Livro poemas do ribeirão miolo

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Poemas do ribeirão de Guilherme Sargentelli

Ri o de Janei r o - 1 ª edi ç ão - 2015


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Sargentelli, Guilherme. Poemas do ribeirão / Guilherme Sargentelli – Rio de Janeiro: DOC Content, 2015. 1ª edição - 64p. ISBN 978-85-8400-012-8 1. Poemas do ribeirão. I. Sargentelli, Guilherme. CDD 869.103

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Prefácio “Meu coração não te dou, porque não o posso arrancar; se o arranco, sei que morro e, morta, não te posso amar!”

Maria da Gloria Dias Rego, citando canção popular portuguesa

O que é um prefácio? Corro ao Michaelis e lá encontro: “1. Palavras de esclarecimento, justificação ou apresentação, que precedem o texto de uma obra literária, do próprio autor, editor ou outra pessoa de reconhecida competência ou autoridade. 2. Liturgia: Parte da missa que precede imediatamente o cânon”. Com tal responsabilidade litúrgica, fico atônito. Há que ler o livro, inteiro, antes ? Basta conhecer o autor (um poeta) , “dar uma lidinha” e escrever algo? Optei pela primeira hipótese. E aí, aos poucos, conheci “os avós repousando em quadros grandes, um ao lado do outro, ambos olhando tudo, altivos” e eu “levo ambos onde vou no coração e na alma” (poema 1). Cansado que estava, cochilei e... vi os meus avós, repousando em quadros grandes, um ao lado do outro, ambos olhando tudo, altivos. Mas os meus eram, apenas, de papel, emoldurados: pouco ou nada os conheci. E aí, “como o menino muitos anos mais tarde”, aceitei o convite de Guilherme, o Bill, fui com ele, conhecer o Ribeirão e, lá no poema 3, com ele, fui vendo “a água constante e cristalina” tutorando as minhas dúvidas a respeito do “que diria o meu coração sobre aquele amor: como me reinventar depois da dor?”. Caminhando, vi minhas tias Marias Alices, lá no poema 6, que acabaram logo depois que passaram por hospitais, até que meu ninho ficasse mais vazio. Mas o poeta me chama a atenção, dizendo que “ninhos continuam ninhos, em nós, para sempre” . Viro a folha, entro no poema 8 e encontro Giovana, dentro de sua casinha, e me reporto a meus filhos (e netos) “tornando concreto, ou madeira, em amor”. E lembro da letra tola, bela para mim, que fiz quando meu primeiro filho era, ainda, um feto: “Qual velha

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árvore, que já foi flor, vai dar semente o nosso amor. Qual velha árvore, coração desenhado, partido, dia marcado, passado; qual velha árvore, que já foi flor, vai dar semente o nosso amor”. No poema 9, entendo o porquê estava agradável o caminho: “caminhos paralelos/ são cruzados sem se tocarem/ são um sendo dois/ são a amizade em sua essência de ser”, “que torna a atenção com o outro essencial”. No poema 11, encontro um erro (de grafia) que no livro não mais aparece: nele há um avô que coloca um aparelho para deixar de ouvir a língua dos homens e “ouvir a língua dos pássaros”. Agora, ao escrever este parágrafo, percebi que, no “gravador” (Caramba, vão descobrir minha idade!), eu estava ouvindo Beethoven, um pássaro surdo e mavioso... Chegam os poemas 13 e 14 e, com eles, sanhaços, bem-te-vis e outros, livres, “renovando minh’alma e deixando-me sem a tristeza por seu ensaio de partida”. Saio do texto e me vejo limpando gaiolas, muitas, com pássaros presos, à espera de meus cuidados diários para nutri-los, hidratá-los, mas sem direito a libertá-los... No poema 16, entram os haikai, com a recomendação aos editores do livro para “deixar estrofes separadas na diagramação”. E aí, nos encontramos, ao sol de uma bela tarde, em frente a um dos nossos locais de trabalho, longe do Vale do Ribeirão Grande, onde professamos: “de dia, amanheço/ de tarde, aconteço e, mais tarde, anoiteço”. Atenção, editores do livro, não deixem as estrofes separadas, já não mais estamos lá! “As estações são o que sou para elas: um ciclo”. De repente, sinto que estou longe de prefaciar um livro e estou quase chegando ao final do espaço que me foi destinado para isso. Mas a sabedoria do poema 25 é meu álibi: “a lagarta chama de fim do mundo, o mesmo que o mestre chama de borboleta”. E acho que foi “com esse ensinamento que segui vivendo, inventando nova história a cada dia“ (leia-se parágrafo).

