LAR2024_Parque Jurubatuba

Page 1


LABORATÓRIO DE ARQUITETURA RESPONSÁVEL

Urbanismo Social e paisagem revisitada Parque Jurubatuba

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha Catalográfica produzida pelo autor

LAR, Equipe

Laboratório de Arquitetura Responsável - LAR / Equipe LAR - São Paulo (SP), 2024

31f.: il. color.

Orientador(a): Marcella de Moraes Ocke Mussnich, Valéria dos Santos Fialho

Projeto (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2024

.

Reocupa LAR, extensão universitária, espaços públicos I. de Moraes Ocke Mussnich, Marcella (Orient.), II. dos Santos Fialho, Valéria (Orient.) III. Urbanismo Social e paisagem revisitada - Parque Jurubatuba

FICHA TÉCNICA

© CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

COORDENAÇÃO BACHARELADO EM

ARQUITETURA E URBANISMO

Valéria Cássia dos Santos Fialho

COORDENAÇÃO PROJETO LAR – LABORATÓRIO DE ARQUITETURA RESPONSÁVEL

Marcella de Moraes Ocke Mussnich

ALUNOS PARTICIPANTES

Barbara Matos Rocha

Beatriz Pereira Costa

João Pedro Pugliesi Câmara

Julia Vitoria Chinchilha Sanches Alves

Marília Eduarda da Silva Maciel

Vitória Cortez Afonso

EDITORAÇÃO, PROJETO GRÁFICO E CAPA

Eduardo Feitosa dos Santos

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Centro Universitário SENAC pelo apoio ao desenvolvimento desta pesquisa.

À Professora Ms. Marcella Ocke que nos orientou e acompanhou este trabalho, nos incentivando e compartilhando experiências e conhecimento.

À Professora Dra. Valéria Fialho e Coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo pelo suporte ao projeto e à Coordenação de Projetos de Extensão Universitária pelo apoio e acompanhamento no desenvolvimento desta atividade.

Aos membros do grupo Parque Jurubatuba pelo estímulo à pesquisa sobre a área, às informações compartilhadas e ao desejo comum em preservar e transformar em parque uma área importante da Cidade de São Paulo.

APRESENTAÇÃO

O Senac acredita no poder transformador da educação e na relação ensino, pesquisa e extensão. Dentro deste contexto, o Projeto de Extensão Universitária é um conjunto de ações, com duração determinada, de caráter educativo, social, tecnológico, artístico ou científico, com o objetivo específico a curto e médio prazo, que visa fomentar a relação entre a teoria e a prática, envolvendo comunidade acadêmica e sociedade.

Em 2024 celebramos os 10 anos do projeto com o tema LAR 10 ANOS: Urbanismo Social e Paisagem Revisitada que propôs revisitar o território do entorno do Campus Santo Amaro do Centro Universitário Senac pesquisando as transformações ocorridas na área nesse período e identificando possibilidades de diálogo com a comunidade da região a fim de repensar os espaços urbanos para uma convivência segura, um espaço urbano mais inclusivo e sustentável.

Antes de apresentar a proposta 2024 apresentaremos um breve panorama das ações realizadas nestes 10 nos de projeto.

O primeiro LAR ocorreu em 2014 com estudos e análises para requalificação do Eixo Histórico de Santo Amaro e apresentou levantamento histórico da região, problemas e potencialidades para possíveis intervenções urbanas na área.

Em 2015 a parceria do Projeto LAR foi com a Organização Não Governamental (ONG) TETO que atua na América Latina e no Caribe com a construção coletiva de residências emergenciais juntamente com voluntários e com as próprias famílias que vivem em condições de estrema pobreza em áreas vulneráveis de grandes centros metropolitanos.

No biênio 2016/2017 o LAR trabalhou com problemas urbanos e paisagísticos relativos à requalificação de espaços públicos especificamente no entorno do Campus Santo Amaro do Centro Universitário Senac respondendo à demanda, que partiu não apenas do alunado, mas também da direção da instituição.

Em 2018/2019 a submissão e aprovação do Projeto de Extensão Universitária ARCO (que estudava o PIU Arco Jurubatuba) viabilizou o trabalho conjunto dos dois projetos LAR + ARCO. A Equipe do Projeto LAR realizou pesquisas e análises no entorno do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, investigando problemas e potencialidades da região e a equipe do Projeto ARCO desenvolveu duas maquetes e em escalas e de áreas distintas do local de estudo e com a técnica da “Projeção Mapeada” montou dois vídeos que apresentam o resultado do trabalho no biênio 18/19.

