vitória Ano IX
Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
reportagem
Mulheres
gerativas Mundo litúrgico
Rosário A oração do povo
Atualidade
Incertezas Retomada de compromissos éticos
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Nº 105
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Maio de 2014
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Tecnologia em ĂĄudio para sua igreja!
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vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Ano IX – Edição 105 – Maio/2014 Publicação da Arquidiocese de Vitória
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Atualidade A era das incertezas
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entrevista Elson Faxina fala sobre o jornalismo
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arte sacra Arte e pintura no Santuário de Santo Antônio
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comunidade de comunidades Santa Rita de Cássia e seu testemunho de entrega
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reportagem Mulheres gerativas
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micronotícias
Ensino a distância: opção para os estudos
06 diálogos 21 ESPIRITUALIDADE 30 ASPAS 31 ESPECIAL
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34 IDEIAS 39 REFLEXÕES 42 ENSINAMENTOS 46 ACONTECE
Mundo litúrgico
A Mariologia do Rosário
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CAMINHOS DA BÍBLIA O sopro da vida
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VIVER BEM Tempo do encontro
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ARQUIVO E MEMÓRIA O golpe militar e a Igreja de Vitória
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CULTURA CAPIXABA Musicalidade e devoção: a influência africana
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prática do Saber
Cidadania e inclusão digital
Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: comercial@redeamericaes. com.br - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Kiko, Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555
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w w w. a v e s . o r g . b r
fale com a gente
editorial
O olhar continua no alto da Penha
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Festa da Penha preparou-nos para o mês de Maio. Durante nove dias diversas expressões de fé alimentaram a caminhada desta Igreja Particular: O manto que cobriu os fiéis no Campinho, a Banda de Congo que com seu ritmo próprio homenageou a Senhora das Alegrias, as Romarias, as promessas, os gestos, as expressões, as confissões, os olhares, a música, a visita do Núncio Apostólico, enfim, todas as manifestações nos fortaleceram na fé e trouxeram mais ânimo para caminhar. Agora estamos no mês de maio, mês de Maria, mês do Rosário. Mais fortes na fé voltamo-nos para o modelo de mulher e para a mulher de hoje com suas conquistas, seus dilemas, sua esperança e principalmente sua capacidade gerativa em todos os ambientes que participa. Mulheres, Marias de fé, capazes de, em cada lugar, colocar sementes para que a vida seja alegre como o fez a Senhora das Alegrias. Mês de maio, mês de prolongamento da Festa da Penha. Maria da Luz Fernandes Editora
Foto: LetĂcia Bazet
Foto: Marcus Tullius
Foto: Maria Da Luz Fernandes
Foto: Gilliard
Foto: Lucas Rocha
Foto: Marcus Tullius
Foto: Marcus Tullius
pensar
diálogos
Comunicação, Boa Notícia no Diálogo E
stamos em pleno tempo pascal. É tempo de anúncio, comunicação da Boa Notícia. Jesus Cristo é a Boa Notícia para o mundo. O Pai o enviou como comunicador e ao mesmo tempo como Mediador e mediação dialogal para estabelecer definitivamente a amizade eterna ou a eterna Aliança conosco. Pois bem, é a partir do Mistério da Páscoa que nós entendemos, e passamos a dar importância à comunicação social. Somos, por natureza, comunicadores da Boa Notícia. A Igreja de Jesus Cristo nasce comunicadora. “Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas...” (Mc 16,15). Os Apóstolos foram os grandes comunicadores. Não ficaram fechados em Jerusalém, mas deixaram-se conduzir pelo Espírito que haviam recebido em Pentecostes quando junto a eles estava Maria, Mãe de Jesus, a primeira Comunicadora da Boa Notícia, seu querido Filho. Esta consciência eclesial de comunicação da Boa Notícia ocupou sempre o primeiríssimo lugar na vida da Igreja. Tanto isso é verdade que Jesus é anunciado em todos os continentes e povos, embora milhões de pessoas ainda não conheçam nem ouviram falar de Jesus Cristo. Cientes desta importância e urgência evangelizadora, a Igreja faz questão de incentivar a todos os evangelizadores criando até um dia especial para destacar e avivar a consciência eclesial e pessoal de vocação para a comunicação, estabelecendo o Dia da Comunicação Social, coincidindo com a Festa da Ascensão do Senhor. Estamos organizados. Comunicamos pessoalmente em virtude do Batismo que recebemos. Comunicamos comunitariamente como Igreja orante nas assembleias litúrgicas. Comunicamos no interno da Igreja enquanto participantes de diversas pastorais, associações religiosas, movimentos eclesiais. Mas, continuamos o dinamismo dos Apóstolos, no diálogo com o mundo, saindo de nossas casas, de nosso ambiente eclesial porque esta é a missão que nos foi confiada. Para isso a Igreja foi inculturando-se e adaptando-se às diversas circunstâncias da geografia humana, política social ou territorial. Passou 6
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a fazer uso de todos os instrumentos possíveis para facilitar a comunicação da Boa Notícia. Hoje estamos em plena comunicação digital, meios excelentes para o anúncio do Evangelho. Vivemos primeiramente uma nova alfabetização. Aos poucos a Igreja vai deixando de ser analfabeta digital. Porque é movida pela força da Boa Notícia que tem a obrigação e a alegria de comunicar para este novo mundo ou nova época da história. Nesta época de mudanças pela qual o mundo passa, a Igreja corre o risco de fechar-se em si mesma, talvez por sentir-se insegura diante de tantos desafios no diálogo com o mundo. Com isso, cai na tentação de optar por utilizar os meios de comunicação social voltados para ela mesma. Então, prioriza o interno da Igreja com programas para serem vistos e ouvidos pelos membros da Igreja. Alguns cristãos acham tão agradável e tão lindo, que ignoram os muitos irmãos que precisam ser evangelizados e não são atraídos por essa programação. Assim, o diálogo com o mundo fora do âmbito da Igreja não acontece, porque a Igre-
“Nesta época de mudanças pela qual o mundo passa, a Igreja corre o risco de fechar-se em si mesma, talvez por sentir-se insegura diante de tantos desafios no diálogo com o mundo.” ja não se aproxima daqueles a quem Jesus mandou anunciar e batizar. É evidente que os meios de comunicação social devem contemplar o interno da Igreja. Porém, eles estão destinados para fora da Igreja, com uma metodologia atual, atraente e eficaz de tal forma que se possa cultivar o diálogo da Boa Notícia com aqueles que buscam a Deus de coração sincero. Este tipo ou este método de comunicação colabora eficazmente para a transformação de sociedades ateias para sociedades cristãs. A ordem de Jesus “ide e pregai a todas as nações” deve ecoar em nosso coração, no coração da Igreja como um grito forte para acordar a todas as pessoas tocadas pela Boa Notícia de Jesus Cristo, para que se convertam em comunicadores desta Boa Notícia para quem ainda não se deixou tocar pelo Evangelho. Estes irmãos e irmãs, cultivadores do Evangelho para
si mesmos, para seu pequeno mundo pessoal, não se tornem capitalistas espirituais egoístas, cultivadores fechados da beleza do Evangelho, como aprisionados num egoísmo fanático “do eu e Deus, e mais ninguém”. Não! Gritemos como São Paulo: “ai de mim se não evangelizar”! O mundo espera o diálogo com a Igreja! Fico pensando em São Francisco Xavier, evangelizador da Índia e em São José de Anchieta, evangelizador do Brasil. Assim como tantos outros comunicadores da Boa Notícia nas ilhas do pacífico, na América Central, no Continente Africano, etc. Todos saíram de dentro de suas casas, do fechamento eclesial e partiram para anunciar o Evangelho. Comunicadores dos meios de comunicação social não percam a rota do diálogo com o mundo! Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. Arcebispo Metropolitano de Vitória ES
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Atualidade Edebrande Cavalieri
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era DAS
INCERTEZAS
oi nos inícios dos anos de F 1980 que esta expressão apareceu no cenário mundial, sendo
título de um documentário exibido pela BBC de Londres, e que depois se transformou em livro do economista canadense John Kenneth Gailbraith. Este autor se referia aos rumos que a economia mundial estava tomando com uma nova forma de desenvolvimento denominada globalização. O que estava acontecendo naquele momento? Que consequências vem trazendo para a vida das pessoas? A velocidade das transformações deixava as pessoas meio atônitas. Não apenas a economia aumentava a velocidade das transformações, mas até a tecnologia colocava em nossas mãos, cada dia, novos aparelhos de trabalho e comunicação. Neste cenário, fo-
