita dedicação, e ela conta que muitas vezes isso lhe traz cansaço, tensão e estresse, devido às altas demandas e desafios. Mas por outro lado, cuidar dos animais, também é um alívio para ela, no sentido de poder fazer o bem a quem precisa tanto, de estar cercada dos bichos que tanto ama.
Diariamente surgem novas propostas para que o projeto realize o resgate de diversos animais em diferentes pontos da cidade, porém as condições atuais de espaço e recurso impossibilita o aumento do número de bichos que recebem essa assistência. Contudo, existe o plano de criação de uma nova sede para o projeto, que vai possibilitar que cada vez mais, animais de Campina Grande, se tornem animais de Francisca.
Jovens
o Tom da Nova
Dão o Tom da Nova
COM POUCOS PRATOS NO CARDÁPIO, MAS MUITA DETERMINAÇÃO, O VEGANISMO E O VEGETARIANISMO GANHAM FORÇA ENTRE OS JOVENS, APESAR DOS DESAFIOS DE MANTER ESSE ESTILO DE VIDA NA CIDADE.
GABRIELE | A
jovem veterinária faz parte de uma nova geração preocupada com a saúde
Num Brasil em transformação, jovens estão redefinindo suas escolhas alimentares, adotando vegetarianismo e veganismo como formas de expressar uma crescente conscientização sobre saúde, meio ambiente e bem-estar animal. Dados do IBOPE de 2018 apontavam que cerca de 14% da população, ou aproximadamente 30 milhões de brasileiros, seguem uma dieta vegetariana. Esse número indica uma revolução nos hábitos alimentares do país, que se reflete em mudanças de comportamento e em um maior engajamento com causas sociais e ambientais.
Revolução à Mesa: um Novo Cardápio Social
O veganismo, que vai além do vegetarianismo, também cresce rapidamente. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, há cerca de 7 milhões de veganos no Brasil. Essa mudança acompanha tendências globais, onde muitos vegetarianos nos EUA e Reino Unido se identificam como veganos. Além disso,
a oferta de produtos vegetarianos e veganos no mercado está se expandindo. Uma pesquisa da Euromonitor revela que cerca de 42% dos consumidores de produtos à base de plantas são flexitarianos, que buscam alternativas sem origem animal, enquanto apenas 4% se identificam como veganos e 6% como vegetarianos. O crescimento no setor alimentício se reflete também em outros mercados, como vestuário e farmacêutico. Um estudo da Allied Market Research estima que o mercado vegano deve crescer de aproximadamente R$ 98,5 bilhões em 2020 para mais de R$ 181,5 bilhões até 2030.
Dados do Ministério da Economia do Brasil mostram um aumento de mais de 500% no registro de empresas com o termo "vegano" em uma década. Esse panorama revela que a demanda por produtos éticos e sustentáveis não se limita apenas à alimentação, mas se estende a diversas áreas, refletindo uma transformação cultural em larga escala.
Vozes da Nova Geração: sabores e Saberes da Alimentação Consciente Paula Gabrielle, 22, estudante de medicina veterinária, adotou o veganismo aos 17. “O maior desafio foi ter o apoio e aceitação de pessoas do meu círculo de amizades e família, que não sabiam os porquês da minha motivação", diz Paula. Esse aspecto social é fundamental, pois a mudança de hábitos alimentares muitas vezes envolve negociações e adaptações nas dinâmicas familiares e nas relações pessoais.
Para superar esses desafios, Paula adotou uma abordagem aberta, permitindo que as pessoas perguntassem sobre suas escolhas. Ela acredita que a alimentação baseada em plantas deve crescer no Brasil, citando a adaptação de grandes empresas, como Sadia e Seara, para atender a essa demanda. “A aceitação vem com o tempo, e a curiosidade das pessoas acaba levando a um diálogo mais construtivo sobre o veganismo”, completa.
Wendella Saskia, 21, é vegetariana desde os 15, discute mitos sobre o
veganismo, desmentindo a ideia de que a produção vegetal é a principal responsável pelo desmatamento. "Os maiores hectares são destinados à alimentação de animais para consumo, não à produção vegetal", afirma. Wendella ressalta que eliminar a carne da dieta é uma forma direta de combater o desmatamento e os danos ambientais. Os jovens estão cada vez mais informados sobre os impactos da indústria alimentícia e buscam alternativas que se alinhem aos seus valores pessoais. As redes sociais têm um papel fundamental nesse movimento, facilitando a troca de experiências e a disseminação de informações sobre dietas à base de plantas. Assim, a adolescência se tor-
animais e a consciência sobre o abate de forma errônea podem levar mais pessoas a se tornarem vegetarianas ou veganas", conclui. A nutrição é, portanto, um aspecto central nesse debate, pois muitas pessoas buscam orientação profissional para fazer a transição de forma saudável e consciente.
Escolhas que Ecoam: alimentos com Causa e Efeito Os jovens que adotam essas práticas frequentemente buscam uma alimentação mais equilibrada e sustentável, refletindo um compromisso ético com a vida animal e o meio ambiente. Essa perspectiva está moldando um movimento que vai além da dieta, impactando a vida cotidiana e as interações sociais. Muitas vezes, essas escolhas alimentares se tornam um reflexo de valores pessoais e sociais que permeiam outras áreas da vida, como o consumo consciente e a participação em iniciativas comunitárias.
na um período propício para a formação de hábitos alimentares mais conscientes, com muitos optando pelo vegetarianismo como uma forma de engajamento social e expressão de suas crenças.
Nutrição e Natureza: um Banquete de Ideias
A médica nutricionista Ana Cristina Amaro destaca que vegetarianismo e veganismo oferecem benefícios à saúde, como a redução do risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2. Ela acredita que a conscientização sobre o tratamento ético dos animais e a exploração na indústria alimentícia deve aumentar o número de adeptos. "O amor pelos
Nesse cenário de crescente conscientização, as vozes de jovens como Paula e Wendella representam uma mudança significativa, integrando preocupações éticas e ambientais em suas escolhas alimentares. Assim, a juventude brasileira está não apenas transformando sua alimentação, mas também contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável e ético.
Em controversa, mesmo que em cidades como Campina Grande esteja começando a se adaptar ao crescimento do veganismo e vegetarianismo, os jovens enfrentam dificuldades para encontrar opções adequadas em restaurantes e supermercados. A oferta de pratos sem carne em estabelecimentos tradicionais é limitada, o que torna difícil manter esse estilo de vida sem fazer concessões ou pagar caro por produtos específicos.
QUEBRANDO BARREIRAS E REDEFININDO DESTINOS, JOSEFA É PRIMEIRA MULHER ASSUMIR O CARGO DE COVEIRA EM SUA CIDADE
Eduarda Oliveira
Josefa Tatiane é um exemplo inspirador de resiliência e superação. Com apenas 29 anos, ela já enfrentou muitos desafios em sua vida. Foi mãe e casou aos 16 anos, deixando de aproveitar sua adolescência. Contando com o apoio incondicional de sua mãe, que cuidava da neta à noite enquanto ela frequentava a escola, Josefa conseguiu concluir o ensino médio.
Sua determinação a levou a se formar em um curso técnico de radiologia, onde teve a oportunidade de estagiar no Hospital de Trauma de Campina Grande. Lá, mesmo tirando apenas radiografias, ela via diversos casos, dos simples aos mais complicados. Durante esse período ela passou a tratar ainda mais com naturalidade a vida e a morte.
Enquanto equilibrava os afazeres diários e costurava para ajudar a sustentar a família, uma oportunidade surgiu: um concurso público em São Domingos do Cariri. Para muitos uma oportunidade de trabalho que poderia ser dispensada. Mas Josefa não pensava assim e se inscreveu para a vaga de coveiro. Para surpresa de todos, apenas ela e
sua irmã mais velha foram as únicas mulheres a se inscreverem, entre vários homens; E para a surpresa da maioria, incluindo ela mesma, foi aprovada.
No início, sua conquista foi recebida com ceticismo e comentários maldosos na cidade, muitos duvidavam de sua capacidade de se manter no novo emprego. Contudo, ela desafiou todas as expectativas.
No município de menos de 3 mil habitantes, os velórios são, naturalmente, poucos, mas no início de sua nova profissão, ela já encarava seus primeiros desafios. Elaine Silva, 32 anos, sua prima por parte de pai faleceu com complicações devido a uma doença nos rins.
No interior, é costume enterrar os parentes num mesmo túmulo. Quando Josefa foi enterrar Elaine, ela teve que retirar os restos mortais de seu avô para sepultar sua prima. Seu Biu havia falecido em 2010 aos 93 anos.
Hoje, após quatro anos de dedicação, ela continua a desempenhar seu papel com coragem e responsabilidade, zelando, cavando, enterrando e guardando os corpos naquele espaço que foi sempre cuidado por homens.
JOSEFA | Passou em primeiro lugar para uma vaga tradicionalmente ocupada por homens
O PARQUE DA CRIANÇA TORNOU - SE UM LOCAL NÃO APENAS PARA CRIANÇAS, MAS PARA TODAS AS IDADES SE EXERCITAREM APROVEITANDO A ÁREA NATURAL, OU MESMO SE SUSTENTAREM
Estar em contato com o ambiente natural sempre causa uma sensação de tranquilidade e paz, o que ajuda na melhoria das atividades diárias, como enfrentar a correria do trabalho ou dos estudos. Uma das possibilidades de se conectar a esse lugar que transmite calma, principalmente em cidades populosas que vivem com uma grande poluição de trânsito e poucas áreas de contato com a natureza, às vezes, é a visita de parques como ambientes naturais.
Em Campina Grande-PB, muitas pessoas se vêm a procura de um momento para buscar lazer, seja passeando com a família em um shopping ou saindo para lanchar. Outros buscam um momento para praticar atividades físicas e se exercitar, saindo um pouco da rotina do trabalho. Em algumas cidades, podem ser encontrados espaços para passeios, caminhadas, praticar atividades físicas e lazer de um modo geral sem custo beneficio.
Localizado na área central de Campina Grande, o Parque da Criança se tornou, junto com o
Açude Velho, um ponto de encontro de pessoas. O local oferece diversas áreas de recreação, práticas de caminhada e corrida, além de trazer tranquilidade para quem busca se distanciar do ambiente urbano sem de fato sair dele, já que o parque possui uma ampla área verde.
O parque foi construído onde anteriormente se localizava o Curtume São José, também conhecido como Curtume dos Motta, o qual foi ponto de referência da economia da cidade, fundado no ano de 1926 e fechado em 1981, cedendo espaço para a construção da área de lazer. O Parque da Criança foi inaugurado em 1983, no dia 12 de outubro, como um presente no Dia das Crianças. Como é recorte histórico do Curtume, o local exibe a torre de incineração.
O espaço transmite a sensação de aconchego e tranquilidade com seus 6.700 metros quadrados, com estacionamento para carros, motos e bicicletas. Logo na entrada, pode ser observado os diversos espaços de recreação como pista de bicicross, quadras de basquete, tênis e futebol.
Mas os locais de recreação, não ficam apenas na entrada do parque. Adentrando um pouco mais o espaço, depois de passar pelas primeiras árvores de Castanhola, Acácia Amarela, Ipê Rosa e descer as escadarias, a grandeza do parque passa a mostrar a presença de rampas de skate, praças de encontros, quadras de areia para vôlei de praia, futebol de areia, onde não são apenas os jogadores que estão presentes, mas também crianças aproveitando a sensação das pequenas pedras nos pés ou adultos praticando exercícios funcionais. Além dos campos de areia, o parque também presenteia os pequeninos com brinquedos em determinados pontos do parque que incluem escorrega, gangorras e balanços.
Oferecendo tanta variedade, a pista de 1 km também é atração no parque, onde sempre existem cidadãos caminhando, correndo ou crianças andando de bicicleta, patins e patinete. Esses aproveitam o local próximo de casa, arborizado com Sombreiro, Cacau-Bravo, Oliveiras, Palmeiras Imperiais e tantas outras espécies de árvores para praticar exercícios ao ar livre e natural sem sair do ambiente urbano.
Além da pista de corrida e caminhada, o parque tomou como referência as famosas Academias ao Ar Livre. Essas, por sua vez, atraem, principalmente, pessoas de terceira idade que precisam de atividade física e preferem ficar ao ar livre, além de não precisar se preocupar financeiramente com o pagamento pelo uso dos aparelhos.
Possuindo tantos locais para exercícios e lazer, a manutenção do parque é constantemente realizada, pois existem funcionários responsáveis por cortar a grama, regar as plantas, recolher os lixos e higienizar os banheiros, deixando o local bem cuidado para visitação.
Do pipoqueiro ao cortador de grama
O senhor Eduardo trabalha há 14 anos como cortador de grama no Parque da Criança. Diferente do que muitos acreditam, apesar da extensão do espaço, o responsável por deixar a área verde do parque mais atrativa e organizada é um única pessoa, um trabalho que exige muito esforço e dedicação. Nunca teve preguiça ou falta de vontade de trabalhar, veio da roça e estava acostumado com o trabalho duro. Para aparar tanta grama seu Eduardo utiliza o aparador de grama (ou Roçadeira, como ele prefere chamar), pois facilita o trabalho e não é pesado.
Inicialmente, Eduardo não pensava em trabalhar como funcionário, disse que estava cansado de lidar com patrões que apenas dificultavam o que ele fazia. Ele veio dos restaurantes que trabalhou em São Paulo com a convicção de que sobreviveria com seu próprio negócio, e assim iniciou seu empreendimento com a venda de pipoca no Parque da Criança. Assim que chegou, conta ele,
“o mato era alto, mesmo com três pessoas sendo responsáveis pelo corte”. Com dois anos no ramo da venda da pipoca, viu uma discussão entre o responsável pelo gerenciamento do parque e os funcionários cortadores de grama, que alegavam que o aparelho não funcionava. Após a discussão, Eduardo se ofereceu para cortar, fazendo um favor ao parque onde trabalhava, sem pedir nada em troca.
Na semana seguinte, ligou o aparelho e trabalhou no corte, conseguindo ser ágil, produtivo e eficiente. O responsável, quando viu parte do trabalho feito, convidou Eduardo para trabalhar apenas no período da manhã.