O LAR 2020 – CIDADE PARA TODOS avaliou todo o histórico do projeto LAR e considerou o contexto daquele ano, no qual mais da metade da população mundial vivia em cidades para submeter suas atividades. A ideia inicial era discutir sobre como pensar uma cidade para todos para que pudéssemos ter melhores condições de habitabilidade nos centros urbanos. As atividades presenciais iniciaram em fevereiro de 2020 com discussões sobre as cidades e especificamente a região do Arco Jurubatuba onde a área de estudos estava inserida.

Em meados de março daquele ano com a pandemia da Covid-19 e o solamento social o projeto inicial foi reestruturado com a produção de posts e stories para as mídias sociais que reforçavam a importância da convivência nos espaços públicos, mas que evidenciassem a necessidade do isolamento social. Além disso, foram elaboradas colagens especulativas com as possibilidades de retomada do uso dos espaços pós pandemia.

Com a continuidade da pandemia, mas com a perspectiva de um retorno gradual das atividades presenciais o projeto LAR 2021 propôs repensar a ocupação dos espaços do Centro Universitário Senac: espaços expositivos, praças do Campus, jardins internos

As propostas foram desenvolvidas com base em parâmetros de estruturas efêmeras e fáceis de montar e desmontar que pudessem oferecer novas possibilidade de apropriação espacial do campus em pequenos grupos de estudo e atividades.

Em meados de 2021 a equipe LAR tomou conhecimento de comunidades em situação de vulnerabilidade social que poderiam ser beneficiadas com a parceria da academia para pensar de forma coletiva e participativa soluções ligadas à permacultura, bioarquitetura e saneamento básico (banheiro seco).

Essa aproximação foi intermediada pelo Instituto Caça Fome que nasceu em abril de 2020 com uma campanha emergencial para socorrer famílias em situação de risco através da distribuição de cestas básicas emergenciais. A situação das comunidades parceiras apresentavam urgência sanitária e ambiental que era a não existência de banheiros dentro das residências fazendo com que as pessoas usassem rios para banhos e local para suas necessidades fisiológicas.

Assim, o LAR 2022 – Viver em Comunidade desenvolveu a proposta de um modelo de banheiro seco baseado em bioconstrução que poderia ser incorporado dentro ou fora das edificações existentes e os dejetos coletados poderiam se transformar em adubos para hortas domiciliares.

INTRODUÇÃO

Em 2023 o foco foram os vazios alimentares e as hortas urbanas que vinham crescendo nas cidades. E a proposta Inclusão, Convivência e Sustentabilidade concebeu a horta urbana como o elemento que poderia ser o foco de uma requalificação urbana incluindo as pessoas de uma determinada comunidade, possibilitando uma convivência harmônica no espaço público e com uma proposta sustentável de horta modular que poderia ser implantada em qualquer área pública com reaproveitamento de materiais e módulos intercambiáveis com layouts diferenciados

Em 2024, com a celebração de 10 anos de projeto entendemos a necessidade de voltar a olhar o território do Campus Santo Amaro e compreender esse local como não só espaço de trabalho e educação, mas sim como um espaço aberto à comunidade local com possibilidades de permanência em áreas de lazer, práticas esportivas e culturais, enfim, um espaço privado, mas de uso público e aberto à comunidade local,

As atividades anuais foram divididas em duas frentes diferenciadas: no primeiro semestre do ano a equipe LAR se dedicou a pesquisar um trecho do Plano de Intervenção Urbana (PIU) Jurubatuba, local bastante próximo ao Campus, e que está no cerne de uma discussão urbana com a proposta da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) de Prolongamento de uma das importantes vias de fluxo da cidade,

Estes 8 km de via seriam implantados em área determinada legalmente como ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental) tanto na Lei de Uso e Ocupação do Solo (LPUOS) quanto no próprio PIU Jurubatuba.

O instrumento urbano do PIU considerava a área deestudos como local destinado a um Parque Urbano. Como comunidade acadêmica e com o desenvolvimento de atividades projetuais no Bacharelado em arquitetura e Urbanismo nessa área de estudos a Equipe LAR sentiu a necessidade de avaliar as propostas e identificar aspectos positivos e negativos tanto do prolongamento da Marginal, quanto da criação de um parque urbano.

No segundo semestre, a equipe LAR participou de uma Oficina de Paisagismo Ecológico e estudou a área do Campus Santo Amaro a partir da sua localização geográfica no contexto das bacias hidrográficas a fim de compreender questões de drenagem urbana e propor possíveis intervenções para mitigar problemas de alagamentos e drenagem urbana. Dentro desse estudo de macrodrenagem a equipe participou do projeto e implantação de uma tipologia de infraestrutura verde que foi um pequeno pilo te Jardim de Chuva dentro do Centro Universitário.

