A moda a partir do olhar da arte

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Karina Leonhardt

A moda a partir do olhar da Arte

Canoas, dezembro de 2011.


Karina Leonhardt

A moda a partir do olhar da Arte

Trabalho de Curso apresentado como prérequisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Doutor Celso Vitelli e Mestra Ana Lúcia Beck.

Canoas, dezembro de 2011.

ATA DE AVALIAÇÃO



Dedicatória Dedico esta conquista primeiramente a Deus. Ao meu pai Lauri e a minha mãe Marlene por todo o amor, dedicação e ajuda. Ao meu esposo Evandro pelo apoio e ao meu filho Kauan, a maior razão da minha dedicação, que com o seu olhar me deu coragem para seguir em frente. Ao meu irmão Luciano que se mostrou mais que um amigo, um grande companheiro que pude contar em todas as horas. Ao meu sobrinho Pablo por estar sempre pronto para me ajudar. Aos meus avós (in memorium) que sempre auxiliaram na minha educação. A todos os meus familiares, amigos, colegas e professores que contribuíram para a minha aprendizagem.


Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por me abençoar com saúde e pela a oportunidade de conquistar esta etapa tão importante em minha vida. A minha família por me sustentar em todos os momentos. Aos demais familiares e amigos que de alguma forma contribuíram para esta conquista. Aos meus colegas de trabalho pela paciência e atenção. Aos alunos que tanto me ajudaram em minha Prática de Ensino. Aos colegas de curso por me ajudarem sem esforços. Aos queridos professores, Mestre Renato Garcia, Mestra Jurema Trindade e Mestre José Giuliano pela dedicação em todas as disciplinas. Principalmente aos meus orientadores de Estágio, Doutor Celso Vitelli e Mestra Ana Lúcia Beck, por todo carinho e atenção.


“Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender”. Augusto Cury.

Resumo: Este Trabalho de Curso (TC) intitula-se A moda a partir do olhar da Arte. O primeiro capítulo do TC inicia-se com o reconhecimento do Espaço de Ensino que é constituído pelo histórico e


caracterização da Escola, as observações silenciosas realizadas na turma, os questionários aplicados aos alunos e professora titular e pelas análises referentes aos questionários e as observações silenciosas, considerando o comportamento dos alunos mediante as atividades propostas e as respostas dos questionários. Após a reflexão sobre o que foi observado nas aulas e as respostas dos alunos, escolheu-se o tema de pesquisa. Este tema abordou a representação da moda a partir do olhar da Arte, ou seja, através dos trabalhos de diferentes artistas em períodos como: Barroco, Romantismo e Surrealismo. Procurou-se explicar utilizando diferentes imagens como se caracterizava a moda nas diferentes épocas e como os artistas a representavam através do desenho, pintura, escultura e fotografia. Para fundamentar a pesquisa três importantes autores foram consultados: Seymour Slive, Horst W. Janson e James Laver. Após estas leituras, consegui compreender melhor os principais aspectos de cada período e a forma de representar as roupas por artistas como Rembrandt, Velásquez e Salvador Dali. Através destas informações que estão presentes no segundo capítulo do TC, elaborou-se o Projeto de Ensino que tinha como objetivo principal desenvolver e aprimorar os conhecimentos sobre a história da moda, buscando relacionar trabalhos de grandes artistas com produções de roupas contemporâneas que trazem consigo vestígios de diferentes épocas. Este projeto de Ensino fez-se necessário mediante a importância de elaborar atividades para incentivar os alunos a desenvolverem mais experiências em Arte e explorar seus interesses em relação à moda no decorrer da história. Após a elaboração do Projeto, iniciou-se a Prática de Ensino que foi desenvolvida na Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich localizada no município de Estrela. Esta Prática foi desenvolvida, ao longo de 12 semanas, com o 2º Ano do Ensino Médio, turma 200. Procurou-se desenvolver atividades diversificadas visando à experimentação de novos materiais e linguagens ainda não trabalhadas por estes alunos. Para assimilar o conteúdo e aproximar a época à realidade dos alunos, procurou-se promover exercícios práticos tanto no plano bidimensional quanto no tridimensional. Os alunos trabalharam através do desenho buscando representar a moda Barroca, e após, desenvolveram uma composição tridimensional com materiais diversificados que incluíram papéis e tecidos. Para expressar as ideias surrealistas que passaram a conhecer através dos trabalhos do artista Salvador Dali e da estilista Elsa Schiaparelli, os alunos utilizaram o desenho como linguagem principal para criar, em grupos, uma produção singular que seguiu a mesma linha de raciocínio do período. Após cada atividade, a turma reunia-se para socializar as experiências. Os relatos destes encontros estão presentes no terceiro capítulo do TC. As produções reuniram-se em uma exposição que fez parte da amostra de trabalhos realizada anualmente na escola, podendo ser contemplada por toda comunidade escolar. Após uma reflexão final, percebo que os alunos compreenderam o conteúdo e desenvolveram seus trabalhos expressando as principais características dos Períodos estudados. Palavras-chave: Moda. Arte. História.

Sumário Introdução...................................................................................................................................8 Capítulo 1 - Reconhecimento do Espaço de Ensino.................................................................14 1.1. Dados gerais da Escola observada.....................................................................................14 1.2. Observações silenciosas.....................................................................................................15


1.2.1 - 1ª observação silenciosa................................................................................................15 1.2.2.- 2ª observação silenciosa................................................................................................16 1.2.3.- 3ª observação silenciosa................................................................................................17 1.2.4.- 4ª observação silenciosa................................................................................................18 1.2.5.- 5ª observação silenciosa................................................................................................19 1.2.6.- 6ª observação silenciosa................................................................................................20 1.3. Análise das observações silenciosas..................................................................................21 1.4. Análise do questionário respondido pela professora..........................................................22 1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos.........................................................24 Capítulo 2 – A moda a partir do olhar da Arte..........................................................................27 Capítulo 3 – Projeto e Prática de Ensino em Artes Visuais......................................................47 3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a prática de ensino.........................46 3.2. Dados gerais do projeto de Ensino.....................................................................................47 3.3. Prática de Ensino................................................................................................................48 3.3.1. Primeiro encontro............................................................................................................49 3.3.2. Segundo encontro............................................................................................................56 3.3.3. Terceiro encontro............................................................................................................63 3.3.4. Quarto encontro...............................................................................................................69 3.3.5. Quinto encontro...............................................................................................................76 3.3.6. Sexto encontro.................................................................................................................82 3.3.7. Sétimo encontro..............................................................................................................86 3.3.8. Oitavo encontro...............................................................................................................92 3.3.9. Nono encontro.................................................................................................................99 3.3.10. Décimo encontro.........................................................................................................110 3.3.11. Décimo primeiro encontro..........................................................................................113 3.3.12. Décimo segundo encontro...........................................................................................119 3.4. Considerações sobre a prática de ensino..........................................................................123 Conclusão................................................................................................................................127 Referências de pesquisa..........................................................................................................136 Apêndices...............................................................................................................................138 Apêndice 1: Cópia da avaliação de Aluno Estagiário realizada pela professora titular da escola de Estágio................................................................................................................138 Apêndice 2: Cópia do questionário respondido pela diretora da escola de Estágio...............139 Apêndice 3: Cópia do questionário respondido pela professora da escola de Estágio...........141 Apêndice 4: Cópias dos questionários respondidos pelos alunos da escola de Estágio.........143


Introdução Durante o processo de ensino-aprendizagem, a experiência que vivenciamos é realmente enriquecedora, pois através do contato com os alunos e da troca de ideias e informações entre ambas as partes, o professor e o educando transformam em cada encontro o que deveria ser somente conteúdo em um aprendizado mais completo que visa acima de tudo à interação entre os indivíduos e o meio em que estão inseridos. Vivenciei estas experiências ao realizar os Estágios que visam conhecer a realidade de determinadas turmas e colocar em prática atividades fundamentadas e elaboradas em torno de um tema escolhido. Após algumas observações silenciosas, realizadas durante o Estágio I no segundo semestre de 2010, e a reflexão que fiz sobre os comentários feitos pelos alunos, assim como depois de analisar os questionários respondidos por eles e pela professora titular, escolhi o tema de pesquisa que fundamentou esta Prática de Ensino. O tema transcorre em torno da representação da moda através da Arte em diferentes linguagens, assim como contempla alguns períodos da história. Este tema foi abordado em três principais períodos: Barroco, Romantismo e Surrealismo, para explicá-los fez-se uso de obras de principais artistas de cada época. Estes questionários, assim como a análise que fiz em relação às respostas, constam no primeiro capítulo deste Trabalho de Curso (TC) juntamente com os relatos das observações silenciosas e a análise referente a elas e também os dados gerais da escola em cujas turmas realizei a prática de ensino. O tema escolhido contemplou a moda a partir do olhar da Arte, ou seja, como a moda foi representada por diferentes artistas em determinados períodos da história, entre eles: Barroco, Surrealismo e Romantismo, todos indicados pela professora titular. Este último período, porém, não foi trabalhado durante as aulas, e somente consta na pesquisa porque fazia parte da primeira ideia de trabalho que a titular havia proposto. Ela resolveu que ficaria menos extenso contemplar somente os outros dois períodos e eu decidi trabalhar a partir da sua decisão. Procurei desenvolver, durante a pesquisa, uma linha de pensamento que explicava como a moda sofreu transformações no decorrer da história e como a Arte demonstrou, através de diferentes linguagens, estas mudanças. O tema moda foi subdividido em períodos da história e foram enfatizadas as diferentes vestimentas e os seus significados dentro do contexto histórico-cultural. Para isto, reuni várias imagens do Período Barroco de artistas


como: Caravaggio, Rembrandt e Velásquez. Com relação ao período Surrealista destaquei os trabalhos do artista Salvador Dali e da estilista Elsa Schiaparelli. Alguns autores me auxiliaram no desenvolvimento da pesquisa, entre eles ressalto James Laver, Horst Woldemar Janson e Seymour Slive. Através das observações que Slive, no livro Pintura holandesa 1600-1800, fez em relação às obras de Rembrandt consegui entender em detalhes como o artista realizou seu trabalho e um pouco mais da vida dele. O livro explica com clareza como o artista trabalhava, que técnicas utilizava, mostra particularidades de cada obra e relaciona com os fatos ocorridos na época. Isto foi fundamental para o meu entendimento, pois assim fiquei mais segura para transmitir aos alunos as informações necessárias durante a explanação do conteúdo. A partir da leitura que fiz de H.W. Janson, no livro História Geral da Arte, consegui compreender melhor os períodos Barroco e Romântico, assim como os trabalhos de Rembrandt e Velásquez. Sem dúvida este autor elaborou seu livro visando uma linguagem clara e acessível, ao ler as explicações dos períodos e dos trabalhos de cada um dos artistas, consegui compreender bem o assunto, por exemplo, a maneira de viver das pessoas da época, de que maneira os artistas representavam o cotidiano. Pude entender ainda que cada artista tem uma visão diferente de determinados fatos, Velásquez procurava representar com intensidade a presença de luz e a distribuição dos personagens em diferentes planos. Rembrandt, em muitos trabalhos, busca dramaticidade e emoção. Obtive maior compreensão sobre a moda nos períodos citados, ao ler o livro A Roupa e a moda de James Laver, pois ele destaca as principais características do vestuário, a origem e associações com os acontecimentos da época. Laver descreve com extremo cuidado cada peça de roupa, cita os tipos de tecidos utilizados, as cores predominantes, as formas que cada modelo tem, assim como diferencia muito bem o estilo feminino e o estilo masculino frisando suas principais características não somente nas roupas como nos calçados, acessórios e penteados. Este tipo de esclarecimento em relação ao vestuário e ao dia - a - dia das pessoas, que ao mesmo tempo são de uma época tão distante, facilitou muito para que durante as explicações eu conseguisse exemplificar em detalhes a moda que tanto Rembrandt como Velásquez representaram. Preciso ressaltar que durante a minha pesquisa no Estágio I não conhecia esta bibliografia e foi no decorrer dos Estágios II e III que a minha orientadora, professora Ana Lúcia Beck indicou este autor para complementar a minha fundamentação. Em função disto, ampliei minha pesquisa.


