baraúnas baraúnas
MAIO, 2024, nº 9
PESQUISA
MULHERES SÃO AS QUE MAIS COMPRAM LIVROS NO PAIS
NA CONTRAMÃO
NA CONTRAMÃO
47% DAS MULHERES COM IDADES ENTRE 14 E 26 ANOS JÁ
47% DAS MULHERES COM IDADES ENTRE 14 E 26 ANOS JÁ
SOFRERAM ASSÉDIO SEXUAL
SOFRERAM ASSÉDIO SEXUAL
IDENTIDADE ATRAVÉS DOS IDENTIDADE ATRAVÉS DOS
O CABELO É UM DOS SÍMBOLOS MAIS PODEROSOS DE IDENTIDADE INDIVIDUAL
O CABELO É UM DOS SÍMBOLOS MAIS PODEROSOS DE IDENTIDADE INDIVIDUAL
E SOCIAL QUE TEMOS, E, APESAR DE PESSOAL, ELE NÃO É PRIVADO. POR MUITO
TEMPO HOUVE QUEM JULGASSE UMA PESSOA POR SEU CABELO. HOJE, A ONDA
E SOCIAL QUE TEMOS, E, APESAR DE PESSOAL, ELE NÃO É PRIVADO. POR MUITO TEMPO HOUVE QUEM JULGASSE UMA PESSOA POR SEU CABELO. HOJE, A ONDA
DOS CACHOS OCUPAM ESPAÇOS NAS TV’S, NA MÚSICA E NO COTIDIANO.
DOS CACHOS OCUPAM ESPAÇOS NAS TV’S, NA MÚSICA E NO COTIDIANO.
revista
cachos cachos
baraúnas
ISSN 2595-2218 - 9ª ed., mai/2024
EXPEDIENTE
A revista baraúnas é uma publicação do Estágio Supervisionado (impresso) do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, com periodicidade semestral.
REITORA
Célia Regina Diniz
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS
Diretor: Prof. Rômulo Ferreira de Azevêdo Filho
CHEFE DE DEPARTAMENTO
Prof.ª Maria Salete Vidal da Silva
Prof. Luís Adriano Mendes Costa
COORDENAÇÃO DE CURSO
Orlango Angelo Rostand Melo
PROFESSOR ORIENTADOR/EDITOR
Arão de Azevêdo Souza
PROJETO GRÁFICO
Arão de Azevêdo Souza
REPORTAGEM E DIAGRAMAÇÃO
Alisson Brando, Ana Karolina, Danyelle Fernandes, Davi Henrique, Érica Silva, Eva Leite, Felipe Tavares, Gradvolh Abrantes, Jéssica Sousa, Juliana Oliveira, Larissa Alves, Lucas Araújo, Maisy Henrique, Milena Siqueira, Nadinny Raquel, Nereide Araújo, Solange Farias, Victoria Freitas e Viviane Duarte.
ENDEREÇO PARA CONTATOS: Curso de Jornalismo
Universidade Estadual da ParaíbaRua Baraúnas, 351 - Bairro Universitário, Campina Grande-PB, CEP 58429-500 Fone/83 3344.5316. www.uepb.edu.br e-mail: araodeazevedo@gmail.com
aos leitores!
Olá, você está lendo a mais nova edição da Revista Baraúnas, uma publicação do componente curricular Estágio Obrigatório, na modalidade impresso, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.
Assim como acontece, desde 2016, trazemos para você, leitor/a, uma série de reportagens especiais dos mais variados temas.
Como matéria de capa, a reportagem de Larissa Alves navega nas ondas dos cabelos cacheados. Símbolo da identidade negra, os cabelos já foram alvo de preconceito, obrigando muitas pessoas a buscarem um “padrão” de pentedado. Para Larissa, “o significado desse processo pode ir além de apenas “aderir uma moda atual”, pode representar uma forma de empoderamento e resistência a um “padrão de beleza” que oprime suas raízes e identidade.
Em outra matéria de destaque, o repórter Felipe Tavares nos traz um apanhado do mercado editorial no Brasil e suas mudanças no impacto da comercialização e vendas de livros impressos e digitais, assim como mudanças nos hábitos de compras de obras literárias.
Abordamos, ainda reportagens sobre assédio sexual contra mulheres; participação feminina na política, no artesanato; projetos sociais; artigos e textos culturais.
Convidamos todos à leitura.
Boa Leitura! O editor.
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revista
O cabelo é um dos símbolos mais poderosos de identidade individual e social que temos, e, apesar de pessoal, ele não é privado. Podendo ser liso, cacheado ou até mesmo inexistente, podemos perceber processos sociais através da simples capilaridade que cada indivíduo porta
Panorama do mercado editorial no Brasil
As influências da literatura infanto-juvenil na formação de crianças e adolescentes
Vega XP Educação, arte e cultura Geek
Assistência para pessoas em vulnerabilidade
Um exército de uma mulher só
Revoltada,
e impotente
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6 7 8 16 12 19 24 26 30 Mão Branca: “Os Justiceiros de Campina”
Fios de história
constrangida
A voz cidadã que ecoa para garantir direitos { Sumário Identidade através dos cachos 20 26
Home office: Desafios e oportunidades do modelo de trabalho
Bumba meu Boi
Quando os bichos não encontram um lar
Maio, 2024 | baraúnas | 5 34 36 40 44 48 40 “Viver é melhor do que Sonhar”
Música para meus ouvidos 8 19 24 44
Mão Branca: “Os Justiceiros de Campina”
O grupo Mão Branca, composto por policiais, marcou a história da Paraíba, especialmente da cidade de Campina Grande, durante a década de 80. Sob o pretexto de combater a crescente violência urbana, esses homens se auto proclamavam como "Homens da Lei", mas suas ações eram marcadas por uma barbárie desumana.
A saga do Mão Branca teve início em um cenário político conturbado, os últimos anos da ditadura militar, onde o autoritarismo ainda se fazia presente em todas as esferas da sociedade. O grupo emergiu como uma resposta violenta aos desafios da segurança pública na cidade, atuando para eliminar criminosos que supostamente ameaçavam a paz local.
Contudo, suas práticas cruéis e impiedosas logo revelaram a verdadeira face do Mão Branca. O nome do grupo foi inspirado em um incidente no Rio de Janeiro, onde um pano branco foi colocado sobre o corpo de uma vítima, simbolizando uma "mão branca" que pairava sobre os criminosos.
A ação do Mão Branca foi marcada por uma série de assassinatos brutais e massacres, muitas vezes com requintes de crueldade, como esquartejamentos e decapitações. Sua lista de alvos, inicialmente com 115 nomes, incluía tanto criminosos quanto pessoas inocentes que foram confundidas ou injustamente associadas ao mundo do crime. A população, em parte, apoiava o grupo, alimentando-se de uma sensação ilusória de segurança. Muitos viam o Mão Branca como uma espécie de "heróis", acreditando que estavam
Alisson Brando
fazendo o trabalho que a polícia não conseguia realizar. No entanto, a verdade por trás das ações do grupo era sombria e perturbadora.
A imprensa desempenhou um papel importante na divulgação das atividades do Mão Branca, trazendo à tona a brutalidade e a injustiça por trás de suas ações. Jornalistas corajosos como Ronaldo Leite e Assis Costa relataram os horrores perpetrados pelo grupo, contribuindo para a conscientização pública sobre a gravidade da situação.
No desenrolar da investigação
GRUPO
CRIMINOSO
SUAS PRÁTICAS CRUÉIS
LOGO REVELARAM A
VERDADEIRA FACE DO
BRANCA
dos crimes cometidos pelo grupo Mão Branca na Paraíba, foi revelado que duas pessoas foram responsabilizadas pelos seus atos. Após a formação de uma Comissão de Justiça e Paz na cidade, liderada por advogados e membros da igreja, Carlos José De Queiroz, conhecido como "Zé Cacau", foi absolvido, enquanto "Zezé Basílio" recebeu uma sentença de mais de meio século de detenção. Essa conclusão ressalta não apenas a complexidade das investigações, mas também a determinação das autoridades em buscar justiça diante das atrocidades cometidas pelo grupo. Durante o período em que atuaram, o Mão Branca deixou
um rastro de terror, tendo feito um total de 22 vítimas no estado da Paraíba. Essas vítimas foram alvo das ações brutais do grupo, que incluíam esquartejamento e decapitação, demonstrando a extensão da violência perpetrada por eles.
A reação da sociedade contemporânea ao legado do Mão Branca é ambígua. Enquanto alguns ainda apoiam suas ações como uma medida necessária diante da crescente criminalidade, outros condenam veementemente a violência e a impunidade que marcaram o período. Em última análise, o Mão Branca é um lembrete sombrio do poder corruptor do autoritarismo e da injustiça. Seu legado continua a ecoar nas cicatrizes deixadas na cidade de Campina Grande e na consciência coletiva da sociedade paraibana.
Este artigo busca trazer à luz um caso sombrio da história da Paraíba: o surgimento e atuação do grupo Mão Branca. Motivado pela necessidade de combater a crescente criminalidade na década de 1980, esse grupo de policiais se organizou com o intuito de erradicar os supostos marginais que assolavam a cidade de Campina Grande. No entanto, o que se seguiu foi um período de terror, onde os membros do Mão Branca ultrapassaram os limites da lei, cometendo uma série de atrocidades contra aqueles que julgavam serem criminosos. Este artigo visa não apenas relatar os fatos ocorridos, mas também questionar como um grupo pode se apropriar do sistema legal para cometer crimes tão graves, desafiando os princípios fundamentais da justiça e da segurança pública.
baraúnas | Maio, 2024 6 |
{ Artigo
MÃO
Fios de história O papel vital das mulheres na preservação da cultura artesanal
NA VILA DO ARTESÃO, MULHERES EMPREENDEDORAS PRODUZEM ARTE E MANTÉM VIVA AS TRADIÇÕES MANUAIS.
Viviane Duarte
No coração da Vila do Artesão em Campina Grande, na Paraíba, é onde as tradições se entrelaçam com a modernidade, encontra-se um grupo de mulheres determinadas a preservar não apenas a arte do artesanato, mas também a força e a resiliência feminina. Entre elas, destaca-se Maria Apolinário, uma artesã de 82 anos, dedicada, que há 14 anos trabalha na vila do artesão e tem sido uma figura central nessa jornada de preservação cultural e empoderamento feminino.
O trabalho de Maria e suas colegas é mais do que apenas criar belas peças artesanais; é uma expressão de identidade, história e comunidade. Em seu ateliê, cada mulher desempenha um papel vital: pintura, crochê e artesanato se unem em um processo colaborativo que valoriza as habilidades individuais e fortalece os laços comunitários.
A importância da preservação da cultura do artesanato vai além da simples valorização estética. É um meio de manter viva a história e os costumes de uma região, transmitindo tradições de geração em geração. Maria entende o peso desse legado e trabalham incansavelmente para garantir que ele não se perca no turbilhão do progresso. Além disso, o artesanato desempenha um papel crucial no
CAPRICHO | Há 14 anos, Maria
Apolinário dedica-se a produção artística com renda e crochê, na Vila. No alto, Chalés da Vila, uma mistura de cores e formas que dão vida ao local. Ao lado, Flores de fuxico confeccionadas por artesã local
empoderamento das mulheres. Em uma sociedade onde oportunidades igualitárias muitas vezes são limitadas, o artesanato oferece uma alternativa viável para as mulheres ganharem autonomia financeira. Para Maria o artesanato não é apenas uma fonte de renda, mas é a maneira de expor seus sentimentos e de manter a mente ativa.
Ao investir no desenvolvimento
do artesanato local e no fortalecimento das habilidades das mulheres, a comunidade não só preserva sua identidade cultural, mas também promove a igualdade de gênero e o crescimento econômico sustentável. O trabalho de Maria na Vila do Artesão serve como um exemplo inspirador de como o artesanato pode ser uma ferramenta poderosa para transformar vidas.
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VIVIANE DUARTE
Panorama do mercado editorial no Brasil
MULHERES SÃO AS QUE MAIS COMPRAM LIVROS NO PAÍS. LIVROS FÍSICOS
AINDA SÃO OS PREFERIDOS ENTRE OS LEITORES BRASILEIROS
Felipe Tavares
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VENDAS | Apenas 16% da população acima de 18 anos compraram livros nos últimos 12 meses
Compradores de livros por gênero
Omercado editorial no Brasil é formado por editoras comerciais, responsáveis por produzir e distribuir livros, sendo as livrarias encarregadas pelas vendas. O país tem grandes editoras no mercado de livros didáticos, além de editoras universitárias, mas é composta, em sua maioria, por empresas de pequeno porte, dedicadas especialmente a nichos de consumidores.
Os livros fazem parte da vida de muitos brasileiros, podendo ser de diversos gêneros literários e não literários. São muitas vezes usados para fugir da realidade, como os livros de ficção e fantasia. Há livros que ajudam as pessoas a se conhecerem melhor, como os de autoajuda e desenvolvimento pessoal, além de segmentos por idade, como os livros infantis, juvenis e adultos. Apesar disso, o número de vendas de livros no ano de 2023, não foi animadora, houve uma queda no volume de vendas e faturamento em relação ao ano anterior. Em pesquisa realizada pelo Nielsen Bookscan e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), mostra uma queda de 7,13% no volume de livros em relação a 2022 e um faturamento 0,78% menor.
Já pesquisa realizada pelo Nielsen BookData a pedido da Câmara Brasileira de Livros (CBL), e publicada em dezembro de 2023, mostra o perfil dos consumidores de livros no Brasil. Destaque para as mulheres das classes C e B moradoras da região Sudeste e Nordeste, como maiores consumidoras de livro no país. Entre a população acima de 18 anos, apenas 16% compraram ao menos um livro nos últimos 12 meses, enquanto 84% não compraram nenhum livro, apontando preço, ausência de lojas e falta de tempo como principais obstáculos para não efetuarem a compra.
