Revista Arte Brasileira (edição 1)

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INDICAÇÕES:

Música: Gospel (Raul Seixas)

Tudo outra vez (Belchior)

Foi Deus (Edson e hudson)

Money (Pink Floyd)

Taxi lunar (Zé Ramalho)

Mi unicornio azul (Silvio Rodriguez) Patrão

nosso de cada dia (Secos e Molhados) Meu

amor é teu (Marcelo Camelo)

Desculpe babe (Os mutantes) Terra

dos meus sonhos (Silvio Brito)

Simbolo da paz (Ventania)

Os amantes (Luiz Ayrão)

Lar de maravilhas (Casa das Máquinas)

O mundo da voltas (COM 22)


Rua dos cataventos

Na minha rua há um menininho doente Enquanto os outros partem para a escola Junto a janela, sonhadoramente Ele ouve o sapateiro bater sola

Ouve também o carpinteiro, em frente Que uma canção napolitana engrola E pouco a pouco, gradativamente O sofrimento que ele tem se evola

Mas nesta rua, há um operário triste: Não canta nada na manhã sonora E o menino nem sonha que ele existe

Ele trabalha silenciosamente E está compondo este soneto agora Pra alminha do menino doente

Mario Quintana


A modinha

Há alguns anos atrás até os dias atuais, algo que é muito visto e aplaudido recebe o nome de MODINHA. Um dos precursores desse termo foi o Felipe Neto, dono do extinto blog NÃO FAZ SENTIDO, na qual ele utilizou músicos e filmes para taxa-los. O filme CREPÚSCULO e as bandas coloridas (restart, cine, etc), foram bruscamente chamados de modinha, por ser algo que era muito querido pelos jovens da época. Felipe Neto usou vários elementos para fazer com que esses citados a cima fossem ridicularizados; Felipe dizia que os integrantes do filme e das bandas eram gays, por terem um jeito “meigo” e colorido de ser. O ex-vlogueiro ficou famoso com isso, e o termo MODINHA ganhou lugar na boca dos jovens, e até nos mais velhos. Assim, os jovens começaram a intitular tudo que era muito querido de modinha. Felipe Neto havia anunciado em seus vídeos que nem tudo que era modinha era ruim, como o filme HARRY POTTER, porém dessa parte, somente alguns foram capazes de compreender, criando assim, uma espécie de caos no cenário musical e artístico em geral. Qualquer coisa que fizesse sucesso era algo ruim, uma modinha; até mesmo as atitudes começaram a receber esse título, como os homossexuais e o estilo de ser e de vestir dos emos. Como se não fosse pouco, o próprio Felipe Neto, falava em seus vídeos sobre o estilo musical ROCK, e de sua grandeza. Nisso, aqueles que nem curtiam rock, começou a ouvir para ser visto de forma exemplar, o que gerou atualmente uma MODA ROCK, na qual se manifestou principalmente nas roupas e acessórios. Hoje, muitos se intitulam rockeiros, sem ao menos gostarem do estilo. Hoje, é também quase impossível a vista dura, distinguir quem são os verdadeiros apreciadores do rock. Com isso, surgiu o poser, que é exatamente esses que não curtem, mas se vestem com camisas de rock. É interessante observar também que a modinha segue duas direções: a direção da luta contra a igualdade de gostos, e a direção da estupidez e ignorância. A primeira direção é a que leva a segunda. Sendo assim, a estupidez e a ignorância são membros importantes da ascensão à modinha, no sentido da cegueira desta espécie de fobia. Pois na sua visão sensata e coerente, a ignorância e a estupidez jamais farão parte da contra-modinha. Enfim, o que aconteceu foi que virou modinha não ser modinha, seguindo pelos mesmos caminhos que fora dito exemplar, com a intensão apenas de fuga. Está na moda não estar na moda, ou melhor dizendo, modinha. E assim estarei eu também, intitulando mais uma ação de MODINHA. Matheus Luzi

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Relógio

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.