Outras fontes também foram necessárias para aprofundar a minha pesquisa, principalmente quando precisei falar dos trabalhos que o artista surrealista Salvador Dali produziu juntamente com a estilista Elsa Schiaparelli porque não encontrei nenhuma bibliografia que tratasse deste assunto. Precisei buscar informações na internet e alguns sites que

me

ajudaram

foram:

http://www.salvadordali.com.br

e

http://www.portalsaofrancisco.com.br. Todos os dados que compõem esta pesquisa fazem parte do segundo capítulo do meu TC. O tema de pesquisa, A moda a partir do olhar da Arte, foi trabalhado no Projeto de ensino-aprendizagem desenvolvido com os alunos da 7ª série do Ensino Fundamental e com os alunos do 2º Ano do Ensino Médio no primeiro semestre de 2011 durante os Estágios II e III. Os relatos das aulas realizadas constam no terceiro capítulo do TC. Juntamente com os realizados estão as considerações que fiz ao observar e avaliar as produções dos alunos. Após algumas observações silenciosas realizadas ainda durante o Estágio I, percebi, que seria muito interessante trabalhar a moda e sua história com eles, pois demonstravam em suas falas bastante curiosidade em aprender sobre este assunto. Na verdade, enquanto realizavam as atividades que a professora titular sugeria, muitos faziam comentários sobre moda ou algo que relacionava-se com o assunto. Também observei que em alguns trabalhos apareciam elementos da moda como desenhos de roupas e acessórios. Refletindo sobre isto, organizei um projeto que tinha como principal objetivo desenvolver e aprimorar os conhecimentos sobre a história da moda, assim como analisar as principais características presentes nas vestimentas de cada época e os seus significados histórico-culturais. Percebi ser necessário seguir esta linha de trabalho ao observar as dificuldades dos alunos em criar e experimentar diferentes materiais. Mediante a esta necessidade de instigá-los e incentivá-los, procurei criar atividades desafiadoras e que possibilitassem novas experiências com a Arte. O Projeto contemplou linguagens diferentes, entre elas desenho e colagem, assim como propôs trabalhos bidimensionais e tridimensionais. Após todas as atividades estarem elaboradas e fundamentadas, o próximo passo constituía-se da aplicação em duas turmas, uma do Ensino Fundamental e uma do Ensino Médio. As turmas em que apliquei o Projeto de Ensino-Aprendizagem pertencem à Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich, localizada na Rua Professora Nely Muller, número 72 no Bairro Boa União no Município de Estrela. Esta escola contempla três turnos de atividades e possui em torno de 1.140 alunos. As duas turmas em que apliquei as aulas eram numerosas, a 7ª série era composta por 30 alunos e o 2º Ano por 26.


Procurei desenvolver as atividades caminhando com as duas turmas ao mesmo tempo, mas não foi possível porque com os alunos da 7ª série não trabalhei os períodos históricos. Os exercícios foram propostos visando pensar a moda como um fator determinante em nossas vidas, ou seja, para pensarmos como a moda faz parte e influencia nossas vidas. Os alunos puderam expressar de que forma se vestem, quais os elementos que mais gostam e os significados que tem em suas vidas. Desenvolveram desenhos inserindo colagem e produziram uma obra tridimensional procurando representar profundidade e perspectiva, para isto, utilizaram, materiais diversificados como: tecidos, revistas, papéis. Os alunos do Ensino Médio conheceram um pouco da História da Arte, os Períodos Barroco e Surrealista. Para isto, trabalhamos com muitas imagens dos artistas Rembrandt, Velásquez e Salvador Dalí, assim como da estilista Elsa Schiaparelli. Também desenvolveram desenhos com colagem que visavam reproduzir a moda Barroca. Produziram obras tridimensionais direcionando-se para o Período Barroco, portanto a cena deveria apresentar personagens cujas roupas deveriam ter os principais aspectos do Barroco. Além disto, a turma explorou o desenho em suportes maiores, trabalharam com as ideias surrealistas projetando suas composições em tamanho A1. Procurei pensar um Projeto que buscasse, de forma mais lúdica, assimilar os conteúdos. As atividades foram escolhidas para proporcionar aos alunos momentos em que pudessem trocar experiências e opiniões. Observando as atividades realizadas e analisando a participação dos alunos em cada uma, acredito ter desenvolvido um bom trabalho nos dois Estágios. Porém, o 2º Ano do Ensino Médio me deu mais retorno frente aos exercícios propostos. Pude abranger mais o conteúdo, destacando a moda em mais de um Período da História e realizando atividades mais elaboradas, ou seja, pudemos inserir mais detalhes e aprofundar os fatos que ocorreram na história naquela época. Além disto, os alunos do Ensino Médio possuem mais maturidade para uma discussão em relação ao tema escolhido para o Projeto. É possível trocar experiências e ideias com maior fundamentação, os mesmos conseguem dar um retorno mais elaborado e gostam de ser instigados a pensar e a falar sobre o assunto estudado. Em relação ao interesse e à participação desta turma frente aos exercícios propostos, posso afirmar que dedicaram-se muito, pois responderam aos estímulos e desafios. Digo isto porque sempre participaram das conversas sobre o assunto, explanaram suas opiniões e realizaram as atividades com empenho, muito capricho e sempre com a preocupação de saber se estavam realmente conseguindo expressar tanto a moda Barroca como a Surrealista.


Os relatos das atividades realizadas com os alunos do Ensino Médio estão descritos no terceiro capítulo. Procurei narrar com detalhes as experiências que obtivemos, assim como as contribuições dos alunos em cada encontro. Nestes relatos procuro avaliar a participação da turma frente aos exercícios propostos e o resultado obtido individualmente. Os exercícios foram realizados procurando compreender, ou melhor, aproximar os alunos dos períodos que estão muito longe da época em que eles vivem. Eram muitas as dificuldades para associar momentos históricos com acontecimentos presentes na realidade em que vivemos hoje. Para que pudéssemos trabalhar de maneira mais organizada, procurei fazer alguns recortes, ou seja, determinei alguns elementos que estudaríamos com maior intensidade. Por exemplo, no Período Barroco poderíamos ter observado imagens de inúmeros artistas, mas tivemos que nos deter principalmente em dois: Rembrandt e Velásquez. Da mesma forma, quando falamos de Surrealismo conseguimos conhecer apenas os trabalhos de Salvador Dalí e de Elsa Schiaparelli. O que delimitou nossas buscas por mais informações foi o tempo que era muito escasso, afinal tínhamos apenas 12 encontros com 50 minutos cada. Torna-se pouco para conhecermos a teoria e desenvolvermos o trabalho prático. Fica muito claro, se observarmos os relatos das aulas realizadas nesta turma, que foi muito importante o manuseio de diferentes materiais, pois as descobertas que fizeram em relação a cada um e ao resultado que proporcionaram contribuiu muito para a compreensão do assunto estudado. Também ficou claro que precisamos, enquanto educadores, escolher caminhos para associar o conteúdo que queremos transmitir com a realidade dos alunos, pois isto facilita o entendimento e permite, o que realmente aconteceu, que os alunos participem das aulas e contribuam com suas opiniões a respeito. Hoje, percebo que esta Prática de Ensino obteve grandes resultados se analisarmos o modo como os alunos estavam acostumados a trabalhar, ou seja, não lhes era permitido conhecer outros suportes e recursos na realização de seus trabalhos. Acredito que, ao propor os exercícios, contribui de alguma forma para uma maior aprendizagem deles. No entanto, é preciso ressaltar que poderíamos ter ido mais além, isto não foi possível pelo curto tempo e talvez por faltar uma melhor definição do que abranger. Penso que o Estágio como um todo serviu de aprendizagem aos alunos, mas muito mais a mim, porque evolui junto com eles e aprendi a cada encontro com suas conversas e suas opiniões muitas vezes relutantes. Sei que é através desta troca que devemos alicerçar o nosso planejamento, buscando o aprendizado mútuo. Estas trocas, e a importância que tiveram para a minha aprendizagem como futura educadora, estão nas considerações que compõem a conclusão deste TC. Nela, cito


acontecimentos importantes sobre as atividades, para uma avaliação dos exercícios realizados e dos resultados obtidos. Discorro ainda sobre como poderia ter conduzido de maneira diferente as aulas e sobre como percebo a importância de trazer para a sala de aula as experiências dos alunos e suas contribuições para introduzir um conteúdo ou muitas vezes utilizar estas participações para complementar a reflexão sobre o assunto.


Capítulo 1. Reconhecimento do Espaço de Ensino


1.1 Dados gerais da Escola observada A Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich iniciou sua caminhada em 27 de março de 1950, com a denominação de Escola Rural de Picada Boa União. Em 1972, a Escola Rural de Picada Boa União passa a denominar-se Escola Nicolau Müssnich. Este é o nome do Patrono da escola, um ilustre professor da localidade. Em 1979, a escola é reorganizada e passa a se chamar Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Nicolau Müssnich. No ano de 1982, a escola é transformada em ensino de 1º grau completo, denominando-se Escola Estadual de 1º Grau Nicolau Müssnich. Em 1988, a escola é transformada em Escola Estadual de 1º e 2º Graus Nicolau Müssnich. Mas, em 19 de abril de 2000, a Escola passa a se chamar Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich. A escola localiza-se na Rua Professora Nely Muller, nº 72, no Bairro Boa União, no Município de Estrela/RS. Atualmente é composta por 1073 alunos, divididos em três turnos: manhã, tarde e noite. A Direção é composta pela Diretora e por três Vice-Diretores um em cada turno. A escola conta com um Corpo Docente de 61 professores e 16 servidores, além da Coordenação Pedagógica composta por três professoras e um Assistente Administrativo Financeiro. Em sua estrutura, a escola possui 19 salas de aula, um laboratório de Informática, uma biblioteca, sala dos professores, refeitório, cantina, protocolo, secretaria, ginásio poli esportivo, duas quadras de esportes e banheiros. As salas são bem iluminadas e arejadas, todas possuem televisor e aparelho de DVD e estão sendo climatizadas.


