CONSTRUINDOCIDADES SUSTENTÁVEIS
A Aplicação dos ODS e da Nova Agenda Urbana na Construção Civil
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC - SANTO AMARO
ARQUITETURA & URBANISMO
ESTUDOS SOCIAIS URBANOS - PRÁTICAS EXTENSIONISTAS
ANA JULIA FREIRE FIORDA
DIEGO GARDENAL DE CASTRO
DIOGO LIMA TEIXEIRA
FELIPE BARROS COSTA DA SILVA
HELENA LOMBARDO DE LIMA
ISABELLA MOSSO MARCINKEVICIUS
JOANA NEVES SAMPAIO
KETLYN REIS
LUCAS BARRETO DOS SANTOS
LUCIANO LEANDRO CORREIA
MARIA CLARA FERREIRA DA SILVA
MARIA LUÍSA MARTINS AMORIM
MYLENA PAVAN CARVALHO
NATHALIA DE SOUZA BERTTI
NUBIA MOTA YOKOTOBI
PEDRO HENRIQUE DE CARVALHO
RAFAEL FRANCISCO TURRI
RAISSA SILVA LIMA
RENAN BORGES MARTINS DA SILVA
SOPHIA ANTUNES DE ALMEIDA
YASMIN SILVA FREITAS
ORIENTADOR: RICARDO DUALDE
CONSTRUINDO CIDADES SUSTENTÁVEIS
A APLICAÇÃO DOS ODS E DA NOVA
AGENDA URBANA NA CONTRUÇÃO CIVIL
SÃO PAULO 2024
APRESENTAÇÃO
Estedocumentoéfrutodadisciplina"EstudosSociaisUrbanos-PráticasExtensionistas", desenvolvida no segundo semestre de 2024 como uma iniciativa acadêmica voltada à integração entre ensino, pesquisa e extensão. A cartilha busca conscientizar sobre a importância das práticas técnicas e profissionais na construção civil, em sintonia com os ObjetivosdeDesenvolvimentoSustentável(ODS)eaNovaAgendaUrbana(NAU).
Para compor este material, os alunos aplicaram uma abordagem prática, através de um questionário, e investigaram questões essenciais para o desenvolvimento urbano sustentável. O público-alvo, profissionais da construção civil, foi organizado em cinco grupos: planejamento e projeto, execução técnica, fornecimento e consultoria, agentes institucionais e ONGs, e profissionais de sustentabilidade. Cada segmento desempenha umpapelrelevantenaconstruçãodecidadesmaisinclusivasesustentáveis.
Com base nesse entendimento, os alunos formularam perguntas para os cinco grupos, abordando temas fundamentais dos ODS e da NAU. As perguntas buscam promover a reflexão sobre como cada área pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
Além das perguntas, a cartilha inclui estudos de caso que ilustram desafios e oportunidadesparaintegrarsustentabilidadenotrabalhocotidiano.Essescasosdestacam como os profissionais da construção civil podem incorporar inovação, criação e desenvolvimentotecnológicoemsuasatividades,reforçandoopapelsocialdoarquitetoe deoutrosprofissionaisnabuscaporcidadesmaisresilientes.
Em várias respostas, ainda que não de forma predominante, percebe-se a associação de práticas sustentáveis ao aumento de custos. A cartilha visa esclarecer essa percepção, demonstrando que o impacto das práticas sustentáveis deve ser considerado em uma perspectivadelongoprazo,valorizandoopapeldapesquisaeinovação.
Recentes eventos climáticos no Brasil e no mundo mostram que o controle total sobre as mudanças ambientais é um desafio. Porém, com informação e responsabilidade coletiva, épossívelavançarnadireçãodecidadesmaissustentáveiseinclusivas.
Boa leitura!
O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)? Como a sua profissão contribui para uma cidade melhor
Desafios para adoção de práticas sustentáveis no setor da construção
Materiais e técnicas sustentáveis: Como os projetos de construção podem ser mais responsáveis e acessíveis nesses meios?
O que é a Nova Agenda Urbana (NAU)?
Déficit Habitacional: Uma Realidade Marcante em São Paulo
Projeto e técnicas sustentáveis: Vantagens e economia
Disposições Finais
O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, são uma iniciativa global para transformar o mundo até 2030. Com 17 objetivos e 169 metas, os ODS buscam garantir o desenvolvimento econômico, social e ambiental de maneira sustentável, propondo mudanças significativas em áreas como saúde, educação, igualdadeeproteçãoaomeioambiente.
Esses objetivos envolvem toda a sociedade, incluindo profissionais da construção civil. Projetossustentáveisqueutilizamrecursosnaturaisdeformaconsciente,criamespaços inclusivosepromovemcidadesresilientes,queajudamaalcançarosODS.
ODS e a Construção Civil –O Papel de Cada Profissional
A construção civil é um setor importante para o desenvolvimento sustentável, e cada profissional desempenha um papel importante na aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde o arquiteto que projeta até o pedreiro que executa,todostêmopoderdetransformaroambienteconstruídodemaneiraresponsável esustentável.
ODS7:EnergiaAcessíveleLimpa
Eletricistaspodeminstalarsistemasdeenergiasolareoutrasfontes renováveis, ajudando a reduzir a dependência de energias poluentesetornandoasedificaçõesmaissustentáveis.
ODS9:Indústria,InovaçãoeInfraestrutura
Arquitetoseengenheirospodemprojetarcommateriaisinovadores e certificados, como madeira renovável, promovendo uma construçãomaisresponsávelecommenorimpactoambiental.
DS11:CidadeseComunidadesSustentáveis
Espaços inclusivos, acessíveis e seguros são parte desse objetivo. Profissionais podem priorizar materiais recicláveis e pensar em edificaçõesquerespeitemomeioambiente.
ODS12:ConsumoeProduçãoResponsáveis
Reduzir desperdícios e usar materiais de forma consciente são práticasaplicáveisatodosnaobra,daescolhadosmateriaispelos fornecedoresatéaexecuçãopelospedreiros.
ODS13:AçãoContraaMudançaGlobaldoClima
Planejar edifícios eficientes, que utilizem ventilação natural e materiaisdebaixaemissãodecarbono,éessencialparaminimizar oimpactoclimático.
A aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na construção civil é um caminho essencial para promover um futuro maisequilibrado,seguroeresponsável.
Com pequenas mudanças nas escolhas de materiais, nas técnicas de construção e nas práticas de projeto, cada profissional da construção civil contribui, para uma construção mais consciente e conectada com as necessidades do meio ambiente e da sociedade.
Projeto Canteiro Escola e sua Conexão com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O foco do Canteiro Escola é mobilizar a comunidadeacampadaemilitanteslocaispara colaborar na melhoria de suas próprias habitações. A ação é iniciada com um diagnóstico técnico e social feito em conjunto com as famílias da comuna, permitindo uma visão clara das condições de moradia e das carências em políticas públicas habitacionais. Dessa forma, criam-se estratégias sustentáveis e viáveis para a finalização e construção das casas, incorporando técnicas agroecológicas e respeitando o conhecimento tradicional. São utilizados materiais sustentáveis e de baixo custo, como terra crua, madeira e bambu, encontrados localmente, promovendo assim o desenvolvimento comunitário sustentável e o cumprimento dos ODS relacionados à habitação, trabalho decente, sustentabilidade ambientaleinovação.
IncorporarosODSaotrabalhonaconstrução civil não apenas melhora a qualidade dos projetos, mas também aumenta seu valor socialeeconômico.Aonoscomprometermos com a sustentabilidade, estamos construindo mais do que edifícios e infraestruturas, estamos construindo uma base para o bemestardaspróximasgerações.
Como
a sua profissão contribui para uma cidade melhor
Você já parou para pensar como o seu trabalho, aparentemente individual, se conecta com a vida de milhares de pessoas em sua cidade? Cada um de nós desempenha um papel fundamental naconstruçãodeumfuturomaissustentávelepróspero.
Devido a industrialização, o crescimento econômico e a urbanização acelerada fizeram com que a demanda na construção civil aumentasse nas últimas décadas, gerando grande impacto social, ambiental e sustentável. A forma como os recursos naturaissãogerenciados,ecomoseprojetaeinvesteaconstrução civil, considerando que é a principal responsável pelas modificaçõesnapaisagemnatural
Desperdício em obras
A construção civil consome de 40% a 75% dos recursos naturais utilizados no setor produtivo e é responsável por cerca de 50% dos resíduos sólidos urbanos.Conforme a Abrelpe(2014),noanode2014foicoletadonosmunicípiosbrasileiros,aproximadamente 45milhõesdetoneladasderesíduosdaconstruçãoedemolição. Issorepresentaum aumento de 4,1% em relação a 2013, não refletindo o total dos resíduos gerados, ou seja,quandoháplanejamentoinadequadodasconstruções,queissoacabaesgotandoos recursos, destruindo paisagens e aumentando a sua vulnerabilidade, causando impactos sonoros,visuaisepoluiçãodoar.
Conscientização Ambiental
Nos últimos anos, a conscientização ambiental cresceu devido a problemas como mudançasclimáticas,escassezderecursosedesmatamento,impulsionandoaadoçãode práticassustentáveisnaconstruçãocivil.Aconstruçãosustentávelbuscaumusoracional dos recursos naturais, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos, e exige métodos para avaliar o impacto ambiental das edificações. Esses métodos ajudam a definirmetasedemonstramaresponsabilidadedosetoremprotegeromeioambiente.O planejamento e a execução de projetos, bem como o fornecimento de materiais e consultoria, desempenham papéis essenciais na transformação das cidades, sendo crucial que esses processos estejam alinhados com a nova agenda urbana, promovendo umdesenvolvimentosustentáveleinclusivo.
Como você pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas áreas urbanas?
Planejamento Estratégico: Levantamento de necessidades locais,incluindoapopulaçãonoprocessodeplanejamento.
Execução Sustentável: deve focar na qualidade e no impacto ambiental, utilizando materiais que reduzam os danos ao meio ambiente, o desperdícios e aumentando a eficiência.
Fornecimento de Materiais de Construção: Valorizar a economia local, reduzir custos de transporte e utilizar materiaisecológicos.
Capacitação de Profissionais: Por meio de aprimoramento de técnicas dos trabalhadores e formar profissionais comprometidoscompráticassustentáveis.
Orientação Técnica: Realizando consultorias e análises especializadas oferecendo orientações que atendem às expectativas de sustentabilidade e qualidade. Garantindo quemetasalcançadas.
A execução e o planejamento de projetos, fornecimento de materiais e consultoria são essenciais para criar cidades mais justas e sustentáveis. Integrando esses processos à nova agenda urbana e com a colaboração de todos os envolvidos, é possível transformar as comunidadesemelhoraraqualidadedevida.
Conjunto Jardim Edite
A cidade de São Paulo, como muitas outras grandes metrópoles ao redor do mundo, enfrenta desafios significativos relacionados ao crescimento urbano desordenado, déficit habitacional e problemas de infraestrutura. Nesse cenário, iniciativas de habitação social sustentável vêm ganhando destaque como uma solução eficaz para melhorar a qualidade de vida das comunidadesdebaixarenda.
O Conjunto Habitacional Jardim Edite, localizado em uma área valorizada de São Paulo, é um marco na habitação social brasileira, transformando uma favela em um complexo moderno com moradias dignas, equipamentos públicos e áreas verdes. No entanto, a verticalização da área e a realocação de famílias geraram controvérsias, destacando as tensões entre desenvolvimento urbano e justiça social. O projeto, que incorpora práticas de sustentabilidade e acessibilidade, tornou-se um caso emblemático,tantopelasinovaçõesquantopelaspolêmicasquegerou.
Durabilidade e Sustentabilidade
O projeto também teve um enfoque claro na durabilidade das construções e no uso de materiais sustentáveis. Durante a fase de construção, foram adotados materiais de baixo impacto ambiental, como blocos de concreto reciclado e revestimentos com menor emissão de CO₂. Além disso, as técnicas de construção seguiram princípios que maximizam a durabilidade das edificações, reduzindo a necessidade de manutençãofrequenteegrandesreformasnofuturo.