Mario Quintana


A instrospecção

A instrospecção, uma palavra pouco conhecida, porém seu signifcado é de extrema importância para a dialética social e interna. A instrospecção é o ato de observar os próprios pensamentos. Sendo assim, ela é a que faz a mudança no pensamento racional, tornando-o observavel e próximo a mudanças. A observação do pensamento se dá em dois tipos, são eles, a observação direta, que é aquela que faz o sujeito pensar em algo após algums acontecimento e faz a instrospecção com a intensão de observar, e tem também a observação indireta, que é a que se dá por meio da observação sem a intenção de observar. A observação indireta é a mais comum, e pode acontecer através de qualquer aocntecimento do dia-dia, como um acidente, ou a simples leitura de um livro. A observação direta é feita por todos, porém são poucos os que a fazem com frequencia; são esses, os pensadores, como escritores, por exemplo. Nesses dois casos, a instrospecção molda os futuros pensamentos. Ou seja, os pensamentos presentes provavemente irão mudar, e se caso persistirem a continuar, é bem provavel que se fortaleçam ou se diminuam. De qualquer forma, algo muda no pensamento de uma pessoa ao fazer a instrospecção. De forma indireta, o ser humano está sujeito a observar seus pensamentos a todo instante, pois é o cérebro uma máquina de pensar e analizar o estado emocional atual. Além disso, a forma indireta de fazer instrospecção é a causadora de qualquer ato, seja ele bom, ou ruim. Há ainda dois niveis de instrospecção: a leve, que é a que acontece no dia-dia, em acontecimentos comuns, e a de nivel pesada, que acontece quando algo muito impactante aconteceu. A instrospecção leve geralmente acontece de forma indireta, enquanto a pesada, de forma direta, pois essa, causa mais impacto e sombras para uma pessoa. Há fazes na vida em que a instrospecção acontece de forma mais intensa (nivel pesado); essa fase é na adolescencia, quando os hormonios estão em alta, e os acontecimentos são mais fortes, como separações afetivas, e talvez seja isso um dos fatores que levam os jovens a serem mais rebeldes. A instrospecção é uma das fontes de inspiração dos artistas. Nenhuma arte é feita sem introspecção. A arte é muitas vezes, a reflexão da alma do artista, que reflete diretamente em sua instrospecção. Enfim, o mundo gira, e quanto mais girar, mas as mentes irão fazer instrospecção e formular novas teorias e ideias. O mundo só vai parar de girar quando a instrospecção for um vazo empoeirado no museu. Matheus Luzi


Canção de muito longe

Foi-por-cau-as-do-bar-quei-ro

E todas as noites, sob o velho céu arqueado de bugigangas

A mesma canção jubilosa se erguia

A canoooavirou Quemfez? Elavirar? Uma voz perguntava

Os luares extáticos...

A noite parada...

Foi por causa do barqueiro, Que não soube remar

Mario Quintana


Tudo que vicia começa com C

Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios. Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e, de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C! De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê. Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê. Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seu chimarrão que também - adivinha - começa com a letra c. Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum. Impressionante, hein? E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários. Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana. Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade... cinco. Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o "ato sexual", e este é denominado coito. Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura... Luiz Fernando Veríssimo


Canção de vidro

E nada virbrou... Não se ouviu nada... Nada...

Mas o cristal nunca mais deu o mesmo som.

Cala, amigo... Cuidado, amiga... Uma palavra só Pode tudo perder para sempre...

E é tão puro o silencio agora! Mario Quintana


O ser humano também é irracional

Muitas vezes o ser humano olha para os animais irracionais e os vê diferentes de nós. O que não se vê, é que somos uns dos animais mais esquisitos da Terra. Pra começar, não temos pelos pelo corpo, por isso precisamos de roupas para nos aquecer, e o pior, também precisamos de roupas porque vivemos numa sociedade HUMANA que pede isso. O ser humano também é, eu acho, o único animal que mostra os dentes sem a intenção de ataque, porém também é o único que ataca e fere sem mostrar os dentes. O ser humano é o único que destrói a natureza em que vive. Quando falo natureza, eu não digo só de cortar arvores, mas também quero dizer sobre seus próprios instintos. Como por exemplo, todos animas cometem atos homossexual, e nenhum deles ficam na rua dizendo uns para os outros - Olha o veadinho! só se for um veado mesmo. Mas para ser sincero, nem se for um veado, porque os animais não falam, apenas o ser humano consegue se comunicar com palavras; o problema disso é que nós geralmente usamos as palavras para falar de outros seres humanos, ao invés de falar de "coisas" mais produtivas. Ou seja, não sabemos usar o nosso dom da palavra. O ser humano também tem o costume de repetir o que os outros dizem, mas isso até os papagaios fazem, e fazem melhor. Enfim, o ser humano é só mais um animal, que talvez por causa dos anunnakis, de Deus, de Zeus, de Saturno, etc, pode ter recebido o dom da inteligência, que nas mãos dos seres humanos, se tornou a inteligência-ruido-ofensiva..

