Revista Baraúnas 23-1

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baraúnas baraúnas

MULHERES MULHERES

revista
JUNHO, 2023. nº 7
NO QUILOMBO CAIANA DOS MATIAS, NA CIDADE DE SERRA REDONDA-PB, MULHERES DAS 35 FAMILIAS QUE VIVEM NA COMUNIDADE, SE ORGANIZARAM E HOJE MUDARAM A REALIDADE LOCAL COM O EMPREENDEDORISMO COMO FORMA DE RESISTÊNCIA E SOBREVIVÊNCIA. TEMPEROS E DOCES SÃO ALGUNS DOS PRODUTOS COMERCIALIZADOS
EMPREENDEDORAS EMPREENDEDORAS

baraúnas revista

ISSN 2595-2218 - 7ª ed./jun/2023

EXPEDIENTE

A revista baraúnas é uma publicação do Estágio Supervisionado (impresso) do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, com periodicidade semestral.

REITOR

Célia Regina Diniz

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Diretor: Geraldo Medeiros Júnior

COORDENAÇÃO DE CURSO

Orlango Angelo

Antônio Roberto Faustino

PROFESSOR ORIENTADOR/EDITOR

Arão de Azevêdo Souza

PROJETO GRÁFICO

Arão de Azevêdo Souza

FOTO DA CAPA

YANDSON FERREIRA

REPORTAGEM E DIAGRAMAÇÃO

Anderson Procopio de Aquino

Antonio Carlos Pereira de Lima

Edna Melo Silva

Hozana Rayssa Mota Felix

Igor Tiago Batista Leite

Jayrlla Samany Barbosa Souto

Pedro Henrique Araujo Veloso

Rafael Lima Viana

Victor Emanuel Bezerra Vasconcelos

Yandson Ferreira de Lima Lira

Yasmim Lima Souza

aos leitores!

A revista baraúnas apresenta mais uma edição, como resultado do estágio supervisionado obrigatório realizado por alunos no curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.

Nesta edição, trazemos como reportagem especial, a produção do aluno Yandson Ferreira sobre a comunidade quilombola Caiana dos Matias. Localizada no município de Serra Rendonda-PB, as mulheres da comunidade se uniram e traduziram em empreendedorismo suas habilidades na cozinha e no gerenciamento das suas necessidades.

Trazemos também matérias sobre os mais variados assuntos, como: museu histórico de Campina Grande; pesquisa revela que mais de 80% dos estudantes universitários possuem algum tipo de problema mental; textos opinativos como críticas e artigo; além de um perfil sobre o ex-aluno do curso e jornalista profissional, Silas Batista.

A tod@s, uma boa leitura!. O editor.

ENDEREÇO PARA CONTATOS:

Curso de Jornalismo

Universidade Estadual da ParaíbaRua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário, Campina Grande-PB, CEP 58429-500 Fone/83 3344.5316. www.uepb.edu.br

e-mail: araodeazevedo@gmail.com cjor.uepb@gmail.com

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sumário

MUSEU, HISTÓRIA E MEMÓRIA DE CAMPINA

MULHERES QUILOMBOLAS E EMPREENDEDORAS

Já ouviu falar em “futins”? 11

Bairro das malvinas: luta e resistência do maior e mais populoso bairro Campina GrandE

Perfil: Silas Batista

Saúde mental: 83,5% de estudantes universitários sofrem algum tipo de problema

Crítica: A riqueza e emoção da música popular nordestina

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{ E special
O Museu Histórico de Campina Grande-PB é a principal referência quando se fala da história da Rainha da Borborema. Possui em seu acervo mais de 300 peças
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Avanço no transplante de coração na Paraíba

O São João não pode perder o brilho

No próximo dia 1° de junho de 2023 se iniciará as festividades na cidade de Campina Grande, esse evento ocorre desde o ano de 1983 até os dias atuais. O evento tem destaque em todos os setores da sociedade por se tratar de cultura e principalmente fonte de renda que o evento traz para a cidade. Campina Grande inicia sua preparação para o São João em meados de março para abril, as vezes até antes. Desde a programação até a estrutura do evento são planejadas e iniciadas bem antes da data de início, onde a cidade literalmente vive a expectativa pelos preparativos do “Maior São João do Mundo” assim como é intitulado o evento. Desde tempos atrás, a administração pública da cidade passa pelo requisito do evento, como um termômetro, medindo a temperatura da gestão atual. Tudo é levado em consideração, desde os eventos até a ornamentação da cidade.

Na visão de populares, poucas atrações ou até mesmo as escolhidas que nao tenha renome nacional significa uma má gestão. E a reciproca é verdadeira, quando faz a “vontade do povo” geralmente cai nas graças da crítica. Quem nunca ouviu que em Campina Grande o “São João ganha eleição”?! Pois é, a cidade ainda passa por isso. E as vezes até atingindo o eleitorado, aqueles que usam o termômetro já supracitado.

O que é possível observar, na realidade, é um evento que se tornou tradição, que já é uma marca de nossa cidade e precisa ser realmente levado a sério por todos os nossos gestores, e não somente empenho de um ou outro. Logo, infelizmente, vemos Campina Grande viver esse dilema anos a

Cartas a Drummond

Lançado no final de 2022 o livro Poética da Incorrespondência:

fio, o governo estadual diz que já manda mais recursos do que o suficiente para o evento, nossos prefeitos questionam tais afirmações e quem perde ainda é o povo. E perde mesmo, primeiramente no espaço, a quem diga que os camarotes tiraram o espaço do povo e o parque não é mais do povo. Já tem quem diga que só tem possibilidade de acontecer o evento se existir os camarotes, tendo em vista patrocínios, entre outras coisas. Então, aquele que sempre foi o maior DO MUNDO, hoje em dia ainda é? Espera-se que sim, mas precisa de mais empenho governamental, menos interesses privados. A cidade precisa estar mais engajada no evento, as ruas sendo esplendor que no São João, a cidade ser toda enfeitada, as programações sincronizadas para que o público se esforce para não perder um dia sequer de festividades. O que vejo são algumas bandeirinhas penduradas em postes, um balão sem rabiola, restaurantes trocando seus cardápios para super faturarem através dos visitantes de nossa cidade. Os trios elétricos não podem tomar os lugares das barracas, as quadrilhas juninas precisam mostrar mais o seu astral, precisamos dar espaço. A nossa festa está sendo cabide político, não podemos focar somente em mais que recursos para cidade, pois trata-se de uma cultura de gerações. Não se pode transformar em apenas um evento qualquer, não é um mero evento que passa pela cidade, início meio e fim, é o NOSSO tão querido São João. Precisa-se que a nossa festa não perca o seu brilho e suas atribuições, Viva o São João, viva nossa Campina, viva nossa história, cultura e multidões.

