Tatiane Corbal
Orientadora:
Profa. Dra. Glacir Teresinha Fricke
Universidade São Francisco Arquitetura e Urbanismo Itatiba – São Paulo
Dezembro de 2008
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por tudo; Aos meus pais pela ajuda, amparo, confiança, conselhos, dedicação e apoio; Aos meus professores, principalmente a Profa. Dra. Glacir Fricke, que esteve presente em várias etapas durante este período de minha vida; Ao meu grande amigo e Prof. Ms. Jorge Daniel Villar, que sempre me apoiou e deu forças para seguir em frente, encarando todos os desafios e acima de tudo com muito amor à Arquitetura; Aos meus companheiros de sala, ao Alexandre Torricelli, Luis Carlos Magro, e em especial a minha grande amiga e Arquiteta Jéssica Brandemburgo, por sempre estar ao meu lado em todos os momentos; Ao Engenheiro Ricardo Augusto que sempre me deu apoio, ajuda e dedicação em tudo, principalmente nesta etapa de minha vida; Ao grande amigo Luiz Carlos Figueiredo, pelas oportunidades e ajudas em todas as dificuldades; E às pessoas que jamais vou esquecer e que sempre se orgulharam de mim, meu grande amigo Nelson e meu irmão Michael (in memorian)...
INTRODUÇÃO
5
DEFINIÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA
6
ESCOLHA DO LOCAL
12
PROGRAMA
25
ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
28
PROJETOS DE REFERÊNCIA Ecovila São Paulo
52
Hockerton Housing Project
54
BedZed
57
Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
61
Construção plástico-orgânica
63
Vila Barulho d’água
66
Construção verde no campo
68
Construção verde na cidade
71
PROJETO Implantação
75
CEMATEC – Centro de Estudo dos Materiais e Técnicas Construtivas
80
Residência de 1 dormitório
83
Residência de 2 dormitórios
86
Residência de 3 dormitórios
90
Detalhes construtivos
93
Detalhes das esquadrias
95
Sistema hidrosanitário
97
Cabine de força
102
BIBLIOGRAFIA
107
A atual situação de destruição do meio ambiente nos conduz a busca do que seria um dos maiores modelos para amenização do problema: uma Vila Ecológica, uma junção de natureza ligada à qualidade de vida, o que resulta em uma “nova” arquitetura. “Nova”, quanto à concepção das pessoas, na verdade há muito tempo que vem sendo utilizada, mas, ainda pouco conhecida, já que o preconceito paira sobre ela. A arquitetura foi orientada
de forma a
incorporar os recursos oferecidos pelo
terreno, produzindo soluções espaciais inovadoras, a partir da potencialização dos recursos naturais locais. Além do conjunto de casas que é bastante forte e dão origem a Vila, a área se dilui a partir da combinação de moradias, conservação de áreas verdes existentes, criação de áreas de preservação de espécies nativas do estado de São Paulo, que se encontram em extinção, aproveitamento dos recursos naturais e uma área dedicada às pessoas que queiram aprender as técnicas e formas de construção, através de um centro de estudos implantado dentro da própria Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos.
05
páginacinco
Há pelo menos três décadas que se discutem quais seriam os limites e reações do meio ambiente ao desenvolvimento, pois, nos últimos anos alterações climáticas e outros acontecimentos relacionados à destruição do planeta reforçam a noção de que todos nós somos responsáveis por aquilo que restará para as gerações futuras. A realidade do esgotamento dos recursos naturais confronta a humanidade. Os níveis de poluição, escassez de água e energia, elevação de temperatura global e danos à camada de
ozônio,
só
nos
leva
a
crer
que
as
mudanças
ambientais
induzidas
por
nossas
atividades, excederam o ritmo natural da evolução, fazendo com que tenhamos que buscar com
urgência,
formas
de
nos
adaptar
aos
problemas
que
continuamos
criando
com
descontrole; principalmente se levando em conta que as cidades com suas atividades e diversos
outros
serviços,
consomem
mais
de
50%
das
fontes
mundiais
de
energia
disponíveis, além de serem responsáveis por grande parte da emissão de gases que é resultado das mudanças climáticas. (Governo do Estado de São Paulo: Secretaria do meio
ambiente,
disponível
em:
www.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/Roberta_Kronka.pdf,
consultado em 17/01/08). No
último
século
a
população
se
expandiu
cerca
de
quatro
vezes,
aumentando
excessivamente a demanda por recursos naturais; porém, essa expansão não iria testar os limites ambientais de tal maneira, se não fosse o consumo excessivo que acompanha este crescimento. Projeções otimistas apontam que as fontes não renováveis de energia irão durar
aproximadamente
cinqüenta
anos.
(Época
Negócios,
disponível
em:
www.epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDR82170-8384,00.html, consultado em 17/01/08). A quantidade necessária de energia para um país desenvolvido é cerca de seis vezes maior do que a de um em desenvolvimento e, o consumo de água chega a ser cerca de cem vezes maior. A demanda por água tratada tem dobrado a cada vinte anos, e, mesmo se adotada soluções para redução do consumo, graves problemas de abastecimento serão enfrentados nos
próximos
anos.
(Agência
do
Brasil:
07
páginaSete
www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/10/25/materia.2006-10-25.1614112894/view
,
consultado em 15/03/08). A construção civil e a arquitetura não são exceções e ações devem ser realizadas para garantir a qualidade ambiental. Atualmente, este setor é um dos grandes responsáveis por impactos ao meio ambiente, a grande concentração do uso de matéria-prima e energia, o surgimento de aglomerados urbanos, a dificuldade em manter um balanço entre o uso dos recursos e dos processos básicos, marcaram o início à degradação do meio ambiente e deterioração das fontes de matéria-prima. Todas as atividades do homem ao longo da história se desenvolveram sem observar a necessidade deste equilíbrio, culminando no contexto atual de degradação. A recuperação da qualidade dos ambientes sejam eles, remanescentes naturais, áreas urbanas ou agrícolas não é mais preocupação ou tarefa específica de alguns poucos estudiosos e pesquisadores. A poluição da água e do ar está cada vez maior e diz respeito ao dia-a-dia dos moradores
das
grandes
cidades,
inclusive,
as
monoculturas
estão
degradando
e
contaminando os solos, rios e lençóis d’água, se tornando cada vez mais alarmantes. Com o
esgotamento
dos
recursos
naturais,
começa
a
se
difundir
a
consciência
sobre
o
problema, dando origem ao desenvolvimento sustentável. Em 1970, com a crise do petróleo os estudiosos começaram a dar maior atenção às questões extrativistas dos recursos naturais, dando origem a essa teoria. Podemos dizer que o termo sustentabilidade implica na manutenção dos recursos naturais, utilizando-os sem prejudicar suas fontes ou limitar a capacidade de suprimentos futuros, para que tanto as necessidades atuais, quanto às futuras possam ser satisfeitas. A
proposta
de
sustentabilidade
foi
definida
no
relatório
“Nosso
Futuro
Comum”
da
Brundtland Comission (Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento) da ONU em 1987. De acordo com o relatório, o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades
do
presente
sem
comprometer
a
possibilidade
de
as
gerações
futuras
atenderem suas próprias necessidades. (AFONSO 2006: 11)
08
páginaoito
Devemos
ter
consciência
que
a
sustentabilidade
não
é
algo
que
possa
ser
obtido
instantaneamente, e, sim, faz parte de um processo no qual se deve ter participação de todos os setores de uma sociedade, visando, inclusive, à conscientização da interrelação entre o ambiente e o ser - humano, deixando claro que a natureza é essencial para a nossa sobrevivência. Então, pode-se considerar, nos próximos anos, que a maioria das atividades humanas serão analisadas a partir dos aspectos de impactos ambientais. Infelizmente, a sustentabilidade se encontra no plano teórico, e será necessário um longo trabalho de transformação econômica e social para que se torne realidade, porém essa passa a ser a única esperança em face da cada vez mais concreta ameaça que paira sobre a vida do Planeta. Toda essa escassez de recursos faz com que haja a necessidade de uma adaptação de arquitetura,
envolvendo
os
conceitos
de
construções
sustentáveis,
se
apoiando
em
princípios que buscam a racionalização da gestão de recursos naturais, inclusive o ciclo de vida dos materiais, desenvolvimento de matérias-prima, energias renováveis, redução da quantidade de materiais e energia utilizados e tudo o que possa envolver tecnologias e planejamento. Uma edificação não pode mais ser vista como uma unidade isolada, mas sim, como um organismo que gera impactos ao longo de todo seu ciclo de vida. A preservação para a melhoria da qualidade do meio ambiente natural e construído significa: desenvolver projetos de construção e urbanísticos voltados à qualidade de vida, ou seja, uma ação sustentável
que
possa
atender
os
requisitos
básicos:
ecologicamente
correto,
economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito, visando o aumento de oportunidades
às
gerações
futuras
consistindo
numa
moderna
estratégia
ambiental,
direcionada à produção de edificações seguras e saudáveis, fundamentada na redução da poluição, economia de energia e água, diminuição da pressão de consumo sobre matérias primas naturais e aprimoramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores, usuários finais e comunidade em geral. (SINOPSES 1981: 19)
09
páginanove
Na verdade, o conceito de sustentabilidade é passível de interpretações. Um projeto pode ser sustentável em determinados aspectos e não sê-lo em outros. Na verdade não podemos atingi-lo por completo, mas, podemos chegar a níveis razoáveis desde que haja uma utilização adequada dos recursos disponíveis. Têm sido cada vez mais freqüente o uso deste conceito, sem a devida reflexão, é claro. Muitas vezes pelos próprios agentes promotores ou em anúncios e propagandas empresariais tentando
dizer
que
seus
edifícios
são
“sustentáveis”,
quando
apenas
utilizaram
um
material de baixo consumo energético (este podemos chamar de uma “redução ao impacto ambiental”), mas, duplicam o consumo em outro que não corresponde ao conceito e a população que em sua maioria ainda não o conhece, acaba sendo enganada achando que está contribuindo
para
os
problemas
ambientais,
pagando
valores
exorbitantes
por
sua
construção “sustentável”. Neste momento, o trabalho do arquiteto é mostrar que é possível reduzir o impacto ambiental ao mesmo tempo em que se aumenta a qualidade de vida; afinal “Há muito que ser feito na prancheta do arquiteto para melhorar a relação das cidades com o meio ambiente” (SERRA 2006:49). Essa arquitetura pode ser nomeada além de sustentável como: arquitetura verde, ecológica, ambientalmente correta, de baixo impacto e outros; sempre enfatizando a eficiência energética, seleção ecologicamente adequada de materiais e processos construtivos, potencial e reutilização dos materiais. Os atuais modelos de projeto e práticas de construção devem ser modificados para que se possa ter maior suporte não só à vida, mas, também proteger o meio ambiente. O que deve ser esclarecido, é que a arquitetura sustentável “Green Architecture” não irá se preocupar apenas com a utilização da vegetação, energia e poluição, mas sim, outras variáveis relacionadas ao ambiente e ao Planeta. Essas correspondem à relação homem e ambiente construído, ou seja, aspectos acústicos, lumínicos, ergonômicos e de conforto térmico. (SINOPSES 1981:13) Cabe também a nós, arquitetos, a conscientização da população com relação às formas de uso
das
edificações,
relacionados
ao
consumo
de
água,
energia,
possibilidade
de
10
páginadez
reciclagem e outros, reeducando o possível usuário desta edificação. Afinal, com o crescimento desordenado da cidade e a poluição gerada, nós poderíamos propor soluções que revertessem este quadro e que inserisse o homem num contexto mais global.