Entre os não compradores, umas das questões que se destaca é o alto preço dos livros, fator que atinge até as classes mais altas do país, foi o que afirmou a economista e coordenadora da pesquisa Mariana Bueno, em entrevista ao site PublishNews: “Chamo atenção que, para as classes mais altas, o
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57 43
%
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Fonte: Nielsen BookData
DESIGNED BY STUDIOGSTOCK / FREEPIK
FELIPE TAVARES
livro também aparece como caro. A gente está falando de um produto que custou em média R$ 43 no ano passado. O mercado tem tentando recuperar esse preço: a Pesquisa Produção e Vendas mostra que as editoras estão tentando recuperar o preço, mas recuperar a inflação não é fácil. A perda ao longo dos anos foi muito grande, a queda foi muito significativa. Como vai sair de R$ 19 para R$ 40 de um ano para o outro? Quem está comprando vai recusar. Acho que a gente passa por um momento difícil economicamente, não só o Brasil como o mundo,” disse.
A pesquisa feita pelo Nielsen BookData, ainda mostra números importantes do mercado editorial no Brasil, fazendo um balanço das vendas de livros impressos e digitais. A pesquisa aponta que 71% dos brasileiros ainda preferem comprar livros físicos, enquanto 22% da população compraram apenas livros digitais e 7% compraram tanto livros físicos como digitais.
O livro impresso ou físico é o formato mais tradicional e traz consigo a magia de carregar uma história em suas mãos ou de sentir o cheiro de livro novo, além de ser um item de colecionador. Mesmo com a tecnologia cada vez mais presente, por meio de Kindle, e-book, audiobook, podcasts literários e outros, o livro impresso ainda é o formato preferido no país.
No entanto, ainda segundo dados da pesquisa feita pelo Nielsen BookData, a maioria das compras de livros físicos são feitas de forma online. A pesquisa aponta que no último ano, 55% das pessoas compraram livros físicos de forma online, enquanto 45% compraram livros de forma presencial.
O principal ponto de venda de livros presenciais são as livra-
2972 98 334 561 165 1814
LIVRARIAS | Brasil tem 2972 livrarias, Região Sudeste tem mais da metade das livrarias
55% dos compradores de livros preferem a versão impressa
rias, que apesar da concorrência do mercado online ainda é parte importante da vida dos leitores brasileiros. Segundo números do 5º Anuário Nacional de Livraria, desenvolvido e coordenado pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), as regiões Sudeste com 1814 e Sul com 561, são as regiões que mais tem livrarias no Brasil. Em seguida aparece a região nordeste com 334 livrarias, nas duas últimas posições estão as regiões Centro-oeste e Norte com 165 e 98 estabelecimentos respectivamente, de um total de 2972 livrarias no país. O anuário ainda acrescenta que as tendências no Brasil são as grandes redes dando espaço para livrarias mais compactadas e espalhadas por todo país.
Números publicados pelo Nielsen BookData, mostra os 5 prin-
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Total de Livrarias no Brasil
FELIPE TAVARES
Fonte: Nielsen BookData
cipais fatores que influenciaram essa compra online são: 49,2% Tema ou assunto; 26,2% Preço; 20,5% Autor; 19,1% Título do livro e 13,8% Influência de amigos, familiar. Já entre os 5 principais fatores que influenciam a compras presenciais estão: 49,2 Tema ou assunto; 24,1% Título do livro; 19,2% Autor; 17,1% Preços e 13,5% Recomendações de amigos e familiares.
É possível ver que as pessoas que compram livros físicos onlines ou presencial, o tema ou assunto é o principal fator de influência. O preço aparece em segundo lugar para as pessoas que adquirem os livros online e em quarto lugar para os que adquirem livros de forma presencial, a influência dos amigos e familiares aparecem em quinto lugar como preferências de compradores de ambas as modalidades.
Livros Digitais
O mercado digital está crescendo cada vez mais e tem se tornado uma aliada do mercado editorial, criando novas possibilidades para leitores, autores e editores. É possível carregar uma biblioteca inteira em dispositivos como e-readers, smartphones e tablets, facilitando a vida dos leitores.
A pesquisa do Nielsen BookData mostra que entre as pessoas que escolheram livros digitais em sua última compra, 81% adquiriram E-books, já 19% tiveram como preferências os Audiobooks. O celular é o aparelho mais utilizado para a leitura dos livros digitais, com 50%. E-reader com 19%, computador com 17%, tabletes com 12% e Rádio de Carro com 2%, completam a lista.
Fatores que influenciaram na compra de livros impressos
COMPRA ONLINE
Tema ou assunto
Preço
Autor
Título do Livro
Influência de amigos ou familiar
COMPRA FÍSICA - PRESENCIAL
ou assunto
Título do Livro
Autor
Preço
de amigos ou familiar
Nesta modalidade, a pesquisa aponta que os 5 fatores que influenciaram na compra foram: 34,7% Tema ou assunto; 28,5% Preço; 21,2% Título do livro; 14,2% Autor e 12,3% Recomendações de amigos, familiar.
O tema ou assunto é o principal fator que influencia a compra de livros online, o preço vem seguida na lista, título do livro, autor e recomendações completam a lista. Em relação ao preço, alguns livros digitais ainda não são tão favoráveis aos leitores, em sites de vendas onlines como Amazon, é possível ver a pequena diferença de preço entre livros de capa comum e os disponíveis no Kindle, de apenas R$ 4, a vantagem do livro digital é que este estará disponível imediatamente após a compra.
Fonte: Nielsen BookData
Tendências do Mercado
Editorial em 2024
As tendências do mercado editorial para 2024 e para os próximos anos indicam que o setor deve passar por algumas transformações. Em um mercado mais dinâmico e com consumidores mais exigentes, temas com autopublicações e livros impressos de forma ecológica, com tinta orgânica e impressão com papel reciclável devem ganhar espaço e destaque. Outras tendências são os livros publicados sob demanda, ou Print on Demand (PoD), a obra só é impressa quando há um pedido de compra, esta modalidade se torna perfeita para os autores independentes, além de evitar investimento desnecessário e desperdícios de papel e tinta.
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49,2%
50% 26,2% 20,5% 19,1% 13,8%
49,2% Tema
Influência
50% 24,1% 19,2% 17,1% 13,5%
As influências da literatura na formação de crianças e
COM O INCENTIVO DOS FAMILIARES DESDE CEDO, OS LIVROS LÚDICOS CONTRIBUEM NA FORMAÇÃO DE JOVENS LEITORES
Jéssica Sousa
Na última edição do livro
“Retratos da Leitura no Brasil”, organizado por Zoara Failla, ela nos traz um levantamento do Instituto Pró-Livro (IPL) em parceria com a Itaú Cultural, que demonstra que 71% das crianças entre 5 a 10 anos e 81% dos pré adolescentes (com idade entre os 11 aos 13 anos) possuíam o hábito de ler. Porém o mesmo não acontece entre a faixa etária dos adolescentes (com idade entre 14 e 17 anos).
Para a professora e pesquisadora em literatura, Thalyta Vidal, “o contato precoce com diversos tipos de textos, desde narrativas a fábulas e histórias em quadrinhos, permite que as crianças explorem o universo da fantasia. Essas histórias não abordam apenas questões humanísticas, mas também estabelecem uma conexão emocional ao apresentar personagens com os quais as crianças podem se identificar. Além disso, as ilustrações nessas obras são muito importantes no processo criativo e são imprescindíveis para estimular a imaginação das crianças.”
A pesquisadora destaca que, mesmo antes de saberem ler, as
crianças sentem a necessidade de contar as histórias ao explorar visualmente os livros. As ilustrações desempenham um papel vital na promoção da criatividade desde a primeira infância.
A literacia familiar (quando a família tem um momento de contação de histórias) também tem papel crucial no incentivo à leitura, transformando a contação de
histórias em momentos especiais que fortalecem os laços familiares. Destacando recursos lúdicos, como luzinhas e livros em 3D.
Ana Cristina, mãe de dois meninos, Matheus, 5, que vislumbra os livros ilustrados e muitas vezes cria uma história diferente cada vez que abre o “Quando isto vira aquilo”, e Guilherme, 12, que ao ler o “Diário de um Banana - Bons
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literatura infanto-juvenil e adolescentes
INCENTIVO FAMILIAR | Ana busca incentivar seus filhos com livros lúdicos e de acordo com a faixa etária
a dia dos meninos eles possuam a leitura dentro de casa como algo divertido que eles farão na companhia da mãe.
tempos”, um conteúdo que secretamente, ou não, conta as desventuras do cotidiano de um menino durante a adolescência.
Além de mãe, Ana também possui formação na área pedagógica, e isso contribui para que além do incentivo escolar, no dia
“A leitura como um todo é muito importante, e falo não apenas da didática que é aquela que incentivamos dentro das escolas para as crianças aprenderem a ler, mas também da recreativa, que de fato também é muito importante para o desenvolvimento da criança, pois gera sentimentos positivos por ainda estar no campo da imaginação e da fantasia. Sem dúvidas o hábito de ler pode transformar a vida de muita gente, e sempre para melhor”, conta Ana.
Porém, assim como parte da realidade de muitas mulheres, ela en-
frenta desafios diante de sua jornada dupla. “Atualmente, o meu maior desafio como mãe e pedagoga é o tempo que eu tenho para conseguir colocar a leitura em prática com os meninos, pois a carga horária no meu trabalho faz com que a leitura não seja tão frequente para as crianças o quanto deveria ser. Um outro exemplo desafiador para mim, é que durante a pandemia foi um pouco difícil para nos adaptar, pois aquilo que o professor fazia em sala de aula com 30 alunos, tivemos que fazer utilizando uma tela de computador, onde os desafios foram em dobro, tanto como mãe, quanto sendo professora e tendo que nos adaptar a um novo tempo e no espaço de nossas casas”, ressalta.
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THALYTA VIDAL | A Pesquisadora fala sobre a importância do contato precoce com a literatura infantojuvenil
ARQUIVO PESSOAL
ARQUIVO PESSOAL
Os desafios de formar novos leitores
Flávio entende muito bem o que é ser aluno e, atualmente, faz o curso de licenciatura em Letras Inglês pela Universidade Estadual da Paraíba. Porém, ele também entende o que é ser professor e a responsabilidade que tem com os seus alunos. Além de ensinar, tem também a satisfação de incentivá-los, como um ciclo se renovando quando se está em sala de aula apenas para aprender.
“O primeiro livro que li foi O Pequeno Príncipe, mas eu não entendi muita coisa, já que quando eu li, eu não tinha hábito de leitura. Foi uma professora da escola que me deu, era professora do fundamental, se não me engano foi no 4° ano, ela era pedagoga no caso. Daí o livro estava parado em casa, e eu comecei a ler, eu era criança e não entendia muita coisa direito, além de que também não era um livro fácil de entender, mesmo assim eu ficava fascinado com as ilustrações do livro, e amava. Mudei a minha forma de enxergar a narrativa, pois hoje em dia eu entendo mais as lições que tanto o príncipe quanto a raposinha passam, é um livro lindo,” revela Flávio.
A partir daí, O Pequeno Príncipe, que cativou o seu amor por livros, o guiou a uma breve parada ao planeta dos livros dos adultos . “Eu trabalhei na livraria Cultura, em 2021, passei uns 3 meses de experiência, e quando eu conversava com os clientes, geralmente eles iam lá buscar algo específico, geralmente eles eram adultos com mais de 30, e compravam livros acadêmicos, jurídicos ou autoajuda”.
Hoje em dia, Flávio é professor
CICLO DE APRENDIZADO | Flavio encontra dificuldades para incentivar seus alunos a lerem no cenário tecnológico atual
e dá aula para adolescentes, apesar de nunca ter sonhado com isso quando criança, ao entrar na sala de aula para lecionar também se permitiu cativar e hoje cumpre um papel de importância e influência, mas ainda sim enfrenta os desafios da profissão que com o passar dos anos estão mais aparentes, ocasionados pela era digital. “Eu faço incentivo dinâmico por meio de filmes e de séries, não faço muito com livros, mas é porque hoje em dia, é muito difícil fazer com que os adolescentes, principalmente aos que eu dou aula, que estão por volta dos 13
FLÁVIO AZEVEDO
ALÉM DE ENSINAR, ELE TEM TAMBÉM A SATISFAÇÃO DE INCENTIVÁ - LOS
para os 14 anos, se mantenham concentrados para ler, porque eles não conseguem prestar atenção por conta própria, estão sempre no celular, por exemplo, alguns estudantes que fizeram recentemente o ENEM, reclamavam muito de ter que ler questões porque eram grandes, isso é muito por causa do TikTok, mas também eu acho que é muito por causa da falta de incentivo aos livros durante a infância. Então quando eu me tornar professor do primário e dar aula para crianças é justamente o que eu vou buscar fazer, trazer esse incentivo a mais da leitura”, conta Flávio.
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JÉSSICA SOUSA
Thalyta Vidal, professora e pesquisadora em literatura, salienta que a tecnologia não precisa ser contrária ao desenvolvimento, e que utilizada do modo certo é possível aliá-la ao incentivo literário para crianças e adolescentes: “em um cenário marcado pelo rápido avanço da tecnologia, surgem alguns receios sobre o possível deslocamento dos livros por ferramentas digitais, levantando questionamentos sobre o impacto dessa transição na educação infantil. No entanto, em meio a essas incertezas, ainda há outras perspectivas que revelam oportunidades na integração entre a tecnologia e a leitura, quando utilizada de forma consciente, a tecnologia proporciona novas formas de envolvimento com a literatura. Com isso, é indiscutível que a literatura infantil é crucial na formação de jovens leitores, proporcionando não apenas conhecimento, mas também estimulando a imaginação, fortalecendo vínculos familiares e preparando o terreno para o desenvolvimento do hábito de leitura ao longo da vida”.