Como são duas frentes diferentes de trabalho, este caderno está dividido em dois volumes e neste volume 1 apresentaremos os estudos do Parque Jurubatuba X prolongamento da Marginal Pinheiros.

O Projeto de Extensão Universitária LAR –Laboratório de Arquitetura Responsável existe desde 2014 e, a cada ano realiza atividades de pesquisa relacionadas com a paisagem urbana, arquitetura do edifício e design por vezes articulados às comunidades ou Organizações Não Governamentais (ONGs) ou o Poder Público.

A proposta para 2024 intitulada “LAR 10 ANOS –Urbanismo Social e paisagem revisitada” celebra estes dez anos de atividade e propõe revisitar o território do entorno do Campus Santo Amaro do Centro Universitário Senac pesquisando as transformações ocorridas na área neste período e identificando possibilidades de diálogo com a comunidade da região do entorno do Campus a fim de repensar os espaços urbanos para uma convivência segura, um espaço urbano mais inclusivo e sustentável.

No primeiro semestre do ano a equipe LAR se dedicou a pesquisar um trecho do Plano de Intervenção Urbana (PIU) Jurubatuba, local bastante próximo ao Campus, e que está no cerne de uma discussão urbana com a proposta da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) de Prolongamento de uma das importantes vias de fluxo da cidade, a Marginal do Rio Pinheiros.

O prolongamento da via é justificado pela PMSP pela necessidade de melhorar a mobilidade urbana na Zona Sul da cidade, muito embora reforce o modelo rodoviarista implantado em grandes centros urbanos e favoreça o transporte individual motorizado.

Além destes aspectos, a via seria implantada em área determinada legalmente como ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental) tanto na Lei de Uso e Ocupação do Solo (LPUOS) quanto no próprio PIU Jurubatuba. O instrumento urbano do PIU considerava a área de estudos com uma proposta de Parque Urbano.

Esta diretriz de Parque Urbano tem sido desenvolvida através de propostas de projetos de arquitetura da paisagem desde 2013 no Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo e na Pós-graduação em Arquitetura da Paisagem do Centro Universitário Senac que, além de considerar o Zoneamento local (ZEPAM) identificou a enorme potencialidade da área como Parque; e entende este local como parte de um Sistema de Espaços Livres (SEL) dentro do PIU Jurubatuba.

Para identificar os prós e contras deste projeto, a equipe LAR realizou um levantamento histórico do local seguido do levantamento da legislação vigente para área e depois analisou a proposta de prolongamento da via Marginal e as possíveis propostas da implantação de Parque Urbano na região desenvolvidas nos cursos supracitados.

01 CAPÍTULO

HISTÓRICO DO LOCAL

Fonte: https://www.guarapiranga.org/historia

A área da possível criação do Parque Jurubatuba em conflito com o prolongamento da Marginal Pinheiros está inserida na Zona Sul de São Paulo no distrito da Capela do Socorro administrado pela Subprefeitura de mesmo nome. O interesse pela Capela do Socorro aconteceu nas primeiras décadas do séc. XX, após a construção da Barragem Light em 1907. Após 20 anos, alguns loteamentos residenciais surgiram na porção norte do distrito.

Em 1940 começaram a surgir em Santo Amaro loteamentos industriais, e a população achou mais acessível morar na Capela do Socorro. Nas décadas de 50 e 60, São Paulo passa pelo processo de expansão industrial e o número de estabelecimentos comerciais ao longo do canal do Rio Jurubatuba cresce e a região passa a acomodar parte do crescimento urbano, porém a região próxima ao rio continua sem ocupação.

https://www.saopauloinfoco.com.br

Imagem 2: Represa de Santo Amaro, 1926 Fonte:
Imagem 1: Guarapiranga em 1907

Em 1975, a região passa a ser legalmente subordinada à lei de proteção de mananciais e à legislação de zoneamento industrial, no entanto, o distrito continuou sendo urbanizado, mas a área de estudo dessa pesquisa continuou sem ocupação. E mesmo nos anos 2000, com uma expressiva expansão urbana, a área próxima ao rio foi especificada como ZEPAM pela LPUOS.

Imagem 2: Largo do Socorro em 1936 Fonte: https://www.saopauloinfoco.com.br

Fonte: https://www.saopauloinfoco.com.br

Conforme estabelece o PDE - Lei 16.050/2014 – o município de São Paulo está dividido em duas grandes macrozonas para toda a cidade de São Paulo: uma denominada Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e outra denominada Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental.