Hoje, ele continua mantendo a organização do verde do parque no período da manhã e fazendo a alegria das crianças nos fins de semana e feriados, sem contar que trabalha duplamente no mês das férias escolares. E mesmo perto de se aposentar, seu Eduardo diz que “não deixará a venda de pipoca no Parque da Criança”.
Dona Sueli sente orgulho de dizer que é formada em jornalismo, apesar de não ter seguido na área, pois trabalha em agência bancária na cidade. Frequenta o Parque da Criança desde que foi inaugurado, levando seus filhos para passear, brincar, e posteriormente passou a ir com o objetivo de se exercitar. E, como lembra, o parque é de extrema importância para suprir as necessidades de sair do ambiente de apartamentos e rotinas corridas.
Moradora do José Pinheiro, Elissama é mãe de uma criança de um ano e sete meses chamado Jhonata, o qual visita o Parque da Criança com os pais de três a quatro vezes na semana para dispersar a energia que acumula por passar muito tempo em casa, e aproveitar um pouco do que o espaço oferece.
Outro ponto que deixa claro refere-se aos próprios brinquedos disponibilizados, pois segundo ela, não são adaptados para crianças pequenas que possuem apenas um ano, por exemplo, o que se torna uma limitação para alguns pais ao levarem suas famílias para o parque.
Apesar disso, continua frequentando o ambiente de forma assídua pela proximidade do bairro onde mora e pelo espaço amplo que oferece, indicando a visitação em horários específicos do dia, principalmente para aqueles que levarão seus pequenos para um passeio ao ar livre.
O focado grupo de amigos
síduo nas práticas, mas sempre que pode está entre os amigos”. Ele afirma que a escolha do parque se deu “pela proximidade do bairro de cada um deles e pelo fato de ser arborizado e passar a sensação de tranquilidade, reforçando a ideia que respirar o ar puro é o diferencial”. Apesar de alternar os períodos que participa das aulas, gosta de sempre estar presente no grupo de whatsapp criado para se comunicarem e ficarem informados sobre o que está acontecendo. Conta que faz um mês completo que está participando dos funcionais e no sábado gosta de aproveitar para caminhar e relaxar os músculos, mas todos os dias pela manhã entre 7 e 8 horas se apresenta às areias do campo de futebol do parque da criança.
consegue “respirar o próprio oxigênio, longe da poluição”.
Mesmo sendo um parque bem arborizado, com a presença de diversas espécies de plantas, algumas áreas deixam a desejar. Elissama relembra que os ambientes destinados às crianças possuem seus brinquedos posicionados no sol, sem cobertura para os pequeninos brincarem durante os dias mais quentes, o que reflete no fato de permitir que seu filho usufrua dos brinquedos apenas em dias nublados. A jornalista em busca de tranquilidade
Apesar de não fazer parte de nenhum grupo específico, Sueli está a todo momento buscando as atividades físicas, seja nas academias privadas que, por vezes, têm condição de pagar, seja na própria pista de caminhada que o Parque da Criança oferece. Segundo ela,
Ela sempre afirma que “a construção do parque foi de grande valia”, e a deixa admirada, pois o lugar tem a capacidade de sempre reativar a lembrança que tem dos filhos pequenos quando vê as famílias passeando no parque, “além do reencontro com velhos conhecidos, o que faz boas memórias serem acionadas” e o encantamento que tem com o espaço ser sempre reavivado.
A crítica que dona Sueli tem do parque refere-se unicamente à segurança. Ainda com as lembranças de uma tentativa de assalto, ela afirma que “vê pouca movimentação de policiais no espaço, o que pode atrair pessoas com más intenções e interferir no bem estar das famílias que visitam o local”. Mas, mesmo com isso, ela indica o parque pelo cuidado dos funcionários, arborização, tranquilidade e paz transmitida no ambiente.
Desde que começou a visitar o parque, Elissama sempre vai à procura de lazer e tranquilidade, e após se tornar mãe, leva o pequeno Jhojhô para brincar e observar o pai praticando exercícios na areia, o que influencia o pequeno a querer correr junto ao pai.
Glauber sempre gostou de praticar atividades físicas como vôlei, futebol ou mesmo a corrida, e em meio aos treinamentos do grupo profissional de futebol que participou, conheceu o Parque da Criança, o qual considerava apenas um ambiente para visitação, não para a prática contínua de esportes.
“NÃO TEM NENHUM
AMBIENTE DE CG QUE PROPORCIONE UM LAZER DESSE”
Após alguns problemas de saúde, Glauber precisou se afastar do esporte, mas nunca deixou de planejar a volta para o meio das atividades físicas. Com essa ideia, ele e mais um grupo de amigos decidiram juntar seus conhecimentos na área dos treinos físicos e começarem a visitar o Parque da Criança com mais um objetivo que o simples lazer e montaram algumas aulas de funcional para todas as manhãs da semana.
NIELSON
INTEGRANTE DO GRUPO
Nielson é um desses amigos que entrou com Glauber na ideia do funcional; confessa que “não é tão as-
Jamil era morador do Rocha Cavalcante, localizado a 7 km de distância do parque, mas a um pouco mais de dois anos se mudou para o Catolé e passou a frequentar com mais frequência o Parque da Criança, considerando um privilégio poder morar perto. Ele está participando das aulas de funcional a dois meses e diz ter sido gratificante conhecer novos amigos e ainda poder adquirir saúde ao participar dos treinos. Atualmente, existem 14 participantes que dividem financeiramente os materiais que utilizam e o objetivo deles é juntar mais pessoas para entrar no grupo, o qual aceita aqueles que perguntam e se oferecem de forma amigável e simpática. Os três afirmam que preferem ficar no Parque da Criança e não pensam em mudar por motivos de pelas qualidades que o parque oferece, acreditando não haver local que proporcione o que ele tem em questão de espaço, ar puro e tranquilidade.
CONHEÇA ALUNOS DO CURSO DE JORNALISMO DA UEPB QUE SÃO DE OUTROS ESTADOS E ENFRENTARAM DIFICULDADES PARA RESIDIREM EM CAMPINA GRANDE
Adeilson Souza
Quanto vale um sonho? Pois é! Pergunta muito significativa quando o assunto tratado é estudo. Muitas vezes deixamos nossas casas, famílias e amigos para investir no que mais queremos para um futuro. Ser estudante não é fácil, e muito menos quando deixamos nossos vínculos primários para entrar no “novo”. Esse “novo”, quase sempre chega cheio de desafios e adversidades, cheios de perguntas sem respostas para sociedade, família e principalmente para nós mesmos. Mas quanto vale um sonho? É isto que vamos descobrir nesta reportagem. Na reportagem que segue vamos conhecer jovens que deixaram seus estados e vieram à Campina Grande para investir no mais queriam, serem Jornalistas!
O curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba completou, no ano passado, 50 anos de fundação. Durante esse tempo, muitos profissionais reco-
nhecidos regional e nacionalmente, como Lídice Pegado e Waléria Assunção, se formaram em um dos principais centros acadêmicos de Comunicação do Nordeste. Segundo a coordenação do curso, entre 2015 e 2024, mais de 200 estudantes oriundos de outros estados já passaram pela instituição Campina Grande, Rainha da Borborema ou Maior Cidade do São no Mundo como é conhecida, é a segunda maior cidade do estado da Paraíba. Com População aproximadamente de 419.379 segundo o (IBGE 2022). Campina é rica em cultura, turismo, beleza e urbanismo. Mas uma das maiores referências é o seu polo acadêmico. Campina concentra duas das maiores universidades públicas do nordeste, a Universidade Federal da Paraíba (UFCG). E, por causa destes fatores e tantos outros que levaram Gabrielly e Luiza a abdicar de suas vidas em outros estados para estudar na rainha da Borborema.
“Quando se busca uma oportunidade, a idade não faz diferença.”
GABRIELY
vamente dos pais para se manter. “Sair da zona de conforto, deixar meus amigos, meus pais e minha cidade foi muito difícil, e ainda é doloroso”, relata.
Embora Gabrielly não pretenda continuar em Campina Grande após se formar, ela mantém a mente aberta: “Quero voltar para minha cidade, pois perdi muitos momentos com minha família. A distância realmente maltrata. Porém, se encontrar um emprego assim que terminar o curso, talvez fique para trabalhar.”
Luiza Dotta, uma jovem de 26 anos, natural de Jundiaí, interior de São Paulo, decidiu embarcar rumo a Campina Grande, na Paraíba, em busca do sonho de ser jornalista.
DESAFIOS - | de alunos de outros estados
A mudança não foi fácil. Desde o início, encontrar um lugar para morar na nova cidade se mostrou um desafio gigante. No contexto da educação superior no Brasil, o direito à universidade e seus auxílios é considerado fundamental e universal. A Assistência Estudantil da UEPB oferece auxílios como bolsas de estudo, moradia universitária, alimentação pelo RU e transporte pelo PBT.
ria Estudantil (PROEST), foram lançadas apenas 653 vagas para participar do auxílio estudantil em todos os 8 campi, existindo 39 vagas para Campina Grande. Essa quantidade é considerada insuficiente para atender a demanda dos estudantes que necessitam de assistência financeira. A escassez de vagas torna o processo ainda mais desafiador e competitivo para os alunos que buscam apoio da Assistência Estudantil. Apesar dos desafios, Luiza persistiu. Enfrentou cada obstáculo como pôde. Sua jornada é um exemplo de que, mesmo diante das adversidades, é possível seguir em frente. Agora, Luiza está focada em construir um caminho estável para si mesma, procurando alcançar um emprego que a faça feliz na área que tanto ama.
Mas afinal, quanto vale um sonho?
Filha de um agricultor e de uma professora da rede pública, Gabrielly Farias, ou Gaby, como é conhecida, deixou Girau do Ponciano, Alagoas, em 2022 para estudar Jornalismo na UEPB. Ao chegar, sua primeira dificuldade foi financeira: os aluguéis em Campina Grande são altos, e ela, sem trabalho, depende exclusi-
Para participar, os estudantes precisam atender aos critérios estabelecidos pela universidade, se inscrever nos editais divulgados e fornecer documentação comprovando sua elegibilidade. Os selecionados recebem apoio financeiro e recursos para facilitar sua jornada acadêmica. Porém, pode ser uma luta como Luiza experimentou, pois o processo pode ser burocrático demais e a quantidade de vagas disponíveis é limitada. No semestre 2024.1, com base nos dados fornecidos pela Pró-Reito-
Diante de tudo que foi abordado podemos destacar que de fato um sonho não tem preço. Gabrielly e Luiza são exemplos de tantos jovens que deixaram seus lares para investir na maior possibilidade de mudança de vida, o estudo. Por mais que maiores fossem as dificuldades, elas continuaram firmes e fortes no propósito de terminar o curso. Mas, e você? É! Você mesmo que está lendo esta reportagem! Quanto vale o seu sonho? Bom, um valor em reais não podemos afirmar, só podemos dizer que um sonho pode custar uma vida, muitas vezes pode ser dito como impossível, porém de verdade não existe algo melhor do que sonhar, pois se não sonhamos, não realizamos!
ABRIGO MUNICIPAL OFERECE ANIMAIS PARA ADOÇÃO E PROMOVE A CASTRAÇÃO GRATUITA.
Acada dia, centenas de animais aguardam por um lar cheio de amor e carinho em Campina-Grande. A adoção, além de salvar vidas, proporciona uma experiência enriquecedora tanto para os animais quanto para as famílias que os acolhem. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) desempenha um papel fundamental na saúde pública, atuando na prevenção e controle de doenças transmitidas por animais. No entanto, suas portas se abrem também para acolher animais em situações vulneráveis.
Muitos animais chegam ao CCZ por diferentes motivos. Alguns são encaminhados após apresentarem sintomas que indicam a possibilidade de zoonoses, ou seja, doenças que podem ser transmitidas dos animais para os humanos. Nesses casos, os animais passam por um período de isolamento e observação, sendo submetidos a exames para confirmar ou descartar a suspeita.
Além de cuidar da saúde públi-
ca, o CCZ também oferece uma segunda chance para animais vítimas de maus-tratos. Após receberem os cuidados necessários, esses animais são preparados para a adoção.
Para adotar um animal no CCZ, basta comparecer à unidade com os seguintes documentos: CPF, RG e comprovante de residência atualizado. Após isso é seguidos alguns passos:
• Escolha do animal: A primeira etapa é escolher o animal que mais se adapta ao seu estilo de vida e rotina. Os abrigos costumam ter fichas detalhadas sobre cada animal, com informações sobre idade, raça, temperamento e necessidades específicas.
• Entrevista: Após escolher o animal, o potencial adotante passa por uma entrevista com um responsável do abrigo. Nessa conversa, são avaliadas as condições do lar, a experiência com animais e os motivos para a adoção.
ADOÇÃO | Amor, compromisso e cuidado de Diego e sua gatinha Preta um animalzinho tímido e carente de atenção.
tranquilidade e menos comportamentos indesejados, como a marcação de território e a agressividade.
• Aumento da expectativa de vida: Animais castrados tendem a viver mais, pois estão menos propensos a desenvolver doenças relacionadas aos órgãos reprodutivos.
• Redução de comportamentos indesejados: A castração pode diminuir o desejo de fugir para encontrar parceiros, a agressividade e a marcação de território em machos.
• Maior tranquilidade: Contribui para um comportamento mais calmo e dócil nos animais.
• Assinatura do termo de adoção: Caso a entrevista seja aprovada, o adotante assina um termo de adoção, comprometendo-se a cuidar do animal de forma responsável.
• A história de Diego e Preta é um exemplo inspirador de como a adoção pode transformar vidas. Diego sempre sonhou em ter um animalzinho, após muito pesquisar, decidiu adotar uma gata. Ao visitar um abrigo, se encantou por Preta,
“Preta não apenas entrou na minha vida, como também transformou meu mundo. Aquele gatinho tímido se tornou meu maior companheiro e me ensinou o verdadeiro significado do amor incondicional”, conta Diego. Segundo ele, “Foi amor à primeira vista! Hoje, Preta é a alegria da nossa casa e nos traz muita felicidade."