Sendo assim, apesar da jornada, que equivale ao termo mais adequado “cada dragão”, cada um desses livros com tramas bobinhas, seja ele ilustrado, mirabolante, fantasioso ou a cópia perfeita da vivência adolescente, vão muito além de sua história principal, pois também transformam a vida de crianças e adolescentes. No final ele também agrega a história de rainhas, pequenos príncipes, e das sábias raposas.
A fonte da juventude literária
Jéssica Sousa { Artigo
As histórias dos livros sempre tiveram o poder e a magia de nos fazer viajar pelos mais distantes mundos sem sair do lugar, naquelas páginas (muitas vezes amareladas e desgastadas) carregávamos os bilhetes nas palmas de nossas mãos, enquanto voávamos em cima de um tapete mágico, ou trilhávamos aqueles caminhos feitos pela matéria prima da imaginação.
Muitos de nós, quando crianças, acreditávamos fielmente que ao abrir as portas de um guarda-roupa antigo, poderíamos achar o caminho para Nárnia e nos tornar reis e rainhas, ou que um jovem piloto que não desenhava um chapéu, teve um breve encontro com um pequenino príncipe no deserto, que queria apenas voltar para o seu asteroide e para a sua rosa, que é única no mundo.
Mas uma coisa é certa, muitas histórias existem para além de nos conduzir a imaginar mundos e seres fantásticos. Pois elas também nos levam a aceitar as adversidades, compreender as questões da vida e o que há de errado no mundo, nos incentivando a mudá-lo para melhor, assim como os heróis, que sempre salvam o dia. Os livros fantásticos, ou melhor, aqueles que na visão de correria adulta, são para criança, tidos como tramas “bobinhas” por olhar o mundo diferente, são o primeiro contato com a literatura de crianças e adolescentes,
porém, apesar dos mais diversos mundos repletos de magia e pó de pirlimpimpim, um livro de criança pode ser um dos fatores decisivos para gerar ou não o gosto e a identificação pela leitura.
Esses livros, além de serem escritos levando em consideração a faixa etária, que varia do quanto cada um se permite ter imaginação, contribuem com o letramento, a criatividade e o desenvolvimento cognitivo dos jovens leitores. Dito isso, nada impede que um adulto se aventure nas histórias, se encante pelas maravilhas fantasiosas nas mais diversas tramas, enredos, personagens e linguagens que trazem encanto pela literatura.
Se você é adulto pode me responder se o pequeno príncipe voltou ao seu asteroide.
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VEGA XP Educação, arte e cultura Geek
A - SE DE UM EVENTO QUE JUNTA EDUCAÇÃO, ARTE E CULTURA GEEK. IDEALIZADO POR LUCAS RIBEIRO , O EVENTO ANTES TINHA OUTRO NOME VIVA HQ. A IDEIA VE
Maisy Henrique
Omundo GEEK é extremamente popular entre os jovens de várias faixa etárias principalmente entre aqueles que ainda estão no meio acadêmico,para alguns esses dois universos não podem ter correlação mas existem aqueles que veem como uma forma de utilizar videogames ,hqs, filmes , séries como forma de aprendizado e foi com esse pensamento que o projeto Vega XP foi criado ,
um evento que junta educação ,arte e cultura geek. Idealizado por Lucas Ribeiro , o evento antes tinha outro nome Viva HQ, a ideia de veio na época de seu estágio de literatura ,ele percebeu que muitos dos alunos de 9 ano nunca tinham ido visitar uma universidade na mesma época percebeu que Campina Grande não tinha um evento voltado para o meio geek , e foi com isso que surgiu o Viva HQ,em 2018 junto da ajuda de 3 colegas surgiu a idea de fazer um evento geek com esses alu-
nos,60 alunos foram levados para a UFCG para a primeira edição do VIVA HQ , em 2019 esse número aumentou para 100.Em 2020 chegou a pandemia e impossibilitados de fazerem uma 3 edição o projeto foi paralizadp ,nessa época , Lucas ,tentou patentear o nome mas foi notificado por uma emissora de TV que deveria mudar seu nome foi daí que surgiu por Vega XP.
V de Valorização, E de Ensino, G de Geek, A de Artes. O XP vem de experiência.Após um período difícil o projeto
FANTASIA | Último dia de programação foi encerrado com um Concurso de Cosplay
voltou com uma nova repaginada mas com o mesmo objetivo juntar ensino e cultura geek , seu público alvo continuam sendo alunos do ensino básico mas também abrange estudantes universitários apaixonados por esse universo e professores que buscam entender o fenômeno geek e que estão interessados em mesclar esse conhecimento em suas aulas.EM entrevista com Lucas Ribeiro foi perguntado o porque fazer um evento Geek para a área acadêmica.
“Observamos que, além de estar distante do ensino básico, a universidade muitas vezes não abraça os elementos da cultura geek em seus eventos. Raros aqueles eventos com GTs ou minicursos sobre games, quadrinhos e afins. Por isso, decidimos fazer um evento acadêmico e geek, com ambas as características muito presentes no evento.”em 2023(19 á 22 de Setembro)teve a primeira edição do VEGA XP quatro dias de programações divididas
entre UEPB e UFCG, onde foram oferecidos GTs, minicursos, mesas redondas ,palestras , torneios e muito mais para o meio acadêmico e geek , contando com uma equipe de 90 pessoas o projeto estima que mais de 600 pessoas passaram por essa programação nesses quatro dias contando com escolas de ensino básico , universitários e público em geral,
“Enxergo que aproximar a universidade das escolas do ensino básico, dar esperança e perspectiva para alunos do ensino básico se enxergarem no ensino superior e, acima de tudo, acolher pessoas que não se identificam em muitos lugares, grupos e situações do cotidiano. Basicamente, enxergo que o Vega mostra para cada pessoa que, ali, ela tem um lugar para chamar de seu. Com isso, ela pode ser encorajada a encarar os fatos do mundo sem se sentir diferente, sa- bendo
que há mais pessoas como ela.”
Vega Xp 2024 já tem sua data marcada ,24 a 27 de Setembro com dias intercalados entre UEPB e UFCG , sua programação oficial já foi divulgada e suas inscrições abertas , você pode ter acesso as informações no instagram oficial(https://www.instagram.com/vegaxpoficial/?ref=ss&hl=en) ou no site (https://www. vegaxp.com/), ainda no mesmo modelo o projeto busca alçar ainda mais pessoas , estima se que o número de visitantes passe de 700. Eventos como Vega Xp vem para mostrar que até mesmo um universo subestimado como o universo geek pode ter sua veia academia ajudando jovens de várias idades a encontrar aquilo que realmente gostaria para seus futuros e que jogos , filmes , séries e etc, quando bem utilizados podem ir muito além do entretenimento.
Assistência para pessoas em vulnerabilidade
“TUDO O QUE É OFERECIDO, NÃO É APENAS A ASSISTÊNCIA. ATRAVÉS DESSA ASSISTÊNCIA E DE SUPRIR
A NECESSIDADES DELES, O OBJETIVO É QUE ELAS SE SINTAM AMADAS”
Milena Siqueira
AONG Vaso Novo, que hoje desenvolve um trabalho social, ajudando milhares de pessoas, incluindo homens, mulheres, crianças e adolescentes. Em 2018, o que era apenas um projeto se tornou uma ONG com CNPJ, sede e tudo mais, sendo não só reconhecida por seus próprios voluntários, mas pelo governo de Campina Grande.
Hoje, a ONG trabalha através de quatro ações, essas que tem como foco ajudar pessoas em situações de extrema vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, outros que vêm de outras cidades sem um local para ficar, e acabam recebendo esse auxílio da ONG Vaso Novo.
Os diretores da ONG, Marcos Júnior e Erilma Batista, sempre tiveram o desejo de ajudar e poder fazer a diferença na vida das pessoas, e isso foi o gatilho que despertou eles a criarem o projeto e investirem nessa visão, com o passar do tempo pessoas chegavam para acrescentar e ajudar nessa visão, investindo tempo e dinheiro, e hoje é uma ONG com Sede e CNPJ que já ajudou muitas pessoas.
Atualmente a Vaso Novo atua em quatro frentes de atuação, que são "Casa de Passagem", "O Melhor
Natal da Minha Vida", "Chamados Para Amar" e "Banho de AMOR", cada uma delas tem um especialidade e funciona de uma forma específica.
Casa de Passagem
Em 2015, se deu início a primeira atuação do projeto, que se chamava "Casa de Passagem" onde eles acolhiam mulheres que vinham de outras cidades devido a assistência de familiares que estavam internados no Hospital de Trauma de Campina Grande, e que não tinham local para ficar. Foi a primeira ação da ONG, mas que se estende até hoje, acolhendo e dando uma estadia de curto prazo, atendendo sempre a necessidade da pessoa.
Melhor Natal da Minha Vida
Quando a ONG era apenas um projeto, surgiu também uma das ações, que acaba por ser a mais conhecida delas que é "O Melhor Natal da Minha Vida", onde são realizadas ceias de Natal no dia 24 para o 25 de dezembro, com a direção de entregar o alimento pronto para que as pessoas que não tem uma condição pudessem estar ceando nessa data, e são entregues brinquedos que foram comprados e arrecada-
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dos para as crianças que estão no local também.
GABRIELA BATISTA/DIVULGAÇÃO
Uma ação onde mostra que ninguém é diferente de ninguém, todos somos pessoas e cada um merece uma oportunidade de vivenciar e desfrutar de uma boa ceia, e uma alimentação farta no Natal.
Chamados Para Amar
Normalmente ocorre em algum final de semana pela manhã, a ONG se junta com seus voluntários e começam a andar pelas ruas do centro, entregando rosas, abraços e palavras de conforto e esperança.
Muitas pessoas acabam por se atolar em sua rotina do dia a dia, e ficam exaustas, às vezes tudo que elas desejam é um abraço ou alguém que escute elas por alguns minutos, e o Chamados Para Amar nasceu nesse intuito mesmo.
Banho de Amor
No ano de 2018 surgiu o "Banho de Amor", Gabriela Batista filha do casal que fundou a ONG conta como surgiu essa ideia, "O banho de amor tem uma história bem específica que aconteceu em 2017, que foi quando meus pais estavam saindo para um encontro, e nisso eles encontraram uma mulher tomando banho e lavando suas roupas com a água da chuva nos córregos, e isso ocorreu umas duas vezes próxima de eles encontrarem moradores de rua tomando banho com a água da chuva”.
O Banho de amor funciona em um carro adaptado, com duas cabines de chuveiro, tendo nele um gerador e uma caixa d'água.
Nessa atuação em si, além do
O AMOR CURA | Há nove anos realizando essas ações e dando assistência as pessoas esquecidas pela sociedade, a ONG Vaso Novo consegue ajudar e mudar a vida de mais de 10mil pessoas por ano
banho, temos o corte de cabelo, onde voluntários ajudam tanto na parte de barbearia como salão, também são distribuídas uma alimentação, nesse caso é uma janta para os moradores de rua.
O público alvo do banho, são pessoas em situação de rua, alguns deles não são especificamente moradores de rua ou vivem nas ruas, mas muitos deles têm famílias, tem um lar, mas eles escolheram por aquele tempo ou passaram por alguma situação devido ao vício com bebida ou drogas, e acabam por ficar nessa situação de rua.
Fora isso, também tem um cuidado específico com as crianças, durante a atuação do banho de amor é separado um equipe para estar apenas com as crianças, onde é tirado um tempo para ensiná-las, conhecê-las e fazerem elas se sentirem felizes. Uma observação, as crianças não recebem assistência com o banho em si, por conta da idade e por não saberem tomar banho sozinhas, mas elas participam da janta e das aulas que são organizadas pela ONG.
Quando finaliza a ação do banho, juntamos todo material que foi utilizado e voltamos para a sede da ONG para descarregar, e no dia seguinte iniciamos a higienização de tudo que foi utilizado, tanto do carro de reboque, como das mesas, cadeiras e coletes usados pelos voluntários.
As ações são realizadas durante a noite, na feira central, então quando essas ações são realizadas isso querendo ou não, faz com esses moradores se sintam importantes, trazendo dignidade e visibilidade para eles.
Nota: Além desse tipo de ONG’s, o Centro POP é um serviço que atende as pessoas em Situação de Rua, com banho, roupas e as três refeições diárias, encaminhamentos para albergues, Centro Terapêutico (dependência química), serviços de saúde e demais serviços.
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FOTOS:
IMPACTO | Com seus cabelos cacheados a cantora Iza inspira milhões e ajuda a redefinir os conceitos do belo
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Na onda dos cachos
O CABELO É UM DOS SÍMBOLOS MAIS PODEROSOS DE IDENTIDADE INDIVIDUAL E SOCIAL QUE TEMOS, E, APESAR DE PESSOAL, ELE NÃO É PRIVADO. PODENDO SER
LISO, CACHEADO OU ATÉ MESMO INEXISTENTE, PODEMOS PERCEBER PROCESSOS
SOCIAIS ATRAVÉS DA SIMPLES CAPILARIDADE QUE CADA INDIVÍDUO PORTA
Larissa Alves
Ao observar os estilos de cabelo, que são influenciados e moldados pelo padrão de cada época, notamos que há alguns anos era comum ver pessoas passarem por diversos procedimentos estéticos para alisar seus cabelos cacheados, porém atualmente é notável o aumento da adesão dos cachos, e, cada vez mais, podemos perceber um público diverso investir e aceitar a forma natural dos seus fios. A onda dos cachos cresceu e as madeixas encaracoladas ganharam espaço no nosso mundo, e vale ressaltar que essa não é apenas uma mudança superficial na estética, é uma mudança social. Contra todos os estigmas que essa mudança provoca.
