Revista Janeiro de 2014

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vitória Ano IX

Nº 101

Janeiro de 2014

Revista da Arquidiocese de Vitória - ES

Anunciar a alegria do

Evangelho Especial

Entrevista

Reportagem

Primeira Exortação do Papa

Neusso da Casa de Pedra

Dia da Interação



vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES

Ano IX – Edição 01 – Janeiro/2014 Publicação da Arquidiocese de Vitória

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30

Aspas

mICRONOTÍCIAS

Concurso Orla Noroeste de Vitória

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Especial

Primeira Exortação do Papa Francisco

32

34

ideias

Com espinosa pelos pomares da memória

38

Reflexões

Pertença Eclesial

08 39

aTUALIDADE

Eu tenho o que preciso ou preciso do que tenho?

Arquivo e Memória

Leigas Consagradas, 30 Anos de serviço e amor à Igreja Particular de Vitória

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42

cultura capixaba

Lenda do pássaro de fogo

Seções

mUNDO lITÚRGICO

São Sebastião: um santo guerreiro para um povo de fé

O matrimônio é sacramento

Festividades de São Sebastião

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comunidade de comunidades

ensinamentos

acontece

Neusso da Casa de Pedra

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40

44

eNTREVISTA

Oração em família: encontro com Deus

pROJETO

Educação Integrada na Obra Social Nossa Senhora das Graças

28

Caminhos da Bíblia

A comunidade dos discípulos, lugar do cuidado e da acolhida

05 PENSAR 06 DIÁLOGOS 17 ARTE SACRA 21 ESPIRITUALIDADE 24 REPORTAGEM 36 PRÁTICA DO SABER

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Colaboradores: Alessandro Gomes, Dauri Batisti, Gilliard Zuque, Giovanna Valfré, Edebrande Cavalieri, Vander Silva • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: comercial@redeamericaes.com.br - (27) 3198-0850 • Fale com a revistavitória: mitra.noticias@aves.org.br • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Kiko • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555


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w w w. a v e s . o r g . b r

fale com a gente

editorial

Fora dos propósitos

A

s agendas, os planejamentos e principalmente os bons propósitos são comuns no início do ano, mas quem não gosta de uma surpresa? Que tal um espaço na agenda para deixar-se surpreender? Sim, às vezes a agenda é tão carregada que a “surpresa” não consegue chegar, ou não consegue fazer-se notar. Perceber as oportunidades exige atenção, reconhecer uma ocasião nova precisa de observação e agenda lotada é contrário a tudo isso. Vai fazer agenda? Deixe um espaço para ser surpreendido, melhor, deixe um espaço para permitir-se fazer experiências novas, conhecer pessoas diferentes, visitar lugares conhecidos ou desconhecidos sem correria e observe mais tudo que está à sua volta. Entrevistamos um artista, escultor de madeira, que descobriu nas suas buscas que quando você determina o que vai achar acaba deixando de ver o que a vida lhe oferece. Feliz 2014, fora dos propósitos da agenda. Maria da Luz Fernandes Editora


pensar

Paula Mendes Fotografias


diálogos

O que se passa no coração do católico político

O

uvi muitas vezes de nossos irmãos que militam na política partidária o desejo de receber apoio da Igreja, especialmente dos padres e dos bispos. Sentem-se como órfãos nesta batalha na luta pelo bem comum. Há seis anos estamos fazendo esforços para corresponder aos apelos destes irmãos. Começamos com encontros, palestras, diálogos etc. Da iniciativa do Arcebispo passou-se à formação de uma equipe interpartidária que ficou com a missão de convidar os políticos católicos, lembrar as datas dos encontros com o Arcebispo e, principalmente, sugerir as temáticas interessantes para eles. Os conteúdos desses encontros foram muito variados, passando por assuntos da atualidade, critérios evangélicos e ensinamentos da Igreja. Inicialmente

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foram convidadas pessoas que pudessem refletir sobre temas atinentes à vida do político partidário. Depois os participantes sugeriram que houvesse todos os meses a Celebração de uma Eucaristia para eles. Escolheram o dia apropriado, segunda-feira. Os Bispos e Pe. Kelder revezam-se neste serviço, mas, normalmente tem sido o Arcebispo a presidir às celebrações. A Palavra partilhada provoca reflexões e aponta caminhos que são percebidos por cada um e, o Arcebispo, propõe pistas de direção a partir

do confronto entre o Livro Sagrado e a atuação política em nosso Estado. Antes e depois da Eucaristia sempre há um tempo para uma troca de ideias e reforçar a fraternidade. O tom dos diálogos durante a Celebração é ditado pela Palavra, pois a Celebração da Eucaristia não comporta discursos políticos nem de autoelogios, e a partilha da Palavra não substitui a homilia que exige algo mais de um discurso bem elaborado. É preciso conhecimento bíblico e aprofundamento de outros aspectos da vida e vivência cristã. A fé do político católico precisa ser alimentada pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, mas, como acompanhar os políticos partidários na missão diária? Que tipo de apoio a Igreja pode oferecer aos irmãos que militam na política? Ficam-me

algumas perguntas: o que se passa no coração e na mente de um político partidário que solicita o apoio da Igreja? É certo que ele quer ser aceito e conhecido na comunidade eclesial, quer ser considerado como um cristão-político entre outros e receber os votos dos irmãos na fé. Porém, só isto? Se fosse apenas este tipo de apoio não seria necessário um encontro mensal. Penso que aqui está o ponto de desencontro entre o que eles desejam e o que o padre e o bispo desejariam. Eles querem ganhar a eleição e com o apoio dos padres e bispos. O nosso apoio vai em direção diferente. Nós queremos que eles sejam discípulos de Cristo e Missionários no meio político! Sonhamos com políticos atuando como discípulos e missionários no Poder Legislativo, Judiciário e Executivo, nas três instân-


cias de serviço, municipal, estadual e federal. O político discípulo e missionário é alguém que pauta sua vida no Evangelho sob esta luz. Eu até diria que não é só um apostolado cristão, mas um ministério, um serviço diferente e que faz diferença entre os demais políticos que pensam diferente do cristão, ou têm outras opções. O discípulo político e missionário terá como luz e força de sua vida o Evangelho traduzido no ensinamento social da Igreja. Com esta mentalidade, com esta formação, aparece então a necessidade e urgência da confrontação diária

com a Palavra de Deus e a força, sustento e remédio da Eucaristia. Tenho até a impressão que, por enquanto, na nossa realidade política, a Eucaristia que é ponto de partida e de chegada, é, agora, mais viático, entenda-se que não se trata do auxílio aos enfermos, mas caminhada progressiva do político partidário em busca da plenitude Eucarística. Fico agora pensando.... Será que os atuais políticos católicos optam de forma consciente por serem discípulos e missionários? Já chegaram a esse compromisso de fé ou caíram na tentação de ser “mais um

político, cristão sim, mas com aquele conhecimento de catecismo infantil” sem a maturidade do verdadeiro apóstolo transformador, ministro do serviço à humanidade nova, gerada na nobreza do exercício da fé e política. Escrevo isto em busca de um aprofundamento e de um acerto no apoio que devemos dar aos nossos queridos irmãos e irmãs, que se sentem vocacionados ao serviço do bem comum, como políticos partidários. Vejo que são idealistas, mas preocupo-me e desejo que deem um passo à frente, na fé. Estou

pensando nos políticos que tiveram a coragem evangélica como Thomas More (diplomata e homem de leis, canonizado em 1935, tornando-se patrono dos governantes e políticos), e alguns políticos brasileiros que foram verdadeiros militantes e, em suas épocas, procuraram ser coerentes com a fé cristã católica. Entendo que Paulo VI ao falar “o exercício da política é nobre” buscava para os políticos católicos a dimensão de discípulo missionário. Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. Arcebispo Metropolitano de Vitória ES

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Atualidade

Eu tenho o que

preciso ou

preciso do que tenho?