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Gente, estou terminando, já estou no poema 33, o que me permite justificar o que escrevi até agora: “sou menino dentro do homem/ que busca na poesia, docemente/ nunca esquecer de ser gente”. E tal qual este parágrafo, começo com “gente” e termino com “gente”... O que fez com que Guilherme convidasse a mim para escrever o prefácio de seu livro? Uma vez, conversando (e andando pelo vale do Ribeirão), falei do amor que presenciei, como, ainda, um menino, de mais ou menos 10 anos. O cenário: café da manhã, em um domingo, depois de chegarmos da missa (e comunhão) habitual. Mesa posta, com o tradicional café (coado em um saco de flanela branco) com leite (deixado na porta de casa, em um litro de vidro), açúcar, pão (comprado na padaria do “China”) e manteiga (trazida por meu pai, um comerciante de laticínios). Minha irmã, três anos mais velha, e eu comíamos, quando, de repente, meu pai vira-se para minha mãe e diz, com voz apaixonada: “Glorinha, dá para mim o teu coração?”. Minha mãe, sempre tímida, comovida, responde: “Meu coração não te dou/ porque não o posso arrancar/ se o arranco, sei que morro/ e, morta, não te posso amar”. Guardei esse fato em minha retina e memória, em detalhes e, acreditem, com cheiro de café com leite e manteiga! Hoje, a neurociência explica tudo isso. O olfato e o paladar são exclusivamente “sentimentais”. São os únicos que se conectam diretamente com o hipocampo – o centro da memória de longo prazo no cérebro. Suas marcas são indeléveis! Basta lembrar dos biscoitinhos “madeleine” da querida tia e de seu sobrinho Proust. Os demais sentidos (visão, tato e audição) são primeiro processados pelo tálamo – a fonte da linguagem e a porta de entrada para a consciência e, por isso, são bem menos eficientes em trazer à tona o nosso passado! Há cerca de uns seis meses, contando essa história para um outro amigo, soube que esse texto está, em linguagem mais simples,

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Poemas do ribeirão

sem permitir arroubos, em uma música popular. Entro no Google e lá está ela: é a “Maria, Mariazinha” de Aloísio Ventura e Frank Xavier (que conosco não estavam no Vale do Ribeirão Grande), com o conjunto musical “Fruta Quente”. Será um plágio? Eles, o Aloísio e o Frank, também ouviram minha mãe responder a meu pai? Será um plágio duplo, dela, D. Glorinha, e, agora, de Aloísio e Frank? Volto ao Google e não encontro nada que justificasse o plágio duplo, de uma mesma fonte. Será uma prova evidente da epigenética? Será que tanto tempo depois (já lá se vão mais de 50 anos), um gene português (sim, meu pai era português, e minha mãe, como ela mesma dizia, veio de Portugal na “barriga de minha avó”) desmetilou-se e apareceu para os autores de “Maria, Mariazinha”? Quem sabe? Mas, eu sei mais: saíram da boca e da alma de dona Gloria, para seu amado “Reguinho”. Foi isso, e fato relembrado com carinho, vamos em frente, porque lá no poema 33 está o lembrete: “quem fica amarrado ao passado, não rascunha o futuro e não vive o presente”. Mas, poeta, permita que eu lembre que quem não tem passado, não tem presente... não tem futuro... ou citando Paulo Leminski, em um de seus haikais, “Viver”: “Viver é super difícil o mais fundo está sempre na superfície”. Querido poeta Guilherme Sargentelli, meu amigo Bill, obrigado por me permitir usar, a seu pedido, como se fossem minhas, algumas linhas do seu ”Poemas do ribeirão”, abrindo caminho na liturgia do prefácio para a sua canônica poesia. Missão cumprida. Como diria Leminski: “Tudo dito, nada feito, fito e deito”. J. Dias Rego, o Pepe, seu companheiro de passeio pelo Vale do Ribeirão Grande

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Em meu primeiro livro de poesias, “Plástica do Impalpável“, quis escrever essencialmente sobre a dor envolvida em muitos sentimentos abordados nele, como que em um ensaio para um renascimento. “Sob o seu corpo escrevi meus versos“, segundo livro, foi uma movimentação oposta, expondo de forma visceral o amor que sinto diariamente e a alegria que ele me oferece. ”Poemas do ribeirão“ nasceu como um filho diferente, mais ponderado, imitando o ritmo pendular que visita os extremos dos sentimentos, para, gradativamente, buscar seu equilíbrio. Não ao acaso, dois temas valiosos a mim, a natureza e a família, são focos centrais deste livro. Em um cenário querido, o Vale do Ribeirão Grande, em Itaipava, escrevi as poesias que o colorem. Cores que me foram oferecidas ao longo da vida por tantas pessoas amadas e queridas, todos poetas de suas próprias vidas e que me deram a honra de compartilhá-las comigo.

