EDITORIAL
ARQcasa! Pois, Quem mora quer paz. Quem casa quer casa. Também quer quem descasa. Idem quem não casa ou recasa. Quem quer pouso quer teto. Quem casa quer sexo. E cada casa é um caso. E cada caso... um suspiro! Quem casa procria. E às vezes não. Muitas vezes muito. Casa, cama, comida e roupa lavada. Casa é abrigo com sombra e água fresca. Casa é de cachorro também. Casa Grande sem Senzala. E toda casa exala. Cada casa tem seu cheiro. Seu perfume. O nosso. Somos quantos? Muitos, mesmo quando um. Somos inúmeros. Vários. Casa é nosso centro. Nosso Norte, mesmo que no Sul. Nossa casa é o colo nosso de cada dia. Casa ampla, mesmo quando mínima. Claustro aberto. Casarão, Casebre, Casulo. Tanto faz. Templo do nosso tempo por aqui. E é só um ninho. Casa conosco.
Mas ainda antes disso diria, para os que não sabem, advertiria, sou canceriano, um legítimo e esse time, com esse assunto casa, se derrete. Perde um pouco a noção, se atrapalha, exagera. Esse quase sagrado tema: O Canceriano e a casa. Google e verá. Portanto peço um justo desconto á esse meu texto que derrapa no emocional, que se perde no filosófico. Que não se conclui nas generosas entrelinhas. As casas estão por aí. Por todo o canto. Já nem conto. O Chico é libriano, a balança, com essa eterna obsessão por equilíbrio, por perfeição, por significado. Dá no que dá. Casa é coisa séria. As nossas são também, mas são leves. Nas bancas, essa nossa novíssima: ARQcasa! Revista íntima! (Edição Especial)... Venerável público, é isso: Essa é nossa resposta horizontal para a tal ARQvertical, recente estrondo editorial dessa nossa Arqdonini multidirecional, que completou 25 anos agora. Escrevi sobre paisagem vertical nessa última e já sabia que viriam cobranças e a reboque faríamos essa extra, falando de nossas casas, ou de todas, das mais as menos conhecidas. Das desconhecidas e das que nem existem. Das que mais importam e todas elas importam. Só não tínhamos ainda a menor ideia de que essa onda toda nos daria esse tamanho prazer. Compilar é preciso. Viver é mais, mas é bem impreciso. Nem daria pra saber que uma revista assim ficaria tão bacana. Mesmo. Diria que é nosso universo horizontal dentro de um horizonte universal. Ou algo parecido. Morar é sempre subjetivo e o assunto é um tanto escorregadio. Pode-se dizer que isso tudo é parte de algo maior. Maior do que morar é existir e mais complexo que existir é co-existir. Nossas casas nos ajudam a existir com mais facilidade e liberdade. Nos ensinam co-existência. Horizontes e construções não nasceram juntos e não se entenderiam de pronto, pois dependem dessa intermediação que o projeto faz. Dependem de um namoro, de uma possibilidade real de encaixe, de organicidade. Pessoas precisam de tanta coisa, mas precisam antes de um teto, pra depois ganharem aconchego, enfim, pessoas precisam de tudo, mesmo quando isso tudo é bem pouco. Casas são lugares de afeto e não brotam sem carinho, sem fórmula mágica e sem foco. Não nascem sem plano e o plano tem que ser bom. Prédios são verticais, eretos, formais e casas se esparramam em libidinosa horizontalidade, se misturam com jardins, com bichos, com varais. É isso que fazemos, interpretação de necessidades, de vontades. Fazemos arranjos. Projeto é síntese de vida boa. Umas aqui, outras pra lá de acolá, pra bem longe, juntamos algumas. Casas nossas, ARQcasas vossas.