1.2. Observações Silenciosas 1.2.1. 1ª Observação Silenciosa Data: 16 de agosto de 2010. Alunos presentes: 26 alunos. A turma observada é composta por 32 alunos, que estão na 1ª série do Ensino Médio, no turno da manhã. A aula de Arte ocorre no 2º período, antecedida pela disciplina de Língua Portuguesa. Depois, no 3º período, os alunos têm Informática. A sala em que os alunos estão é bem iluminada e arejada. Neste encontro, os alunos desenvolveram uma atividade trabalhando com linhas. Previamente haviam estudado os diferentes tipos de linhas. A atividade consistiu em aplicar as diferentes linhas em um desenho que ficou à escolha de cada aluno. Em sua maioria, os desenhos escolhidos foram estereotipados. O trabalho foi realizado em folhas de desenho e para a produção das linhas foi utilizado o lápis 6B. Durante a aula, pude verificar que a turma demonstra interesse nas atividades propostas. O trabalho ocorreu individualmente, sendo que na maior parte do tempo havia silêncio e concentração, estendendo-se por todo o período de aula. A professora circulou pela sala auxiliando os alunos e esclarecendo dúvidas. O que pude constatar é que a maioria dos alunos procurou trabalhar com personagens de histórias infantis, cobrindo-os com linhas variadas. As figuras foram, em sua maioria, centralizadas na folha. Alguns procuraram trabalhar as bordas usando também linhas, cobrindo toda a superfície. Para auxiliar na avaliação, a professora verifica em todas as aulas se o aluno está participando do trabalho proposto e faz suas anotações, para então no término do trimestre dar a nota final. Dificilmente houve circulação de alunos pela sala. A turma me pareceu ter facilidade de concentração e mostrou interesse em realizar as atividades.


1.2.2. 2ª Observação Silenciosa Data: 23 de agosto de 2010. Alunos presentes: 31

Neste encontro, a turma continuou desenvolvendo a atividade que estava sendo feita na aula anterior, que consistia em aplicar linhas sobre um desenho que ficou à escolha de cada aluno. A turma precisou mais um período para concluir a atividade, pois os alunos demoram em fazer, apesar de terem um bom comportamento e saberem manter o silêncio. As linhas que predominaram nos trabalhos dos alunos foram as dinâmicas: diagonais e curvas, mas também houve a presença das estáticas( verticais e horizontais). Em muitos trabalhos dos alunos as linhas apresentaram menos peso visual, talvez eles tivessem medo de errar, e experimentar mais. As figuras estereotipadas receberam essas linhas, as quais cobriram toda a superfície do desenho. Cada aluno apresentou uma característica diferente ao realizar o trabalho, alguns fizeram uso livremente das diferentes linhas e outros tiveram mais dificuldades de escolher quais iriam aplicar, recorrendo a uma tabela que tinha sido construída nas aulas anteriores durante o estudo das mesmas. Aproveitei para passar nas classes e conversar um pouco com alguns alunos para saber mais sobre o que gostam de fazer e o que lhes chama a atenção. Alguns minutos antes de terminar a aula, a professora me cedeu o espaço para a aplicação do questionário. Os alunos responderam às perguntas prontamente.


1.2.3. 3ª Observação Silenciosa Data: 30 de agosto de 2010. Alunos presentes: 31 Neste encontro, a professora apresentou aos alunos uma obra chamada O Bibliotecário, do artista Giuseppe Arcimboldo. Durante a apreciação da obra a professora questionou os alunos sobre o que o artista quis representar com aqueles inúmeros objetos. Também chamou a atenção para as linhas presentes na obra, pediu para que a turma listasse quais os tipos e os alunos encontraram: diagonais, verticais e horizontais. Observaram as cores presentes, os tipos de objetos, a utilidade de cada um e a figura em si que foi construída com eles. Após, a professora relatou um pouco sobre a vida do artista e apresentou mais algumas obras que foram manuseadas pela turma. Em seguida, a professora propôs à turma que eles fizessem um autorretrato através de um desenho com objetos que representem um pouco o seu dia-a-dia, o que gostam, o que fazem, com o que se identificam. Durante a realização do trabalho, a professora circulou pelas classes e os alunos aproveitaram para pedir opinião sobre o que poderiam fazer, pois muitos estavam em dúvida. Pude perceber que na maioria dos trabalhos os alunos se empenharam, mas alguns não tiveram a mesma disposição. Na composição dos trabalhos observei a presença de objetos como: TV, computador, celular, prancha para alisar cabelo, langeris, frutas, DVD, MP3, esmaltes, batons, perfumes, etc. Realmente percebe-se que os desenhos representavam um pouco do cotidiano de cada aluno. Alguns por gostarem de aparelhos eletrônicos, outros por revenderem produtos como langeris e perfumaria e outros por passarem por momentos diferentes como uma aluna que está de dieta e expressou o tema através de frutas. Todos, a sua maneira, exprimiram um pouco das suas realidades. O trabalho será concluído na próxima aula.


1.2.4. 4ª Observação Silenciosa Data: 06/09/2010 Alunos presentes: 17

Ao iniciar a aula a professora entregou os trabalhos realizados pelos alunos com linhas, comentou um pouco sobre os mesmos e pediu que os alunos fizessem algumas observações. Em seguida, os alunos deram continuidade ao trabalho que estavam desenvolvendo na aula passada, construindo um autorretrato através do desenho de objetos que expressam um pouco do seu cotidiano e da realidade que estão inseridos. A turma, neste dia, estava composta por 17 alunos em decorrência do feriado que iria ocorrer no dia seguinte, muitos estavam viajando. Com isso, os alunos estavam mais dispersos e se preocuparam mais com as conversas paralelas do que realmente com a atividade que tinham de concluir. A professora alertou para que se concentrassem e refletissem sobre o que estavam fazendo. Durante todo o período os alunos realizaram esta atividade e ficou combinado que aqueles que não conseguissem concluir deveriam fazê-lo em casa. A professora ainda lembrou a alguns alunos que não haviam terminado os trabalhos anteriores que deveriam fazê-los em casa e trazê-los para a avaliação. Ao circular pela sala, pude perceber em trabalhos que ainda não tinha observado que realmente a presença de objetos pessoais é muito visível, os quais exprimem momentos que eles estão vivendo e o seu cotidiano. Percebe-se a preocupação em deixar claro como eles são, o que fazem, o que gostam, enfim, mostrar as suas realidades.


1.2.5. 5ª Observação Silenciosa Data: 13/09/2010 Alunos presentes: 28

Ao iniciar a aula, a professora mostrou aos alunos três obras do artista Vik Muniz, sendo que duas delas fazem parte da abertura da novela Passione. Na aula anterior a professora tinha pedido aos alunos que observassem a abertura da novela para que pudessem conhecê-las melhor. Para dar continuidade, ela relatou um pouco sobre a vida do artista e algumas curiosidades sobre seu trabalho. As imagens foram manuseadas pelos alunos, os quais fizeram considerações e comentários sobre os objetos presentes na obra. Em seguida, a professora propôs aos alunos que quem não tinha terminado o autorretrato, trabalho da aula anterior, que o fizessem. Para aqueles que estavam prontos, a proposta foi que iniciassem uma composição onde o contorno fosse feito através do desenho de objetos, tornando assim a figura com espaços em branco. Dentre aqueles que iniciaram o trabalho, um aluno perguntou à professora se ao invés de desenhar os objetos ele poderia utilizar recortes de revistas para compor a imagem. A professora concordou com a ideia. Ao circular pela sala pude perceber que muitos alunos apresentam um ritmo mais lento para realizar as atividades, alguns se dispersam com conversas paralelas e outros não apresentam interesse mediante a proposta. Só depois de a professora incentivá-los e instigálos é que eles começam a trabalhar.


1.2.6. 6ª Observação Silenciosa Data: 22/09/2010 Alunos presentes: 28

Em consequência da mudança do horário, a aula de Artes mudou para o 3º período na quarta-feira. A professora iniciou a aula solicitando aos alunos que continuassem o trabalho da aula anterior que consistia em criar uma imagem através do desenho de objetos. Os objetos deveriam ser desenhados ao redor, deixando assim uma figura com espaços em branco. Pude observar que os desenhos realizados, em sua maioria, são estereotipados, inclusive as figuras compostas em branco. Durante todo o período os alunos se envolveram na atividade. Cada um a sua maneira mostrou através dos desenhos suas preferências, como personagens e objetos que usam. Todo o trabalho deveria ser colorido com lápis de cor. Alguns alunos concluíram a atividade e outros continuarão na próxima aula. Outro aspecto observado é que durante o trabalho os alunos comentavam bastante sobre um determinado filme que haviam assistido no período anterior, assim em muitos momentos acabavam se dispersando. A professora por várias vezes pediu atenção e concentração aos alunos.


1.3. Análise das observações silenciosas Após as observações silenciosas realizadas com o 1º ano do Ensino Médio, onde a turma é composta por 32 alunos, que estudam no período da manhã, pude perceber um ambiente onde há integração entre os alunos e um ótimo convívio com a professora. Em relação à organização e empenho, notei que em sua maioria a turma traz o material solicitado. Mas nem sempre há disposição para que o trabalho seja realizado ou mesmo começado. A turma, com algumas exceções, precisa de muito estímulo para que possa haver uma iniciativa sobre a realização do trabalho. Conforme Barbosa (1987, p.71) “Sabe-se que algumas capacidades intelectuais e sensíveis não fluem automaticamente da habilidade de criar formas visuais. O professor deve ensinar a ver, a analisar, a especular”. Ao circular pela sala constatei que os trabalhos realizados possuem muitos estereótipos. Na atividade com linhas, na releitura de uma obra sempre está presente a figura estereotipada, através até mesmo de cópias de outros materiais. Raramente encontra-se algum trabalho que foi elaborado de forma livre ou que foi observado e refletido antecipadamente. Segundo a autora Ana Mae Barbosa (1991, p. 107) “quando o aluno observa obras de arte e é estimulado e não obrigado a escolher uma delas como suporte de seu trabalho plástico a sua expressão individual se realiza da mesma maneira que se organiza quando o suporte estimulador é a paisagem que ele vê ou a cadeira de seu quarto”. A turma possui uma característica bem nítida que é a lentidão ou demora em concluir as atividades. Um exercício que levaria a aula acaba sendo realizado em duas ou até mesmo concluído em casa. Em termos de comportamento e disciplina, os alunos possuem uma postura muito boa, não há desrespeito e atitudes incorretas. O que se pode constatar é que possuem dificuldade e insegurança ao se expressar. Pode-se perceber nitidamente que há a necessidade de estímulos e propostas desafiadoras para desenvolver a criatividade e a segurança nos alunos.