O Autor

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Agradecimentos

Para Mirtes e Ivan, Márcia e Beto, Renata, eu e Giogio, Minhas tias, tios, primos e sobrinhos, Minhas irmãs e nosso afeto, Gigi e Eduardo, Gilsa e Cesar, Alex e nossa infância, Paulinho e nossa adolescência, Cumpadi Sanchez e nosso início de vida adulta, Celso, Breno, Eve e nossa cumplicidade, Miguel e seu exemplo para a vida inteira, Às famílias que criei nos últimos anos no Prontobaby - Hospital da Criança e, na DOC Content, principalmente ao amigo Renato Gregório, que sempre apoiou esse meu sonho poético, Ao Rio e minh’alma, Ao Flamengo e meu coração, À Medicina e à Poesia, E para tantos outros amores não citados nominalmente, mas que me ajudaram a construir quem sou e escreveram comigo este livro.

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Poemas do ribeirão

Guilherme Malena (avó materna) - Itaipuaçu, 1968 Gostaria de chamá-lo Gui Meu pequeno tesouro de 1 ano e 11 meses Moreninho, levado e astuto Meu pequeno Gui enche de ternura Meu coração sulcado de amargura É todo um mundo que se ergue É todo um ser a realizar-se É um andar perene de garotinho Que descobre, aos poucos, as fontes da vida É inegável a doçura que me invade Quando ele pronuncia vovó... Guilherme traz-me novas forças Para suportar esta vida de incompreensões... Guilherme despontou qual botão de rosa Crescendo e vivendo à beira-mar Guilherme terá tudo que eu possa dar E muitas estórias para contar Gui, meu pequeno Gui Ainda não podes entender minhas palavras, mas podes sorrir, chorar e falar E meu coração encantar

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Guilherme Sargentelli

O Sabiá Ivan Bichara Sobreira (avô paterno)

Ouço, no fim da tarde, pontualmente, um sabiá cantando. Parece um canção de amor: há certa vacilação no gorgeio mavioso, como se o cantor estivesse indeciso, inseguro, perdendo seu tempo. São seis horas da tarde, o poente mistura o dia e a noite: o azul, o cinza, o vermelho e o negro. Mesmo assim, o sabiá ainda canta; canta por dever de cantar, convencido de que está só, e que seu canto não tem destinatário. Não há esperança, não há alegria no dia que se fecha, mas é preciso cantar. É seu oficio.

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Maninha Vinni Corrêa (poeta e amigo)

Maninha Demorei tanto tempo para dizer que te amo Mas estou a dizer agora Mesmo que há alguns anos isso não parecesse verdade Quero que saiba que tudo o que eu sempre fiz Foi para proteger-te Foi para o teu bem ainda que eu o fizesse De uma forma equivocada Mas acredite Sempre quis que tu seguisses um caminho Que não te magoasse um caminho que eu mesmo Muitas vezes não havia trilhado Maninha Lembro-te ainda bebê sendo banhada por nossa mãe E eu ajudava segurava tua pequena cabecinha Lembro da bagunça que fazias no quarto A briga para apagar a luz e a TV na hora de dormir A briga para dizer que não havia quebrado o vaso de planta A briga para ver quem ia pro banho por último A briga sem motivo Tantas brigas brigas que se tornavam lutas De tu a morder-me arranhar-me e a puxar meus cabelos E eu a socar-te torcer-te e a imobilizar teus braços Parecíamos mais inimigos do que irmãos

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Guilherme Sargentelli

Maninha Foi quando te vi internada em um sono profundo Naquele hospital e o medo de perder-te para sempre Que percebi o quanto de culpa eu tive Pela nossa infância marcada por desunião O quanto fui responsável por fazer-te agir Da maneira que agias Faltou da minha parte um pouco de carinho e compreensão Mas juro que amor não faltou Faltou atenção faltou respeito Mas amor não Às vezes o amor também machuca Maninha Venho hoje exatamente hoje Depois de 25 anos e 14 dias Pedir-te perdão por tudo o que eu tenha feito Que possa ter magoado a ti Sou ser humano e nesse aspecto errei Hoje estou feliz por saber que também estás feliz Que conquistaste muitos dos teus sonhos E que conquistarás ainda mais E se era o que eu desejava antes que tu estivesses longe Hoje desejaria que estivesses bem próxima Como ainda estás em meu coração

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A mais bela arte Giovana Sargentelli (filha do autor)

Amar é uma arte Que possuímos antes de nascer Aumenta e diferencia Conforme nosso crescer O amor de mãe é único E é esse que, neste poema, Com as minhas palavras Irei descrever Diferente de todos que possa imaginar Esse é o amor que possui a maior intensidade Supera o exagerado de Cazuza Que teve amor cruzado na maternidade A mãe é a base de tudo Do leite materno ao carinho e afeto Diz sempre o que é certo Mesmo discordando do seu correto