“Arquitetura orgânica, tecnologias apropriadas, energias renováveis, agricultura biodinâmica de Rudolf Steiner, as cidades-jardim de Ebenezer Howard1, os planos urbanísticos de Geddes e Mumford, a arquitetura de Frank Lloyd Wright, celebram a escala humana, tendo como aspecto principal o meio ambiente”. (SINOPSES 1981:15) Na citação fica claro, que desde o século passado a preocupação com a redução de impactos já era aparente, então, podemos verificar hoje, mais de cem anos após o conceito de cidade-jardim de 1899, feito por Ebenezer Howard, que o problema só têm se agravado, ou seja, isto significa que teremos que fazer mais que o dobro pra recuperar uma pequena parte do problema do Planeta. Após
avaliar
todas
as
decorrências
e
problemas
causados
ao
meio
ambiente
e
principalmente com a participação da construção civil como uma das principais formas de destruição, pode-se chegar à conclusão de que as cidades jamais irão parar de crescer e o consumo continuará a existir, claro que com baixas possibilidades de amenização, mas, ainda sim com algumas chances de redução. Contudo, será proposta uma Vila Ecológica como alternativa e uma das soluções para amenização dos impactos à Natureza, ampliação das grandes cidades e alteração no modo de vida das pessoas, para melhora da qualidade de vida e conservação do nosso Planeta.
“A edificação sustentável representa uma revolução em como pensamos o projeto, a construção e a sua utilização”. (COOK 2001: 41 apud KRONKA s/d: 3) 1
Ebenezer Howard, em 1899, propõe o conceito de cidade sustentável, não utilizando este
termo, mas sim, o “Garden Cities” (SINOPSES 1981:15), no qual podemos chamar de Cidades-
jardim.
11
páginaonze
O município de Cajamar, localizado a 38 km da capital São Paulo, pertence à microrregião de Osasco e a RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Teve sua origem em 30 de novembro de 1938, quando foi feito o desmembramento do município de Santana de Parnaíba. Passou a se chamar Cajamar no ano de 1944, e foi elevado a município em 18 de fevereiro de 1959.
Figura 1 – Mapa de localização de localização de Cajamar.
Representa 1,62% da área de RMSP, limitando-se pelos municípios de Jundiaí ao norte, Franco da Rocha e Caieiras ao leste, a Capital a sudeste, Santana de Parnaíba ao Sul e Pirapora do Bom Jesus a oeste. Têm
fácil
acesso
às
rodovias
Anhanguera
(SP-330)
e
Bandeirantes
(SP-348),
além
das
proximidades com o Rodoanel Mário Covas, ou seja, está conectado as principiais vias do Estado. A área territorial do Município é de 135 km2, sendo, 29,26 km2 de território urbano e o restante, território rural.
13
páginatreze
Os
seus
63.344
habitantes
se
distribuem
nos
distritos
de
Jordanésia
e
Polvilho,
nos
condomínios Scorpios, Capital Ville e Serra dos Cristais, no Centro-sede, nos Conjuntos Habitacionais Jardim Maria Luíza e Cajamar D e nos bairros do Guaturinho, Gato Preto, Ponunduva e Vau Novo. Cajamar é uma região de clima temperado, e, está em média 4°C mais frio que a Capital. Na tabela a seguir, que mostra as informações climáticas da Capital, pode-se ter noção das temperaturas do Município. Tabela 1 – Dados Climáticos da Capital – SP - Disponível em: Banco de Dados Climáticos do ARQUITROP, consultado em 10/05/08.
Hidrografia O estado de São Paulo está subdividido em 22 sub-bacias, conhecidas como UGRHIs (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos). A gestão dos recursos hídricos é definida pela Lei nº. 7.663 de 30 de novembro de 1991, pela Política Estadual de Recursos Hídricos.
14
páginaquatorze
Figura 2 – Classificação das UGRHIs Disponível em: www.ambiente.cajamar.sp.gov.br/?texto=hidricos&id=4, consultado em 04/08/08.
Cajamar está inscrito na UGRHI 6, conhecida como BAT (Bacia Hidrográfica do Alto Tietê). Esta unidade
abrange
a
parte
superior
do
Rio
Tietê,
desde
a
cabeceira
até
a
barragem
do
reservatório de Pirapora, numa extensão de 133 km, sendo, composta por 34 municípios. Cerca de 95% da BAT está dentro da RMSP e é a que mais sofre com os problemas hídricos do Estado de São Paulo, e, uma das mais críticas do mundo, onde, abriga uma população de 17,8 milhões de habitantes, podendo chegar a 20 milhões até 2010, em uma área de 5.985 km2, correspondendo a uma das maiores densidades do Planeta. (CBH-AT, 2001 apud Meio Ambiente,
Posturas e Urbanismo, disponível em: www.ambiente.cajamar.sp.gov.br/?texto=hidricos&id=4). A bacia apresenta um nível tão critico, que segundo o Plano de Bacias do Alto Tietê, as soluções convencionais de esgotamento sanitário e tratamento em ETEs (Estação de Tratamento de Efluentes), não serão suficientes para a melhoria da qualidade da água dos rios da RMSP. A BAT é formada de outras sub-bacias, assim como mostrado no mapa a seguir:
15
páginaquinze
Figura 3 – Disponível em: www.ambiente.cajamar.sp.gov.br/?texto=hidricos&id=4, consultado em 04/08/08.
Cajamar possui abundantes cursos d’água, destacando-se entre os principais: Rio Juqueri, Córrego Itaim, Córrego Jaguari no
Polvilho,
Ribeirão
Rio
Tabuões,
Juqueri-Mirim,
Ribeirão
Córrego
D’água
Olhos
dos em
Cristais, Jordanésia,
Ribeirão das Lavras no Distrito-Sede, Córrego Bom Sucesso no Parque Empresarial Anhanguera, Ribeirão Ponunduva, Córrego Tanquinho, Ribeirão Cachoeira no Ponunduva, Córrego Mateus, Córrego dos Pires em Vau Novo e diversos outros. No mapa ao lado, pode-se ver a hidrografia da qual Cajamar está servido. Figura
4
-
Hidrografia
do
Município
de
Cajamar
www.planejamento.cajamar.sp.gov.br/arquivo/mapa3.jpg,
-
Disponível consultado
em: em
20/02/08.
16
páginadezesseis
Geomorfologia As
características
geomorfológicas
do
Município
são
apresentadas
pelas
formas
de
relevo
correspondentes às serras e escarpas (montanhoso), morros altos, morros baixos, morrotes e planícies aluviais (Tabela 2). Tabela
2
–
Fonte:
Dados
Municipais
do
Plano
Diretor
Participativo
de
Cajamar
-
Disponível
em:
www.panejamento.cajamar.sp.gov.br, consultado em 07/05/07.
Tipo de Relevo
Declividade Média
Amplitude Local
Montanhoso
Acima de 15%
Acima de 300 m
Morros altos
Acima de 15%
Entre 300 a 100 m
Morros baixos
Acima de 15%
Entre 200 a 100 m
Morrotes
Acima de 15%
Inferior a 100 m
Planícies aluviais
Terrenos baixos normalmente planos
Junto às margens dos rios
Uso do solo O mapa de uso do solo do Município de Cajamar foi feito com base no Mapa de Uso e Ocupação do Solo da Região Metropolitana de São Paulo, feito pela EMPLASA (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano). Segundo ele, a classe predominante para o município é o reflorestamento, ocupando 51,87% da área total. Esta corresponde às áreas com formações arbóreas e homogêneas, cultivadas pelo homem com fins econômicos e se da pelo cultivo de Eucalipto, se distribuindo em toda área central, nos topos de morros e nas áreas de declividade acentuada. A segunda classe mais representativa são as matas com 14,4% de área total, correspondente à vegetação constituída por árvores de porte superior a 5 metros, cujas copas se toquem (mais
17
páginadezessete
denso) ou que proporcione uma cobertura de no mínimo 40%. No município as áreas de mata estão localizadas principalmente nos setores norte e nordeste, próximos às divisas municipais. A urbanização corresponde a 4,44% da área total, se constituí por áreas arruadas e ocupadas por usos
residenciais,
comerciais
e
de
serviços.