Durabilidade e Sustentabilidade
Um dos maiores destaques do projeto é o seu foco em responsabilidade social. O Jardim Edite não apenas realocou moradores de uma área insalubre, mas também integrou a comunidade ao tecido urbano formal da cidade. O projeto incluiu equipamentos públicos e comerciais no térreo dos prédios, como creche, centro de capacitação profissional e unidades de saúde, promovendo a inclusão social e oferecendoserviçosessenciaispróximosàsmoradias.
Energia Sustentável e Eficiência Hídrica
Jardim Edite incorporou sistemas de energia sustentável,comopainéissolaresparaaquecimento de água, reduzindo o consumo de energia elétrica. Além disso, foi implementado um sistema de captaçãodeáguadachuvaparairrigaçãodasáreas verdes, contribuindo para a economia de água potável.
Desafios para adoção de práticas sustentáveis no setor da construção
Ao analisarmos as respostas obtidas em nossa pesquisa, pudemos identificar 4 conceitos recorrentes, os quais foram tomados como baliza paraaelaboraçãodenossaanálise.Porsetratar de uma pesquisa qualitativa, na qual os resultados não podem ser traduzidos exclusivamente em números e porcentagens, bem como onde a complexa subjetividade dos entrevistados tem papel crucial na elaboração de uma análise, parametrizamos nossa contagem a partir destes 4 conceitos aglutinadores. Sendo assim um único entrevistado pode apresentar até trêsconceitosemsua argumentação.
A
NÃO SEI
respostas inconclusivas, que escapam do escopo da pergunta
B CUSTO/ BENEFÍCIO
quando custos impedem os profissionais e clientes da construção de optarem por técnicas e materiais sustentáveis
Resultados
C
OFERTA/ DEMANDA
quando há dificuldade em encontrar profissionais especializados em técnicas e materiais sustentáveis no mercado
D MUDANÇA CULTURAL
quando o desafio é conscientizar e informar sobre a importância e vantagens da construção sustentável
O grupo A com 23%, B com 28%, C com 18%, e por fim, D com 31%, percebemos com que, embora equilibrados os resultados, Mudança Cultural 31% e Custo / Benefício 28% foram os maiores desafios encontrados por nossa amostra. Apesar de ainda necessários ajusteseaprofundamentosemnossaestratégiadeanálise,jápodemosapontar,por exemplo, que a minoria reconhece a oferta e demanda (18%) como um problema para o setor da construção civil em adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis de consumo.Eque,naoutraponta,encontramosaMudançacultural(31%)comooprincipal obstáculoparatanto,seguidapeloCusto/Benefício(28%).
Programas Habitacionais com potencial de solucionar problemas urbanísticos de São Paulo
Para solucionar o grave problema do déficit habitacional, o Programa Pode Entrar intenta garantir moradias de qualidade para pessoas de baixa renda. Para aumentar a oferta de imóveis habitacionais e estimular o reaproveitamento do estoque construído, o Programa Requalica Centro busca estimular a requalificação de prédios antigos da região central. Juntos estes programas da prefeitura de São Paulo apontam para uma solução dos problemas tanto da reocupação e democratização das áreas centrais, quanto da produção de moradia popular de qualidade que ofereça às pessoas de baixa renda acesso ao transporte, saneamento, educação, saúde e emprego. Recursos estes, tãoescassosnasperiferiaseabundantesnasregiõescentrais.
OsprogramasRequalificaCentroePodeEntrar,destacam-secomoestratégiaseficazes para promover a sustentabilidade urbana. Ambos os programas, ao requalificarem edificaçõesexistenteseociosasnasáreascentraisdacidade,contribuemparareduziro desperdício de materiais e ampliar a oferta de moradia digna para a população de baixa renda.
A requalificação do Edifício Prestes
Maia
Um caso emblemático e recente, que podefuncionar como um exemplo para nossa tese, é o do Edifício Preste Maia, que ca nos arredores da estação da Luz. Antes da reforma, o local já abrigava um movimento de moradores que não podiam arcar com habitações melhores e mais adequadas. A condição acordada entre a prefeitura e os moradores para que a reforma do edifício se desse, atrelava as famílias que ali já residiam à ocupação do edifício reformado, e proibia a concessão dos apartamentos ao setor privado.
Essa prática não só evita o desperdício oriundo da demolição, mas também maximiza os recursos financeiros e ambientais. Entretanto, a realidade atual evidencia desafios quantoàimplementaçãodessesprogramasnocontextodomercadoimobiliário.
A gentrificação das áreas centrais, impulsionada pela especulação imobiliária, reflete a apropriação elitizada doespaçourbano,tornandoocentroacessívelapenas à classe média alta e excluindo a população de baixa renda que mais se beneficiaria de moradias bem localizadas e com infraestrutura adequada. A exploração imobiliária em detrimento de interesses habitacionais sociais exacerba a desigualdade territorial e vai de encontro aos princípios de sustentabilidadeeinclusãosocialdefendidospeloODS 12. A exclusão social é alimentada também pela visão negativa de muitas pessoas sobre o centro da cidade, visto como uma área insegura e degradada, visão que precisa ser desconstruída por meio de campanhas de conscientização que destaquem o potencial de uma reabilitaçãourbanaseguraeinclusiva.
A especulação imobiliária cria um efeito semelhante na adoção de práticas de consumo responsável e uso de materiais sustentáveis. Ao se posicionarem como práticas exclusivas e de alto custo, essas soluções acabam sendo vistas como uma opção restrita às classes mais altas. Esse estereótipo precisa ser quebrado para que práticas sustentáveis sejam amplamente acessíveis e adotadas, independentedaclassesocial.
O desafio está em democratizar o acesso a essas práticas, transformando em uma realidade acessível e não em um nicho de mercado para poucos. Essa dinâmica ressalta a necessidade de acompanhamento rigoroso das políticas públicas e de uma atuação mais comprometida de profissionais de arquitetura e urbanismo, para garantir que os objetivos de sustentabilidade e inclusão social sejam efetivamente alcançados. É essencial que a sociedadeeopoderpúblicosemobilizempara transformarocentrourbanoetornaraspráticas sustentáveis acessíveis, promovendo, assim, um desenvolvimento inclusivo que atenda ao interesse coletivo e que caminhe rumo ao consumoeproduçãomaisresponsáveis.
Materiais e técnicas sustentáveis:
Como os projetos de construção podem ser mais responsáveis e acessíveis
nesses meios?