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Minha mãe só teve uma filha Engravidar de novo sempre foi uma dúvida Mas não pensava nisso por ela E sim para não me deixar solitária, filha única Mãe, eu quero te agradecer Por ter me criado e educado Trocaria minha vida pela sua Desconsiderando isso um pecado Isso tudo aqui escrito não resume minha admiração Pois não caberia em um poema e nem em uma canção Mas eu espero ter conseguido demonstrar Parte da minha gratidão Se fosse para escolher, com certeza seria ela Essa mulher guerreira e médica Que reclama quando está com fome E que possui Renata como primeiro nome

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Poemas do autor


Poemas do ribeirão

Na parede de meu escritório Meus avós repousam em quadros grandes Um ao lado do outro Ambos olhando tudo, altivos Fortes e corretos Guiaram juntos suas vidas Orientaram nossos rumos Acolheram e criaram uma família Exemplos de persistência, tenacidade Fibra e coerência Sempre tiveram de filhos e netos Amor e admiração Sempre um ao lado do outro Emolduram meu espaço de leitura Sempre juntos, como um só Levo ambos onde vou, no coração e na alma

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Guilherme Sargentelli

Eu tenho em mim o canto da Sabiá E deito-me com o barulho dos sapos Amanheço entre maritacas, sanhaços, Pintores e jacutingas Saboreando o mamão do café, vejo esquilos E os bambus zunem o vento baixinho Regozijo com o sol em minha face E rego as flores O gosto da pitanga amarga minha boca E adoça minha alma Minhas pizzas me alegram no estalo da brasa Que se mistura com o burburinho do riacho, dos cachorros À tarde, na rede A vista vai longe na paisagem Os sonhos vão mais O Ribeirão corre em mim

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Poemas do ribeirão

Lagarteio sobre a pedra com o sol nas costas Um sol mansinho que acolhe mais que fere Ao lado, passa o riacho Ao largo, meus pensamentos A água constante e cristalina me assiste Aliás, sempre tutorou minhas dúvidas: Qual botão de futebol trocaria com Alex Qual acidente ósseo cairia na prova de anatomia O que dizia meu coração sobre aquele amor Como me reinventar depois da dor A natureza que me envolve é minha própria natureza A de seguir consistente, perene, feliz Em busca de tudo E em busca do nada

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Guilherme Sargentelli

Em torno da fogueira, reúnem-se amigos a prosear Em torno da fogueira, reúnem-se personagens diversos Cada qual vestido com sua história Cada um com sua leitura da vida Estalam as brasas Aquecem corpos e almas Batatas e milhos assam no calor Faces rosadas sorriem fartamente Bocas de vinho Odores de alegria Encontros de paz Saúde para sempre E acima de todos, a lua gorda Plena em si, como um queijo A fitar aqueles que deviam vê-la Mas que estão ali para serem vistos

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Poemas do ribeirão

O ipê dos sete anos foi a primeira árvore plantada pelo menino E a árvore, à sombra de outras, cresceu muito lenta E ainda cresce Como o menino que quarenta anos mais tarde Ainda cresce lento A sombra de seus medos e suas dúvidas A árvore, ainda de pouca altura, busca seu espaço entre as outras Como ele, que busca o brilho do sol dentro de sua enorme envergadura afetiva Ambos sobem, entre galhos frágeis e outros mais fortes Alguns robustos e outros menos densos Mas seguem seu rumo, assistindo um ao outro Como deve seguir a vida

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Eu e Tia Maria Alice nos gostamos Muitas tias e tios são queridos em minha vida Tia Maria Alice é querida Quando pequeno Ciceroneava a todos em Itaipava Exibidamente apresentando meus conhecimentos da natureza E expondo apaixonadamente minha amiga natureza a todos Uma vez, mostrei um ninho à Tia Maria Alice Com toda inocência dos poucos anos E com a ímpar sensibilidade dessa mesma idade Desfilei meu afeto pela casinha dos pássaros Inconscientemente mostrando como ninhos são importantes para mim Muitos anos mais tarde Tio Dode adoeceu Tio Dode era o amor de Tia Maria Alice E um amor meu também Visitei-os muitas vezes em seu ninho Visitei-o também outras tantas vezes em hospitais, espécies de ninhos meus Mas Tio Dode se foi O ninho ficou mais vazio Muitos anos antes, porém Minha tia e eu, de certa forma Havíamos compreendido que, mesmo sem pássaros, Ninhos continuam ninhos, em nós, para sempre

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Poemas do ribeirão

Lá do alto do topo da ponta do terreno, vejo todo o vale Bem lá de cima, vejo matas Estradas A pedra em frente que fez Exupery imaginar o elefante na barriga da cobra No teto da montanha, toco as nuvens Sou tão grande Tão próximo de Deus Que chego a sentir seu cochicho em meus ouvidos Ele fala da beleza do lugar, eu concordo Ele fala da minha alegria, eu agradeço Ele fala do passado e do futuro, eu escuto Ele fala, eu admiro Em Guaracajaz, Deus é mais

