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Trinta possibilidades de transgressĂŁo
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itar a noite como uma paisagem virgem, habitada por uma vegetação densa e uma fauna infinita de seres imaginários. A percepção da insônia como tempo e espaço para penetrar esse universo, assim como uma fronteira entre o real e o imaginário, o visível e o invisível, o consciente e o inconsciente. Noites brancas, vistas como a possibilidade de encontro com as nossas inquietudes e angústias existenciais, mas também com os nossos fantasmas e pulsões. Este reino das sombras, onde o que mais tememos é estar confrontado consigo mesmo. A partir das Variações Goldberg, de Johann Sebastian Bach, o espetáculo “BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão” explora as fronteiras da natureza humana, unindo três linguagens artísticas: a música, na interpretação pianística de Gustavo Carvalho (Brasil); o universo visual de François Andes (França); e a dança, através da coreografia e interpretação da bailarina Jacqueline Gimenes (Brasil). No espetáculo, a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, transgredir é acompanhada da desconstrução de normas que estabelecem e demarcam limites. A partir de uma esfera geográfica, “BWV 988: trinta possibilidades de transgressão” transita rumo à concepção ético-filosófica, abordando crenças, preceitos morais e até as leis da sociedade contemporânea. Inspirada em Foucault e em Bataille, a transgressão é abordada como um acontecimento do ser que ocorre nos limites do ser, acontecimento no qual esses limites são simultaneamente violados, revelados e abolidos. 3
BWV 988 ”Aria com diversas transformações para cravo a dois manuais” “Quanto a essas variações, devemos agradecer à provocação do ex-embaixador russo na corte da Saxônia, conde Hermann Karl von Keyserling, que frequentemente passava por Leipzig, trazendo consigo o já mencionado Goldberg para receber orientações musicais de Bach. O conde tinha frequentes acometimentos de doenças e passava noites sem dormir. Em tais ocasiões, Goldberg, que vivia em sua casa, devia passar a noite na antecâmara, tocando para ele durante a sua insônia… Certa vez, o conde mencionou na presença de Bach, que gostaria de ter algumas obras para teclado para serem executadas por Goldberg. Estas deveriam ser de caráter suave e algo vigoroso, de modo que ele pudesse
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ser consolado por elas durante suas noites de insônia. Bach imaginou que a melhor maneira de atender esse desejo seria por meio de variações, cuja escrita ele considerava, uma tarefa ingrata devido ao fundamento harmônico repetidamente semelhante. Mas, uma vez que nessa época todos os seus trabalhos já eram padrões de arte, tais se tornaram, em suas mãos, também estas variações. Mesmo assim, ele produziu somente um único trabalho desta espécie. O conde Hermann Karl von Keyserling nunca se cansou delas e, por um longo período, noites sem dormir significavam: ‘Caro Goldberg toque para mim uma de minhas variações’. (descrição de Johann Nikolaus Forkel, primeiro biógrafo de J.S. Bach)
A transgressão como processo criativo Se a transgressão é o ato de ultrapassar os limites estabelecidos física e socialmente, o processo de investigação de um espetáculo que discute o assunto não pode abdicar de uma análise de sua gênese, construção e desdobramentos. As pesquisas para a concepção de “BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão” tomaram o conceito de transgressão como método no processo criativo da dramaturgia, coreografia, cenários, figurinos, do diálogo entre os universos visual e musical e também na própria dinâmica de trabalho do grupo. O processo de trabalho utiliza a transgressão como ponto de abertura e instabilidade, por meio da troca de experiências entre artistas e público ocorridas durante uma série de residências artísticas. Isso também se dá na concepção permeável dos cenários e figurinos em constante mutação durante 6
as apresentações, assim como nas restrições impostas por objetos utilizados pela bailarina, sempre desafiada a criar novos padrões de movimento numa relação dinâmica com a música e com a própria concepção de coreografia. Por fim, a ideia de se ultrapassar limites é aplicada à dinâmica do grupo sob a forma de constantes impulsos entre os integrantes, retirando-os de sua zona de conforto numa relação não linear, não hierárquica e híbrida entre as linguagens envolvidas. Criado por François Andes, Gustavo Carvalho e Jacqueline Gimenes, a concepção do espetáculo foi realizada a partir da troca de experiências e do diálogo entre os artistas sob a forma de micro residências com a participação do público no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. Durante estes períodos, em paralelo a uma imersão no universo musical, visual, cênico e coreográfico do espetáculo, os artistas propuseram um intercâmbio com o público através de performances e workshops. Esta permeabilidade da obra é voluntária, incitando-nos a aguçar o olhar e a escuta com relação às normas e possibilidades de transgressão e proporcionando uma reflexão sobre o transgressor e o transgredido.