1.4. Análise do questionário respondido pela professora Titular A professora que trabalha com o Ensino Médio não possui formação em Artes Visuais e sim em Educação Física, mas procura participar dos cursos oferecidos pela 3ª Coordenadoria de Educação. Na realização de seu trabalho, procura listar objetivos que gostaria que a turma alcançasse e organiza sua avaliação em torno dos mesmos. As suas propostas para a turma consistem em trabalhos práticos e leituras de imagens. A professora busca realizar um trabalho interdisciplinar com o auxilio de colegas de outras disciplinas.

Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. Em outras palavras, o texto literário, a canção e a imagem trarão mais conhecimentos ao aluno e serão mais eficazes como portadores de informação e sentido. O aluno, em situações de aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver, observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas (PCN’S ARTE, 1997, p.47 e 48).

No momento a proposta de trabalho segue em torno do estudo das linhas, quais os tipos existentes e a aplicação delas em diferentes trabalhos. Em suas aulas utiliza recursos disponíveis na escola, um exemplo é o retroprojetor. Assim como outros ambientes além da sala de aula.

Ensinar é viver arte. É exercitar o pensamento visual, sonoro, sinestésico, metafórico. É desenvolver a competência simbólica, desafiada e ampliada pela capacidade de simbolizar, expressando e comunicando imagens, ideias, pensamentos e sentimentos. É instigar para o contato e percepção das características, qualidades, processos e ordenações dos trabalhos dos parceiros e dos artistas. É relacionar intenções e valores do passado e do presente, de culturas diversas (MARTINS, 1997, p.70).


Quanto aos materiais, cada aluno deve se responsabilizar de trazer o seu, pois não há uma sala própria para guardar na escola. Entre os materiais que são solicitados aos alunos estão: folhas de desenho, lápis 6B e lápis de cor. A partir da proposta de trabalho, a professora avalia tanto o processo de construção como a participação nas aulas e o comprometimento em trazer os materiais. Dentre as atividades sugeridas, os alunos demonstram interesse e facilidade com desenho, colagem e uso de cores. Os exercícios são elaborados, na maioria das vezes, em folhas A4 e com os materiais acima citados. Através dessas atividades a professora procura desenvolver a criatividade dos alunos.


1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos Durante a leitura dos questionários pude perceber que os alunos alimentam muitas expectativas em relação às aulas de Arte, entre elas, poder aperfeiçoar sua maneira de desenhar e também adquirir mais paciência e persistência na realização das atividades. Além disso, existe o anseio por atividades diversificadas.

O sentido cultural da Arte vai se desvelando na medida em que os alunos da Escola Média participam de processos de ensino e aprendizagem criativos que lhes possibilitem continuar a praticar produções e apreciações artísticas, a experimentar o domínio e a familiaridade com os códigos e expressão em linguagens de arte. Além disso, esse sentido cultural se revela em processos de educação escolar de Arte que favorecem aos estudantes a reflexão e troca de ideias, de posicionamentos sobre as práticas artísticas e a contextualização das mesmas no mundo regional, nacional e internacional (PCN ENSINO MÉDIO, 1999, p.172).

Com relação à observação de imagens, a maioria dos alunos diz já ter tido contato com alguma obra. Lembram que a professora já havia mostrado em aulas anteriores. Já sobre a História da Arte, muitos ouviram a respeito da vida e obras de alguns pintores. Durante as atividades, os alunos geralmente trabalham individualmente, mas demonstram interesse em trabalhar em grupo e assim trocar experiências. Suas intenções seriam enriquecer suas aprendizagens. Para a realização dos trabalhos, a professora solicita alguns materiais que geralmente são trazidos pelos alunos, esses materiais são utilizados em todas as aulas, tais como: folhas de desenho, lápis 6B, lápis de cor, régua, tesoura e cola. Materiais mais diversificados quase não são utilizados, surgindo assim a curiosidade por experimentá-los. Quando raramente existe a oportunidade de vivenciar outros materiais os alunos expõem a satisfação e demonstram trocar experiências com os colegas e a professora. Essas trocas enriquecem o conhecimento e levam alguns alunos a praticar o que aprenderam em suas casas. Como já havia sido dito a maioria dos alunos demonstram interesse pelo desenho já que muitos consideram grande a dificuldade em desenhar.


Portanto, buscam se aperfeiçoar e desejam realizar várias atividades para melhorar.

Saber, por exemplo, que o desenho não é simplesmente a representação do mundo visível – embora essa crença seja forte a regar as orientações de muitos professores, mesmo na atualidade -, mas que o desenho é uma linguagem, com características próprias, com forte marca de decisões individuais e das culturas coletivas em sua fatura, evita que se enquadre os estudantes em visões parciais e deformadas sobre o ato de desenhar e ler desenhos (IAVELBERG, 2003,p.84).

A criatividade é outro ponto que é considerado uma dificuldade. Os alunos sentem-se inseguros em criar e limitam-se aos estereótipos. Apesar de algumas barreiras sentidas por eles, consideram-se empenhados em realizar os exercícios, procuram organizar-se e desenvolver da melhor forma possível os seus trabalhos.


CapĂ­tulo 2. A moda a partir do olhar da Arte


2.1. A moda a partir do olhar da Arte A moda pode ser considerada muito importante no que diz respeito a nossa história, pois é através de suas características e de seus pontos relevantes que podemos definir ou distinguir determinadas épocas. Estudando o vestuário e outros elementos que fazem parte da moda, tais como: móveis, objetos, acessórios, arte, comportamentos, podemos entender melhor como viviam e se portavam as pessoas em cada período da história. Atitudes, gostos e referências transmitidas pelas pessoas ficam em evidência na sociedade e em seu tempo. Muitas mudanças ocorreram na moda nos últimos tempos, vários fatores são responsáveis por estas transformações, como a divisão de classes sociais, por exemplo. As roupas sempre foram fatores significativos para a diferenciação de pessoas com maior ou menor poder aquisitivo. O luxo e a ostentação sempre estiveram presentes nas vestimentas das pessoas mais ricas, simbolizando poder e aquisição. Com o passar do tempo, percebeu-se a necessidade de usar roupas diferentes para cada ocasião, seja no trabalho ou em momentos de lazer, assim novos modelos foram criados com diversas finalidades. Segundo Calanca “o ato de vestir “transforma” o corpo, e essa transformação não se refere a um único significado biológico, fisiológico, mas a múltiplos significados, que vão daquele religioso, estético, àquele psicológico” ( 2008, p. 17). Considerando este pensamento, podemos entender que, através das roupas e acessórios, as pessoas podem expressar sua maneira de pensar, sentir e ser. Assim sendo, o vestuário passa ser um complemento das atitudes e do comportamento singular de cada ser humano. De fato, devemos levar em consideração os diversos aspectos que são afetados ou recebem influência durante a transição de uma época para outra, ou até de um momento para outro. As pessoas estão em constante transformação, e isso implica em diferentes maneiras de pensar, agir e sentir, levando assim a diferentes formas de se expressar. Certos grupos utilizam objetos de seu dia-a-dia, como as roupas, para afirmar certas identidades. O ser humano traz consigo o desejo de mudar, transformar e buscar o novo. Diante desta conquista está o anseio pelo prazer e pelo bem-estar, tanto físico como social. O gesto de se vestir, ou até mesmo de se portar perante a sociedade, segundo Calanca (2008), nos remete ao fato de que ostentação interior são anseios que precisam ser refletidos e analisados.


A moda se faz muito importante na Arte, pois através das diversas formas que os artistas utilizam para representar cenas, objetos e pessoas, entre elas: a pintura, a escultura, a gravura, a fotografia ou o desenho; podemos contemplá-la em épocas distintas e com isso elementos fundamentais como textura, volume, cores, linhas e formas. Para desenvolver um pensamento sobre a representação da moda através da Arte no decorrer da história vamos contemplar alguns períodos históricos que possuem características distintas no vestuário. Iniciaremos analisando, de maneira breve, imagens dos períodos Românico e Gótico, com a finalidade de identificar e analisar as características principais de cada um. Como exemplo da representação da vestimenta Romana observaremos a obra Augusto de Prima Porta – 19 a.C.

Augusto de Prima Porta, 19 a.C. (Disponível em: http://www.historianet.com.br Acesso em: 01 abr. 2011)

A escultura representa uma roupa masculina composta por couraça e capa. Segundo James Laver (1989, p.40), as roupas desta época eram costuradas e drapeadas, com


isso volumosas. Para os romanos, a ideia de usar calças demorou a ser concebida, os primeiros que começaram a usar foram os soldados, assim sendo para a maioria a vestimenta vinha até a altura dos joelhos. Na Arte Gótica, destacaremos duas pinturas realizadas por Van Eyck. Na primeira, denominada Nossa Senhora do Chanceler Roli – 1435, o artista representou em detalhes os bordados no barrado do manto de Maria e na roupa do Chanceler.

Nossa Senhora do Chanceler Roli - Eyck, 1435 (Disponível em: http://www.historianet.com.br Acesso em: 01 abr. 2011)

Para complementar o olhar do pintor em relação à vestimenta da época, observaremos a pintura O Casamento de Giovanni Arnolfini e Giovanna Cenami. Podemos destacar o vestido que seguia os moldes da época, de acordo com o autor James Laver (1989, p.64), confeccionado justo até a cintura e que se abria em saia ampla finalizada em pregas, com mangas bastante justas e com longas fitas que, às vezes, arrastavam no chão. Já para os homens, uma roupa denominada “beca” que era composta por


uma espécie de túnica com gola alta, a mesma ajustava-se nos ombros e descia solta até a altura dos tornozelos.

Jan van Eyck, 1434 O casamento de Giovanni Arnolfini e Giovanna Cenami (Fonte: Laver, 1989, p.65)

A pintura tinha a finalidade de retratar um rico comerciante e sua esposa. O artista preocupou-se em representar em detalhes as pessoas, as vestimentas e todos os objetos da cena. O casal veste roupas cujos aspectos foram citados anteriormente. O pintor representa as vestimentas com cores fortes e com formas volumosas. Na Renascença, utilizamos como exemplo o retrato de Battista Sforza de 1472. Nesta obra, o pintor Piero dela Francesca demonstra em detalhes os penteados muito elaborados da época no sul da Europa.


Battista Sforza Piero dela Francesca, 1472 (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 abr. 2011)

Já no Período Barroco (meados do século XVII até o final do século XVIII), a moda trouxe um vestuário que tinha como uma das principais características a cor escura que chamava atenção, tornando-se um instrumento de transformação e formação de opinião. Outra característica significativa nas roupas, tanto femininas como masculinas, era a aplicação de rendas.

Uma indústria de rendas finas fora criada na França pelo esclarecido ministro Colbert. O rei, ansioso por incentivá-la, usava seus produtos e decretou que somente point de France deveria ser usado na corte. A conhecida especialista em rendas antigas, Mrs. Nevill Jackson, escrevendo para The Connoisseur, afirma que “a peça usada ao pescoço que precedeu o plastrom foi a gola caída que, por sua vez, substituíra o rufo de forma que não nos surpreendemos ao ver que os primeiros plastrons se pareciam com a frente de uma gola virada para baixo e não trazem laço ou nó” (LAVER, 1989, p. 117).