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A casa de boneca chegou no Natal de 2008 Mas já estava lá antes mesmo de existir Foi criada nos sonhos de ter uma filha No desejo de fazer feliz quem muito mais me daria essa alegria O que não estava lá era quem ocuparia a casa Porque os filhos de verdade são muito melhores do que o sonho que temos deles Porque são de carne, de risos e de lágrimas E por eles nos apaixonamos A casinha, com Giovana dentro, é muito mais linda Giogio é que dá vida a ela Porque casa com gente, mesmo as de bonecas É que se tornam lares E lares é que tornam concreto ou madeira em amor

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Poemas do ribeirão

Caminhamos juntos, eu e meu primo Dani Subimos juntos todo o morro Demos a volta no vale E bebemos água na fonte do trajeto Bebemos da mesma fonte muitas outras vezes na vida Como que buscando paisagens para nossos olhos Como que buscando calma para a alma Encontrando amores em nossos rumos Amigos que se apegam à loucura Loucura de buscas infinitas De coisas que não aparecem De desejos impensados Os caminhos paralelos São cruzados sem se tocarem São um sendo dois São a amizade em sua essência de ser Tenho certeza na comunhão Que torna um primo, irmão Que torna a vida especial Que torna a atenção com o outro essencial

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Guilherme Sargentelli

A Joana daquela manhã era uma joaninha Em vestimenta de gala rubro negra, de bolinhas Mínima e majestosa Brilhava sobre o verde da folha do arbusto Trajava sua própria capa E vestir sua própria capa sem máscaras Na cara do dia, frente ao sol É para poucos Joaninha ali estava Expondo as anteninhas a tapa À crítica social da mata A todos Danada, a Joana Desfilava garbosidade Calma, serena Plena, única Aprendi com ela

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Poemas do ribeirão

Meu avô Ivan tinha ouvidos para passarinhos E o coração para o que é justo Por isso sempre foi um homem correto Por isso tornou-se um sábio da vida Como tinha ouvidos cansados para a língua dos homens Colocava seu aparelho para ouvir a língua dos pássaros E deles ouvia conselhos para a vida Porque a natureza é sempre boa conselheira Os passarinhos contam várias coisas quando cantam Cantam o céu azul do sertão Cantam a brisa do mar de Tambaú Cantam as matas de Itaipava Entender o passarinhês é um dom Um dom que torna o coração bom O homem justo A vida especial Depois que Ivan se foi, os passarinhos cantam tristes de saudade Mas lá no Ribeirão, pela manhã ou no fim da tarde Ainda me contam e cantam coisas Ensinando o passarinhês que ele conhecia tão bem

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Guilherme Sargentelli

Tem algo nos caracóis que sempre gostei: continuidade Lentos, calmos, sempre, sem parar Têm um esforço no caminhar Que estimula a nossa vontade Vejo-os subirem pelo muro Vejo-os no meio da mata E o que a eles me ata É esse esforço que evita o apuro Sua marca é a imensa moleza Uma moleza disfarçada Antítese da presteza Mas que não perde tempo com nada Inverso de nós humanos, rapidinhos Que por andarmos em círculos constantes Ligeiros, mas vacilantes Erramos o rumo em muitos caminhos Eu gosto de assistir a essa continuidade Parece que vai chegar a algum lugar Parece que algum objetivo vai alcançar Parece rumo à felicidade

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Poemas do ribeirão

O sanhaço é azul e um de meus preferidos Tem um quê de pedacinho do céu Como se fosse um recorte a cantar Um canto agudo de tenor da mata Chama outros cantos e pula nos galhos Sobre o mamão, contraste colorido Junto ao hibisco, painel de tintas As imagens se sobrepõem Parece um prisma com raios de azul entre o verde Fixo o olhar no ponto azul e amplia-se o verde Percepção mescalínica da paisagem Uma súbita viagem impressionista Serenamente, na rede, adormeci

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Guilherme Sargentelli

Bem te vi e sorri Por vê-la tão feliz Tão distante da tristeza que por meses assisti Sorrindo alegre como sempre quis Bem te vi e ver-te bem Alegra também a minha vida Renova minh’alma e deixa-me sem A tristeza por seu ensaio de partida Bem te vi, insiste novamente o passarinho Eu concordo com ele sem duvidar Que mais uma vez lhe foi dada a chance para amar Mal te ver rouba minha força A depressão não pode ter mais poder Do que o infinito desejo por bem te ver

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Poemas do ribeirão

Quando a chuva vem em tormenta Poderosa como o quê Causa medo Muito medo Mas há um espaço de energia Uma energia vital da natureza Que causa beleza Muita beleza Causa fascínio pela força Indomável, sem freios Originariamente feroz, primitiva Do coração Um poder de destruição Mas também de benção Algo que destrói Mas que também renova Algo que parece desnecessário Mas não é Que não compreendemos Mas está lá A tempestade deveria poupar alguns, mas não o faz Deveria ser generosa quando má, mas não é Poderia deixar-se controlar, mas não deixa Surpreende sempre, todas as vezes A tempestade é como a vida E comungo com ela