Ousodemateriaisetécnicassustentáveisnaconstruçãocivilvemganhando destaque como uma forma de promover responsabilidade ambiental e melhorar a acessibilidade em projetos arquitetônicos urbanos. Entretanto, apesar do aumento no conhecimento sobre essas práticas, ainda existe uma lacuna significativa entre conhecimentoeaplicação.
Neste capítulo, vamos explorar a importância da sustentabilidade na construção, a realidade do seu uso, exemplos de projetos bem-sucedidos e as oportunidades que ela ofereceparaumfuturomaisverdenascidades.
A importância de adotar materiais e técnicas sustentáveis
Os objetivos do ODS 12 falam sobre o uso eficiente dos recursos naturais, que trazem o incentivodareduçãodoconsumo,areciclagemeoreusodosmateriais.Aconstrução civiléumdossetoresquemaisconsomerecursosnaturaisegeraresíduos.Aadoçãode materiais e técnicas sustentáveis surge como uma resposta essencial para reduzir os impactosambientais,alémdepromovereconomiasfinanceirasemelhoraroconfortodas edificações.Entreosprincipaisbenefíciosestão:
Reduçãodedesperdícios:Técnicasmais eficientesdiminuemousoexcessivode materiaise,consequentemente,ageração deresíduos.
Eficiênciaenergética:Utilizaçãodesoluções comoiluminaçãoeventilaçãonaturalreduz oconsumodeenergiaelétrica.
Maior conforto térmico e acústico: Materiais sustentáveis muitas vezes melhoram o desempenhoclimáticodosambientes,tornando-osmaisagradáveisesaudáveis. Acessibilidadeeconômica:Emboraalgunsmateriaissustentáveispossamterumcusto inicial mais elevado, eles proporcionam economia a longo prazo, sendo uma opção viávelparaprojetosdediferentesescalaseorçamentos.
No agora!
Uma pesquisa realizada com profissionais de diversas áreas da construção civil, projeto e planejamento, técnicos de execução, fornecedores, participantes de ONGs e profissionais da sustentabilidade e inovação, mostrou que, embora muitos profissionais conheçam e apliquem técnicas sustentáveis, a maioria ainda não as vê como parte do cotidianodasconstruções.
35% Utilizamtécnicas sustentáveisregularmente.
Utilizamtécnicas sustentáveis esporadicamente.
Muitos dos entrevistados não levam em conta que, dentro da sustentabilidade, a questão social é essencial, logo materiais sustentáveis são aqueles que, além de reduzir ou até reverterdanosnomeioambiente,tambémsãoacessíveisparaaspessoas.
Partindodessepressuposto,éinteressantepensarquereinventarousodedeterminados materiais baratos e cotidianos, reutilizar e reciclar materiais e até usar materiais que reduzemgastoseimpactosambientaisalongoprazo,sãopráticassustentáveisemsi.
Durante a pesquisa, foi comum ver pessoas que usavam algumas dessas práticas, mas nãoasreconheciamcomosustentáveis.Essafaltadeconhecimentoesuaconexãocoma ausência da prática é um dos aspectos que influencia diretamente na na qualidade de vida nas cidades e nos traz a reflexão sobre formas de como a sustentabilidade poderia sermelhorintegradaàspráticascomuns.
No Cenário da Construção Civil e
Futuro da Sustentabilidade
Para que o uso de materiais sustentáveis se torne uma norma, é necessário que haja incentivos regulatórios e maior conscientização por parte de profissionais e consumidores.
O futuro da construção civil deve ser pautado pela responsabilidade com o meio ambiente e pela busca de soluções inovadoras que favoreçam tanto o ambiente urbano quantoseushabitantes.
Por que devemos intensificar o uso de práticas sustentáveis?
As práticas sustentáveis existem para promover umurbanismomaisequilibradoeresponsável.
A adoção em larga escala e a regulamentação delas, a longo prazo, nos ajuda a evitar desde situações críticas até problemas urbanos insistentementepresentesnonossocotidiano.
As enchentes, por exemplo, que frequentemente atingem grandes cidades, muitas vezes são causados pelo excesso de impermeabilização do solo e carência de áreas verdes, problemas que resolvem com uma transformação em nossa formadeverelidarcomomundo.
Sustentabilidade é só para quem pode pagar?
Não. Embora alguns materiais tenham um custo inicial mais elevado, eles proporcionam economiassignificativasalongoprazo.Aideia,noentanto,é,também,umamudançana lógica de construção: com projetos pensados seguindo uma lógica sustentável, os arquitetoseprojetistaspodemfazercomquemateriaisdebaixocustoedeusocotidiano sejam ressignificados e seus usos sejam transformados. Um bom exemplo é o Residencial Eldorado em Campo grande (MS), parte do programa Minha Casa, Minha Vida, que incorpora técnicas sustentáveis em moradias populares. A sustentabilidade podeedeveestarpresenteemprojetosdetodasasescalas.
O caminho para um futuro mais sustentável passa pela conscientização e pela prática. Com esses meios, podemos transformar a forma como construímos nossas cidades, criandoambientesmaisequilibrados,acessíveiseresponsáveis!
Projeto exemplar - Casa Vila Matilde
A Casa Vila Matilde, projetada em 2015 pelo escritório Terra e Tuma Arquitetos Associados, em São Paulo, é um exemplo icônico de como a sustentabilidade podeseraplicadadeformaeficienteeacessível,mesmocomorçamentorestrito.
O projeto foi desenvolvido para uma senhora idosa que vivia em uma casa em ruínas e tinha como desafios um terreno estreito com orçamento limitado. Mesmo assim, os arquitetos conseguiram criar uma solução sustentável edequalidade.
Foramadotadosalgunspontosqueforamessenciais paraasustentabilidadeeconfortodacasa,sendoeles:
Concretoaparente: Utilizadodeformaotimizada parareduzirdesperdícios
Iluminaçãonatural: Amplasaberturaspermitemque aluzdosolilumineosambientes.
Ventilaçãocruzada: Janelasestrategicamente posicionadasquepermitemacirculaçãonaturaldear
Telhadoverde: Auxilianoisolamentotérmicoda casaemelhoraomicroclima
Captaçãodeáguadachuva: Parareusoemcertas atividadescomolimpezaeirrigação.