“No reino das Palavras”, foi escrito pelo professor da Universidade Estadual da Paraíba Antônio de Brito Freire, descreve a relação entre a jornalista paraibana Nevinha Pinheiro e o consagrado Carlos Drumond de Andrade através de correspondências que a jornalista enviava fazendo analises criticas de suas obras, e que em vários momentos foi correspondida pelo escritor também e somente por cartas. A jornalista, já falecida, Nevinha Pinheiro é natural da cidade de Serra Redonda no interior da Paraíba, e que logo cedo foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos jornais conceituados, como jornal do Brasil e também sendo carnavalesca de escolas de samba como a Man-

gueira, sendo campeã em um dos carnavais justamente com enredo que falava sobre Carlos Drumond. (Yandson Ferreira)

O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, no município de Santa Rita que é referência em cirurgias cardíacas e neurológicas, realizou mais um transplante de coração. O procedimento cirúrgico teve duração de mais de cinco horas. A doação do órgão foi feita no Hospital de Trauma de João Pessoa e além do coração para Suelio, também foram doados o fígado, o rim esquerdo e as córneas. (Carlos Lima)

Fogueira

Pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande fizeram algumas descobertas sobre a origem e o significado dessa tradição tão querida. Segundo o historiador Pedro Santos, a fogueira junina remonta a antigas celebrações pagãs realizadas em diversos países europeus durante o solstício de verão. Outra teoria é que a fogueira também funcionava como um ponto de encontro e uma forma de criar vínculos entre as pessoas. (Rafael Viana)

Fotografia de autor campinense é publicada em livro didático

Trabalho do fotógrafo campinense Emanuel Tadeu é reconhecido pela editora FTD Educação, que publicou uma de suas fotografias em um livro didático de Ciências Humanas. A fotografia feita pelo profissional ilustra o Parque do Povo durante o Maior São João do Mundo, evento tradicional de Campina Grande, que esse ano comemora os seus 40 anos de existência. (Yasmin Lima)

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Jayrlla Samany
DIVULGAÇÃO
EMANUEL TADEU/DIVULGAÇÃO/INTERNET
fique por dentro

Museu, história e a memória de CG

O MUSEU HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE - PB É A PRINCIPAL REFERÊNCIA QUANDO SE FALA DA HISTÓRIA DA RAINHA DA BORBOREMA. POSSUI EM SEU ACERVO MAIS DE 300 PEÇAS,

O Museu Histórico de Campina Grande-PB é a principal referência quando se fala da história da Rainha da Borborema. Possui em seu acervo mais de 300 peças, que podem contar desde o assentamento de Theodosio de Oliveira Ledo (conhecido como fundador de Campina Grande) junto aos índios Ariús no final do século XVII, até as primeiras redes feitas de algodão colorido graças a faceta da Embrapa na década de 90.

Aquele prédio colonial e amarelo da Avenida Floriano Peixoto, não é o “mimo campinense” somente por abrigar em seu interior documentos, peças e fotos que são retalhos da história da cidade, mas também por ser o prédio mais antigo do município ainda de pé por mais de 200 anos.

Construído em 1812 e inaugurado em 1814, o prédio que hoje conhecemos como museu foi erguido com dois pisos: no térreo funcionava a Cadeia Pública e no 1° andar a Câmara Municipal. Depois de 81 anos, tornou- se sede do Telégrafo Nacional, o que podemos perceber através da sua fachada que é preservada até hoje. A edificação também funcionou como sede do IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas e posteriormente da Reitoria da FURNEFundação da Universidade Regional do Nordeste.

No livro, “História de Campina Grande - de aldeia

MEMÓRIAS | As salas ilustram várias épocas da história da Rainha da Borborema. O visitante pode encontrar peças como ferros de passar e telefones do século XVIII, artefatos que ilustram marcos importantes na história da cidade, como rocas de fiar para o Ciclo do Algodão

UM MUSEU MODERNO

a metrópole”, Vanderley de Brito, historiador e presidente do Instituto Histórico de Campina Grande, explica sobre o começo das atividades museológicas naquele lugar.

“Em 67, a posse da edificação foi revertida à Prefeitura Municipal para a instalação do Museu de Arte, que só em 1974 foi instalado. No ano de 1977, o Museu foi para o Parque do Açude Novo e o velho sobrado passou a sediar o Instituto Histórico de Campina Grande, por concessão do então prefeito Evaldo Cruz, mas a partir de 1983 o instituto foi desalojado e o prédio destinado a abrigar o Museu Histórico de Campina Grande, e serve para este propósito até os dias atuais”, afirmou.

Vanderley aponta a funcionalidade atual do prédio positivamente e vê a presença dos museus como uma possibilidade de evoluir como ser humano.

“O museu é como se olhar no espelho, você não sai de casa sem antes se olhar no espelho. O museu ensina a história, faz com que você olhe pro seu passado e que você possa até se sentir mais humilde, de certo modo, porque a história vai mostrando isso e humanizando mais as pessoas”, frisou.

Por expor artefatos do passado, os museus são lembrados como lugares que remetem a memórias, e isso não poderia ser diferente quando se trata de alguns museus do município. Por muito tempo o próprio prédio do antigo telégrafo foi esquecido. O equipamento municipal sempre esteve aberto ao público, mas não recebia o cuidado necessário. Salas escuras, lâmpadas queimadas, módulos cheios de cupim e paredes sem pintura eram os menores problemas daquele lugar.

O diretor dos museus e bibliotecas do município, Ângelo Rafael, responsável pela ‘nova cara’ do Museu Histórico, assumiu os trabalhos no início do ano de 2021. “A gente tentou trazer à luz da contemporaneidade para alguns aspectos mais tradicionais e arcaicos, por exemplo, um museu como o Museu Histórico com uma nuvem cinza [remete ao] medo e pavor da cadeia, [logo] tinha um aspecto triste e sombrio”, pontuou. Como modernizar a ideia de museu em um prédio de mais de 200 anos? Ângelo explicou para além dos pontos físicos que passaram por essas mudanças e também o que se pode fazer para incluir todos os públicos nesta experiência museológica. Para Ângelo, as mudanças poderiam começar pelas cores.”(...) Onde tinha as arcadas brancas, pintamos de azul del rey, onde tinha um piso todo estragado a gente recuperou, [enfim]. As modernizações têm a ver muito com a manutenção e com esses aspectos físicos. Porém, as tecnologias estão aí, então temos muito o que fazer, porque hoje os adolescentes e as crianças,

os visitantes em si não suportam muito tempo ler um painel com 50 linhas, por exemplo, contando aquela história. Ele pode passar ali e ter uma explicação rápida de um monitor facilitador sobre determinado contexto histórico ou peça, mas com um qr code do lado ele pode acessar essas informações, salvar, fotografar a peça e fazer uma visita rápida. Mas modernizar também está na questão da inclusão, hoje as tecnologias ajudam na imersão dentro das exposições através da realidade aumentada, projeção mapeada, tela de touch screen em uma mesa gigante que você vai tocando e vai abrindo mapas da cidade. Porém, tudo isso leva tempo, recursos e pessoas especializadas. Estamos no início, mas no caminho certo”, concluiu.