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S

erá que as nossas compras refletem a necessidade real? Uma boa maneira de perceber isto é dar uma volta pela casa... olhe naquele armário que você quase não abre... dê uma espiada naquele quartinho que você não tem nem coragem de entrar... e aí? Achou muita coisa que você não usa há tempos? E algo que comprou e quase nunca usou? Pior, algo que comprou e NUNCA usou? Se o seu passeio pela casa refletiu a realidade descrita acima, cuidado, você pode ser um consumista ou mesmo um acumulador. O ato de consumir faz parte da nossa sociedade desde os tempos mais antigos. Precisamos comprar para nos alimentar, vestir, morar, cuidar da saúde, ter conforto e o que mais for necessário. Mas, muitas vezes, influenciados pela mídia, ou na tentativa de minimizar algum sentimento negativo como solidão, tristeza ou carência, tendemos a realizar compras por impulso e este é o problema. O consumismo é o ato de comprar algo sem necessitar dele. É quando este ato de comprar vira uma compulsão e isto pode causar uma série de transtornos na vida de uma pessoa, desde relacionamentos interpessoais até financeiros ao ponto de que nos casos mais extremos seja considerado uma doença. A compulsão de comprar também pode resultar em uma compulsão de acumular, surgindo assim mais um sério problema de


ser consumista. Acumuladores são pessoas que provocam um armazenamento excessivo de coisas ao ponto de se afastar do convívio com as pessoas, sofrer com a falta de espaço, e se demonstrar incapaz de se desfazer de algo. A casa ou quarto desta pessoa deixa de ser um local de convivência para ser depósito de algo. O ato de colecionar não é um problema, mas se esta aquisição de objetos for excessiva ao ponto de ocupar um espaço exagerado e adquirir um valor alto na prioridade da pessoa, ela pode estar a poucos passos de ser uma acumuladora. Refletindo sobre isto, percebemos que uma linha fina separa o consumidor do con-

sumista e o colecionador do acumulador. Como podemos evitar cruzar esta linha? No que se refere ao consumismo, psicólogos e economistas domésticos afirmam que é importante se atentar a algumas questões: Planejar e poupar são fundamentais – coloque na ponta do lápis o que é necessário comprar para suprir as suas necessidades, calcule se terá como honrar seus compromissos financeiros e poupe um pouco para o futuro e também para gastar com algo que realmente seja proveitoso. Não aja por impulso – muitas vezes compramos algo repentinamente sem nem ter raciocinado se realmente é necessário. Se lhe bater esta vontade de uma

“Não aja por impulso – muitas vezes compramos algo repentinamente sem nem ter raciocinado se realmente é necessário.

hora para outra, aguarde alguns dias para refletir melhor se isto realmente vai ter alguma utilidade em sua vida. Defina suas prioridades – liste o que você necessita e o que você gostaria de ter. Sabendo se controlar você pode se dar ao luxo de um agrado sem se tornar um consumista.

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Atualidade

O instituto AKATU, uma organização que trabalha pela conscientização do consumo disponibiliza no site dele (akatu.org.br) algumas dicas:

Agora, sobre os cuidados para não se tornar um acumulador é importante refletir sobre: Qual impacto este objeto vai ter em sua família – o custo para a aquisição do objeto, ou o espaço que ele vai ocupar em casa, pode causar atrito? A organização e conforto de sua casa – alguém vai ter que abrir mão do conforto por causa deste objeto? O ambiente pode se tornar desorganizado ao ponto de ser constrangedor receber alguém em sua casa por causa do hábito de “colecionar” coisas? A importância dos objetos em sua vida – não há nada que possa ser descartado? Até que ponto é importante guardar determinado item?

Avalie os impactos de seu consumo Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.

O que consumimos tem um impacto além das paredes de nossa casa. Nossos atos influenciam a vida de muitas pessoas, principalmente no que se refere ao meio ambiente. A quantidade de embalagem que descartamos, sempre que compramos algo, a infinidade de panfletos que recebemos todos os dias nas ruas e restos de alimentos que jogamos no lixo cobram um preço muito alto da natureza. Podemos economizar o meio ambiente e também o nosso bolso, se adotarmos uma série de medidas conhecidas como consumo consciente, que é ter a consciência do impacto que o nosso consumo representa. Através de nossas escolhas podemos aumentar os benefícios e diminuir os malefícios que a nossa sociedade provoca.

em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

Reutilize produtos e embalagens Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.

Não compre produtos piratas ou contrabandeados Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.

Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas

Contribua para a melhoria de produtos e serviços Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.

Reveja seus atos e tenha sempre na mente e no coração o que você realmente precisa para ser feliz. Quem sabe, passado algum tempo, você poderá dar outra volta pela casa e constatar um resultado bem diferente? Vander Silva

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micronotícias

Concurso Orla Noroeste de Vitória Até o dia 31 de janeiro arquitetos e urbanistas de diferentes partes do mundo podem participar do Concurso Orla Noroeste de Vitória, promovido pela

prefeitura da Capital. Serão selecionados os melhores projetos para implantação de calçadão, espaços de lazer e de contemplação, píeres, deques, atracadouros, ciclovias, polos gastronômicos e passarelas para a urbanização contínua de parte da ilha de

Vitória e uma porção continental do município. A área, objeto do concurso, compreende 760 mil metros quadrados, passa por mais de 20 bairros e beneficia diretamente 76 mil pessoas que moram na região. São 13km de orla. Os três vencedores receberão prêmios em dinheiro em março de 2014, sendo R$ 125 mil para o primeiro colocado, R$ 75 mil para o segundo e R$ 50 mil para o terceiro. O edital pode ser conferido no site www.concursoorlanoroeste.com.br

Bebês a salvo Um argentino, mecânico de automóveis, desenvolveu um dispositivo capaz de salvar bebês presos no canal de parto. A ideia ganhou o apoio da Organização

Mundial de Saúde, pois complicações potencialmente graves ocorrem em 10% dos 137 milhões de partos

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realizados anualmente em todo o mundo. A obstrução do trabalho de parto é um dos fatores que contribui para a morte de recém-nascidos. Médicos dizem que o instrumento tem potencial enorme para salvar bebês em países pobres e, possivelmente, reduzir os partos por cesárea em países ricos.


Colesterol e câncer de mama Estudo publicado pela revista Science afirmou que um subproduto do colesterol facilita o crescimento do câncer de mama.

O colesterol é “quebrado” pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Center, nos Estados Unidos, demonstraram que dietas ricas em colesterol e gordura aumentaram os níveis de 27HC no sangue, provocando tumores que eram 30% maiores, se comparados a animais que estavam com uma alimentação regular.

Corrupção no Brasil De acordo com a classificação da Transparência Internacional, a percepção mundial sobre a corrupção no Brasil aumentou em 2013. Entre os 177 países

avaliados, o Brasil ficou na 72ª colocação, com 42 pontos, no ranking que avalia as economias mais limpas do mundo. Países com pontu-

ação abaixo de 50 teriam uma situação de corrupção considerada “grave”. Quanto mais alta a pontuação, mais “limpo” o país. Esse ranking avalia as possibilidades de investimento e a credibilidade do sistema político, sendo o principal termômetro usado por instituições internacionais como uma base para medir a corrupção nos países.

Educação em alta O Espírito Santo saiu na frente dos demais estados do país e alcançou a melhor pontuação na prova de 2012 do

Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). A média alcançada foi de 423,3 pontos, ganhando cinco posições no ranking em relação aos números de 2009, quando ficou na 9ª posição, com 406 pontos. Os alunos capixabas obtiveram a maior média de Ciências (428), a terceira melhor de Matemática (414) e a quarta melhor em Leitura (427 pontos). As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas do conhecimento – Leitura, Matemática e Ciências.

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entrevista Maria da Luz Fernandes

Os movimentos que estão no nas pessoas, você encontra n Neusso é um artista que faz das raízes encontradas na natureza, reproduções das imagens da vida real. Nesta entrevista falou sobre ele mesmo.

vitória - Quando eu o conheci

há 20 anos isto aqui era uma região muito isolada, difícil de achar e quase não tinha casas. Hoje muita coisa mudou. O que mudou na sua vida? Neusso - A primeira coisa é que fiquei mais velho. Eu não tinha muito recurso para comprar os materiais e construir a casa, então eu recolhia os materiais na região. Fui recolhendo as pedras e comecei a erguer os paredões da casa e a casa foi ficando famosa. Eu sentia-me tomado por uma força maior e isso não tem muita explicação, era uma coisa que estava em mim, e as pessoas chegavam e se encantavam com aquilo. Eu oferecia um chá de ervas. Mas

Eu acredito em Deus, respeito as religiões, meus pais vêm da religião católica, mas eu vejo que o bonito no ser humano é a fé.”