Além
do
próprio
centro
administrativo
do
Município, a área urbanizada de Cajamar está distribuída entre os Distritos de Jordanésia e Polvilho. E, por fim, a indústria com 1,92% de área total, e que apresentam um grande destaque no desenvolvimento do Município, tanto na questão de empregos quanto no reconhecimento pela qualidade de suas empresas, que tem como principais atividades os setores alimentícios, de metalurgia, prestadoras
cosmética de
e
serviços
química. e
São
produtoras
mais
de
1.300
agropecuárias
empresas
instaladas
em
comerciais, Cajamar.
industriais,
(Fonte:
Dados
Municipais do Plano Diretor Participativo de Cajamar).
Habitação Quanto
à
habitação,
a
Política
Municipal
prioriza
ações
do
Município
adotando
algumas
diretrizes para cada área, como tamanho de lotes com limitações de suas dimensões, obediências ao Código de Obras e tudo o que possa contribuir para o desenvolvimento da cidade e ao bemestar do homem, inclusive um plano de controle para ocupação de áreas específicas com a proteção ambiental das nascentes e outros. São necessárias medidas mínimas de habitabilidade, nas quais sempre serão tomadas providências para
evitar
maiores
impermeabilização do
impactos solo,
e
aumento
da
qualidade
dos
espaços
que conseqüentemente poderá ocasionar a
sem
o
adensamento
poluição dos
e
recursos
hídricos. A tabela a seguir, representa a área territorial no decorrer dos anos inclusive com projeções futuras e a área ocupada por edificações:
18
páginadezoito
Tabela
3
-
Fonte:
Dados
Municipais
do
Plano
Diretor
Participativo
de
Cajamar
-
Disponível
em:
-
Disponível
em:
www.planejamento.cajamar.sp.gov.br, consultado em 07/05/07.
Ano
Área territorial em lotes
Edificações
1997
11.148
5.248
1999
11.757
5.296
2000
12.183
5.340
2001
12.238
6.159
2003
12.712
6.349
2004
13.017
6.414
2005
13.491
6.478
2006
14.938
8.417
2008 (Projeção)
16.938
9.687
2016 (Projeção)
20.000
11.200
A tabela seguinte irá mostrar as áreas de ocupação irregular do Município: Tabela
4
-
Fonte:
Dados
Municipais
do
Plano
Diretor
Participativo
de
Cajamar
www.planejamento.cajamar.sp.gov.br, consultado em 07/05/07.
Áreas irregulares
Edificações
Nº Famílias
Nº Moradores
DER Gato Preto
106
106
363
DER Jordanésia
111
111
449
Vila União*
138
141
368
KM 43,42 e 40,5**
565
406
1523
Gato Preto
284
299
844
Olaria
148
118
436
Jardim Muriano
39
35
118
Água Fria - Centro
231
224
755
Florim
370
***
***
* Margem do rio
** Rodovia Anhanguera
*** Levantamento ainda não concluído
19
páginadezenove
Apesar de não ser uma cidade tão conhecida como as que estão ao seu redor, Cajamar está em busca de melhores condições de vida para as presentes e futuras gerações. Mas, para o início deste processo é necessário que todos nós estejamos sensíveis às questões ambientais, atentos ao que acontece a nossa volta e no que afetará sua qualidade de vida. De acordo com o Artigo 225 da Constituição Federal que diz respeito ao meio ambiente
(Constituição Federal, disponível em: www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/, consultado em: 17/01/08): “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
No Município já existem alguns projetos
em execução, relacionados à qualidade da
água
subterrânea e solo local, através de investigações passivas ambiental e outros. Mas, o maior problema de Cajamar até o presente momento, está no uso e ocupação do solo. Porém, não devemos descartar os recursos hídricos e a biodiversidade. Esta preocupação nos faz lembrar que Cajamar faz parte das APAs CCJ (Área de Proteção Ambiental de Cabreúva, Cajamar e Jundiaí), que na verdade totalizam 9 municípios. Sua APA, com 13.400 ha de extensão, abrangendo as Serras do Japi e Cristais, foi criada perante a Lei Estadual de número 4.055 de 04 de julho de 1984, ficando estabelecida às áreas urbanas e rurais de Cajamar como Área de Proteção Ambiental. (Dados Municipais do Plano
Diretor
Participativo
de
Cajamar,
disponível
em:
www.planejamento.cajamar.sp.gov.br,
consultado em 07/05/07). A APA do Município se interliga com as APAs de Cabreúva e Jundiaí (Figura 5), que também tem o objetivo de conservar seu patrimônio ambiental, representados por remanescentes de Mata Atlântica, fauna e flora, mananciais que fazem o abastecimento público envolvendo cabeceiras de vários cursos d’água.
20
páginavinte
Figura 5 – Localização da APA - Disponível em: www.ambiente.sp.gov.br/apas/mapas_apas/cajamar.htm, consultado em 07/05/07.
Segundo a Diretoria de Meio Ambiente, Posturas e Urbanismo de Cajamar, o Município tem o fundamento de desenvolver uma sociedade livre, justa, economicamente próspera, usando de preservação de seu território e possibilitando o planejamento das áreas e dos recursos urbanos, industriais e ecológicos. Então, fica bastante clara e exposta, tanto no Plano Diretor quanto no Código de Posturas, a preocupação ambiental do Município que mesmo apresentando algumas pessoas
que
buscam a
fragilidades, se encontra numa boa situação para dar subsídios às qualidade
de vida,
além
de
tudo,
Cajamar se
encontra
num
eixo
estratégico de ligação entre a Capital e o interior.
21
páginavinteeum
A implantação de uma vila residencial como alternativas de redução aos impactos ambientais seria ideal para Cajamar, tanto em termos de conservação dos recursos naturais, quanto, no aumento das áreas de ocupação do solo (que tem sido no momento a maior preocupação das autoridades municipais) e podendo proporcionar uma nova maneira de viver, sem prejudicar o Planeta e sem perder o conforto de morar.
O terreno O terreno proposto se encontra às margens da Rodovia Anhanguera sentido interior - Capital, no distrito de Jordanésia – Cajamar. É uma área que abrange 95.042,93 m². Este seria o ponto estratégico para a implantação da vila, pois, além de estar localizado às margens da Rodovia Anhanguera (38 Km da Capital e 22 Km de Jundiaí), é um lugar alto que facilitará o cumprimento do programa proposto para este trabalho. Além do mais, é muito próximo ao centro de Jordanésia que é onde se localizam os bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Banespa e HSBC), clínicas de diversas especialidades, pronto socorro, escolas e creches, supermercados, comércios e serviços variados, transportadoras e outros. Já do outro lado da Rodovia, também muito próximo, podemos encontrar a Caixa Econômica Federal, Fórum, escolas e creches, clínicas de especialidades variadas, supermercado, comércio, serviços e indústria. Também há proximidade com Cajamar-Centro, que apesar de não ter variedades de comércio e outros, é onde se encontra a faculdade, algumas escolas e a Prefeitura Municipal. Todas estas localidades têm ônibus que passam próximos, atendendo a diversos bairros, além de Jundiaí e São Paulo. De acordo com o macrozoneamento do Município, o terreno escolhido está na mancha denominada ZUPI-1 (Zona de Uso Predominantemente Industrial) ou ZUIND (Zona Urbana Industrial) de acordo com o Plano Diretor do Município de março de 2006.
Porém, há propostas de venda deste
local para que seja desmembrado e implantado um loteamento residencial, com o conhecimento da Secretaria de Planejamento e Controle Urbanístico e autoridades responsáveis de Cajamar.
22
páginavinteedois
Mapa de macrozoneamento do município de Cajamar:
Figura 6 – Macro-zoneamento - Disponível em: www.planejamento.cajamar.sp.gov.br/?exibe=arquivos, consultado em: 02/02/08.
23
páginavinteetrês
Foto aérea do distrito de Jordanésia, com a localização do terreno e acessos:
Figura 7 – Foto aérea de Jordanésia – Cajamar - Disponível em: www.wikimapia.org/#lat=-23.3365029&lon=46.8357468&z=15&l=0&m=a&v=2, consultado em 07/05/08.
24
páginavinteequatro
O programa
proposto
cuida
da
gestão
da
obra,
seguindo
linhas
de
conduta
que resultam
em
construções sem grandes impactos, ecologicamente correta e que possa ser adotada como nova forma de vida dos amantes da natureza e dos “não tão amantes assim”, mas, que gostariam de contribuir com a amenização do problema do Planeta. O projeto prevê a gestão da obra, com estudos de impacto ambiental, analise do ciclo de vida das construções
e
dos
materiais,
gestão
de
resíduos,
estudo
do
consumo
dos
materiais
a
serem
utilizados e logística dos mesmos. Quanto aos recursos naturais, foi previsto o uso de iluminação natural, conforto térmico e acústico através de tecnologias eco-inteligentes. Foi imprescindível a racionalização do uso de energia pública, pois a proposta inclui a utilização de energia gerada pela própria vila, por meio de recursos naturais, como: sol e vento. Assim, como a energia elétrica, a água também recebe sistemas e tecnologias que permitam a redução do consumo, reuso e recirculação para utilização das habitações. Os materiais impactantes foram evitados ao máximo e as tecnologias sustentáveis utilizada para as construções. Foi adotado o “telhado verde” para a cobertura das edificações com plantação de gramíneas de funções múltiplas, que proporcionam um microclima para os pássaros, drena água para o sistema de coleta e armazenamento, e servem como proteção térmica, além de uma agradável vista. Segue abaixo a listagem do que será trabalhado na Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos: 1. Permeabilidade das ruas; 2. Área de proteção de espécies existentes (Eucaliptos); 3. Centro de Estudos dos Materiais e Técnicas Construtivas; 4. Área de reflorestamento com espécie em risco de extinção no estado de São Paulo; 5. Residências modulares de 1, 2 e 3 dormitórios com hortas individuais;
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páginavinteeseis
6. Uso de materiais alternativos: HVFC – High Volume Fly Ash Concrete, terra (solocimento e adobe), OSB – Oriented Strand Board, madeira de reflorestamento, bambu e garrafa PET; 7. Telhado verde; 8. Coleta de água da chuva; 9. Tratamento de esgoto; 10.Sistema de aquecimento de água com coletor solar; 11.Placa de células fotovoltaicas; 12.Aerogerador; 13.Cabine de força (energia elétrica)
27
páginavinteesete
Na área de pouco mais de 95 mil m2, onde será implantada a Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos, haverá a preservação de espécies nativas, os Eucaliptos, já que em partes, essa área se dá a prática da silvicultura, e, além do mais, é o que originou o nome da Vila, então, a preservação de algumas espécies seria a forma mais lógica de não descaracterizar o local. A fim de estabelecer e esclarecer a articulação da Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos, serão descritos os detalhes do projeto seguindo o trajeto daqueles que chegam ao local em direção ao interior do conjunto.