O conceito de padrão de beleza está relacionado a um conjunto de normas estéticas e características físicas tidas como “modelos ideais” a serem seguidas pelas pessoas. Esse processo varia de acordo com a cultura, período histórico e faixa etária do público.
Por exemplo, entre 1910 e 1920, as mulheres, que lutavam pelo direito ao voto na época, poderiam ser vistas com cortes de cabelo curtos, um pouco abaixo da orelha, popularizados por atrizes como Louise Brooks em seus filmes mudos; A moda de 1930 valorizava o glamour e a elegância, e ondas loiras feitas com bobes eram o sucesso da época; Os anos passaram e os cabelos ficaram compridos, com ondas suaves, volumosos, curtíssimos, repicados, coloridos…
Na década de 1980 surgiram as chapinhas elétricas, usadas inicialmente por mulheres que possuíam maior poder aquisitivo, mas que logo se popularizaram e foram usadas anos após, por alguns, como um instrumento para cessar preconceitos direcionados as madeixas encaracoladas que eram contrárias à moda da época.
Você provavelmente já ouviu o trecho de uma canção
de 1985 que diz: “nega do cabelo duro, que não gosta de pentear…”, esse é um grande exemplo de como os cabelos crespos eram estigmatizados há quase quatro décadas, enquanto que cabelos claros e lisos, que pertencem a um suposto padrão que não corresponde à maioria da população brasileira, eram copiados e admirados. De acordo com um levantamento do IBGE, o Brasil é formado por 56% de negros e mais de 70% das brasileiras tem cabelos crespos e cacheados.
Embora seja maioria, infelizmente no nosso país o cabelo cacheado rende expressões bem articuladas de racismo. Érika, estudante de jornalismo que hoje esbanja seus cachos para o mundo, já foi uma das vítimas dessa realidade.
“Era mais na infância e ali pré-adolescência, lá pelos 12/13 anos, foi mais forte. Tipo assim, não teve um episódio específico mas sempre tinha aquele conversado entre as crianças que cabelo liso que era bonito, que cabelo cacheado era ruim, cabelo cacheado é cabelo duro… [...] sempre amarrava ele em um rabo-de-cavalo porque eu tinha o ‘cabelo ruim’,” comenta Érika, revelando o preconceito que foi lhe imposto com o seu cabelo.
Segundo a professora Jeane Mirele, formada em história, já lecionou também a disciplina de sociologia e hoje atua como assistente de gestão escolar, falar sobre o tema é falar sobre o racismo embutido no Brasil e em outras sociedades em geral: “Na minha visão, é um racismo embutido, digamos disfarçado, que leva de certa forma as pessoas que possuem esse cabelo cacheado, essa comunidade negra, se sentirem inferiorizados já partindo do cabelo. [..] O alisamento dos cabelos vem de uma cultura etnocêntrica de valorização do branco, então assim, se eu tenho meu cabelo liso, de certa forma vou ser mais aceito na sociedade.”
PODER | jornalista
Maju Coutinho, da Rede Globo, celebra a beleza e a confiança em cada fio
A VOLTA POR CIMA DOS CACHOS
Atualmente, o cenário parece estar mudando, muitas das pessoas que antes tiveram seus cabelos alterados pelo alisamento hoje optam por retornar ao cabelo natural, um processo chamado de “transição capilar”. O significado desse processo pode ir além de apenas “aderir uma moda atual”, pode representar uma forma de empoderamento e resistência a um “padrão de beleza” que oprime suas raízes e identidade.
Os impactos disso podem ser percebidos no mercado, como aponta uma pesquisa realizada pela ABSB (Associação Brasileira de Salões de Beleza) que mostra um aumento de 47% na busca por serviços específicos para cabelos ondulados, cacheados e crespos. Ainda falando de números, podemos destacar que no Google Trends pesquisas referentes a cabelos cacheados são 40% mais altas no último ano, em comparação a busca por lisos. Todo esse interesse e demanda atual impactou a indústria da beleza que passou a fabricar e disponibilizar produtos específicos para os cacheados em uma grande variedade de opções e tratamentos.
A influência exercida pelos meios de comunicação e redes sociais, que também entraram na onda dos cachos, pode ser observada quando personalidades como a norte-americana Beyoncé, a jornalista Maju Coutinho, a cantora Iza, entre outras, tornam-se inspiração para as grandes massas.
A conquista de um espaço para os cachos no cenário das mídias pode ser enxergado como um grande avanço, uma vez que, infelizmente, é comum ver comentários ofensivos sobre as ondas nas redes.
“Eu acho que a geração de hoje, por vivemos em tempos de meios de comunicação mais diversos, que consegue mostrar exemplos para um número maior de pessoas, eu acredito que isso contribui também. Hoje essa geração, digamos que tenha mais autonomia que antes, e também aceitação hoje é algo algo mais aberto do que era antes, então tudo isso influencia,” comenta a professora Jeane Mirele.
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Cachos
soltos
Hoje o cabelo só fica preso em penteados, é um sentimento de liberdade que está se espalhando.
“Comecei realmente a sentir que eu podia usar meu cabelo solto e aprender a cuidar mais em dois pontos: o primeiro foi quando eu fui passar as férias em Recife na casa da minha prima, eu fazia trança e continuava a usar ele com rabo de cavalo, e ela ficava falando para eu soltar o cabelo, que ele era bonito, e eu ficava ‘não, mulher, meu cabelo não é’. Fomos no shopping e ela ficou me mostrando as outras meninas com o cabelo cacheado, tipo crespo mesmo, aí eu dizia ‘meu cabelo não é assim, ele não fica assim’ e ela dizia: fica sim! Solte! Quando eu voltei é que eu decidi testar. Eu comecei também a ver mais vídeos no YouTube sobre cabelo cacheado, e também fui meio que aceitando um pouco mais.” fala Érika.
Esse momento de aceitação ainda não representa o fim do preconceito e do racismo, mas é um avanço relevante que está vinculado aos princípios exaltados pela nova geração que englobam a busca por representatividade, aceitação, empoderamento e reconhecimento afetivo das raízes.
“É muito importante a questão do conhecimento, você realmente se conhecer e se aceitar, e a partir daí você tem sua própria identidade. Não é só uma questão estética, mas uma questão de afirmação, eu sou assim e vou permanecer assim, é uma questão de identidade. […] Nós precisamos saber quem nós somos.” diz a professora.
LIBERDADE | Estudante de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, Érika celebra a diversidade e a beleza única dos cachos
Érika conclui falando o que o cabelo dela representa, e em duas palavras ela pontua ser liberdade e aceitação.
“Começamos a entender como a gente realmente é e de onde a gente vem, porque tipo, é só um cabelo mas, conta uma história, sabe. Independente de ser cabelo liso, cacheado, ondulado ou crespo, tudo conta uma história e o cabelo cacheado também conta.”
A atual adesão dos cachos é uma mudança que definitivamen-
te aconteceu na cabeça das pessoas, por fora e por dentro. Estamos vivendo em um tempo onde o cabelo exerce mais que a sua função biológica - de proteção do crânio contra a radiação solar - e assume significados sociais, culturais e identitários. Apesar disso, ainda há desafios, como a persistência de estereótipos e preconceitos, mas a tendência é de um maior reconhecimento e valorização da beleza natural em todas as suas formas.
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Um exército de uma mulher só
ÚNICA MULHER VEREADORA NA ATUAL LEGISLATURA DA CIDADE DE BOQUEIRÃO, TIA TETA, É UM REFLEXO DE UM PAÍS COM MAIS MULHERES COMO ELEITORAS MAS COM POUCA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
As crianças chegam para mais um ano letivo e são surpreendidas com a ausência da “tia Teta”. Para onde ela foi? perguntam às crianças umas às outras e não houve respostas alguma e vão procurá-la nas salas ao lado, mas também não a encontram, a busca fica preocupante pois não encontraram a professora mais aguardada por todos. Muitos pais esperavam ansiosos para que seus pequenos fossem alunos da “tia Teta”, carinhosamente chamados por todos que um dia foram alunos(as) dela.
Dizem aqui porque ‘tia Teta’ saiu e foi ocupar uma vaga na câmara de vereadores de Boqueirão a 162 km da capital João Pessoa. A cidade possui 17.598 habitantes e vários problemas sociais, assim como boa parte dos pequenos municípios brasileiros. Como vereadora e como representante dessas crianças, ‘tia Teta’ terá os mesmos desafios para construir uma sociedade melhor, uma educação que seja a base.
O Brasil tem 104,5 milhões de mulheres, 51,5% da população bra-
sileira, ou seja, um pouco mais da metade. Muitas mulheres buscam a formação pedagógica se tornando assim professora/educadora, o Brasil é composto por 2,3 milhões de professores no ensino básico, cerca de 1,8 milhões são professoras (79,2%), mulheres à frente da educação.
Já na política é um pouco diferente, pois somos maioria como eleitoras um pouco mais de 156,4 milhões, cerca de 52%, porém a representatividade delas na política não é grandiosa, pois a participação é muito pouca com relação ao número de eleitoras no país.
“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele” (Kant), a educação transforma vidas e te leva onde você quiser estar, é preciso apenas se aprofundar com dedicação e objetivos traçando assim a vida. Foi isso que aconteceu com tia Teta, que desbrava por lugares diferentes em busca de conhecimentos, valores, respeito e tudo aquilo que ele já ensinava aos seus pequenos.
Tia Teta ou melhor Naldete Ramos Farias, 58, mãe de três filhos
REPRESENTAÇÃO | Vereadora Teta em busca de mais participação feminina na política de Boqueirão. No detalhe, Vereadores Boqueirão durante sessão
(Jackson,34, Ramon, 30, e Renan, 28) e um neto (Nycolas, 5), formada em pedagogia com especialização em gestão pública. Na política sua participação é recente, mas como professora trabalhou em várias escolas e já teve a sua, inclusive.
“Educação foi o pivô na minha vida”, diz Naldete, pois a colocou na sala de aula durante 25 anos, sendo alfabetizadora.
Antes de chegar a câmara Municipal, Naldete (Teta) em 2013 recebeu o convite para se tornar secretária de assistência social na
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Solange Farias
Representação feminina nas eleições
para estar hoje na luta pelos direitos da mulher e das pessoas vulneráveis, ou seja, lutar por sua comunidade, foi quando esteve à frente da assistência social, onde aprendeu que as mulheres unidas se tornam fortes em tudo.
O número de mulheres envolvidas na política é muito pequeno ainda, de acordo com Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os filiados, 8.493,990 são homens, (53,8%), enquanto 7.284,431 são mulheres (46,2%). Apesar dos filiados por gênero não serem tão significativos, a representatividade das mulheres é desigual. Nas eleições de 2022, foram 9.891 mulheres que estavam como candidatas, mas apenas 311 delas foram eleitas, ou seja, 18,2% dos eleitos no total. Falta muito para as mulheres terem uma representatividade significativa para chegar onde quiserem.
foi o número de mulheres que disputaram uma vaga em 2022
9.891 311
18,2%
foram as candidatas eleitas é o percentual da representação feminina
Fonte: Tribunal Superior eleitoral
cidade de Boqueirão, um grande desafio, onde a vulnerabilidade humana é grandiosa aos nossos olhos, mas a oportunidade de mudar a vida das pessoas, a fez entrar na política.
Desafios são encontrados no dia-dia, mas para uma mulher num ambiente que se diz ‘masculino’ pois eles ficam muito maiores e complicados. Com isso, Naldete volta à educação para estudar as estratégias políticas onde possa se posicionar perante seus colegas e ser assim respeitada e valorizada como qualquer vereador da casa, com isso ela afirma “não ter sofrido preconceito ou ter sido desrespeitada pelo fato de ser mulher”, mas precisou estudar para se estar no meio.
Hoje, através de seus estudos vem fazendo história na política da cidade, sendo a primeira secretária da câmara e líder do governo.
Para Naldete o que a inspirou
“Se as mulheres unirem-se não seria minoria na câmara municipal” para se conquistar maioria na liderança política é preciso um trabalho mais aprofundado e com mais participação delas e mostrar as lutas e os meios por onde devem seguir, para conquistar o maior ou igualdade nos espaços como Assembleia Legislativa, Senado, Câmara Federal, Câmara Municipal entre outros. “As mulheres trabalham de forma diferente dos homens, são mais criativas, dedicadas em tudo, tem um olhar que possibilita soluções. As mulheres quando entendem que o espaço político também é delas nossa participação será preenchida em qualquer área que ela deseja estar”.
Naldete deixa aqui um conselho para todas as mulheres: “se engajem com todo fervor na educação, a educação é onde dá o pontapé em tudo nas nossas vida, a educação nos ensina a ser mulher, profissional e nos ensina a driblar os desafios que porventura venham em nossas vida”.
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SOLANGE FARIAS
REVOLTADA, CONSTRANGIDA
NO BRASIL, 47% DAS MULHERES BRASILEIRAS COM IDADE DE 16 À 24 ANOS, INDICAM TER SOFRIDO ASSÉDIO SEXUAL
Clara Mikaelly, 26, pedagoga. Amanda Kelly, 30, farmacêutica. Natália Silva, 26, estudante. Apesar das idades semelhantes, o laço que une a história dessas três mulheres, é outro: os casos de assédio sexual enfrentados no dia a dia.
“Começou quando eu era bem nova, criança”, afirmou Natália Silva, respondendo desde quando
os casos de assédio começaram a ocorrer. Para Amanda Kelly e Clara Mikaelly, o problema começou mais tarde, na adolescência. Casos como esses, levantam um questionamento social: qual tipo de omissão às famílias praticam durante a infância para que casos como esses, possam acontecer? E por qual motivo o direito de viver como crianças e adolescentes, destas e
de tantas outras mulheres, é constantemente desrespeitado?
A partir de qual idade a mulher merece ser respeitada plenamente?