Uma das vantagens da adoção no CCZ é a possibilidade de castrar
o animal gratuitamente. A castração é um procedimento cirúrgico que previne a reprodução e traz diversos benefícios para a saúde do animal, como:
• Prevenção de doenças: A castração previne o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como o de mama em cadelas e o de testículos em cães. Além disso, reduz o risco de infecções uterinas e piometra em fêmeas.
• Controle hormonal: A remoção dos órgãos reprodutores equilibra os hormônios do animal, o que pode levar a uma maior
Um levantamento da Euromonitor de 2022 revela que o Brasil possui 168 milhões de animais de estimação, sendo cães (68 milhões), aves (42 milhões) e gatos (34 milhões) as espécies mais populares. Peixes ornamentais e outros pequenos animais também fazem parte desse universo. A pesquisa do IPB indica um crescimento expressivo na população de felinos nos últimos anos, com destaque para o aumento de 6% entre 2020 e 2021, evidenciando o impacto da pandemia na adoção de animais de companhia.
Adotar um animal é uma decisão que requer responsabilidade e comprometimento. No entanto, os benefícios dessa escolha são inúmeros. Ao abrir as portas de sua casa para um animal abandonado, você está proporcionando amor, carinho e uma nova chance de ser feliz. Se você está pensando em ter um companheiro fiel, visite um abrigo e conheça os animais que aguardam por um lar. Adotar é um ato de amor que transforma vidas!
Em uma manhã comum, a rotina dos campinenses segue seu fluxo natural: trabalho, escola, casa. Porém, em meio ao cenário urbano de Campina Grande, há algo especial acontecendo na Comunidade São José Operário, no Bairro Jardim Continental. Ali, o projeto Amor Exigente transforma vidas e proporciona a oportunidade de recomeçar todos os dias, com base em valores essenciais como amor, responsabilidade e apoio mútuo. Fundado há pouco mais de um ano, o Amor Exigente atua como "uma luz para as famílias que enfrentam dificuldades, especialmente em questões relacionadas à dependência química e à educação de crianças e adolescentes", conta fulana de tal. Mas do que um simples projeto de acolhimento, ele é uma plataforma para a construção de uma nova vida, onde cada dia é encarado como um primeiro dia, repleto de possibilidades.
O projeto surgiu inspirado por ações de um grupo similar no bairro José Pinheiro, mas ganhou força própria na comunidade São José Operário. Hoje, com a participação de mais de 70 crianças e adolescentes, o Amor Exigente oferece atividades diversas como karatê, futebol, balé e capoeira. Estas práticas não são apenas recreativas; são vistas como fatores de prevenção e proteção para os jovens O impacto transformador de um grupo de autoajuda Valdelis Pereira, conhecido por muitos como Fumaça, compartilhou sua jornada de duas décadas no grupo de autoajuda Amor Exigente. Valdelis, com uma presença serena, reflete sobre como o projeto influenciou profundamente sua vida e de sua família. "Eu estou no grupo
há 20 anos. Vim aqui procurando uma solução para o problema do meu filho e acabei descobrindo que o problema não estava nele. O problema era dividido; eu tinha 50% do problema dele", revela com sinceridade.
Ao longo desses anos, Valdelis compreendeu que o grupo oferece mais do que apenas apoio; ele cria um ambiente de acolhimento e reflexão. "Aqui nós temos um mo-
mento de reflexão, de identificação, acolhimento aos novos membros. Aqui se trabalha o codependente, seja da droga, de um problema familiar, distúrbio mental, depressão", explica. A ênfase está no apoio mútuo e na construção de um espaço seguro, onde cada participante encontra solidariedade. "Quando eu conto o meu problema, e você tem um parecido, você sabe que não está sozinho." A anonimidade é um
dos pilares desse grupo, algo que Valdelis valoriza profundamente. "O que se fala aqui, aqui permanece. É um grupo anônimo. Eu tenho confiança no grupo, porque é um grupo de pais e famílias com o mesmo problema", reforça. Nesse ambiente, ele sente que pode ser autêntico, sem medo de julgamentos, apenas compartilhando e ouvindo histórias semelhantes às suas.
Para Valdelis, o Amor Exigente
FORÇA | Em cada encontro do Amor Exigente, encontramos força e solidariedade.
mílias que buscam recomeçar, compreendendo que o primeiro passo é reconhecer que ninguém precisa enfrentar seus desafios sozinho.
não oferece respostas prontas, nem conselhos simplistas. "Aqui a gente não apresenta solução. Aqui não se diz 'Não faça isso!' ou 'Faça isso!'. Aqui um ajuda o outro com os próprios problemas, contando, compartilhando", explica, destacando a abordagem colaborativa e respeitosa do grupo. A experiência de Valdelis é um reflexo de como o Amor Exigente tem sido uma fonte de esperança e apoio para muitas fa-
Um trabalho que inspira mudança Para Juan Santos, membro da comunidade, o Amor Exigente tem impactado a vida das crianças e da comunidade em geral. "Nós começamos com poucas crianças e adolescentes, em torno de 10 a 15, e agora estamos perto de 30 ou 35. E o mais gratificante é ver a mudança de cada um, não só nas suas casas, mas também na escola e na igreja", destacou. Juan, ressalta, ainda, que a transformação das crianças e adolescentes começa dentro dos encontros e, aos poucos, se expande para toda a comunidade. "O que a gente está vendo é a mudança diária deles. Eles mudam e isso reflete na sociedade", comentou. Gustavo Campello, outro membro ativo do projeto, que também representa o Amor Exigente em fóruns nacionais de defesa dos direitos da criança e do adolescente, compartilha sua experiência pessoal. Para ele, o Amor Exigentinho — vertente dedicada às crianças e adolescentes — foi um divisor de águas em sua vida. "Eu comecei nesse trabalho há nove anos, e ele é de extrema importância. É uma proposta de educar e trazer a criança de volta ao âmbito social, impactando não só a família, mas a sociedade toda", relatou.
Prevenção e conscientização O diferencial do Amor Exigentinho é o foco na prevenção. Enquanto o Amor Exigente trabalha com a redução de danos para quem já enfrenta problemas como a dependência química, o Amor Exigentinho busca
atuar antes que as crianças e jovens tenham contato com essas situações. "Nosso trabalho é preventivo", explicou Cledna Casimiro, estudante de psicologia e uma das líderes do grupo. "Através de princípios éticos e educativos, buscamos orientar as crianças e jovens a tomarem decisões mais conscientes no futuro." Segundo Cledna, cada mês no projeto é dedicado a um princípio específico que orienta as ações do grupo. "no mês de setembro, por exemplo, trabalhamos o princípio 'Grupo de apoio'. Trabalhamos isso com diferentes enfoques: na primeira semana falamos sobre como podemos nos ajudar, na segunda, sobre como ajudar o outro, e assim por diante", esclareceu.
O projeto tem gerado resultados visíveis, revela Cledna. Ela relembra
uma história marcante de uma participante que superou a depressão graças ao apoio do grupo. "Ela era uma pessoa que não saía de casa, e hoje, não só participa, como também ajuda outras pessoas que chegam com os mesmos problemas", contou, emocionada. Uma mensagem de esperança A mensagem que o Amor Exigente deseja deixar é clara: ninguém precisa enfrentar suas lutas sozinho. "Nosso lema é que todo dia seja o primeiro dia da nossa nova vida", enfatizou Gustavo. Para aqueles que ainda não conhecem o projeto, Cledna deixa um convite: "Eu posso, mas não posso sozinho". Na Comunidade do Amor Exigente, um trabalho coletivo busca transformar vidas, uma pessoa de cada vez.
Contato O Amor Exigente está
SOLIDARIEDADE | Grupo de oração o Amor Exigente é mais que um projeto: é um novo começo! Vamos juntos semear esperança e transformação
REFERÊNCIA | Ida posicionando retrato de Elpídio de Almeida
O INSTITUTO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE ARMAZENA INFORMAÇÕES DE TODAS AS ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO DA CIDADE
Laiany Samara
aberto para todos que quiserem participar. Basta entrar em contato pelo Instagram @operariocomunidadedesaojose da Comunidade
São José Operário ou procurar por Amor Exigente nas redes sociais.
Completando 160 anos no dia 11 de outubro de 2024, Campina Grande carrega em sua história diversos acontecimentos desde antes da sua fundação até os dias de hoje. E para aqueles que se interessam pela história da Rainha da Borborema, relembrar
esses fatos é uma forma de manter a identidade do local e dos próprios cidadãos campinenses.
A atual cidade foi construída e constituída por diversos povos, entre eles os indígenas. Os chamados Cariri foram os responsáveis pela
origem do local que posteriormente junto com os chamados Bultrins, que eram índios aramuru, estabeleceram suas atividades e auxiliaram no crescimento da cidade, chegando a nomear alguns locais que até hoje permanecem, como Bodocongó e Puxinanã.
Após algum tempo se estabelecendo, foi em 1864 que Campina Grande teve sua categoria elevada para cidade quando o governador-geral da capitania reconheceu o aldeamento e a importância na conexão entre sertão e litoral, incluindo o abastecimento de toda a região.
Anos se passaram e a cidade participou de diversos acontecimentos nacionais como o estabelecimento da Lei Áurea, em 1888, que também atingiu Campina Grande, porém por não haver muitas pessoas que tinham escravos sob seu domínio, não foi um momento tão marcante. Outro fato foi o do centenário da independência do Brasil no ano de 1922, na qual diversas cidades estabeleceram um monumento representando essa independência. Campina não deixou de levantar essa representação histórica, pois passava por uma ótima fase econômica, resultado dos lucros do algodão.
neiro de 1948, o Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG), teve como idealizador e primeiro presidente o historiador e até então prefeito da cidade, Elpídio de Almeida. A primeira sede ficava localizada na rua Cardoso Vieira, n° 107 e tinha como principal objetivo trabalhar pela preservação do município e criar um museu de história de Campina.
“NÃO TEMOS FUNCIONÁRIOS, SOMOS VOLUNTÁRIOS”
GABRIELA ARAÚJO VOLUNTÁRIA DO IHCG
Porém, o monumento precisou ser destruído no ano de 1933 pela necessidade de aumentar a Avenida Marechal Floriano Peixoto.
Além desses acontecimentos, Campina Grande é repleta de fatos históricos que envolvem administração, desenvolvimento urbano, destruição de patrimônio, lendas e figuras de grande importância na área política, artística e jornalística, por exemplo. E com tantos acontecimentos, a existência de um local que armazene esses dados históricos se torna de extrema importância. Fundado inicialmente em 24 de ja-
O Instituto foi considerado utilidade pública no ano de 1950 pela Lei municipal n° 16, de 19 de dezembro; mas apesar de ter um bom auxílio e ser uma ótima iniciativa, em 1958, após a morte de um dos principais articuladores do instituto, o local deixou de funcionar. A partir desse momento, iniciou-se então uma sequência de fundações e extinções do próprio instituto, principalmente por questões administrativas que nunca se estabeleceram de forma permanente. O IHCG foi refundado nos anos 1970 por João Tavares; 1997 por Amaury Vasconcellos; e em 2012 por Ida Steinmüller. Foi no dia 10 de fevereiro de 2012 que o instituto teve sua última refundação pela historiadora Ida Steinmüller, viúva de Humberto de Almeida, que era filho primogênito de Elpídio de Almeida. No momento, Ida estava de posse de todo o material do escritório do sogro e a procura de um local que pudesse depositar as informações históricas que pertenciam a cidade, e após ter conhecimento de como funcionada um instituto de história, refundou o IHCG. Ida sempre foi a principal financiadora e organizadora do instituto, mas ainda no ano de 2012 criou um CNPJ para o local, e estabelecendo um grupo organizador, se posicionou como presidente durante quatro anos de mandato. Nesse tempo, ela levou o instituto para todo o Brasil, apresentando o trabalho em diversos congressos e reuniões que envolviam a história nacional. Após os quatro anos de mandato,
o professor Vanderley de Brito, novato no grupo de organizadores, foi sugerido para a presidência do IHCG e aceito logo em seguida como representante do instituto.
Desde a sua última fundação, a principal pauta dos organizadores sempre foi encontrar um local para a sede do instituto para que esse pudesse de fato se estabelecer. Após muita procura, Ida e Vanderley encontraram o terceiro andar da Biblioteca Municipal, localizada na rua Maciel Pinheiro, número 89, de esquina com a Avenida Floriano Peixoto, e lá descobriram o espaço perfeito para colocação do acervo de história da cidade de Campina Grande.
Atualmente, o instituto é responsável por manter ativa a memória da cidade e nessa visão junto com o objetivo inicial de preservar o município, no local é possível encontrar o Centro de Documentação, a Fonoteca Hilton Motta, o Centro Editorial entre diversos espaços que contribuem no estabelecimento da história.
“EU TENHO UMA PARCEIRA FECHADA E NÃO ABRO MÃO, SEMPRE COM O PROFESSOR VANDERLEY.”
IDA STEINMÜLLER HISTORIADORA
HISTÓRIA | No alto, imagens de pontos históricos de Campina Grande, abaixo, açúde velho, cartão-postal da cidade
HISTÓRIA | No alto, imagens de pontos históricos de Campina Grande, abaixo, açúde velho, cartão-postal da cidade
O Centro de Documentação é um dos locais mais procurados, principalmente por estudantes de graduação, mestrados e doutorados, pois é retentor de uma documentação vasta da cidade. O centro é composto por livros, revistas, cartas, relatórios, vídeos da cidade e muitas outras informações que são constantemente abastecidas com a história do município.