Figura 8 - Croqui esquemático da vila ecológica. Elaboração própria.
29
páginavinteenove
Acesso O acesso a Vila se dá pelo fundo do terreno, em uma área mais restrita, próximo ao centro de Jordanésia. A rua principal, com 18% de inclinação, corta todas as curvas de nível em uma diagonal. Foi toda feita com piso ecológico, sendo escolhido o de concreto devido sua alta resistência, o que reduz a manutenção e traz maior tempo de vida das peças, além de permitir a permeabilidade do solo. Esta rua tem 11 metros de largura, sendo 1,5 metros de cada lado para passeio e 8 metros de leito carroçável. Esta rua se liga às outras que dão acessos às residências, têm 1,5 metros de passeio de cada lado e 6 metros de leito carroçável, somando um total de 9 metros de largura. Todas utilizam o mesmo piso de concreto.
Área de preservação Ao acessar a Vila, do lado esquerdo, em uma área de inclinação mais acentuada do terreno estarão os Eucaliptos que continuarão a caracterizar o local. Essas
espécies fazem parte das atividades
do
Município e representam o reflorestamento.
Centro de Estudos dos Materiais e Técnicas Construtivas A primeira rua (à direita) que se conecta a principal, é para o acesso ao Centro de Estudos dos Materiais e Técnicas Construtivas, que será onde moradores e pessoas que tenham curiosidade de saber mais sobre os materiais alternativos de construção, possam aprender os métodos de forma prática. A construção utiliza os mesmos métodos e materiais das residências. Trata-se de um galpão com um pequeno compartimento destinado aos sanitários. Assim como todas as outras construções da Vila Ecológica Parque
30
páginatrinta
dos Eucaliptos, a fundação teve necessidade de um material mais resistente, sendo ele o concreto. Como se sabe, o cimento embute em sua produção uma grande quantidade de energia, para se ter uma noção disso, em uma habitação de 46 m2, a intensidade energética deste material é de 886,5 kWh e 0,19 toneladas de CO2 (dióxido de carbono) lançados na atmosfera. Isso fez com que o material eleito para as áreas onde não poderia haver o emprego de materiais alternativos fosse o HVFC – High Volume Fly Ash Concrete. Este material é rico em cinzas e permite a redução de pelo menos 45% da concentração de cimento na mistura da massa e a mesma proporção em redução de emissão de CO2 na atmosfera. As cinzas utilizadas no HVFC são provenientes da queima de carvão em usinas de energia, e desta forma acabam deixando de ser depositadas em lixões ou enterradas, o que é o seu atual destino. Com a adição de cinzas na mistura a resistência do concreto aumenta e fica menos propício a sofrer fissuras, além de ser mais barato, durável, forte e poupar o meio ambiente do CO2 e das cinzas do carvão. (AU 2006:
34) Assim como as fundações, as paredes externas também recebem o HVFC, pois, estão em contato direto com a terra, o que necessita de maior resistência estrutural e contra a umidade. Para evitar problemas de umidade, as paredes recebem uma camada de Acabamento Impermeável Ecológico “Waterproof Membrane” da linha Acrylaje Parede, fabricado pela empresa Clarus Divisão Construction, que desenvolve e fabrica produtos ecologicamente corretos para construção civil. Este produto é aplicado na parede como se fosse uma tinta, já que pode receber qualquer cor. Têm alta resistência a intempéries, raios ultravioleta, servindo como acabamento final e eliminando micro-fissuras. (CLARUS s/d: 29) As paredes internas que fazem à divisão dos cômodos serão feitas de tijolos de solocimento produzidos no próprio local e com material retirado da área de implantação. Com o auxílio de uma prensa “cinva”, pode-se produzir cerca de 3 mil tijolos
ao dia. Esse material, além de reduzir os gastos com
transporte, não consome lenha para sua queima, já que não há essa necessidade; a matéria-prima é do próprio local da obra e não consome qualquer tipo de combustível em sua produção.
31
páginatrintaeum
Figura 9 – Detalhe das paredes que encostam na terra. Elaboração própria.
Os sanitários recebem peças que trabalham a base da economia de água. Os vasos sanitários utilizam água de outros usos, já que para isso não há necessidade de água potável. Todos recebem caixa acoplada com um volume reduzido de água, podendo variar de 4,5 a 6 litros de água por descarga, o que gera de 40% a 55% de economia por descarga, sendo que o convencional consome 10 litros a cada uso. As torneiras são de fechamento automático, da marca Lorenzetti, Smart System modelo 1171 C79 e que prometem cerca de 40% de economia de água. (Disponível em: www.lorenzetti.com.br, consultado em
28/10/08). O piso do Centro de Estudos foi feito em mosaico, utilizando cacos de pisos de outras construções já demolidas. Além da beleza, há uma significativa economia da obra, além de reduzir a quantidade de
32
páginatrintaedois
materiais a serem jogados em lixões ou abandonados em qualquer lugar. Os sanitários também recebem mosaicos e cacos de piso, a fim de facilitar a limpeza do local. Os grandes vãos entre os pilares frontais do Centro de Estudos recebem portões de bambu, com sistemas de abertura e fechamento do tipo camarão. O material renovável, hoje chamado de “aço vegetal” por sua resistência, foi escolhido por ser muito leve, de fácil trabalhabilidade e por permitir vãos entre uma vara e outra em sua montagem, o que facilita a ventilação mesmo o Centro de Estudos estando fechado. Além disso, as portas são grandes e utilizariam uma grande quantidade de outros materiais, tornando-se pesada e dificultando sua abertura. As varetas de bambu serão fixadas em régua de madeira de reflorestamento, que serão retiradas do próprio terreno de implantação do projeto. A madeira foi escolhida como principal sistema de montagem das esquadrias, por sua enorme versatilidade e beleza. É um material renovável e um de seus principais atributos é a capacidade de redução de CO2 na atmosfera até que se decomponha, ou seja, queimada.
(ECOHOUSE 2006: 61) Tanto a madeira quanto o bambu irão receber uma camada de verniz ecológico “green varnish”, da linha 4 x 4, fabricado pela Clarus Divisão Construction. O produto a base de água é transparente e não modificará
as
cores
naturais
dos
materiais,
sendo
suas
principais
características:
selador,
impermeabilizante e anti-pichação. (CLARUS s/d: 19)
Figura Figura 10 – Detalhe dos portões de bambu da fachada do CEMATEC. Elaboração própria.
33
páginatrintaetrês
A cobertura será um grande tapete verde que se integra à natureza e o chamamos de “telhado verde”. Nele serão plantadas espécies rasteiras para dar a sensação de um pequeno campo gramado. Além de proporcionar um micro-clima para pássaros e outras espécies, ainda drena a água da chuva para o reuso na edificação. Este sistema de drenagem foi montado de forma bastante simples. A laje feita de alvenaria (HVFC) para suportar o telhado, que por sinal não é tão pesado assim, tem cerca de 120 kg/m2 (quilogramas por metro
quadrado),
o
que
é
equivalente
a
um
telhado
com
telhas
cerâmicas,
recebe
uma
manta
impermeabilizante ecológica “waterproof membrane”, com as mesmas vantagens do acabamento impermeável utilizado nas paredes. Este também é do fabricante Clarus Divisão Construction, e apresenta uma série de vantagens para a construção, como: diminuição de barulhos e absorção de calor, resistência a fungos e alcalinidade, acompanha dilatações e contrações, boa aderência, aplicação a frio e outros. (CLARUS
s/d: 28). Acima da manta fica uma lamina de água de no máximo 4 centímetros, que serve para manter a cobertura sempre úmida, toda a água excedente sai pelas laterais do telhado, através de canos com inclinação de 2% em direção a saída principal que fica na frente da edificação.
Figura 11 – Detalhe do telhado verde. Elaboração própria.
34
páginatrintaequatro
Estes canos conduzem a água para a parede verde antes de seguir para filtragem. A irrigação é feita por mini-dutos ligados aos nichos das plantas, e a água que não foi utilizada segue normalmente para filtragem e depois para armazenamento. Esse sistema traz muitos benefícios, pois, além da beleza, cria novos ecossistemas, atua como barreira acústica e nos ajuda a purificar e manter a umidade do ar. A massa utilizada para encravar as plantas nos nichos é composta de cimento e sais minerais, propicia a retenção de umidade, além de ser isolante térmico e acústico. Após a irrigação, água desce por tubulações embutidas na platibanda e irriga as plantas que são colocadas em pequenos nichos nos blocos de alvenaria HVFC e somente então, o excedente é encaminhado para a filtragem no subsolo, onde, todas as impurezas contidas na água são retiradas e a água segue para uma cisterna, também no subsolo. Toda água é bombeada para a cobertura novamente, onde fica em reservatórios coloridos para fácil identificação. Os de cor azul e verde são para água potável e o amarelo e vermelho para água cinza. Essa é destinada para descarga dos vasos sanitários, irrigação do telhado jardim, lavagem dos pisos e para preparação dos materiais de construção produzidos no Centro de Estudos.
Figura 12 – Detalhe da parede verde. Elaboração própria.
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Figura 11 – Detalhe do sistema de filtragem da água coletada nas coberturas. Elaboração própria.