INTERAÇÃO | O visitante pode interagir com algumas exposições no museu Pedro Araújo e Rayssa Mota
YASMIM LIMA
RAYSSA MOTA E PEDRO ARAÚJO INTERNET

OS AFETOS DA RAINHA

O marco do recomeço do museu, depois de ter passado mais de um ano fechado por causa da pandemia, foi a exposição “Os afetos da Rainha”, que teve como curador de arte o próprio Ângelo Rafael. O fio condutor do trabalho foi trazer uma metáfora entre a história da Rainha Maria I, de Portugal, e a Rainha da Borborema. Nela, podemos encontrar elementos sobre o ciclo do couro, objetos da época dos tropeiros, e até peças relacionadas à antiga Vila Nova da Rainha.

“(...) Eu queria fazer uma ponte da rainha cidade para a rainha a monarca, e o que tem em comum entre as duas?

(...) A palavra afeto é o que une as duas monarcas, uma cidade que quer ser rainha e uma rainha que sempre foi rainha ao extremo até enlouquecer. E o que teria de afeto entre as duas? A própria história”, elencou o curador sobre a metáfora.

Após a divulgação da exposição em cartaz, os visitantes ficaram curiosos e entusiasmados para conhecer de perto essa ligação entre as ‘rainhas’. O resultado desse trabalho é a grande presença de escolas, estudantes universitários e da própria comunidade campinense.

“Ano passado tivemos uma frequência absurda, foi maior no período que abriu do que dois ou três anos atrás porque não tinha atrativo. Esta é a primeira etapa dessa reabertura e os visitantes podem desfrutar de um grande acervo, sobretudo sobre a trajetória de Campina Grande, de aldeia a urbi atual”, frisou.

Já ouviu falar em “futins”?

O FUTINS, É UMA MODALIDADE ESPORTIVA, POUCO CONHECIDA E UM TANTO QUANTO CURI

SERVIÇO

ENDEREÇO : Av. Floriano Peixoto, nº 825, em frente a Catedral.

FUNCIONAMENTO : Terça a sexta-feira,

HORÁRIO: 8h às 14h, e nos sábados, de 8h às 12h.

ENTRADA GRATUITA

O futins, é uma modalidade esportiva, pouco conhecida e um tanto quanto curiosa, ela é a mistura de dois esportes, que como o próprio nome sugere, a patinação e o futebol de salão.

As regras são semelhantes às do futebol de salão tradicional, a diferença é que a bola não sai pelas laterais ou pela linha de fundo, por exemplo, se ela bater na parede e voltar para a quadra, o jogo continua normalmente. A equipe é formada por cinco integrantes cada, um goleiro e quatro jogadores na linha, a partida é dividida em dois tempos de vinte e cinco minutos, e a bola utilizada é uma bola de futebol de campo.

O futins é uma modalidade esportiva que requer muita habilidade dos jogadores, é necessário ter um bom controle da bola, ser um patinador ágio, e que tenha bastante equilíbrio, depois é só aproveitar a emoção e muita diversão. A modalidade também é praticada em outros países, como por exemplo os Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e também é conhecido como RollerSoccer, RollerFoot e Football Skating.

Um fato curioso, o Brasil, mais especificamente o Estado de Pernambuco, tem um papel de protagonis-

mo na história dessa modalidade.

1996, Pernambuco, Brasil. O Servidor Público Almir Falcão, enquanto observava seus filhos brincarem, uma luz brilhante piscou sobre sua cabeça, uma grande ideia acabará de surgir. As crianças estavam patinando, atividade comum entre eles, porém, desta vez, algo incomum estava acontecendo, elas estavam chutando uma bola, e jogando uma partida de futebol com patins, e ali nascia a ideia do Futinssport, fim!

Por esse motivo, que Pernambuco é considerado o “berço” deste esporte no Brasil, tanto é que a

seleção oficial brasileira, de futins, é composta cem por cento de atletas pernambucanos, a seleção já participou de alguns campeonatos internacionais, ficando em terceiro lugar na França e na Itália.

Segundo Seu Almir Falcão, um dos idealizadores do esporte, quando teve a ideia de criar o futins, descobriu que nos Estados Unidos, também em 1996, surgiu uma modalidade muito semelhante, o RollerSoccer, então, ele entrou em contato com o presidente da federação internacional e assim padronizaram as regras, e a partir daí, foi-se difundido pela Europa.

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JOGO | É preciso equilíbio com os patins e domínio com a bola Victor Vasconcelos

solitária. Durante as madrugadas vez ou outra a prefeitura mandava caminhões pipa para levar água aquela comunidade. “Tínhamos que acordar no meio da noite, senão ficaríamos sem água.”, diz Maria de Fátima.

Como esta lá desde o ínicio, pôde acompanhar o desenvolvimento do bairro. “Antes o único acesso era por meio de uma ponte e quando chovia todos ficavam ilhados, tudo ao redor era mato, não tinha nada do que existe hoje. Agora, podemos respirar aliviados”, conclui ela.]

BAIRRO DAS MALVINAS

EM 2023 O BAIRRO DAS MALVINAS COMPLETA 40 ANOS DE EXISTÊNCIA E SUA FUNDAÇÃO FAZ PARTE DO CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

Neste ano o bairro das malvinas completa 40 anos de existência e sua fundação faz parte do desenvolvimento da cidade de Campina Grande - Paraíba. Uma história marcada pela luta de moradores que nunca desistiram de conquistar a casa própria, e cujas vidas foram retratadas em livros, documentos e até em filmes.

Maior e mais populoso, o bairro das Malvinas, segundo a câmara lesgislativa, possui hoje uma população de aproximadamente 90 mil habitantes – maior que a de 200 munícipios da Paraíba. Na memória dos que viveram sua fundação, estão retratos de resistência e resilência na conquista da casa própria.