Junto à essa pergunta, algumas outras questões ainda mais problemáticas são formuladas no subconsciente da vítima. “Foi por culpa da roupa que eu estava vestindo?” ou, “será que fiz algo que passou a impressão errada?”. Perguntas essas que levam à vítima à acreditar que a culpa da agressão e da violação dos seus direitos, é de alguma forma dela, e não do agressor. Para o Psicanalista e Psicólogo, Breno Alencar, a vítima costuma
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Juliana Oliveira
CONSTRANGIDA E IMPOTENTE
desenvolver pensamentos de culpa após casos como esse, “Existe essa questão da vítima se sentir culpada, inconscientemente e se enxergar como culpada da situação, e procurar formas de se auto punir”, alegou.
Em situações diferentes, a história se repete. Com Clara, o caso ocorreu enquanto praticava exercícios físicos no bairro onde mora. “Eu sempre fui acostumada à ir caminhar à tarde, e na maioria das vezes, eu vou só”. No dia do ocorrido, caminhava sozinha e um homem me seguiu até o final do seu percurso, fazendo comentários indesejados sobre sua aparência.
ASSÉDIO
“ME CHAMOU DE GOSTOSA. SÓ FALTOU ME ENGOLIR COM OS OLHOS.”
CLARA MIKAELE VÍTIMA DE ASSÉDIO
“Ele me seguiu até o final do canal, e o meu coração ficou a mil. Eu queria pedir ajuda, mas não tinha ninguém na hora em que eu pudesse pedir ajuda. Nenhum conhecido”.
Clara, afirma que se sente mais segura quando o marido pode acompanhá-la. “Às vezes, queria caminhar à noite, que é o horário que o meu marido pode ir comigo, mas ele está tão cansado e não vai porque não tem disposição. Mas mesmo assim, quero ir com ele porque me sinto mais segura. Não é sendo machista, mas é a nossa realidade de sociedade”.
As falas da vítima reforçam a necessidade feminina em sociedade de estar acompanhada de uma figura masculina para se sentir segura, e até mesmo, respeitada. O problema, é que a independência da mulher e sua individualidade parece ser anulada quando está sozinha. E quando ela consegue
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respeito apenas por estar acompanhada, o respeito não é dado à ela, mas sim ao seu companheiro.
“Revoltada, constrangida e impotente”. Em três palavras, Amanda Kelly pode descrever o que sentiu ao sair da academia e ser assediada por um flanelinha ao lado de um dos restaurantes mais populares de Campina Grande às margens do açude velho. E a situação se agrava, porque ela é obrigada todos os dias a refazer o percurso em que ele atua como flanelinha, para voltar para casa.
Natália Silva, 26, conta que sua história com o primeiro assédio, ocorreu ainda na infância, e que por não saber distinguir a diferença entre o certo e errado se sentiu “suja e indefesa”, e que encarou aquela situação como algo “mau”, e que de alguma forma, mesmo sem nenhum conhecimento à respeito do que estava acontecendo, aquilo não parecia ser certo.
DADOS
Mas o que faz uma mulher, ainda menina, sofrer esse tipo de desrespeito? Em uma pesquisa realizada pela emprsa DataFolha, o alvo dos casos de assédio sexual, são mulheres jovens, entre 16 a 24. Outro fato que a pesquisa mostra, é que com o avançar da idade, cai a prevalência ao assédio mostrando que há uma objetificação feminina. “O homem que pratica o assédio sexual tende a tratar a mulher à partir da objetificação. Ele não quer saber do feminino e da subjetividade da mulher, e tenta tratá-la apenas como um corpo no qual ele pode fazer o que bem entender com ele”, respondeu Breno. A não educação sexual na infância, também pode ser uma das respostas para essa pergunta, podendo contribuir para o aumento
O PRINCIPAL ALVO DOS CASOS DE ASSÉDIO SEXUAL SÃO MULHERES
ENTRE 16 A 24 ANOS.
FONTE: DATAFOLHA
de vítimas de abuso e assédio sexual. Isso porque uma criança ou adolescente sem acesso a informação necessária e sem um ambiente seguro para discussão do assunto, pode não saber diferenciar a gravidade e denunciar casos como esse. Ainda que em idade adulta, o sentimento de vulnerabilidade, acompanha as vítimas de assédio sexual. Clara, sente que as mulheres são constantemente desacreditadas em sua oportunidade de fala, e que isso, contribui para que muitas mulheres temam ao realizar algum tipo de denúncia, alimentando o sentimento de impunidade, mesmo quando denunciam. “ Deveria haver mais penas, acerca disso. Não só com provas, mas acho que a palavra da mulher deveria valer mais. Nós, mulheres deveríamos ter mais validade para combater esse tipo de coisa”, e alerta sobre outro sentimento que invade às vítimas, “INFERIORIDADE. Porque eu sei que com homem não acontece isso. E se acontece, é muito raro. Com mulheres, o assédio é recorrente. Todos os dias ”, completou, Clara.
Como acontece o assédio
As formas de assédio sexual, acontecem de diversas formas. Um olhar pretensioso, um toque indesejado, um elogio ou um convite constrangedor. Para o Psicanalista e Psicólogo, Breno Alencar, as formas de identificar os sinais, estão nos detalhes do comportamento do assediador. “Existe no comportamento desses homens, uma persistência e a repetição subvertendo às vezes aos poucos, outras mais abruptas, a subjetividade feminina”, destaca Breno. Para o profissional, é nas “investidas desagradáveis”, que acontece a objetificação da
O rapaz ficou me encoxando, dando para sentir os órgãos genitais dele. Quanto mais eu afastava ele, mais ele se aproximava. Acabei me levantando e ficando em pé, mais afastada enquanto os outros olhavam”.
Natália Silva VÍTIMA DE ASSÉDIO
mulher e onde se dá início aos casos de importunação sexual.
Segundo Breno, dentre os locais com maiores registros de assédio, está o ambiente de trabalho. “O principal ponto do assédio sexual é o poder. O homem quando tenciona abusar sexualmente, faz para reafirmar uma posição que está ameaçada”, continua, “Por isso, alguém que está em um cargo superior, se vê mais confortável para assediar uma mulher que ocupa um cargo inferior. É algo que ameaça menos ele”, ressaltou. Para ele, o principal indicador que leva um homem a praticar atos de assédio, seria a necessidade de reafirmação da sua posição e masculinidade, ameaçada por uma mulher, explicando o porquê do ambiente corporativo ser um desafio para o gênero feminino.
Ainda que o ambiente de trabalho seja o maior alvo desse tipo de situação, o problema se repete
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em outros locais, ainda mais públicos. Foi o caso de Natália Silva. A estudante de Educomunicação da Universidade Federal de Campina Grande, estava em um ônibus lotado quando se deparou com um homem encostando em seu corpo, as partes íntimas dele. “O rapaz ficou me encoxando, dando para sentir os órgãos genitais dele. Quanto mais eu afastava ele, mais ele se aproximava. Acabei me levantando e ficando em pé, mais afastada enquanto os outros olhavam”. Para ela, o sentimento de “constrangimento e nojo”, infelizmente, fazem parte da sua memória.
Para Breno Alencar, alguns tipos de transtornos podem ser desenvolvidos por vítimas de assédio. Entre eles, está o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Durante o TSPT, a vítima pode desenvolver “flashs” de memória do momento traumático vivido. Ele ainda afirma que em contrapartida, a vítima também pode desenvolver a personalidade autopunição, como forma de se castigar pelo ocorrido, por acreditar que de alguma forma, ela foi a responsável pelo ocorrido. “O abuso de substâncias, automutilação, envolvimento em relacionamentos abusivos“, estão entre os comportamentos de gatilho da vítima, completou.
Mulheres, são por natureza, vaidosas. Sempre em busca da boa forma e aparência. Para o Psicanalista, um dos diversos comportamentos que a vítima de assédio pode desenvolver é o descuido com a sua própria aparência física, como forma de afastar os olhares e falas indesejadas. “Elas tendem à desenvolver métodos para encobrir o corpo. Muitas vezes, a aquisição de sobrepeso na tentativa de se tornar menos atrativa para possíveis abusadores. Além de deixar de cuidar da sua aparência, justamente para não ser mais alvo”, destacou.
O assédio e violência sexual no Brasil
No Brasil, os números de violência sexual contra a mulher no ano de 2023 antingiram 61,4%, alcançando o número de 74.930 estupros no país. Os dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostram que a maior parte das vítimas tinham no máximo 13 anos de idade. O tabú ao sexo e a desinformação, estimulam ainda mais que casos como esses, ocorram.
No ano de 2023, a Paraíba registrou um aumento de 30% nos casos de importunação sexual, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No mesmo ano, a Lei 13.718/18, que considera a importunação sexual como crime, completou cinco anos desde que foi sancionada em 2018. Diante de leis de proteção aos direitos das mulheres, e com canais abertos para denúncias, muitas ainda preferem o silêncio, seja por medo do julgamento ou do sentimento de impunidade. “As medidas que têm, não são suficientes. Eu sei que existem leis que ordenam prisão para quem comete esse tipo de coisa, mas tem que haver muitas provas”, enfatizou Clara. Para Amanda, somente as leis desenvolvidas para assegurar às mulheres, também já não são suficientes, e acredita na necessidade da autodefesa feminina.
Para o advogado, Dr. Rafael Laranjeira, os direitos legais das vítimas de assédio sexual consistem em assistência média, tratamento psicológico e social, além de em casos comprovados, ela poderá ser idenizada. Por se tratar de um crime de ação penal pública condi-
cionada à representação, para garantir que a justiça seja cumprida, a vítima deverá inicialmente prestar queixa acerca da existência do crime, e requerer a condenação do acusado, formalizando o ocorrido por meio de boletim de ocorrência. Segundo o Dr. Rafael, o prazo legal para apresentar uma queixa é o prazo de seis meses a contar da data do ocorrido.
Em 2007, o Programa Saúde na Escola foi criado em uma parceria entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, com o propósito de garantir ações preventivas , promocionais e de atenção à saúde na escola, incluindo a orientação sexual de crianças e adolescentes. Durante a implantação do programa, a preocupação ao estímulo do processo sexual das crianças e adolescentes, foi questionado. No entanto, o documento “Orientações Técnicas Internacionais de Educação em Sexualidade”, produzido pela UNESCO no ano de 2019, que analisou programas de orientação sexual em diversos países comprovaram que nenhum deles acarretou a antecipação da iniciação da vida sexual de crianças e adolescentes.
Levando em consideração as pesquisas recentes, e a idade precoce das vítimas que sofreram algum tipo violência sexual, a orientação sexual em idade escolar torna-se um grande fator aliado no combate de práticas ao abuso infatil e do assédio sexual. O estímulo à fala e a criação de um ambiente seguro para debate, é outro grande aliado de combate ao crime.
A voz cidadã que ecoa para garantir direitos
DEPOIS DA LEITURA DESSE TEXTO, PERGUNTE A SI MESMO, PARA ALGUÉM DA SUA CASA E FALE COM SUA VIZINHANÇA, ÀS VEZES QUE PERCEBERAM UM DIREITO SENDO DESRESPEITADO. APROFUNDE ESSA PESQ
Quantas demandas mal resolvidas no dia-a-dia o cidadão enfrenta? Talvez caiba outro questionamento mais direto: quantos direitos os brasileiros perdem o acesso, por se quer saber da sua existência?
De fato estamos na era digital, a internet facilita a divulgação de informações, mas não significa equidade. Ainda existem lacunas por faixa etária, região e gênero. Além disso, sem alfabetização digital uma parte da população enfrenta dificuldades para utilizar esse serviço.
Depois da leitura desse texto, pergunte a si mesmo, para alguém da sua casa e fale com sua vizinhança, às vezes que perceberam um direito sendo desrespeitado. Aprofunde essa pesquisa e descubra em quantas dessas situações conseguiram resolver o problema, quando somente se frustraram sem saber como solucionar ou estavam sem recursos financeiros.
Você verá, após esses questionamentos sobre as próprias vivências e conversas com a comunidade, as numerosas áreas que atingem os direitos do cidadão. Saúde, moradia, emprego, acesso à informação, direito à prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais… a lista segue por extensas linhas.
Afinal quais são os direitos dos cidadãos?
Os direitos do cidadão são fundamentais e estão garantidos pela Constituição Federal de 1988 e temos também o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90). Onde encontramos essas informações? Melhor decorar um por um para garantir uma cidadania plena.
Ana Karolina
Claramente, a última afirmação é um equívoco. Há possibilidades de quem estuda áreas relacionadas ao curso de Direito, memorizar esses dados. Mas estamos falando sobre comunidades e pessoas leigas no assunto constitucional.
Iniciando com a história, a Constituição foi inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, no século XX. Um documento criado após a ditadura militar, foi uma saída para garantir direitos à população na nova política que iniciava no período.
Após mais de trinta anos da sua publicação, de acordo com um levantamento feito pela Câmara dos Deputados, o documento contém 163 medidas não regulamentadas. O que revela um desafio contínuo na efetivação plena dos direitos cidadãos.
São mais de cem artigos, alguns capítulos e incisos dispostos em um documento que pode ser acessado por qualquer pessoa no site do governo, por exemplo. A intenção nesta seção é despertar a curiosidade do leitor, para se atentar sobre a ampla diversidade de direitos.
Por isso, saber sobre iniciativas que auxiliam no acesso à informação pode ajudar a entender se em uma situação específica algum direito foi violado. O restante da reportagem pode ser um guia para você.
No início da reportagem você fez um questionamento sobre situações que houve violação de direitos e sabe agora que
Plataformas Fala.Br e Consumido.gov.br: reivindique seus direitos
a Constituição é um documento com centenas de medidas. Deixamos apenas a dúvida: quando reivindicar meus direitos?