ram determinantes o movimento crescente de desestruturação e queda do comunismo e o aparecimento das grandes corporações econômicas e financeiras. O século XX foi assim chamado de “era dos extremos” e o século XXI só veio aumentar o volume de incertezas. As mudanças econômicas e políticas foram desencadeando processos maiores, culminando quase sempre num sentimento de incerteza. Ondas pequenas foram formando grandes tsunamis. Perguntavam-se onde as coisas e os processos iriam desaguar. Na verdade, a queda do comunismo soviético e o surgimento das grandes corporações eram apenas o início de um longo processo que ainda não parou de aumentar e se desenvolver. Forma-se assim
um conjunto crescente de novas incertezas que vai transformando relações, profissões, filosofias, escolhas, a própria fé e os compromissos políticos. O produto destas transformações configura algo pastoso, líquido, formando uma espécie de “geleia global”. A própria religião não escapa deste movimento de transformação, dissolvendo identidades, ultrapassando limites, produzindo outras formas de crenças. No meio cristão, por exemplo, não é mais tão nítida a configuração dos diversos discursos produzidos nas celebrações. Muitas vezes, torna-se difícil identificar se determinada homilia pertence a um líder protestante, católico ou pentecostal. Entre os diversos tipos de incerteza, uma nos convoca para Maio/2014
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pensar com mais atenção: a espiritual. Não me refiro apenas à questão religiosa, mas também às questões relativas aos dados da vida humana, com seus desejos e suas frustrações, suas fantasias e decepções e seu viver em sociedade. O cristianismo católico e o protestantismo histórico da época da Reforma dos séculos XVI e XVII sofreram um forte impacto com o aparecimento dos movimentos pentecostal e neopentecostal. As estruturas da vivência religiosa foram abaladas. Lideranças preocupadas buscam respostas para problemas que jamais haviam sido postos sobre a mesa; pesquisas e estudos objetivam entender o que está acontecendo. É muito comum a preocupação com a evolução das coisas. O que parecia permanente dissolve-se pouco tempo depois. De nada adianta buscar causas externas. As mudanças são frutos do esgotamento das propostas de certezas religiosas nem sempre refletidas pelas lideranças tradicionais. Surge um movimento regenerador,
também cheio de misturas, que não se distingue da “geleia religiosa” que se produziu. Os limites territoriais do cristianismo tradicional são rompidos por uma experiência religiosa que se afasta cada vez mais dos propósitos do Evangelho de Jesus Cristo, caindo numa experiência rudimentar de autoajuda. Nesse campo incerto, as ofertas do mercado religioso só crescem. Tudo é oferecido, incutido, pregado, exigido. Deus é invocado em seu dever de socorrer os aflitos. Como se pede cura! Tudo vira objeto de cura. A evangelização afasta-se assim tanto das identidades religiosas como dos conteúdos do Evangelho e do Magistério. Por outro lado, o movimento fundamentalista luta de maneira radical para garantir sua identidade, mesmo à custa de uma violência simbólica ou mesmo física. Tem crescido muito o fundamentalismo, tanto religioso como político e cultural. Parece a contrapartida ou resposta à era
das incertezas. Poderíamos continuar fazendo críticas e considerações à questão das incertezas. Alimentar medos ou amaldiçoar as mudanças só aumenta o terreno pantanoso dos tempos atuais. O movimento de mudança e de incerteza é irreversível. Compete-nos pensar na alteração da ordem; mas revoluções não acontecem todo dia. Também não adianta retornar aos modelos antigos e ficar lamentando os novos tempos dizendo “no meu tempo era assim e assado”. Aquele tempo não volta mais. Na educação dos filhos, por exemplo, o maior erro é que os pais de hoje queiram educá-los nos moldes de antigamente. Com certeza, será um fracasso. Aprendemos das ciências que as mudanças constituíram os seres vivos e aqueles que foram capazes de se adaptar garantiram longevidade à própria espécie. Mas a adaptação não é um movimento de acomodação para permanecer na zona de conforto. Para a vivência da fé cristã, torna-se imperiosa a fidelidade aos princípios evangélicos, alimento fundamental da fé, escapando das posturas terapêuticas. E para a vida em sociedade a era de incertezas exige de cada um de nós a retomada dos compromissos éticos e da sustentabilidade ambiental.
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e acordo com o Ministério da Educação, a educação a distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
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Dados do ES
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No Espírito Santo, são ofertados 105 cursos em 42 municípios, e mais de 30 instituições cadastradas pelo Ministério da Educação para a oferta da Educação a Distância. Esta modalidade de educação ganha adeptos, pois o aluno tem o acesso mais flexível ao conteúdo e a opção de gerenciar, com autonomia, o seu horário e local de estudo, conforme suas necessidades. Existe também a vantagem dos custos reduzidos de mensalidade, que variam de acordo com o curso escolhido – é possível encontrar cursos que custam a partir de R$ 130, em instituições cadastradas e reconhecidas pelo MEC.
Dicas Ao contrário da educação presencial, na Educação a Distância é você quem decide quando, como e onde estudar (autodisciplina). Por isso é necessário que alguns itens sejam seguidos, como: • Disciplina para o estudo;
Legalidade Os diplomas dos cursos à distância possuem o mesmo valor daqueles oferecidos nos cursos presenciais, desde que as instituições sejam credenciadas e os cursos devidamente autorizados pelo MEC.
• Organização do aprendizado, evitando o acúmulo de leituras e exercícios; • Envolvimento como em qualquer curso presencial;
distân
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• A participação é vital para a integração e a interação, melhorando os resultados da aprendizagem.
EAD consolidada
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foi a pioneira na oferta do Ensino Aberto e a Distância (EAD) e desde 2002 vem formando centenas de professores. O mesmo ocorre com várias instituições particulares, que auxiliam na formação de milhares de alunos, inclusive com a oferta de pós-graduação. Portanto, é possível afirmar que a EAD veio para ficar e consolida-se, cada vez mais, como a grande oportunidade de acesso à formação universitária. Leandro Martins Supervisor do Centro Universitário Claretiano
ncia
Ele Fez Marcus Vinicius Carracena iniciou em 2011 o curso de licenciatura em Artes, finalizando-o em 2013. Ele conta sobre a sua experiência: Iniciei o curso presencial, mas não estava batendo com os meus horários de trabalho. A minha indisponibilidade de estar fisicamente em um local me fez optar pelo ensino a distância. A experiência foi muito válida, e a partir da minha análise, que já cursei o presencial e o a distância, posso afirmar que a segunda opção é até melhor, pois eu precisei me esforçar mais, buscar outros conhecimentos, e também o aprendizado a partir de outras fontes. O maior desafio é organizar o seu próprio tempo de estudo, pois você tem o prazo e precisa cumprir com as atividades, seja no fim de semana, ou de madrugada. É um ensino enriquecedor, pois realmente há aprendizado. Indico as pessoas buscarem um curso a distância antes de um presencial, pois essa modalidade depende muito de si mesmo, da sua vontade de alcançar o aprendizado. Maio/2014
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entrevista Letícia Bazet
Meio de comunicação não é alto-falante Elson Faxina tem larga experiência com a comunicação da Igreja. Ele é professor da Universidade Federal do Paraná, assessor de comunicação da Secretaria de Cidadania, Justiça e Direitos Humanos do Paraná e assessor da Pascom do Regional Sul 2 da CNBB
vitória - Como você se tornou jornalista? Elson Faxina - Olha, eu acredito que me tornei jornalista pela própria vida que eu tive no interior do Estado. Eu brinco dizendo que minha primeira aula de comunicação foi com minha professora do primeiro ano na escola, quando ela falava para as crianças que estavam falando demais: ‘repitam comigo, dois olhos, duas orelhas, só a boca que não tem par, isso significa que é muito melhor e mais prudente ver e ouvir do que falar’. E eu sempre fiquei com aquilo, falar só depois que ver e ouvir. Em seguida, eu tenho muito orgulho em dizer que sou filho das Comunidades Eclesiais de Base, a minha introdução ao mundo foi por elas, onde a gente partilhava muitos conhecimentos acerca da vida política, religiosa e profissional.
“Não sou contra o lucro, mas ele não pode macular, subestimar a informação.”
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vitória - A sua participação
nas CEBs influenciou a escolha pelo jornalismo? Elson Faxina - Ali eu fui crescendo e me formando para o mundo. Depois eu também entrei para a Pastoral da Juventude, onde a gente tinha muito essa questão de criar momentos de comunicação, para atrair e se envolver com as pessoas. Comecei a trabalhar com teatro e naturalmente fui enveredando para o campo da comunicação. Eu tenho muito esse gostar de estar com as pessoas, de conviver, fiz militância pelas causas sociais, nas pastorais. Então eu creio que com esse meu pé no movimento social, percebi que o jornalista não pode ser isento da sociedade. Nós temos que viver aquilo que a gente vai comunicar. Foi fundamental eu manter esse contato com o movimento social que me deu toda essa informação, esse exemplo de vida, esse pensamento que eu levo para o jornalismo. vitória - De que maneira as
CEBs e os movimentos sociais moldaram o posicionamento que o senhor tem sobre a profissão?