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o tempo foi passando, a cidade foi se aproximando e eu cortei o cabelo, cortei a barba, mudou um pouco, mas a essência continua. Às vezes quando você entra numa dimensão muito zen, é muito cobrado. As pessoas te obrigam a adotar uma postura e eu pensava: não, eu não sou nada disso, eu quero ser eu. vitória - Você sentia-se uma pessoa comum? Neusso - Sim, mas aí o chá que eu oferecia começou a curar as pessoas que estavam estressadas. Elas vinham aqui conversavam, tomavam o chá e quando iam embora achavam que estavam curadas. vitória - Nessa época você morava aqui, agora não mora mais. Isso faz diferença para você? Neusso - Eu morei dezesseis anos ali, mas eu era solteiro e ficava mais fácil para atender as pessoas, mas agora eu tô casado e a gente mora ali numa matinha, aqui per-

to, mas mais isolado um pouco. vitória - E a sua casa de agora

reproduz isto aqui ou você fez outra coisa? Neusso - Lá é isto aqui, mas com mais acabamento para morar. vitória - E a sua arte, como é o

seu trabalho de recolher os materiais na mata e transformar? Neusso - No começo eu determinava o que queria e saía para procurar e não sossegava enquanto não achasse a peça. Só que nessa caminhada ia passando por um monte de outras coisas, de outros formatos, de outras peças e nem reparava. Hoje, na minha mente isso clareou, tudo que passa pelas minhas mãos vai ser transformado em esculturas de santos, de bichos, enfim, um monte de coisas.

vitória - Esse processo de

observação das coisas mudou a sua percepção com relação ao mundo? Neusso - Às vezes algumas coisas eu olho e vejo que aquilo é aquilo, mas às vezes você começa, erra, conserta o erro e aí transforma em outra coisa que também é bacana.


mundo, a natureza vitória - Hoje você tem umas formas perfeitas. A natureza te dá isso assim prontinho? Neusso - Todos os movimentos que estão no mundo, nas pessoas, você encontra na natureza, sim. Mas eu sou meio encantado com essa descoberta de criar peças que lembram santos, profetas e não sei quando vai acabar. Eu tenho caixas com mais de 50 peças prontas para dar acabamento. vitória - Quando você escolhe

um tronco, uma raiz e começa a transformar, você pensa naquilo que as pessoas irão dizer? Neusso - A primeira coisa que eu penso é na qualidade da madeira. Mas eu não penso, eu deixo a coisa acontecer porque eu digo sempre que a obra nunca fica pronta, você pode mexer o tempo todo. Pode pintar, fazer pátina, colocar ouro, enfim, o tempo todo o trabalho pode ser mexido. vitória - Você fica com vonta-

de de fazer outra coisa depois que terminou? Neusso - Às vezes sim, outras penso em jogar na correnteza e deixar rolar e pegar alguns quilômetros lá em baixo.

vitória - Tem alguma peça

que você diz: essa aqui não quero mexer, ninguém pode mexer, ninguém pode comprar? Neusso - Tem uma peça que eu falo que é uma passagem. Saiu na passagem de uma fase em que eu esculpia para uma fase de reaproveitamento. Eu chamo essa peça de MÃO GRANDE. vitória - O que ela expressa? Neusso - Ela é um deus mandando

o povo se acalmar com as mãos.

vitória - Essa peça está aqui

há quanto tempo? Neusso - Ah, tem mais de 20 anos.

vitória - Essa vai ficar aqui? Neusso - Essa acho que não vou

vender. Dela já foram vendidas mais de 10 mil fotografias.

vitória - Das experiências das pessoas que vieram, alguma coisa que aconteceu aqui fez você pensar diferente? Neusso - Não sei se você lembra, mas no início a visita era gratuita, as oficinas, palestras que eu fazia com as escolas tudo era gratuito e eu fiquei uns treze anos fazendo esse trabalho. Mas eu percebi que eu tinha um custo e aí comecei a cobrar pelas visitas e isso mexeu muito com as pessoas, criou certa revolta. E, às vezes, em vez da pessoa chegar pra mim e pedir para deixar entrar ela já chegava questionando, falando palavra duras e isso me machucava, mas essas pessoas são minoria, a maioria das pessoas gosta e volta. vitória - Eu falo alto e quan-

do chego aqui começo a falar num tom mais baixo. O que

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entrevista

acontece aqui que a gente fica mais tranquila? Neusso - São as energias que estão aqui. vitória - Têm nome, essas

energias?

Pode ser a natureza, pode ser Deus, cada um sente.

Neusso -

vitória - Você tem prática religiosa? Neusso - Eu acredito em Deus, respeito as religiões, minha família, meus pais vêm da religião católica , mas eu vejo que o bonito

no ser humano é a fé. vitória - Você acha que o seu trabalho e o ambiente aqui ajuda as pessoas se aproximarem desse Deus que levanta as mãos e diz: calma? Neusso - Eu acho que sim, porque nesses 22 anos passaram várias pessoas aqui. Algumas eram crianças, com 9, 10 anos, viraram adultos, foram embora e agora voltam para ver o que aconteceu, então ela levou essa energia e depois voltou, isso é sinal que passou alguma coisa boa para ela. vitória - Eu disse que aqui

falo mais baixo, e você, quando vai à cidade fala baixinho como aqui? Neusso - Ir à cidade para mim é uma tortura. Eu vou já pensando em voltar. Procuro não ficar muito tempo e falo baixinho. Tenho um amigo que, quando a gente se encontra, diz poucas palavras e quando vai embora, às vezes só levanta a mão. Eu digo que a gente está numa dimensão de tanta harmonia que nem precisa falar nada, porque já está tudo dito. vitória - Você tem algum de-

Mão Grande

sejo para este seu projeto? Neusso - Levar isso aqui para o mundo. Receber um convite de levar estes trabalhos para outros lugares seria legal.

vitória - Esta entrevista vai

sair em janeiro, a primeira de 2014. O que você diz aos leitores? Neusso - Muita paz e que cuidem bem da mãe natureza porque a gente precisa muito dela. Eu cuido do pedacinho da minha casa e lá o ar é puro, tem predadores naturais e esse equilíbrio é importante demais. vitória - Agora tem outros artistas aqui no entorno com outras artes. Você gostou disso? Neusso - Quando eu comprei a área onde eu moro agora, pensei em levar a casa de pedra para lá, depois eu pensei que poderia trabalhar aqui e morar lá e conviver bem com todo este movimento. Quando começaram a vir outros artistas, construir atelier eu acho que a gente está falando a mesma língua, isso é bom, somos todos amigos. vitória - E o projeto de le-

var tudo para esse seu espaço acabou? Neusso - (...silêncio) quem sabe um dia! Lá a área é grande, mas eu não sei o que poderia levar. Mas imagine que se crie uma boate aqui, aí não dá para ficar. vitória - Isso o preocupa?

Neusso - Não, não está me preo-

cupando não, mas a cidade está vindo.


arte sacra

O LUGAR DA FONTE BATISMAL “(...) Aqui, se oferece um banho que torna puros, de uma candura nova, aqueles que a sordidez antiga do pecado recobria; aqui, a torrente lava os pecados e germina em virtudes novas; jorra uma fonte que emana do lado de Cristo, cujas águas matam a sede de vida eterna”. (RB 869)

N

este lugar se celebra o Batismo, primeiro sacramento da nova Aliança, pelo qual, seguindo a Cristo na fé e recebendo o Espírito de adoção, nos tornamos filhos e templos santos de Deus, membros da Igreja. Os primeiros cristãos eram batizados por imersão, às margens de um riacho. No século III já vemos exemplos de ‘casas de oração’ com área destinada ao batismo. Surgem os batistérios, antes em termas particulares,

Batistério de San Frediano

depois construídos ao lado das igrejas, com formas mais elaboradas e grande variedade de expressões. Do século IX em diante temos a prática do batismo de crianças e a preferência do batismo por infusão, ao invés de imersão. Os batistérios são introduzidos na igreja e situados à esquerda da entrada principal, para significar que o batismo é o ingresso no povo de Deus. O Vaticano II mantém estas práticas, realça e destaca a dignidade do sacramento, apesar de nossas comunidades conhecerem, em sua maioria, o jarro e a bacia para o rito. Há certa perda do simbolismo, da memória e da melhor compreensão de sua importância. Por isso, as orientações apontam para um lugar adequado às celebrações comunitárias, nitidamente separado do presbitério,

Batistério da ‘casa de oração’ de Dura Europos, Síria, aproximadamente entre 230-250

em plano mais baixo, numa sala a parte ou dentro da Igreja, próximo ou não do presbitério. Pia ou fonte batismal, seja construída com arte e material adequado, se possível fixo, oferecendo possibilidade no caso de imersão, com local para círio pascal e santos óleos. Como sinal da presença e ação de Deus, seus elementos dão significado e visibilidade à graça santificante, pois “necessário vos é nascer de novo”. Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do Setor Espaço Celebrativo da Comissão Litúrgica da CNBB

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Mundo litúrgico

ORAÇÃO EM

FAMÍLIA: ENCONTRO COM DEUS

“N

o fim da tarde, papai e mamãe tinham o hábito de nos reunir em família para rezar o terço. Papai e mamãe puxavam as orações e nós as respondíamos, as acompanhávamos”. Esta é uma liturgia de oração em família que ouvimos constantemente alguém contar com certo saudosismo. Era uma cena típica de famílias tradicionais ou que ainda não haviam sentido o impacto causado pelas transformações sociais da Pós-Modernidade. Na atualidade, mesmo em comunidades rurais, dificilmente encontraremos tal cena. São pouquíssimos os momentos em que a família se encontra reunida, pois os horários de trabalho, de escola, de lazer e de tantas outras tarefas cotidianas não convergem para que a família possa estar junta. Há dificuldade de reunião até mesmo para