Imagem 3: Alameda Santo Amaro, 1936

Imagem 5: mapa de 1988 (área de estudos em vermelho) Fonte: https://geosampa.prefeitura.sp.gov.br

Imagem 6: mapa de 2020 Fonte: https://geosampa.prefeitura.sp.gov.br

A área de estudos está na primeira macrozona que se caracteriza pela existência de vias estruturais, sistema ferroviário e rodovias que articulam diferentes municípios e polos de empregos da Região Metropolitana de São Paulo, onde se verificam processos de transformação econômica e de padrões de uso e ocupação do solo, com a necessidade de equilíbrio na relação entre emprego e moradia.

O local é marcado por diversos cursos d’água, chamando mais atenção aos afluentes do Rio Guarapiranga e ligada diretamente à área de estudo, sendo o Rio Jurubatuba, afluente do Rio Pinheiros. Outro fator importante registrado por mapas digitais é que o local conta com extensas áreas alagáveis registrando a antiga várzea do rio antes da sua canalização e retificação.

A área apresenta baixa e média para alta cobertura arbórea, arbóreo-arbustiva (focos de árvores e arbustos) e/ ou arborescente, vegetação herbácea-arbustiva (focos de arbustos e plantas pequeno porte) além de locais específicos de média e alta cobertura arbórea.

Imagem 7: vista aérea do entorno de Jurubatuba fonte https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/

Em termos de mobilidade, diversas propostas de leito carroçável foram feitas em 2017 com alternativas dadas pelo PDE para melhorar a região. Nestas melhorias são citadas conexões viárias, como a Conexão Avenida Atlântica e a Marginal Pinheiros, dando maior mobilidade para região do Bairro de Veleiros, locais estes com bastante afinidade com a área de estudo. O próprio PIU Jurubatuba traça algumas diretrizes de conexão como possíveis alternativas para o sistema viário. A malha cicloviária não se estende até a área de estudos, terminando no sentido bairro na Ponte do Socorro, e continuando no sentido centro ao longo da malha sob trilhos.

A área de estudos é dotada de mobilidade sob trilhos estando próxima a uma linha de trem (Linha 9 Esmeralda) e a uma linha de metrô (Linha 5-Lilás), e o prolongamento na Marginal não estabelece nenhuma conexão com essa teia de mobilidade o que possibilitaria o compartilhamento transporte público, ciclista e pedestre. E ainda poderia ter alguma conexão com o ônibus aquático que iniciou funcionamento em meados de 2024 percorrendo um caminho de 15 quilômetros de transporte público.

02 CAPÍTULO

PIU JURUBATUBA

Para entender o que é um Plano de Intervenção

Urbana (PIU) é importante destacar os mecanismos legais que possibilitam esse instrumento.

Inicialmente, temos o Estatuto da Cidade que é um conjunto de normas jurídicas que surgiu como projeto de lei em 1988. O surgimento do estatuto está ligado à preocupação com o desenfreado crescimento urbano desde a segunda metade do século XX, marcado por uma distribuição de terra irregular. Essa lei existe em favor de quatro aspecto fundamentais: o bem da coletividade, segurança, bem-estar dos cidadãos e equilíbrio ambiental.

O Plano Diretor Estratégico (PDE) é uma lei municipal que orienta o crescimento e desenvolvimento urbano de todo o município. É um pacto social que define os instrumentos de planejamento urbano para reorganizar os espaços da cidade e garantir a melhoria da qualidade de vida da população.

1https://blog.ipog.edu.br/direito/estatuto-da-cidade; 2 https://planodiretorsp.prefeitura.sp.gov.br/o-que-e-o-plano-diretor; 3https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/piu; 4https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/piu-arco-jurubatuba

Os Planos de Intervenção Urbana (PIU) são estudos técnicos necessários para promover ordenamento e reestruturação urbana em áreas subutilizadas e com potencial de transformação na cidade de São Paulo.

São elaborados pelo poder público e originados a partir do Plano Diretor Estratégico e tem como objetivo criar mecanismos urbanísticos que melhor aproveitam a terra e a infraestrutura urbana, aumentando densidades demográficas e construtivas, permitindo o desenvolvimento de atividades econômicas, criação de empregos, produção de habitação de interesse social e equipamentos públicos.

Atualmente existem alguns PIUs aprovados e um deles é o PIU Arco Jurubatuba proposto pelo Poder Público com objetivo de:

“Construir uma nova frente fluvial articulada aos demais territórios de seu perímetro, que apresentam grande diversidade na forma de uso e ocupação do solo. A região é caracterizada ora por centralidades históricas, imóveis tombados e sua área envoltória, como o antigo mercado de Santo Amaro, ora por centro comercial ativo, servido por equipamentos e infraestrutura de transporte que demandam requalificação. Existem ainda as ocupações industriais – algumas ativas que merecem modernização e outras subutilizadas que necessitam de processo de transformação. Essa região ainda apresenta grande número de áreas contaminadas, pois foi um dos polos de indústria pesada de São Paulo.”