A Fonoteca Hilton Motta leva esse nome pois homenageia o radialista cujo material foi utilizado para criação do acervo de discos. Hilton foi um radialista pernambucano adotado pela cidade de Campina Grande, criador da primeira rádio de frequência modulada do estado. Após o seu falecimento, a filha responsável pela Campina Fm doou os discos que foram pertencen-
tes ao pai e a própria 93.1, montando um espaço com registros históricos. O Centro editorial é o responsável pela organização dos materiais que são divulgados como jornais, livros e revistas pertencentes ao instituto. O livro produzido por Ida Steinmüller e Vanderley de Brito, nomeado como “História de Campina Grande: de aldeia à metrópole” é um exemplo de edição do Centro, assim como os próprios jornais periódicos do instituto. Esses jornais por sua vez, permitem a participação do público com envio de artigos e poemas, além de informar de forma educativa sobre a história da cidade com temáticas como cultura, cinema, política, história, entre outras. Com isso, a própria Biblioteca Municipal tornou-se participante do instituto, pois nela podem ser encontrados livros de autores brasileiros com foco nos paraibanos, além de armazenar o livro de Ida e Vanderley, e os jornais periódicos do IHCG. Apesar de ter um CNPJ, a Casa de Memória de Campina não possui funcionários trabalhando no local, mas apenas voluntários que se ofereceram para ajudar na recepção, organização e desenvolvimento do espaço. Aqueles que desejam visitar o local podem entrar em contato com os secretários através do número (83)9.99807-8860 e se quiser divulgar seu trabalho, oferecer um artigo ou uma produção pessoal para publicação no jornal, os contatos são (83)9.9844-4554 ou através do email ihcginstitutosecretaria@gmail.com.
________________ Foram utilizadas informações dos Jornais Periódicos e do livro “Campina Grande: de aldeia à metrópole”, informações passadas por Ida e Gabriela através do whatsapp, informações do blog Retalhos Históricos e uma entrevista com Xico Nóbrega sobre a fonoteca.
JANAIRA | Portadora da artrose tem dificuldades para executar atividades diárias
Enfermidade, além de provocar dores, coloca o paciente na incerteza de continuar com seus hábitos diários
Imagine não conseguir subir uma escada, cruzar as pernas ou até mesmo sentar em uma cadeira, essa é a rotina da Sra. Janaína que com apenas 47, vê sua vida transformada por limitações físicas que a artrose de quadril lhe trouxe “hoje por causa da artrose, eu preciso ter mais cuidado com atividades diá-
ARTROSE | Acima, foto ilustrativa da doença de quadril. À esquerda, Dr. Márcio Tadeu, médico ortopedista e especialista da doença
rias, algumas dores que eu sinto, são constantes e crônicas e com isso a mobilidade do meu corpo ficou afetada, prejudicando ate mesmo o meu trabalho, sentia muita, muita dor na lombar e quadril o que não me deixa ficar muito tempo em pé, ou sentada”.
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma doença articular degenerativa, que afeta a cartilagem, uma substância lisa e
elástica que reveste as extremidades dos ossos na articulação, atua como um amortecedor, reduzindo o atrito e protegendo os ossos, na artrose, essa cartilagem se desgasta gradualmente, levando a dor e perda de movimento articular, quando acontece no quadril também pode ser chamada de coxoartrose, como essa articulação é uma das maiores e mais importantes do corpo humano é ela quem permite uma ampla gama de movimentos quando afetada, pode modificar a qualidade de vida drasticamente.
O desgaste das cartilagens ao longo da vida é um processo natural. Por isso, a artrose é mais comum em idosos, entretanto apesar dos índices da doença acometer pessoas mais velhas esse cenário tem mudado. Dona Janaína não é a única a lidar com a doença, estima-se que mundialmente essa patologia é prevalente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 60% dos indivíduos com mais de 50 anos e 80% dos que ultrapassam os 75 anos sofrem com algum grau de desgaste da cartilagem nas articulações, o que nos trás um grande alerta, pois Sra. Janaína mesmo estando abaixo dessa estatística foi afetada por esta enfermidade.
Segundo o Dr. Márcio Tadeu, ortopedista e traumatologista, especializado em cirurgia do quadril, pessoas mais jovens tem tido esse diagnostico, ”carregar hábitos não saudáveis como etilismo, uso de anabolizantes ou uso prolongado de corticóides faz com que passe a ser possível o surgimento em pa-
cientes mais novos” As causas vão desde o desgaste natural, lesões, hábitos de vida, sobrecarga, fator genético ate obesidade. Um estudo da sociedade brasileira do quadril publicado em 2022 trás que a doença é multifatorial, ou seja, não tem uma causa única, seus principais sintomas são dor crônica acompanhada de diminuição da amplitude de movimento, com a evolução da patologia pode-se atingir a níveis mais dolorosos até se tornarem insuportáveis sendo necessária a troca da articulação por uma prótese, Dr. Marcio nos explica que o procedimento cirúrgico pode ser indicado a qualquer pessoa acometida pela doença “geralmente os pacientes buscam a ATQ (artrosplastia total do quadril) quando não dá mais pra conviver com a dor, nesse caso é indicado o procedimento cirúrgico independentemente da idade do paciente.” Como foi o caso do presidente Luiz Inácio Lula da silva que realizou a ATQ no final do último ano, após sentir fortes dores no quadril “ninguém consegue trabalhar com dor o dia inteiro”.
O diagnostico é revelado através de consulta com ortopedista e exames médicos e para o tratamento, é fundamental que os pacientes busquem atendimento adequado para obter seu plano de tratamento personalizado, quanto mais cedo possível o processo de tratamento se iniciar, mais chance de controle da dor, buscando melhorar a qualidade de vida, evitando danos irreversíveis nas articulações e assim tornar possível a boa mobilidade com mais autonomia na realização de atividades diárias.
ESPORTE | Jovem do galo , a maior da paraiba.
cando o início de uma trajetória de apoio incondicional ao Galo. Com o passar dos anos, a TJG cresceu e se fortaleceu, tornando-se uma referência não apenas por sua presença nos jogos, mas também por suas contribuições nos bastidores do clube. Nos momentos mais difíceis do Treze, a torcida se fez presente, ajudando com campanhas e mantendo o espírito de união. Atualmente, a TJG conta com uma diretoria de 12 membros, que organiza as atividades da torcida e toma as decisões mais importantes. Além disso, um Conselho Feminino , composto por quatro mulheres, orienta e apoia as torcedoras, assegurando um ambiente de respeito e participação para todos os gêneros. Vale ressaltar ainda a participação ativa das mulheres dentro da jovem, chamadas de esporão feminino, essas torcedoras desempenham papéis que antes eram designados apenas para homens como cuidar da sede, tocar na bateria, carregar os materiais necessários para os jogos.
PAIXAO E TRADIÇAO: A FORÇA DA JOVEM DENTRO E FORA DE CAMPO.
Atorcida do Treze Futebol Clube, carinhosamente conhecido como Galo da Borborema, é uma das mais fiéis e apaixonadas do futebol nordestino. O clube de Campina Grande, com uma rica história de títulos e batalhas dentro de campo, sempre teve em sua torcida uma fonte de apoio incondicional. A energia das arquibancadas é parte fundamental da identidade do Treze, e ao longo dos anos, diversas torcidas organi-
Lavinia Jácome
zadas surgiram para alimentar essa paixão. Dentre elas, destaca-se a Torcida Jovem do Galo (TJG), que se consolidou como a maior organizada da Paraíba e uma das mais atuantes no cenário futebolístico regional.
O Surgimento e a Trajetória da TJG
A Torcida Jovem do Galo surgiu em 17 de novembro de 2001, durante um jogo decisivo entre Treze
e Guarany de Sobral. Naquela ocasião, a ausência de apoio expressivo nas arquibancadas foi o estopim para um grupo de amigos liderado por Raniery Adelino fundar a TJG. A ideia era clara: proporcionar ao time uma torcida vibrante, incansável e leal, que estivesse presente nos momentos mais críticos. Oficialmente fundada em 13 de dezembro de 2001, a TJG estreou nas arquibancadas do estádio Amigão em 20 de janeiro de 2002, mar-
Organização e Disciplina Interna
Os novos membros da TJG são recrutados a partir de diferentes bairros, conhecidos como “bondes”, e devem ser pessoas dispostas a participar ativamente de todas as atividades da torcida, desde os jogos até as caravanas para acompanhar o Treze em outras cidades.
A disciplina é levada a sério: em casos de má conduta, a diretoria decide as penalidades, que podem variar de uma suspensão de seis meses a dois anos, ou até mesmo a expulsão definitiva, dependendo da gravidade da infração.
A jovem se orgulha de seu papel como a maior torcida organizada da Paraíba, mas o seu principal objetivo permanece claro: apoiar o Treze Futebol Clube em todas as circunstâncias, com lealdade e paixão inabaláveis.
A Jovem do Galo vai muito além das arquibancadas. Ao longo de sua existência, se envolveram em diversos projetos sociais e comunitários, demonstrando um compromisso com a cidade de Campina Grande e sua população. Seus membros são doadores de sangue ativos, realizando doações mensais, além de promoverem campanhas de arrecadação de alimentos, casacos, lençóis e colchões para pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente durante os meses mais frios.
Outra iniciativa da torcida é a organização de eventos para crianças em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, levando diversão e alegria para bairros carentes de Campina Grande e cidades vizinhas. Esse lado solidário da TJG reforça a importância de se desassociar a imagem das torcidas organizadas da violência, mostrando que elas podem ser agentes de mudança positiva na sociedade.
A Influência nas Arquibancadas e o Desafio da Violência
A TJG é conhecida por sua energia nas arquibancadas, com cânticos, palmas e o som da bateria que criam uma atmosfera única, impulsionando o Treze em momentos difíceis. A torcida se orgulha de ser um ponto de força durante os jogos, ajudando a reverter situações adversas e apoiando o time intensamente Apesar disso, a TJG já enfrentou problemas com violência, mas a diretoria tem trabalhado para mudar essa imagem, promovendo reuniões e palestras para conscientizar seus membros sobre a importância de evitar confrontos. Com cerca de 100 mil seguidores nas redes sociais, a torcida busca mostrar que pode ser símbolo de paixão e responsabilidade, destacando suas ações positivas dentro e fora dos estádios.
Segundo Kaka, presidente da TJG, reuniões e palestras são organizadas para educar os torcedores sobre o impacto negativo da violência, tanto para a torcida quanto para o clube. “Sabemos o quanto isso mancha nossa imagem”, afirma.
NO NORDESTE AS CHINE -
LAS DE COURO SÃO VISTAS
COMO UM PARES DE HE -
RANÇA CULTURAL, VALORIZANDO O ARTESANATO LOCAL
No Sertão Nordestino, as chinelas de couro são mais do que calçados, são símbolos de uma rica herança cultural, essenciais na vida cotidiana e nas celebrações populares usadas como indumentárias.
Onde o sol brilha intensamente e o chão é quente, as chinelas de couro surgem como uma solução prática e culturalmente rica. Utilizando os materiais disponíveis na região, especialmente o couro, essas sandálias tornaram-se parte integrante da vida cotidiana e das celebrações populares.
Elas se integraram ao forró pé de serra, proporcionando não apenas proteção contra o solo abrasador, mas também criando uma identidade sonora com o arrasto característico do couro contra o chão, levantando poeira e animando as festas, eternizado na música “De Momento” do Bel Bandeira.
As chinelas de couro, ou alpercatas, possuem uma história profunda e significativa no Nordeste. Originalmente, esses calçados foram desenvolvidos para proteger os pés dos vaqueiros e trabalha-
CALÇADO | Processo de produção de sandálias em couro
Letícia Cely assistindo uma live stream ao vivo na Twitch
dores do campo, que enfrentavam longas jornadas sob o sol escaldante. Feitas à mão por artesãos locais, cada par de chinelas conta uma história de tradição e habilidade passada de geração em geração.
Elena Silva, 47, é uma dessas artesãs que mantém viva essa tradição. Ela possui um stand na Vila
PRODUTOS | A turista Amanda comprando sandálias na Vila do Artesão, em Campina Grande-PB
do couro: “Primeiro é a escolha do couro, depois vem o corte. Com o corte, a gente vai ver se o couro está bem maleável para poder fazer a montagem. Porque aí tem que ter também o couro bem molinho para não machucar os pés.”
As chinelas de couro representam mais do que um simples calçado; elas são um símbolo de resistência e identidade cultural.
Cores e costuras que contam novas histórias
Em contrapartida, as chinelas de couro também se adaptaram às novas tecnologias, trazendo cores e costuras diferenciadas que antes não eram possíveis. O processo de tingimento, que antigamente se restringia aos tons naturais do couro, agora permite uma variedade de cores vivas e vibrantes, graças às máquinas modernas.
Essas inovações não apenas ampliaram a oferta de modelos, mas também transformaram as chinelas em itens de moda, sem
perder a essência artesanal. As novas costuras, mais precisas e detalhadas, agregam valor e durabilidade, mantendo o conforto e a resistência, marcas registradas desse calçado tradicional.
Turistas de outras regiões reconhecem a qualidade e a história que cada par carrega. “Chinela de couro é mais típica, dura muito mais do que qualquer calçado. E para dançar é mais confortável e cultural,” revela Riudete Martins, psicóloga na cidade de Natal-RN.
do Artesão em Campina Grande, onde vende as peças de couro . Toda a produção é feita por ela e seu marido há mais de 20 anos.
As chinelas de couros são conhecidas por sua durabilidade e seu conforto durante as danças de forró. Elena explica que o processo de fabricação de peças tão duradouras começa com a escolha
Cada par é fruto de um trabalho artesanal que envolve tradição, habilidade e dedicação. Além disso, a produção e venda dessas chinelas são uma importante fonte de renda para muitas famílias do Nordeste, mantendo viva uma arte que é ao mesmo tempo um modo de vida. Nos últimos anos, a valorização do artesanato e do consumo consciente tem ampliado o mercado para as chinelas de couro, levando-as além das fronteiras do Nordeste.
Nas danças tradicionais como o forró, xaxado, baião ou até mesmo como arrasta-pé das quadrilhas juninas, as chinelas de couro representam a identidade Nordestina.
“Além de ser regional, o couro aqui da nossa terra, do nosso Nordeste.
A chinela de couro é o símbolo do São João, é usar a sandália de couro para ficar mais confortável e dançar forró,” revela Odailton Lemos. A es-
nordestina
colha de Odailton reflete uma conexão profunda com as raízes culturais e a busca pelo conforto durante as longas noites de dança.
As chinelas de couro do Nordeste são um testemunho da criatividade e resiliência do povo nordestino. Elas resistem ao tempo e às mudanças, mantendo viva a tradição de uma cultura rica e vibrante.