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Guilherme Sargentelli

Saíra-sete-cores Saída do oco da bromélia Coloriu meus amores

Sabia lá O canto cheio de si Já sabiá

O sapo-touro pown Duas vezes canta pown pown A noite toda pown

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O teiú tem Patas curtas e papo gordo Por isso tem pressa

A chuva molhou De mim para você De você em mim

Lixia todo mel Meu amor é tão doce Teu mel é todo meu

De dia, amanheço De tarde, aconteço Mais tarde, anoiteço

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Guilherme Sargentelli

Tomo em pílulas Toda a natureza Em um minuto

As estações são O que sou para elas: Um ciclo

No tempo de viver Há o esquecimento Por morrer

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Leve como a folha do galho fino Saltita o serelepe da mata Ágil como dedos de menino Engana a vista que o cata Rabo longo e focinho simpático O pequeno embrenha-se fácil Por entre caminho enigmático Que só o observador viu Ensina o bichinho medroso Ao homem que o vê A natureza de sua vida: Com salto poderoso Muda seu destino como o quê Para o início de outra partida

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Guilherme Sargentelli

Lento, lento, lentamente Segue ela para frente Sem pressa, vagarosamente O bicho-preguiça fica ao alcance da lente A grande unha a buscar Folhinhas para se alimentar Pesada a se pendurar Não sei como não cai do ar Meus olhos quase se fecham Quando fico a contemplá-la Em sua calma budista Quando paro a fitá-la Minha angústia despista Meus anseios se encerram

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Poemas do ribeirão

Levei um susto na varanda Com a cobra ali enrolada Como que mostrando quem manda Quando a vi, a alma ficou congelada Parados ficamos os dois Olhos nos olhos com cautela Naquele momento a sós Só havíamos eu e ela A jararaca me disse sem voz Que respeito mútuo é bom Que manter o espaço próprio é o tom Compreendi totalmente o recado Não ataco quem não me irrite Aprendo a atuar no meu limite

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Guilherme Sargentelli

O lobo-guará passou um dia pela casa Foi assim, ao acaso Não voltou mais E acho que não voltará Lobo tem disso: Vem quando quer Aparece sem compromisso Uma alma solitária e independente Parece que o mundo é seu quintal Os rumos são guiados pela vontade E pela necessidade E pelo próprio nariz O lobo me lembrou alguém

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Poemas do ribeirão

O jacu, ou jacutinga, é amigo dos primeiros anos Sempre esteve lá, sempre junto Tem lembranças que ficam presentes Para que sejam nossa referência Para que dentro de nossa essência Nunca nos deixem sentir ausentes O pássaro preto e grande Que não canta com beleza Não evita a surpresa Em aparecer sem que eu mande No meu coração, jacutinga tem lugar Lugar que sempre ocupará

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Guilherme Sargentelli

Feliz ofício esse do beija-flor De viver a vida para beijar E não é dado a ele qualquer amor Lhe são dadas flores para amar Rápido, sem tempo para tantos amores Bate as asas bem ligeiro Para enfeitar com muitas cores Cada amor como se fosse o primeiro Um ballet de graça infinita Que teima em não terminar Para delírio da retina Apresentação cada dia mais bonita Que por sempre se renovar Mantém a beleza que não termina

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Poemas do ribeirão

Aprendi certa vez em um segundo Sob ilusões de um livro de capa preta Que a lagarta chama de fim do mundo O mesmo que o mestre chama de borboleta Com esse ensinamento segui vivendo Inventando nova história a cada dia Criando em cada amor um sentimento Fugindo sempre da monotonia E ainda hoje, assim o faço Uno amor à alegria Para toda manhã irradiar harmonia Minha brincadeira para evitar o cansaço Que encerra os sonhos da juventude Que nos impede de ter mais atitude

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Guilherme Sargentelli

Basta a vida para chorar pitangas Para comê-las Basto eu

O morcego da noite Apaixonou-se pelo sol Morreu

Orquídea chocolate Preferi cheirá-la A devorá-la

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Poemas do ribeirão

O pai assistiu a filha Sorrir feliz com o coelhinho branco Que na Páscoa escondeu os ovos na mata Para seu espanto O pai sorriu Quando a filha pequena Divertiu-se em gargalhadas Durante o banho feliz na banheira O pai brincou junto de bonecas Na casinha rosa que era dela E fez papinha para as netas E fez penteado no namorado da boneca O pai inventou a caça ao tesouro Quando a filha levou os amigos Para brincar no caminho do saci E buscar as prendas no São João O pai assistiu aos programas de TV Que a filha assistia com a melhor amiga E dormiu no grande sofá com elas E as cobriu para não sentirem frio Quando foi dormir naquele dia, o pai agradeceu Por tudo que passou Por tudo que virá Por ter podido ser pai