Matheus Luzi


Bilhete Se tu me amas, ama-me baixinho NĂŁo o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida ĂŠ breve, e o amor mais breve ainda...

Mario Quintana


CURIOSIDADES

Quem nunca assistiu “a paixão de cristo”? Quase todos nós, certo? Porém poucos sabem o real significado da palavra PAIXÃO. Ainda em memória do filme citado a cima, lembra-se que cristou sofreu nas cenas, o que quer dizer que paixão não é um pré amor, mas sim o sofrimento, e a adoração deste sofrimento. Até hoje, o termo paixão vem sendo ultilizado hipocritamente com o significado amoroso. Não se sabe porque o sognificado da palavra sofreu uma mudança tão drastica. Se paixão é sofrimento, então estar apaixonado é estar sofrendo por alguém e gostando desse sofrer. Estranho né? Parece até que estou mentindo, mas não! --Você sabia que o termo BISCATE já teve outro significado? Pois é! Há algum tempo atrás, quando a palavra surgiu, era usada para intitular mulheres que vendiam coisas baratas. Dai veio a adaptação para a parte vulgar da palavra que até então não existia. --Tomar banho quente com a porta fechada, e com algum aparelho eletronica dentro, pode danificar o aparelho. Tome cuidado! Falo por experiencia própria, já perdi um radinho nessas ocasiões. Porém não tem dinheiro que pague curtir uma boa música tomando banho. Basta não deixar o aparelho dentro do banheiro fechado, que nada de mais acontece... há não ser que voce não more em um lugar com tetos seguros. --O grande vilão da saúde: o cigarro; que tira uma boa parte da vida do fumante, matematicamente falando. Porém o que quase ninguém sabe é que o açucar elimina quatro anos da vida de uma pessoa, além de causar doenças como a diabete ou também o male da obesidade. --Daqui aproximadamente quatro anos, ou seja, em 2018, um novo método medicinal promete eliminar o transtorno biopolar e a esquizofrenia de vez! O método é a partir de células tronco, que são aplicados no corpo do paciente. Para aqueles que tomam remédios essa pode ser a luz no fim do tunel. --Você sabia que uma lata de refrigerante tem até sete colheres de açucar? Pois é! Eu também não sabia, por isso vivia tomando esses “potes de açucar em forma de liquido”


A rua

A rua é um rio de passos e de vozes, Um rio terrivel que me vai levando, Mas estou só, como se está na infancia... Ou quando a morte vai se aproximando...

No ar, agora, que distante aroma? Decerto eu sem saber pensei em ti... E um vôo de andorinha na distância É a minha saudade que eu te mando.

Mas tudo, nesse tumultuoso rio, Não fica ao fundo da lembrança Como no seio azul de uma redoma...

Tudo se afasta nessa correnteza Onde uma flor, às vezes, fica presa E um claro riso sobre as águas dança!

Mario Quintana


A rua dos cataventos XVIII

Da primeira vez que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que eu tinha... Depois, de cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada... Arde um toco de vela, amarelada... Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrão da estrada! Ah! Desta mão, avaramente adunca, Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Avez da noite! Asas do horror! Voejai! Como a luz, trêmula e triste como um ai, A luz do morto não se apaga nunca!