Elson Faxina - A gente comunica
o que está na nossa cabeça, a gente sempre fala de um lugar social. O ponto de vista é a vista de um ponto onde eu estou. Então é fundamental que eu tenha uma visão de mundo a partir da maioria da sociedade. E, para mim, o aprendizado das CEBs foi a forma que eu entendi que o mundo deveria ser pensado, eu preciso compreendê-lo para viver melhor nele. Ali eu ganhei essa visão fundamental para compreender politicamente a sociedade e entender o plano de Deus nela, isso fez com que a gente aprendesse a ver o mundo também a partir dos valores cristãos. Eu digo que o movimento social é o nascedouro da cidadania. Ele me possibilitou compreender onde estão as dores da sociedade, onde estão os problemas sociais que nós precisamos lutar pela sua superação. Essa vida no movimento social é muito rica e eu acho uma pena que os meios de comunicação divulguem tão pouco, pois é ali que as pessoas se realizam.
vitória - Com toda a sua
vivência e experiência, qual avaliação o senhor faz do jornalismo hoje? Elson Faxina - O jornalismo hoje é repetitivo, pobre e acrescenta muito pouco para a sociedade. Nós temos uma multiplicidade de canais sem multiplicar informações. É só isso que acontece no Brasil? Temos duas explicações: uma é que um veículo de comunicação é uma mídia feita muito pelo interesse empresarial, que tem muito mais interesse no lucro do que na informação. Não sou contra o lucro, mas ele não pode macular, subestimar a informação. O outro lado é o comodismo profissional dos nossos jornalistas. Nós vivemos em uma zona de conforto: a informação chega, eu só redijo do meu jeito e ponho no ar. A mídia carece de ser redefinida, pensada, que tenha uma comunicação plural, tanto em temas, quanto em olhar. vitória - O senhor enxerga
formas de mudanças? Elson Faxina - Essa pobreza só vai acabar de duas formas: primeiro com a democratização dos sinais. Você não pode ter em um país de jeito nenhum, os sinais de rádio e televisão apenas nas mãos da iniciativa privada. Segundo é a gente pensar que o jornalismo não é um discurso único, ele é plural, não existe um modo de fazer jornalismo. Aprendemos em uma semana de universidade as técnicas básicas, depois é só exercitar. O tema se encaixa em um formato, enquanto deveria ser o contrário. Não podemos nos resumir a este tipo de jornalismo,
ele é empobrecedor. vitória - Falta uma vivência mais social e popular dos profissionais? Elson Faxina - Você pensa a partir do meio que você vive mesmo. Frei Betto tem uma frase que eu gosto muito e diz assim ‘a cabeça pensa onde o pé pisa’, porque se você estiver pisando naquele lugar, é dali que você vai falar, vai ver a informação. É preciso pisar no barro. Você tem que ter um distanciamento crítico também, mas o que vai definir o nosso olhar é o meu vínculo com a sociedade. Como vou falar para a sociedade se eu não tenho vínculo com ela? Para mim é nocivo, é antiético, é condenável um jornalista que faça uma matéria sobre uma favela sem nunca ter ido à favela. Ele não pode falar daquilo que ele não
enxerga, de algo que falaram para ele. Ele não pode ser um narrador de algo que ele não conhece, por isso, esse compromisso social é fundamental. vitória - Falando em seu en-
gajamento nos movimentos e pastorais sociais, o senhor teve uma bela atuação na Pastoral da Criança. Como foi essa experiência? Elson Faxina - A Pastoral da Criança foi onde eu consegui unir a minha atuação profissional à minha fé. É o local em que eu tive o maior orgulho de ter participado. Fiquei oito anos trabalhando com a pastoral e foi uma experiência muito bacana, porque ali a gente conseguiu, graças a forma de trabalhar da Zilda Arns, unir o que eu chamo de verdadeira comunicação, que é pensar uma comunicação Maio/2014
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entrevista Letícia Bazet
para dentro da instituição, não de divulgação. Nós mapeamos o público da pastoral e fazíamos uma comunicação dirigida a cada um deles para motivar, trabalhar melhor. Fundamentalmente um trabalho que eu tenho orgulho de ter feito parte foi a criação da rede de comunicadores solidários à criança, criada em parceria com a União Cristã Brasileira de Comunicação (UCBC). vitória - O que significou e
como funcionou esse trabalho? Elson Faxina - Pessoas do Brasil inteiro, voluntárias, formavam a rede de comunicadores. Eles recebiam as nossas informações para divulgarem ali nos seus veículos, mas também ficavam em contato com as coordenações da pastoral, para identificar as informações legais locais que poderiam ser passadas para a nacional. Eles mesmos pautavam os veículos locais. Foi o trabalho de uma rede de comunicadores da Pastoral da Criança, do grupo de comunicadores, que acabou dando visibilidade ao trabalho da pastoral. Por isso eu falo sempre que nós precisamos de histórias de vida nas nossas comunidades, e isso também interessa a nossa grande mídia. Nós chegamos a ter no meu último ano de trabalho na Pastoral, tenho orgulho de dizer, que foram 16 reportagens da Pastoral da Criança só no Jornal Nacional, é mais de uma por mês. Dessas, nós que éramos quatro na assessoria de imprensa, só sabíamos de três, as outras nós vimos quando estava no ar, o que é muito legal porque 16
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mostra que a gente não tinha o comando da comunicação. Eu falo que ali a gente conseguiu fazer um trabalho de rede que me orgulha muito, um trabalho essencialmente colaborativo, e de muita realização humana. Ali tinha um diferencial com a Zilda Arns, que era fundamental, pois quando ela ia começar a pensar uma ação, já pensava junto a comunicação, o que as entidades erram muito, porque fazem toda a ação e chamam a comunicação para divulgar. Isso é instrumentalizar. A comunicação estava no nascedouro da ação. Eu acho que essa é uma das experiências mais legais que eu vivi e não consegui viver em lugar nenhum mais. Foi uma experiência que se eu tivesse que dar um presente para alguém eu diria: vai viver essa experiência. vitória - Qual foi a lição que
o senhor tirou desse trabalho? Elson Faxina - Com certeza posso dizer que fica a lição de que comunicação não se cria em gabinete, nem em sala de redação, comunicação se gesta no contato com o povo. Eu visitava muitas comunidades com a doutora Zilda, algumas de surpresa mesmo, isso era obrigatório. E era uma surpresa ótima ver como a comunidade se articulava. Essa foi a grande lição, a comunicação estar vinculada a ação. Nós temos que aprender também dentro da Igreja, do movimento social, que eu tenho que fazer a denúncia, mas eu tenho que, fundamentalmente, indicar ações positivas que o outro fale: puxa, vida! Isso eu
posso fazer. Essa identidade com o positivo nós temos que aprender a criar. A doutora Zilda sempre dizia: Faxina, pode denunciar a mortalidade infantil, tem que denunciar, mas mostra onde a criança não morreu e por quê não morreu. Ela sempre dizia: vamos mostrar as crianças salvas. Esse é o aprendizado principal para mim no jornalismo: o positivo congrega, o negativo distancia. vitória - Diante de toda a sua
experiência, qual a mensagem o senhor deixa para as pastorais e movimentos sociais do Espírito Santo e do restante do Brasil? Elson Faxina - Pensem a comunicação para fazer parte da sua própria ação, não pensem na comunicação apenas para divulgar, meio de comunicação não é alto falante, que serve apenas para ampliar a voz. Tenham a comunicação como uma aliada no dia a dia de vocês. Ajude a gente a garimpar boas histórias de vida, bons exemplos de pessoas, de projetos, de coisas que estão acontecendo ali. Quem muda o mundo sou eu a partir da ação do Espírito Santo, da inspiração divina. Pastoral que perde a mística vira agente de ação social. Pastoral que se fecha no espírito, perde o seu compromisso cristão. É preciso equilíbrio entre a mística e a ação social. Tanto pastoral como movimento social devem ter claro que nós temos que convidar pessoas, não para ser plateia, mas já sair com uma ação concreta a ser realizada. O que move as pessoas é o sentido da ação.