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as refeições. Os nossos tempos, espaços, afetos e intimidade estão cada vez mais fragmentados, diluídos. Entretanto, mesmo com todas as transformações sociais, o lar não perdeu o seu significado; pois ainda continua sendo o lugar do aconchego, do encontro e de refazer as forças. As pessoas ainda sonham com a casa e, mesmo com as configurações mais diversificadas e imagináveis, todos estão dispostos a lutar pela família: “minha casa será chamada casa de oração” (Mt 20,13). Nessa perspectiva, podemos recuperar o sentido da oração em família. Talvez não seja possível voltar àquela liturgia da qual nos recordávamos no início desse artigo, mas podemos criar novas liturgias de oração em família. Contudo, nos contextos tão diversos, fica difícil deixarmos uma dica de como e em que circunstâncias ela deve ocorrer. O que podemos sugerir é que em cada casa haja um espaço reservado à oração para favorecer a oração comum ou pessoal. Mesmo que seja difícil a reunião dos membros da família, um espaço em casa destinado ao encontro com Deus será de muita valia: “eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a

porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3, 20). O importante é resgatar esta forma celebrativa do Mistério Pascal de Cristo na família, a Igreja doméstica; pois, como dizia beato João Paulo II, “a família é o santuário da vida”. Ou seja, a família continua a ser um espaço sagrado das relações pessoais e interpessoais, dos encontros e desencontros, das alegrias e das decepções, dos momentos de plenitude e de satisfação e dos momentos de crise e de dor. Sabemos que a família poderá ser fragilizada e poderá também correr sérios perigos, caso não façamos um investimento corresponsável em todas as dimensões da esfera das relações humanas, sobretudo na dimensão espiritual. Existe em todos os âmbitos da cultura atual uma tendência à dessacralização dos espaços e das instituições. E cabe a nós o zelo para com esse espaço e para com essa instituição sagrada. É preciso resgatar a sacralidade da vida cotidiana, sobretudo a sacralidade da vida vivida em família, sem deixar de considerar e de fazer bom uso dos avanços tecnológicos e da informação. Mudanças de atitude são necessárias para esse propósito, pois

“A igreja doméstica é a primeira escola de oração. Se não aprendemos a rezar e não exercitamos a oração em família, vai se formando um vazio difícil de ser superado.” Papa Francisco através da liturgia da oração em família seremos capazes de oferecer alimentos sólidos para o modo de vida moderno: a força da Palavra de Deus, meditada e partilhada em família; a presença de Cristo e de sua Mãe, que dialogam constantemente conosco; e o poder da oração, que é a força motriz capaz de nos integrar e de nos religar uns com os outros e de nos religar com Deus. Aproveitemos este clima de final de ano, no qual, pelo nascimento do Menino Luz e pela renovação das esperanças para um novo ano que se inicia, nos tornamos mais dispostos a mudar nossas atitudes e a oferecer às nossas famílias este grande presente que nos une ao céu: uma vida familiar mediada pela oração em nossas liturgias domésticas. Padre Jorge Campos Ramos

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espiritualidade

CAMINHAR É PRECISO

O

verso poético: “Caminheiro não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”, é um verso mentiroso. Desculpe-me o poeta Antônio Machado que o escreveu, mas, é um verso mentiroso. Há caminho sim! A vida é um caminho. Nós cristãos cremos firmemente que Jesus é Caminho, Verdade e Vida. Como pode alguém ser um seguidor de Cristo e afirmar que não há caminho? Caso não houvesse caminho, o que haveria em seu lugar? O acaso! Para nós que cremos nada acontece por

acaso, tudo tem um porquê de Deus. “Sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o projeto d’Ele” (Rom 8, 28). Na realidade o problema maior não é saber sobre o caminho, mas, conhecer o final dessa estrada. Há algo no final dessa estrada? A ar ateu, que a cultura atual nos faz respirar diariamente, nos contamina. Se não cremos em Deus, que é o fim de toda estrada, não haveria, de fato, caminho... O homem sem fé assemelha-se a um andarilho de beira de estrada que caminha por longas horas e distâncias sem rumo, sem direção, sem chegar a lugar algum! Muitos, infelizmente, vivem sem saber o porquê nem para quê estão vivendo. Obviamente, para essas pessoas a velhice e a morte são tremendamente assustadoras. Sofrem com a decadência do corpo e a aproximação do escuro nada da morte. Esses andarilhos do nada, passam

(27) 3350-9110

parte da vida tentando enganarem-se a si mesmos com muita diversão, entretenimento e euforia: bebida, droga, sexo, consumismo, dinheiro, carreirismo, ambição, religiões malucas... O desfecho desse descaminho é óbvio: o cansaço da vida. O tédio. Quem recebeu o dom da fé deve agradecer e cuidar constantemente dessa graça de valor infinito. O olhar da fé nos faz ver a Deus. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas. “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que vem, o Deus Todo-Poderoso” (Ap 1,8). O caminho de Jesus, que nos leva ao Pai, mesmo através da Cruz, gera frutos de amor, paz e justiça. Toda pessoa que crê de verdade, ela é feliz e tranquila, mesmo no meio da tempestade, pois ela sabe que não está jamais sozinha: Ele está no meio de nós! Amém. Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

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comunidade de comunidades

São Sebasti um santo guerreiro pa

N

este mês de janeiro, a Revista Vitória dedica especial atenção a São Sebastião, Santo popular de grande devoção. Em nossa Arquidiocese de Vitória, é o quarto no ranking com o maior número de comunidades: são 38. Entre os santos masculinos, é o primeiro. Conhecido como protetor da humanidade contra a fome, a peste e a guerra, fazia de tudo para ajudar os irmãos na fé. Talvez seja esse um bom motivo que explica toda essa devoção. Devoção que se transforma em ação. Depois de oito anos de obras, uma dessas comunidades, localizada no bairro São Geraldo, Cariacica, vai finalmente inaugurar o templo. Salme Peres, que faz parte do Conselho da comunidade, acredita na intercessão do santo. “A cada dia ele nos ajuda a não perdermos a fé. Somos simples, poucos, sem muita ajuda e conhecimento, mas não desistimos”. Quem também não desiste é a comunidade que fica em Xuri, Vila Velha. Ter o santo guerreiro como padroeiro é um exemplo e alicerce da fé, contou Antonio Rocha, participante da comunidade. É também uma devoção através dos tempos. O ano de 2014 marca os 80 anos da instauração da comunidade dedicada ao santo, na paróquia de Santo Antônio, na região do Alto de Caratoíra e Alagoano, em Vitória. Surgida em 1934, ela se confunde com a história do bairro, criado com a chegada de imigrantes, vindos de Alagoas

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São Sebastião em nossas comunidades Área Benevente Paróquia de N. S. da Conceição – Coroado, Guarapari Paróquia de N. S. da Conceição – Meaípe, Guarapari Paróquia N. S. da Assunção (3) – Dois Irmãos, Goembê e Itapeúna Paróquia de São Pedro – Palmeiras, Guarapari Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Alfredo Chaves Paróquia São José – Pedra Bonita Área Cariacica-Viana Paróquia do Bom Pastor – São Geraldo Paróquia Santa Clara de Assis – Areinha Paróquia Virgem Maria – Nova Valverde Paróquia São Francisco de Assis – Presidente Médici Paróquia Nossa Senhora da Conceição (4) – Pedra da Mulata, Piapitangui, Ribeira e Rio Prata Paróquia Bom Jesus – Taguaruçu Paróquia Jesus Libertador – Castelo Branco Paróquia Sagrada Família Jesus Maria e José – Nova Esperança Paróquia de Cristo Rei - Porto de Cariacica

ão:

ra um povo de fé para trabalhar na construção da Ponte Florentino Avidos. Eva Paula de Souza Batista, ministra de eucaristia da comunidade, fala da fé que tem no santo guerreiro. “A gente que convive a mais de 23 anos aqui, nunca deixamos de participar da vida da comunidade. Meus filhos cresceram dentro da Igreja, não temos desarmonia em casa, e isso agradeço ao santo.” Saindo da Grande Vitória, chegamos à região serrana do estado, onde São Sebastião também é lembrado na cidade de Afonso Cláudio. Lá fica a única paróquia da nossa Arquidiocese dedicada ao santo, que a mais de 100 anos celebra o padroeiro. O pároco, padre Humberto Wuyts, falou da intensa

programação durante os dias. “Este ano teremos o Auto de São Sebastião (teatro que conta a vida do santo); Banda Lira São Sebastião, Folia de Reis, cavalgada, procissão, leilão de gado e sorteio de dois veículos”. Nessa visita que fizemos por algumas comunidades, ficou claro o exemplo do santo e o legado que deixou para todos: força, determinação e obstinação na ajuda ao próximo. Histórias escritas com dificuldade, superando obstáculos, mas que, a exemplo do santo, fazem de tudo para ajudar os irmãos na fé e revelar o Deus verdadeiro através deste grande exemplo.