O projeto da Casa Vila Matilde demonstra que é possível aplicar soluções sustentáveis com baixo custo, sem sacrificar a qualidade. O reconhecimento internacionalqueacasarecebeureforçaopotencialdeprojetossemelhantespara, também,outrasáreasurbanas.
O que é a Nova Agenda Urbana (NAU)?
Objetivos:
A Nova Agenda Urbana (NAU) é um documento global criado durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (HabitatIII),queocorreuemQuito,Equador,emoutubro de 2016. Seu objetivo principal é orientar o desenvolvimento urbano sustentável nos próximos 20 anos, promovendo cidades mais inclusivas, seguras, resilientesesustentáveis.
HabitaçãoAdequada:Garantiracessoàmoradiadignaeacessívelparatodos.
Infraestrutura Sustentável: Promover infraestrutura e serviços urbanos que sejam sustentáveiseacessíveis.
Cidades Inclusivas e Participativas: Fortalecer a governança e a participação comunitárianatomadadedecisõessobreodesenvolvimentourbano.
Economia Urbana Sustentável: Incentivar o crescimento econômico inclusivo, promovendoempregoseinvestimentossustentáveis.
ResiliênciaeSustentabilidadeAmbiental:Aumentararesiliênciadascidadesfrentea desastresnaturaisemudançasclimáticas,promovendoapreservaçãoambiental.
Sua Relação com as ODS
Tem forte relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente comaODS11-CidadeseComunidadesSustentáveis,quevisa"tornarascidadeseos assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis". No entanto, a NAU também tem conexões com outros ODS, já que os problemas urbanos abrangem váriasdimensõesdodesenvolvimentosustentável,como:
ODS 1 - Erradicação da Pobreza: A NAU busca reduzir a pobreza urbana por meio do acessoamoradiadignaeaodesenvolvimentoeconômicoinclusivo.
ODS 6 - Água Potável e Saneamento: Visa assegurar que toda a população urbana tenhaacessoaserviçosbásicos,comoáguaesaneamento.
ODS 13 - Ação contra a Mudança Global do Clima: Incentiva as cidades a adotarem práticasdeconstruçãoeurbanizaçãosustentáveisparamitigarosefeitosdasmudanças climáticas.
Épossívelpercebercomoessasiniciativassãoimportantes paraumamelhorconvivênciadocidadãocomacidadeque vive. Na cidade de São Paulo temos alguns exemplos modelo que aplicaram na prática a necessidade dessa melhoraderelação.
Em São Paulo, uma das formas de aproximar a cidade desses princípios é através da criação de parques e áreas verdes.Essesespaçossãofundamentaisnãoapenaspara melhorar a qualidade ambiental e combater as ilhas de calor, mas também para promover a inclusão social, oferecendo áreas de lazer e convivência para todas as comunidades. A expansão dos parques paulistanos, inspiradapelaNAU,podecontribuirsignificativamentepara uma cidade mais equilibrada, sustentável e saudável para seushabitantes.
Árvores do Campus da USP Butantã
A Nova Agenda Urbana (NAU) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) visam promover cidades inclusivas e sustentáveis, com diretrizes que fortalecem a inclusão e a proteção ambiental. Este estudo de caso explora como esses princípios, aplicados em projetos urbanos como parques e áreas verdes, podemtransformaroambienteurbanoebeneficiarapopulação.
Parque Linear Bruno Covas e a Nova Agenda Urbana
Localizado em uma das regiões mais urbanizadas de São Paulo, o Parque Linear Bruno Covas Novo Rio Pinheiros foi planejado para ser o maior parque linear da cidade, estendendo-se ao longo de toda a margemoestedorioPinheiros.Inauguradoem2022, o primeiro trecho de 8,2 km já oferece diversas atrações, incluindo ciclovias, playgrounds, áreas de piquenique e trilhas, buscando revitalizar a área e promoverousopúblico.
Apesar da sua longa extensão, os únicos acessos ao parque em que é possível chegar caminhando são pela Ponte Cidade Jardim e pela Ponte Laguna – distantes 6,2 km entresi,equivalentea1horaemeiaapé.Dessaforma,apesardeestarnamargemdo rio, só é possível acessar o parque em segurança caminhando cerca de 30 minutos –no caso da Peinha até a Ponte Laguna – e cerca de 1 hora, no caso do Real Parque e Jardim Panorama tanto para a Ponte Laguna quanto para a Ponte Cidade Jardim. Uma melhor facilidade de acesso ao parque, faria com que os moradores próximos utilizem no dia a dia, os moradores mais distantes aproveitem como o lazer e os turistas como umomaisnovopontoturísticodacidadedeSãoPaulo
O Parque Linear Bruno Covas Novo Rio Pinheiros exemplifica os princípios da Nova Agenda Urbana em São Paulo, promovendo desenvolvimento sustentável e inclusão social por meio de ciclovias, áreas de lazer e convivência. Para maximizar seus benefícios, é essencial ampliar a divulgação e melhorar o acesso, permitindo que mais pessoas usufruam desse ambiente mais saudável e inclusivo ao longodoRioPinheiros.
Déficit Habitacional: Uma Realidade Marcante em São Paulo
O déficit habitacional em São Paulo é um problema que afeta milharesdefamílias,especialmenteasdebaixarenda.Segundo dados recentes divulgados pela prefeitura, estima-se que o déficit habitacional na cidade de São Paulo seja de 400 mil moradias. Este déficit é agravado por fatores como a especulaçãoimobiliáriaeainsuficiênciadepolíticaspúblicasque ofereçam soluções habitacionais acessíveis. Muitos moradores, especialmente aqueles que pertencem a classes econômicas menos favorecidas, vivem em condições precárias, em favelas ou ocupações irregulares, em busca de um lugar para morar próximodoslocaisdetrabalho.Noentanto,devidoàcarênciade moradias acessíveis no centro expandido, eles acabam sendo empurrados para bairros distantes, aumentando os tempos de deslocamentoeocustodamobilidade.
