impõe a todos uma única forma de cultura, um gosto legitimado, menosprezando outras formas e segmentos sociais. A violência simbólica para Bourdieu tem suas ramificações no gosto cultural que resulta da diferença entre os indivíduos e classifica o que é de bom ou mau gosto, hierarquizando assim o campo da cultura. Os estudos culturais de Pierre Bourdieu são importantes para compreender as contradições e tensões existentes entre cultura popular e cultura erudita e a relação de dominação e de subordinação entre elas. Já para o filósofo Mikhail Bakhtin, os estudos culturais estão relacionados à cultura popular que é uma concepção de mundo baseada na vida cotidiana e, só adquire sentido nas manifestações e tradições populares e não no conceito de civilização e da arte cristalizada. A cultura para Bakhtin não é homogênea, assim como os povos também não o são. É mais do que isso. É um modo de vida, porém não idêntico a ela. São atitudes, valores e formas simbólicas compartilhadas. O filósofo aborda o caráter polifônico em que o diálogo nunca se conclui, porque há diversas linguagens interagindo e absorvendo diversas características culturais, signos e significados de cada povo que para alguns pensadores é denominado de hibridismo cultural ou multiculturalismo. A origem e o sentido da realidade como cultura para Bakhtin estão nas relações dos homens com a natureza e ocorrem pelo desejo, pelo trabalho e pela linguagem. Assim, Bakhtin constrói sua teoria de cultura a partir da teoria literária, em que ressalta as mais diversas manifestações sociais, das tradições eruditas a festas populares que aconteciam nas ruas e praças públicas na Europa desde o período medieval. Em suma, os estudos culturais apontados por Bourdieu e Bakhtin nos faz referenciar os elementos que Hélio Oiticica demonstrou em seus projetos e experimentos artísticos como no reconhecimento que espaços culturais é privilégio da elite. Assim propõe abolir a arte figurativa e contemplativa e cria uma arte que interaja com todos, como no projeto Éden, em que a proposta é a quebra das instâncias simbólicas de exclusão social, estabelecendo um diálogo polifônico, enfatizando o modo de ser e viver de grupos e indivíduos e não suas diferenças. As obras de Oiticica trazem à tona reflexão e crítica sobre os caminhos e descaminhos que a desigualdade social e desmerecimento da cultura popular integram uma proposta hegemônica e de soberania as classes que não possuem capital material e cultural. Sua arte contempla uma gama de experiências e vivenciais artísticas inspiradas no cotidiano, no sensorial, na cultura