O sistema de tratamento de águas cinza (pias e lavatórios) e negras (vaso sanitários) são bastante simples e de baixo custo. Para a água cinza, o sistema de tratamento é o mesmo utilizado para a água coletada na cobertura, onde, toda a água excedente passa por uma câmara de filtragem para retirada de resíduos, segue para a cisterna e de lá é bombeada até os reservatórios na cobertura. Já para águas negras, devido à quantidade de impurezas, o sistema é um pouco mais demorado e com mais etapas. O efluente segue até um decanto-digestor, onde, é feita a remoção de sólidos, em seguida passa por um tanque séptico onde se faz a segunda filtragem e segue até o filtro anaeróbico, onde é feito o que se pode
chamar
de
pós-tratamento
das
unidades
anaeróbicas
anteriores,
completando
o
tratamento
e
garantindo segurança ao sistema. Neste local fica todo o lodo que pode ser utilizado como adubo para plantas em geral, após isso, o efluente pode ser eliminado sem nenhum perigo de contaminação.
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Figura 13 – Detalhe do sistema de filtragem de águas cinzas e negras. Elaboração própria.
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Figura 14 – Leito de evapotranspiração. Elaboração própria.
O sistema de iluminação da área e iluminação e ventilação dos sanitários são na cobertura, através de uma abertura inclinada em 30° em relação ao fundo do prédio. O fechamento das esquadrias dos sanitários é manual e feito pela parte interna do cômodo, são do tipo pivotante para garantir maior controle da ventilação e os vidros são translúcidos aramados com espessura de 6 mm.
Figura 15 – Sistema de ventilação do CEMATEC. Elaboração própria.
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páginatrintaeoito
Reflorestamento Logo à frente do centro de estudos está o Ribeirão dos Cristais, um dos mais importantes cursos d’água do Município, a partir dele inicia-se a área de reflorestamento da Vila Ecológica, onde, serão plantadas espécies em risco de extinção no estado de São Paulo, como: Carvalho-brasileiro, Cedro-rosa, Cerejeira, Guariroba, Imbuia, Jequitibá-branco, Jequitibá-rosa, Manacá-da-serra e Pau-brasil. A área de reflorestamento se estende até a parte da frente do terreno e sobem o aclive em direção norte até a frente das casas. Além da idéia de conservação das espécies e beleza que elas proporcionam à Vila, recebem a função de barreira visual e acústica para as residências que estão voltadas para a Rodovia Anhanguera. Tabela 5 – Características das espécies plantadas na vila ecológica – Informações disponíveis em: LORENZI, Harry. Árvores Brasileiras Brasileiras: asileiras Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. São Paulo: Nova Odessa, 1992. NOME POPULAR Carvalhobrasileiro
CARACTERÍSTICA GEOMORFOLÓGICA Altura de 15-25 metros, com tronco de 50-70 centímetros de diâmetro.
Cedro-rosa
Altura de 20-35metros, com tronco de 60-90 centímetros de diâmetro.
Cerejeira
Altura de 10-20 metros, com tronco marrom avermelhado de 40-80 centímetros de diâmetro.
Guariroba
Altura de 10-20 metros, com caule de 20-30 centímetros de diâmetro.
Imbuia
Altura 50-150 Altura 90-120
Jequitibá-branco Jequitibá-rosa Manacá-da-serra Pau-brasil
de 15-20 metros, com tronco de centímetros de diâmetros. de 35-45 metros, com troco de centímetros de diâmetro.
Altura de 30-50 metros, com tronco de 70-100 centímetros de diâmetro. Altura de 7-12 metros, com tronco de 20-30 centímetros de diâmetro. Planta espinhenta de 8-10 metros de altura, com tronco de 40-70 centímetros de diâmetro.
FENOLOGIA Floresce em épocas diferentes do ano dependendo da região; em São Paulo floresce durante os meses de junho-agosto e, os frutos iniciam o amadurecimento no final de agosto, prolongando-se até outubro. Floresce durante os meses de agosto-setembro. Seus frutos amadurecem com árvore totalmente desfolhada durante os meses de junho-agosto. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis. Floresce durante os meses de abril-junho com planta quase totalmente despida de sua folhagem. A maturação dos frutos iniciase no mês de agosto, prolongando-se até o final de setembro, junto com o surgimento da nova folhagem. Floresce durante um longo período do ano, iniciando-se na primavera e prolongando-se até o fim do outono. Os frutos amadurecem a partir de outubro até fevereiro. Floresce entre os meses de outubro-novembro. Os frutos amadurecem em janeiro-março. Floresce durante os meses de outubro-dezembro junto com o surgimento da nova folhagem. Os frutos amadurecem em julhosetembro com a planta totalmente despida da folhagem. Floresce durante os meses de dezembro-fevereiro. A maturação dos frutos verifica-se no período agosto-setembro. Floresce durante os meses de novembro-fevereiro. Os frutos amadurecem em fevereiro-março. Floresce a partir do final do mês de setembro, prolongando-se até meados de outubro. A maturação dos frutos ocorre nos meses de novembro-janeiro.
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Residências Atrás da barreira vegetal, encontra-se o primeiro grupo de casas. Assim como tudo dentro da Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos, a implantação das residências se da em função da topografia, e as casas acompanham o desenho das curvas de nível. As casas são dispostas em módulos de 4 residências de 2 dormitórios cada. Então, somando os 9 módulos, têm-se um total de 36 casas, na qual podemos melhor identificar como: módulos residenciais horizontais multifamiliares, se for analisado de uma forma técnica e levando em consideração que cada módulo permite 4 famílias morando. O acesso para os módulos de 2 dormitórios se da por uma rua atrás das casas, que conduz os moradores aos telhados verdes, onde, fica a cobertura para carros. Assim como no Centro de Estudos, o telhado verde, além da função estética, drena a água da chuva e a conduz para reuso após o armazenamento nos reservatórios
coloridos
das
coberturas,
conduzindo-a
através
das
paredes
verdes.
Próximo
aos
reservatórios fica o sistema de aquecimento de água para os chuveiros e torneiras. Trata-se de um sistema comum de aquecimento, onde, para cada 2 residências será implantado um aquecedor, sendo assim, cada módulo receberá 2 sistemas. Como é necessária incidência solar durante um período nos coletores, estes receberão 30° de inclinação em relação ao norte e ficarão localizados na parte de trás das
residências,
entre uma
casa
e outra,
já
que
haverá divisão dos
usos.
Os
coletores
solares
selecionados para atender a demanda de usos das residências foi o modelo Industrial Plus, com 1.92 x 1.00 x 0.08 metros. Este modelo produz uma média mensal de energia de 153,4 kwh/mês, e servirá para fazer o aquecimento da água que ficará armazenada em um reservatório térmico de 3 pés com capacidade para 1.500 litros de água, com diâmetro de 1.12 metros e comprimento de 1.84 metros. (Disponível em: www.soletrol.com.br, consultado em: 21/10/08).
Figura 15 – Coletor solar e reservatório térmico. Elaboração própria.
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O acesso ao pavimento intermediário é externo e se da por uma escada metálica vazada que faz parte da fachada principal das casas. A escolha do material da escada se deu em função da exposição a intempéries, reduzindo a manutenção e aumentando o tempo de vida da estrutura. A opção da escada ser metálica é devido a exposição a intempéries, o que reduz o excesso de cuidados e tratamentos que seriam necessários. Logo que se termina de descer os degraus, chega-se a um segundo “telhado verde”, que faz a cobertura dos
cômodos
do
pavimento
inferior,
e
assim
como
as
demais
coberturas,
drena
a
água
que
será
reutilizada pelas residências. Assim como o Centro de Estudos, todas as residências recebem o HVFC desde a fundação até as paredes externas ou que estejam em contato com a terra e umidade. Recebem demãos de Acabamento Impermeável Ecológico “waterproof membrane” da Clarus Divisão Construction para proteção contra a umidade. A fachada deste pavimento se da por esquadrias de madeira e bambu, e por uma parede de garrafas PET que trás a iluminação para o interior da casa de uma forma diferente.
41
páginaquarentaeum
Figura 16 – Porta de entrada (hall de entrada). Elaboração própria.
Figura 17 – Porta da sala (vista externa). Elaboração própria.
Figura 18 – Porta da sala (vista interna). Elaboração própria.
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Figura 19 – Parede de garrafas PET. Elaboração própria.
As paredes internas são feitas de tijolos de solocimento, que além dos benefícios, facilitam a montagem e rapidez da obra e por suas dimensões, reduz a espessura das paredes, aumentando a área útil da edificação. Há possibilidades também dos moradores dividirem os ambientes conforme seu gosto ou com um material ainda pouco utilizado, chamado OSB – Oriented Strand Board, que nada mais é do que “tiras de madeira” coladas e prensadas, formando chapas que são montados como sanduíches, o que também facilita a passagem de sistemas elétricos e hidráulicos. Todas as paredes de HVFC que estão em contato com a terra têm uma espessura maior, pois, os blocos de concreto (20 cm), dão a sustentação para as paredes de terra (onde foram feitos os cortes de terra para implantação das residências), em seguida, há um vão de 10 cm até a parede seguinte que é de solocimento. Esse vão funciona como uma câmara, onde, o ar circula e evita problemas com mofo e umidade dentro das casas.
43
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Entre as divisões das casas de um mesmo módulo, há uma câmara de circulação de ar de 20 cm, sua função é permitir a saída do vapor do chuveiro instalados no pavimento inferior dos módulos. Esse sistema só não é utilizado entre as casas localizadas no meio e cada módulo, pois, como as casas são espelhadas uma da outra, não há banheiros no centro do módulo, o que permite a construção de uma parede de adobe com 40 cm de espessura, que além da estética, recebe a função acústica, o que também é levado em consideração nas demais divisões entre as casas. O adobe é um material de construção muito barato, já que sua matéria-prima é retirada do próprio local da obra e ainda é de fácil preparo, utilizando para sua massa, além de terra, água, palha de arroz picada ou outros tipos de fibras vegetais, e uma forma, geralmente feita de madeira para moldar os tijolos. (SOARES 2007: 22) Mesmo onde há câmaras de ar, os blocos de HVFC são preenchidos com terra local, para formar uma barreira anti-ruídos, assim como o adobe localizado no centro dos módulos.