O planejamento urbano de São Paulo historicamente priorizou o desenvolvimento de áreas centrais e o crescimento vertical, deixando as periferias com menos recursos e menos oportunidades de emprego e serviços essenciais. Esse planejamento deficiente criou uma concentração de empregos na região central, dificultando a vida de milhões de trabalhadoresquemoramnasextremidadesdacidade.Afaltadehabitaçãoacessívelnas áreas mais próximas ao centro obriga esses trabalhadores a fazerem longas viagens diariamente, enfrentando ônibus e trens lotados, além de congestionamentos constantes. Essarealidadeimpactanegativamenteotempodedescanso,lazereconvíviofamiliardos trabalhadorese,alongoprazo,refleteemseubem-estareprodutividade.
Mobilidade e o “Efeito Pêndulo”
A consequência do déficit habitacional e da concentração de empregos no centro é o chamado “efeito pêndulo”, que caracteriza o deslocamento diário e maciço da população das periferias para o centro da cidade e vice-versa. Esse fenômeno sobrecarrega o sistema de transporte público, principalmente em horários de pico, quando ônibus, trens e metrôs operam além de sua capacidade, resultando em desconforto e atrasos frequentes. Os trabalhadores que dependem desse transporte passam, em média, cerca de duas a três horas por dia no trajeto casa/trabalho, um tempo que poderia serinvestidoemoutrasatividades.
Esse longo deslocamento gera não só cansaço físico, mas também impacto financeiro, pois muitos trabalhadores gastam uma parte significativa de sua renda apenas com transporte.Alémdisso,oaumentodafrotadeveículosparticulares,comoalternativaao transporte público lotado, contribui para a poluição e o agravamento dos congestionamentos, fazendo com que a cidade de São Paulo figure entre as mais congestionadas do mundo. O tempo de deslocamento e o estresse diário devido às condições de transporte não apenas diminuem a qualidade de vida, mas também afetamasaúdementalefísicadostrabalhadores.
Perspectivas e Soluções para o Futuro
Para mitigar os efeitos do déficit habitacional e melhorar a mobilidade urbana, é fundamental que a cidadedeSãoPauloadoteumplanejamentourbano mais integrado, que considere a distribuição equitativadeempregosemoradias.Aconstruçãode habitações acessíveis nas áreas mais próximas ao centro, bem como a ampliação da infraestrutura de transporte nas periferias, são medidas essenciais. Alémdisso,iniciativascomoapromoçãodepolíticas de incentivo ao trabalho remoto, onde aplicável, e a descentralização de centros empresariais e de serviços podem contribuir para diminuir o fluxo de pessoas e aliviar a sobrecarga no sistema de transporte.
Case: Incorporadora Magik JC, Projeto Bem Viver
O projeto Bem Viver, desenvolvido pela Magik JC, surge como uma resposta direta aos desafios habitacionais e de mobilidade urbana enfrentados pela cidade de São Paulo. Inspirado pela necessidade de moradias acessíveis, próximas dos principais centros de trabalho e com infraestrutura completa, o projeto busca transformar a vida de seus moradores, oferecendo uma alternativa ao efeito pêndulo e melhorando a qualidade de vida nas áreas urbanas. Esse projeto inova ao focar em soluções que valorizam a proximidade e o bem-estar, proporcionando moradias que atendem as necessidades das famílias paulistanas e reduzem o tempo de deslocamento para o trabalho e o acesso a serviçosessenciais.
Uma das premissas do Bem Viver é oferecer moradia acessível e integrada, possibilitando que trabalhadores de diferentes faixas de renda possam viver em áreas com infraestrutura e serviços adequados. A proximidade com o centro da cidadeecomregiõeseconomicamentedinâmicasdiminuianecessidadedelongos deslocamentos, promovendo um estilo de vida mais equilibrado e sustentável. Além disso, o projeto investe na criação de espaços comunitários que incentivam a convivência e o fortalecimento do laço comunitário, promovendo uma vida mais participativaeinterativaparaseusmoradores.
Outro aspecto central do projeto é o seu foco em sustentabilidade e eficiência energética. Em alinhamentocomaNovaAgendaUrbana,oBemViver incorpora soluções ecológicas, como aproveitamento de energia solar e gestão eficiente de resíduos, que minimizam o impacto ambiental e reduzem os custos mensais dos moradores. Essas características fazem doprojetoumareferênciaemhabitaçãosustentávele acessível,umexemplodoqueSãoPauloprecisapara combater o déficit habitacional e melhorar a mobilidadeurbana.
Projeto e Técnicas Sustentáveis
Vantagens e Economia
As práticas sustentáveis estão mais presentes no dia a dia profissional do que imaginamos,easrespostasànossapesquisarevelamumfortecompromissocomomeio ambiente, descobrimos como iniciativas pequenas e grandes geram impactos significativoseinspiramaçõesnosetor.
O que encontramos é mais do que simples mudanças, 70% dos profissionais mencionaram estratégias desde a reutilização de materiais, economizando recursos ao transformarresíduos emnovas oportunidades, atéousodepainéis solares etecnologias de captação de água da chuva, que não apenas diminuem o consumo, mas também reduzemoscustosoperacionais.
Redução, Reuso e Reciclagem
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei n° 12.305/2010, busca promover a sustentabilidade na gestão de resíduos, estabelecendo diretrizes para que empresas, consumidores e governos compartilhem a responsabilidade pelo descarte e reaproveitamento de materiais. A PNRS incentiva práticas como reciclagem, reutilização e coleta seletiva, essenciais para o avanço da economiacircular.
A prática dos 3 Rs reduz o volume de resíduos, diminui a necessidade de novos recursos naturais e contribui para a conscientização do consumidor sobre o impacto ambiental de seus hábitos.
A Importância da Economia Circular
A economia circular é um modelo que propõe uma transição do sistema tradicional de “extrair, usar e descartar” para um ciclo fechado de materiais. Ao invés de produzir resíduos que acabam em aterros ou na natureza, os produtos e materiais são reaproveitados e devolvidos ao ciclo produtivo, reduzindo a necessidade deextrairnovosrecursos.
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem sido uma grande impulsionadora dessa pratica, estabelecendo regras para que empresas, consumidores e governo compartilhem a responsabilidade pela gestão de resíduos. Isso inclui desde o uso de embalagens recicláveis até a implementação de sistemas de coleta que permitem o descartecorretoeoreaproveitamentodosmateriais.
