Narrativas Contemporâneas

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É possível falar, viver, aprender, conviver com coisas que não existem? A princípio parece um tema intangível, mas quando nos aproximamos da questão, entende-se qual o propósito da 31ª edição da Bienal de São Paulo (2014). Este é um dos pontos inovadores desta edição, que pensou em discorrer sobre o mundo contemporâneo. Mundo em constante transformação, inovação - trabalho, modos de ser, de viver, estilos e na arte – e como vivenciá-los - pois velhas formas e costumes não se aplicam mais no mundo atual, e o novo ainda está sendo esboçado. Falar sobre coisas que não existem é falar sobre aquilo que muitas pessoas não conhecem, não vivenciam, não faz parte do cotidiano individual ou coletivo de outros, mas existe. O que é estranho ou desconhecido para um indivíduo, uma cultura pode ser habitual e pertencer à outra. Uma provocação poética que coordenadores, colaboradores, e curadores pretendem causar no público, ou seja, repensar os formatos de museus, centros culturais, bienais e dialogar com diferentes interlocutores sobre o papel da arte na sociedade. Outra proposta da 31ª bienal foi o processo de escolha da curadoria. Ao invés de um, cinco curadores foram escolhidos para discutir novas configurações. Uma curadoria coletiva. No final de 2012, a diretoria da fundação Bienal buscou dialogar com diretores de instituições, intelectuais e personalidades do circuito artístico nacional e internacional. Avaliaram o percurso de 14 profissionais, e destes, cinco receberam solicitação para o envio de seus projetos: Charles Esche, curador e escritor escocês, assumiu a curadoria geral, e a seu lado os curadores Pablo Lafuente e Nuria Enguita Mayo, (Espanha) e Galit Eilat e Oren Sagiv (Israel). A 31ª Bienal repensou e lançou um olhar renovado sobre sua história. Uma jornada exploratória de possibilidades por meio de projetos artísticos, palavras e ideias, discussões e performances enquanto durar no espaço expositivo, e que ecoe depois no dia a dia. Enfim, “dentro e em torno da 31ª Bienal, por meio do que são fundamentalmente atos artísticos da vontade, as coisas que não existem podem ser trazidas à existência e, assim, contribuir para uma visão diferente do mundo. É provável que seja este, no fim das contas, o potencial da arte”.


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