A PLATAFORMA SE CONSOLIDA COMO A CASA DOS CAMPEONATOS DIGITAIS, TRANSFORMANDO ESPECTADORES EM PARTICIPANTES ATIVOS E MOVIMENTANDO BILHÕES NO MERCADO GLOBAL DE JOGOS
Élyton Pablo
Nos últimos anos, os esportes eletrônicos (eSports) deixaram de ser um nicho para se tornar um fenômeno global. Com milhões de espectadores em todo o mundo, grandes campeonatos como o CBLoL (Campeonato Brasileiro de League of Legends) e os torneios de Counter-Strike (CS) ganharam uma visibilidade antes inimaginável. Os maiores aliados para a popularização do eSports são as plataformas de streaming. De acordo com a PwC, o mercado global de jogos eletrônicos movimentou mais de US$ 196,8 bilhões em 2022, impulsionado pela pandemia e pela popularização dos eSports.
A Twitch, fundada em 2011, rapidamente se consolidou como a principal plataforma de transmissão ao vivo de eventos de eSports. Com seu diferencial na interatividade, a plataforma oferece muito mais do que a simples exibição de partidas. Os espectadores podem comentar em tempo real, participar de enquetes, enviar doações e até interagir diretamente com jogadores e comentaristas.
"Você não está ali assistindo sozinho, você está conectado com outras milhares de pessoas que torcem pelos mesmos times. Quando algo positivo acontece, todo mundo vibra junto; quando algo negativo ocorre, todos compartilham da mesma frustração", destaca Letícia Cely, 22, que se define uma apaixonada pelo mundo dos jogos e acompanha os campeonatos pela Twitch.
A ascensão da Twitch também gerou um impacto econômico expressivo nos campeonatos de eSports. Com uma audiência cada vez maior, os eventos transmitem para milhares, às vezes milhões, de espectadores simultâneos.
Movimentações
O mercado global de jogos eletrônicos movimentou impressionantes 196,8 bilhões de dólares em 2022, segundo projeções da PwC, impulsionado em grande parte pela pandemia de COVID-19, que aumentou o número de jogadores e popularizou o trabalho remoto. No Brasil, o cenário também é de expansão.
TELA | Letícia Cely assistindo uma live stream ao vivo na Twitch
da entre os times paiN Gaming e RED Canids Kalunga, superando em 31,8% o pico do ano anterior. Além disso, a média de espectadores também cresceu, passando de 110.925 em 2023 para 148.519 em 2024, um aumento de 33,9%.
Um estudo recente apontou que as transmissões de campeonatos de eSports na Twitch superaram, em audiência, muitos eventos esportivos tradicionais.
outros comportamentos tóxicos. Além disso, a política de anúncios acaba desanimando o público-alvo," disse.
Alguns usuários apontam que a plataforma está se saturando de conteúdo, o que torna difícil para novos streamers ganharem visibilidade diante de grandes canais já estabelecidos.
"Decidi parar de usar a Twitch por conta de problemas com a internet. Muitas vezes, a Twitch trava, o que acaba desanimando de assistir, enquanto em outras plataformas de vídeo a internet funciona bem. Outro ponto decisivo foi o excesso de propagandas", destaca Nallyson, que acredita que, apesar da experiência interativa, a plataforma precisa melhorar.
Além disso, a década de 2020 já contabiliza investimentos superiores a US$ 20 bilhões em empresas do setor no Brasil, com a exportação de jogos brasileiros ultrapassando a marca de US$ 50
O país, atualmente o maior mercado de games da América Latina e o 13º no ranking mundial, movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano, de acordo com estimativas da Newzoo.
milhões em 2021. Esses números refletem o crescimento do setor e o aumento da relevância dos eSports, especialmente nas plataformas de streaming como a Twitch, que se consolidam como espaços centrais para essa indústria em expansão.
Segundo dados do Esports Charts, a edição de 2024 do 1º Split do CBLoL (Campeonato Brasileiro de League of Legends) alcançou números impressionantes, com um pico de 215.175 espectadores simultâneos na parti -
Essa visibilidade faz com que empresas de tecnologia, produtos de consumo e até mesmo bancos invistam pesado nas competições, com a expectativa de gerar engajamento e exposição de suas marcas. "Eu mesma conheci muitos campeonatos de Counter-Strike navegando pela Twitch. A plataforma facilita muito essa descoberta, e as comunidades criadas em torno dos streamers são extremamente receptivas", afirma Letícia, enfatizando o poder de alcance da plataforma.
Outro lado
No entanto, nem todos estão completamente satisfeitos com a experiência da plataforma. Nallyson William, 26, também fã dos eSports, aponta a necessidade de melhorias. "A Twitch deveria ser mais dura com as moderações dos chats, que por muitas vezes são usados como espaço de racismo, xenofobia e
Com um modelo que combina interatividade, comunidade e novas oportunidades econômicas, a Twitch está definindo os rumos das transmissões ao vivo.
"A Twitch é muito mais do que uma plataforma de transmissão; é uma grande comunidade onde você se sente parte de algo maior", conclui Letícia.
Esse modelo, que ainda precisa de muitos reparos, ainda é uma plataforma que envolve fãs, jogadores e patrocinadores, não só veio para ficar, mas também para evoluir, continuando a moldar o mercado de eSports nos próximos anos.
{ Entrevista
Com sua viola dinâmica entre suas cordas com os belíssimos tons, e seus versos perfeitos, a cantoria nordestina é uma verdadeira arte é um espetáculo poético. A trajetória da poetisa Maria Soledade, passou a vida por grandes desafios, o rádio teve um papel fundamental para o seu reconhecimento no qual alcançou o prestígio da cantoria de improviso. Conheça um pouco sobre a história da violeira de Alagoa Grande-PB
Maylda Alves
Fale um pouco sobre sua trajetória poética?
O dom poeta eu já nasci com ele, então desde de muita criancinha eu já era artista de mentira, brincando de boneca com as coleguinhas , a gente fazendo aniversário de boneca, casamento de boneca, e sempre como era tradição. As cantorias de viola já eram muito recentes, meu pai ele não era cantador, mas ele era muito apaixonado, fã de cantoria. Lá em casa era o celeiro de cantadores.
Então, fui me apaixonando pouco a pouco. No outro dia eu pegava uma Tábua de madeira ou uma pedaço de pau e fui ali fazendo cantorias, com as bonecas em casamento e aniversários a recepção era cantoria. Peguei o paletó do meu pai,
uma gravata era a tradição de cantadores andar todo engravatados, o paletó do meu pai cobria meus pés. Então pegava uma trava de pau e ia debaixo de Juazeiro, colocava uma bandeja e as meninas ali passavam, começava a fazer pedido e os pagamentos era folha de mato, fui me incentivando daquilo. Fui crescendo, eu cantava com as flores, os pássaros, o que vinha na minha frente eu cantava. Chegava na casa da minha vó, tinha uma janela alta; eu dizia vovó vê pra cá que a cantoria vai começar. Passou a meninice, chegou a juventude. Eu morava no sítio e fui pra o Rio passei dois anos no Rio. Depois eu retornei a Paraíba. Meu pai tinha ganhado um violão aos 15 anos dele, encapado, ain-
da continua dentro caixa, nesse dia meu pai me deu. Aí ele marcou uma cantoria surpresa sem ninguém saber, Meu pai tinha marcado cantoria com duas duplas de cantadores, ele tratou (deixou certo) com ele, nesse dia, o poeta chegou logo cedo, afinou a viola, pode convidar o povo, a noite a casa super lotou, tradição era de 8h da noite até às 5h da manhã. Quando deu 8 horas o povo perguntou cadê a cantador? Uma coisa muito séria aconteceu, ele não é de se atrasar, se ele não veio alguma coisa aconteceu. Então só tem dois caminhos a gente remarcar a cantoria pra outro dia ou eu faço cantoria com Soledade. Mamãe gritou Soledade não, Soledade não, ela não sabe cantar. Meu pai disse a ela que
sabe se ela tem coragem de cantar. Ele me chamava Sandrinha e aí Sandrinha tem coragem de cantar, meu pai eu tô aqui à disposição nunca faltou pra nada não. Eu me sentei na sala e os pessoal começaram a cantar soledade, soledade. Comecei a tremer, tremer, Tomei logo uma caipirinha escondida do meus pais. Começamos a cantar 8h da manhã e foi até as 5h da manhã. Foi a maior cantoria que deu na região e dinheiro.
O primeiro poeta com quem você cantou?
O primeiro cantador que eu cantei foi um pernambucano Manoel Valentim de Souza que cantou na casa do meu pai.
A sua primeira cantoria oficial como foi e aonde?
A primeira cantoria em público oficial foi em Alagoa Grande, na comunidade caiana dos crioulos, em 62 em uma mercenária quando deu 7:00h da noite, lotou de gente, colocaram uma cadeira em cima da mesa, cantei. No domingo fui para o restaurante Nalva de Chicô, rouca
por eu ter cantado no outro dia anterior, mas cantei. Desde da marcha das Margaridas eu não parei mais.. na sexta feira tinha o programa da rádio daí fui seguindo em frente.
No seu olhar houve desvalorização por ser feminina ? Eu já passei até 10 anos sem cantar , por motivos que meu marido não quis deixar. Um dia ele encostou em mim e mandou eu escolher ou eu ou a viola. Daí eu respondi pra ele que marido ruim encontraria em qualquer esquina e a viola é cara eu ficaria com a viola. Me separei que eu estava com duas crianças e grávida de uma sem saber. Separamos em janeiro de 75 de lá pra cá eu abracei a viola. Me afastei do sindicato . Para sobreviver à arte a gente dependia do improviso. Depois houve muito cantorias pela a frente.
Se fosse época de fogueira, eu tinha ido pra fogueira. Pra começar o preconceito começa na própria casa da gente nós próprios familiares. As próprias amigas fugiram de mim. Era um preconceito tão grande, um machismo. Comecei a ser vista quando eu comecei a me apresentar em rádios, quando eu fazia cantoria em lugares mais centralizados, que tinha mais público, entrevista de televisão. Começou a minha foto sair estampada em jornal, na Veja, a Soledade passou a ser gente para o povo. Passei até em programa de chibata. Para minha prima me conhecer tive que passar no programa de chibata. En-
fim, só tive três amigas que foram fiel a mim.
Soledade, menciona as primeiras mulheres que também cantaram com você?
A primeira mulher que eu cantei foi Opilha Soares, segunda mulher que eu cantei com ela foi Maria Lindalva a terceira foi Minervina Ferreira, trinta anos cantando com ela. E entre outras mais…Lucinha Saraiva do Maranhão, luzia dos anjos do Ceará, Fabiane Ribeiro, Rafaela Dantas, já cantei com todas elas em festivais, com poetas homens já cantei com vários, mais com homens do que com mulheres. No Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e no Nordeste todo! Sou simples , com toda minha simplicidade já dei volta ao Brasil. Não tenho um estudo avançado, estudei até a quarta série incompleta, mas sei atender o público e já cantei para políticos nesse Brasil!
Lembra qual foi a primeira rádio que você cantou ?
A minha primeira cantoria na rádio foi rural em Guarabira e na cultura em Guarabira também. Já tinha dado uma palhinha na rádio caturité am Campina Grande. Cantei com João Pereira, na integração. Cantei com vários poetas na rádio cultura. O primeiro programa de rádio em titula meu e de outro companheiro era rádio local se chamava difusora de Bananeiras, nós tinha um programa às 6:30 até 12: 00h todos os dias. O nome do programa era o poeta e a poesia. Hoje estou com programa de rádio em Alagoa Grande, a viola ao fim da tarde de 16h às 17h da tarde só nas sextas.
SOLEDADE | repentista paraibana ja cantou em todos os estados do Nordeste
HISTÓRIA | Primeira formação da Filarmonica Nossa Senhora do Desterro a 60 anos
A HISTÓRIA DA FILARMÔNICA QUE SE ENTRELAÇA COM A VIDA
MAESTRO E MUDA OS RUMOS DOS JOVENS DE UMA CIDADE
Por: Adê Macedo e Letícia Cely
Por mais um ano, a jovem senhora passeia pelas ruas de Boqueirão. Sobe e desce ladeiras percorrendo recantos tão familiares da cidade. Sempre carregando consigo, além de suas belas notas musicais, o esforço e amor de pessoas que dela fazem parte e a ajudam a caminhar, no auge dos seus 60 anos de vida.
Todo esse carinho pela querida senhora é explicado pelo fato dela ter nascido pratica-
mente junto com a sua cidade. Esteve presente, desde sempre, na vida de vários habitantes de Boqueirão, a cidade das águas. A Filarmônica Nossa Senhora do Desterro, fundada em 1964 por Manoel Carneiro dos Santos, e que, em 2024, sopra suas velinhas de 60 anos de existência, um a menos que Boqueirão. Tendo como nome o título de uma Santa que carrega toda a fé de um povo, a Filarmônica chega na terceira idade mais viva do que
nunca. Contando com o amor e esforço de diferentes gerações que a integram ou já integraram. No decorrer dessas 6 décadas muitos já tocaram seus variados instrumentos musicais. Mas muitos amores não foram tão duradouros quanto o de Francisco Oliveira, 50. O namoro teve início em 1995 e, há 12 anos, o senhor evoluiu de musicista para regente. “O meu interesse pela música se iniciou a muitos anos atrás, através de um circo que vinha para a cidade. Nesse circo havia um senhor que tocava trompete, e vendo como o senhor tocava, logo fiquei muito encantado. Com o passar dos anos, comecei a frequentar
as missas e procissões e assim conheci a filarmônica, onde foi amor à primeira vista”, disse Francisco, atual regente, que não abandonou o seu clarinete.
Com 50 anos de idade e quase 30 anos de banda, o maestro tem mais da metade de sua vida dedicada à Filarmônica. A história dele se confunde com a história filarmônica.
É junto com antigos e novos integrantes que o maestro Francisco vem contribuindo para o aumento do reconhecimento da jovem senhora que é considerada um bem cultural da cidade. “Nós já recebemos diversas homenagens! Já fomos homenageados pela Câmara Municipal com “Votos de aplausos”, também já recebemos homenagens na FLIBO (Festa Literária de Boqueirão). A Filarmônica tem sua importância e sempre nesses eventos deixa sua marca dos 60 anos de história.”, fala Francisco, com voz embargada.