As rendas eram aplicadas nas golas assim como nos punhos.


Nesta época, como poderemos observar nas próximas pinturas, surge uma riqueza nos detalhes das roupas e também formas onduladas e coloridas. Outros aspectos constituem a moda no Período Barroco, alguns deles relacionamse com a moda masculina. Os homens apresentam aspectos muito marcantes, tais como o uso de botas confeccionadas com muita renda (nesta época surgem na França os Mosqueteiros e na Inglaterra os Cavaleiros), também apresentavam cabelos muito longos e para aqueles que não possuíam muito cabelo, surgem as perucas. Segundo James Laver, “curiosamente, os chapéus eram usados em ambientes fechados e até no jantar; somente na presença da realeza os homens descobriam a cabeça. O chapéu e a peruca eram o símbolo da extrema formalidade no teatro que marcou os últimos anos do século XVII” (1989, p.125). A moda masculina modificou-se muito em relação à feminina, passa a ter influência oriental surgindo, então, a túnica que mais tarde se transforma em veste e depois em uma espécie de colete. No final do século XVII o homem passa a usar uma espécie de gravata de renda e chapéus. Para tais roupas, os tecidos eram sofisticados, entre os mais usados estavam o brocado e o veludo, sem esquecer da renda que era muito utilizada tanto nas roupas masculinas como nas femininas. Para as mulheres, a moda traz camisas com decotes bem acentuados e saias mais arredondadas. O uso de corpetes apertados, tornando a cintura bem fina, também era muito comum nesta época.

O traje feminino consistia em um corpete, anágua e beca. O corpete costumava ser extravagantemente decotado e amarrado com uma fita de seda na frente. A parte amarrada era habitualmente coberta com um piece ou palstron. As mangas eram grandes, com coberturas ou almofadas e bufantes. A saia característica da época na verdade era formada por duas saias, sendo a de cima drapeada para revelar a de baixo. A gola caída foi se tornando cada vez mais sofisticada, com as bordas em renda cara (LAVER, 1989, p. 107).

Outro aspecto muito marcante na moda feminina no estilo Barroco eram as “moscas de beleza”, feitas de seda preta com desenhos que chamavam a atenção, como: corações, estrelas, carruagens e cupidos, eram presas na face para dar mais expressão e charme.


Podemos perceber essas descrições em trabalhos de diferentes artistas que surgiram neste período. No período Barroco, um artista que demonstrou através de suas obras os aspectos acima citados foi Rembrandt. Nascido em 15 de julho de 1606 na cidade de Leiden, na Holanda, onde foi um importante pintor e gravador. Em seus trabalhos Rembrandt apresentou cores escuras, linhas sinuosas, realce através da luz, uma forma de retratar mais realista, havia dramaticidade e emoção. Em uma de suas obras, A Ronda Noturna, podemos observar algumas características da moda masculina citadas acima.

A Ronda Noturna Rembrandt, 1642 (Fonte: SLIVE, 1966, p.73)

Esta obra demonstra o trabalho da guarda civil na época, os homens retratados vestem roupas de tons escuros, com detalhes em rendas e chapéus, o pintor tem o cuidado de trabalhar com tons mais claros representando a luz na direção dos personagens principais que estão no centro da cena. Na obra, não percebemos uma preocupação em demonstrar profundidade, pois ao observarmos os nossos olhares se confundem em diferentes direções.


Outra obra que reforça os aspectos fundamentais do Período Barroco, tais como: cores escuras e fortes, formas volumosas, uso de tons claros na representação não realista da luz, é A noiva Judia, um quadro pintado por Rembrandt em 1667.

A Noiva Judia Rembrandt, 1666 (Fonte: SLIVE, 1966, p.80)

Rembrandt colocou muita dedicação e intensidade aos detalhes nesta obra. Os tons claros e escuros fazem-se presentes na pintura. O vermelho e o dourado realçam as vestimentas do casal representado. Através de pinceladas densas que formam várias camadas, o artista transmite um ar de preocupação e conforto por parte das pessoas retratadas. A sua forma de trabalhar, segundo Slive (1966), vinha ao encontro do propósito do Período Barroco: buscar a comoção do povo, chamar a atenção e impôr a sua opinião aos fatos que ocorreram na época. Outro artista de grande contribuição para enxergarmos e seu vestuário o Período foi Velásquez. Nascido em 1599 na Sevilha (Espanha). Em uma de suas principais obras, As Meninas (1656-1657) Velásquez exprime os principais aspectos da moda Barroca: roupas de formas volumosas, tecidos ricos em texturas e a presença de tons em claro-escuro. O pintor preocupa-se em demonstrar a presença de muita


luz através de tons claros e com a distribuição dos personagens por todo o ambiente, consegue a sensação de profundidade e diferentes planos em uma mesma cena.

As Meninas exibe o estilo amadurecido de Velásquez no seu máximo esplendor. Trata-se ao mesmo tempo de um retrato de grupo e de uma cena de gênero. Poderia ter como subtítulo “o artista no seu ateliê”, pois Velásquez representa a si mesmo trabalhando em uma enorme tela; no centro está a princesa Margarida, que acaba justamente de posar para ele, entre as suas companheiras de brinquedo e damas de honra. Os rostos de seus pais, o rei e a rainha, aparecem no espelho da parede ao fundo. Terão eles acabado de entrar na sala e estarão vendo a cena tal como nós, ou será que o espelho reflete parte da tela – presumivelmente em retrato de corpo inteiro da família real – em que o artista estava trabalhando? Esta ambigüidade é característica da fascinação de Velásquez pela luz. Ao contrário de Rembrandt, ele preocupava-se mais com os seus mistérios ópticos que com os metafísicos e compreende-os mais profundamente que qualquer pintor no seu tempo, exceto Vermeer (JANSON, 2001, p.770).

As Meninas Velásquez, 1656/1657 (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 nov. 2010)

Michelangelo Merisi da Caravaggio também pode ser utilizado como exemplo no Período Barroco. Caravaggio nasceu em Milão em 1571. Desenvolveu seu trabalho


principalmente em torno de temas Bíblicos. Uma de suas principais obras é a Vocação de São Mateus.

Vocação de São Mateus Caravaggio, 1599 (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br Acesso em 05 abr. 2011)

Nesta obra podemos observar, através dos tons escuros usados pelo artista, como caracterizavam-se as roupas da época. Os três artistas que foram citados como representantes do Barroco, Rembrandt, Caravaggio e Velásquez, mostram em seus trabalhos tons escuros nas roupas, característica importante da moda na época, além de texturas variadas e volume nas formas. Este volume representa as muitas camadas de roupas usadas pelas pessoas, ou seja, uma sobreposição de várias peças. O jogo de tons claros na luminosidade e escuros nas sombras é evidente nas obras de todos os três, representantes de grande importância do Período. Na busca por mais informações históricas sobre as transformações sofridas pela moda e os significados que alcançaram, vamos entender um pouco como caracterizava-se o Período Romântico.


No Romantismo, também podemos observar como a moda fez-se presente no cotidiano das pessoas, assim como influenciou tanto o campo social como o cultural. Neste período, a moda passou a ser um instrumento de valorização dos sentimentos e dos pensamentos. O Romantismo foi um período muito marcante na história e ocorreu no século XIX (1830-1850). Segundo Garcez (2006), o que o caracterizava o Período Romântico era a busca pela livre expressão dos artistas e a imaginação. A forma de representar dos artistas caracteriza-se por apresentar dramaticidade, valorização das cores como também claro/escuro e por se aproximar da maneira de pintar do estilo Barroco. Nesta época, a natureza assume um papel importante na visão do artista, desta forma o ser humano passa a ser parte de uma composição da natureza retratada.

Segundo Baudelaire:

O romantismo não se encontra nem na escolha dos temas nem em sua verdade objetiva, mas no modo de sentir. Para mim, o romantismo é a expressão mais recente e atual da beleza. E quem fala de romantismo fala de arte moderna, quer dizer, intimidade, espiritualidade, cor e tendência ao infinito, expressos por todos os meios de que as artes dispõem (Disponível em: http://www.faschionbubbles.com Acesso em: 06 nov. 2010).

Durante este período, a moda sofreu várias alterações. Os vestidos encurtaram e ficaram mais ricos nos detalhes e enfeites, possuíam uma forma que escondia a silhueta das mulheres, assim como decotes mais altos. Para os homens, um estilo chamado Dandismo (criado por Brummel) ditou as regras, roupas justas, sem rugas nos casacos, coletes, calças e camisas e para compor o visual não se usava qualquer tipo de jóia ou acessório e sim lenços e cartola, esta por sua vez, simbolizava poder e status.

A revolução Industrial estava a pleno andamento, e o ideal iluminista havia transformado homem em máquina. A insatisfação contra essa ideologia fez brotar na mente humana um saudosismo dos tempos de outrora. Isso influenciou todo o processo criativo, da literatura às artes, da música à arquitetura e obviamente a moda não ficou de lado, sofrendo significativas mudanças (BRAGA, 2005, p.60).


A moda, por sua vez, traz um interesse pelo Período medieval, principalmente em relação às mulheres, já que o vestuário dos homens não sofreu grandes mudanças prevalecendo o estilo “dandi”. Segundo Braga (2004), as mulheres almejavam parecer com quem vivia na sociedade medieval. Para compor a vestimenta, baseavam-se em retratos e imagens da época. O visual era formado por vestidos acenturados, saias compridas e volumosas, blusas com enormes mangas. Os tecidos usados nestas roupas eram estampados com listras e flores e as cores eram variadas, entre elas o preto. Mais tarde surgem novamente os decotes e também os xales, principalmente de renda.

La Duchesse d’Aumale, 1846 (http://www.faschionbubbles.com Acesso em: 06 nov. 2010)

A família do Dr. Josef August Eltz, 1835 (http://www.faschionbubbles.com Acesso em: 06 nov. 2010)

Para entendermos melhor os principais aspectos presentes na moda desta época podemos observar os trabalhos de um dos principais artistas do Romantismo, Goya. Francisco José de Goya Y Lucientes nasceu em Fuendetodos, Saragoça, em 30 de março de 1746. Um dos grandes mestres da pintura e também da gravura. Em seu trabalho


Goya procurou transmitir muitos sentimentos vivenciados pelos seres humanos, entre os quais: medo, sofrimento, preocupação e alegria. Uma obra que demonstra sentimento, na ocasião a alegria, é Blind Man’s Buff que quer dizer Cabra-cega.