arte sacra
OS AFRESCOS DA BASÍLICA DE SANTO ANTÔNIO “A todos aqueles que apaixonadamente procuram novas « epifanias » da beleza para oferecê-las ao mundo como criação artística.” (João Paulo II aos artistas)
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uem entra na Basílica de Santo Antônio não pode deixar de olhar para o alto e contemplar suas belas pinturas. A construção do Santuário teve início em 1956, e foi finalizada em 1976. Ele possui quatro semi-cúpulas, uma cúpula central e sua base tem forma de cruz grega, isto é, todos os braços têm o mesmo tamanho. Sua construção foi inspirada na arquitetura italiana renascentista da Igreja Nossa Senhora da Consolação, em Todi, Itália Central. Nos anos 199597-99 e 2002 contamos com a presença do pintor italiano Alberto Bogani, que com a ajuda dos dois colegas artistas, Lino Borghi e Renzo Buonvicini, “embelezaram as paredes internas da agora ‘Ba-
sílica de Santo Antônio’ com aquele estupendo conjunto de pinturas que alegram a vista, elevam o coração e envolvem a mente na meditação dos principais mistérios da Redenção de Jesus Cristo”, conforme nos conta padre Roberto Camillato. Alberto Bogani inseriu na pintura sua grande experiência em afrescos, sobretudo de igrejas. As figuras por ele pintadas são caracterizadas por um forte realismo dos movimentos. O conjunto se baseia em uma composição robusta, de plasticidade escultural, porém, nos painéis há uma imobilidade monumental nos seus afrescos devocionais. Usa o entrelaçamento de linhas e deixa flutuar faixas coloridas que nos recordam as lições de Boccioni, primeiro
futurista. A cúpula central, com 37 metros de altura, traz no centro a pintura de padre Ludovico Pavoni, fundador da congregação Pavonianos. Do lado esquerdo do presbitério temos o painel “Nascimento de Cristo” e do lado direito o painel “Ressureição de Jesus”. Outros painéis pintados nas paredes da igreja retratam cenas da Bíblia como Anunciação, Santa Ceia, Crucificação e Pentecostes. Os vitrais, assim como a grande cruz do “Cristo Moribundo” são do
artista italiano Carlos Crépaz, que viveu em Vitória. Em 2008, o Vaticano concedeu ao Santuário de Santo Antônio o título de ‘Basílica’, do grego “A casa do Rei”. Hoje, “trata-se de um título honorífico que o Vaticano concede a alguns templos católicos, localizados em qualquer parte do mundo, que se distinguem pela beleza artística, pela transmissão da fé e pela vivência cristã. Vale a pena conferir pessoalmente e contemplar esta beleza tão perto de nós!
Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do Setor Espaço Celebrativo da Comissão Litúrgica da CNBB
Mundo litúrgico
Rosário: a Mariologia do povo simples
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os primeiros séculos do cristianismo, a recitação dos salmos era a oração oficial da Igreja, conhecida como Liturgia das Horas rezada pelos padres e monges letrados, pois só eles sabiam o latim, língua na qual estavam escritos os salmos. Os 150 Salmos recitados por eles eram assistidos pelo povo simples que se contentavam em ouvir e “participar” desta prática de oração mesmo não entendendo o idioma. Por volta do ano 800 começou a surgir, entre o povo, a idéia de substituir os salmos pela oração da Ave Maria. Na Bíblia temos 150 salmos e, por isso, o rosário iniciou com 150 ave marias. Cada Ave-Maria é como se fosse uma “rosa”, daí vem o nome de rosário, significando buquê ou coroas de rosas. E a terça parte, 50 Ave-Marias, daria um terço do Rosário. Nascendo assim o terço,
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como uma maneira popular de celebrar o amor de Deus nas horas do dia, meditando os mistérios da Redenção. No ano de 1700, São Luís de Monfort escreveu meditações a serem pronunciadas no intervalo de cada dezena de Ave-Marias chamando cada uma destas meditações de “mistérios”. As meditações eram feitas em três blocos: nascimento e infância de Jesus (mistérios da alegria, conhecidos antes como gozosos), Paixão e Morte (dolorosos), ressurreição e ascensão (gloriosos). São João Paulo II, ao celebrar seus 24 anos de pontificado, assinou a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae (O Rosário da Virgem Maria) acrescentando ao rosário os cinco mistérios da Luz, inspirados na vida pública de Jesus totalizando 20 mistérios. Mesmo com esse acréscimo, a centenária prática de oração continuou sendo chamada de terço, por estar profundamente enraizada na vida de oração e litúrgica do povo e das comunidades eclesiais. No rosário, temos esta escola
de oração em que todos podem contemplar o mistério da vida de Jesus e de sua mãe Maria. Uma oração simples para o povo simples, na qual todos entendem a linguagem do amor de Deus encarnado no seio de Maria. Para acentuar a importância do rosário assim nos escreve Santo João Paulo II: “O Rosário concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor.” (Papa João Paulo II. Rosarium Virginis Mariae. n. 1). Diácono Carlos José Fernandes Arquidiocese de Vitória
Durante o ano litúrgico, encontramos várias festas dedicadas à Maria. A ênfase é colocada na centralidade do mistério de Cristo, do qual recebem luz e adquirem significado as festas de Nossa Senhora e as festas dos santos, ou seja, não teria sentido celebrarmos a Virgem Maria e os santos, se o centro não fosse Jesus Cristo. O ano litúrgico, de fato, é do Senhor Jesus Cristo em toda a extensão e plenitude do seu mistério. Cada celebração nos leva a contemplarmos a obra do amor de Deus não de uma maneira fracionada, mas de uma maneira total. A preparação para a vinda do Messias, da sua Encarnação até o Calvário, de Pentecostes aos dias atuais, tudo nos leva a crer que Deus realiza a obra da salvação por meio de Cristo no Espírito Santo e ela não aconteceria sem a figura singular de Maria.
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espiritualidade
OS DONOS DA IGREJA
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odos nós concordamos que a Igreja não tem dono. O único Senhor é Jesus Cristo. Todavia, no dia a dia, algumas pessoas começam a se comportar como donas da Igreja. Alguns fiéis se sentem donos das nossas Comunidades Eclesiais. Alguns tomaram posse delas por “usucapião”, ou seja, estão há tanto tempo liderando alguns serviços nas Comunidades que se tornaram donos delas. Quando chega um novo pároco e decide tirar os “donos da Igreja”, eles vão reagir. Eles vão se agarrar ao poder, eles vão pôr a Comunidade contra o pároco, vão se fazer de vítimas e injustiçados, vão demonstrar um enorme falso zelo pela Igreja afirmando que estão defendendo o bem da Comunidade
“Jesus foi claro ao ensinar que entre nós, seus discípulos, o maior será aquele que mais serve e que se faz menor do que os outros.”
Eclesial. Na realidade, os “donos da Igreja” estão defendendo a si mesmos, obedecendo ao próprio orgulho e não a Deus. É enorme o estrago que o demônio faz nessas situações, dividindo a Comunidade, através de fofocas, cartas anônimas, boicotes... Jesus foi claro ao ensinar que entre nós, seus discípulos, o maior será aquele que mais serve e que se faz menor do que os outros. O verdadeiro cristão vai sempre escolher o último lugar e não o primeiro; e depois de ter feito tudo o que devia fazer, deve ainda dizer: sou um servo inútil. O Papa Francisco tem nos ensinado com palavras, exemplos que a Igreja deve ser humilde, servidora da humanidade e Escola de Comunhão e, assim sendo, ela estará cumprindo a sua missão primeira que é adorar e glorificar a Deus.
Faltam humildade e obediência a Deus em nossas Comunidades e sobram orgulho, desobediência e excessivo amor próprio, enquanto o Senhor Jesus, manso e humilde de coração, nos ensina que, para segui-lo, devemos renunciar a nós mesmos e dar a outra face quando for estapeada. A obediência a Deus significa fazer o que Ele nos pedir e não aquilo que nós queremos oferecer a Ele. Precisamos aprender a dizer sim a Deus também quando Ele nos retira um serviço na Comunidade. Se a vontade de Deus é que nos retiremos de um serviço eclesial devemos sempre dizer em nosso coração, como Maria de Nazaré: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra. Ou, como o sofredor Jó: Deus deu, Deus tirou. Bendito seja o nome do Senhor! Amém.
Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
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comunidade de comunidades
Santa Rita de Cássia:
testemunho de entrega e obediência
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ascida na cidade de Cássia, na Itália em 1381, Rita quando jovem casou-se com Paulo Fernando e tiveram dois filhos. O marido, de gênio forte, maltratou-a muitas vezes e após envolver-se em disputas políticas, morreu assassinado. Anos depois perdeu seus filhos, vitimados por uma peste que arrasou a Europa naquela época.
Viúva e sem filhos, dedicou-se ao socorro dos pobres e enfermos. Sentindo o chamado de Deus, procurou o Convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia, para tornar-se religiosa. Conta a história que certa vez, foi encontrada pelas freiras rezando na capela do Mosteiro. Não se explica, racionalmente, como ali pôde aparecer já que portas e janelas estavam
Filme: Saiba mais sobre a vida da Santa Rita de Cássia! Produção do cinema Italiano de 2012, foi filmada na cidade onde Rita nasceu, viveu e deu testemunho de sua fé acompanhando toda trajetória de sua vida. Disponível em versão dublada. 22
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fechadas. Em 1450, desejando ir a Roma, e não podendo por causa de uma chaga aberta no rosto, pediu a Deus que ela se fechasse e assim aconteceu, tornando-se a abrir quando de volta ao Convento. Segundo o Frei Antônio Jacintho Gomes Junqueira, pároco da Paróquia Santa Rita, da Praia do Canto, toda a vida de Rita foi de sofrimento. “Desde o começo foi uma obediência aos pais, depois à realidade da vida. O exemplo dela nos mostra a capacidade de viver a vida e de total entrega a Deus.”