A resposta pode ser complexa, dada variedade de direitos reconhecidos. Vamos resumir que quando envolve terceiros (instituições públicas ou privadas, pessoas físicas ou jurídicas) em uma situação, algum direito pode ser violado.
Manifeste a dúvida no Fala.Br. A Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação - Fala.BR, criada em 2020, é uma das pontes para cruzar o caminho entre a voz do cidadão e entidades públicas e particulares. O acesso é gratuito disponível no www.falabr.cgu.gov. br.
Essa ferramenta, o Fala.Br, contempla sete tipos de manifestação: pedidos de acesso à informação, denúncia, elogio, reclamação, simplifique, solicitação e sugestão. Em caso de denúncia, o cidadão pode optar pelo anonimato.
Outra alternativa é o Consumidor.gov.br, plataforma voltada para o direito dos consumidores. Após o registro da reclamação, a empresa tem até dez dias para responder. O cidadão pode avaliar, complementar o relato e indicar se o problema foi ou não resolvido.
O Consumidor.gov.br não substitui outros Órgãos de Defesa do Consumidor. Em casos sem solução, procure Procons, Defensorias Públicas, Juizados Especiais Cíveis, entre outros órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
Outros aliados dos direitos dos cidadãos e consumidores
A possibilidade de ter acesso a plataformas que ajudam na reivindicação de direitos, como o Fala.br ou Consumidor.gov é a possibilidade de enxergar além dos muros burocráticos que nos cercam. É um mergulho profundo em informações.
Separamos ainda outros Órgãos que você precisar conferir e depois investigar sobre. Continue o exercício já proposto de pensar junto com a comunidade e também sobre sua autonomia.
● A Defensoria Pública da União (DPU) garante a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados perante a Constituição Federal.
Fonte: LEI COMPLEMENTAR Nº 80, DE 12 DE JANEIRO DE 1994
● O Procon é um órgão público de defesa do consumidor que, entre outras funções, recebe reclamações para mediar soluções de conflitos entre consumidor, empresas e prestadores de serviços de forma extrajudicial. Existem unidades do Procon em todos os Estados brasileiros, além de alguns municipais também.
Fonte: Idec (Instituto de Defesa de Consumidores)
● Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, adota as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras. Mantém contato mais próximo com a sociedade por meio de Gerências Regionais e Unidades Operacionais em todas as capitais brasileiras.
Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações
Histórias reais para incentivar o leitor
Janaína Santos, microempreendedora na área da beleza, casou-se no civil mas a união chegava ao fim e algumas burocracias complicavam essa decisão. Ela e seu então companheiro, queriam o divórcio. Eles eram casados no civil com comunhão parcial de bens. Esse último fato, a raiz do problema.
Conversou com amigos sobre a situação. Indicaram uma ida ao cartório. Chegando a repartição foi orientada a procurar a Defensoria Pública da União (DPU) de Campina Grande, o atendente entregou em suas mãos um número de telefone.
Na ligação, conseguiu reservar um horário e de prontidão recebeu assessoria jurídica sem nenhum custo. Entre ternos e gravatas, em algumas reuniões, a dona de salão conseguiu um novo estado civil sem perder parcialmente o que era seu.
Depois, outro problema. Uma dívida já quitada mas após três meses a cabeleireira recebeu uma carta de cobrança. Janaína estava atenta à situação. No raiar do dia, após organizar a rotina de trabalho, encheu os bolsos de comprovantes e saiu munida para lidar com aquele boleto dobrado nos corredores do Procon de Campina Grande. Um papo sério com o advogado, trouxe o alívio da proteção dos seus direitos. Sorriu intensamente, virou as costas e nenhuma carta repetida chegou à sua porta pelos próximos anos.
O Procon também foi um canal de reivindicação de direitos de Lozane Dias, que chegava de Minas Gerais em
terras paraibanas. A jovem de 24 anos, decolou por quilômetros para realizar o sonho de cursar Jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Lozane, tem síndrome de Tar e tem direito ao Passe Livre, que garante acesso gratuito ao transporte coletivo interestadual por rodovia, ferrovia e barco. Por regra é necessário atualizar os dados a cada dois anos, segundo a jovem.
Com a mudança de estado, Lozane Dias tentou atualizar seu Passe. E o tempo de espera para receber um novo foi de sessenta dias. “Nunca esperei tanto tempo, tenho desde 2017, achei um absurdo.”
“Procurei primeiro a instituição responsável para emitir meu Passe, atendimento ruim, acabei ficando com as mesmas dúvidas. E como continuava sem a carteirinha… “procurei o Procon, para tirar dúvidas e reclamar dessa data tão longa.” A mineira conta que o atendimento foi excelente, “senti que fui muito bem atendida e ouvida pelo Procon.”
DESAFIO | Estudande do curso de Jornalismo, Lozane, teve que buscar seus direitos, depois de negados
“Viver é melhor do que
PROJETO BEM VIVER, É PONTE PARA NOVAS PERSPECTIVAS NO ÂMBITO DO BEM ESTAR MENTAL
Nereide Araújo
Localizada no planalto da Borborema, a pacata cidade de Montadas, no Agreste paraibano, tem uma população de aproximadamente 5 mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2022. O município ocupa o 5º lugar de cidade mais fria da Paraíba, possuindo uma das menores extensões territoriais do estado.
Diferente dos grandes centros, a exemplo das Cidades como João Pessoa e Campina Grande onde existe shopping center, cinema, parques de diversão, entre outras formas de lazer, algo que se torna difícil de se encontrar em uma cidade pequena do interior. Quando surge em montadas o Projeto Bem Viver e vem com uma forma de movimentar a cidade, e trazendo consigo cerca de 10% da população da cidade cadastrada no projeto.
O Projeto Bem Viver nasceu do desejo de voluntários,que trabalhavam juntos em um órgão público e, ao serem desvinculados,surgiu a ideia de um novo projeto que pudesse atender a população de forma geral da cidade hoje o projeto conta com cerca de 310 participantes ao geral e 20 voluntários
Foi quando surgiu os grupos de convivência Bem Viver levando ações sociais, atividades culturais, atividades recreativas, cursos e oficinas profissionalizantes na cidade, projetos como esse surge para resgatar e dá oportunidades às pessoas que muita das vezes estão em suas residência sem perspectiva de futuro,em estado até de problemas
mentais como depressão e ansiedade,ou seja leva esperança de vida a quem às vezes não possuía nem alegria para viver.
Dentro dessa leva de atividades existem os grupos que de terça a sexta se reúnem para as atividades semanais do projeto na terça: o grupo de mulheres, nas quartasfeiras: grupo de idosos; nas quintas: Grupo de balé com as criança pela
manhã à noite grupo de adolescentes, e na sexta - feira a ginástica com pessoas de ambos, tanto o de mulheres como de idosos mediados por profissionais de educação física.
Em entrevista com o voluntário Romildo Gonçalves é perceptível seu empenho e alegria em estar no projeto quando ele fala “ É sobre saber que de uma forma ou de outra es-
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que Sonhar”
tou fazendo diferença na vida dessas pessoas. Uma boa parte do nosso público trata-se de pessoas carentes que não têm acesso a diversos serviços. Saber que podemos estar dando oportunidade a essas pessoas é muito gratificante. Se todos tivermos a consciência de que podemos doar um pouco do que temos e do que sabemos, fará a diferença para um mundo mais igualitário.”
PROJETO SOCIAL | O bem viver além de trazer inclusão social, promove comemorações sanzonais com distribuições de brindes e brincadeiras que despertam a criatividade e proatividade dos participantes
Hoje o projeto conta com 370 pessoas cadastradas que vão de crianças a idosos.
Esse tipo de projeto é importante porque contribui diretamente na redução da desigualdade, a promoção da cidadania e também uma transformação coletiva.
Terezinha jorge da Cruz, aposentada com 67 anos é participante do projeto Bem Viver. Atualmente ela participa do grupo de mulheres,idosos e da educação física. Ela nos relatou que sua vida tomou um rumo mais agradável e divertido com a participação no projeto “ É muito bom e aconchegante participar,é muito divertido, têm muita alegria, a gente faz muitas amizades, tira os pensamentos ruins da cabeça, ajuda a todos que têm problemas de saúde, através da educação física e entre outros benefícios.”
O Bem viver trabalha também, o teatro e apresentações teatrais em datas específicas, como por exemplo na Páscoa com e encenação da paixão de Cristo, alto de Natal no final do ano com diversas apresentações de teatro e dança.
Além de todas atividades recreativas e culturais,ações sociais, cabe ressaltar também os cursos e oficinas profissionalizantes que o projeto proporciona para a cidade de montadas.
Segundo Romeu sassaki estudioso sobre inclusão e assistente social relata “inclusão social é “um processo bilateral no qual as pessoas ainda excluídas e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.”
E o bem viver trabalha dentro desse parâmetro, trazendo além de bem estar, e aprendizado, novas perspectivas e experiências para os assistidos pelo projeto, e traz o lema Viver é melhor do que sonhar
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MENTAL E SOCIAL
NEREIDE ARAÚJO
HOME OFFICE:
Desafios e oportunidades do modelo de trabalho
PROFISSIONAIS DE ESCRITÓRIO, COMO REDATORES, DESIGNERS E OPERADORES DE TELEMARKETING VIVEM A EXPERIÊNCIA DAS DINÂMICAS DE TRABALHO À DISTÂNCIA
Otrabalho remoto, frequentemente associado ao início da pandemia da COVID-19, na verdade teve seus primeiros passos muito antes, por volta de 1857 nos EUA, com a operação de telégrafos, um sistema de transmissão e recepção de mensagens. O conceito “teletrabalho”, que se refere ao ato de realizar tarefas profissionais fora das instalações físicas do empregador, só consolidou-se na década de 1970, e sua origem está intrinsecamente ligada à crise do petróleo, que trouxe uma série de desafios econômicos moldando os caminhos do trabalho home office.
Inicialmente adotado por profissionais de escritório, o trabalho remoto evoluiu ao longo do tempo e se tornou uma atividade importante para muitos trabalhadores. O home office abriu portas para uma
revolução no mundo profissional, garantindo uma maior flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além da economia de recursos, onde os funcionários puderam evitar deslocamentos frequentes. O que iniciou-se como uma solução econômica, transformou-se em uma prática com histórico profundo na evolução do trabalho e das empresas.
No início de 2020, o mundo foi confrontado com uma pandemia global. Com isso, empresas e funcionários precisaram se adaptar rapidamente, adotando o trabalho em casa como uma nova norma no ambiente corporativo. Hoje em dia, o home office não é mais uma exceção, mas uma parte integral do cenário empresarial. As razões para essa consolidação são diversas e abrangentes. Essa nova realidade é conhecida como nômades digitais, permitindo que profissionais realizem suas atividades de forma remota em qualquer
TRABALHO EM CASA | Com a flexibilidade do home office, Flávia concilia seu trabalho como professora e operadora de telemarketing na AEC
lugar. Esse modelo, impulsionado por avanços tecnológicos, facilita a comunicação e colaboração à distância, ganhando popularidade nos últimos anos.
Desafios do trabalho em casa Todo avanço tecnológico traz consigo benefícios e desafios, e o home office não é exceção. A tecnologia desempenhou um papel importante na viabilização do trabalho remoto. Durante o primeiro trimestre de 2021, plataformas de videoconferência, como o ZOOM, experimentaram um aumento de
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Nadinny Raquel e Victoria Freitas
receitas notável que alcançou 169% de acordo com o site Valor Econômico. A adesão à essa prática trouxe pontos positivos e negativos, ao passo que a doença apresenta essas plataformas como inovadoras e eficazes para o período pandêmico, a realidade também expõe as falhas das plataformas e uma disputa entre qual a melhor ferramenta para o modelo de trabalho remoto, gerando competitividade entre as empresas. Para os usuários adeptos a esse trabalho a flexibilidade se torna uma caraterística louvável, mas as condições de trabalho como uma cadeira confortável, postura e tempo de tela podem acarretar em problemas de saúde levando a precariedade do trabalho desenvolvido pelo profissional.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em um levantamento realizado em outubro de 2023, 9,7 milhões de pessoas trabalham em regime home office. Flávia Raquel, é uma das integrantes desse cenário em crescimento no Brasil. Professora em uma escola particular em Campina Grande e atendente de telemarketing na AeC Relacionamento com Responsabilidade, Flávia desfruta da flexibilidade proporcionada pelo modelo de trabalho em casa - adotado pela AeC desde 2022para conciliar eficientemente ambos os empregos de forma simultânea.
A jornalista Ingrid Donato, trabalha como social media em uma agência de publicidade e também
faz parte desse levantamento. Ela começou a trabalhar em regime home office em janeiro de 2023, uma decisão também tomada pela empresa que trabalha, em resposta aos pedidos dos funcionários.
“Todos os funcionários que estavam presentes na empresa sugeriram esse modelo de trabalho, porque estava sendo um pouco cansativo ir para a empresa todos os dias, e a demanda estava baixa. Então, como cada funcionário tinha seu computador em casa, tinha seu aparelho de trabalho em casa, foi sugerido que o modelo fosse home office, ou ao menos híbrido, que é você ir para a empresa alguns dias da semana e outros dias ficar em casa. São 10 meses que vem dando certo”, conta Ingrid.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), pessoas que não possuem uma boa qualidade de sono, tendem a apresentar baixa produtividade, irritabilidade, depressão e doenças degenerativas. A falta de uma boa noite de sono é um dos desafios destacados por Flávia em relação ao modelo de trabalho, embora ela tenha conseguido manter sua saúde sem contrair malefícios evidentes.
Ingrid, por sua vez, também não contraiu malefícios, mas destaca a importância de investir em uma cadeira confortável e manter a postura ao trabalhar sentada durante horas, além de adotar uma alimentação saudável, para um home office produtivo e saudável.