Tudo começou na década de 1980, com a construção do conjunto habitacional Álvaro Gaudêncio. o governador

Wilson Braga realizou a construção de residencias populares que deveriam ser distribuídas aos moradores que atendessem aos resquisitos socioeconômicos.

O local apenas ficou pronto no inicio de 1983, mas sem nenhuma infraestrutura. Faltavam saneamento básico, energia, iluminação pública, segurança entre outros investimentos. Desconfiando que a entrega do conjunto seria feita apenas na campanha eleitoral, como uma manobra politica, os moradores decidiram ocupar as casas vazias.

Nesse momentou se iniciou uma marcha para ocupação das casas construídas. Após a ocupação o governador Wilson Braga ordenou a montagem de um cerco policial no conjunto para evitar que as pessoas saíssem ou

entrassem no local, o que causou revolta e mobilizou ainda mais a luta daqueles moradores. Um fato incomum para época é o fato de a liderança deste grupo ser majoritariamente feminina.

Dona Maria de Fátima é moradora do bairro desde a sua fundação e fez parte da marcha da década de 80 promovida pelos beneficiados do conjunto habitacional. Titular de uma das casas à época, nos conta que decidiu

ocupar a proriedade a que tinha direito. Segundo ela, havia muito receio entre os moradores do que poderia acontecer com os que decidiram fazer o mesmo. Eram várias noites de sono mal dormidas, amedrontada pela repressão policial e também pela possibilidade ter sua casa invadida por infratores.

Nas casas não haviamm nada. Não havia móveis, iluminação, esgoto e nem mesmo água. A luz do candeeiro foi a sua companhia

A virada.

Keila Queiroz, historiadora e professora da Universidade Federal de Campina Grande, nos conta que com a notoriedade e visibilidade ao ganhar apoio da mídia os moradores daquela região tiveram a oportunidade de influenciar agentes do poder público e pressioná-los em busca de melhorias. “Esse movimento ficou conhecido como “invasão das malvinas” e que deu origem ao nome que conhecemos hoje. O motivo da escolha foi exatamente o confronto que, pouco menos de um ano antes, tinha acontecido na ilha das malvinas. Entre abril e junho de 1982 o Reino Unido e a Argentina travaram uma batalha pela soberania do arquipelágo”. Explica a professora. Se para os argentinos a batalha não foi tão boa, não se pode dizer o mesmo dos moradores do antigo conjunto habitacional Álvaro Gaudêncio. O que um dia começou com uma luta encabeçadas por mulheres em busca de moradia digna, hoje se tornou um dos bairros mais importantes para rainha da borborema, com inúmeras escolas, creches, hospitais; despertando orgulho e paixão em quem vive lá.

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luta e resistência do maior e mais populoso bairro Campina Grande
Anderson Procópio e Rafael Viana

PROJETO “TEMPEROS QUILOMBOLAS”

MULHERES QUILOMBOLAS E EMPREENDEDORAS

Na Cidade de Serra Redonda, mulheres quilombolas ganham destaque por projeto empreendedor que utiliza o próprio cultivo para produzir Bolos, doces e temperos

Estamos no Município de Serra Redonda, no Agreste Paraibano, mais especificamente na zona rural, onde fica localizada a comunidade Quilombola Caiana dos Matias, uma das vinte oito comunidades quilombolas da Paraíba. A comunidade fica localizada no Sitio Matias, a cinco minutos de carro, por numa estrada de terra, chegamos ao Quilombo. Cercado entre montanhas, a maior delas de forma arredondada onde chamam de Serra da Mangueira (Curiosidade que essa montanha é justamente a que da origem ao nome da cidade por seu formato arredondado.)

Quem nos recebe na entrada da comunidade é Eliane Matias, professora, também da comunidade e líder do Projeto “Temperos Quilombolas”. Eliane é a idealizadora do projeto que reúne cerca de 15 mulheres da comunidade que decidiram utilizar dos produtos cultivados na própria localidade como matéria prima para a produção de bolos, doces, polpas e temperos.

A COMUNIDADE

O quilombo Caiana dos Matias, que leva esse nome devido a predominância do sobrenome Matias, primeiros habitantes do local. Tem aproximadamente 150 anos de existência, e como todos os quilombolas surgiu a partir das fugas de escravos das fazendas das regiões.

Localizada entre montanhas, a localidade é estratégica devido o difícil acesso. Hoje em dia, a comunidade conta com cerca de 35 famílias distribuídas nos arredores do sitio. Possui uma escola muito bem estruturada e uma cozinha comunitária que foi adquirida pelo Governo Federal através de projetos solicitados pelo próprio quilombo.

O meio de sobrevivência das famílias é basicamente da agricultura com complementos de renda extra do Bolsa-Familia e aposentadorias rurais. Essa realidade tem se modificado e nos últimos 2 anos ganhou um atrativo financeiro diferente dos habituais. Atualmente, o projeto Temperos Quilombolas conta com participação de cerca de 15 mulheres da comunidade. O projeto acontece por ciclos e produção de cada agricultora, ou seja, sempre haverá uma espécie de rodizio em cada mês ou produção.

Para contarmos como iniciou o projeto, é preciso também contar um pouco da história de Eliane Bento Matias, Bisneta do primeiro homem negro fugido das fazendas que se instalou no Matias, o Senhor João Bento Matias. Eliane que, atualmente é uma das lideres da comunidade, professora e a única na comunidade graduada, em 2017, teve a ideia de aproveitar a cozinha comunitária, que já existia, para criar um projeto só para mulheres, onde todo trabalho de plantio, produção e comercialização fosse feito exclusivamente com o trabalho das mulheres.

A ideia era utilizar os produtos sazonais da época e transforma-los em gêneros alimentícios de fácil comércio, como bolos de cenoura, de laranja, de leite e de macaxeira, polpa de frutas, geleias de manga, de maracujá e de tamarindo, licor e temperos diversos.

O nome dado ao projeto é bem singelo e contempla todo contexto, “Temperos Quilombolas”. Segundo Eliane, muitas frutas como Tamarindo, Acerola e Cajá se perdiam no seu tempo de colheita, era algo de certa forma triste de se ver. Até que um dia, uma visita de turistas a comunidade despertou em Eliane e outras mulheres a ideia de reaproveitamento. “Estavamos recebendo visita de um pessoal de outra cidade, e uma das pessoas disse: Esses cajás e esse tamarindo se perdendo, dava uma bela poupa e um bom licor. Pronto, a fala dessa senhora despertou ali meu senso de empreendedora”, lembra Eliane.