Área Serra Paróquia São Paulo Apóstolo - Tubarão Paróquia da Epifania Do Senhor Aos Reis Magos – Poço dos Padres, Nova Almeida Paróquia de Nossa Senhora da Penha – Novo Horizonte Paróquia de São José de Calasanz – Feu Rosa Paróquia do Bem Aventurado João XXIII - Campinho da Serra I Paróquia São Benedito - Putiri Área Serrana Paróquia de São Sebastião do Alto Guandu (2) – Afonso Cláudio e Vila Ibicaba Paróquia de Santa Isabel – Alto Parajú Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – Aracê, Pedra Azul Paróquia de Nossa Senhora Rainha da Paz – Recreio, Santa Maria de Jetibá Paróquia do Divino Espírito Santo - Boqueirão de Santilho, Santa Leopoldina Paróquia de Sant’ana - Fazenda Pupim Área Vila Velha Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Divino Espírito Santo Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes – Xuri Paróquia Santa Rita de Cássia – Alecrim Área Vitória Paróquia de Santo Antônio - Caratoíra Paróquia Nossa Senhora das Graças - Jucutuquara

Gilliard Zuque

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Reportagem Letícia Bazet

I

nteragir significa se comunicar, ter contato. Mais do que isso, o resultado desse contato e dessa comunicação é a transformação dos indivíduos envolvidos nesse tipo de relação. A explicação torna-se concreta ao presenciarmos um dia de atividades promovido pela Obra Social Nossa Senhora das Graças, localizada em Jucutuquara (conheça mais sobre o projeto na página 32), em conjunto com instituições como Unidade de Saúde e Centro de Referência de Assistência Social (CRAS): o Dia da Interação, realizado anualmente, sendo este o quarto ano da atividade.

A Cidade interag

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ge e se descobre O Mercado São Sebastião, o Morro do Cruzamento, e pela segunda vez a quadra do Morro do Romão, foram palco de um dia marcado por brincadeiras, interação, convivência e descobertas da realidade vivida pelas crianças atendidas pelo projeto. É o caso de Silvana Rosa, assistente social da obra, que pela primeira vez participou da ação: “Uma coisa é a gente realizar esse atendimento cotidiano. Outra coisa é a gente ir conhecer de perto a realidade dessas crianças, muitas delas são do Romão, do Cruzamento, Forte de São João. Então é um momento onde a equipe se reúne para desenvolver essa proximidade com a comunidade; é um momento de alegria, de expectativas”, afirmou. Presente no Morro do Romão, o Instituto Sarça, projeto social que também desenvolve trabalhos com crianças e adolescentes, se uniu à ação e junto com a Obra Social, deu uma aula de cidadania,

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Reportagem

“Uma coisa é a gente realizar esse atendimento cotidiano. Outra coisa é a gente ir conhecer de perto a realidade dessas crianças.” Silvana Rosa, assistente social respeito e amor pelo que se faz. O reconhecimento do trabalho desenvolvido vem dos responsáveis pelas crianças. “Isso aqui é nota mil. As crianças querem lazer, ter espaço para se desenvolverem, e aqui é uma oportunidade para eles seguirem o caminho do bem. E mais, deveria ter muitos outros projetos como esse em um lugar

como o morro. Criança só aprende aquilo que vê e o que ensinam para ela”, afirmou João Josme, que levou a sua neta, atendida pela Obra Social, para participar do Dia da Interação. A ação também é aplaudida pela mãe Cláudia Maria. “Eu acho maravilhoso, porque nos falta muita coisa aqui no bairro, não temos nada aqui”, e completou: “A minha filha não gostava de música, não interagia com outras crianças, e hoje percebo as mudanças que o Instituto Sarça provocou nela. Ela canta na Igreja, conversa, brinca, mudou bastante”. Para a assessora pedagógica da Obra Social, Mara Perpétuo, a ideia da ação é beneficiar o maior número de pessoas e, as-

sim, oferecer serviços, no território da comunidade. “O Dia da Interação promove outros atores sociais, culturais e educativos que se reúnem para oferecer serviços públicos. A participação da comunidade é muito bacana e a cada ano nós percebemos mais esse envolvimento. Uma iniciativa em rede que beneficia a própria comunidade”. Atuando na articulação das ações da Obra Social, o Ponto

de Cultura Mirante levou para o Romão oficinas de poesia, malabares, pintura de rosto, grafite, corda e capoeira, proporcionando uma tarde animada e repleta de interação. O resultado da ação mais uma vez foi exitoso, e pôde ser percebido na alegria das crianças presentes, que se envolveram em todos os grupos, e também das equipes dos projetos e oficineiros, demonstrando que vale a pena se empenhar pela causa


do outro e ampliar os espaços de diálogo entre instituições do poder público e as comunidades. “Parece que existe um muro de vidro entre o morro e o mundo lá embaixo, e aqui a gente vê tanta coisa legal. Hoje é o dia de fazer essa conversa, entre a comunidade e as entidades que participam, mostrar que nós estamos aqui presentes. Unidos nós conseguimos fazer muito mais no território que a gente atua. O

trabalho do Ponto de Cultura é potencializar tanto a Obra Social, quanto outras organizações, outros espaços, fazendo com que a gente consiga se comunicar melhor com a comunidade que a gente atua”, afirmou a coordenadora do grupo, Luara Monteiro. Na abertura do evento, o coral de crianças do Instituto Sarça soltou a voz, mostrando o potencial de seus cantores. “Todas as atividades que nós fazemos são

muito legais, antes eu não sabia cantar e hoje eu canto”, disse Sabriny Eleutério, que iniciou a apresentação cantando sozinha. Uma apresentação do palhaço também animou as crianças presentes, que interagiam a cada piada. Aos 9 anos, João Vitor de Oliveira conta sobre os seus avanços desde que começou a fazer parte do projeto: “gosto de cantar, desenhar, mas principalmente de ler a Bíblia. Antes eu já lia, mas agora estou lendo muito”. Há 15 anos fazendo parte da Obra Social, a educadora Margarida Morais conta sobre o aprendizado e as mudanças ao longo dessa história. “Com o tempo passamos por uma mudança total no processo de ensino-aprendizagem e fomos inserindo outros saberes. Notamos o prazer que eles têm ao estarem na obra, pois não forçamos ninguém a nada, eles escolhem fazer o que se sentem bem. Conseguimos levá-los ao conhecimento dessa forma. Pensamos sempre na inserção, na multiplicação, estendendo a outras pessoas a nossa ação. É um bem estar que sinto, pois a cada ano buscamos novas propostas, inserimos mais desafios e conhecimentos, e assim a gente vai trabalhando”. No alto de tantas descidas e

subidas, casas quase sem limites entre uma e outra, é possível avistar o “outro mundo” lá embaixo, em uma paisagem privilegiada da Cidade de Vitória. Os grupos envolvidos nestes e em outros projetos sociais buscam, a cada dia, aproximar realidades distintas, pertencentes a uma geografia tão próxima. Levam, ainda, para as crianças e para a população local um bom sentimento, valores, na expectativa de que não haja diferença nos serviços, na atenção e no diálogo entre as pessoas de uma mesma sociedade. O Dia da Interação cumpriu bem o seu papel. Comunicou, aproximou pessoas, promoveu a coletividade e fez com que o Morro do Romão, muitas vezes lembrado pelo tráfico e pela violência, tivesse destaque pela ação que levou cultura, arte, sensibilidade e alegria, beneficiando e valorizando os seus moradores.

“Todas as atividades que nós fazemos são muito legais, antes eu não sabia cantar e hoje eu canto.” Sabriny Eleutério

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Caminhos da Bíblia

A

Comunidade

dos discípulos

Lugar do cuidado

T

odo o capítulo 18 de Mateus é um discurso dirigido à comunidade eclesial, nele o evangelista quer apresentar a mesma como lugar onde o Ressuscitado continua a se manifestar confirmando a fé de seus discípulos. Em todo o capítulo, a comunidade é apresentada tendo em Cristo seu ponto de unidade e solidez, e o rosto que aparece é o de uma comunidade de discípulos. Ela é colocada como lugar fecundo e propicio à realização terrestre e temporal do Reino prometido, provocadora de um novo modo de pensar e de viver, uma comunidade acolhedora que vive já na abertura à sua realização plena no Reino que virá. Na primeira parte do capítulo 18 o evangelista apresenta, por meio dos discursos de Jesus, quatro bases fundamentais da comunidade, uma delas é o cuidado pastoral, a acolhida (Mt 18,1-9). A característica principal desta parte do relato é a presença de dois substantivos que se alternam: crianças e pequenos. No primeiro momento se encontra o substantivo crianças, essas são apresentadas como modelos para os discípulos, com elas esses devem aprender a acolhida e abandono nas mãos de Deus. No segundo momento, o

