Arte de amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus – ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
Amor eterno
Vaga minh´alma elucida pela noite escura e sombria Onde tu estás, amor que me alucina? Meu corpo deseja o teu. Não posso ver o brilho dos teus olhos.... injusta distância que me fere... Ah! Meu amor... Quão amarga são as noites que passo à vida sem ti... Desfaz esse amargor e vem logo me amar... Despe meu corpo e passeia sobre ele com tuas mãos, com tua boca leva-me à loucura e à sede de amar.... Transforma o meu gemido sofrido que outrora ecoou no silêncio de noites solitárias em gemidos ofegantes de prazer do ardente amor que mútua sentimos. Desejo teu amor com o máximo de minha vontade e quero-te para todo o sempre... E por todo o sempre eu hei de te amar.
Fernando Pessoa
Devolve
Devolve toda a tranquilidade Toda a felicidade Que eu te dei e que perdi. Devolve todos os sonhos loucos Que eu construí aos poucos E te ofereci. Devolve, eu peço, por favor Aquele imenso amor Que nos teus braços esqueci. Devolve, que eu te devolvo ainda Esta saudade infinda Que eu tenho de ti.
Mário Lago
Análise semiótica da música SAMPA de CAETANO VELOSO:
“Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas” Nesse trecho, o sujeito acaba de chegar na capital (no centro urbano) e sente uma sensação diferente, e se surpreende com toda poesia da cidade, e com a diferença das mulheres, que aparentam ser deselegantes discretamente, que quer dizer que são mais elegantes que a que o sujeito estava acostumado a ver no interior.
“Ainda não havia para mim, Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João” É bem provável que o sujeito não conhecia músicas mais sofisticadas e com instrumentos elétricos, como a guitarra, e sente algo gostoso ao ouvir Rita Lee e os demais elementos modernos da capital.
“Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos Mutantes” Ainda ouvindo Mutantes, o sujeito se encontra num estado de contradição, na qual diz que somente sua própria imagem lhe agrada, ou seja, que o que não parece com ele não é interessante e é feio.
“E foste um difícil começo Afasta o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso” O sujeito percebe que era feliz na sua cidade, e que logo se aprende a chamar de realidade porque conhece a real situação da capital, como a pobreza e a loucura das ruas.
“Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva” Familiariza-se mais com o lugar e suas coisas, como as filas, as vilas, e as favelas. Ainda percebe o surgimento dos poetas que alguns vem do mesmo lugar que ele (do interior, dos campos).
“Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mais possível novo quilombo de Zumbi E os Novos Baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa” O sujeito já se sente a vontade para curtir o som da capital, que no caso é Novos Baianos, ou seja, uma mistura de samba com rock.
Conclusão: A letra desta música mostra a inocência de uma pessoa do interior ao ir pra capital, e suas desventuras e aventuras, como a música e a poesia.
Inconfesso desejo
Queria ter coragem Para falar deste segredo Queria poder declarar ao mundo Este amor Não me falta vontade Não me falta desejo Você é minha vontade Meu maior desejo Queria poder gritar Esta loucura saudável Que é estar em teus braços Perdido pelos teus beijos Sentindo-me louco de desejo Queria recitar versos Cantar aos quatros ventos As palavras que brotam Você é a inspiração Minha motivação Queria falar dos sonhos Dizer os meus secretos desejos Que é largar tudo Para viver com você Este inconfesso desejo.
Carlos Drummond de Andrade
Curiosidades
Erva de São João, Valeriana, Camomila e Erva Cidreira podem ajudar em casos de depressão, ansiedade e insônia. Podendo até mesmo ajudar na estabilização do humor de pessoas com transtorno bipolar. Porém isso não foi comprovado cientificamente, mas os componentes dessas plantas tem poderes terapêuticos. --Você já esteve ataques de criatividade? Já percebeu que esses ataques podem vir em momentos tediosos? Pois é! O tédio pode ajudar no processo criativo. É quando estamos sem nada para fazer, que procuramos algo para fazer. --O cego sofre de insônia por causa da ausência da luz enquanto está acordado. Isso acontece porque a luz cansa nossos olhos, e assim quando os fechamos para dormir conseguimos descansa-los. Já os cegos não tem esse alívio. --O medo e o nojo são sentimentos parecidos, e é por isso que preconceitos contra homossexuais é chamado de homofobia; fobia significa medo, e é parecido com o nojo. --A lágrima elimina do corpo substâncias que estimulam a tristeza. A lágrima é como se fosse um suor. É por isso que choramos quando estamos muito tristes ou desesperados, justamente para aliviar a tensão.
Instrumento mágico
Esta língua Xingou cidadãos E estes lábios? Seduziram Multidões
Silenciaram vossa identidade Num misterioso espelho mágico, Diante a vossa ignorância
Contentar-se olhando As costas do mar... Latinha-se paz.
Cachorro, latin...do Na linguagem canina, ferindo Felinos, ainda pintados de índios.
Matheus Luzi
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Essa que eu hei de amar
Essa que eu hei de amar perdidamente um dia será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela, que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela, trazer luz e calor a essa alma escura e fria. E quando ela passar, tudo o que eu não sentia da vida há de acordar no coração, que vela… E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia, quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro, e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro do poente, me dizia adeus, como um sol triste… E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado, mas ias tão perdido em teu sonho dourado, meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!" O tempo tudo vence... Tudo ele consome... E se um dia, talvez, lembrares teu passado não mais hás de sequer reconhecer meu nome!...
Guilherme de Almeida
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me verdes eternamente exausto No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meus gestos existem os teus gestos e em minha voz a tua voz Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho desta terra amaldiçoada Que ficou sobre minha carne como uma nódoa do passado Eu deixarei... Tu irás e encontrarás a tua face em outra face Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos Mas eu te possuirei mais do que ninguém porque poderei partir E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz eternizada.
Vinicius de Moraes
Armário
Eu queria senhora, ser o seu armário e guardar os seus tesouros como um corsário que coisa louca: ser seu guarda-roupa! Alguma coisa sólida, circunspecta e pesada Nessa sua vida tão estabanada. Um amigo de lei (de que madeira eu não sei). Uma sentinela do seu leito, com todo o respeito. Ah, ter gavetinhas para suas argolinhas. Ter um vão para seu camisolão e sentir o seu cheiro, senhora, o dia inteiro. Meus nichos, como bichos engoliriam suas meias-calças, seus soutiens sem alças, e tirariam nacos dos seus casacos, E no meu chão, como trufas, as suas pantufas... Seus echarpes, seus jeans, seus longos e afins. Seus trastes e contrastes. Aquele vestido com asa e aquele de andar em casa. Um turbante antigo. Um turbante amigo. Bonecas de pano. Um brinco cigano. Um chapéu de aba larga. Um isqueiro sem carga. Suéteres de lã e um estranho astracã. Ah, vê-la se vendo no meu espelho, correndo. Puxando, sem dores, os meus puxadores. Mexendo com o meu interior, à procura de um pregador. Desarrumando meu ser por um prêt-à-porter... Ser o seu segredo, senhora, e o seu medo.
Luis Fernando Veríssimo
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