Eliane nos conta que a partir

dali começava a buscar referencias em outras comunidades e também sondar ajuda de empresas ou escolas que oferecessem informação ou cursos de gastronomia ou de preparo de alimentos para dar sentido a ideia. Um tempo depois na cidade chegava o “Cozinha Brasil”, um programa Federal que utilizava de uma co-

zinha móvel para ensinar a mulheres como utilizar todo alimento sem desperdiçar quase nada das frutas e derivados. Pronto, estava ai o grande e primeiro passo para criar os “temperos Quilombolas.” Cerca de cinco mulheres da comunidade participaram do curso, e que depois replicaram os

LIDERANÇA | Eliane Matias, coordena o projeto no Quilombo PRODUTOS | Mulheree exibem seus temperos caseiros para carne branca e vermelhas Yandson Ferreira

ensinamentos na própria cozinha para outras mulheres que não puderam fazer o curso na cidade. “A gente é unida sabe? Na comunidade a gente tem esse sentimento de que é pra todas. Nada é só para mim, precisa ser compartilhado. É claro que temos nossa individualidade mas no geral, todas se ajudam como pode”, conta Amanda Duarte, integrante do projeto

A partir daí surgiram outros cursos, em especial do SENAI, com técnicas de vendas e empreendedorismo, o que serviu pra fortalecer e entender um pouco o rumo dos negócios que são feitos até hoje. A venda dos produtos é feita na comunidade por meio do boca a boca. Na cidade, a venda é feita nos mercadinhos encomendas e a atra-

vessadores de outras cidades. A divulgação dos produtos até o mês de março deste ao era feita no “boca a boca”, totalmente restrito a um publico pequeno. Porem há cerca de um mês o projeto ganhou um perfil no instagram, que pode ser acessado pelo @temperosquilombolas_matias , nele, os interessados podem encontrar os produtos, a forma de adquirir e os valores.

LUCRO E DIVIDENDOS

A produção do projeto acontece de forma sazonal, ou seja, com os produtos da época, é possível entender que são ciclos que envolvem pouco ou muito lucro, pouca ou muita produção. A matéria prima utilizada são das próprias participantes, dos quintais, roçados ou terrenos. Elas se reúnem a cada quinze dias, expressam o que podem ter a disposição, marcam o dia da produção, que normalmente acontece numa quinta-feira. Calculam as despesas com produtos como açúcar, fermento e outros, conta de energia e água e, após isso, determinam

o valor para cada item. Os produtos são levados as vendas e após isso repartem o dinheiro entre si. Os lucros são diferentes, devido a contribuição e participação de cada mulher naquele produção. Em média, os produtos não possuem variação nos preços, é possível dizer até que são muito baratos tendo em vista o preço de mercado, sendo comprados diretamente a elas.

DESAFIOS E SATISFAÇÕES

Na conversa que tivemos com várias dessas mulheres e colhendo depoimentos durante a produção, é possível identificar a satisfação delas em participar deste projeto. Durante a produção elas cantam bastante, ouvem música e claro, fofocam também, dizem elas que a fofoca é a melhor parte da produção.

É unanime dizer também que elas vivem de forma livre na participação deste projeto, ou seja, os maridos dão total apoio. Segundo relatos delas, a participação neste projeto é motivo de alegria dos seus companheiros, muito por-

que a renda da família aumenta um pouco, além de terem esse momento de socialização com as demais mulheres da comunidade. “Meu marido acha é bom eu vir pra cá. Ele até nos ajuda quando a gente precisa. Quem cata os cajá é ele, lava e me entrega. É muito bom participar. Eu gosto”, revela Amanda Duarte.

Para Eliane, o projeto precisa vencer muitos desafios. Hoje, de acordo com ela, a grande dificuldade é regularizar o negócio para maiores vendas. A burocracia e os impostos são a grande dificuldade. “Nós temos hoje como vender em um maior escala, mas esbarramos na burocracia, criação de MEI, notas eletrônicas, enfim, este é o grande desafio atual. Por exemplo: A Prefeitura e o estado tem a vontade de nos comprar, mas pra isso precisamos de nota eletrônica, nota disso, nota daquilo”, revela.

É um fato dizer que hoje as mulheres quilombolas estão satisfeitas com o seu projeto, mas é preciso também enfatizar que elas poderiam irem mais longe. É um

dos últimos relatos de nossa visita, elas nos mostram a parte da frente da cozinha, que segundo elas é o próximo grande passo que vão em busca, a construção de uma espécie de restaurante para servir café da manha, lanche e almoço nos fins de semana, já de olho no aumento de turistas que estão chegando a região. O que fica claro que estas mulheres sonham, e não ficam só no sonho, elas mostram que é indo a luta que conseguem e conseguirão mais espaço e autonomia financeira.

CONTEXTO HISTÓRICO

Essa força e essa garra destas mulheres quilombolas do Caiana dos Matias, evidenciam um aspecto cultural e muito notório na história dos quilombos, que é o Protagonismo Feminino dentro destes grupos. Nós conversamos com o Professor Dário Machado, historiador, autor de um livro que fala sobre a cidade de Serra Redonda, e ele enfatiza esse comportamento social feminino. “Falar sobre quilombolas é sem duvidas falar sobre protagonismo femi-

nino. Elas sempre estiveram a frente dos homens em diversos aspectos, e é possível dizer até que existe uma certa evolução sobre o machismo ao contrário da sociedade comum. Hoje me dia a militância externa e defesa dos quilombolas são feitas por mulheres, ou seja, elas lutam dentro da comunidade de forma organizada e unidade e extrapolam essa luta dentro da sociedade por pautas de interesse do seu povo. No Quilombola do Matias, é fácil ver esse contexto, não só pelo projeto “temperos quilombolas”, mas também pelas conquistas por meio referenciada cozinha comunitária, as casas adquiridas ao poder publico, a escola e o posto de saúde. Para se ter ideia, até hoje a associação Rural do Quilombola foi sempre presidida por mulheres. A escola sempre foi composta por mulheres e a própria cozinha. O protagonismo feminino nessas comunidades sempre foram fortes e continuam sendo até hoje”, afirma Dário Machado.

Quem ficou curioso para provar o sabores dos “Temperos Quilombolas”, e vistar a comunidade, rodeada por montanhas e uma natureza exuberante, que pode ser agendada uma visita. Há! Uma dica: saboreia a geleia de Manga com Maracujá e o licor de tamarindo, acompanhado dos deliciosos bolinhos de goma.

A aquisição dos alimentos pode ser feita por meio do Instagram @temperosquilombolas_matias, ou pelo watsapp da líder do projeto Eliane Matias (83) 9.8604-8394.