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e da acolhida texto não fala mais de crianças, mas sim dos pequenos, palavra não mais aplicada às crianças, mas sim aos “pequenos na fé”, àqueles que estão iniciando o seu caminho no discipulado. Este segundo grupo indica claramente os irmãos e irmãs que ainda não estão maduros na fé, esses desejam seguir o Senhor, mas ainda podem abandonar o caminho e, por isso, merecem um cuidado especial. O texto segue falando dos escândalos que ocorrem muitas vezes em nossas comunidades, causando o afastamento dos pequenos, que por não estarem

ainda firmes na fé acabam por se perder, afastando-se do caminho do discipulado, deixando a comunidade. A comunidade é convidada pelo Senhor a cuidar desses pequenos e a vigiar sobre si mesma para que tais escândalos não ocorram, tornando-se atenta aos seus passos e firmando-se no sólido compromisso de formação e amadurecimento da fé de todos os seus membros. Uma comunidade cuidadosa e acolhedora é sinal de uma comunidade madura, que consegue perceber as necessidades dos pequenos e garante a estes um lugar propício para trilha-

rem o caminho do discipulado. Crescer na acolhida e no cuidado é uma vocação de toda e qualquer comunidade eclesial, essa que é o lugar da Palavra ouvida e vivida. A casa do Pão Eucarístico que se torna partilha e dom, o lugar da escuta atenta e das mãos abertas para todos e todas. Uma comunidade eclesial acolhedora se coloca no caminho para se tornar uma verdadeira comunidade de discípulos e discípulas do Senhor. Pe. Andherson Franklin, professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor em Sagrada Escritura

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aspas

Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.” Papa Francisco, Exortação Evangelii Gaudium, 49

Aprendi a não odiar, não por virtude, mas por comodismo. O ódio destrói primeiro quem odeia, não quem é odiado. Frei Betto, entrevista ao Zero Hora

Se queremos ter uma história para construir e não somente um passado para contar é necessário voltar ao essencial. Padre Joãozinho, SCJ via Twitter (@padrejoazinho)

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“A bondade nasce do que se é, do que se vê, do que se sente. E não mente. Se se planta amor, amor se colhe. Gabriel Chalita, via Twitter


especial

Evangelli Gaudium Exortação Apostólica do Papa Francisco

É

o primeiro chamado do Papa Francisco, dirigido à Igreja, tendo como objetivo a alegria da evangelização superando a tristeza individualista de uma sociedade de consumo. Para ele, “muitos cristãos parecem ter escolhido uma Quaresma sem Páscoa”. O evangelizador não pode ter cara de funeral. Pessoas tristes limitam a eficácia da pregação. A transformação missionária da Igreja tem como passo inicial a comunidade dos discípulos que se envolvem, frutificam e celebram a caminhada. A ação missionária não é evangelização para os amigos e vizinhos ricos, mas para os pobres e doentes que não têm o que lhes retribuir. Vivemos numa crise do compromisso comunitário ao lado de uma economia de exclusão. Crescem a desigualdade social e as formas de violência urbana, mas nada pode nos desanimar ou roubar a alegria da evangelização. O anúncio do Evangelho é dever de toda a Igreja, “povo

que peregrina para Deus”. A salvação se destina a todos. O Papa destaca a força da piedade popular que expressa uma sede de Deus. Os carismas devem expressar a imagem do Corpo místico de Cristo. A preparação da pregação deve ser precedida de um longo tempo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral; um pregador que não se prepara é desonesto e irresponsável. É a Palavra de Deus que deve guiar a pregação, e não os discursos moralizantes e emotivos. Leitura e meditação sobre a Palavra faz da homilia uma expressão da vida espiritual do evangelizador. Um tema em destaque é a dimensão social da evangelização. A religião não pode ser relegada à intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional. E sugere o estudo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja para ajudar na reflexão sobre os problemas atuais. Convoca-nos para a inclusão social dos pobres, pois a opção pelos pobres é mais uma

categoria teológica que cultural, ideológica, ou política. A caridade é muito mais que ações ou programas de promoção ou assistência. Esta opção inclui obrigatoriamente o cuidado espiritual, pois os pobres possuem um “lugar privilegiado no povo de Deus”. O diálogo e a paz social devem surgir como fruto de um desenvolvimento integral de todos. Paz sem inclusão dos mais pobres e os direitos humanos é uma paz efêmera para uma minoria feliz. As motivações espirituais devem integrar oração e trabalho na vida de todos os evangelizadores. Propostas místicas sem um sério compromisso social não servem à evangelização. Discursos e ações pastorais sem uma espiritualidade são palavras ocas. A Exortação conclui com Maria, a Mãe da evangelização. Ela é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus. Edebrande Cavalieri Doutor em Filosofia

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Projeto Maria da Luz Fernandes

Obra Social Nossa Senhora das

Educação inte V

encedor nacional, pela Unicef nacional em 2009 o projeto Ponte continua sua história com foco na formação integral atendendo crianças e adolescentes das comunidades em Jucutuquara. O projeto que existe desde 1968, quando a Irmandade Nossa Senhora Auxiliadora, através de um grupo de senhoras, criou um sistema de ajuda filantrópica à comunidade com captação e

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doação de alimentos, cursos de bordado, padaria e dentista entre outros. Em 1995 passou por uma reformulação e desconstrução do modelo existente e tornou-se o projeto Ponte que hoje integra família, projeto e escola. O nome foi escolhido pelas crianças do morro que, inspirados pela vista da entrada na baía de Vitória, que elas conhecem muito bem, desenharam a terceira ponte para representar sua visão do mundo.

A sede está situada na Avenida Vitória e atende hoje 130 crianças e adolescentes embora tenha capacidade para atender 250. Ali funcionam as oficinas e as apresentações e exposições dos trabalhos que são realizados. Funcionamento

São oferecidas oficinas de artes plásticas, meio ambiente, vídeo e fotos, capoeira, musicalização, percussão, dança, informática e o ponto de cultura mirante. As crianças e adolescentes escolhem em qual querem participar e, quando as inscrições ultrapassam o número de 15, cabe à pedagoga negociar quem fica


Graças

gral para o próximo módulo. O diferencial é que para cada módulo é escolhido um tema e este é trabalhado em todas as oficinas. São as crianças que definem a temática nos primeiros encontros do ano, quando os novos são integrados ao grupo e as regras de convivência são estabelecidas e acordadas. O desenvolvimento das atividades tem como base a coletividade. Tudo é realizado com a participação conjunta e para isso muita roda de conversa discute desde as briguinhas corriqueiras ao tema do módulo. A equipe de trabalho tem que ter afinidade com o projeto e voluntários atuam apenas nas áreas administrativa e financeira. Os educadores cumprem as horas de trabalho em sala de oficina, mas também monitorando os educandos na recepção e na entrega para poder trabalhar a integração que é a base do projeto.

Para entrar no projeto

Alguns quesitos precisam ser preenchidos: estudar em escola pública e morar na região. Contudo, assistente social e psicóloga fazem uma entrevista sócio-familiar para que as problemáticas possam ser resolvidas junto com a família. Integração

A família é convidada a participar do dia a dia e também em momentos específicos de apresentação de atividades. A escola está em constante relação, pois o projeto busca informação de freqüência e desempenho. A comunidade tem a oportunidade, uma vez por ano, de receber o projeto para um dia de atividades juntamente com outros parceiros, uma forma de dar visibilidade às ações e aproximar a comunidade.

Organização

A Obra Social tem uma diretoria com três diretores, dois secretários e dois membros no Conselho Fiscal e atua por dois anos. O Presidente de honra é o pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças. A relação com as comunidades é formalizada pelos representantes (um de cada comunidade) que são escolhidos pela própria comunidade para essa função. Para acompanhar as atividades do Projeto Ponte acesse: pontodeculturamirante. blogspot.com.br


ideias

Com Espinosa pelos

pomares da memória

D

eram-me, um dia desses, um bom-dia totalmente destituído de força, de sentimentos bons. A vida tinha se ido daquele bom-dia. Mas ainda assim ele me fora dado. Meu Deus, pensei, que coisa estranha! Mas, é assim mesmo que acontece, infelizmente. (Pus-me a refletir. Lembrei-

-me de Baruch de Espinosa, filósofo de origem judaico-portuguesa... se bem que não só de Espinosa. E então segui livre por uns pensamentos). Talvez o portador daquele bom-dia estivesse simultaneamente vivendo duas dimensões do mesmo momento. Uma em que ele me dirigia a saudação, outra em que dominado e passivo ele comparecia aos territórios da memória e andejava por entre pomares e hortos de ressentimentos e rancores. Não

Sempre visitaremos os territórios da memória, este espaço-tempo-mundo maravilhoso em que demarcamos importâncias e importâncias para as experiências que vivemos.”