Com uma população de 150.000 habitantes (1,25% da população paulistana), o território do Arco Jurubatuba (ACJ) tem área de 2.158 hectares, 1,41% do município. É caracterizado ora por centralidades históricas, ora pelo centro comercial ativo, que são servidos por equipamentos de transporte que necessitam requalificação.

Existem também ocupações industriais, que necessitam modernização ou transformação, e por conta dessas ocupações, essa região, que já foi um grande polo industrial, apresenta muitas áreas contaminadas. Também estão presentes territórios residenciais monofuncionais que necessitam de requalificação para integrar suas porções socialmente e economicamente díspares. Há ainda grande potencial ambiental desta área, como Zonas de Preservação Ambiental – ZEPAM, que serão gradativamente transformadas em parques públicos.

Considerando a proximidade da Represa essa pesquisa também analisou o Programa Mananciais da Secretaria Municipal de Habitação SEHAB. Iniciado em meados dos anos 1990 por meio do Programa Guarapiranga, com ações de urbanização e regularização fundiária de assentamentos precários na região da bacia hidrográfica Guarapiranga.

Atualmente, o Programa tem por campo de atuação as regiões da bacia hidrográfica Guarapiranga e a bacia Billings, localizadas na zona sul de São Paulo e espera-se beneficiar aproximadamente 31 mil famílias com as obras de urbanização e 8 mil famílias com unidades habitacionais e ao menos 1,7 milhão de metros quadrados de implantação de parques e áreas de lazer. Em termos de mobilidade, diversas propostas de leito carroçável foram feitas em 2017 com alternativas dadas pelo PDE para melhorar a região.

Nestas melhorias são citadas conexões viárias, como a Conexão Avenida Atlântica e a Marginal Pinheiros, dando maior mobilidade para região do Bairro de Veleiros, locais estes com bastante afinidade com a área de estudo.

Dentre os objetivos do Programa, para este estudo, é importante ressaltar o 5º. Que propõe por meio das obras de qualificação urbanística, contribuir também para a proteção ambiental das áreas de mananciais da zona sul da cidade de São Paulo, em especial a proteção de áreas verdes e de nascentes e o saneamento das sub-bacias hidrográficas.

PROJETO DE PROLONGAMENTO

O projeto visa estender a via Marginal Oeste do Rio Pinheiros em 8 km, iniciando após a Ponte João Dias, no encontro com a Avenida Guido Caloi, e se estendendo até a conexão com a Avenida Jair Ribeiro da Silva. De acordo com São Paulo Obras –SPObras (2023): “além de ampliar a infraestrutura viária, o empreendimento busca melhorar o sistema existente, garantindo maior segurança e fluidez no tráfego e nas conexões entre as vias”.

Além da extensão da via, o novo sistema viários incluirá interligações com todas as pontes ao longo do percurso, começando pela ponte Transamérica, seguindo pela Ponte do Socorro, Ponte Jurubatuba e Ponte Vitorino Goulart da Silva, na Av. Jair Ribeiro da Silva, além de acessos aos bairros.

A iniciativa também envolverá a construção de novas pontes e viadutos. Ainda de acordo com SPObras (2023), a via proposta terá três faixas de rolamento, cada uma com 3,50 metros de largura, acompanhadas por faixas de segurança de 1 metro de largura em ambos os lados, e uma ciclovia compartilhada no lado mais próximo do Rio Jurubatuba.

Os principais pontos do projeto são a conexão com a ponte Transamérica, ponte sobre o Rio Guarapiranga, viaduto sobre a ponte Socorro, elevado longitudinal (sobre interferências), ponte Vitorino Goulart da Silva. E, ainda de acordo com o documento apresentado pela SPObras (2023) este prolongamento contaria com os seguintes acessos: Vila Socorro e complexo Bayer, Avenida Olívia Guedes Penteado, Avenida Rio Bonito e Jardim Satélite.

Os argumentos apresentados pela SPOBras (2023) ressaltam os benefícios da ampliação tais como a melhoria significativa na fluidez do tráfego e a eliminação de conflitos viários.

Além disso, contempla a restauração e construção de nova pavimentação, oferece soluções de drenagem para prevenir alagamentos e promove melhorias na mobilidade urbana sustentável, com a inclusão de ciclovias e ciclofaixas resultando na redução do tempo de deslocamento e dos custos operacionais, proporcionando uma série de vantagens para a cidade.