Figura 20 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria.
44
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Figura 21 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria.
Figura 22 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria.
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O piso da calçada (quando se termina de descer a escada) e o piso interno são os mesmos. Para facilitar e agilizar a obra, a própria laje é o piso acabado (com um simples alisamento do concreto para retirar rusticidade e evitar que estrague ou risque os móveis). Há possibilidades também do morador aplicar mosaico de cacos de pisos, assim como no Centro de Estudos ou um outro piso que seja do seu gosto. Junto a este, logo atrás das grandes esquadrias da fachada, fica o tablado feito com toras de madeira de reflorestamento cortadas ao meio. Esse piso faz conexão com a sala de estar e é o mesmo utilizado na escada que da acesso ao piso inferior. Parte da laje do piso intermediário é vazada (onde se localiza a escada), possibilitando avistar o piso inferior. Isso tem como função, a circulação de ar e iluminação natural no pavimento inferior.
Figura 23 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria.
46
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No pavimento inferior, o piso será composto por assoalhos laminados de bambu de cor clara. As régua tem 90 cm de comprimento e 9 cm de largura. A escolha deste material se deu em função de apresentar uma das mais belas opções de piso que há no mercado, além das excelentes vantagens ecológicas e alta resistência, o que permite maior durabilidade. Quanto às esquadrias, pode-se dizer que são a fachada das casas, pois, são elas que fazem a vedação dos grandes vãos deixados para melhor circulação de ar e iluminação natural e assim como o pavimento intermediário, os quartos recebem esquadrias especiais de madeira de reflorestamento e bambu. São contornadas pela moldura natural formadas pelas paredes verdes. Na mesma rua que dá acesso a essas casas, pode-se entrar nas garagens do piso térreo dos módulos de 1 dormitório. São 7 módulos somando 28 casas ao todo. Como não houve necessidade de construir a cobertura de carros no telhado verde, essas casas não receberão as placas de células fotovoltaicas, já que as existentes nas outras residências são suficientes para alimentar a Vila. As demais técnicas e materiais são repetidos nestas edificações. E, por fim, as casas que ficam no alto do terreno. São 11 módulos de 2 residências cada, somando 22 casas. Estas, por sua vez recebem 3 dormitórios e tem seu acesso pelo telhado verde, assim como as casas de 2 dormitórios. A cobertura para carros, montadas com placas de células fotovoltaicas recebe mais um módulo, podendo-se guardar até 2 automóveis cobertos. Todos os outros itens, materiais e sistemas utilizados neste modelo seguem o mesmo padrão dos demais. As placas de célula fotovoltaica das coberturas para carros instaladas nos módulos de 2 e 3 dormitórios somam um total de 915,84 m2 de área. São instaladas em perfis metálicos, onde, para as residências de 2 dormitórios, somam-se 18 placas fotovoltaicas e 12 placas de vidro temperado de 8 mm, fixados com um sistema popularmente conhecido como “aranha” e que faz a fixação das peças. Cada placa fotovoltaica gera 100 watts de energia por m2, o que na Vila Ecológica Parque dos Eucaliptos representa 91,584 watts, já que sua área de cobertura é de 915,84 m2.
47
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Figura 24 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria.
Aerogeradores Para somar a essa energia, na parte mais alta do terreno foram instaladas 10 turbinas eólicas North Wind 100, da empresa Northem Power Systems. Cada uma delas gera 100 watts, o que somados serão obtidos
1000
watts.
_Northwind100.pdf
e
(Disponível
em:
www.windpowerenergiaeolica.com/pdfs/outros_produtos_web-
www.energiasrenovaveis.com/images/upload/MicroEolicas.pdf,
consultado
em:
29/09/08). Toda essa potência é mais que necessária para atender as necessidades da Vila e ainda o excedente de energia produzida pode ser vendida para a empresa fornecedora de energia local. Como não será necessário o uso de energia vinda da rua e a empresa fornecedora de energia poderá comprar o que será adquirido de forma natural, os próprios sistemas trabalharão para serem pagos, recompensando os investimentos para criação do sistema.
48
páginaquarentaeoito
Figura 25 – Sistema de ventilação para os sanitários e áreas de serviço. Elaboração própria. Tabela
6
–
Especificações
técnicas
da
turbina
eólica
NorthWind
100
–
Disponível
em:
www.windpowerenergiaeolica.com/pdfs/outros_produtos_web_NorthWind100.pdf, consultado em: 25/09/2008.
49
páginaquarentaenove
Cabine de força Trata-se de uma
construção simples,
onde serão colocados
todos
os
equipamentos
necessários
para
trabalhar com a energia elétrica. O cômodo será dividido ao meio por paredes de alvenaria HVFC e o espaço destinado ao gerador terá paredes
recheadas
com
terra,
para
amenizar
o
barulho
do
equipamento
quando
ele
estiver
em
funcionamento.
50
páginacinquenta
Ecovila São Paulo Arquiteto: Marcelo Todescan Local: Marginal do Rio Pinheiros – São Paulo Data: Desconhecida Informações adicionais: Latitude 23º 32’ S e Longitude 46º 38’ O A Ecovila2 São Paulo por enquanto se trata apenas de um projeto e ainda não há previsões de quando será construído. O projeto foi feito em função de um terreno de 43 mil m2, obtendo como área construída, cerca de 35 mil m2, e devido a maleabilidade do projeto seria fácil adaptá-lo a qualquer outro lugar que comporte sua área construída.
“O
importante
é
conseguirmos
um
local
estratégico
e
realmente
urbano,
capaz
de
interferir
positivamente na paisagem da cidade – para ser visto, visando e replicando em outros lugares”. (TODESCAN 2007: 24)
O que mais chama a atenção nesta Ecovila, é a utilização de materiais de demolição e reciclados e instalações de soluções sustentáveis: sistemas de aquecimento solar, captação de água para reuso das residências e o tratamento de esgoto através de plantas filtradoras. Outra questão de destaque para este projeto são as residências que simplesmente são montadas dentro de galpões, como se fossem apartamentos com variação de tamanho entre 60 e 120 m2, e estão próximas da área educacional, de serviços e comércio da Ecovila São Paulo. Dentre todas as construções, uma recebe destaque. É um globo, onde ficam as instalações para tratamento de esgoto, que por sua vez é todo feito através de plantas filtradoras, que limpam as impurezas da água que será reutilizada em serviços da Ecovila, como: irrigação de jardins e descarga dos vasos sanitários.
2
As Ecovilas são comunidades organizadas para desenvolver atividades centradas equilíbrio entre as pessoas e com o meio-ambiente.
www.desempenho.esp.br/ecovila/get_ecovila.cfm?id=29, consultado em 16/02/08.
na
harmonia
Disponível
e
no
em:
52
páginacinquentaeum
Perspectiva da Ecovila São Paulo:
Figura 26 - Perspectiva da Ecovila - Disponível em: Revista AU, nº. 162, p. 24.
53
páginacinquentaetrês
HHP - Hockerton Housing Project Arquitetos: Brenda e Robert Vale Local: Southwell – Reino Unido da Grã-Bretanha Data: 1996 Informações: Latitude 53º 06’ N e Longitude 0º 95’ O
Figura 27 – Fachada das casas - Disponível em: www.hockerton.demon.co.uk, consultado em: 03/03/08.
A vila de Hockerton está em uma terra protegida para o desenvolvimento ecológico auto-suficiente no Reino Unido. Os membros procuram sempre viver em harmonia com o ambiente e considerando os impactos ambientais. O grande destaque do projeto é a geração de sua própria energia, através de placas de células fotovoltaicas que ficam instaladas na cobertura das 5 casas de HHP, e por aerogeradores que usam a força dos ventos para a produção de energia elétrica. Além disso, coletam água das chuvas através dos telhados verdes e das ruas para um consumo posterior. Toda a água fica armazenada em tanques e é utilizada para irrigação dos jardins, descarga dos vasos sanitários e outros usos que não necessitem de água potável.
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Figura 28 –Placas fotovoltaicas da cobertura - Disponível em: www.hockerton.demon.co.uk, consultado em 03/03/08.
O esgoto da vila também é tratado, passando primeiramente para a fossa séptica, onde, permanece de 5 a 10 dias para liquidação de matérias sólidas e passa por um sistema, na vila chamada de “cama limpa”, que é a saídas das fossas e ligação a um ecossistema (lago). Ou seja, as raízes das plantas que fazem parte deste sistema, fornecem oxigênio para as bactérias que estão na água, que digerem os agentes patogênicos no esgoto, tornando a água rica em nutrientes para a prática de aqüicultura.
Figura 29 – Planta de Hockerton Housing Project Disponível em: www.hockerton.demon.co.uk, consultado em 03/03/08.
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Os números descritos na planta correspondem a seguinte legenda transcrita na íntegra: 1. Entrada 2. Horta 3. Reservatório de água 4. Morrote de terra 5. Reservatório de água 6. Pedras para marcar o local da origem da Vila 7. Pedras para marcar o local da origem da Vila 8. Área de retirada de terra para os telhados verdes 9. Placas de células fotovoltaicas 10.Fossas sépticas 11.Telhado Verde 12.Centro de aprendizagem 13.Turbina eólica 14.Turbina eólica 15.Lagoa 16.Ponte 17.Lago 18.Saída de água do tratamento de esgoto 19.Tulhas com resíduos orgânicos 20.Áreas de preservação ambiental
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BedZed Arquiteto: Bill Dunster Local: Beddington – Londres Data: 1999 – 2001 Informações: Latitude 51º 08’ 53” N e Longitude 0º 11’ 25” L
Figura 30 – Fachada Sul das casas do Condomínio BedZED - Disponível em: www.revistaau.com.br/Edicoes/123/artigo23434-1.asp?o=r, consultado em 03/03/08.