História
A Filarmônica tem praticamente a mesma idade de emancipação política do município de Boqueirão. Ela presenciou muitos acontecimentos importantes da cidade das águas. Viu sua população crescer e muitas pessoas fazerem parte da banda. Participou de momentos memoráveis para os boqueirãoenses, sempre levando suas belas notas musicais em formas de canções. E assim como as pessoas da cidade, essa senhora também tem uma música predileta, um dobrado chamado “dois corações” de autoria do músico Pedro Salgado. “É um dobrado que vem desde a fundação da banda e nós sempre aproveitamos para fazer uma homenagem aos ex músicos, aos fundadores e seus familiares”, relata o maestro.
O amor que o senhor Francisco carrega pela filarmônica, acaba se refletindo nos seus alunos e também passa a exercer uma signifi-
REGENTE | Maestro Francisco Oliveira durante apresentação na Festa Literaria de Boqueirão (FLIBO)
cativa importância na vida desses jovens. “Nós sabemos como esse mundão anda lá fora. E a filarmônica tem atraído a atenção de muitos deles, é uma forma de conquistar a atenção através da música. Nós trabalhamos com aqueles jovens que chegam com ansiedade ou depressão e temos conseguido reverter os quadros através da música, tem sido muito importante”, conta. Pedro Augusto tem apenas 18 anos, é um jovem cidadão que descobriu o amor pela música ao conhecer a banda. “Entrei na banda no ano de 2019, são cinco anos de filarmônica! Nessa época, eu estava tendo aula de violão com a professora Daiane Mendes, ela acabou me incentivando a entrar na banda. Perguntei à minha mãe o que ela achava da ideia e com seu aval, acabou acontecendo meu ingresso. Para mim a filarmônica exerce uma importância gigantesca pois a banda acaba ocupando a mente dos jovens, evitando que eles entrem em outros caminhos”, destacou o rapaz.
Nessas seis décadas de existência, a filarmônica esteve presente no dia a dia de dezenas de outros adolescentes, tocando e mudando o destino desses jovens. Tháysla Flávia, 28 anos, foi uma delas. “Meu gosto pela música começou desde criança. Meus pais eram da banda e sempre me incentivaram a entrar. Acabei ingressando na corporação no ano de 2004, ficando durante 15 anos. A filarmônica Nossa Senhora do Desterro é um marco na cultura da cidade, ela é um divisor de águas na vida de muitos jovens. Já vi muitos entrando lá que viviam coisas erradas e hoje estão no bom caminho, onde a música os levou”, contou Thásyla.
A Filarmônica Nossa Senhora do
APRESENTAÇÃO | Filarmonica Nossa Senhora do Desterro na festa de São Bento, 2024
Desterro foi promovida, em 6 de março de 2012, a patrimônio cultural e imaterial da cidade de Boqueirão, conforme a lei N° 970/2012. Uma ferramenta fortíssima na construção social dos jovens e uma paixão ainda maior para um maestro. Que
essa jovem senhora possa continuar levando musicalidade para a cidade das águas e transcendendo esses limites quando passa a tocar e mudar vidas. Que venham mais 60 anos para essa simpática e charmosa senhora.
Artigo
O Auto da Compadecida 2: realmente precisamos de uma continuação?
Arthur Dmytto
Oque faz uma continuação de um filme ser necessária? Quando uma obra cinematográfica não passa toda a mensagem que gostaria de transmitir ou deixa algumas pontas soltas na narrativa faz-se necessária uma continuação dela. Outros fatores determinantes para isso é o apelo do público que deseja acompanhar o desenrolar da história de personagens queridos, ou o simples fato de que os produtores querem aproveitar o sucesso do filme original para vender uma continuação dela.
Quando foi anunciado que “O Auto da Compadecida” ganharia uma sequência depois de mais de vinte anos da sua estreia eu me perguntei se realmente isso era necessário. O material original foi baseado na peça teatral
A história
foi finalizada de
forma satisfatória e todas as pontas foram amarradas
de mesmo nome escrita por Ariano Suassuna em 1955, que foi transformada em minissérie exibida pela Rede Globo em 1999. Outras obras do autor que serviram como inspiração foram “O Santo e a Porca” e “Torturas de um Coração”. No ano de 2000, foi lançado o filme a partir de uma edição feita na minissérie, que excluiu algumas subtramas.
O filme se tornou um clássico do cinema nacional por sua história repleta de críticas sociais e personagens icônicos que ganharam o coração do público. Não poderia ser o contrário, a produção dirigida por Guel Arraes é muito boa e equilibra muito bem as questões sociais, o humor e o drama. Ao final, a mensagem que o filme gostaria de passar foi compreendida e a história de todos os personagens principais receberam um final digno e bem amarrado com a trama. Por isso que a obra é tão querida e aclamada, conquistando o público de todas as idades, pois o roteiro conversa com todas as faixas etárias.
Por isso que eu afirmo: “O auto da compadecida não necessitaria de uma continuação”. Como dito anteriormente, a história foi fechada, todos os personagens tiveram seus desfechos satisfatórios e a mensagem foi transmitida com sucesso. Diante disso, a parte dois do filme servirá apenas como um “mimo” para os fãs e como um produto feito para lucrar com o sucesso do antecessor, que é uma coisa totalmente válida e compreensível.
Porém, como o Material base da minissérie e do primeiro filme não teve uma continuação, os produtores precisaram se basear em outras obras de Ariano Suassuna como “A Farsa da Boa Preguiça”. Mesmo que os personagens principais do filme de 2000 estejam de volta para a sequência, assim como o diretor, os roteiristas e as locações de filmagens, talvez a essência original de “O alto da compadecida” seja perdida na sequência.
Existem vários filmes que receberam continuações desnecessárias que não foram bem aceitas nem pelo público e nem pela crítica, uma vez que se desviaram seja parcial e por completo da essência do original. Podemos citar alguns exemplos como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1984), Círculo de Fogo (2013), Velocidade Máxima (1994) e Independence Day (1998). Todos esses exemplos citados são de excelentes filmes que receberam sequências desnecessárias com uma qualidade inferior. Não vou fazer aqui o papel do engenheiro de obra pronta e deixar para falar do filme antes do seu lançamento, que será no dia 25 de dezembro de 2024, para tirar minhas conclusões. Espero os excelentes atores Selton Melo e Matheus Nachtergaele possam trazer de volta todo o carisma e a química da dupla João Grilo e Chicó. Que todos nós possamos assistir um filme excelente que mantenha a mesma qualidade que o primeiro e que no final venha aquele sentimento bom de nostalgia e lembranças boas que só a magia do cinema pode nos transmitir.
ARTE | As irmãs gêmeas, Fabia e Fabiana com as panelas de barro moldadas pelas suas mãos
Éterça-feira à tarde e chego a casa de Fabia, que fica na comunidade quilombola das Lagoinhas, em Serra Branca, cidade do Cariri paraibano, a 225 km da capital, João Pessoa. O município possui 3 quilombos. O ar está tão seco que a respiração fica difícil, a poeira da estrada suja os pés. Fabia me recebe ao lado porteira que dá acesso à comunidade. Ela usa um turbante de uma de um tom avermelhado, ao mesmo tempo que revela sua identidade, esconde os fios brancos. O turbante, revela ela, comprou num site de compras online, Shopee.
Na residência, sou recebida pelo seu marido Severino e sua irmã gêmea Fabiana. A residência, simples, mas aconchegante, com móveis antigos, quadros nas paredes, são tantas informações em um único lugar, exposições das suas identidades. E, num canto da sala lá elas estão elas, suas panelas de barro, arte ancestral e tradicional. Conversamos por quase uma hora e meia. Fabia sentada no sofá e Fabiana no braço.
Apesar da descontração eu preciso conversar e entender o
A ARTE ANCESTRAL
DE FAZER PANELAS DE BARRO, PRESERVADA
POR FABIA E FABIANA, ENFRENTA DESAFIOS
DA MODERNIDADE NO CORAÇÃO DO CARIRI PARAIBANO
papel delas para manter viva a tradição de fazer panelas de barro. Fabia, mais falante, me contou que aprendeu com a mãe, que aprendeu com a avó. Assim são as tradições no Nordeste, passadas de geração em geração. Hoje, avó e mãe são aposentadas, mas durante anos aquela era a principal fonte de renda da família.
Durante a conversa ela contou como as coisas mudaram. Antigamente era mais fácil conseguir a lenha nos arredores da cidade, hoje, com a maioria dos terrenos cercados e pela preservação da mata ficou mais difícil. O barro é retirado
da própria comunidade e uma vez retirado, não volta ao solo. Fomos ver o forno, que com mais de 30 anos ainda queima. Nele há panelas para serem queimadas com lenha e cobertas por cacos velhos. Cheguei a perguntar se seus filhos e netos se interessam pela produção. Fabia que tinha apenas uma filha me contou que ela nunca teve interesse. Ela morreu há alguns anos vítima do COVID 19. Fabiana, mãe de 3 me diz que ninguém mais tem interesse. As peças apesar de significativas perderam as funções. Antigamente serviam para cozinhar, os tradicionais potes foram substituídos pelas geladeiras, hoje a tradição de fazer panelas de barro está nas mãos de Fabia e Fabiana, seus filhos não veem atrativos com a arte de barro.
As peças são vendidas em casa mesmo, muitas vezes por encomenda, os potes são os mais caros, custam em torno de 40 reais, os vasos e panelas custam no mínimo 15. Fabia e Fabiana me contaram que fazem mais por terapia, para passar o tempo. Elas são as últimas da família, o quilombo segue a tradição, mas saí de lá com o questionamento de se as novas gerações seguirão fazendo a arte que representa a resistência daquele povo!
O PODER DA DISCIPLINA | Do caderno ao tatame, um legado de superação
COMO VALORES
FAMILIARES MOLDARAM
UM CAMPEÃO DE JIU -
JÍTSU E O LEVARAM
A INSPIRAR NOVAS
GERAÇÕES DE LUTADORES
E SER HUMANOS
no início de sua jornada foi a falta de condições financeiras para adquirir o kimono, equipamento essencial para a prática do jiu-jítsu. "Na época, o kimono era muito caro, custava entre 100 e 150 reais, e minha família não tinha como comprar um", conta Rômulo. Por isso, ele optou por treinar Vale-Tudo, uma modalidade que não exigia kimono, o que tornava o esporte mais acessível.
uma conquista que ele guarda com carinho.
“Esses
projetos são minha maneira de dar algo de volta.” Dever
RÔMULO NEGREIROS LEITE Atleta
A história de Rômulo no jiu-jítsu começou de maneira inusitada. Aos 13 anos, durante uma ida com seu avô para comprar material escolar, um caderno com a imagem de um personagem vestindo kimono e faixa preta chamou sua atenção. "Eu estava escolhendo o caderno para a escola e vi um com um desenho do Badboy, que eu não conhecia, vestido de kimono branco e faixa preta,
Aos 38 anos, Rômulo Negreiros Leite se destaca como uma das grandes referências do jiu-jítsu em Campina Grande, Paraíba. No entanto, sua trajetória no mundo das artes marciais começou de forma curiosa e inesperada, marcada por um simples gesto de seu avô, que o criou e foi uma das maiores influências em sua vida. "Ele sempre acreditou que eu podia ir longe, mesmo sem entender muito de jiu-jítsu ou outras artes marciais. Ele me criou e me deu os princípios de disciplina e respeito, que carrego comigo até hoje", nos conta Rômulo, emocionado ao falar sobre a figura paterna que o guiou.
com o nome jiu-jítsu. Aquilo ficou na minha cabeça", lembra Romulo. Na escola, a curiosidade despertada pela imagem fez com que seus amigos começassem a perguntar se ele estava praticando jiu-jítsu. Embora ainda não soubesse do que se tratava, dois colegas que treinavam Vale-Tudo, Marcos Rei e Weverson Charopinho, o convidaram para treinar com eles. Romulo, que já participava de um projeto de capoeira na escola, aceitou o convite. Uma das principais dificuldades
Foi durante esse período que ele percebeu a eficiência do jiu-jítsu, que o conquistou completamente. "O que me motivou a praticar unicamente o jiu-jítsu foi a eficiência da arte. O jiu-jítsu, além de ter hierarquia, disciplina e ética, proporciona bem-estar, fortalece laços de amizade e, principalmente, dá controle emocional. Isso me conquistou", afirma. Rômulo sempre teve em seu avô uma figura de suporte emocional e moral. Criado por ele, Romulo aprendeu desde cedo lições de disciplina e trabalho duro. "Meu avô foi quem me ensinou o valor da disciplina, algo que uso tanto no esporte quanto na vida. Ele me ensinou a ser resiliente e a não desistir diante das dificuldades", conta. O apoio do avô foi fundamental para que Romulo persistisse, mesmo nas fases mais difíceis. "Ele sempre me incentivou a seguir em frente. Ele estava lá, sempre presente. Eu queria retribuir todo o apoio que ele me deu", acrescenta.
Durante os primeiros anos, Rômulo treinou sem kimono, improvisando com o que tinha. "Ganhei um kimono velho e rasgado de um amigo, e remendei ele com calça jeans. A cada treino, ele rasgava mais um pouco, mas isso não me impediu de continuar", relembra Rômulo, com um sorriso nostálgico. Foi só após dois ou três anos que ele conseguiu comprar seu primeiro kimono novo,
Superadas essas dificuldades iniciais, Romulo se dedicou integralmente ao jiu-jítsu, participando de competições e acumulando títulos importantes como o: Paraibano, Mundial, Sul-Americano, Pan-Americano, Copa Pódio, além de dois vice-campeonatos mundiais no Brasil e de dois Sul-Americanos. Rômulo teve a oportunidade de competir fora do país, em Roma, onde ficou em terceiro na categoria e no absoluto (sem limite de peso). Além das competições, Rômulo encontrou uma forma de retribuir à sociedade tudo o que o esporte lhe proporcionou. Ele coordena dois projetos sociais em Campina Grande: "Meus Primeiros Passos", que ocorre em uma escola no bairro Pedregal, e "Toca do Lobo", no Monte Santo. Ambos os projetos têm como objetivo introduzir jovens no mundo do jiu-jítsu, ensinando não apenas as técnicas da arte marcial, mas também valores de disciplina e respeito. "Esses projetos são minha maneira de dar algo de volta. Quando olho para esses jovens, lembro de como eu comecei e de tudo o que aprendi com meu avô”. Explica Rômulo. “Tudo o que conquistei foi com muito esforço, e sempre penso no que meu avô me ensinou. Ele dizia que a gente nunca deve parar de lutar pelos nossos sonhos", revela. Entre seus principais objetivos está a participação no Mundial da AEBJJ nos Estados Unidos, uma meta que Rômulo ainda não conseguiu alcançar, por duas vezes seu visto para entrar no país foi negado. Hoje, Romulo transmite esses valores para as novas gerações, através dos projetos sociais e das aulas que ministra, perpetuando o legado de seu avô e da arte suave que tanto ama.