5 https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/ secretaria_executiva_do_programa_mananciais/noticias

Imagem 8: trecho de conexão com a Ponte Transamérica fonte: Fonte: caderno da SPObras (2023)

Apesar de alguns argumentos favoráveis à mobilidade verde (ciclovias) os principais pontos da proposta ressaltam apenas a infraestrutura cinza de pontes, viadutos e acessos que a obra propõe que cruzariam de forma dura a área e inviabilizariam o projeto de um parque urbano sem avenidas.

Na imagem 7, que se trata de apenas um dos trechos da intervenção, em cinza estão as novas áreas pavimentadas, em amarelo os trechos em viadutos, em vermelhos pequenos trechos fragmentados compartilhados de pedestres e veículos e em azul, vários muros que irão desconectar a paisagem fluvial da via de circulação.

Essa proposta segue o modelo de via atualmente implantado pelas marginais onde as estruturas construídas se sobressaem à paisagem natural e a via de mobilidade de leito carroçável de transporte individual motorizado é priorizada acima de tudo, mesmo em área de Proteção Ambiental sobrepondo a diretriz do Estatuto da Cidade de equilíbrio Ambiental, melhoria de qualidade de vida prevista no PDE e uma possível frente fluvial articulada aos demais territórios que poderia ser articulada por um Parque Urbano e não por vias, pontes e viadutos.

UM PARQUE SEM AVENIDAS

A discussão sobre a implantação de um parque urbano na área de estudos cronológica e legalmente ocorreu da seguinte forma:

11/01/24 – criação do abaixo assinado através do site change.org, iniciado pelo arquiteto Dimitre Gallego. O documento havia reunido até 16/05/2024 23.862 assinaturas.

31/01/24 - Ocorreu a criação do Instagram “@parquejurubatuba”, que divulga informações sobre a criação do parque para toda a população da cidade.

26/02/24 - No dia 26 de fevereiro, foi publicado o artigo da arquiteta e urbanista Raquel Rolnik na coluna Cidade Para Todos, do Jornal da USP intitulado como: “Prolongamento da Marginal Pinheiros Destruirá umas das Últimas Áreas Verdes de São Paulo”. No artigo, ela critica o projeto de prolongamento da marginal e defende a criação do parque para a população.

6https://www.change.org/p/em-defesa-da-ultima-area-verde-sem-avenidasnas-margens-do-canal-do-rio-pinheiros

01/03/24 - O grupo de pessoas que defendem a criação do Parque e são contra a extensão da Marginal Pinheiros, mandou uma carta aberta ao prefeito Ricardo Nunes pedindo que interrompesse o processo de construção da marginal, de acordo com o que está previsto no planejamento da cidade.

03/03/24 – A população que era contra a ampliação da marginal se reuniu junto com um grupo de ciclistas no local onde estava programada a construção para protestar contra a extensão.

19/03/24 - O Projeto de Lei 01 -001 158/2024 do Vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), usa como base o Plano Diretor, planos regionais e uma ideia de planejamento urbano mais sustentável para defender a criação do parque, que será uma área verde para toda a população

Audiências da publicização do EIA/RIMA 24/04/2024 - 08/05/2024 - 15/05/2024 (vale ressaltar que na apresentação do caderno da SPObras não havia o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental EIA/RIMA).

Estudos e Propostas de ex-alunos do Centro Universitário Senac para o possível

Parque Jurubatuba:

Desde 2013 que a área de estudos vem sendo investigada pelos alunos do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário

Senac e várias propostas de parque surgiram tanto em disciplinas quanto em trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) impulsionados pelas atividades das disciplinas a assumir a área para um trabalho final do curso. A seguir, algumas boas ideias selecionadas nestes 11 anos de exercícios.

TCC Mauricio Elias de Carvalho - Parque da Estação - Uma aproximação às águas paulistanas - 2015:

Neste TCC, as premissas do projeto do parque, é de conexão com os bairros no entorno, criação de passarelas exclusivas para pedestres com integração à ciclovia já existente na margem do rio, variedade de vegetação e espelhos d’água prezando o bem-estar de quem frequenta. Com isso, consequentemente surge também a demanda de despoluição do rio

Imagem 10: inserção na área de Jurubatuba.

Fonte: Mauricio Elias de Carvalho

Imagem 9: Desenho do Parque da Estação - proposta de TCC

Fonte: Mauricio Elias de Carvalho

TCC Mauricio Elias de Carvalho - Parque da Estação - Uma aproximação às águas paulistanas - 2015:

Neste TCC, o projeto proposto por Laís Caroline Ferreira tem como objetivo apresentar a concepção de um parque urbano em formato linear às margens do Rio Pinheiros, como uma ferramenta de aplicação dos conceitos de infraestrutura verde e um instrumento de reaproximação da população com os cursos d’água urbanos.