Os principais elementos eleitos para este projeto são: o baixo consumo de energia e a auto-sustentabilidade, levando em conta como principais elementos: água e energia. A energia consumida é produzida no próprio condomínio ou por meio de placas de células fotovoltaicas que foram instaladas nas coberturas das casas para captar o calor do sol e transformá-lo em energia elétrica que, aliás, também se da por meio de uma mini-estação, que utiliza lascas de madeira, lá chamadas de Woodchip CHP – Combined Heat and Power. As lascas de madeira são secas e colocadas em um gaseificador, produzindo gás combustível. Esse gás, misturado com ar alimenta um gerador que fornece energia elétrica
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para o condomínio.
Além disso,
esse processo gera calor,
o que também é aproveitado para fazer o
aquecimento da água através de dutos cobertos por material isolante e que conduzem a água às residências.
Figura 31 - Esquema de aquecimento - Disponível em: www.revistaau.com.br/Edicoes/123/artigo23434-1.asp?o=r, consultado em 03/03/08.
Há também uma mini-estação para tratamento do esgoto produzido no condomínio. Esse processo é feito por plantas filtradoras e reduz qualquer risco de contaminação, e assim, a água pode seguir para o uso dos moradores.
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Figura 32 – Esquema de captação e tratamento de água do BedZED -Disponível em: www.revistaau.com.br/Edicoes/123/artigo234341.asp?o=r, consultado em 03/03/08.
“Tentamos produzir algo que fosse melhor e que proporcionasse aos moradores uma ótima qualidade de vida”, explica o arquiteto Bill Dunster. (Disponível em: www.revistaau.com.br, consultado em: 03/03/08) As unidades recebem jardins na cobertura, com solo compacto de 30 centímetros, para garantir o isolamento térmico. Além desta função, atrai espécies animais para o local, criando um novo ecossistema. As paredes das casas são feitas com blocos de concreto de alta densidade, lã mineral e internamente fechado por tijolos cerâmicos. As janelas recebem vidros duplos e triplos, vedados com borracha, ganhando assim, cerca de 30% de economia com equipamentos de aquecimento, já que neste local faz muito frio. Para evitar
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que o ar fique confinado, criou-se um sistema baseado na energia eólica, trata-se das chaminés coloridas que são o marco do BedZed. vida útil dos materiais utilizados neste projeto, é de pelo menos 120 anos, e sempre que possível optou-se por reciclados ou que fossem ecologicamente corretos. A madeira é de reflorestamento e os demais materiais foram retirados de um raio máximo de 56 km do local, o que foi estabelecido para evitar maiores danos ao meio ambiente e que resultou também na valorização de materiais da região. Os reciclados foram o concreto e o steel frame3 que foram desmanchados e reformados. Na verdade, estes materiais que não são ecologicamente corretos, mas, trazem maior durabilidade da obra, e além do mais, são provenientes de construções já demolidas, e no BedZed reaproveitados. Outras técnicas utilizadas no condomínio foram: a coleta de água que posteriormente são estocadas em tanques no subsolo e o tratamento de esgoto que é feito dentro de uma mini-estação, onde, há tanques com jardins hidropônicos, possibilitando o crescimento de organismos que limpam a água. Esta água em especial é destinada aos jardins e às descargas dos vasos sanitários.
Figura 33 – Vista do Condomínio - Disponível em:www.revistaau.com.br/Edicoes/123/artigo23434-1.asp?o=r, consultado em 03/03/08.
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Estrutura em perfil leve metálico.
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IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado Arquiteto: Desconhecido Local: Local: Pirenópolis – Goiás Data: 2005
Figura 34 – Dormitórios do IPEC - Disponível em: Revista AU, n° 143, p. 30.
O IPEC é uma organização para desenvolver oportunidades de educação e referencias em sustentabilidade para o Brasil. Desenvolve soluções práticas para o desenvolvimento e estratégias de habitações ecológicas, saneamento responsável, energia renovável, segurança alimentar, cuidados com a água e processos de educação de forma vivenciada. (Disponível em: www.ecocentro.org/menu.do?acao=ecocentro, consultado em: 06/08/08) O grande destaque do IPEC vai para as construções de terra. A técnica aqui utilizada é bastante simples e rudimentar, o que traz rapidez nas construções, garante o conforto ambiental e ainda reduz os impactos ao meio ambiente. Essa técnica é conhecida como superadobe, tem baixo custo, fácil execução, dispensa mão-deobra especializada e a matéria-prima geralmente é retirada do próprio local da obra.
“É ideal para construir refúgios em países destruídos pela guerra ou que foram vítimas de catástrofes ambientais”, afirma seu inventor, o arquiteto iraniano radiado nos Estados Unidos, Nader Khalili (AU 2006: 28)
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A vila dos estudantes se resume em 5 casas dispostas entorno de uma praça, todas utilizando da mesma técnica, o superadobe. Próximo, fica uma cozinha industrial construída com a técnica, e é maior da América Latina feita com esta técnica até este momento. A mistura deve ser aplicada nas vergas de portas e janelas da primeira às últimas fiadas de forma a impedir que a umidade suba por capilaridade4. Por serem muito espessas, variando entre 40 e 60 centímetros, as paredes são bem estáveis e possibilitam a construção de um segundo pavimento, porém deve-se levar em consideração a perca de área útil, uma desvantagem dessa técnica. Como requerer fundações rasas, como: sapata corrida5 ou radier6, reduz ainda mais os gastos. No caso do IPEC, como o solo é bastante duro, houve a necessidade apenas duas fiadas de blocos enterradas no solo para sustentar as paredes. Como toda a massa de terra é colocada em sacos de polipropileno7, depois de erguidas as paredes, passa-se o maçarico para retirar os sacos. O próximo passo é embutir as instalações hidráulicas e elétricas e fazer o acabamento das superfícies que aceitam desde pintura até revestimentos cerâmicos, como é o caso da cozinha que por motivos de higiene, foram revestidas com azulejo. As demais áreas recebem apenas reboco de terra e cal.
Figura 35 – Cozinha industrial - Disponível em: Revista AU, n° 143, p. 33.
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Em Física, chama-se capilaridade a propriedade dos fluidos de subir ou descer em tubos muito finos.
Disponível em: www.pt.wikipedia.org/wiki/Capilaridade, consultado em 25/03/08. 5
A sapata corrida é contínua, ou seja, percorre todo o comprimento da parede.
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Radier é um tipo de fundação rasa, funcionando como uma laje contínua de concreto em toda a área da construção.
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Polipropileno é um tipo de plástico que pode ser moldado usando apenas aquecimento
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Construção Plástico - Orgânica Arquitetos: Márcia Macul e Sérgio Prado Local: Ubatuba – São Paulo Data: 2003
Figura 36 – Vista da casa - Disponível em: Revista AU, nº 144, p. 38.
O modelo de habitação sustentável desenvolvido pelos arquitetos Márcia Macul e Sérgio Prado, tem como proposta, a redução do déficit habitacional e a falta de alimento para as populações de baixa renda e que possa auxiliar no combate às enchentes e reduzir o consumo de energia. A solução aposta na utilização de garrafas PET recicladas para confecção de paredes de vedação, em substituição aos blocos e tijolos. Para comprovar que se trata de uma proposta viável, a arquiteta resolveu construir dentro de seu próprio sítio, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, uma casa com cerca de 55 m². A edificação é composta por uma grande área livre onde ficam as salas de estar e de jantar, e por um mezanino onde foi colocado um dormitório. A casa tem proporções reduzidas e desenho simples, e é na sala de jantar que está a maior inovação arquitetônica. Uma parede de cerca de 2 m de largura por 2,4 m de altura e se destaca das demais pela translucidez. A parede foi erguida com garrafas PET empilhadas, fechadas com a própria tampa. De cada módulo de vinte garrafas, uma recebe um sistema de hidroponia por gotejamento que alimenta espécies vegetais plantadas em um substrato colocado dentro da garrafa. Com o sistema, que permite o cultivo de plantas sem o uso de terra, o crescimento é duas vezes mais rápido que o tradicional. Há um sistema de
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recolhimento da água da chuva, elaborado com calhas e condutores que transporta o líquido até uma caixa d'água escura, protegida da luz solar para tornar-se imune a bactérias. Dali, a água segue até algumas das garrafas, renovando automaticamente o gotejamento da unidade cultivada. A pele verde proveniente das plantas proporciona privacidade e um microclima agradável no interior do ambiente, enquanto a vegetação exerce o importante papel de proteger o plástico do contato direto com o sol. Já a água dentro das garrafas, além de produzir inércia à estrutura da parede, confere também proteção contra incêndios.
Figura 37 – Parede de garrafas PET na sala de jantar - Disponível em: Revista AU, n° 144, p. 41.
Como as plantas são capazes de absorver a emissão de combustíveis fósseis, como o gás carbônico, por exemplo, além de alimento para seus moradores, esse modelo de habitação ajudaria na redução do aquecimento global. Na construção das paredes com PET, as garrafas assumem a função do aço para resistir à tração, já a resistência à compressão, no caso da casa em Ubatuba, é proporcionada pelo emprego da taipa de pilão para a execução das paredes estruturais.
"A simples substituição do concreto pela terra crua já agrega maior sustentabilidade à obra, afinal, o cimento requer muita energia para sua produção e chega a ser responsável por 8% do aquecimento da atmosfera". (MARCUL 2006: 42)
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Da terra retirada do terreno foram acrescidos somente 5% de cal e um pouco de baba de cupim8. Depositada em fôrmas estanques de compensado plastificado e prensado por barras de ancoragem, a taipa é então socada e após retiradas das formas, resultando em paredes sólidas e compactas com capacidade de carga de em média 1 Mpa9 por cm², e de acordo com essa resistência é possível seguramente construir edificações de até cinco andares. Além de tudo, o sistema construtivo traz uma velocidade na execução, podendo-se preparar paredes de 2 x 2.40 metros por dia. O sistema estrutural é completado por vigas de formato “T” de madeira que completam o sistema estrutural da edificação. No encontro das taipas, aberturas de 25 cm permitem a entrada de luz natural e fazem com que a parede pareça estar solta do conjunto. Segundo os arquitetos, como o cimento possui muita energia incorporada, a simples substituição do concreto pela terra crua confere qualidade sustentável a casa. Além do baixo custo, outra vantagem da casa, é tornar possível erguer edificações que não exigem quase nenhuma energia elétrica para sua produção.