A PARAIBANA ANNA BEATRIZ
TRANSFORMOU SUA PAIXÃO POR
PERSONAGENS FICTÍCIOS EM UMA
ARTE, CRIANDO COSPLAYS QUE
ENCANTAM MILHARES DE PESSOAS
NAS SUAS REDES SOCIAI
Acada dia que passa, o Cosplay conquista mais adeptos no Brasil, transformando-se em uma verdadeira febre entre os fãs de anime, mangá e games. A prática, que consiste em criar e usar fantasias de personagens fictícios, vai muito além de simplesmente vestir uma roupa: é uma forma de expressão artística que envolve criatividade, dedicação e paixão.
O termo “Cosplay” é uma junção das palavras inglesas “costume” (fantasia) e “roleplay” (interpretação), e os cosplayers, como são chamados os praticantes, podem se inspirar em uma infinidade de personagens, desde heróis de quadrinhos até vilões de filmes de terror. A única regra é a imaginação!
Para se transformar em seus personagens favoritos, os cosplayers dedicam horas à criação de roupas e acessórios, buscando cada detalhe para que a caracterização seja o mais fiel possível. Além da aparência física, muitos também se dedicam a interpretar a personalidade e os gestos dos personagens, criando performances que encantam o público.
“O Cosplay é uma forma de me conectar com personagens que eu admiro e de compartilhar essa paixão com outras pessoas”, afirma Anna Beatriz, estudante de arte e mídia na UFCG e cosplayer paraibana. Para ela, é uma forma de expressar sua criatividade e de se divertir.
A paraibana Anna Beatriz Gouveia, de 22 anos, que nas redes sociais é conhecida como Akemi, encontrou no Cosplay uma forma de expressar sua criatividade e paixão por personagens fictícios.
Com mais de 15 mil seguidores no Instagram, a estudante de arte e mídia da UFCG encanta a todos com suas transformações impecáveis.
A conexão de Akemi com o universo dos Cosplays começou ainda na infância, quando ela se encantava com personagens de séries, games e filmes. No entanto, foi em 2012, ao se aprofundar na cultura japonesa, que a jovem descobriu o mundo dos animes e mangás e, com ele, a possibilidade de se tornar qualquer personagem que desejasse.
“Comecei como uma brincadeira durante a pandemia, a pedido de uma amiga. Criei o Cosplay
da Vanellope von Schweetz, da animação Detona Ralph, e me apaixonei pela experiência”, lembra Akemi. Desde então, a cosplayer não parou mais de se transformar, interpretando personagens dos quais se sente verdadeiramente conectada.
“A minha cabeça funciona de um jeito que realmente consigo sentir que estou sendo o personagem”, explica. Ela se aprofunda tanto na história que parece se fundir com a personagem por um tempo.
Apesar das dificuldades financeiras e dos julgamentos de quem não entende a arte do cosplay, Akemi segue em frente. “Já passei por situações bem engraçadas, como cair dentro de um lago durante um evento”, relembra ela, com bom humor. Mesmo com custos que variam de R$300 para os mais simples a R$600 para os mais elaborados, ela investe tempo e dinheiro nessa paixão, encontrando até mesmo formas de economizar reutilizando peças do próprio guarda-roupa.
Ela encontra no Cosplay uma forma de desenvolver suas habilidades artísticas e de se conectar com outras pessoas que compartilham a mesma paixão. “Me ajuda muito na parte de atuação e estudo de interpretação que tenho que fazer para os personagens, e também a desenvolver meu lado midiático”, conta.
Ao escolher os personagens que irá interpretar, Akemi busca aqueles com os quais se identifica. “Normalmente escolho personagens que acho a personalidade interessante e às vezes um pouco parecida com a minha”, explica ela. “Me dá vontade de saber como seria a cabeça de tal personagem, e interpretando ele eu consigo sentir um pouco de como ele seria.”
Para ela, o Cosplay é muito mais do que apenas vestir uma fantasia. É uma forma de expressão artística que permite explorar diferentes facetas de sua personalidade e se conectar com sua própria identidade. “Me inspiro em muitas cosplayers, mas a minha maior inspiração é conseguir me superar”, afirma ela. “Já refiz alguns personagens e é muito bom ver que eles sempre evoluem de alguma forma.”
INSTAGRAM: @akemimiki
PROJETO INOVADOR QUE
INICIOU NA PANDEMIA
CONTINUA A FORTALECER
LAÇOS SOCIAIS DOS IDOSOS
Apandemia da COVID-19 trouxe desafios inéditos para todos, mas para a população idosa, os impactos foram ainda mais significativos. Isolamento social, incertezas e a necessidade de distanciamento físico afetaram profundamente a qualidade de vida desse grupo. No entanto, em meio a esse cenário desafiador, um projeto inovador surgiu como um raio de esperança, levando carinho, afeto e atividades prazerosas diretamente para as casas dos idosos.
O envelhecimento populacional é um fenômeno global que exige cada vez mais atenção e cuidado. Os idosos, portadores de uma riqueza de experiências e conhecimentos, merecem ser valorizados e assistidos de forma integral. Os cuidados com essa faixa etária vão além da saúde física, englobando aspectos emocionais, sociais e psicológicos, portanto projetos sociais que se dedicam ao bem-estar dos idosos desempenham um papel fundamental nesse contexto, promovendo a qualidade de vida, combatendo o isolamento social e garantindo direitos básicos. Ao oferecer atividades recreativas, acompanhamento médico e psicológico, além de
espaços de convívio, se contribue para um envelhecimento mais ativo e saudável, fortalecendo os laços comunitários e promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva. Partindo desse entendimento, a cidade de Boa Vista, Cariri paraibano, teve a iniciativa de um projeto social com idosos que surgiu em meio a pandemia da COVID-19, quando a equipe CRAS(Centro de Referência de Assistencial Social) teve que retomar as atividades, um pouco antes dos serviços da política de assistência social serem declarados como serviço essencial. Os grupos que já existem no CRAS, fazem parte do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, o objetivo foi trazer mais uma estratégia do trabalho social com famílias para fortalecer os vínculos familiares e a ampliação do espaço de sociabilidade, essa iniciativa mostrou-se eficaz e permanece em
prática até hoje.
Uma das ações mais marcantes é o “Carinho em Casa”, que consiste em visitas domiciliares com um carro de som, onde os profissionais do CRAS levam música, mensagens de carinho e atividades recreativas. Além disso, o projeto também incluiu atividades físicas, sessões de cinema, troca de cartas e até mesmo uma quadrilha junina em casa.
A iniciativa, que teve início em maio de 2020, utilizou uma abordagem criativa e inovadora para levar alegria e companheirismo aos participantes.
Dona Maria, uma das participantes do projeto, relata que as visitas são como um raio de sol em meio à tempestade. “Sinto-me acolhida e valorizada em em momentos que mais preciso”, afirma.
Os resultados alcançados pelo projeto, são de 40 idosos e em sua composto por mulheres, pois
não houve interesse do público masculino.
O projeto “Amor pelos idosos”demonstrou ser uma iniciativa de grande sucesso, proporcionando a eles momentos de alegria, companhia e bem-estar. Além disso, a iniciativa contribuiu para fortalecer os vínculos sociais e promover a saúde mental dos participantes. “Amor pelos os idosos “ mostrou que é possível transformar a vida das pessoas, mesmo em meio a grandes desafios.
A iniciativa, que nasceu da necessidade de cuidar dos mais vulneráveis, tornou-se um exemplo de solidariedade e inovação, inspirando outras comunidades a desenvolver ações semelhantes.
A sociedade muitas vezes enxerga a velhice como etapa final da vida, o processo do envelhecimento é algo natural que vai ocorrer de maneira diferente entre as pessoas.
O projeto promove serviços e benefícios sociais e na proteção básica social, que representa um passo para a consolidação da Assistência Social pública. Ou seja, fazê-los refletir acerca do idoso como provedor da família. Saúde, bem-estar, políticas públicas, esporte e lazer, importância da relação familiar para o bem estar na terceira idade, enfatizando que as relações familiares são primordialmente um processo de envelhecimento saudável. Para garantir melhorias para a qualidade de vida dos idosos, assim como, novas oportunidades de direitos e inclusão voltada para eles.
MARIA DE LURDES | Aos 65 anos, depois de um AVC, entrou para o Grupo e percebeu melhoras no quadro médico
PROJETO “DE BEM COM A VIDA” ESTÁ A 11 ANOS CONTRIBUINDO PARA A MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA E INCLUSÃO DE SENHORAS, NA CIDADE DE BOQUEIRÃO
Adê Macêdo e Letícia Cely
Aterceira idade traz consigo uma enorme bagagem de experiências, um misto de conhecimentos e sentimentos que só a chegada da velhice é capaz de proporcionar. Entretanto, infelizmente nem tudo o que a “melhor idade” carrega são “flores”. Com o passar dos anos, inevitavelmente, o corpo humano vai enfraquecendo tanto físico, quanto mentalmente, passando a tornar-se necessário o início ou continuação de práticas
que combatam esses malefícios advindos do avanço da idade. Em Boqueirão, cidade localizada no Cariri Oriental paraibano, o projeto social “De bem com a vida”, surge como uma importante ferramenta na manutenção do bem estar de pessoas que se encontram na terceira idade. O projeto nasceu há 11 anos, a partir da ideia da então secretária de… Naldete Ramos. Ao longo dos anos, o “De bem com a vida” foi crescendo e tomando for-
grupo cultural que realiza apresentações dentro e fora do município. Dentre as cidades já visitadas pelo projeto, estão: Cabaceiras e Caturité, trazendo um repertório variado indo desde músicas clássicas, até o velho e bom forró; ritmo preferido entre as integrantes.
Rita Vidal (65), faz parte do projeto desde o início das aulas de zumba. Ela relata que a dança foi importante na melhora de sua qualidade de vida “antes eu me sentia com o corpo muito pesado e cansado, depois que comecei a fazer parte da dança, senti o corpo maneiro e com mais saúde,” conta.
E, não é só para a parte física que o projeto traz melhorias, em uma fala carregada de emoção, Maria das Neves (70), ressalta a contribuição do programa para com a saúde mental, além da física. “Antes, eu não podia nem andar, tenho problema no joelho e sempre ficava muito parada e triste. Porque a gente só vive em casa e isolada, bate depressão, bate angústia, bate a solidão e aí não presta não. Aqui, tenho muitos amigos, gosto muito dos professores e dou muita risada com Douglas (professor de dança), gosto muito deles”, revela Maria.
Para Douglas, atual professor de dança da zumba e do grupo cultural, que está a frente do projeto há
1 ano, é muito gratificante integrar a equipe do “De bem com a vida”. “Eu acho muito gratificante, porque quando a gente fala em fazer uma caminhada, por exemplo, como ocorreu no setembro amarelo, elas se empolgam e vestem a camisa. Chegam até mais cedo do que eu que atraso sempre, mas é desse jeito. Me sinto muito grato por vê-las assim, se sentindo bem com cada aula que a gente faz”. Douglas ainda fez elogios a equipe que compõe o programa e a coordenadora Alcira pela entrega em tudo o que se propõem a fazer.
O projeto afeta direta e indiretamente a vida de muitas pessoas que ali se encontram, para aproveitar da melhor forma possível a chegada da terceira idade. A maioria são pessoas simples e humildes que já passaram por muitas conturbações durante suas vidas.
Pessoas que agora não tem grandes pretensões para os próximos dias, muitas já constituíram suas famílias, já tiveram filhos e netos, já trabalham muito e agora merecem curtir, descansar e aproveitar os anos que estão vivenciando e os próximos que estão por vir. Curtir com leveza e qualidade de vida, compartilhando todas de um mesmo objetivo: estarem DE BEM COM A VIDA.
ma dentro da cidade de Boqueirão. Atualmente o projeto não está mais retido dentro do perímetro urbano do município, se estendendo também para sítios e distritos de Boqueirão, como por exemplo: as aulas de zumba no Distrito do Marinhos e no sítio Taboado, contanto com cerca de 150 integrantes.
O “De bem com a vida”, oferece diferentes atividades como aulas de informática, artesanato e zumba. Além de contar também com um
HISTÓRIAS DE ACEITAÇÃO DA VELHICE, MUDANÇA DE PENSAMENTO E GRATIDÃO SÃO COMUNS ENTRE OS ALUNOS ATENDIDOS. ATRAVÉS DECUIDADOS, ATENÇÃO E AMOR, ELES DESCOBRIRAM QUE A VELHICE NÃO PRECISA SER ALGO TRISTE E SOLITÁRIO
Os portões estão abertos antes das oito horas da manhã. Estão escancarados como se fosse uma forma de dizer que lá, todos são bem vindos. Logo eles chegam. Sozinhos ou em pequenos grupos, ou até mesmo trazidos por parentes. São pessoas cujos corpos revelam a longa e inevitável ação do tempo. Porém, esse não é um lugar onde se encosta seres humanos que já viram o sol nascer e se pôr milhares de vezes, mas um espaço onde se ensina que a experiência acumulada ao longo da vida não é um fardo, mas uma dádiva repleta de sabedoria e memórias valiosas. Lá, cada pessoa é incentivada a compartilhar suas histórias, mostrando que de uma simples conversa pode surgir material digno de uma grande epopeia.