Tanto Flávia quanto Ingrid, destacaram um aumento notável na produtividade ao aderir ao regime home office. De acordo com um estudo da FlexJobs, 65% dos trabalhadores remotos acreditam que são mais produtivos ao trabalhar em casa. A redução de distrações no ambiente de escritório, a ausên-
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cia de deslocamento e a flexibilidade para gerir o tempo são alguns fatores que contribuem para esse aumento de produtividade.
Para Flávia, trabalhar em casa não apenas manteve sua produtividade intacta, mas, na verdade, a impulsionou. “Economizo muito tempo só de não me deslocar à empresa, e isso me dá a possibilidade de fazer mais horas extras, aumentando meu orçamento.” conta Flávia.
Assim como Flávia, Ingrid compactua do mesmo pensamento e relata que tinha uma experiência de rotina com longos deslocamentos e uma jornada de trabalho intensa. “Em casa, encontro a capacidade de me organizar melhor, o que me torna mais proativa, capaz de resolver tarefas com mais eficiência” relata Ingrid.
Consolidação da atividade:
Impulsionada principalmente pelos eventos tecnológicos e pelas dinâmicas geradas após a implantação desse recurso como ferramenta profissional, muitos segmentos adotaram essa realidade como uma alternativa para manter suas atividades apenas através do contato remoto.
Afonso Abelhão, CEO da Agência de Publicidade BigBee, com sede em São Paulo, é um exemplo de que o home office veio para quebrar conceitos já estabelecidos no mercado convencional.
Para Afonso, a convicção de que o trabalho remoto é um salto positivo o levou à decisão de fechar completamente a empresa física e manter-se unicamente pelo modelo remoto.
“Tenho absoluta convicção de que é um modelo eficaz para uma agência de publicidade. E como toda decisão, o home office traz
EMPRESÁRIO | Graças ao trabalho remoto, Afonso Abelhão consegue formar uma equipe presente em diversos estados do Brasil
desafios e oportunidades para a gestão da operação, mas, acima de tudo, a gestão de pessoas e a comunicação interna.” conclui Afonso.
Para algumas pessoas, o home office sempre foi uma realidade presente. Esse é o caso de Camilly Monteiro, designer na agência de publicidade BigBee. Para ela, o home office tem sido uma jornada enriquecedora desde que ingressou na área em 2020, início da pandemia.
"A liberdade proporcionada pelo trabalho remoto é, com certeza, uma das maiores vantagens. Mas durante esse tempo, o co-
nhecimento que construí graças a oportunidade de estar lado a lado com pessoas grandes no mercado é incomparável!” conta Camilly.
Quando Camily menciona sobre estar ao lado de grandes nomes, ela se refere à oportunidade que a empresa em que trabalha oferece ao abraçar pessoas de diferentes estados do país e até mesmo fora dele. Camily é natural de Cajazeiras, município da Paraíba, e trabalha na empresa de Afonso, sediada em São Paulo.
Assim como Camilly, Afonso considera este um dos aspectos
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PRODUTIVIDADE | Ingrid transforma a ausência de deslocamentos e a rotina exaustiva para chegar a um escritório em produtividade
mais relevantes para uma empresa. “O home office traz a oportunidade de montar uma equipe mais heterogênea, com diversas culturas, referências, hábitos, afinidades e atitudes, sotaque e por aí vai. O maior ganho é nesse caldeirão de culturas, ampliar significativamente as referências e as possibilidades para criar campanhas mais criativas, com sinapses realizadas com repertórios e bagagens diversas.” aponta Afonso.
Antes da adesão ao home office ser consolidada, Afonso se viu confrontado com os rápidos
acontecimentos de dificuldade que a pandemia da COVID-19 impôs naquele período. O mesmo relata que viu sua empresa sendo obrigada a manter as atividades mesmo com todos os desafios que aquele momento traria.
“Assim que fomos arremessados para o home office, não tivemos tempo de planejar, então tomamos a decisão de lidar com a situação como se fosse um MVP-Minimum Viable Product, ou seja, o mínimo produto viável, uma estratégia que trouxemos das startups, simplesmente fomos todos para
a casa, e precisamos lidar com as dificuldades e desafios de migrar sem planejamento, cada problema apontado individualmente era avaliado, e caso fosse relevante para os demais era absorvido para todos.” Ressalta.
Diante dessas circunstâncias a necessidade de se reinventar e não decair para a concorrência se torna tarefa crucial. Entender o momento e atrair o que a dificuldade pode oferecer, se tornou seu ponto de partida para a idealização de estratégias dentro da corporação.
“Mudar a estratégia de gestão é imprescindível para fazer a comunicação e a colaboração dos profissionais fluírem. O maior erro é achar que vai fazer a gestão em home office como se fosse presencial. Não dá pra controlar o horário, não tem o cafezinho para conversar, tirar dúvidas, e por aí vai. A estratégia foi implantar um sistema de gestão de projetos que integra a empresa toda, do briefing do atendimento, à criação, do controle financeiro e rentabilidade de cada conta, avaliando o Fee ao custo de operação para atender cada cliente, enfim conseguimos ter visibilidade de toda jornada da empresa.” Aponta Afonso.
Após trazer esses relatos, Afonso segue com o pensamento otimista sobre o futuro da sua empresa e a melhora na qualidade que o home office pode oferecer com mais avanços tecnológicos que virão.
Conhecer as nuances do trabalho home office é fundamental. O mercado de trabalho vem passando por mudanças significativas. Se faz necessário a capacidade de entender e se adequar a essa modernidade sem que a obra prima se perca, mas sim que seja reestruturada para melhor acompanhar as tendências que provirão.
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GRUPO FOLCLÓRICO DE POCINHOS, NA PARAÍBA, MANTÉM VIVA A CULTURA DO BOI BOMBÁ, DE GERÇÃO EM GERÇÃO
Davi Henrique
BUM BA BOI: MEU
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ENCENAÇÃO | Catirina dançando com o boi em busca da ressurreição do animal
Na cor, nas fitas, nos batuques e danças, uma história que não pode ser apagada
Com o intuito de denunciar e criticar as injustiças do século XVIII, quando o gado era a maior fonte de renda no nordeste, surgiu o boi preto que usa fitas, xiitas e muito brilho: o bumba meu boi ou boi bumbá.
O boi bumbá é considerado um patrimônio cultural imaterial da humanidade, pela UNESCO.
Porém, antes de ser considerado um ato cultural importante na história do folclore brasileiro, os primeiros registros oficiais do bumba meu boi no Maranhão, mostram que por ser algo predominante a época, não agradou os elitistas que em 1861 conseguiram proibir a manifestação, que durou 7 anos.
O boi bumbá é uma lenda folclórica que conta a história de um boi preto que foi morto por um escravo para saciar a vontade da sua esposa gestante de comer a língua dele. Por sua vez, o dono da fazenda se revolta com a morte do seu boi querido e os escravos começam a suplicar pela ressurreição do boi, através da música e dança. Geralmente acontece no mês de junho, junto às festividades juninas.
De geração para geração, esse ato folclórico espalhou-se pelo Brasil inteiro e o boi bumbá ganhou novas roupagens e nomes. Na Paraíba, ele é chamado de Boi Calemba.
Em Pocinhos, cidade paraibana, o balé folclórico Sisais perpetua essa cultura na cidade e já levou para outros lugares a apresentação do boi bumbá, como Olímpia no sul do país e para Itália em uma tour feita na Europa.
Camila Alcântara, bailarina do grupo, disse que pretende manter viva essa cultura através do conhecimento passado para seus futuros filhos e netos. E ressalta uma dificuldade, “Pretendo passar para as futuras gerações, mesmo com a dificuldade que está cada vez maior em seguir com a nossa cultura.” Afinal, sua irmã mais velha fazia parte do grupo e ela seguiu seus passos.
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FESTA | Brincantes durante apresentação do Bumba meu Boi
A Catirina: figura importante na manifestação cultural
Daniel Araújo, ex dançarino do balé sisais, explica um pouco da história de Catirina e qual a importância dela. Daniel era o responsável por ceder seu corpo para a arte de ser Catirina nas apresentações do grupo.
“A ligação de Catirina e o bumba meu boi é a essência da própria cultura boi bumbá.
A história que envolve a dança do bumba meu boi está ligada à lenda de um casal de escravizados, chamados Pai Francisco e Mãe Catirina (ou Catarina).
Catirina estava grávida e começou a ter desejos por língua de boi. Seu marido, para atender o desejo da esposa gestante, matou o boi mais bonito de seu senhor. Quando o dono da fazenda notou a morte do animal, convocou curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. O boi voltou à vida, e toda comunidade o celebrou com uma grande festa. Francisco e Catirina receberam o perdão do dono do boi.”
A Catirina do grupo pocinhense viajou para Europa e fez história na Itália em um festival folclórico mundial com sua performance, carisma e singularidade que os brasileiros possuem. O grupo paraibano representou o Brasil. A experiência foi única, disse Daniel:
“Levar a Catirina para a Europa, foi algo inexplicável. É como se em meio a milhões de pessoas, eu estivesse, verdadeiramente, representando uma história, e uma lenda que passa gerações e gerações. Subir aos palcos e desfilar nas ruas com a personagem Catirina e ver as pessoas impressionadas e de fato, querendo entender o que era aquela figura, foi algo singular e de muito orgulho. Era nordeste brasileiro, representado por uma personagem negra, mulher e acima de tudo gente como a gente.”
Pluralidade na devoção
O bumba meu boi tem uma grande influência do catolicismo. Seu principal padroeiro é São João, mas, em outras localidades os padroeiros podem ser outros como São Pedro e São Marçal.
Além disso, em todas as facetas da manifestação é possível enxergar a junção dos santos juninos, os orixás e seres mágicos. Um ato para toda a população participar.
As danças, os instrumentos musicais, as vestimenta mostram isso.
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Os personagens
Fazem parte do bumba meu boi:
• Os brincantes: apesar de não serem personagens, eles acompanham o personagens interagindo e brincando.
• O boi: principal personagem da festa. O enredo gira em torno dele.
• Os escravos: pai Francisco e Catirina.
• O fazendeiro: dono da fazenda onde tudo acontece.
• Os músicos: responsáveis por toda animação através do ritmo e batida causadas pelos instrumentos.
À ESPERA | Cachorros resgatados no canil do Centro de Zoonoses, enquanto aguardam por uma adoção
Quando os bichos não encontram um lar
Lucas Araújo
ANIMAIS EM MAUS - TRATOS OU EM ABANDONO, ENTRA EM AÇÃO O CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES, QUE SURGE COMO O ÓRGÃO RESPONSÁVEL POR GARANTIR A SAÚDE
E O BEM - ESTAR DE TODOS OS ANIMAIS, POR MEIO DE VACINAÇÃO, CASTRAÇÃO, RESGATE E POR FIM, A ADOÇÃO
Adotar um animal de estimação é uma das práticas mais comuns no mundo todo. Segundo a Health for Animals, há mais de 1 bilhão de pets espalhados pelo globo. Apenas no Brasil, são cerca de 168 milhões de bichinhos domesticados. Existe até um ditado que diz “O cachorro é o melhor amigo do homem”, mas na realidade, nem sempre o homem quer ser o melhor amigo do cachorro ou de outros animais, e é aí que se faz necessário o papel de órgãos como o Centro de Controle de Zoonoses.
Quando a amizade acaba
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais ou menos 30 milhões de cachorros e gatos estão vivendo em situação de rua apenas no território brasileiro. Entre os motivos mais comuns que levam o tutor a “excluir” o pet da sua vida estão problemas de comportamento, uma rotina cheia, falta de espaço em casa e os custos que vem junto do animal, como ração e consultas com o veterinário.
Com a alta taxa de animais sem um teto e vivendo em condições precárias, surgem as zoonoses, do-
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MAUS-TRATOS | Cavalos recém-resgatados e em processo de adaptação. Excesso de trabalho e alimentação precária por seu tutor
enças que podem ser transmitidas de animais para pessoas e vice-versa. Entre elas, estão as famosas leptospirose, doença de Chagas, chikunguya, febre amarela e muitas outras. A transmissão pode acontecer de diversas formas, incluindo o contato direto com a saliva contaminada, o sangue, fezes, urina, mordida ou arranhão.
Uma das alternativas encontradas pela Saúde Pública para diminuir as transmissões foi a criação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), unidades de saúde pública com o objetivo de diminuir as zoonoses por meio de vacinações e controle da população animal. Em Campina Grande, o CCZ serve não apenas como um “posto de saúde” para bichos, mas também como abrigo em casos seletos. Durante entrevista para a Revista Baraúnas, a coordenadora da unidade, Aretusa Nascimento, formada em Administração, Direito e graduanda em Medicina Veterinária, comentou sobre o assunto:
“Apesar de abrigo não ser uma das nossas competências, a gente acaba ajudando muitos animais de rua. Além desses que são resgatados com suspeitas de zoonoses, a gente também recolhe aquele animal vítima de um atropelamento que não tenha tutor, animais em situação de muita vulnerabilidade, como enfermidade tão grave que ele nem consegue se locomover, cadelas com filhotes em bueiros e animais de rua que tenham mordido alguém.”
Salvando os animais do perigo
Em alguns casos, o animal também sofre mesmo sob os cuidados do tutor, que pode vir a agredi-lo fisicamente, deixá-lo passar fome, entre outros tipos de abusos que podem ser facilmente cometidos contra um bicho indefeso. No país, o abandono é crime desde 1998 com a Lei Federal 9.605/98, e com recente lei de 2020 14.064/20, os maus-tratos podem ser puníveis com 2 a 5 anos de reclusão, incluindo proibição total de guarda e multa.
Além dos serviços de vacinação e retirada dos animais mais vulneráveis das ruas, o CCZ de Campina Grande também abriga vítimas de lares abusivos, resgatadas pela Polícia Militar Ambiental ou pela Polícia Civil e posteriormente encaminhados ao centro.