"Ao mesmo tempo, por serem métodos simples e naturais, a própria comunidade local pode aprender a fazer". (MARCUL 2006: 43)
Figura 38 - Parede de garrafas PET (à esquerda), fazem o fechamento dos tijolos, além de ter a função de iluminar e cultivar alimentos por hidroponia.
O fechamento do banheiro e cozinha também recebe tijolos feitos de terra (à direita) - Disponível em: Revista AU, n° 144, p. 43.
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Solução que já é produzida quimicamente e que atua como estabilizante.
Mega Pascal é uma unidade de resistência de um determinado material, neste caso trata-se da resistência da taipa.
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Vila Barulho D’água Arquitetos: Vidal e Sant’Anna Arquitetura Local: Paraty – Rio de Janeiro Data: 2003 – 2004
Figura 39 - Vista do módulo de hospedes a partir da passarela de acesso ao social - Disponível em: www.vitruvius.com.br/institucional/inst136/inst136_01_03.asp, consultado em 11/03/08.
O exercício de projetar se iniciou na observação do terreno de difícil localização que fica a 300 km do escritório dos arquitetos. Quando foi analisado o terreno, tornou-se inevitável não considerar a densa mata e a imponente condição ambiental na área do projeto. Neste momento, as preocupações ainda não eram voltadas para as questões de sustentabilidade. A proposta se trata da construção de uma casa de veraneio com aproximadamente 120 m2, implantada em um terreno de 2 mil m2, repleto de vegetação nativa, pedras e delimitado por um rio e que se situa a 6 km do centro de Paraty. A alternativa de projetar uma construção em um único bloco se tornou inviável devido a grande quantidade de árvores no terreno. Para a implantação de uma residência única, seria necessário criar uma grande clareira na mata. Da mesma forma, optou-se por manter o perfil natural do terreno.
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A opção de não interferir na topografia, proporcionou a construção de módulos menores e que tocassem minimamente o solo, mantendo toda sua permeabilidade. Então, foi determinada para o interior da casa, uma condição de conforto térmico, pois, o espaço entre o chão de terra e o piso da construção promove suficiente passagem de ar, evitando a umidade transmitida por capilaridade, muito comum na região. Além do mais, a implantação por meio de módulos acabou facilitando a construção de etapas. Após a definição da estrutura de madeira e a cobertura de telhas, o passo seguinte consistiu em selecionar o tipo de vedação necessária para as condições de execução, rapidez, leveza, durabilidade e resistência. A pesquisa dos arquitetos os levou a conhecer o OSB – Oriented Strand Board, que é o mesmo que “tiras de madeira orientadas”, as placas medem 2,44 por 1,22 metros, com diversas espessuras e que apresentam as características para o uso pretendido. Para a utilização das chapas, foi necessário aumentar o tamanho dos beirais, para protegê-los das intempéries. Os módulos, o afastamento do solo, a estrutura em madeira, a cobertura de telhas de barro de uma água e a vedação por meio de vidraças e placas OSB conferiram condições para introduzir no projeto os demais detalhes enriquecedores. A partir das dimensões dos painéis, o projeto apresentou amarração de tal consistência que as medidas dos cômodos passaram a representar variações das medidas dos painéis. Na busca de promover a integração dos espaços internos com a natureza que os envolve optou-se por grandes vedações em vidro, principalmente na área social. Permitir o usufruto da visão da mata era fundamental, pois não existe quadro mais belo que a mata do entorno. Em
termos
de
economia,
houve
significativa
redução
na
perda
de
material, nos prazos da obra e no emprego de mão-de-obra. O sistema possibilitou que toda a execução fosse cumprida em dois meses e com o envolvimento de apenas dois trabalhadores.
Figura 40 - Implantação no terreno localizando a distribuição dos 3 módulos de edificação - Disponível em: www.vitruvius.com.br/institucional/inst136/inst136_01_03.asp, consultado em 11/03/08.
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Construção Verde no Campo Engenheiro: Tércio Pacitti (proprietário) Local: Ouro Fino – Minas Gerais Data: Desconhecida
Figura 41 – Vista da casa principal - Disponível em: Revista Arquitetura e Construção de dezembro de 2007, p. 80.
Aos poucos, a possibilidade de ter uma casa de baixo impacto ambiental começa a conquistar adeptos. As construções que se sustentam sozinhas já são estão se tornando realidade para muitas famílias. O refugio idealizado pelo Engenheiro e proprietário Tércio Pacitti, fica numa área rural, sem vizinhos por perto. Ele aproveitou a falta de energia elétrica local e resolver a questão energética com geradores eólicos e placas de célula fotovoltaicas. Antes de erguer a casa principal, construiu-se a casa do caseiro, com o intuito de testar a eficiência dos sistemas. Depois de feito o projeto, dimensionou-se as lâmpadas, tomadas e até mesmo eletrodomésticos, a fim de quantificar a energia necessária. Há duas turbinas eólicas e dez placas fotovoltaicas com potencial para produzir mensalmente cerca de 600 kWh, considerando que uma família de quatro pessoas consome de 200 a 300 kWh morando no imóvel.
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“Você se disciplina
a respeitar a natureza, ter consciência no consumo e viver apenas com o
essencial. Nosso cuidado é evitar o desperdício de água e nunca esquecer as luzes acesa”. (PACITTI
2007: 81)
Eletricidade vinda do ar Para gerar luz, é preciso ter um vento numa velocidade mínima de 4 metros por segundo. E, é necessário um kit eólico que compreende: turbina, torre, bateria e inversor, para atender uma família de quatro pessoas. O alto investimento inicial ainda atrapalha o avanço deste sistema, ao contrario do que acontece lá fora, onde os governos patrocinam a construção de parques eólicos para abastecer as moradias. Os aerogeradores juntos geram 1900 watts pico e as placas de células de silício totalizam 762 watts pico, somadas, elas oferecem 20 kWh por dia e 600 kWh por mês. Individualmente, estes enviam a energia para o controlador de cargas, instalado dentro de uma casa de força, e toda a carga elétrica é mandada para baterias. Essas baterias são expostas conforme a energia é usada, e caso estejam cheias, o controlador manda um aviso para que as turbinas e as placas cassem o funcionamento durante este momento. A carga das baterias segue para um inversor, capaz de transformar a energia de 24 volts de corrente continua para 220 volts de corrente alternada. O inversor é ligado ao quadro de força que distribui energia elétrica para a casa principal, a piscina de 60 mil litros e a moradia do caseiro, tudo através de eletrodutos de plástico enterrados no solo.
Figura 42 – Turbinas eólicas para a geração de energia elétrica - Disponível em: Revista Arquitetura e Construção de dezembro de 2007, p. 80.
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Figura 43 – Base em informações disponível em: Revista Arquitetura e Construção de Dezembro de 2007, p. 82 e 83.
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Construção Verde na Cidade Arquitetos: Aquiles Miyamoto e Gilson Vautec Local: São Paulo Data: Desconhecida
Figura 44 – Fachada principal - Disponível em: Revista Arquitetura e Construção de dezembro de 2007, p. 84.
Desde o início os profissionais propuseram uma construção de menor impacto ambiental, a começar pelo mínimo corte de terra que venceu o declive de 7 metros. A partir desse principio consciente, surgiu um sobrado de 500 m², distribuídos em três pavimentos e erguido em pouco mais de um ano. As fachadas recebem brises que ao refletir a luz do sol, clareia sem aquecê-la demais e conseqüentemente evitando que as lâmpadas sejam acesas durante o dia, evitando maiores gastos e aproveitando dos recursos naturais. A luz do sol também é utilizada para aquecer a água utilizada na residência. O sistema de aquecimento de água é bastante simples. A água potável passa pelo boiler (reservatório de água) e em seguida passa por coletores solares. Cada um destes coletores recebe serpentinas que absorvem o calor do sol e aquecem a água, aí então, ela retorna ao boiler, onde fica armazenada. A água aquecida segue por tubos de cobre até o chuveiro e as torneiras dos banheiros e cozinha.
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Os arquitetos propuseram o aproveitamento da água da chuva em vasos sanitários, jardim e garagem. Além do beneficio ao meio ambiente, também houve uma significativa redução da conta de luz. Além do mais, todas as torneiras dos sanitários são automáticas e as bacias sanitárias consomem por descarga, o equivalente a 6 litros, reduzindo o consumo. Além das vantagens que o aproveitamento da água da chuva pode trazer ao meio ambiente, o usuário também será beneficiado com a redução dos gastos. Neste caso, o consumo geralmente varia entre 180 e 200 litros por pessoa, passa a ser de 100 a 130 litros por pessoa. Toda a água coletada é enviada para reservatórios no subsolo, que abastecem a caixa d’água da cobertura. Quando falta chuva, o reservatório de águas pluviais é alimentado automaticamente pelo reservatório de água potável. A água é coletada através de calhas de concreto de 40 cm de largura e que conduz a água a uma tubulação até o filtro para retirar as folhas e detritos. Em seguida vai para o reservatório de concreto com capacidade para 7 mil litros. Se este reservatório estiver cheio, uma tubulação de saída manda a água excedente para a rua, evitando transbordamento. Com a ajuda de bombas, a água segue para o reservatório de 1000 litros na cobertura, quando o nível superior abaixa, uma bomba automática aciona a bomba.
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Reservatório no subsolo Figura 45 – Base em informações disponível em: Revista Arquitetura e Construção de Dezembro de 2007, p. 86 e 87.
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