CONQUISTAS | Projeto fortalece economia do da comunidade quilombola e empondera as mulheres, trazendo qualidade de vida para suas famílias

Natural de Caruaru, agreste de Pernambuco e criado na cidadezinha de Jataúba, ele saiu jovem de casa com destino a Campina Grande, cidade do maior São João do Mundo (sic.). Na Rainha da Borborema, focou nos estudos e entrou na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) para estudar Jornalismo. Hoje com 32 anos, Silas Batista Santos é um jornalista formado e batalhador, dono de muitas histórias para contar.

Silas sempre foi fascinado pela comunicação e quando começou a cursar Jornalismo, no segundo período teve a primeira oportunidade de estágio no extinto Diário da Borborema que circulava em Campina Grande. Era um jornal fundado pelo magnata das comunicações Assis Chateaubriand, natural de Umbuzeiro. Essas experiências começaram a lhe render novas oportunidades e em pouco tempo lá estava ele, atuando como assessor de comunicação na Prefeitura Municipal de Ingá e na Câmara de Vereadores de Campina Grande.

Na Rede Paraíba de Comunicação, afiliada Rede Globo Silas realizou um sonho de menino e entrou como um simples estagiário ganhando destaque e espaço através do seu profissionalismo. Toda

balhos em equipe enriquecem o profissional e estar disposto a encarar as novas atribuições é uma das missões de Silas enquanto jornalista e funcionário.

MUDANÇAS

essa dedicação trouxe a oportunidade de ouro que tanto almejava, estagiar no programa Globo Esporte. Nesta época também estava sendo criada a página local do site e coincidiu com o período de conclusão do seu curso de jornalismo. Silas comenta que “algumas coincidências e toques do destino, fez do meu estágio o primeiro emprego de registro assinado oficialmente pela profissão.” Silas foi contratado no início de 2012 e fazia outros trabalhos nos bastidores, fazendo matérias e edições para o Portal de Notícias recém lançado pela empresa. As redações eram integradas e ele recebia matérias dos demais jornalistas para publicar no portal. Tra-

Com novos desafios a frente, Silas recebeu um convite divisor de águas em sua carreira, que foi fazer parte da equipe de Jornalismo da Rádio Campina FM. A princípio era para ser um simples repórter e como ele estava disposto a qualquer coisa que saísse da sua zona de conforto, aceitou e foi encarar o desafio. A rotina ficou cansativa, pois atuar em Rádio e TV simultaneamente exigia esforço e tempo para adaptar sua vida pessoal com o trabalho. Afinal, eram dois veículos em horários distintos e para acrescentar mais conhecimento, neste período ele passou também a atuar em multiplataformas, ou seja, produzia tanto para TV, quanto rádio e internet ao mesmo tempo. Mas, Silas se sentia grato e diz que “a experiência e crescimento profissional onde existe muitas informações disponíveis em um curto tempo para veicular as notícias, causam uma certa exaustão mental.” E embora todo esse rojão de tarefas a comunidade e ouvintes da rádio e sempre contou com seu compromisso em manter as informações atualizadas e na hora certa. E um novo recomeço o esperava, pois depois de um tempo na Rádio Campina FM, Silas foi contratado para iniciar um novo projeto dessa vez em outra Rádio, a CBN em Campina Grande. Apesar de alguns contratempos da época a emissora passou quase um ano sem entrar no ar efetivamente. Enquanto isso, trabalhou como repórter fazendo transmissões diretamente para a Rádio CBN de João Pessoa. Foi uma experiência que enriqueceu o seu currículo, por mais doloroso que fosse, círculos precisavam ser fechados e Silas teve que deixar a Rede Paraíba de Comunicação e isso lhe rendeu o título de um dos

primeiros repórteres e apresentadores a serem contratados, sendo recém-saído da faculdade. Como um bom profissional não fica parado, Silas seguiu carreira com um novo contrato, dessa vez a experiência era pela TV Borborema, afiliada do SBT. Começou atuando como editor de texto e também na assessoria de comunicação do programa Patrulha da Cidade. Esse novo emprego trouxe a oportunidade de novas parcerias, fazendo os ofícios do trabalho manter contato com o Jornalista Paulo Pessoa, junto com ele Silas apresentou o programa Revista 101 pela Rádio Cariri FM. O projeto é tipo uma revista eletrônica onde mistura notícias, entretenimento, prestação de serviço de forma leve e espontânea no rádio. No ano de 2020 a pandemia também trouxe

para Silas algumas novas adaptações e histórias para contar. “Infelizmente, contrai a Covid-19 e precisei me readaptar com todos os protocolos das organizações de saúde. De certa forma, os 15 dias isolados me preparavam para novas rotinas que estariam por vir.” Para Silas as tecnologias atuais era o novo jornalismo entrando em prática. Ele conta que “O jornalismo que chamamos de digital precisa se readaptar as novas formas de atuação. Em uma outra era, tinha todo o sistema de ir na casa, no local de trabalho do entrevistado e hoje, com dois cliques a sonora está prontinha no seu e-mail, celular, em áudio ou em vídeo.”

Que as histórias de Silas inspirem mais jornalistas a seguirem o ramo.

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{ Perfil
Do interior para o mundo
“O JORNALISMO DIGITAL PRECISA SE READAPTAR AS NOVAS FORMAS DE ATUAÇÃO”
SILAS BATISTA JORNALISTA
SILAS BATISTAS | No Estúdio do Programa Globo Esporte/TV Paraíba, em 2015

SAÚDE MENTAL

83,5% DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS SOFREM ALGUM TIPO DE PROBLEMA

Não é incomum ouvirmos de jovens concluintes do ensino médio que, entre os seus objetivos de vida, está o ingresso na Universidade. O sonho de conquistar um diploma de nível superior costuma partir da exigência do mercado de trabalho por profissionais cada vez mais competentes e qualificados. Em algumas ocasiões, conquistar esse diploma pode custar a saúde mental de muitos deles. A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) recebe, anualmente, cerca de 6.500 alunos. Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), de 2023, foram ofertadas inscrições para 6188 vagas. Estes números podem variar para mais ou para menos. Entre os discentes matriculados em 2020 está a estudante de Serviço Social Nathália Caroline. Nathália é diagnosticada com ansiedade, faz acompanhamento psicológico e luta para conciliar o trabalho com a vida acadêmica. Durante o período letivo de 2022, a estudante sofreu uma lesão no tornozelo e teve que imobilizar a região, o que fez com que ela tivesse dificuldades de acompanhar as aulas presencialmente. Segundo ela, “a maioria dos professores não tem nenhum entendimento de

que a saúde mental dos estudantes impacta diretamente na produção acadêmica. As cobranças continuaram as mesmas, no ponto em que eu me cobrei tanto que tive uma crise de ansiedade que não senti meu braço, fui para emergência tomar calmantes, e aí tive que desistir de algumas cadeiras e atrasar o curso”.