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poucas vezes transitamos por estes pomares. Com certeza, em ocasiões em que não me dou conta, também me faço portador desses anúncios. Denunciantes anúncios da precária e infeliz vida condicionada por sentimentos ruins, sentimentos despotencializadores, propositores de muita organização e pouca criatividade, de muita moral e pouca misericórdia. Mas, inexoravelmente, sempre visitaremos os territórios da memória, este espaço-tempo-mundo maravilhoso em que demarcamos importâncias e importâncias para as experiências que vivemos. E a estas visitas é preciso dar carinhosa atenção. Impossível viver sem dialogar com a memória. Im-


a possível viver como se não houvesse ontem. Tudo vai ficando em nós. Tudo vai ficando e pedindo nossa visita e consentimento para, de certa forma, retornar e influir em nossas ações. O abraço que experimentei quer retornar, a injúria que sofri do mesmo modo. O prazer e contentamento que tive pedem meu comparecimento diante deles, a dor e o insucesso também. Tudo fica e se configura em forças que poderão favorecer a vida, ou não. É preciso escolher os campos e pomares da memória que cultivarei. Uma questão, então, preciso me propor: com que “espírito” visitarei o território da memória? Que hortos e plantações merecerão meu comparecimento frequente?

Tenho que escolher: ou darei prioridade nestes territórios ao cultivo de ressentimentos e rancores, ou estes territórios serão os campos das experiências - boas ou ruins – em que florescerão sentimentos bons, e que me constituirão como um sujeito de artes e amores, de inventividades e bons humores. Se, constantemente, visito nos territórios da memória os jardins e hortos dos rancores e ressentimentos, inexoravelmente serei artífice de ações e construções erguidas sob a égide deles. E por mais organizadas que sejam, por mais bem intencionadas, ainda assim elas não produzirão o que poderiam, porque marcadas pelos sentimentos tristes, reativos. E mais, além

de obras feitas no amálgama da infelicidade, o cultivo dos ressentimentos e rancores determinará a vingança como um traço importante na constituição de quem somos. E, com certeza, não queremos construir nossas convicções e atitudes na falácia de que dois erros fazem um acerto. Enfim, o que revisito nas minhas memórias pode potencializar ou diminuir minhas forças criativas, amorosas, inventivas. Com certeza vou preferir que a vida em mim seja sempre mais vida. Sim, haverei de fazer brotar sentimentos bons e alegres das experiências que vivi. E tomara que assim seja por todos os meses do ano que se inicia. Dauri Batisti

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prÁtica do saber Letícia Bazet

Sistema

robotizado

a favor do

meio ambiente

A

Faculdade UCL desenvolve um projeto de robótica que visa o desenvolvimento tecnológico e a destinação para resíduos do setor de rochas ornamentais. O Sistema Robotizado para Usinagem Tridimensional Complexa de Rochas Ornamentais, ou simplesmente, projeto Michelangelo, apelido dado pelos pesquisadores, professores da faculdade, Roger Alex de Castro Freitas, Felipe Nascimento, Fransérgio Leite e Clebson Joel Mendes, está na segunda fase de execução, da qual faz parte o aprimoramento e adequação de materiais e dispositivos utilizados no trabalho. O sistema surgiu em 2007 com a proposta de criar projetos de arranjos produtivos locais, e no caso do Espírito Santo, foi escolhido o setor de rochas ornamentais, uma área carente de políticas para a destinação dos resíduos gerados e também de tecnologia, ainda muito arcaica. Desde a extração até o beneficiamento, a rocha perde cerca de 60% do seu material, gerando um alto descarte de resíduos. A ideia do projeto é trabalhar com essa sobra, agregando valor ao produto de um dos setores de maior destaque no Estado. “O Espírito Santo exporta muito a pedra como matéria prima, a um valor barato, e depois compra do exterior, caro, produtos que poderiam estar sendo produzidos aqui”, disse o pesquisador Fransérgio Leite.

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Robô do Projeto Michelangelo

Ele explica como funciona o robô: “O robô possui na sua parte final uma ferramenta que vai fazer o corte da rocha. Após o corte, outra ferramenta é colocada para fazer o acabamento da pedra. Com isso, conseguimos fazer peças bem complexas, tridimensionais. No Brasil não há nenhuma empresa que trabalhe com robô, um equipamento de alta tecnologia, flexível, multiuso, que pode ter variada utilização na indústria”. Para os pesquisadores, o projeto é uma oportunidade de posicionar o Estado como produtor de peças complexas, agregando valor aos produtos

oriundos das rochas ornamentais; promover a questão ambiental, arranjando uma destinação para os resíduos gerados pela extração, fator que representa um desafio para o setor; e ainda o impacto social, que representa o desenvolvimento da mão de obra qualificada para atuar com a robótica. “As pessoas ainda possuem a visão de que a automação exclui a mão de obra humana, mas é justamente o contrário, já que as pessoas precisam estar aptas a lidar com essa tecnologia. A ciência veio fazer com que a pessoa se qualifique e estude cada vez mais, promovendo o

crescimento cultural e intelectual”, afirmou Fransérgio. O setor de rochas ornamentais já foi “alvo” de outra ação da UCL, com o trabalho realizado com os resíduos finos, o projeto ‘Concretar’. Foram produzidos ladrilhos, tijolos e outros materiais, transformando um produto sem valor e agressivo ao meio ambiente em material útil para setores da construção civil, principalmente, aproveitando de forma racional esses resíduos. Este é mais um exemplo de como o saber acadêmico e a prática integram a vida de alunos e das comunidades, beneficiando o ambiente em que vivem.

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reflexões

PERTENÇA ECLESIAL

N

o finalzinho do ano passado saindo de uma celebração de Instituição de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, uma senhora de meia idade, no centro da praça, me disse: “Nasci para ser católica, tenho certeza disso. Realmente, não posso viver sem a Igreja. Como o senhor falou na homilia, com outras palavras, devo levar Cristo para todas as pessoas, principalmente os doentes”. Que fala tão bonita! Como é importante entendermos a identidade do Cristão como pertença eclesial, missionária, como nos recorda o Papa Francisco: “O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros”.

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Realmente, ser irmão do outro é viver a solidariedade para crescer junto e ter consciência de ser o “Evangelho vivo”, isto é, de viver na sua vida o próprio comportamento de Jesus. Na vida cristã a única tarefa que não tem limites é o amor, pois ele não só resume tudo o que deve ser feito, mas é também o espírito com que tudo deve acontecer. Como nos Evangelhos, o apóstolo Paulo também vê o amor como a expressão perfeita de toda a lei. É preciso amar e evangelizar. De fato, o Papa Francisco, desde o início de seu Pontificado, tem insistido na proposta de uma Igreja aberta ao mundo, que não olha somente para si mesma, mas se lança em missão para evangelizar. Evangelizar é, antes de tudo, comunicar a boa notícia de Jesus, não apenas com palavras, mas sobretudo com gestos concretos, construindo o Reino de Deus. Reino que é “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Os cristãos , principalmente, os que têm uma vida ativa na comunidade, não devem usar sua

força e prestígio para impor aos outros a própria opinião e conseguir poderes sobre os demais ou sobre a comunidade. Não foi esse o modo de proceder de Jesus, que veio para servir e dar a vida. O respeito e o bem do outro são o maior sinal do cristão consciente. O acolhimento mútuo no amor é o caminho para que as mentalidades diferentes não quebrem a união da comunidade. Assim fez Cristo, que acolhe a todos, sem discriminação, num só povo. Além disso, a comunidade não deve julgar que o fato de pertencer ao povo de Deus, pelo batismo, seja privilégio que a separa dos outros; antes, é fonte de responsabilidade. A vocação da comunidade é acolher e amar, testemunhando assim o projeto de Deus de reunir as pessoas que partilham a mesma fé, colocando-se a serviço de todos. Como é importante viver e conviver em comunidade, descobrindo as riquezas de Cristo. Aquela senhora ao se despedir, concluiu dizendo: “A Igreja é aquela que me abre os olhos”. Deus abençoe a todos! Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória


ARQUIVO E MEMÓRIA

LEIGAS CONSAGRADAS, 30 ANOS DE SERVIÇO E AMOR À IGREJA PARTICULAR DE VITÓRIA ção. Há 30 anos elas se fazem presentes na Arquidiocese de Vitória, quando a primeira foi admitida à consagração por Dom Silvestre Luiz Scandian, arcebispo de Vitória na época.