A coordenadora da comunidade dedicada à santa em Guaraciaba, na Serra, Maria Dilma Ferreira Silva contou que teve uma graça alcançada, por intercessão da santa. “Meu filho chegou a ser internado e tomava medicamentos fortíssimos. Fiz novena à santa e todo dia ia à matriz da Paróquia na Praia do Canto e depositava flores aos pés dela. Hoje meu filho é casado, tem dois filhos e não ficou com nenhuma sequela da enfermidade”, relata a mãe emocionada. Em devoção e agradecimento à Santa Rita, Maria Dilma, fundou, em 2006, a comunidade dedicada à santa no bairro. Ela também atribui a santa Rita a doação de um terreno onde está sendo erguida a comunidade. Assim como nossa entrevistada, tantos foram os milagres e as graças que milhares de devotos receberam, por intercessão de Santa Rita que a jovem ficou conhecida como a “Santa dos Impossíveis”. Em 22 de maio,
celebra-se o dia de Santa Rita e lembra-se a sua morte que aconteceu em 1457. Para o frei Antonio, a lição que fica sobre a vida da santa é a
obediência a Deus. “Que tenhamos esse amor à Deus agindo através do ser humano”, finalizou. Gilliard Zuque
Santa Rita de Cássia nas comunidades Area Vitória Paróquia de Santa Rita de Cássia - Praia do Canto Area Vila Velha Paróquia Santa Rita de Cássia – Santa Rita Area Serra Paróquia São Francisco de Assis - Guaraciaba, Serra Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Residencial Centro da Serra Paróquia da Epifania Do Senhor Aos Reis Magos – São Francisco Area Serrana Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Brejetuba (2) Paróquia de Nossa Senhora Rainha da Paz - Rio Possonoser Paróquia de Sant’ana - Marechal Floriano Area Cariacica-Viana Paróquia de São João Batista - Antonio Ferreira Borges Paróquia São Francisco de Assis – Porto Novo Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Rita Paróquia Bom Jesus – Mucuri Paróquia Jesus Libertador – Campina Verde
Em nossa Arquidiocese de Vitória, o2 paróquias e
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comunidades são dedicadas à santa. Maio/2014
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Reportagem Letícia Bazet Maria Da Luz Fernandes
Mulheres
gerativ Q
ue existem muitas diferenças no comportamento de homens e mulheres todos sabem e conhecem bem. Elas mantêm um envolvimento emocional maior com todas as tarefas que desempenham e nas relações que estabelecem. Eles são mais prá-
ticos, executores e mantêm uma distância emocional das tarefas que executam e nos relacionamentos que vivem. Claro que em matéria de diferenças de gênero não podemos usar a área de exatas e as pessoas sempre podem ser diferentes, mudar e surpreender, mas essas carac-
terísticas básicas remetem-nos para uma nova reflexão que vem surgindo em relação às mulheres. A elas foi atribuído ao longo dos séculos o papel de mãe, cuidadora, educadora, esposa. A elas foi atribuída a capacidade de ser terna, de ver além do exposto, de conciliar. Muitos outros atributos foram proclamados em poemas e cantados em diversos ritmos, mas sempre giram em torno destas características. Com o desenvolvimento social e mudanças culturais mais lentas ou mais rápidas, o fato é que a mulher foi assumindo outros papéis na família, na sociedade e até na Igreja, mas o machismo estabelecido e, de certa forma, assimilado por eles e por elas, continua considerando a ela os deveres com a casa, os cuidados com os filhos e com
as o marido e, a responsabilidade pela ordem e pela limpeza. A mulher sempre é alvo de pesquisas e, ao mesmo tempo em que é frágil, também é forte. Por um lado protege, por outro precisa ser protegida. Se observarmos com atenção as datas em que se comemora a mulher, fica evidente o que mais é celebrado: o dia das mães. Mães que partiram são lembradas, mães “emprestadas” são homenageadas e mães e filhos comemoram com presentes, flores, carinho, etc. Será que, de fato, esse é o principal papel da mulher? Estudos recentes começam a falar de mulher gerativa. De maneira bem singela pode-se entender que a mulher preparada para gerar outras vidas carrega em si uma capacidade de “ge-
“Sempre houve uma pressão muito forte sobre a mulher. Seu destino era traçado: casar. Então essa liberdade é uma conquista, de escolher o que queremos da vida. Nós lutamos pela igualdade”. Eusabeth Vasconcelos
rar” que se expressa de várias formas, isto é, a mulher em suas atividades, ações e relações sempre busca “gerar” resultados de continuidade, de construção. Mas, como as mulheres se percebem? Fomos ouvir algumas. A psicóloga Luciana Vello afirma que “a capacidade gerativa da mulher vem do útero mesmo, da sua condição maternal que faz com que ela assuma várias coisas e abrace várias causas”. Para Eusabeth Vasconcelos, a Beth, defensora das mulheres, conhecida por seu trabalho com os grupos de mulheres de Serra, “a mulher parece que tem 10 pernas e 20 braços. É interessante que por mais que a gente tenha independência, uma profissão, trabalhe fora, a sua casa ninguém tira, existe sempre o cuidado com ela. As mulheres são assim. Tem
umas que são mais apegadas e outras menos. As mulheres conseguem fazer tudo e dão conta. Elas conseguem cuidar dos filhos e ter um trabalho, mas hoje muitas já optam por não tê-los, optam por ficar sozinhas e investir na carreira profissional, uma casa, um carro, enfim, independência. Sempre houve uma pressão muito forte sobre a mulher. Seu destino era traçado: casar. Então essa liberdade é uma conquista, de escolher o que queremos da vida. Nós lutamos pela igualdade”. A autora Teresa Cunha ao escrever sobre o tema afirma que a mulher desenvolve sua capacidade gerativa em três áreas: materna, cultural e política. A mulher que gera filhos, a mulher que preserva tradições e a mulher que luta pela transformação social. No entender e na vida de Maio/2014
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Reportagem
Eusabeth, essas dimensões se misturam e entrelaçam, porque “a mulher dá conta de tudo”, mas suas palavras revelam que, na prática, algumas mulheres escolhem ou priorizam uma ou outra e que isso é uma conquista. A Senadora Ana Rita Esgário, reconhecida por seu trabalho em defesa da mulher mais sofrida, falando de si mesma, disse que quando um projeto é aprovado ou
uma luta obtém reconhecimento e resultados é algo que traz vida para a sociedade, mas a casa para ela é algo que gosta de cuidar. “Não tenho filhos, mas tenho mãe, tenho família e gosto de cuidar, de dar carinho”, disse referindo-se à mãe e ao noivo e acrescentou: “gosto de encontrar as pessoas, acolher, ouvir e faço isso lá na minha comunidade. É bom ouvir as pessoas e perceber que isso faz bem para elas. Eu gosto de dar atenção principalmente às pessoas idosas”. Se isso é ser gerativa, ela acha que sim e diz que sua atitude em família ou na vida pública não muda, embora precise em alguns momentos adequar-se ao ambiente. Para ela, acolher, ter bons relacionamentos e amizades é gerar um bem social. Por trás de tudo muita fé e confiança em Deus. Aliás, a fé é uma atitude
“Gosto de encontrar as pessoas, acolher, ouvir e faço isso lá na minha comunidade. É bom ouvir as pessoas e perceber que isso faz bem para elas”. Ana Rita Esgário 26
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forte em todos os colabores desta reportagem. Eusabeth, Ana Rita, Marta Falqueto vêm de militância nas Comunidades Eclesiais de Base e nelas se fortaleceram para enfrentar seus lados gerativos na família, na comunidade e na vida pública. Marta acentua a necessidade da igualdade entre homens e mulheres e diz que “esse cuidado é importante porque acaba inculturando nas pessoas o uso de termos mais respeitosos e responsáveis, que podem fortalecer e enobrecer as pessoas”. Perguntar se Marta se sente gerativa é inútil. Ela começou sua tarefa bem cedo, pois veio de uma família onde apenas os homens tinham direito à herança e hoje as oito mulheres e quatro homens, irmãs e irmãos, “todos têm direito a tudo”. Mulheres de luta, mulheres que militam em espaços correlatos: grupos de mulheres, direitos humanos e política, mulheres de fé, todas com atuação na Igreja Católica. Lutas comuns: defender direitos, lutar por leis que beneficiam os mais fracos, políticas públicas para mulheres e a Lei Maria da Penha. Luciana Vello afirma que “a sociedade é muito machista, apesar de tantas mu-
“Comecei minha tarefa bem cedo, pois vim de uma família onde apenas os homens tinham direito à herança e hoje as oito mulheres e quatro homens, irmãs e irmãos, “todos têm direito a tudo”. Marta Faluqeto
danças que as mulheres protagonizaram” e Ana Rita confessa que o machismo está muito presente na Igreja “as mulheres participam, preparam, mas os cargos de chefia e decisão estão com os homens”. O Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela de certa forma concordou com Ana Rita e Luciana: “a mulher humaniza a Igreja. A característica machista da hierarquia é ameni-
zada com a presença da mulher, sem ela ia ficar uma coisa muito chata”, disse. “Ai da Igreja se não fossem as mulheres. Ela tem a vitalidade da ternura, da poesia do mundo, alegre e às vezes triste. A poesia da mulher é muito forte”. “Ela é depositária da vida porque não é ela que gera, quem gera é Deus”. Padre Anderson Gomes, coordenador de pastoral diz que “o exercício de seu ministério está ligado a
mulheres que ajudam a gerar fé nas famílias e para Deus”. Ele repetiu a mesma ideia de maneira diferente “os ministérios estão com os homens, mas por trás estão as mulheres que cuidam e ajudam a desenvolver”. Para Dom Luiz a mulher é, por natureza, criativa e sempre deu uma contribuição especial no campo da catequese e círculos bíblicos. “Elas com sua capacidade de ensinar contribuem para o equilíbrio para que a pastoral não seja dominada pelo jeito masculino. Homem e mulher agindo juntos é uma complementaridade”. Maio é o mês de Maria, a MULHER. Às mulheres, por natureza, gerativas, a frase de Eusabeth: “Nós somos criadas para um mundo pequeno, para a vida privada, e nós temos uma vida pública. Temos os nossos direitos”. Maio/2014