Imagem 11: Desenho do Parque Fluvial - proposta de TCC
Fonte: Laís Caroline Ferreira
Imagem 12: Desenho do Parque Fluvial - proposta de TCC
Fonte: Laís Caroline Ferreira
Imagem 13: Mockup do Parque Fluvial - proposta de TCC
Fonte: Laís Caroline Ferreira

TCC Bruna Nishi Ribeiro - Parque Linear - Rio Jurubatuba - 2018

Neste TCC, a ex-aluna Bruna Nishi Ribeiro propõe através da criação do parque uma requalificação urbana daquele espaço, no qual muitas vezes é desvalorizado e usado até mesmo como lixão em algumas partes.

Nestes três exemplos é possível ver a potencialidade da área para criação de um parque que atenda requisitos ambientais, melhore as condições de vida dos moradores da região, atenda as determinações legais já aprovadas e possa ser elemento de mobilidade conectando pedestres, ciclistas e usuários do transporte público de ônibus, e transporte sob trilhos já existentes na região.

Imagem 14: Desenho do Parque Linear – Rio Jurubatuba - proposta de TCC
Fonte: Bruna Nishi Ribeiro
Imagem 15: Corte do Parque Linear – Rio Jurubatuba - proposta de TCC
Fonte: Bruna Nishi Ribeiro
Imagem 16: Corte do Parque Linear – Rio Jurubatuba - proposta de TCC
Fonte: Bruna Nishi Ribeiro

0303 CAPÍTULO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Equipe LAR, academicamente, apresenta uma postura analítica que precisaria ser discutida com equipes multidisciplinares, mas que objetiva trazer os pontos para o debate.

3. Infraestrutura renovada: A restauração e construção de nova pavimentação, juntamente com soluções de drenagem para prevenir alagamentos, representam melhorias importantes na infraestrutura urbana. Pontos positivos do prolongamento da

Marginal Pinheiros:

1. Melhoria na fluidez do tráfego: A ampliação da via e a inclusão de novas estruturas viárias têm o potencial de melhorar significativamente o fluxo de veículos na região, reduzindo congestionamentos e tempos de deslocamento do transporte individual motorizado. Pode-se especular que, se o transporte público estiver conectado à essa nova via, este também poderá ser beneficiado. Devemos ressaltar que os documentos analisados não apresentam as possíveis conexões dos fluxos de transporte de massa (ônibus, Metrô, trem) nem pesquisas OD (origem/destino) para mapear se o grande fluxo da zona sul é de carros.

2. Redução de conflitos viários: A eliminação de pontos de conflito e a implementação de acessos mais eficientes podem contribuir para uma circulação mais segura e fluida no local.

4. Mobilidade sustentável: A inclusão de ciclovias e ciclofaixas na ampliação da via proposta promove uma mobilidade mais sustentável, incentivando o uso de meios de transporte alternativos e contribuindo para a redução da emissão de gases poluentes.

5. Impacto positivo na qualidade de vida: Essas melhorias têm o potencial de proporcionar uma experiência de deslocamento de carros mais eficiente e segura para os residentes locais (desde que os mesmos comprovadamente utilizem o modal como principal em seus deslocamentos viários), contribuindo para uma melhor qualidade de vida na região.

Pontos negativos do prolongamento da Marginal Pinheiros:

1) Impacto ambiental: A construção de novas vias e estruturas pode resultar em impactos ambientais, como a perda de áreas verdes, interferência nos ecossistemas locais e aumento da poluição sonora e do ar. A proposta prevê uma continuidade ao que vem sendo feito na cidade de São Paulo com a priorização do sistema viário e transporte individual motorizado e negando o sistema fluvial da cidade, além de impermeabilizar as poucas áreas de várzea existentes.

No primeiro documento publicado da SPObras não havia o EIA/RIMA e no momento de produção desse relatório a Equipe LAR estava acompanhando as audiências públicas de publicização do estudo.

2. Custos e prazos: Projetos de infraestrutura desse porte geralmente envolvem altos custos e prazos longos de execução, o que pode representar desafios financeiros e logísticos para as autoridades responsáveis. A previsão de gastos preliminares é de 1.7 Bilhões de Reais, que precisariam ser avaliados em termos de custo/benefício.

3. Deslocamento de comunidades: Em alguns casos, a implementação de grandes projetos de infraestrutura pode levar ao deslocamento de comunidades locais, gerando preocupações quanto à justiça social e ao impacto nas populações afetadas. .

Na audiência de 08/05/2024 uma comunidade que seria diretamente impactada, se manifestou contrária ao projeto. E, além dessa comunidade, outras seriam impactadas direta ou indiretamente pela obra, em termos ambientais e de qualidade de vida.