Blind Man’s Buff, 1788/89 Óleo sobre tela 269 x 350 cm (Disponível em: http://www.faschionbubbles.com Acesso em: 06 nov. 2010)

Essa pintura faz menção à liberdade e felicidade, as pessoas retratadas refletem tranqüilidade e divertimento. Homens e mulheres vestem roupas da época. Tons claros e cores variadas, contraste entre a luminosidade e a cor escura representando a sombra no canto da obra. Após refletirmos sobre a representação que os artistas fizeram dos vestuários em épocas mais antigas, nos deteremos em um período mais recente da história e que influenciou e influencia muito a moda na atualidade, o Surrealismo. O Surrealismo iniciou-se em Paris e depois em Bruxelas em 1925. Um dos principais artistas que fez parte deste movimento, André Breton, descreveu alguns aspectos do Surrealismo:


Puro automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a expressar (...) o funcionamento real do pensamento. Ditado pelo pensamento, em ausência de todo o controle exercido pela razão, isento de toda preocupação estética ou moral, o Surrealismo se baseia na crença na superioridade de certas formas de associações anteriormente desdenhadas, na onipotência dos sonhos, no jogo desinteressado do pensamento (BRETON,1924).

Alguns dos artistas que participaram deste movimento foram ex-dadaístas, tais como: Hans Arp, Max Ernst, Joan Miró, René Magritte, André Breton e Salvador Dalí. O Período Surrealista possui duas características fundamentais: uma delas é que os trabalhos partem do irreal, ou seja, de sonhos, pensamentos ou imaginação, outro é que o objeto retratado altera sua função original dentro do contexto, sua funcionalidade. Salvador Dalí, um dos mais importantes artistas do Surrealismo, nasceu em Figueres (Espanha). Sempre em constante transformação e aprimoramento, não se limitava a uma única forma de trabalhar. Uma obra muito interessante de Dalí é Burning Giraffe, que significa Girafa queimando.

Burning Giraffe Salvador Dalí (Disponível em: http://www.salvadordali.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

A obra tinha como figura central uma mulher com gavetas. Pintura em tons de azul, ao fundo uma outra mulher e uma girafa pegando fogo.


Percebe-se a intenção de relacionar as gavetas abertas com a exposição de sentimentos e pensamentos de nosso inconsciente. Além de pintor, Dalí era escultor, desenhista e trabalhou com performances e jóias. A obra acima destacada é lembrada em uma criação da estilista Elsa Schiaparelli, a qual realizou muitos de seus trabalhos em parceria com Salvador Dalí. Elsa Schiaparelli era uma estilista italiana, que se inspirou nas obras surrealistas, principalmente no trabalho de Dalí e, junto a ele, realizou grandes criações. Schiaparelli produziu um casaco que nomeou de Mesa, valendo-se de tecido ela procurou reproduzir um corpo com ar de escritório, um móvel com bolsos que lembram gavetas e os botões que lembram os puxadores. Schiaparelli procurou deter-se ao utilitário e convencional desenvolvendo um casaco que poderia ser utilizado com outras funções além da original, dando a entender que poderia servir também para guardar algo.

Casaco Mesa Elsa Schiaparelli, (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

Outra composição que Schiaparelli realizou em conjunto com Salvador Dali foi o vestido Rasgo-Ilusão.


Duas jovens mulheres surrealistas segurando em seus braços as peles de uma orquestra Salvador Dali (http://www.salvadordali.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

Vestido Rasgo-ilusão Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofranscisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

O vestido apresenta estampas que dão a impressão de estar rasgado. Esses rasgos na roupa nos remetem à ideia de que a roupa pode ter a intenção de esconder ou não o corpo, podendo revelar sentimentos ou pensamentos.


Entre outros trabalhos que Schiaparelli e Dali produziram juntos estĂŁo: vestido com desenho de lagosta e chapĂŠu em forma de sapato.

ChapĂŠu em forma de sapato Elsa Schiparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

Vestido com desenho de lagosta Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)


O primeiro, Chapéu em forma de sapato, surgiu após uma brincadeira de Dali ao colocar o sapato de sua esposa Gala na cabeça e tirar algumas fotografias. Elsa resolveu criar uma nova maneira de usar o objeto. O Vestido com desenho de lagosta lembra uma das coisas que Salvador Dali mais gostava, a vida marinha. Trabalhos como estes inspiram a moda contemporânea, podemos citar como exemplo o elemento lagosta, o qual já foi utilizado por uma das maiores personalidades da atualidade, Lady Gaga. Assim como o vestido Rasgo-ilusão, cujos traços são lembrados nos jeans rasgados que surgiram nos anos 70 e 80 com os punks. Poder

utilizar

elementos

significativos,

desviando-os

de

suas

funções

intencionalmente, com o intuito de fazer uma criação única com um novo sentido, é uma forma muito enriquecedora de desenvolver a criatividade e inovar em busca de um modelo singular. É nessa visão que a moda evolui, uma procura pelo novo baseando-se em aspectos do passado que são resgatados e reinventados. Os períodos que analisamos e conhecemos um pouco servem de referências para muitos estilistas e artistas da atualidade. Sempre é possível reviver detalhes ou aspectos marcantes de épocas anteriores para desenvolver um trabalho realmente instigante. A moda é algo muito interessante de ser explorado e nos proporciona grandes possibilidades de desenvolvermos um bom trabalho também nas Artes porque através de exemplos referentes a ela, conseguimos trabalhar os elementos formais, linguagens variadas, entre elas: desenho, fotografia, pintura, colagem e escultura. Podemos explorar diferentes técnicas e materiais para ajudar no desenvolvimento e na aprendizagem dos nossos alunos, sempre fazendo uma relação com o seu cotidiano.


Capítulo 3. Projeto e Prática de Ensino em Artes Visuais


3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a prática de ensino Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich. Localizada na Rua Professora Nely Muller, nº. 72 no Bairro Boa União no município de Estrela. Esta Escola possui aproximadamente 1140 alunos distribuídos em três turnos de atendimento. Sua estrutura comporta 19 salas de aula, biblioteca, sala dos professores, refeitório, laboratório de informática, secretaria, duas quadras de esportes e ginásio poli esportivo. A turma, um segundo Ano do Ensino Médio, é compostas por 26 alunos.


3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino Título do projeto: A moda a partir do olhar da Arte Escola: Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich Endereço da Escola: Rua Professora Nely Muller, nº 72 - Bairro Boa União, Estrela/ RS Professora titular: Taísa Inês Locatelli Turma: 2º Ano do Ensino Médio – T: 200 Tema de pesquisa: No tema de pesquisa procurou-se contemplar a representação da moda em diferentes períodos históricos, entre eles: Barroco, Romantismo e Surrealismo. Para sua contextualização foram utilizadas imagens de diferentes artistas destes períodos em linguagens como a escultura, a pintura e o desenho. Como embasamento teórico, foram consultados os autores James Laver, com o livro A Roupa e a Moda, Horst Waldemar Janson, com o livro História Geral da Arte - Renascimento e Barroco e Seymour Slive, como o livro Pintura Holandesa 1600-1800. Procurou-se explicar como cada artista representou, através de seu trabalho, as pessoas e seus vestuários. Além disto, foram ressaltados os elementos presentes nas roupas e seus significados.

Tema do Projeto: O tema do Projeto de Ensino foi baseado no tema de pesquisa, sendo que acrescentou-se no projeto mais considerações do autor James Laver para fundamentar as explicações em relação às principais características de cada roupa. Procurou-se explicar, como a moda sofreu inúmeras transformações no decorrer da história e enfatizou-se as diferentes vestimentas e os seus significados dentro do contexto histórico-cultural. Justificativa: O presente projeto se faz necessário pela importância de trabalhar aspectos fundamentais na relação entre moda e cotidiano. Torna-se pertinente criar subsídios que proporcionem aos alunos a possiblidade de identificar elementos inseridos em seu vestuário e os significados dos mesmos dentro do contexto histórico-cultural.


Objetivo Geral: Proporcionar aos alunos subsídios que permitam aos mesmos a possibilidade de perceber, através de um olhar mais atento e crítico, elementos presentes na moda e os seus significados dentro do contexto histórico-cultural. Conteúdos envolvidos: desenho, colagem, história da moda (períodos Barroco e Surrealista), artistas: Rembrandt, Velásquez e Salvador Dalí e a estilista Elsa Schiaparelli. Metodologias: retroprojetor, imagens de obras de Arte e revistas de moda.


3.3.1. Aula 01: O que sabemos sobre moda Data: 05 de abril de 2011. Horário: 8h20min às 9h10min

Duração: 50 minutos

Conteúdo da aula: história da moda

Lista das atividades:  Discussão sobre diferentes assuntos indicados com algumas palavras (passarela, moderna, dia-a-dia, utilitária, vestuário, tendência, esportiva, época, acessórios e estilo);  Reflexão e diálogo sobre como se caracteriza a moda e quais as influências que têm

em nossas vidas;  Apreciação de imagens de moda no retroprojetor;  Análise dos elementos formais presentes nas imagens.

Objetivos da aula:  Analisar a evolução da moda através de imagens;  Discutir se há influências da moda em nossas vidas e de que forma isso ocorre;  Identificar e analisar os elementos formais existentes nas roupas e de que maneira a Arte, através da pintura ou da fotografia os representa.

Metodologia: aula expositiva e utilização de jogo didático.

Materiais e recursos a serem utilizados: fichas com palavras e retroprojetor.

Avaliação:


Procurar observar se os alunos, após apreciarem as lâminas, conseguirão diferenciar as características presentes em cada uma das imagens e em suas épocas. Assim como de que maneira associam a moda em suas vidas e com a Arte. Iniciarei a aula me apresentando aos alunos e em seguida pedirei que os alunos se apresentem. Após, apresentarei algumas fichas com as palavras: vestuário, tendência, passarela, utilitária, esportiva, dia-a-dia, moderna, época, acessórios e estilo. Estas palavras serão utilizadas para uma conversa com os alunos, eles serão convidados a exporem o que sabem sobre cada uma. O conhecimento prévio deles, o que gostariam de conhecer mais a respeito, que relação possuem entre si. Após esse diálogo, serão mostradas algumas imagens em retroprojetor.

Pintura do Período Romântico (http://www.fashionbubbles.com Acesso em: 27 mar. 2011)


Vestimenta do PerĂ­odo Barroco (http://www.rododamoda.com Acesso em: 01 abr. 2011)

O Casal Arnolfini Van Eyck, 1434 (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 29 mar.2011)


Cena do filme Duquesa (http://www.cinefilosjjunior.wordpress.com Acesso em: 28 mar. 2011)

Fotografia de uma famĂ­lia - 1948 (http://www.oficinadamoda.com.br Acesso em: 01 abr. 2011)


Roupas – Anos 2000 (http://www.oficinadamoda.com.br Acesso em: 01 abr. 2011)

Haverá uma conversa sobre o que é moda, o que sabem sobre o assunto, como as imagens nos ajudam a entender que a moda modificou-se e de que modo a Arte nos mostra isso.