Mario Quintana


Onde dormem os duendes

Meus primeiros passos como exibido profissional foi fazendo teatro infantil amador. Contava uns 12 anos e interpretava uma espécie de mago malvado ou duende, não sei bem. Pelo meu peso e altura devia ser um duende mesmo. Ainda aos sete era tão magrinho, mas tão magrinho que minha mãe tinha medo que o vento me carregasse. Era comum a formação de redemoinhos em nossa região e temendo que o pé de vento repentino roubasse a cria, acudia às minhas irmãs para que fossem me buscar na rua. “Deniiiise, Delciiii….corre e pega o Alexandre!!!”. Para meu embaraço, sua preocupação era muito sincera. Revelado o meu porte, volto a contar a história do teatro. O projeto começou com uma professora de inglês quando eu cursava a antiga quinta série do primeiro grau, hoje, ensino fundamental. A escolha do elenco foi muito difícil e acirrada. Quem quisesse participar… participava. Fui escolhido para interpretar o pequeno vilão. Não fiquei muito feliz mas… como posso dizer… “ aquele papel foi um presente pra mim”. Eu decorei as falas e minha tia Francisca preparou minha roupinha de seda verde. Era uma bermuda bufante, um colete com paetês e uma touca estilo Noel. O ideal era que eu usasse uma sapatilha, mas não fosse por minha tia, o figurino já não teria sido o luxo que foi. Como um bom artista, improvisei o calçado. Peguei meu velho Kichute (essa não é para os mais jovens) e adaptei um acabamento no bico feito em cartolina à moda Alladin. Ensaios após as aulas e nos fins de semana na casa da professora Aleluia, idealizadora do projeto. O lanche era sempre bom. Éramos todos da mesma classe e o garoto mais bonitinho (segundo as meninas) e inteligente (segundo minhas notas) ficou com o papel de príncipe, ao lado daquela que era minha princesa (não só na peça, mas também em meu coração infantil). Suas roupas foram bem trabalhadas em azul e detalhes em dourado que pareciam reluzir ao lado de meu velho tênis preto. Sua irmã também interpretava algum personagem e estava igualmente bem vestida. Todos com o figurino muito bonito. Eles iam para as apresentações de carro, enquanto eu e o amigo Valdemar íamos de ônibus ou a pé. Ainda outro dia encontrei-o em um Subway e ele não lembrou de mim por nada. Diz minha filha que ele deveria ser meu amigo imaginário. Talvez. Afinal, eu era um Duende! Tudo em volta me mostrou que eu não tinha bala para ser o príncipe. Nem corpo, nem notas, nem roupas e muito menos um carro. Acho que foi a primeira vez que entendi o que era diferença de classes. Tudo bem… sem dramas… não sofri bullying. Era só la vie se mostrando irremediavelmente. Ele era o príncipe, ela a princesa e eu o vilão que terminava humilhado, puxado por uma das orelhas e levando um baita sermão. Deste eu não lembro muito, pois o danado do príncipe fazia questão de ser bem realista ao punir o duende. Por outro lado, não tive como esquecer a outra lição. Vejo-a todos os dias desfilando por nossa cidade. Nossa turnê passou por várias escolas e fomos aplaudidos de pé, apesar do amadorismo. Dessa época, nem uma foto. Só a lição, mesmo. Alexandre Vicente


Das utopias Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que triste os caminhos, se não fora A mágica presença das estrelas! Mario Quintana


“Todo homem é igual”

Quem nunca ouviu uma mulher com raiva dizendo – todo homem é igual! – heim? Pois é! Essa frase é muito antiga, e para muitos sem nexo. Tanto homens quanto mulheres oscilam suas opiniões a respeito, porém o grande triunfo desta frase é sem sobra de dúvidas, o pensamento feminino, que não analisa a questão de forma crítica, mas sim se deixa levar pela onda de outras mulheres. Essa frase é quase um tabu, ou é um tabu. Ainda assim, observa-se que o que levou as mulheres a ter essa linha de raciocínio foram as atitudes masculinas, porém há algo que poucos percebem: o fato relevante, que são as próprias mulheres. Ao dizerem que todo homem é igual, elas automaticamente negam que sejam todas iguais também. Essa frase surgiu numa época em que as mulheres viviam reprimidas pelos homens e por elas mesmas, mas elas sempre tiveram algo de “safado”, apesar de não poderem mostrar isso justamente pela prisão que as cercavam. Hoje, as mulheres estão tão livres quanto os homens, e algumas percebem que os homens podem sim serem todos iguais, e elas também podem. Ao contrário do que se pensa, o termo “todo homem é igual” surgiu não somente por causa da questão sexual, como também pelo jeito do homem, suas preguiças, suas manias e até seus vícios. Como foi dito a cima, hoje as mulheres estão se igualando aos homens até nesses quesitos. Em relação a famosa frase feminina, os homens se dividem em dois: os que não concordam que todos os homens sejam iguais, e os que aceitam que todos sejam iguais, porém somente eles próprios não sejam. Ambos vêm esse raciocínio feminino de forma revoltante. Eles acham também que as mulheres são exageradas, e nesse exagero, entra a parte em que se o homem fizer qualquer coisa, a mulher já se lembra da velha frase. Sem a intensão de ser todos iguais, os homens acabam dando essa impressão a elas, por serem mais expostos a realidade, ou seja, agregam mais seus instintos as suas realidades, diferentemente das mulheres, que por sua vez, se escondem no instinto de suas sombras. Enfim, os homens negam enquanto elas afirmam. E quanto mais essa cena persistir a existir, mais vezes homens e mulheres se confrontarão em nome de uma frase obscura e que não corresponde de forma padronizada, a nossa sociedade.