“Casos de maus-tratos devem ser denunciados. É muito importante que a população participe. Eu sempre digo que não adianta
pedir o recolhimento daquele animal que está sofrendo se a gente não punir o agressor. A gente retira o animal das mãos daquela pessoa e no dia seguinte ele coloca um substituto no lugar. Vemos isso em vários casos. Nós temos fomentado essa parceria junto da polícia para de fato combater e prevenir casos de maus-tratos”, declarou Aretusa. As denúncias são recebidas através de ligações no 190, número da Polícia Militar Ambiental, ou pelo 197, contato da Polícia Civil no qual a queixa pode ser feita de forma anônima caso a pessoa que está denunciando deseje não se identificar.
À espera de uma nova chance
Em dados levantados pela unidade, uma média de 130 gatos e cachorros são resgatados mensalmente pelo centro, enquanto outros 30 bois, vacas, éguas, cavalos e jumentos soltos em áreas
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FOTOS: EDNIR LARISSA
públicas também ganham um lar no CCZ. Após esse resgate, os bichos começam a ser tratados pela clínica veterinária do centro caso tenham sido acometidos por uma zoonose ou possuam ferimentos de acidentes.
Quando finalmente estão recuperados e bem nutridos, os animais se tornam aptos para adoção gratuita. Porém, esse processo exige alguns requisitos para que o CCZ possa garantir que o bichinho está sendo colocado sob uma boa tutela que cuidará bem dele pelo resto da sua vida. Sobre as dificuldades que muitos campinenses relatam enfrentar quando querem adotar um animal da unidade, a coordenadora disse:
“A adoção é bastante rigorosa sim, porque a gente precisa entender quem é aquele tutor que está querendo levar aquela vida para casa. Não adianta adotar no impulso porque aquele bichinho é um filhote bonitinho. Esse animal vai crescer, vai dar trabalho e precisar de certos cuidados. A adoção deve ser responsável para toda a vida. A gente faz questionamentos numa entrevista para entender a pessoa. É melhor que não adote do que adotar e com uma semana, seis meses ou até três anos vir devolver”.
Aretusa ainda complementou que o CCZ aceita a presença de voluntários para passear e brincar temporariamente com os animais que necessitam de atenção para terem um dia a dia mais feliz, o que os ajuda a se recuperarem de traumas vividos anteriormente.
Quando não há uma nova chance
Apesar do centro sempre estar aberto para pessoas que desejam adotar um novo amigo de quatro patas, além de promoverem feiras de adoção quase que mensalmente em espaços públicos como praças e shoppings, nem todos os bichinhos recebem a chance de encontrar um novo lar com um tutor disposto a cuidar deles.
Na maioria das vezes, as pessoas têm preferência por adotar filhotes ainda pequenos, por os considerarem mais fofos, carinhosos e ainda não terem desenvolvido grandes traços de compor-
tamento. Assim, as chances de adoção dos mais velhos acabam sendo mais baixas e, para muitos deles, essa chance nunca chega. Segundo Aretusa, que está atuando como coordenadora há quase cinco anos, ela ainda percebe que alguns dos animais estão vivendo no CCZ desde antes mesmo dela assumir o cargo, quando ainda era apenas uma voluntária.
“Tem o [cão] Vovozinho e alguns animais que eu creio que já tem mais de oito anos que estão no Centro de Controle de Zoono -
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XÇJNTOMA | Aasd asdlgum problema instalado na vida da pasdaasd asdlgum problema instalado na vida da pasdaasd asdlgum
de curar, ou apenas pela própria velhice dizer que já é a hora dele, o CCZ também se encarrega de dar um devido último destino ao animal.
“Nós comunicamos a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos e eles fazem o recolhimento do corpo desse animal. Caso ele tenha sofrido uma zoonose, como por exemplo uma esporotricose, não pode haver o enterro dele, ele tem que ser incinerado. A prefeitura mantém um contrato com uma empresa particular que presta esse serviço de incineração”, comentou a coordenadora sobre os bichos que falecem. Em média, os cachorros vivem de 10 a 13 anos, enquanto os gatos geralmente chegam até a marca dos 15, já os equinos dobram esse número, com expectativa de vida entre 25 e 30 anos quando são bem tratados e residem em boas condições.
sar pela entrevista e se aprovado no processo de adoção, assinar um termo de responsabilidade. Além disso, Aretusa ressalta outras coisas necessárias:
Vida longa
Em média, os cachorros
“Primeiro, amar. Querer de verdade. Ter a consciência de que aquele animal é para toda a vida dele. Não existe você se mudar e não levá-lo, não existe o animal adoecer e eu não ter condições de socorrê-lo. É necessário essa consciência, por isso que a gente fala muito da adoção responsável. Todos da família estão de acordo?
vivem de 10 a 13 anos, enquanto gatos chegam até os 15 anos
Você tem tempo de se dedicar e proporcionar o passeio, a ração e trocar a água todo dia? O animal é uma vida, não um objeto que você pega quando quiser. Eles têm necessidades básicas.”
ses aguardando ainda por um lar. E isso me puxou para falar sobre a necessidade de conscientizar a população de que assim como os animais filhotes, os adultos também se adaptam a um ambiente e merecem também a chance de receber um lar”, falou Aretusa. Quando um bichinho não consegue ser encaminhado para uma nova casa e eventualmente vem a falecer devido a problemas de saúde que não foram possíveis
Como adotar um novo amigo?
Para adotar um animal de estimação do Centro de Controle de Zoonoses, existem alguns requisitos básicos que o CCZ utiliza para garantir que o bichinho está sendo colocado em boas mãos e terá uma vida digna pela frente sob os cuidados do seu novo tutor. É necessário ser maior de 18 anos de idade, levar os documentos pessoais (RG e CPF), comprovante de residência, pas -
O Centro de Controle de Zoonoses de Campina está localizado na Rua Isolda Barros Torquato, no bairro de Bodocongó. A unidade funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 17h, oferecendo vacinação contra as zoonoses, serviço de castração, bem como a adoção responsável dos animais resgatados. É importante lembrar que o CCZ não é um abrigo que aceita todo e qualquer bicho, mas sim um órgão de vacinação, castração e, em casos mais sérios, toma a iniciativa de virar um abrigo para certos animais de rua acometidos pelas zoonoses, acidentes graves ou resgatados de maus-tratos.
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EDNIR LARISSA
APRENDIZADO | Momento da aula de violão com o professor Janilson e seu aluno Miguel, em Serraria
Música para meus ouvidos
A ESCOLA DE MÚSICA GENALDO CUNHA LINS EM SERRARIA, OFERECE A OPORTUNIDADE A JOVENS PARA APRENDER A TOCAR VIOLÃO CLÁSSICO
Danyelle Fernandes
Um sonho que virou realidade e se concretizou ao longo dos anos. Essa é a história da escola de música Genaldo Cunha Lins, um projeto idealizado e concretizado pelo professor de música e também jornalista, Wellington Alexandre de Farias na cidade de Serraria, Paraíba.
Wellington, começou cedo sua jornada, teve uma infância difícil, perdeu seu pai quando tinha apenas
dez anos de idade. Eloise, esposa de Wellington, relata: "Ele trazia uma tristeza muito grande consigo". Com a perda do pai precisou sair de sua pequena cidade, Serraria, para desbravar um mundo onde houvesse mais oportunidades. Junto com sua mãe e seus irmãos, foi morar em João Pessoa. "Eu vou promover minha terra, fazer minha terra ficar conhecida," dizia o jovem Wellington aos 15 anos ao sair da sua cidade em busca de uma vida melhor.
Na capital, um dos seus primei-
ros trabalhos foi na bilheteria do Almeidão, recolhendo os bilhetes dos torcedores. Graças ao seu bom desempenho foi notado e chamado a trabalhar para rádio Tabajara como datilógrafo. Gravava as matérias da rádio Globo, transcrevia e repassava para o chefe de redação. Foi assim que ele ingressou no jornalismo. Na rádio Tabajara, conheceu grandes nomes do Radiojornalismo e que se tornaram seus amigos. Por meio de indicação de um amigo, passou a trabalhar na rádio União,
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como autodidata sentiu as dificuldades do novo ofício, mas nada que tirasse os sonhos dele.
Wellington trabalhou em vários jornais de João Pessoa, como o Correio da Paraíba, A União, Jornal O Norte e o Jornal O Momento. Foi também correspondente do jornal O Globo e passou a ser bastante conhecido por participar do programa de rádio Correio debate.
Quando mais novo sua mãe insistiu para que ele estudasse datilografia, mesmo sem ter muito interesse acabou fazendo, e isso lhe rendeu frutos no futuro. Conseguiu passar no concurso da Universidade Federal da Paraíba como datilógrafo e foi onde trabalhou por mais de trinta anos, no entanto, nunca largou o jornalismo e continuou nos jornais, pois essa era sua principal profissão.
Sua relação com a música
Wellington, quando jovem, estudou na escola de música Antenor Navarro no Conservatório em João Pessoa, lá aprendeu a tocar violão clássico. Sua esposa, Eloise, revela que ele “era apaixonado por música! Desde cedo, era louco por violão..." Toda essa paixão o trouxe um sentimento que há mais trinta anos guardava em seu peito, o de voltar para sua cidade e torná-la conhecida.
E assim foi feito, voltou para sua cidade natal, Serraria, onde ali nasceria o projeto social Casa de Cultura Roberto Luna, onde funciona a Escola de música Genaldo Cunha Lins. Os nomes escolhidos para o projeto foram em homenagem aos dois grandes cantores serrarienses de projeção nacional.
Ao chegar em Serraria, Wellington se deparou com uma situação angustiante " Havia muitos jovens dispersos, envolvidos com jogos e bebidas e vendo aquela situação resolveu fazer o diferencial. Ele conversou comigo ao chegar em casa dizendo que queria abrir uma escola de música, pois não via futuro para aqueles meninos se continuassem assim," comentou Eloise.
Esse se tornou a principal causa para a criação do projeto, mudar o destino daqueles jovens, transformando vidas através da música. Logo de início o projeto teve um número grande de alunos interessados. Foram formadas turmas de 20 a 40 alunos para aulas de violão clássico e aprendiam também a ler partituras, e os que mais se dedicassem durante o período de um ano, ganhariam um violão de uma boa marca para se aperfeiçoar nos estudos da música clássica.
Conforme o número de alunos ia aumentando, a procura por outros instrumentos também crescia. Eloise relata que Wellington não media esforços para manter a qualidade do
ensino: "Muitos jovens chegavam querendo aprender outro instrumento, ai ele foi ampliando as opções de instrumento e começou a estuda-los. Um aluno queria aprender a tocar trompete, ele foi lá e contratou um professor universitário, que era um dos maiores tocadores de trompete aqui da Paraíba para o ensinar e assim poder repassar para os seus alunos." E outros instrumentos como flauta, clarinete... e que através da sua dedicação e esforço, vários alunos conseguiram aprender. Além da música, o projeto estimulava a leitura e foi assim que Wellington começou a comprar livros e montar uma biblioteca com uma grande variedade de obras. O projeto era financiado através de doações de amigos e conhecidos que, quando se depararam com o trabalho excelente que estava sendo feito, faziam doações, doavam desde cordas de violão até instrumentos. Apenas na atual gestão da prefeitura da cidade, receberam benefícios com o projeto Aldir Blanc. Um dos motivos de não querer recursos vindo da prefeitura era por causa da política, que em certos momentos até afastou alguns jovens do projeto.
LEGADO | Wellington em um momento de lazer em sua residência
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Os frutos do projeto
"Teve casos de alunos estarem totalmente preparados de igual para igual numa universidade com outros alunos. Por que Wellington ensinava a música, apresentava os grandes músicos, as composições tanto na área do violão e como de outras áreas," conta Eloise revelando a qualidade do ensino oferecido aos alunos.
Um desses talentos do projeto foi Janilson Fialho. "A música mudou a minha vida, mudou a percepção que eu tenho sobre o mundo, principalmente quando entrei na escola de música do professor Wellington Farias. Porque eu aprendi muito, não apenas a música, mas dentre outras coisas, em questão de cultura, em questões intelectuais. O professor Wellington, além de prezar pelo conhecimento artístico e cultural, ele também preservava o conhecimento intelectual, e de certa forma, esse contato que tive com a música abriu caminho para outras
coisas, inclusive a filosofia", comenta.
Janilson, é estudante de filosofia e graças ao projeto , conseguiu se apaixonar pela música como também pelos estudos. O projeto já proporcionou diversas apresentações para ele em concertos
Gratidão
“O projeto me abriu várias portas. Posso dizer que me tornei um sujeito melhor...”
JANILSON FIALHO Estudante
na igreja e em escolas. “O projeto me abriu várias portas. Posso dizer que me tornei um sujeito melhor em relação a minha timidez, eu era muito tímido. A partir do estudo da música, eu tive um contato maior com as pessoas e me socializei
com o diferente. Para enfrentar o público eu tinha que me apresentar para eles e depois disso, eu melhorei como pessoa," disse.
O projeto procionou uma mudança na vida de Janilson e pra ele nada mais justo do que dar continuidade a esse sonho de seu professor Wellington: "O projeto continuará tanto na área de violão e de sopro, até já tenho um aluno bastante avançado, também foi aluno do meu professor, e que agora me ajuda com aulas dos instrumentos de sopro", disse.
Um sonho distante, incerto e talvez impossível, virou realidade e mudou a realidade de vários jovens. Que conseguiram enxergar oportunidade, onde não havia mais esperança. Eloise relata que Wellington deixou um legado importantíssimo: " Ele deu uma nova visão de vida, para os jovens, os moradores, conterrâneos de Serraria. E todo o amor que ele deixou".
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EXPERIÊNCIA | Uma das primeiras aulas de música do professor Wellington com o aluno Janilson