Devolvendo Produtos ao Ciclo de Vida
A adoção da economia circular promove uma produçãomaissustentável, protege os recursos naturais e diminui significativamente a quantidade de resíduos gerados.
Aindústriadaconstrução civil pode transformar restosdemateriais,como concreto e tijolos, em novoscomponentespara obras,economizandoem recursos e reduzindo o impactoambiental.
A logística reversa é um dos mecanismos mais inovadores e necessários para a sustentabilidade. Ela se refere ao processo pelo qual empresas assumem a responsabilidade pelo descarte de seus produtos após o uso, facilitando a devolução, coleta e reciclagem. Assim, ao invés de sobrecarregar o sistema de resíduos urbanos, produtos como eletrônicos, pilhas e até embalagens retornam para o fabricante ou para empresas especializadas em reciclagem.
A PNRS estabelece a obrigatoriedade da logística reversa para vários setores, exigindo que indústrias, distribuidores e comerciantes desenvolvam estruturas de coleta para que os consumidores possamdevolveritenspós-consumodeformasegura esustentável.
Programa Hortas Urbanas: Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS)
É uma iniciativa que visa promover a sustentabilidade nas áreas urbanas por meio do incentivo à criação de hortas comunitárias. Focado na saúde, no meio ambiente e na qualidade de vida, o programa tem como objetivo integrar o cultivo de alimentos com práticasdeconvivênciacomunitáriaeeducaçãoambiental.Ashortasurbanas,quepodem serimplantadasemterrenospúblicoseprivados,sãoumaformadefomentaraprodução local de alimentos saudáveis e reduzir o impacto ambiental das grandes cadeias de distribuiçãoalimentares.
Incentivar a criação de áreas verdes nas cidades, especialmente em espaçossubutilizados.
Promover a conscientização ambiental e a sustentabilidade por meio da agriculturaurbana.
Fomentar a economia circular através do uso de compostagem, da reciclagemderesíduosedoaproveitamentodemateriaisrecicláveis.
O Programa Ambientes Verdes e Saudáveis está diretamente alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, que visa garantir padrões de consumo e produção sustentáveis. O ODS 12 propõe uma mudança nas práticas de consumo e produção, com o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos, otimizar os recursos naturais e promover práticas de produção responsáveis e sustentáveis.
Ao aplicar essas práticas no contexto urbano, o PAVS não só contribui para a segurança alimentar e a melhoria da saúde, mas também para o consumo responsável e a preservação dos recursos naturais, pilaresessenciaisdoODS12.Dessaforma,oprograma se torna um modelo de como ações locais e comunitárias podem impactar positivamente a sustentabilidade global, promovendo um futuro mais equilibradoesustentávelparatodos.
Disposições Finais
A construção civil é uma das indústrias de maior impacto ambiental, consumindo grandesvolumesderecursosnaturaisegerandoresíduos.Porisso,éessencialque os profissionais do setor busquem aplicar métodos e técnicas de construção e consumo mais sustentáveis. Com uma população consciente e bem-informada, é possível construir cidades resilientes e adaptadas às mudanças climáticas. Para tanto, é fundamental que todos compreendam que a adoção de práticas sustentáveis não se limita à construção civil, mas sim à todas as esferas de produçãoeconsumo.
Durante a análise de nossa pesquisa e consequente produção desta cartilha, foi evidenciando-se que o setor de produção da construção civil no Brasil possui a capacidade de implementar as medidas propostas pela ONU através das Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da Nova Agenda Urbana (NAU); e assim tornar-se uma força propulsora para a transformação social, ambiental e econômica do mundo da produção. Projetos que utilizam materiais ecológicos, implementam técnicassustentáveisdemanejoereaproveitamentoderecursosepriorizamobemestar das pessoas, destacam-se não apenas pela inovação, mas também pelo compromissocomumfuturosustentável.
Nesse sentido, esperamos que nossa cartilha ajude todos os profissionais envolvidos nos processos da construção civil a compreender melhor os desafios, masprincipalmenteasoportunidadesqueosetorenfrentanessemomentohistórico.
Para nós, fica a lição de que para efetivamente implementarmos as ODS da ONU, mudanças de paradigmas culturais, transformações nos processos de trabalho e conscientização dos profissionais e consumidores é a abordagem necessária para alcançarmos os impactos positivos desejados para o nosso setor. Uma abordagem colaborativa aliada à uma projeção de médio e longo prazos são fundamentais para essa mudança de paradigma. Uma visão de produção em que a sustentabilidade, a responsabilidade social e a inovação caminham juntas para atender às demandas deumdesenvolvimentojustoparaaspessoasesaudávelparatodooplaneta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRUPO 1
INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – DEPARTAMENTO SÃO PAULO. Curso
Canteiro Escola na Comuna da Terra Irmã Alberta. Disponível em: https://www.iabsp.org.br/?noticias=curso-canteiro-escola-na-comuna-da-terrairma-alberta.Acessoem:15out.2024.
ONUBrasil.ObjetivosdeDesenvolvimentoSustentável(ODS)|AsNaçõesUnidas no Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 29 out. 2024.
Pacto Global. ODS e Agenda 2030. Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/ods-e-agenda-2030/.Acessoem:29out.2024. Green Building Council Brasil. Como as construções sustentáveis contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Disponível em: https://www.gbcbrasil.org.br/como-as-construcoes-sustentaveis-contribuempara-osobjetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/. Acesso em: 29 out. 2024.
CAVALCANTI, Camila H. de Paula; KALIF, Karen A. Kombi. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e governança: limites e possibilidades de uma agenda ambiental global. Ambiente & Sociedade, v. 21, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/asoc/a/pnd6MjSTBH369DJyw9Y7RcM/format=pdf&lang=p t.Acessoem:27out.2024.