Matheus Luzi


Poema do amigo Estranhamente esverdeado e fosfóreo Que de vezes já encontrei, em escuros bares submarinos O meu calado cumplice! Teríamos assassinados juntos a mesma datilógrafa? Encerráramos o anjo do senhor nalgum escuro calabouço? Éramos necrófilos Ou poetas? E aquele segredo sentava-se entre nós todo tempo. Como um convidado de máscaras E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos E através da vidraça olhávamos os peixes maravilhosos e terríveis cujas complicadas [formas eram tão difíceis de compreender como os nomes com que os catalogara Marcus Gregorovius na sua monumental Fauna Abyssalis] Mario Quintana


Sobre a escrita

Meu Deus. do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio.

Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento.

Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo – é por esconderem outras palavras.

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.

Simplesmente não há palavras.

O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita são como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.

Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.

Simplesmente as palavras do homem.

Clarisse Lispector


O vento e a canção Só o vento é que sabe versejar: Tem um verso a fluir que é como um rio de ar E onde a qualquer momento podes embarcar: O que ele está cantando é sempre o teu cantar Seu grito é o grito que querias dar, É ele a dana que ias tu dançar. E, se acaso quisesses te matar, Te ensinava cantigas de esquecer Te ensinava cantigas de embalar... E só um segredo ele vem te dizer: _é que o vôo do poema não pode parar Mario Quintana


Meus surtos violentos E logo eu que não sei pacificar, encontrei a paz, que me sugeriu além de muito amor, um conforto que nunca imaginei ter. A paz na qual eu falo é algo que me indigna e me protesta. Faz protesto contra meu coração violento e doentio. E me indigna porque tira dos meus olhos o sossego mais perfeito que possa existir. Já não tenho patas, mas sim asas, e posso voar sobre as minhas próprias linhas, turvas e frias, como num sino de igreja. O cigarro que queima a cada cinco minutos indica onde estou, com asas, no meio do nada, e perto do silencia, que muito bem me conhece e me aplaude, a cada silencio que eu digo e mastigo. Minha dramaturgia são espelhos, e espelhos levam ares lentos e leves a minha vida estúpida, que se perde entre minhas violências. Tufos de esperança me dizem onde devo pisar, mas no piso não há placas, nem setas para o acaso quiser seguir uma direção exata. Sou perseguido pelo próprio caminho. A maresia me invade de uma forma que não sei explicar. O que sei explicar são meus surtos violentos, e minha vontade destemida de morrer. Não quero e não posso ser ríspido, mas sei que minha ignorância ultrapassa barreiras infinitas, na qual nem o mau, nem o bem conseguem ultrapassar Eu brinco, as vezes, de fazer castelos na areia; o problema é que eu não tenho contato com a areia, e também não sei o caminho para chegar até uma praia. Mas quem precisa de praia para tocar uma areia? A resposta? É EU. Sim, eu preciso da praia, pois a aura da areia só se encontra na praia, que é minha casa. Ainda assim, eu me sinto e estou sem moradia. Eu não sou um monstro, mas sei atacar; e geralmente não uso garras ou dentes para isso. Eu uso as palavras, que saem da minha boca como um furacão e atinge pessoas, que por sua vez, também proliferam palavras, que fazem as minhas quererem atacar. A minha violência se deve a minha frase de autoestima, que é – Eu não tenho medo de nada – mas acima de tudo, eu sou a violência, e ela faz de mim um escritor mal amado. Matheus Luzi


Pequeno poema didático O tempo é indivisível. Dize, Qual o sentido do calendário? Tombam as folhas e fica a árvore, Contra o tempo inserto e vário. A vida é indivisível. Mesmo. A que se julga mais dispersa E pertence a um eterno diálogo A mais inconsequente conversa Todos os poemas são um mesmo poema, Todos os porres são o mesmo porre, Não é de uma vez que se morre... Todas as horas são horas extremas! Mario Quintana



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