PAULO ARNS - Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, grande incentivador desse serviço, acompanhou a aprovação do decreto da Cúria Romana que instituiu a vocação das Leigas Consagradas. Na foto com as consagradas de Vitória em um encontro de formação, em São Paulo, no ano de 1999

E

las moram com suas famílias, têm profissão, trabalham e exercem diversas funções, fizeram uma opção de vida diferente e são chamadas de Leigas Consagradas. Não são freiras, pois não pertencem a nenhuma congregação ou Instituto Secular. As leigas consagradas não são religiosas e nem

vivem em comunidades, não são regidas por constituições. Conforme Decreto da Santa Sé, de 1970, devem ser solteiras e assumir a consagração como estado de vida e entregar-se, conforme a condição e os carismas de cada uma, às obras de penitência e misericórdia, à atividade apostólica e à ora-

CONSAGRAÇÃO - Dom Silvestre consagrando a primeira Leiga à serviço da Igreja Particular de Vitória, em 08 de dezembro de 1983

Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc

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ensinamentos

O

Matrimônio é

sacramento O

Matrimônio baseia-se no consentimento dos noivos, isto é, na vontade livre e consciente de viverem definitivamente uma vida de amor fiel e fecundo, doando-se mutuamente. Este consentimento se expressa pelo “Sim” proferido pelos noivos na celebração do Matrimônio. Sem este consentimento não existe Sacramento do Matrimônio. Os protagonistas da aliança matrimonial são, portanto, um homem e uma mulher batizados, livres para contrair o matrimônio e que expressam livremente seu consentimento. Entende-se por ser livre uma pessoa que não esteja sendo obrigada a casar por alguma razão, e não estar impedida por uma lei natural ou eclesiástica, por exemplo, em razão de ter recebido o sacramento da Ordem. O sacerdote, o diácono ou a testemunha qualificada que assiste ao Matrimônio acolhe o consentimento dos esposos e dá a bênção em nome da Igreja. Hoje, contudo, há forte tendência em transformar as cerimônias de casamento em eventos de consumo e pro-

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jeção social. Mas, o que a Igreja ensina sobre o Matrimônio? A Igreja tem como princípio que o Matrimônio é naturalmente ordenado ao bem do casal e à geração e educação dos filhos, sendo elevado por Jesus Cristo à dignidade de sacramento. Este sacramento concede aos esposos a graça de amarem-se como Cristo ama a sua Igreja, levando à perfeição o amor entre o homem e a mulher, santificando o casal em seu caminho de vida eterna. Se um dos noivos não for batizado ou for batizado não-católico, o pároco pede dispensa

ao Bispo para que seja realizada a celebração do Matrimônio. Ressalva-se que o casal deve se comprometer em dar educação cristã católica aos filhos. Em razão de ser sacramento instituído pelo próprio Cristo, o Matrimônio é indissolúvel, ou seja, não pode ser dissolvido ou acabado. A Igreja não anula Casamento. O Tribunal Eclesiástico examina atentamente uma situação e declara a “nulidade do casamento”, ou seja, declara que o Sacramento do Matrimônio naquele caso não aconteceu por causa de alguma razão grave.

Assim, estas pessoas poderão se casar na Igreja, respeitando obrigações da união anterior, como por exemplo, o cuidado dos filhos. Os divorciados que se casam novamente no civil, os “casais em segunda união”, mesmo com o cônjuge ainda vivo, estão em situação que contraria a vontade de Deus, não podem receber a comunhão eucarística, mas não estão separados da Igreja, devendo ser acolhidos e convidados a uma vida cristã. Vitor Nunes Rosa Professor de Filosofia na Faesa

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Uelito

n Sant os

cultura CAPIXABA

LENDA DO PÁSSARO DE FOGO

A

s histórias e lendas do Espírito Santo são ricas de personagens e lugares que ajudaram a formar a identidade dos capixabas. Dentre esses lugares, nos municípios de Cariacica e Serra, podemos encontrar os montes rochosos denominados Moxuara e Mestre Álvaro. Já no século XVI os primeiros navegadores orientavam suas embarcações através desses dois grandes monumentos naturais do litoral do Espírito Santo. Que podem ser vistos tanto pelos moradores da Região Metropolitana de Vitória quanto pelos marujos, em alto-mar. Mas, antes ainda dos primeiros portugueses, os índios capixabas já cultuavam as elevações rochosas e narravam a história

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de sua origem, contada por seus ancestrais. Segundo contam, as terras que pertencem hoje aos municípios de Cariacica e Serra eram chefiadas por chefes de duas tribos rivais, cujos filhos se apaixonaram – a belíssima índia e o jovem guerreiro -, de pronto os chefes indígenas foram contra a união. Mas, ainda assim, os jovens enamorados, com a ajuda de uma ave mensageira misteriosa, encontravam-se na fronteira das duas terras e ali cantavam juras de amor. Infelizmente o idílio foi descoberto pelo cacique, que providenciou um feitiço. Nessa mandinga, a bela princesa foi transformada no monte Moxuara e o valente índio no Mestre Ál-

varo. Contudo, por compaixão,o feiticeiro ofereceu ao espírito do casal um único encontro anual. Como mensageiro desse encontro, a ave encantada atravessa o céu, na noite de Natal, numa bola de fogo que, partindo do Mestre Álvaro, vai em direção ao morro Moxuara e vice-versa. Talvez a luz, vista a pouco, seja um fenômeno físico qualquer. Mas, aos que perderam a oportunidade de apreciar o acontecimento, perdido no horizonte de Cariacica, recomendo que, para o próximo Natal, busque nos céus da redondeza o sinal luminoso de comunicação desse amor. Diovani Favoreto Historiadora


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acontece

Especialização em Catequética

Celmu 2014 Para atualizar pessoas que trabalham com música e liturgia, acontece de 6 a 16 de janeiro, na PUC-SP o Curso Ecumênico de Formação e Atualização Litúrgico-Musical. O curso destina-se a compositores, letristas, animadores de canto, regentes e instrumentistas que estejam engajados no ministério litúrgico-musical e que garantam o efeito multiplicador no processo de formação, e é promovido por diversas entidades, entre elas, a CNBB. A Arquidiocese de Vitória terá como representante João dos Santos, membro da Equipe Cantai.

Atualização em Liturgia No dia 3 de janeiro tem início em São Paulo o Curso de Atualização em Liturgia. O curso é oferecido em duas etapas e pretende aprofundar os conhecimentos teológico-litúrgicos de padres, religiosos, seminaristas e leigos interessados na temática. A Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Vitória estará presente, representada por Margareth Albani e Lucas Francisco Neto.

Representantes do Instituto Pastoral Catequético da Arquidiocese de Vitória participam em Belo Horizonte, entre os dias 5 e 17 de janeiro do Curso de Especialização Catequética (IRPAC). O curso é uma iniciativa da PUC-Minas, em parceria com o Regional Leste II da CNBB, e pretende preparar pessoas que possam orientar e melhorar a formação de catequistas e o processo de iniciação à vida cristã que é feito nas paróquias e dioceses.

13º Intereclesial de Cebs Entre os dias 7 e 11 de janeiro realiza-se em Crato, no Ceará, o 13º Encontro Intereclesial de Cebs, com o tema “Justiça e Profecia a serviço da vida: Cebs, romeiras do reino no campo e na cidade”. Dez delegados da Arquidiocese de Vitória partici-

pam do evento, que traz em sua programação, relatos de experiência, análise de conjuntura e discussões acerca da temática proposta. O Intereclesial tem por objetivo partilhar a vida, as experiências e as reflexões das comunidades eclesiais de base.

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acontece

Catequese e Liturgia

A Onda é Jesus

Durante os dias 26 de janeiro a 2 de fevereiro, acontece, no Rio de Janeiro, o 2º módulo do curso de Liturgia na Catequese, em continuidade aos estudos do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA). O curso é uma realização da Rede Celebra em parceria com a Diocese de Duque de Caxias. Representantes da Catequese da Arquidiocese de Vitória estarão presentes, e algumas paróquias também enviarão catequistas.

No dia 8 de fevereiro, jovens e famílias capixabas participam do grande evento católico ‘A Onda é Jesus’, na Orla de Itaparica. Promovendo a fé, o respeito à vida e a evangelização, o evento contará com shows de artistas locais e a presença da cantora nacional, Adriana Arydes, que vai animar o público com seus grandes sucessos. A programação tem início às 18h.

Em janeiro, a Igreja celebra São Sebastião, santo de grande devoção popular. Confira a programação de comemorações em algumas comunidades dedicadas ao santo na Arquidiocese de Vitória: Paróquia da Epifania Do Senhor Aos Reis Magos Poço dos Padres, Nova Almeida 16 a 18 janeiro - Tríduo e missa, sempre às 19h30 Paróquia de São Sebastião do Alto Guandu Afonso Cláudio 11 a 20/01 - Novena na matriz 20/01 – missa solene, às 16h Durante os dias haverá Auto de São Sebastião (teatro que conta toda a vida do santo); Banda Lira São Sebastião, Folia de Reis, Leilão de gado e sorteio de dois veículos.

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Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes Xuri, Vila Velha Dia 20/01 tem missa na comunidade Dia 25/01 – missa e festejos populares a partir das 18h Paróquia de Santo Antônio Alto de Caratoíra e Alagoano, Vitória 16 a 18 de janeiro - Tríduo 19/01 - procissão pelas ruas do bairro a partir das 18h 20/01 – missa solene, às 19h Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Coroado, Guarapari 11 a 20/01 - Novena 20/01 – missa às 19h30




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