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François Andes
artista visual Nascido em 1969, François Andes vive e trabalha no norte da França, em Faches Thumesnil. Destaque do salão Ddessin 2017 (Paris), é artista associado do G.A.C.C. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, entre quais destacam-se a exposição “O espírito do lugar”, ao lado dos artistas C. Lévêque e A. Flaischer, no Centro de Arte Contemporânea LabLabanque, em Béthune; e a exposição no Château du Rivau. O seu trabalho como artista visual também contempla performances realizadas nas Noites Brancas (Nuit blanches), em Paris, no Musée de la Piscine, em Roubaix ou na Capital Europeia da Cultura, em Mons, em 2015.
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Luiz Gustavo Carvalho pianista Apontado pelo Le Monde de la Musique (2004) como um dos pianistas mais promissores de sua geração, Gustavo Carvalho possui também o honroso aval de Nelson Freire: “a primeira vez que eu o ouvi, tinha 11 anos e me impressionou muito; é alguém muito especial, preparado e de grande valor”. Nascido em 1982, em Belo Horizonte, iniciou seus estudos com Magdala Costa, prosseguiu-os com Oleg Maisenberg em Viena, e com Elisso Virsaladze no Conservatório Tchaikovsky de Moscou. Recebeu ainda orientações de Lazar Berman, Dmitri Bashkirov e de György Kurtág. Em 2004, venceu o II Concurso Nelson Freire no Rio de Janeiro. Tem se apresentado em importantes salas de concerto:
BIOGRAFIAS
Tonhalle de Zurique, Palau de la Musica de Barcelona, Musikverein de Viena, Auditorium du Louvre e Théâtre du Chatelet de Paris e a Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky de Moscou. Em 2011, realizou a integral das 32 Sonatas de Beethoven em Belo Horizonte. Solista de diversas orquestras, tocou sob a regência de Ira Levin, Howard Griffiths, Yuri Bashmet e Evgeny Bushkov, dentre outros. Como camerista, colaborou com os violinistas Geza Hosszu-Legocky e Daniel Rowland, os pianistas Nelson Freire e Elisso Virsaladze, a soprano Eliane Coelho e com membros das Orquestras Filarmônicas de Viena e Berlim. Luiz Gustavo Carvalho é fundador e diretor artístico do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes e desde 2012 integra a direção artística do ZEITKUNST Festival, em Berlim.
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Jacqueline Gimenes coreógrafa e bailarina Coreógrafa, bailarina e professora de dança contemporâneo. Como bailarina, dançou em importantes companhias brasileiras: no Grupo Corpo (1991-2005), Companhia de dança do Palácio das Artes, Ballet da Cidade de São Paulo, no Grupo Raça. Atuou como intérprete em projetos independentes como “Amor Fati” (2006) e “Procurando Schubert” (2009), direção e concepção Fabio Mazzoni, e direção coreográfica de Sandro Borelli e Mario Nascimento. Em 2007 - Atuou como bailarina para o espetáculo “Prop.Posição # 1” com coreografia e concepção de Adriana Banana. Em 2010 é contemplada pelo Prêmio Klauss Vianna para o espetáculo “6 instantes de solidão, coreografado por Rodrigo Pederneiras. Em 10
2003, participou como intérprete do filme “As cinzas de Deus”, dirigido por André Semenza e direção coreográfica de Fernanda Lippi. Em 2012, fez a direção artística e a coreográfica do espetáculo, “Quem sou eu?”, selecionado pelo Fundo Municipal, para circulação em 2014. Entre 2006 e 2012, atuou na ONG Corpo Cidadão como gestora, coordenadora dos Grupos Profissionalizantes de música, percussão, moda e dança. Em 2013, participou do documentário da montagem do espetáculo TRIZ do Grupo Corpo, como assistente de direção. Em 2014 atuou como assistente de direção artística da SPCD - São Paulo Companhia de Dança. Atualmente atua como Artista Independente e como professora e coreógrafa da CIA Jovem de São José dos Campos.
FICHA TÉCNICA
Trinta possibilidades de transgressão Ideia e concepção Gustavo Carvalho, Jacqueline Gimenes e François Andes Música J.S. Bach – Variações Goldberg BWV 988 Pianista Gustavo Carvalho Bailarina Jacqueline Gimenes Coreografia Jacqueline Gimenes Concepção de Cenografia François Andes Construção dos objetos cênicos Fernando Brettas Direção de Cena e Iluminação Fábio Mazzoni
Assistente de Iluminação Marcos Freire Figurino François Andes Ator/contrarregra Mar de Paula Direção executiva Maria Vragova Produção Giselle Mara Assessoria de imprensa Bárbara Chataignier Designer gráfico Marcello Kawase Realização Ars et Vita Classificação: 12 anos Duração: 70 min
Desenhos realizados por François Andes (2017-2019). 11
Trinta possibilidades de transgressão com Jacqueline Gimenes e Gustavo Carvalho
11 e 12 out às 19h 13 out às 15h e 18h Teatro Plínio Marcos | Funarte - Brasília Eixo Monumental - Setor de Divulgação Cultural, Entre a Torre de TV e o Lt 2 Clube do Choro - Plano Piloto, Brasília | Tel: (61) 2099 3076 Ingressos: R$30 e R$15
patrocínio
apoio
realização
parceria