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Caminhos da Bíblia
Na vitória de Cristo sobre a m
humanidade é O
texto de Jo 20,19-23 reflete de forma muito clara a experiência feita pela primeira comunidade de discípulos da ressurreição do Senhor. No início do texto já se percebe que o dia descrito é o dia da ressurreição do Senhor, apresentado como o primeiro dia da semana. Este é o dia da comunidade, o dia consagrado à Palavra de Deus, à partilha dos irmãos, às orações, à comunhão plena com o Corpo do Senhor, é o dia no qual a comunidade é formada para viver na vida do dia a dia, a fé que nele professa. Todavia, os discípulos se encontram trancados, com as portas fechadas por medo dos judeus; a comunidade ainda não havia feito a experiência da ressurreição do Senhor, o que lhes daria coragem e força no testemunho e na vivência do Evangelho. Ao colocar-se no meio deles Jesus saúda toda a comunidade dos discípulos com a Paz, uma saudação que se repete por duas
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orte a
recriada vezes. A repetição da saudação, por si mesma, já é um sinal no Evangelho de João, da confirmação do dom que a comunidade acaba de receber; a paz comunicada é a plenitude da força da ressurreição do Senhor, algo que tem o poder de fazer novas todas as coisas. Tal saudação e o convite de olharem para seu corpo, não se constitui num modo de se apresentar. Ele deseja comunicar a toda a comunidade a potência de sua ressurreição, isto é, a graça alcançada em sua vitória na cruz. Uma graça que quando acolhida pode transformar a comunidade temerosa dos discípulos em uma comunidade confirmada na fé e firme no testemunho do Evangelho. A alegria toma o coração da comunidade dos discípulos que começam a compreender o evento da ressurreição do Senhor e acolhem a sua presença no meio deles. Ao anunciar o envio, Jesus cumpre um gesto muito significativo: Ele “soprou” sobre
toda a comunidade, comunicando o dom do Espírito Santo e fazendo a promessa do perdão dos pecados à tantos quantos os seus discípulos perdoassem. Este gesto de Jesus evoca a passagem do Antigo Testamento, presente no livro do Gênesis, quando da criação do homem (Gn 2,7). Deus faz um boneco de barro e sopra sobre o mesmo o sopro da vida, e o boneco de barro se torna um homem vivente. A palavra hebráica para Espírito é Ruah, que pode ser entendida também como sopro vida. Por isso, quando Deus sopra sobre o boneco de barro, ou no caso do Evangelho, quando Jesus sopra sobre os discípulos, em ambos os casos, o sopro comunica a vida, e, no segundo caso, a renovação da mesma - a nova criação. Sendo assim, no Evangelho de João, o Ressuscitado sopra sobre a comunidade dos discípulos o Espírito Santo, sinal da vida nova, da renovação total para toda a humanidade. Se no
livro do Gênesis o boneco de barro ganha a vida, no relato do Evangelho a comunidade dos discípulos é recriada, sinal da nova humanidade que é renovada em Cristo, por meio de sua morte e ressurreição. Depois deste gesto o Senhor pronuncia o seu envio: a comunidade dos discípulos, renovada pela graça e ação do Espírito Santo, é convidada a levar a todos o perdão dos pecados. A comunidade deve comunicar aos homens e mulheres a graça da ressurreição do Senhor e a vida nova para todos os que a Ele aderirem por meio da fé. Tendo sido renovada pela presença do Ressuscitado, a comunidade dos discípulos passa a ser lugar da graça e do perdão, da reconciliação e da paz, todos frutos da experiência feita na vivência da ressurreição do Senhor. Pe. Andherson Franklin, professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor em Sagrada Escritura
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aspas
A dignidade e a vocação da mulher Trechos da Carta Apostólica de João Paulo II ‘Mulieris Dignitatem’
(...) A presença especial da Mãe de Deus no mistério da Igreja nos consente pensar no vínculo excepcional entre esta “mulher” e toda a família humana. Nos nossos dias a questão dos “direitos da mulher” tem adquirido um novo significado no amplo contexto dos direitos da pessoa humana. (...) A mulher – em nome da libertação do “domínio” do homem – não pode tender à apropriação das características masculinas, contra a sua própria “originalidade” feminina. Em todo o ensinamento de Jesus, como também no seu comportamento, não se encontra nada que denote a discriminação, própria do seu tempo, da mulher. Ao contrário, as suas palavras e as suas obras exprimem sempre o respeito e a honra devidos à mulher. O testemunho e as obras de mulheres cristãs tiveram um influxo significativo na vida da Igreja, como também na da sociedade. Mesmo diante de graves discriminações sociais, as mulheres santas agiram de “modo livre”, fortalecidas pela sua união com Cristo. Quando dizemos que a mulher é aquela que recebe amor para, por sua vez, amar, não entendemos só ou antes de tudo a relação esponsal específica do matrimônio. Entendemos algo mais universal,
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fundado no próprio fato de ser mulher no conjunto das relações interpessoais, que nas formas mais diversas estruturam a convivência e a colaboração entre as pessoas, homens e mulheres. A mulher representa um valor particular como pessoa humana e, ao mesmo tempo, como pessoa concreta, pelo fato da sua feminilidade. Isto se refere a todas as mulheres e a cada uma delas, independentemente do contexto cultural em que cada uma se encontra e das suas características espirituais, psíquicas e corporais, como, por exemplo, a idade, a instrução, a saúde, o trabalho, o fato de estar casada ou solteira.
especial
No início do mês de abril, o Papa Francisco assinou o decreto de canonização do então Beato José de Anchieta. No mesmo mês, tornaram-se santos o Papa João Paulo II e João XXIII.
Mudanças após as
canonizações N
a Arquidiocese de Vitória, algumas comunidades já tinham como padroeiros os novos santos canonizados em abril. Para adequar à nomenclatura da paróquia a nova situação, o processo é simples: o pároco solicita oficialmente a mudança do nome e, como neste caso, a justificativa é simples, o arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela, autoriza. A troca do nome da paróquia Beato José de Anchieta, na Serra, já foi solicitada e autorizada. De acordo com o vigário geral da Arquidiocese, padre Ivo Amorim, a mudança deve ser feita por questões meramente administrativas. “Haverá a alteração somente na parte de documentação e impressos da paróquia. O
ritmo pastoral da paróquia não altera em nada, apenas fortalece a devoção e admiração dos fiéis”, afirmou. A canonização de José de Anchieta foi amplamente comemorada na Arquidiocese de Vitória, devido à forte atuação do santo em terras capixabas. No município que recebe seu nome, onde existe o Santuário Nacional em homenagem ao santo, a paróquia dedica sua devoção a Nossa Senhora da Assunção, mas o padre José Acrízio afirma que a canonização gerou mais visibilidade e legitimação à história do santo, e a cidade já se prepara para acolher um número maior de turistas e devotos. “A cidade tem o interesse de preparar uma infraestrutura para acolher esses
turistas. Existe um diálogo entre a Igreja, o Instituto do Patrimônio Histórico e a Secretaria Municipal de Cultura, para ser feito um projeto de reestruturação, com o objetivo de redimensionar alguns espaços próximos ao Santuário Nacional de Anchieta”. Dom Luiz Mancilha também reconhece a importância da canonização e afirma que “Anchieta pode se tornar um lugar de peregrinação, se essa devoção for cultivada pelos padres que administram a paróquia. Isso seria muito bom para o Estado tanto do ponto de vista religioso quanto cultural”. Padre José Acrízio complementa: “aqui foi onde ele escolheu para viver seus últimos anos de vida. Esse lugar tem uma importância diferenciada”. Maio/2014
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VIVER BEM
Encontr e deixar-se
A
importância de estarmos junto com as pessoas é um exercício que nos proporciona um bem estar e desperta em nós a prática do cuidado e do amor ao próximo, em resumo, nos humaniza. O encontro só é possível se houver uma abertura da parte daquele que se lança e daquele que acolhe. O ser humano é, por excelência, o fruto de um encontro que não acontece sem uma acolhida e uma expectativa. Duas etapas da nossa vida, acredito, nos fornece alguns elementos para a reflexão. São elas: o alvorecer e o entardecer, a criança e o idoso. A alegria de ver a criança, na aurora da vida, apesar da pouca idade ou experiência, a sua energia nos contagia. O seu sorriso e a sua espontaneidade fazem com que nos posicionemos diante de várias situações com esperança. No seu olhar, o novo é visto como uma grande possibilidade de aprendizado, mesmo não sabendo o que vai acontecer. Há uma alegre acolhida, simples
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ar
encontrar como deve ser, e despreocupada de como agir. Já no fim da vida, é o momento de aprendermos mais com aqueles que Deus brindou com alguns anos a mais que nós e que trazem envoltos em seus corações muita experiência de vida, de encontros e, muitas vezes, de desencontros. Como é bom sentar perto de um avô ou de uma avó, de uma pessoa de mais idade para escutar seus “causos”, dar boas
risadas, lembrar as lágrimas e perceber a dinâmica do encontro que acontece no dia a dia. Hoje, com a filosofia do descarte, dos relacionamentos líquidos e do individualismo, quando o outro é deixado de lado, corremos um grande risco de perdermos a nossa sensibilidade e a busca pelo outro, de promovermos um profundo e autêntico encontro. Pe. Elson Mauro do Nascimento, CP
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ideias
É
certo que o exercício da escrita nos força a escutar as próprias palavras. E força-nos porque o corpo vibra ao tornar visível o invisível, tornar claro o obscuro, tornar amigo o estranho, tornar arte o ar, tornar inventos meros ventos e ideias.