GRUPO 2
https://capital.sp.gov.br/web/habitacao/w/noticias/122#:~:text=Em%20fevereiro %20de%202009%2C%20motivada,quais%20a%20do%20Jardim%20Edite.
https://caosplanejado.com/a-nova-habitacao-social-jardim-edite-e-outros-casosde-sucesso/. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://eventos.ufu.br/sites/eventos.ufu.br/files/documentos/111_elementos_de _integracao_103_0.pdf. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://liasoaresfarias.wixsite.com/projetodeurbanismo1/post/tp-3-estudo-decaso-jardim-edite. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://www.engenhariaearquitetura.com.br/2023/09/ferramenta-e-poucoutilizada-no-brasil. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.184/5724. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/217residuossolidos-urbanos-no-brasil-desafios-tecnologicos-politicos-e-economicos. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://portal.unila.edu.br/noticias/construcoessustentaveis#:~:text=A%20constr u%C3%A7%C3%A3o%20civil%20%C3%A9%20um,de%2030%25%20do%20lixo%2 0s%C3%B3lido. Acesso em: 22 de out. 2024.
https://tribunadonorte.com.br/economia/construcao-civil-usa-75-dos-recursos/. Acesso em: 22 de out. 2024.
GRUPO 3
LEI Nº 17.577 DE 20 DE JULHO DE 2021 « Catálogo de Legislação Municipal (prefeitura.sp.gov.br).Acessoem:07denov.2024.
Entenda o que é “retrofit”, ação que está revitalizando o Centro de São PauloSubprefeitura-Sé-Prefeitura(capital.sp.gov.br).Acessoem:07denov.2024.
Acertos e contradições no retrofit dos centros urbanos: o caso de São Paulo (archdaily.com.br).Acessoem:07denov.2024.
Retrofit:prédiosantigosdoCentrodeSãoPaulosãorevitalizados(uol.com.br) COHAB-SP—ProgramaPodeEntrar.Acessoem:07denov.2024.
SP: conheça o retrofit do Prestes Maia, maior ocupação vertical do país | Metrópoles(metropoles.com).Acessoem:07denov.2024.
Acertos e contradições no retrofit dos centros urbanos: o caso de São Paulo | ArchDailyBrasil.Acessoem:07denov.2024.
Prefeitura aprova projeto para transformar o Edifício Taquari em um prédio residencial - Subprefeitura - Sé - Prefeitura (capital.sp.gov.br). Acesso em: 07 de nov.2024.
Aprovado primeiro projeto de retrofit do Todos Pelo Centro - Casa CivilPrefeitura(capital.sp.gov.br).Acessoem:07denov.2024.
Prefeitura de São Paulo sanciona lei que propõe incentivos fiscais para retrofit de prédios antigos da região central - Prefeitura de São Paulo - Prefeitura (capital.sp.gov.br).Acessoem:07denov.2024.
GRUPO 4
https://www.istockphoto.com/br
https://terraetuma.com/portfolio/casa-vila-matilde/
https://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tumaarquitetos
https://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2017/02/Guia-Sustentabilidadena-Arquitetura.pdf
GRUPO 5
https://caosplanejado.com/parque-linear-bruno-covas/.Acessoem:3nov.2024.
https://capital.sp.gov.br/w/noticia/cidade-ganhara-parque-bruno-covas-2013novo-riopinheiros-na-zona-sul.Acessoem:3nov.2024.
https://aun.webhostusp.sti.usp.br/index.php/2022/11/24/arborizacao-na-cidadede-sao-paulo-denuncia-processo-de-conurbacao-desenfreada-e-semplanejamento/ContribuiçõesgeográficassobreaImplantaçãodoParqueLinear Novo Rio Pinheiros / Bruno Covas (SP) (2022) - Meirelles, Fernando Ribeiro; Rocha,YuriTavares(Orientador).Acessoem:3nov.2024.
https://brasil.un.org/pt-br/214756-onu-habitat-lan%C3%A7a-nova-agendaurbana-ilustrada-em-portugu%C3%Aas.Acessoem:3nov.2024.
https://www.archdaily.com.br/br/tag/nova-agenda-urbana. Acesso em: 3 nov. 2024.
GRUPO 6
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU-Habitat lança Nova Agenda Urbana ilustrada em português. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/214756-onuhabitat-lan%C3%A7anova-agenda-urbana-ilustrada-emportugu%C3%AAs. Acesso em:5nov.2024.
G1. Cidade de SP tem déficit de 400 mil moradias; até junho deste ano, prefeitura bateu 42% da meta de entregar 49 mil casas. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/saopaulo/noticia/2023/12/11/cidade-de-sp-temdeficitde-400-mil-moradias-ate-junho-deste-ano-prefeitura-bateu-42percentda-metade-entregar-49-milcasas.ghtml.Acessoem:5nov.2024.
REDE NOSSA SÃO
PAULO. Tempo de deslocamento na cidade de São Paulo aumenta, chega a 2h26 por dia e atinge nível pré-pandemia. Disponível em: https://www.nossasaopaulo.org.br/2023/09/26/tempo-dedeslocamento-nacidade-de-sao-paulo-aumenta-chega-a-2h26-por-dia-eatinge-nivel prepandemia/#:~:text=O%20tempo%20m%C3%A9dio%20de%20deslocamento %20das%20pessoas%20que%20u
sam%20autom%C3%B3veis,de%20transporte%20p%C3%BAblico%2C%20 de%202h23.&text=Segundo%20a %20pesquisa%2C%20mais%20pessoas,para%2041%25%2C%20em%2020 23. Acessoem:5nov.2024.
MAGIK JC. Magik JC Incorporadora e Construtora. Disponível em: https://magikjc.com.br/.Acessoem:5nov.2024.
GRUPO 7
Brasil. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12305.htm. Acessoem:20/10/2024.
ONU Brasil. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs.Acessoem:20/10/24.
Ellen MacArthur Foundation. O que é economia circular? Disponível em: https://ellenmacarthurfoundation.org/topics/circular-economyintroduction/overview.Acessoem:13/10/2024.
Ministério do Meio Ambiente (MMA). Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agenda-ambientalurbana/residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos. Acesso em: 20/10/2024.
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem. Relatório Anual 2023: Desempenho e Perspectivas da Reciclagem no Brasil. São Paulo: Cempre, 2023. Disponívelem:https://cempre.org.br/relatorios.Acessoem:30out.2024.
REVISTA MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL. Logística reversa e sustentabilidade: Aplicações na construção civil. São Paulo: Revista Meio Ambiente Industrial, ed. 143,p.38-45,2023.Disponívelem:Acessoem:30out.2024.
https://meioambienteindustrial.com.br.Acessoem:30out.2024.