O incidente ocorrido com Nathália poderia ser evitado. A RESOLUÇÃO/UEPB/CONSEPE/068/2015 estabelece, em seu Art. 108, que o regime de exercício domiciliar é assegurado ao aluno em caso de incapacidade física. O discente deve procurar a coordenação do curso para mostrar os documentos comprobatórios. Assim, ele terá direito ao abono de faltas e a realização de atividades em domicílio.

A estudante de Licenciatura em História Lorena Torres vem de uma família com histórico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, mais conhecido pela sigla TDAH, e apesar de não ser diagnosticada, ela sofre com vários sintomas da doença.

Lorena diz que ainda não buscou avaliação médica e tratamento psicológico por questão financeira

e de tempo. A situação de Lorena se agravou ainda mais quando ela (sic) sofreu assédio moral dentro de sala de aula após discordar da fala de uma professora.

A aluna se sentiu ridicularizada pela docente que, além de tentar invalidar os seus pontos de vista de forma desrespeitosa, encerrou a aula. O constrangimento continuou nas aulas seguintes, e em uma situação onde Lorena chegou cansada na sala, o que é recorrente por trabalhar em dois empregos, foi mexer em sua mochila e acabou sendo fotografada pela professora, que ameaçou processá-la na coordenação do curso por negligência disciplinar. A universitária não teve ânimo para continuar na disciplina, mas cumpriu todas as demandas exigidas.

Lorena conta que tinha crises de ansiedade sempre que chegava à UEPB para assistir a aula em questão. No final, foi reprovada e assim como Nathalia, teve que atrasar o andamento do curso. O episódio lhe trouxe sequelas psicológicas que ela ainda tem que lidar. A UEPB, em sua opinião, poderia fazer congressos, palestras e até reuniões sobre esse tema para ver onde está acertando ou errando, o

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A INFORMAÇÃO É DE UM RELATÓRIO PUBLICADO PELA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DIRIGENTES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR (ANDIFES) Edna Melo e Yasmim Lima DESAFIO | Solidão de quem enfrenta problemas psicológicos

que funciona ou não.

Problema em crescimento

Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em um relatório publicado em 2019, 83,5% dos alunos universitários declararam possuir algum problema de saúde mental relacionado à graduação. Durante a pandemia da Covid-19, institutos de pesquisa se atentaram ao bem estar psíquico dos jovens do ensino superior.

A Chegg.org, uma organização sem fins lucrativos, realizou um estudo que ouviu 16,8 mil estudantes universitários de 21 países. Esse estudo constatou que, de sete a cada dez universitários brasileiros, 76% relataram impactos negativos na saúde mental ocasionados pela pandemia.

Entre os principais transtornos psicológicos detectados nos estudantes de nível superior estão a depressão, ansiedade e o estresse, decorrentes da alta demanda de exigências acadêmicas, sentimentos de incapacidade, preocupações com a vida interpessoal e a incerteza com o mercado de trabalho. A prevalência desse cenário serve de alerta ao Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo bem estar da população brasileira, e demanda uma maior investigação de suas causas, consequências e de soluções.

Kiara Dias é psicóloga e recebe os alunos que chegam à Pró-Reitoria Estudantil (PROEST) da UEPB com alguma demanda de atendimento psicológico. Ela descreve a saúde mental como “um aspecto de bem estar psicossocial e biológico, onde as pessoas se sentem capazes de desempenhar funções

350 ATENDIMENTOS

POR ANO NA UEPB SERVIÇO

em vários projetos, mas quando passa para fase depressiva, eu sinto que as tarefas mais simples são como um fardo.”

do dia a dia, de socializar”.

Apesar de não haver dados específicos sobre o quadro geral de saúde mental dos estudantes da instituição, Kiara divide em dois grupos os principais motivos de procura por ajuda. O primeiro seria questões familiares, de relacionamentos, e o segundo envolve questões estruturais do país, como fatores sociais, econômicos e dúvidas em relação ao mercado de trabalho. Somado ao mencionado pela psicóloga, é notório que o acúmulo de tarefas e a sobrecarga

de funções, além das acadêmicas, também afetam a saúde mental dos estudantes da UEPB.

Essa busca é voluntária ou encaminhada por algum professor ou coordenador. São cerca de 350 atendimentos por ano (o que equivale a 1,25% dos alunos matriculados), entretanto, o serviço psicológico disponível na PROEST se trata de um atendimento pontual, em nível de prevenção, sem a ideia de tratamento.

A psicóloga explica que “na área educacional, a gente não tem

estrutura para tratar ninguém, essa é uma atribuição da área da saúde, e a UEPB não tem essa estrutura. O que é feito na área da educação: a gente procura entender, identificar previamente o que está acontecendo com o aluno para que não progrida a uma situação de adoecimento. Mas às vezes chegam estudantes adoecidos e nesse caso fazemos um encaminhamento para a dimensão necessária de acolhimento, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou um hospital”.

CASO PRECISE DE AJUDA, ENTRE EM CONTATO

Pró-Reitoria Estudantil

• Rua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário - Campina Grande - PB

• Telefones: (83) 3315-3450 ou (83) 3315-3328

• E-mail: setorpsicossocialuepb@gmail.com

• Instagram: @proest.uepb

• Clínica de Psicologia

Victoria Pinheiro, estudante de Jornalismo, é bipolar do tipo 1 e desde a adolescência já apresentava quadros de depressão grave. A ficha de que algo estava errado com a sua saúde mental só caiu quando ela foi internada na ala psiquiátrica do Hospital Dr. Edgley, em 2020.

Desde que saiu da internação, ela tem tido acompanhamento psicológico e psiquiátrico, recebendo o apoio da família e amigos. “Dependendo da minha troca de humor, é ótima a fase na academia, porque eu fico eufórica, entrando

Na percepção da discente, a academia tem discutido a questão de saúde mental com maior ênfase durante o setembro amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio. “Falta falar mais sobre a saúde mental, demonstrar mais zelo. Não apenas no setembro amarelo que existem os riscos de tragédias advindas das doenças mentais”.