UM ANSEIO, UMA
AÇÃO,
UMA CONVICÇÃO É este exercício, por consequência, um excelente treinamento para uma das características mais importante daqueles que se fazem discípulos de Jesus Cristo: escuta. Escuta que na escrita se volta para os vacilos do próprio pensamento, das imperfeições da própria fala, para a incompletude das próprias conclusões. Mas quero dizer umas coisas a respeito de quê? De que perguntas me afeto pra dizer o que segue? Que frutos recolho e que me autorizam a dizer umas palavras? O que me é necessário ouvir por intermédio daquilo que se faz necessário dizer? Calma, eu explico, e entenderás meus volteios. É de ressurreição que quero falar. E por ser de 34
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ressurreição é que os entendimentos se mostram tão pequenos. E neste tema – acredito – seremos quase todos titubeantes. Mas ousemos dizer algumas coisas. Humildemente. Primeiro: Ressurreição, um anseio. Todos ansiamos pelo dia de amanhã. O dia de amanhã sempre será o acolhedor receptáculo de nossos sonhos. O amanhã aceita de bom grado o que lançamos nele. Nele projetamos nossos sonhos, nele guardamos a felicidade que queremos, nele estaremos curados, livres, saciados, realizados. Por mais que sejamos realistas, ainda assim nos surpreendemos projetando no horizonte um amanhã que se acerta com nossas mais lindas aspirações
e sonhos. E o amanhã não nos reprova, não nos questiona, não nos reprime. O amanhã apenas aceita nossos desejos. Ninguém precisa ser um otimista para dar-se a esses movimentos em relação ao amanhã. Estes anseios sempre estão presentes em nossos corações. Mesmo quando a depressão e a tristeza nos flagelam. Ainda assim, bem escondido, em alguma dobra do nosso ser, lá está um desejo, um pequeno e disfarçado desejo por um amanhã, uma pequena e fértil semente de ressurreição. Crentes ou descrentes todos queremos-sabemos-esperamos um amanhã. Segundo: Ressurreição, uma ação. Para que o amanhã seja certo e bom dou-me à única certeza do que posso tomar como
sentido ao absurdo da vida: o amor. Ou seja, Sobre o precipício sombrio a ponte que nos leva ao território do amanhã só pode ser o amor. Não por acaso o primeiro a ressuscitar foi Aquele que passou sua vida neste mundo fazendo o bem. Então entendemos a razão de Jesus ter focado sua Boa Notícia no amor. Então entendemos que a única força para tornar vivo um morto é o amor. E Jesus ressuscitou. E sabemos por qual força. E também sabemos que Deus é amor. Exatamente Deus é amor por ter levantado Jesus da morte. Terceiro: Ressurreição, uma convicção. A celebração da ressurreição precisa me fazer forte numa convicção: Deus é. Sim, Deus é também na morte. Preciso afirmar o “Deus
“A vida dirige-se para o amanhã, ela é conduzida, por assim dizer, pela “amanhãtropia”. Ninguém nasce apenas para um hoje. Só nos vemos vivos se desenharmos uma amanhã no nosso horizonte.”
é” para a realidade da morte. Deus é Deus inclusive na morte. Deus é Deus na minha e em qualquer morte. Ele só pode ser Deus se for Deus na morte. E é esta a única e absoluta chance de Deus ser Deus. E então me acalmo, me aquieto, me volto para Jesus e digo: És o Senhor da vida! Não seremos capazes de nos reerguer do peso que cai sobre nós no dia a dia sem estes anseios de amanhecer para um novo dia. Sem o passo do
amor não faremos o caminho da vida. Sem o cultivo da convicção de que Deus é Deus também na morte não poderemos proclamar a força da vida que está Nele e que o constitui. A vida dirige-se para o amanhã, ela é conduzida, por assim dizer, pela “amanhãtropia”. Ninguém nasce apenas para um hoje. Só nos vemos vivos se desenharmos uma amanhã no nosso horizonte. Amanhã, feliz amanhã! Dauri Batisti Maio/2014
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prÁtica do saber
Promoção da
e democracia por meio da inclu
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rabalhar a inclusão digital e promover o exercício da cidadania. Assim é a atuação do Núcleo de Cidadania Digital (NCD), programa de extensão da Ufes, existente desde 2005. Orientado pelo professor do Departamento de Arquitetura, Roberto Simões, o programa é tocado por 32 alunos bolsistas de
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mais de nove cursos da universidade. Eles são responsáveis por pensar as ações e iniciativas do programa, auxiliam no atendimento ao usuário e, em suas respectivas áreas, colocam em prática o conhecimento adquirido em sala de aula. “A nossa principal missão aqui é trabalhar a cidadania, fazer com que a população tenha acesso a democracia,
por meio da inclusão digital, e que ela seja exercida de foram digna e correta”, afirmou o diretor gestor do Núcleo, Héglio Raines, estudante do curso de Engenharia Elétrica.
O NCD realiza o atendimento à comunidade acadêmica e ao público em geral com cursos (conforme informações no box) no laboratório e ainda oferece o acesso a internet, impressões, scanner e um espaço pessoal de 300 MB para cada usuário cadastrado. Por mês são realizados cerca de 10 mil atendimentos. Para ampliar os serviços prestados ao público, o grupo iniciou os estudos para o lançamento de uma plataforma para a realização online dos cursos.
cidadania
são digital
Cursos Mouse e teclado: voltado
Cadastro
O NCD é aberto a toda a comunidade da Grande Vitória e a única exigência para a utilização dos serviços é que o usuário seja alfabetizado. Para cadastro, é solicitado um documento com foto e comprovante de residência. As pessoas que não possuem residência fixa também podem realizar o cadastro. As pessoas com deficiência também são amplamente atendidas pelo projeto.
Iniciante: informática básica: funcionamento do computador, peças e configurações, criação e edição. Internet básico: conhecimen-
tos básicos em internet, com foco na pesquisa, criação de email e segurança da internet.
Tela Cidadã Lançado em 2012, é um portal online de transparência pública e política. “Para a pessoa exercer a sua cidadania é importante que ela saiba valorizar o seu voto. Com a lei de acesso a informação, percebemos que havia certa dificuldade em compreender os dados presentes nos portais do Governo, pois dados por si só não significam informação. O projeto veio para esclarecer, deixar essas informações mais claras para a população”, explicou Heglio. O s ga sto s p ú b l i co s , a princípio do governo estadual, são informados por meios de gráficos,
para iniciantes, pessoas que nunca tiveram contato com computador.
imagens e histórias comparativas que levam a dimensão do significado dos gastos. O site já está em funcionamento, mas ainda esse ano será lançada a segunda versão, definitiva. Enquanto isso, adaptações e melhorias estão sendo feitas ao projeto. Para conhecer a iniciativa acesse www.telacidada.org
Linux básico: a filosofia do NCD é baseada no software livre. Instalação e configuração para o usuário ter autonomia para o uso doméstico.