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Guilherme Sargentelli

Poeminha bom é aquele que conta Coisinhas Poema forte é aquele que tem Verdade Poesia é sempre para mim aquilo Tudo Poesia é arte e a arte Poesia Na minha vida de querer contar Histórias Contei uma bem bonitinha para mim Mesmo Que nunca, nunca esqueci, nem um Dia Em busca de uma ou outra Alegria: Brincar com palavras É fazer amor com a vida Viver das palavras É benção concebida

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Poemas do ribeirão

Você optou pelo grito Eu escolhi refletir Quero antes sentir Para decidir o que evito Você mente sem razão Razão que busco em tudo Busca que faço mudo Nas verdades do coração Você não é minha Porque não é de ninguém Troca a comunhão do amém Pela disputa da rinha Você me faz perder Tudo que luto para conquistar Minha alegria para amar Tudo que quis ter Cansei de você Não quero mais te ver

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Guilherme Sargentelli

Se lembranças voltam ao presente Devem ser para que a saudade Faça pacto com a felicidade E tornem a tristeza ausente Se o futuro cria expectativa ansiosa Podemos transformá-lo em novidade boa Para que a angústia tenha sido à toa E encontremos uma realidade maravilhosa Podemos e devemos ser felizes Comprometidos com aqui e agora Em decisões sem demora O presente é o que importa Vamos viver a vida Vamos brindar sua bebida

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Poemas do ribeirão

O café aromatizava a casa Acompanhado de bolo quentinho E deitada sobre o lençol de linho A amada o aguardava Com despertar sonolento Entre mordidas no bolo e beijos Entre cheiros e desejos Misturam-se café e amor naquele momento Tudo é vagaroso pela manhã Assim como o despertar dos amantes Assim como a claridade que entrara antes Mas havia o café para despertá-los Assim como o apetite para comer Assim como a vontade de viver

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Guilherme Sargentelli

Platô é algo reto De forma plana, sem desníveis O platô é segurança para o terreno E para quem se acomoda nele Para o perigo, no platô há veto Não é espaço para fatos incríveis Não há água que vire veneno A estabilidade é sua pele No platô da Gabi é assim: Deposito minhas certezas e lembranças Marcas de nossas infâncias O platô da Gabi é para mim: O guardião de minhas convicções O esconderijo de minhas ilusões

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Poemas do ribeirão

Sem o pedaço de terra Me lancei no espaço Homem sem âncora Projetado como bala de canhão Quem fica amarrado ao passado Não rascunha o futuro e não vive o presente Minh’alma é do mundo É de todos e de tudo Se saudade é o amor que fica Sonho é a esperança que nasce Olho para frente e Não esqueço de olhar Sou livre para amar e viver Sou um coração que bate em muitos eus Sou vontade de crescer Sou semente para os sonhos meus

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Guilherme Sargentelli

Não quero outra mulher Porque nunca quis A mulher que meu homem quer É a mulher que você se diz Uma mulher assim inteira Com cheiro e gosto de prazer Mulher com jeito de última e primeira Menina grande, sempre mulher Meu amor é para você Meu tesão também Porque não há como não querer O que só você tem A sua boca de amor Me conduz a novas sensações O que eu sabia de cor Se reinventa em novas emoções Vamos iniciar novas bodas Sem traumas e sem angústia No mal, faremos podas Para o bem fazer-se dia

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Poemas do ribeirão

E mais um dia se descortina Com todas as suas possibilidades inerentes Com o sol iluminando nossas perspectivas Com os olhos avistando longe Poderia o criador Em momento muito especial Inventar algo mais essencial Do que sonhar com amor? Só que não, só que tudo Frente ao meu caminho Sou estardalhaço mudo E nunca estou sozinho

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Guilherme Sargentelli

Ele apareceu para outro ele O girassol que se mostrava para o sol Muitos buscam um lugarzinho privilegiado Como que almejando atenção Muitos querem seu desejo respeitado Como que visando calma para o coração Mas não é tão fácil atingir esse objetivo Os objetivos mudam a cada segundo Tudo muda rápido no mundo E as metas ficam no esconderijo Mas o girassol está lá Namorando o astro rei Buscando o que não sei Riso aberto solto no ar Gira, gira, girassol Que o sol vai te buscar

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Poemas do ribeirão

De tanto andar pelo mato Descubro tesouros Um deles foi a casa de marimbondos A cada ida à mata Uma nova visão da casa Semana a semana, crescia Aumentava de tamanho e complexidade Espelhada nas proporções Lembrei de Escher nas construções Encantado, aprendia Aprendendo, sorria Um dia, levei um amigo a vê-la Disse-me o amigo, ao conhecê-la: Toca fogo nessa porra, antes que te pique Quase toquei fogo no quase ex-amigo

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Guilherme Sargentelli

Ô bicho enjoado, o tal do mosquito Se a picada é temível O zumbido no ouvido é terrível Muito chato o tal bichinho Mas se há um planejamento do criador Para toda criatura A gente tudo atura Para entender esse destino Mas aqui entre nós, a sós Mesmo tentando entender Não consigo compreender Porque existe o esquisito do mosquito?