Serviços psicológicos oferecidos pela UEPB

Além do atendimento psicológico oferecido pela PROEST, o departamento de psicologia da UEPB também oferece Plantão de Escuta Psicológica, Psicoterapia Individual, Avaliação Psicológica, Orientação Vocacional e Grupos Terapêuticos. Esses serviços são ofertados pelos alunos do curso de psicologia da instituição sob a supervisão de professores. O atendimento é disponível para pessoas de todas as faixas etárias, de segunda a sexta-feira, entre das 7h às 17h.

O suporte psicológico deve ser um direito garantido a todos os estudantes universitários matriculados na Instituição. Apesar da triagem psicológica oferecida pela PROEST e pela clínica de psicologia, a UEPB carece de programas específicos de acompanhamento e tratamento psicológico direcionados à saúde mental estudantil. A busca do sonho pelo diploma de graduação não deve ser um processo árduo, e sim proveitoso.

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CAMINHO | Para conseguir enfrente, além de aceitar o problema, é preciso buscar ajudar para seguir em frente

DAYSE JONES & THE SIX A RIQUEZA E EMOÇÃO DA MÚSICA POPULAR NORDESTINA

Os anos 70 marcaram a ascensão do rock, um estilo musical que influenciou o comportamento de muitos jovens que viveram nessa época. Quem conheceu bandas como Pink Floyd, Deep Purple, Led Zeppelin e The Who também iria amar conhecer Daisy Jones & the Six, uma banda fictícia criada pela escritora Taylor Jenkins Reid em um romance que inspirou a minissérie de mesmo nome, dirigida pela atriz Reese Witherspoon.

A série foi lançada em 3 de março de 2023 pelo Amazon Prime Video, e retrata a história de uma banda musical norte-americana, o Daisy Jones & the Six, que decidiu encerrar misteriosamente a sua atividade no auge do sucesso. 20 anos após o fim, a banda se reúne para contar o que aconteceu em um documentário, e é nesse cenário póstumo que somos apresentados às narrativas pessoais de cada integrante.

O elenco da série, que conta com um total de 10 episódios, foi muito bem escalado. Sam Claflin, Camila Morrone e Riley Keough protagonizam, respectivamente, Billy Dunne, Camila Alvarez e Daisy Jones. Encenando o papel de Daisy, a personagem principal, Riley Keough surpreende ao mostrar que herdou da família o talento musical e cinematográfico. A atriz é filha de Lisa Marie Presley e neta de Elvis Presley.

O cabelo ruivo com franja, a perso-

nalidade rebelde e o talento artístico de Daisy pode chamar a atenção de quem é fã de Rita Lee, falecida no dia 8 de maio desse ano, que também possuía o sobrenome Jones e uma banda chamada ‘Os Seis’ no início de sua carreira, estrelada na mesma época narrativa da série. As semelhanças com a artista brasileira só passam de coincidências. Daisy Jones é na verdade inspirada em Stevie Nicks, vocalista da banda Fleetwood Mac.

Outro detalhe interessante é que o elenco dispensou o uso de dublês e assumiu todo o repertório musical, que foi produzido exclusivamente para compor a trilha sonora da minissérie. Vale a pena assistir a produção e emergir nos anos 70 através dos cenários, dos figurinos e da profundidade humana que cada personagem adquire no drama bem construído por Taylor Jenkins Reid. Não é pra menos que a série conquistou 95% de aprovação pelos usuários do Google.

Nos rincões do país, quando o solstício de junho se aproxima, uma aura mágica toma conta das cidades e vilarejos. É a época dos festejos juninos, onde as tradições se misturam com a música, enchendo os corações de alegria e saudade. Neste espetáculo cultural, destacam-se os grandes artistas juninos do Brasil, cujas melodias e performances nos transportam para um mundo de festa e encantamento.

A música popular nordestina é um tesouro cultural do Brasil. Originária da região rica em diversidade e tradições, essa forma de expressão musical encanta e emociona pessoas por todo o país. Conseguimos mergulhar na riqueza e na emoção desse gênero de um universo vasto de histórias, ritmos envolventes e melodias cativantes. As letras poéticas e artistas talentosos nos presenteiam com momentos reflexão e emoção. Uma cultura que brilha e encanta gerações faz manter viva a identidade do Nordeste e do país.

Certos ritmos nordestinos têm se mantido presos as fórmulas tradicionais, sem explorar novas sonoridades e estilos. Passando uma sensação de estagnação e falta de inovação com a repetição excessiva de temas e estruturas musicais. Outros têm sido comercializados de forma estereotipada, reforçando imagens simplificadas e caricatas da cultura nordestina, perdendo a autenticidade cultural e o reforço de clichês que desvaloriza a riqueza e a diversidade da região.

A busca pelo sucesso comercial pode levar à produção de músicas nordestinas genéricas, com letras e arranjos que seguem fórmulas previsíveis e repetitivas. Vozes e estilos ganham menos visibilidade e reconhecimento em comparação a outros, resultando em uma falta de representatividade no cenário musical. Artistas consagrados como Elba Ramalho, Dominguinhos, Sivuca e Jackson do Pandeiro

deram continuidade ao legado do mestre no xote e do baião Luiz Gonzaga. O ritmo nordestino tem como característica temas como amor, saudade e festividades, o que faz parte de uma tradição. No entanto, a diversificação dos temas abordados permite que explorem também questões sociais, políticas e contemporâneas. Dessa forma ela se torna um veículo de reflexão e engajamento social, ampliando seu alcance e relevância para além das festividades e do entretenimento. É fundamental valorizar e promover novos talentos e vozes dentro do gênero. A diversidade de artistas e estilos contribui para a renovação e evolução. É necessário investir em oportunidades, incentivos e espaços para que artistas emergentes possam se destacar e contribuir para a inovação do gênero popular nordestino. Uma tradição forte e consolidada, mas abrir-se para colaborações com artistas de outros gêneros e regiões pode trazer benefícios mútuos. A parceria com artistas de diferentes estilos e origens pode enriquecer, permitindo o intercâmbio de ideias, influências em trabalhos criativos e originais. Esses pontos não desmerecem a importância e o valor da música popular nordestina. Pelo contrário, eles visam incentivar a renovação, a diversidade e a contínua evolução do gênero, preservando sempre a identidade cultural.

É uma celebração da herança africana, indígena e europeia presente no Nordeste, que mantém vivas as manifestações artísticas. Além de ser uma forma de resistência ao longo da história que retrata as lutas e desafios enfrentados pelo povo nordestino. Nada disso invalida a importância e o valor cultural, na verdade, servem como pontos de reflexão e incentivo para o desenvolvimento e aprimoramento que busca uma maior diversidade, inovação e valorização das raízes culturais nordestinas.

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Yasmin Lima Carlos Lima

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