Os frequentadores, muitas vezes vistos como enfadonhos por outros, são valorizados e respeitados nesse ambiente. Com milhares de aniversários somados, eles desenvolveram um profundo sentimento de gratidão, aprendendo que ninguém é descartável e que suas vidas têm um significado duradouro. É isso que a Universidade
Aberta à Maturidade (UAMA) ensina.
A UAMA, é um projeto da Uni-
EDUCAÇÃO | Aula do professor Manoel Freire, idealizador e coordenador da UAMA
versidade Estadual da Paraíba, que tem como principal objetivo atender à crescente demanda educacional entre pessoas com mais de 60 anos, proporcionando-lhes não apenas conhecimento, mas também uma melhor qualidade de vida. Ao oferecer uma formação completa e diversificada, o projeto
incentiva o envelhecimento ativo e saudável, abordando temas que vão desde atividades artísticas, direitos do idoso, até o ensino de línguas estrangeiras.
“A UAMA é tudo na nossa vida. Quando a gente pensa que não tem mais utilidade, nós percebemos que ainda somos úteis para a sociedade”, relata Reinaldo Ramos. Ele anda sempre com seu ‘raidinho’ de pilha, escutando as músicas que o faz lembrar de um passado reple-
to de boas memórias. “Isso é que é música boa,” diz. Reinaldo se orgulha de nunca ter precisado dominar a escrita ou a leitura. Não consegue formar palavra alguma. Isso nunca foi um problema segundo ele, pois mesmo assim conseguiu fazer um curso técnico de torneiro mecânico, que proporcionou a ele um emprego que lhe garantiu uma vida financeiramente estável. “Eu era respeitado dentro da empresa, e dava até palestra para gente que tinha mais estudo que eu”. Agora aposentado, Reinaldo aproveita a vida da forma que mais lhe agrada: dançando forró e namorando muito. Afinal, ele é conhecido por seus colegas como “o namorador da turma”.
O ambiente da UAMA é bastante amplo. É um espaço composto por agradáveis e orgulhosas pare-
MÚSICA | Reinaldo Ramos escutando uma música em seu ‘raidinho’ de pilha
des repletas de retratos daqueles que por lá passaram. É como se fosse um grande memorial constituído por amor e respeito. O frequente convívio com os seus semelhantes possibilita que muitos dos alunos atendidos aceitem o abrandamento natural do seu metabolismo celular.
Dona Maria de Fátima é um desses exemplos de auto aceitação. Não tinha amigos da mesma faixa etária, o que lhe causava a negação da maturidade. Ela se sentia como se fosse uma estrela pouco resplandecente que já con-
sumiu toda sua energia, dentro de uma galáxia cercada por outras estrelas com o potencial total de luminescência. Porém, a UAMA a fez enxergar que todo brilho que ela dispõe consegue encantar os olhos de quem tem a disposição de apreciar. “O bem mais precioso que eu vou levar daqui é a aceitação,” afirmou. Boa parte dos seus anos de vida foram dedicados a tentar realizar o seu maior sonho. Se tornar jornalista era o principal objetivo dela. Apesar de nunca ter conseguido ingressar no curso, Maria de Fátima se comunica muito bem. É uma pessoa que apresenta um semblante tranquilo, e cada palavra que ela pronuncia tem a firmeza de um diamante, passando confiança e cordialidade.
MEMÓRIA | Dona Maria de Fátima lendo uma carta que fala sobre as memórias que ela levará da Universidade Aberta à Maturidade
Misturando o espanhol com o português, Cruz Ramon se torna uma figura bastante destacada dentre os que lá estão. Saiu da Nicarágua para buscar uma melhor educação no Brasil. Queria se tornar engenheiro agrícola. Mas depois que atingiu sua sexta década de vida, ele passou a acreditar que seu tempo útil já havia terminado. Cruz julgava que tinha atingido uma espécie de obsolescência programada, igual um eletrodoméstico cujo fabricante programa seu tempo de utilidade. Ele ficou sabendo da UAMA através de uma reportagem de TV e, movido pela curiosidade, decidiu participar do projeto. Esse foi um caso em que a curiosidade não “matou o gato”, mas entregou para ele uma completa e significativa mudança de perspectiva sobre as suas capacidades físicas e intelectuais. “O que eu aprendi aqui foi outra forma de enxergar a minha vida, e ver que ainda posso aprender muito,” disse Cruz Ramon, falando um pouco devagar para que seu portunhol transmita toda eloquência das palavras
tados em uma prateleira no canto da parede. Foi assim que Manoel Freire, carinhosamente chamado de “Mano”, idealizou a Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), no ano de 2009, para atender a demanda educacional e social de um segmento da sociedade em específico. Os anos irão se passar. Alguns deles poderão até esquecer de muitas lembranças e momentos vividos. Mas todos eles carregaram nos seus corações para sempre as memórias da UAMA.
“OQUE EU APRENDI AQUI FOI UMA OUTRA FORMA DE ENXERGAR A MINHA VIDA.”
CRUZ RAMON
ALUNO DA UAMA
dele sobre a UAMA. Esses três personagens e todos os que estão presentes na UAMA possuem outra coisa em comum além da imparcial ação do tempo sobre os seus corpos. Acontece que existe alguém que se preocupou com o bem estar e a qualidade de vida deles. Isso fez com que essa pessoa, durante seus estudos na Espanha, pensasse em algo inovador e único para trazer para ao Brasil. Algo que pudesse mudar a vida daqueles que muitas das vezes são tratados igual a livros desgastados pelo constante manuseio, e que agora estão encos-
A Universidade Aberta à Maturidade (UAMA) é um projeto pioneiro no Brasil, que teve início em 2009, oferecendo o curso de Educação para o Envelhecimento Humano. A iniciativa, associada à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), foi idealizada e é coordenada pelo professor Manoel Freire, destacando-se por seus métodos inovadores na educação de pessoas idosas.
O curso de Educação para o Envelhecimento Humano tem duração de dois anos e conta com doze atividades distribuídas ao longo desse período. Durante as aulas, os alunos participam de discussões enriquecedoras e práticas que estimulam o desenvolvimento intelectual e social, além de promover a integração em diversos campos do conhecimento. Atualmente, o projeto está em pleno funcionamento nos Campi de Campina Grande e Lagoa Seca, oferecendo aos idosos a oportunidade de aprender, compartilhar experiências e continuar crescendo em diversas áreas do saber. A UAMA é mais do que um espaço de aprendizado, é um lugar onde o envelhecimento se transforma em uma fase de novas descobertas e realizações.
Mais informações: Tel: (83) 3344-5343 uama.ciefam@gmail.com
O Moda Center Santa Cruz fica localizado na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, Agreste pernambucano, e é considerado um dos maiores centros atacadistas e de vestuário do Brasil.
Como alguém que já trabalhou lá, é um misto de sensações revisitar esse lugar agora como mera espectadora. Não que eu não tivesse esse espectro sempre aguçado, mas agora eu finalmente tenho algo que antes não tinha: tempo para registrar.
Diante de um fluxo intenso de trabalho, diversos cenários são criados através das vivências ali construídas. Um carroceiro levando mercadorias, um vendedor embalando um pacote, compradores provando roupas, carrocinhas vendendo água de côco, trabalhadores realizando entregas de mercadorias.
Sempre me peguei muito interessada em todas essas cores e caminhos, visto que trabalhar na feira fez parte do meu cotidiano por muitos anos. O Moda Center Santa Cruz é o berço de crescimento pessoal, profissional e financeiro de milhares de pessoas, tanto moradores da cidade, quanto compradores de outros estados e regiões do Brasil.
Esse ensaio fotográfico mostra um pouco desse frenesi, envolto de muito trabalho, realizado pelo ciclo produtivo da costura e do empreendedorismo dessa gigante da moda.
{ Crítica
A NOÇÃO DO TEMPO E MEMÓRIA NA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
DE ANDREI TARKOVSKY E COMO ELA TRAZ UMA MENSAGEM ÚNICA
SOBRE A TEMPORALIDADE PARA A SÉTIMA ARTE
Victoria Pinheiro
Ǫuando se fala em tempo e memória um dos artistas que abordaram esse assunto com profundidade foi o diretor russo Andrei Tarkovsky, com seus enquadramentos lentos e sua estética artística marcados por uma densidade única. Essa visão poética sobre a vida como uma proposta ética de liberdade de ver, sentir, pensar e ir além da linearidade enganosa da nossa racionalidade veio revolucionar o mundo do cinema com sua poesia visual.
“O tempo e a memória incorporam-se numa só entidade: são como os dois lados de uma moeda. E por demais óbvio que, sem o Tempo, a memória também não pode existir.…” disse Andrei Tarkovsky Tarkovsky nasceu em 1932, na aldeia de Zavrazhye na Rússia, teve contato com a arte desde de cedo, pois era filho da atriz Maria Vishnyakova, que o estimulou a desenvolver suas habilidades na música. Ele aprendeu piano, literatura e teve aulas de arte. Seu pai também teve um papel de destaque no lado artístico do filho, Arseny Alexandrovich Tarkovsky foi um grande poeta russo e as obras do pai foram incorporadas em alguns de seus filmes, mesmo que aos 5 anos de idade em 1937, Arseny tenha abandonado a família para se alistar ao exército. A maior parte da infância de Andrei foi ao lado da mãe e da irmã e eles constantemente se mudavam por conta da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Esses acontecimentos também são retratados em seu filme O espelho (1972).
Após sua formatura, se afastou do esperado papel trabalhando no mundo burocrático que a tradição russa o impelia e decidiu se dedicar ao cinema. Em 1954, com 22 anos, ele ingressa no Instituto Estadual de Cinematografia, o célebre VGIK, onde conhece sua futura esposa, Irma Raush. Porém a cena cinematográfica do país nesse período estava debilitada e sem os incentivos necessários. Esse quadro se modifica a partir da morte do líder soviético Josef
em 1953.
Um novo tempo pra fazer cinema
Era do governo Khrushchov abriu a o jovem cineasta tem contato com grandes pensadores e teóricos e cineastas da época, sendo muito influenciado pelos movimento do neo realismo italiano, Nouvelle Vague francesa, um pouco da nova Hollywood e por grandes realizadores como Charles Chaplin, Ingmar Bergman, Akira Kurosawa, Buñuele Robert Bresson. Toda essa influência pode ser notada em seu primeiro longa-metragem , A infância de Ivan (1962).
A partir desse primeiro filme, Tarkovsky vai criando sua identidade e relação com o cinema como um meio de explorar os problemas mais complexos do nosso tempo. O objetivo dessa arte para ele é uma forma de servidão, uma convocação da beleza e do eu espiritual, onde a função da arte é nos preparar para a morte e cultivar a nossa alma. Em seu livro Esculpir o Tempo, lançado em 1984, que foi escrito nos intervalos entre as gravações dos seus filmes, ele aborda o verdadeiro significado da arte falando sobre as articulações poéticas. Essas articulações poéticas são um dos aspetos mais importantes da obra de Tarkovsky.
Porém a obra de Andrei que retrata melhor a relação do tempo e memória é Nostalgia (1983). Mais especificamente uma cena do filme onde o personagem principal tenta atravessar uma piscina vazia sem deixar apagar uma vela. Na cena em questão a vela se apaga por uma segunda vez e a câmera segue o personagem lentamente para frente e para trás. É nesse momento que se percebe a estranha relação com a contagem do tempo, é possível notar a presença e textura do tempo em si. Como se o tempo não fosse só um conceito, mas uma substância se esticando em frente a audiência, se expandindo e contraindo com cada respiração desse homem.
Está além do interessante e do tédio como em um transe induzido por Tarkovsky.
O diretor transmite em uma fala o que ele acredita ser o processo de direção “ Do momento que você fala ação até você falar corta, o que é isso? É a fixação da realidade, a fixação da essência temporal. Nenhuma outra forma de arte é capaz de fixar o tempo como o cinema faz. É um mosaico feito com tempo”.
Tarkovsky retrata a pureza do cinema, a força que lhe é inerente, essa força não se revela na adequação simbólica das imagens, mas na capacidade dessas imagens de expressar um fato específico, único e verdadeiro. Conduzidos pelos movimentos de câmera que remetem a um hipnose de um pêndulo, o personagem com a vela registra os pulsos do seu movimento como um marcapasso, essa habilidade do diretor acaba prendendo nossa atenção ao tempo e sentimos cada segundo dessa cena de 9 minutos.
ANDREI TARKOVSKY | Seu legado para a história do cinema está imortalizado em filmes como Nostagia(pelicula colorida acima) e A infancia de Ivan (no alto)
Até os momentos entre os segundos são percebidos na cena, mas no cotidiano de nossas vidas, quase não temos essa experiência com o tempo. Aqueles instantes em que estamos focados no tempo são normalmente aqueles quando nós queremos que ele passe mais rápido. No filme Nostalgia isso se torna diferente, Tarkovsky está dilatando um segmento da nossa linha temporal pessoal a tal ponto que vislumbramos o infinito sob o ritmo normal da vida. Ele nos lembra que esse tempo está sempre aqui e que nós podemos acessar ele e não precisamos seguir a aceleração do mundo ao nosso redor, pelo menos não o tempo todo.
Ǫual seria o trabalho do cineasta?
O trabalho do cineasta seria o de “esculpir o tempo”, assim como o escultor toma um bloco de mármore e, guiado pela visão interior de sua futura obra, elimina tudo que não faz parte dela, o cineasta, a partir de um “bloco de tempo” constrói uma enorme e sólida quantidade de fatos vivos. Tarkovsky fala que o tempo, registrado em suas formas e manifestações reais é a suprema concepção do cinema enquanto arte, e ele talvez tenha conseguido atingir esse objetivo como nenhum outro cineasta antes. O certo é que não se sai com a mesma percepção de tempo antes e depois de um filme de Andrei Tarkovsky, podendo se comparar a percepção antes e depois da pandemia.
Daqui a uma década não vai ser possível acreditar que nós devotamos tempo para algumas coisas ou que não dedicamos para outras. A vida, como os filmes, é um mosaico feito com tempo, algumas partes são rápidas e outras lentas, algumas são lembradas e outras esquecidas. A pandemia foi e é horrível em muitas formas, mas proporcionou o tempo necessário para observar os mosaicos da vida e talvez com esse conhecimento nós possamos desenhar nosso tempo no futuro.