Realizado:

Iniciei a aula me apresentando aos alunos, falei um pouco do meu curso e da etapa que estou: os estágios. Em seguida, pedi que cada aluno se apresentasse também. Após pedi que permanecessem sentados e que prestassem atenção em algumas fichas que apresentaria a eles. Essas fichas continham palavras, tais como: passarela, estilo, dia-a-dia, moderna, utilitária, época, vestuário, acessórios, esportiva e tendência. Mostrei uma ficha por vez e pedi a eles que refletissem e dissessem o que pensam sobre cada palavra. Os alunos foram muito participativos, colocaram sua opinião e pensamento a respeito. A cada palavra mostrada surgiam comentários, tais como:  As roupas em destaque na passarela dificilmente são usadas nas ruas.  Procuro tirar ideias observando alguns modelos nos desfiles (disse uma aluna).  Utilitárias são as roupas que usamos no dia-a-dia, são mais confortáveis.  Cada um faz o seu estilo, tem pessoas com diferentes atitudes, mais comportadas ou mais rebeldes.  A mídia influencia no modo de vestir das pessoas (comentário de uma aluna).


 Acredito que cada pessoa é capaz de pensar por si própria e não precisa ser levada pelo que a mídia mostra (opinião de outra aluna discordando da fala da colega anterior).  Uso a roupa que me dá vontade e não ligo para que os outros pensam de mim. Houve até certa discussão, os alunos defendiam sua opinião e questionavam a fala do colega. Refletiram sobre cada estilo e que a moda não é necessariamente formadora de opinião. Houve quem defendeu a exposição dos produtos na mídia e quem afirmasse que quem tem seu estilo ou sua opinião não se deixa levar por certas influências. Sugeriram, em meio à conversa, ideias sobre como criar figurinos originais refletindo o estilo de cada um, explorar diferentes materiais (tinta, argila, etc.), uma exposição de diferentes trabalhos (desenhos, pinturas, figurinos em tamanho real). A turma demonstrou interesse e entusiasmo pelo assunto, foram participativos e colaboradores durante a conversa. Valendo-me desse interesse, do conhecimento que já possuem e da curiosidade de aprender coisas novas e explorar diferentes materiais, vou procurar planejar atividades que proporcionem aos alunos a experimentar técnicas novas e vivenciar resultados ainda não alcançados. Acredito ser importante levar em consideração o conhecimento prévio dos alunos ao planejar as atividades. Segundo as autoras Fusari e Ferraz, “para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais os seus interesses [dos alunos], vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de vida de seus alunos”. (1993, p.69) Existem, na turma, alunos de diferentes estilos e pensamentos, o que favorecerá um trabalho diferenciado e criativo, pois cada um contribuirá com ideias que são fundamentadas em suas vivências particulares, o olhar singular de cada aluno poderá ser refletido no trabalho do grande grupo, tornando assim, o espelho de culturas distintas. Isso fará o diferencial no resultado. Neste encontro, os alunos receberam a visita do Padre da Paróquia que conversou com eles em torno de 10 minutos, todos ouviram com atenção. Por ser uma turma de ensino médio (idade superior em relação à outra turma de Estágio), demonstra-se comprometida e interessada em realmente aprender sobre o assunto. Durante a demonstração das imagens no retroprojetor, analisaram os elementos formais das roupas, chamaram a atenção para as cores e o estilo de cada uma. A preferência de cada um por uma época e estilo ficou bem clara durante a exibição das imagens. Alguns gostaram muito do estilo Barroco por apresentar vestimentas


elegantes e vistosas, já outros acharam as roupas pouco confortáveis e preferem as roupas mais recentes, ou seja, despojadas e mais confortáveis. Os alunos refletiram sobre o que realmente importa na vivência do dia-a-dia, pesaram o valor das tendências e o valor do próprio estilo. São essas considerações que realmente devem aparecer durante a aprendizagem, não devemos nos conter somente nos conteúdos e sim aprimorar o olhar para o cotidiano e o mundo de cada um. Alguns autores acreditam que “ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo” (PCN ARTE, 1997, p.44). O aluno, ao desenvolver as atividades em Arte, constrói seu aprendizado relacionandose com o ambiente em que vive. Assim iniciou-se um diálogo sobre o que vale a pena: viver elegantemente, apertada nos espartilhos ou levar uma vida mais leve e confortável. Concluímos a aula com possíveis ideias para trabalharmos nos próximos encontros, os alunos sugeriram algumas técnicas, tais como: colagem, desenho, pintura, etc. Essas ideias serão organizadas e trabalhadas no decorrer das aulas. Combinamos no final da aula os materiais para a próxima aula: folha de desenho, revistas, lápis 6B, lápis de cor, tesoura e cola. Foi uma aula muito produtiva, os alunos responderam as questões lançadas em aula com coerência e opinião própria, a conversa fluiu com maturidade e com um ar questionador. A turma conseguiu identificar os elementos presentes nas imagens e realizar uma análise bem detalhada dos mesmos. Gostei muito da primeira experiência com eles, tenho certeza que realizaremos um bom trabalho.


3.3.2. Aula 02: Conhecendo a moda Barroca Data: 14 de abril de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: história da moda (Barroco), análise de imagens.

Lista das atividades:  Conversa sobre o estilo Barroco e suas características;  Análise de algumas imagens deste período;  Observação de imagens e conhecimento sobre Rembrandt;  Selecionar uma imagem de revistas;  Realizar interferências valendo-se de diferentes materiais.

Objetivos da aula:  Conhecer a moda Barroca observada através de algumas imagens, identificando características do Período tais como: as cores, volume, textura, forma, luz, sombra, representadas por alguns artistas na pintura.  Analisar e identificar como os artistas representam, nas pinturas, os elementos formais característicos presentes nas roupas.  Observar como o artista Rembrandt, através de seu trabalho, representou as pessoas e seus vestuários.  Selecionar, em revistas de moda, uma imagem que deverá ser trabalhada caracterizando o Período Barroco. Para isso os alunos deverão observar os elementos anteriormente destacados: cor, volume, sombra, luz, forma.  Realizar diferentes interferências na imagem selecionada de acordo com as características observadas no Período Barroco.

Metodologia: aula expositiva e atividade prática com exploração de diferentes materiais.


Materiais e recursos a serem utilizados: revistas de moda e imagens em folhas A4.

Avaliação: Procurar observar se os alunos, após apreciarem as imagens do período Barroco e do artista Rembrandt, conseguirão identificar as características presentes no período, tais como: as cores predominantes, a textura, o volume, o uso da luz, etc.

Iniciar a aula com uma conversa sobre o Período Barroco, suas características, chamar a atenção dos alunos sobre o estilo das roupas que as pessoas usavam, as cores, as texturas, o volume, tecidos, formas, composição. Em seguida, serão mostradas algumas imagens do Período Barroco em folhas A4, as quais circularão pela sala.

Vocação de São Mateus Caravaggio,1599 http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 abr. 2011


As meninas Velásquez, 1656/1657 http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 abr. 2011

Os alunos apreciarão e identificarão aspectos como: volume, cores, luz e textura. Conversaremos a respeito de como os pintores da época representavam tais características, principalmente a luz. Após falaremos do artista Rembrandt e seu trabalho, observaremos algumas obras dele e comentarei fatos relevantes de sua vida e suas obras.

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp Rembrandt, 1632 (Fonte: SLIVE, 1966, p.61)


A Ronda Noturna Rembrandt, 1642 (Fonte: SLIVE, 1966, p.73)

Autorretrato Rembrandt, 1640 (Fonte: SLIVE, 1966, p. 70)


A Noiva Judia Rembrandt, 1666 (Fonte: SLIVE, 1966, p.80)

Prosseguindo as atividades irei propor aos alunos que relembrando os aspectos do Período Barroco, escolham imagens em revistas de moda e façam interferências com diferentes materiais procurando se aproximar do período.

Realizado: Iniciei a aula conversando como os alunos sobre a aula anterior, perguntei se lembravam das obras que apreciamos, dentre elas a que pertencia ao Período Barroco. Pedi que lembrassem algumas características, tais como: as cores, as formas, o volume. Os alunos lembraram detalhes como as cores fortes, as rendas, o volume das roupas e a maneira extravagante de se vestir. Para continuar o assunto, mostrei aos alunos algumas obras do Período Barroco. Obras de artistas como: Rembrandt, Velásquez e Caravaggio, que apesar de trabalharem de maneiras diferenciadas possuem características muito semelhantes. Conversamos sobre essas características, contrastes entre os tons claros e escuros, utilização da luz de contraponto com a sombra, cores intensas, roupas bem trabalhadas (volume e textura).


Para dar continuidade ao raciocínio sobre esses aspectos, falei um pouco da vida e do trabalho de Rembrandt, grande artista do período. O que relatei aos alunos:

Rembrandt van Rijn nasceu em Leiden, na Holanda, no dia 15

de julho de 1606, mudou-se para Amsterdã em 1633. 

Caracterizava-se por retratar as pessoas de maneira natural, com

luz, forma e cor da vida real. 

Mas foi em 1632 que Rembrandt pintou uma de suas

encomendas mais famosas, A Lição de Anatomia do Doutor Tulp. 

Algumas de suas principais obras: A Parábola do Homem Rico

(1627), Jesus como jardineiro, Cristo e Maria Madalena no túmulo (1638), A noiva Judia, Banquete de Baltazar (1635). Mas entre essas a pintura amis famosa é A Ronda Noturna (1642).

Apresentei o livro Pintura Holandesa 1600-1800, Slive, Seymour; no qual destaquei algumas obras de Rembrandt: A Lição de Anatomia do Dr. Tulp (1632), Autorretrato (1640), A ronda noturna (1642) e A noiva judia (1666). A cada obra que mostrei falei de algumas curiosidades, como por exemplo: no autorretrato disse a eles que ao longo de sua vida o artista fez inúmeras imagens suas. Mostrei alguns exemplos no livro Rembrandt – SPENCE, David. Artistas Essenciais. São Paulo – SP, Editora Ciranda Cultural, 2010. A respeito do quadro A ronda noturna, comentei que é a sua obra mais famosa e que representava a guarda civil local, a obra revelou, através de uma restauração, ser uma cena durante um dia e não noturna como todos pensavam, o seu nome original nunca foi revelado. Outro comentário que fiz foi sobre a obra A Noiva Judia. Mostrei uma página que representava em detalhes (bem aproximada), os alunos ficaram impressionados com a textura e a espessura das pinceladas do artista. As cores vermelho e dourado na obra chamaram a atenção deles.


Pedi aos alunos que procurassem identificar como o artista trabalhou a luz em sua obra contrastando com a sombra. Segundo as autoras Fusari e Ferraz (1993, p.75) “o ato de ver ao ser aprimorado permite-nos observar melhor o mundo, o ambiente, a natureza. Um bom observador, investigando detalhes, encontrará particularidades que poderão enriquecê-los”. É necessário instigarmos o aluno a observar imagens, procurando desenvolver o olhar atento do mesmo, assim, a observação chamará a atenção para detalhes que ajudarão a compreender melhor o conteúdo. Pude verificar isto quando uma aluna comentou que tem a impressão de que o artista usava a luz para destacar os personagens da pintura. Outra aluna compartilhou a ideia de que o artista preocupava-se com a direção em que a luz entrava. Essas contribuições foram muito importantes para a nossa conversa, pois mostram que a turma observou e identificou aspectos importantes do conteúdo que iremos trabalhar ao longo das aulas. Após o diálogo, propus à turma que, baseando-se no que havíamos aprendido sobre o Período Barroco, escolhessem uma imagem para trabalhá-la. A turma dividiu-se em duplas para compartilhar as revistas, pedi que prestassem atenção nas cores, nas variadas estampas e texturas que encontrariam. Ao término da aula, muitos alunos não haviam escolhido sua imagem e ficou combinado que deveriam trazê-la para a próxima aula. Neste encontro, a turma estava um pouco agitada devido à chuva que estava intensa. Mas, apesar de algumas dispersões consegui conduzir a aula. Os alunos foram muito participativos respondendo às questões propostas. Analisaram as obras e identificaram os aspectos mais importantes do período. A aula foi bastante produtiva e conseguimos trocar conhecimentos mutuamente.