4. Manutenção futura: A expansão da infraestrutura viária também implica em custos contínuos de manutenção e operação, que devem ser considerados a longo prazo para garantir a sustentabilidade do projeto.

5. Viadutos: Conforme parte do projeto aqui apresentado, vários trechos da ampliação, seriam em viadutos o que, além do custo de execução dessas grandes infraestruturas, há um impacto muito negativo na construção da paisagem com elementos construídos em vários níveis que priorizam o viário em detrimento ao ambiental e paisagem natural.

6. Número de pessoas efetivamente beneficiadas com a ampliação: Nos estudos pesquisados não foi apresentada uma Pesquisa OD nem a quantidade de pessoas residentes na Zona Sul que utilizam o transporte individual motorizado (carro) que seria fundamental para verificar se o deslocamento diário moradia/estudo/trabalho é feito com o uso do carro.

Em resumo, embora o prolongamento da via Marginal Oeste do Rio Pinheiros ofereça várias vantagens em termos de mobilidade e qualidade de vida, é importante abordar cuidadosamente os desafios e preocupações associados, garantindo uma abordagem equilibrada e sustentável para o desenvolvimento urbano.

Pontos positivos da implantação do

Parque Jurubatuba:

1. Questão ambiental: A principal abordagem que justifica a criação de um parque público na atualidade é o aspecto ambiental. Estamos vivendo uma crise climática sem precedentes onde os conceitos urbanos de desenhar a cidade precisam ser revistos. Quanto mais vias de automóveis, mais carros nas cidades e maior a emissão de CO2.

O aumento de áreas impermeáveis dificulta a absorção das águas, ainda mais em uma área de várzea beira rio configurada como ZEPAM pelo zoneamento da cidade. Muito tem se falado em “cidades esponja” e “parques esponja” e a implantação de um parque público beira rio seria extremamente adequado para este propósito.

A área pode contar com um projeto de arborização que atende as melhores questões de umidade do ar e possibilita melhorias no sistema de infraestrutura verde/azul auxiliando na drenagem urbana.

2. Um parque sem avenidas: A ideia da Avenida Marginal com uma grande estrutura cinza (vias, viadutos) e uma “sobra” verde é um paradigma que deve ser revertido pensando em cidades mais verdes, humanas e resilientes. Este modelo de construir a via primeiro e depois estruturar o parque com o remanescente da urbanização está ultrapassado em cidades mais desenvolvidas. O parque, além de espaço de lazer, pode e deve ser também um elemento de “mobilidade verde” que possa priorizar os pedestres, ciclistas e até o transporte público.

REFERÊNCIAS

https://blog.ipog.edu.br/direito/estatuto-dacidade/ - acesso em abril/2024.

https://capital.sp.gov.br/web/obras/w/ sp_obras/noticias/359645 - acesso em maio/2024.

https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ estruturacao-territorial/piu/ - acesso em abril/2024.

https://geosampa.prefeitura.sp.gov.bracesso em março/2024.

https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov. br/piu-arco-jurubatuba/ - acesso em abril/2024.

https://issuu.com/ausenac/docs/lais_ fernandes__do_dominado_ao_deseacesso em maio/2024

https://issuu.com/ausenac/docs/tcc_-_ bruna_nishi_ribeiro

https://issuu.com/senacbau_201101/docs/ mauricio_carvalho_parque_da_esta___acesso em maio/2024

https://planodiretorsp.prefeitura.sp.gov. br/o-que-e-o-plano-diretor/ - acesso em abril/2024.

https://www.change.org/p/em-defesa-daultima-area-verde-sem-avenidas-nasmargens-do-canal-do-rio-pinheiros - acesso em maio/2024.

https://www.gazetasp.com.br/estado/memoriasanto-amaro-ja-foi-municipio-e-lutou-por-%20 emancipacao/1110622/

https://www.guarapiranga.org/historia - acesso em março/2024.

https://www.noticiasdaregiao.com.br/grupode-moradores-contra-o-prolongamento-damarginal-pinheiros/ - acesso em abril/2024.

https://www.noticiasdaregiao.com.br/grupode-moradores-contra-o-prolongamento-damarginal-pinheiros/ - acesso em maio/2024.

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/habitacao/secretaria_executiva_do_ programa_mananciais/noticias/ - acesso em março/2024.

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/obras/sp_obras/noticias/?p=359645 - acesso em maio/2024.

https://jornal.usp.br/radio-usp/ prolongamento-da-marginal-pinheiros-vaicustar-uma-grande-area-de-lazer-para-acidade/ - acesso em abril/2024.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.