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reflexões
DESEMPREGO JOVEM
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o final do ano passado, cerca de 74,5 milhões de jovens entre 15 e 24 anos de idade estavam desempregados, quase um milhão a mais do que no ano anterior. Entre eles, a taxa de desemprego é, em média, três vezes superior à dos adultos, relação que atingiu um máximo histórico. Um fator especialmente preocupante é o forte aumento da proporção de jovens que não trabalham, não estudam e não estão recebendo qualquer formação profissional, a geração de jovens “nem-nem”. O termo já virou comum entre economistas e estudiosos do mercado de trabalho brasileiro. A grande maioria desses jovens é proveniente de famílias com baixa escolaridade e com poucas oportunidades de melhora social. Abandonam os estudos e o emprego pela falta de estímulos pessoais e fami-
liares, de um projeto de vida, e ainda, pela reprovação escolar. No caso de meninas, a gravidez precoce também é um fator de abandono escolar. Outra parte desses jovens, sustentada por pais, avós ou cônjuges, adiam a partida de casa. Como a Igreja vem alertando há décadas, os jovens precisam ser estimulados e orientados. Como não encontram estímulo em casa e se deparam com a desigualdade social, não visualizam o caminho que devem seguir. Torna-se necessário um diagnóstico mais profundo das causas do desemprego jovem. Uma das recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é para que o Brasil crie condições mais favoráveis para os empregadores contratarem os mais novos, seja criando um salário mínimo para jovens, ou subsidiando sua contratação ou, ainda, por meio de menores taxas de contribuição para a previdência pública. Pelo lado da oferta, verificamos que emprego tem, mas muitos jovens não têm as qualificações necessárias. Pelo lado
74,5
milhões
De jovens em 2013, entre 15 e 24 anos de idade estavam desempregados, quase um milhão a mais do que no ano anterior. da demanda, é preciso reduzir os custos de contratação e qualificar os jovens. Sem dúvida, dar-lhes um bom começo na sua vida profissional e incentivar os empregadores a investir na juventude irá equipar a nova geração com as ferramentas que eles precisam e permitir que façam a experiência da dignidade adquirida pelo trabalho. Para um cristão, principalmente no mês em que celebramos o Dia do Trabalho, é urgente um olhar de inclusão, amplo e fraterno sobre o tema, recordando que a atividade profissional, uma vez assumida por Jesus, apresenta-se como um caminho de santidade e realização, querido por Deus para todas as pessoas. Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
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ARQUIVO E MEMÓRIA
O GOLPE MILITAR E A IGREJA DE VITÓRIA
01 de abril de 1966, na inauguração do Porto de Tubarão, Dom João Batista no mesmo palanque que o Marechal Castelo Branco. O semblante de Dom João, pessoa reconhecida por sua simpatia e alegria , não é dos melhores, apesar de ser um evento solene e oficial. Após 1968, quando os militares endureceram o tom, lideranças das comunidades, padres, freiras e leigos, foram perseguidos e alguns presos. Os bispos do Espírito Santo foram durante anos vigiados por suas ações pastorais.
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om João Batista da Mota e Albuquerque esteve por duas vezes frente a frente com o Marechal Castelo Branco. A primeira foi durante a visita do ditador ao nosso Estado, em 1964, quando este declarou que o Espírito Santo era um exemplo de ordem, de devotamento ao trabalho e de respeito às leis. Declarou ainda que o Governo Federal não faltaria ao seu dever de obrigar a todos aqueles que queriam violá-las, a cumprirem os seus imperativos. Posteriormente o povo capixaba teve ciência da força dessas palavras. A Igreja de Vitória, por sua atuação nas questões sociais e na formação das CEBs foi, por muitos anos, vigiada pela ditadura. Prova disso é que a Polícia Política esteve presente em eventos promovidos pela Arquidiocese de Vitória, como nos primeiros Encontros de CEBs, no Calir, em Viana. Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc Maio/2014
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ensinamentos
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caridade social na Igreja
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Capítulo IV da Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho”, o Papa Francisco dedica à reflexão sobre a dimensão social da Evangelização. Para ele, há relação entre confissão da fé e compromisso social. O conteúdo do primeiro anúncio do Evangelho tem uma repercussão moral imediata, cujo centro é a caridade efetiva para com o próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove. O uso e o estudo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja são fundamentais para refletirmos sobre as graves questões sociais atuais, diz o Papa. Mas, reconhece que a Igreja e o Papa não possuem o monopólio da interpretação da realidade social ou da apresentação de soluções para os problemas contemporâneos. O pensamento social da Igreja, na concepção do Papa, orienta uma ação transformadora, sendo sinal de esperança que brota do coração amoroso de Jesus Cristo, mobilizando todos os cristãos para a construção de um mundo melhor. Ele ressalta que o comprometimento com o desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade tem sua origem na nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e 42
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marginalizados. E afirma: cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade. O Papa acentua que o atendimento ao pedido de Jesus – “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Marcos 6, 37), envolve a cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral dos pobres, como também os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos. A palavra “solidariedade” significa muito mais do que alguns atos esporádicos de generosidade; supõe a criação de uma mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte uma minoria. O Papa alimenta um sonho que contempla prosperidade e
civilização em seus múltiplos aspectos para todos, englobando educação, acesso aos cuidados de saúde e especialmente trabalho livre, criativo, participativo e solidário, por meio do qual o ser humano exprime e engrandece a dignidade da sua vida. Vitor Nunes Rosa Professor de Filosofia na Faesa
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cultura CAPIXABA
A MUSICALIDADE dos negros
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s africanos que se fixaram no Espírito Santo ajudaram no enriquecimento da cultura capixaba com suas danças, músicas, conhecimentos medicinais, arte culinária, expressões populares e dizeres que contribuíram para a formação da identidade do povo espírito-santense. A alegria dos povos africanos plantou no Brasil, e mais precisamente no Espírito Santo,
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as manifestações folclóricas que animam e dão vida às festas religiosas de todo o Estado, como por exemplo, o CONGO (que canta em versos os amores capixabas), o TICUMBI (e a luta entre os dois reis que buscam realizar a mais bela festa para São Benedito), o ALARDO (e sua luta entre cristãos e mouros), O JONGO, a MARUJADA, as Festas de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Em se tratando de gastronomia afro-capixaba, já dizia o professor Cleber Maciel, em seu livro, Negros no Espírito Santo: “O milho verde apenas cozido ou assado e seus derivados preparados nas tradições africanas como o muxá, a papa, a canjica, a pamonha são muito apreciados. O arroz doce, pé de moleque, a baba de moça, os papos de anjos, os quindins, as queijadinhas, os quebra queixos e as paçocas feitas com amen-
doim já se tornaram símbolos da culinária capixaba.” Quando falamos da contribuição dos negros para o crescimento do Estado devemos sempre lembrar o trabalho desempenhado nas lavouras de café, no plantio de mandioca e cana de açúcar, mas também, da herança presente hoje no preparo das tradicionais panelas de barro de Goiabeiras. Essa tradição dos povos indígenas foi incorporada de tal maneira pela comunidade negra de Vitória, que não conseguimos distinguir com precisão onde começa a contribuição de um e de outro povo. Enfim, a musicalidade dos povos africanos é um marco na construção da identidade capixaba e acrescenta esse espírito alegre à mistura desse caldeirão étnico que chamamos de Espírito Santo. Diovani Favoreto Historiadora
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Acontece
Retiro de Orientação para a Vida
Congresso Arquidiocesano da Catequese Pela primeira vez, a Arquidiocese de Vitória realiza o Congresso da Catequese, que irá reunir os representantes e catequistas dos segmentos: catequese infantil, perseverança, crisma, catecumenato, círculo bíblico e batismo. O encontro acontece nos dias 31 de maio e 1º de junho e terá como assessor o editor assistente na área de Liturgia e Catequese da Paulinas Editora, padre Antonio Francisco Lelo. A catequese no estilo catecumenal será o assunto do congresso. As inscrições e informações sobre o evento devem ser feitas pelo email mitra.catequese@aves.org.br ou pelo telefone 3025-6265.
Infância e Adolescência Missionária Assessores e coordenadores da Infância e Adolescência Missionária se reúnem para o 1º Congresso Americano, em Aparecida (SP), entre os dias 23 a 25 de maio. O encontro faz parte das comemorações pelos 170 anos da IAM e tem como tema “IAM da América a Serviço da Missão”. O público esperado para o evento é de 600 pessoas.
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No dia 4 de maio, a partir de 8h, no Seminário Nossa Senhora da Penha, acontece o Retiro de Orientação para a Vida (ROV), voltado para todas as pessoas que desejam aprofundar a reflexão sobre a sua orientação vocacional. Seja no âmbito profissional, pessoal ou espiritual, a intenção do ROV é auxiliar as pessoas a encontrar um encaminhamento sobre as escolhas da vida.
Formação Bíblica A Pastoral Operária promove no dia 25 de maio uma formação bíblica, aberta para toda a comunidade. O encontro será refletido à luz do Evangelho de Mateus, conta com a assessoria do CEBI e será realizado na escola Luis Batista, em Jardim Tropical, na Serra. Para mais informações: 3366-1193 / 3025-6262.
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