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Poemas do ribeirão

Penteie esse cabelo Leve o lanche Escove os dentes Eu te amo Esse namorado não serve para você Essa menina não te merece Não esqueça o casaco Eu te amo Seja no início, seja no fim esse seu amor está todo em mim E não vou a lugar algum sem ele Pois não sei andar sem meu coração No seu dia, mãe querida Que a felicidade seja para você uma avenida A saúde, sua aliada A alegria, sua amada Porque você construiu uma parte do que sou E a outra parte ainda estou a inventar Reinventar o amor com o qual você me amou Para que meus filhos aprendam o que é amar

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Guilherme Sargentelli

Como ela é assim, uma perfeição Foi chamada de mulher E como não há retoques a fazer à mão Ela é como a gente quer Mãe, filha, amadas São múltiplas em uma só Por Deus, sempre as escolhidas Mulheres são linhas curvas sem nó Não há apenas um dia a celebrar Todos os dias são de vocês Todos os momentos são para seu bem querer Se há um mês para te cortejar Há também uma vida, não só um mês Para te elogiar como mulher

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Poemas do ribeirão

Formigas e abelhas são fascinantes Organizadas e disciplinadas As tarefas são combinadas E o trabalho flui de forma impressionante Cada qual em seu espaço São viciadas em trabalhar Em suas funções, muito a desempenhar E o trabalho espanta o cansaço Fico sorrindo sozinho Lembrando quando as saúvas de Macunaíma Eram nossa má sina Hoje políticos ocuparam esse caminho E se imitassem formigas e abelhas seria melhor Do que inventarem para nosso Brasil o pior

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Guilherme Sargentelli

Tantos sonhos que guardo em mim Sou lunático sem cura Tanto que toda agrura Vira novo começo para o que era fim Tremo o peito e abro o coração Meus ventrículos bombeiam fortes Para enganarem minhas mortes E soprarem uma ventania de ilusão Pudera toda brisa beijar meu rosto Todo cheiro de mata invadir meu nariz Todo sol acariciar minha pele Quero da natureza, o gosto Da cachoeira, a água que me faz feliz Do mistério, o que se revele

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Poemas do ribeirão

Sou filho da força da natureza Sou arrobo no lugar da calma Sou pouca prudência Sou vontade Vontade para o encontro da beleza Que inunda toda a alma E deixa sua essência Para celebrar a felicidade Sou feliz de verdade Quando realizo o que criei Quando mostro que amei Sou menino dentro do homem Que busca na poesia docemente Nunca esquecer ser gente

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Guilherme Sargentelli

Como pode um sentimento Ser maior que um momento Se o momento é o senhor do tempo E o tempo não pára para assistir? Quem poderia gerenciar esse evento No qual o tempo é o patrão do sentimento E o momento é apenas cenário Para quem não desistir? Não desista de sonhar Engane a própria mente Com soluções que te façam contente Inverta a roda do tempo Na qual a idade nos faz remoçar Na qual sonhar pode nos imortalizar

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Poemas do ribeirão

Minha casa virou livro Porque causos viram história E nossa história não é nada mais Do que um lindo caminho onde todos passeamos O convite já está feito desde sempre: Somos convidados desse teatro da vida Onde atuamos em vários papéis Sempre fazendo nosso melhor E o melhor é o que podemos É o que está ao alcance de olhos e coração Pois eventos sempre usam o coração para enxergar E os olhos para nos guiar O tamanho de nossa história É o tamanho que temos Nem mais, nem menos Com a beleza exata para ser nossa Minha casa virou livro Porque escrevi com meus amores essa história

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Leia também da DOC CONTENT sob o seu corpo Guilherme Sargentelli Este livro é mais uma das facetas do Guilherme – Poeta, que vivencia do seu signo de Touro, a beleza da Vênus e a harmonia da arte. Ao mesmo tempo, se expressa valorizando delicados sentimentos e tendo a coragem de se confessar frágil. Ele fala de amor com invulgar facilidade e fiel ao princípio do prazer. Escreve com a alma e o coração eternamente apaixonados

Plástica do Impalpável Guilherme Sargentelli Um livro de poesias que nasceu da experiência de um médico ao deparar-se com a morte de seu pai. Temas como melancolia, saudades, superação e esperança dão o tom da obra.

MARKETING MÉDICO - Criando valor para o paciente Renato Gregório Com uma abordagem direta, este livro esclarece os conceitos e a aplicação do marketing à prática médica. Guia o leitor em como agregar valor aos pacientes e desenvolver ações de comunicação e orientação para os clientes.

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