Na ARQvertical alinhavamos mais seriamente uma conversa necessária, direcionada ao nosso eterno parceiro herói/vilão, o imobiliário incompreendido mercado. O momento obrigou e foi ótimo. Desabafo oportuno e profundo. Exibicionismo ímpar através de nossos muitos prédios expostos com orgulho. Um ato de soberba justificado. Um tapa sem luva, mas com sinceridade. Ta lá, ta linda também, olhem depois quem não viu: https://issuu.com/ arqdonini-escritorio/docs/arqvertical E nessa ARQcasa, especial, a conversa é mais íntima, o buraco é mais em baixo, bem mais um bate-papo, quase um troca-troca. Traz idéias trançadas entre nossa produção geral e esse leque de casos especiais de casas legais. Traz casos, sempre secretos e especialíssimos de algum modo. Cada casa é um caso sério e não existe caso fácil, nem caso à toa. As fotos não mentem, dão conta de mostrar em cada projeto, dos mais aos menos frescos, que desenho bom não tem data, tem dote. Que saídas inéditas, às vezes, nem são notadas e pouco importa. Desses todos projetos não houve um, não tratado a pão de ló. Cada ninho é genuíno como são os nossos. São casulos tecidos com cuidado. Casas nos vêm sempre com demandas mil, com equações de vários graus, com dilemas cabeludos. Todas com questões complicadérrimas que no decorrer do projeto, o desenho se encarrega de simplificar e fazer desse emaranhado de problemas prévios, um apanhado de soluções originais legítimas. Das dificuldades iniciais, de fato, nunca mais ninguém fala. Assim é. O que fica é o acerto, os problemas somem, se enterram como as fundações, se evaporam naturalmente. Casas são motivo de orgulho para qualquer arquiteto e muito pelo que representam de acerto de ponteiros nas vidas de quem vai morar. Cada um se resolve e se desenvolve muito mais suavemente dentro de um novo espaço. Com maior ou com menor área, construída e ocupada, cada casa sempre abre mais espaço interno em cada ser. Casa garante expansão. Infla qualquer um. Casa bacana irradia vida. Casa bacana em geral tem gente bacana lá dentro e todas que mostramos protegem pessoas que gostamos muito. Quem quer casa, se casa com arquitetura e esse é o elo eterno que mais importa. Mesmo que em outro teto futuro, mesmo que sem qualquer teto, sob o céu, a experiência arquitetônica de quem encomenda e constrói junto um novo espaço pra viver é transformadora e é pra sempre. Só evolui. E assim, claro, evoluímos juntos, honrados com essa tarefa e iluminados pela satisfação de fazer parte dessa cadeia produtiva e amorosa. Arquitetura não se pratica só, não se ergue com poucas mãos, não se encerra em si. Depende de muito empenho, de muita vontade e de muito prazer. Portanto, esperamos que todos tenham igual ou ainda maior prazer em folhar mais uma de nossas revistas, ARQcasa. Abs. Marco Donini
CASA MORUMBI
SÃO PAULO
SP
2016
8
6
7
5 4 3
2
1
5
4
3
2
S
1
D
S
S
1
2
3
4
5
6
CASA JARDIM FRANÇA
SÃO PAULO
SP
2015
GAZEBO BANDEIRANTES
ITAMBARACÁ
PR
2016
PLANTA ESTRUTURAL
9
8
7
6
5
UP
1
2
3
4
5
6
7
UP
6
5
4
3
4 3 2 1
WANAKA LAKE
UP
8
10
9
1
1
2
2
3
4
4
3
2
1
5
WN
DO
RIVERSTONE HOUSE NZ 2008
SOLARIUM 383.94
SOLARIUM 383.94
B D
D
A
B B
S D
D S
B B
S
S
-
B
CASA LUZ
SÃO PAULO
SP
2013
D D
S
D S
D
PROJE´ O COBERTURA
S 1 2 3 4 5 6 7
CASA SANTIAGO
SÃO SEBASTIÃO
SP
2013
CASA VOLUNTÁRIO
SÃO JOAQUIM DA BARRA
SP
2013
FAZENDA DAS POSSES
SAPUCAÍ MIRIM
MG
2002
CASA PRINCIPAL
2002
D 17
16
15
14
13 12 11 10 9 8 7
2
3
4
5
6
PLANTA DO PAVIMENTO SUPERIOR
GALPÃO + HÓSPEDES
2006
VIVEIRO DE MUDAS
2010
CASA UNA
BARRA DO UNA
SP
2006
M.L.R.
1-
CONDOMÍNIO MANACÁ
BARRA DO UNA
SP
1999
CASA RUA 9
TAUBATÉ
SP
2005
S PROJ. PAV. TÉRREO
S
S
N
CASA MADALENA
SÃO PAULO
SP
2000
CASA ACÁCIAS
SÃO PAULO
SP
1997
CASA UNA 2
BARRA DO UNA
SP
2004
CASA PINHÃO
SANTO ANTÔNIO DO PINHAL
SP
2006
CASA DAS PEDRAS
ATIBAIA
SP
2001
CASA VELEIROS
IBIUNA
SP
1997
FICHA TÉCNICA ARQUITETURA
MARCO DONINI, CHICO ZELESNIKAR e EQUIPE ARQDONINI EDITOR FOTOGRAFIA
CHICO ZELESNIKAR REVISÃO DE TEXTO
CYNTHIA VASCONCELLOS
RUA GROENLÂNDIA 54 SÃO PAULO SP 01434000 tel. 55 11 3887 7866 arqdonini@arqdonini.com.br