3.3.3. Aula 03: Em busca da moda Barroca Data: 28 de abril de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: desenho, colagem, pintura, história da arte (imagens do Período Barroco)

Lista das atividades:  Realizar interferências em uma imagem previamente selecionada;  Refletir sobre a atividade realizada e expor a experiência à turma.

Objetivo da aula:

Realizar interferências sobre uma imagem ou parte dela, utilizando-se de diferentes materiais, incluindo na mesma, características do Período Barroco tais como: as cores, a textura, a forma, o volume, luz. Sombra, etc.

Metodologia: aula prática com exploração de diferentes materiais, tais como: lápis 6B, lápis de cor, cola, etc.

Materiais e recursos a serem utilizados: revistas de moda.

Avaliação: Observar se os alunos, ao realizarem as interferências, utilizarão diferentes materiais e explorarão de maneira significativa a imagem escolhida, incluindo aspectos do Período Barroco como: as cores, o volume, a forma, a luz, a sombra, a textura.

Iniciar a aula combinando com os alunos alguns pontos a serem observados durante a realização da atividade, tais como: organização do seu material, cada aluno deverá


procurar trabalhar lembrando-se da época que foi vista anteriormente, inserindo em seu trabalho aspectos característicos do Período Barroco como: as cores, a forma, o volume, a luz, a sombra, a textura. A atividade será realizada individualmente, a professora passará pelas classes auxiliando no que for necessário e esclarecendo as dúvidas. Para que os alunos tenham maior clareza e relembrem o que já foi visto, deixarei as imagens usadas na aula anterior expostas no quadro. Ao término da atividade, cada aluno irá mostrar seu trabalho ao grande grupo e fará um comentário da experiência que teve ao realizar a atividade, se gostou, o que contribuiu para a sua aprendizagem, de que forma contribuiu, se faria de alguma maneira diferente e qual seria essa maneira. Para dar continuidade ao relato das experiências, conversarei com os alunos sobre o livro de artista ou diário de bordo, trarei alguns exemplos:

(http://livrosdeartista.blogspot.com Acesso em: 30 abr. 2011)


(http://livrosdeartista.blogspot.com Acesso em: 30 abr. 2011)

(http://livrosdeartista.blogspot.com Acesso em: 30 abr. 2011)

(http://livrosdeartista.blogspot.com Acesso em: 30 abr. 2011)


(http://livrosdeartista.blogspot.com Acesso em: 30 abr. 2011)

Combinaremos como se dará a construção desse livro para registrar os próximos relatos. Destacarei que os registros poderão ser feitos de diferentes maneiras: desenhos, pintura, colagem e montagem.

Realizado:

Iniciamos a aula conversando um pouco sobre o que vimos na aula anterior, relembramos e observamos novamente as imagens do Período Barroco. Deixei as imagens expostas no quadro para que os alunos pudessem visualizar melhor. Perguntei aos alunos quem havia iniciado o trabalho, a maioria estava com o trabalho encaminhado, mas alguns ainda não tinham escolhido sua imagem. Novamente distribuí as revistas para procurassem e dessem continuidade a atividade. Uma aluna trouxe o desenho pronto, utilizou diferentes cores e fez de uma parte aparentemente sem nenhum resultado uma belíssima produção, procurou de alguma maneira responder ao proposto, seu desenho possui cores fortes, a forma lembra uma vestimenta Barroca (um pouco de volume), uma das peças lembrada é o espartilho e também se preocupou em aplicar detalhes como os de época. Na maioria dos trabalhos a representação do espartilho ou corpete fica muito em evidência. Alguns utilizaram a colagem e outros o desenho para representá-los.


Formas volumosas e cores fortes e escuras fazem-se presentes nos desenhos. A preocupação dos alunos foi utilizar principalmente cores escuras, assim o preto apareceu em muitos. Nem todos os alunos conseguiram terminar e ficou combinado que deverão me entregar pronto na próxima aula. Encontrei resistência em misturar outras cores como o preto por parte de uma aluna. Ela escolheu uma parte da imagem que era totalmente em preto, depois quando começou a desenvolver o desenho não conseguia aplicar as cores porque, segundo ela, não acha que fica bem misturar o preto com qualquer outra cor. Perguntei a ela por que não achava interessante utilizar variadas cores e se em seu dia-a-dia ela combinava peças coloridas com alguma preta. Respondeu-me que procurava usar cores mais moderadas, ou seja, não gostava de misturar as cores, com isso em seu trabalho achava melhor reproduzir sua opinião. Conversei com ela sobre as imagens que vimos na aula anterior, lembramos que a partir delas as cores que os artistas representaram as roupas do Período. A aluna pediu que eu emprestasse as imagens para observar e tirar algumas ideias. Acredito ser muito importante que o professor tenha este tipo de conversa com seus alunos, pois assim poderá levá-los a refletir sobre seu trabalho e mostrará caminhos alternativos para solucionar determinadas situações. Segundo a autora Iavelberg (1993, p.57) “A oportunidade para desenhar sistematicamente promove seu progresso na linguagem do desenho. Uma orientação adequada pode ajudar o aluno a avançar e o contrário, ou seja, um abandono ou uma orientação equivocada nas situações educativas de desenho, pode estagnar o processo criativo”. Estou curiosa em ver como ela resolveu a aplicação das cores, se persistiu com sua ideia ou permitiu-se ousar em misturá-las. Outro fato interessante é de uma aluna que se preocupou somente com a forma volumosa das roupas e não com as cores. Em seu desenho, usou somente a cor clara deixando de lado os tons escuros e fortes que foram frisados em alguns momentos das aulas como uma das principais características da moda no Período Barroco. Apesar de muitos trabalhos não terem sido concluídos, pude perceber que os alunos preocuparam-se com a proposta, devido às formas dos desenhos, cores usadas, texturas e aplicações. Os elementos que estudamos como sendo característicos do Período estão presentes na maioria dos desenhos, dando a entender que os aspectos principais foram absorvidos pela turma. Acredito que com essa turma consigo me fazer entender melhor do que com a outra turma de estágio. Posso dialogar e expor com mais tranquilidade as orientações para as


atividades. Isso se deve, acredito, ao fato de que eles são mais velhos e têm mais maturidade, consigo conversar e trocar muitas ideias recebendo inúmeras contribuições para os trabalhos. Devido à falta de tempo, não conseguimos ter o momento de reflexão que havia no planejamento. Continuaremos na próxima aula falando sobre como foi a experiência de fazer o desenho. Os alunos irão relatar como escolheram as imagens, que relação fizeram com o Período Barroco e como procederam para que a imagem selecionada refletisse os aspectos relevantes do Período tais como: cores, volume, forma, luz, sombra, etc.


3.3.4. Aula 04: Criando um ambiente para o Barroco Data: 05 de maio de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: Livro de artista, Período Barroco (diferentes imagens), desenho.

Lista das atividades:  Reflexão sobre a atividade realizada na aula anterior.  Combinar como será construído o livro de artista que cada aluno irá registrar suas experiências.  Desenvolver um desenho complementando o tema moda ao fundo da obra que elaboraram na aula anterior.

Objetivos da aula:  Refletir sobre o trabalho realizado na aula anterior, como foi feito, que relação fizeram entre as imagens escolhidas e o Período em que se basearam.  Escolher, a partir de alguns exemplos, de que maneira será construído o livro de artista.  Desenvolver um desenho ao fundo da obra elaborada na aula anterior, visando ampliar as características do Período Barroco.

Metodologia: aula expositiva e reflexiva, utilização de imagens e modelos de croquis.

Materiais e recursos a serem utilizados: imagens do Período Barroco, modelos de livros de artista e desenhos construídos anteriormente.


Avaliação: Analisar a reflexão dos alunos sobre o trabalho realizado na aula anterior, se conseguiram entender a proposta da atividade, se consideram ter alcançado o resultado esperado e como procederam para alcançá-lo. Qual a maneira utilizada para construir um desenho de aspecto Barroco. Outro ponto a ser observado refere-se a complementação do desenho, ou seja, de que maneira os alunos irão desenvolvê-lo para que ampliem as características Barrocas.

Iniciarei a aula convidando os alunos a refletirem e comentarem ao grande grupo como foi a experiência em realizar a atividade. De que maneira procederam, como fizeram a relação entre as imagens das revistas de moda (imagens mais atuais) com o Período Barroco. Procurarei orientá-los para que relembrem como fizeram para, a partir de uma simples imagem selecionada, construir um desenho que passou a ser caracterizado de acordo com o Período Barroco. Cada aluno terá espaço para expor sua opinião. Após, mostrarei alguns exemplos de livros de artista e lançarei um desafio para que eles escolham uma maneira de construir um modelo individual para registrar suas experiências e impressões. Em seguida, convidarei os alunos que, munidos dos desenhos realizados na última aula, continuem a proposta de expressar os aspectos mais relevantes no Período Barroco. Deverão acrescentar elementos que condizem com a época em seus trabalhos procurando incrementá-los ainda mais baseados no que já vimos em aula. Esses elementos poderão ser retirados das revistas ou desenvolvidos através da pintura ou do desenho. A atividade será continuada na mesma folha e os materiais usados serão lápis 6B e lápis de cor.

Realizado:

Iniciei a aula conversando com os alunos sobre a atividade que realizaram anteriormente, refletimos sobre como eles procederam para desenvolver o desenho através de uma parte da imagem selecionada nas revistas. Assim como de que maneira fizeram para aproximarem o seu trabalho dos aspectos do Período Barroco.


Apresentei aos alunos alguns exemplos de “livros de artista” ou “diários de bordo” e lancei uma proposta a eles para que definissem de que maneira gostariam de expressar o que sentem ao realizar as atividades e o que pensam ou sugerem para modificar o trabalho proposto. Segundo a autora Mirian Celeste Martins (1998) “é preciso não esquecer que a avaliação não pode ser apenas do educador. É extremamente interessante propor situações de avaliação nas quais os alunos possam também refletir sobre o que foi mais significativo e o que poderia ter sido diferente”. Disse a eles que o diário de artista é uma forma de expressar o que sentem e pensam através de diferentes linguagens tais como; desenho, pintura, colagem, frotagem, escrita, etc. Os alunos gostaram muito da ideia e sugeriram usar como suporte para o diário, um caderno de desenho pequeno. Algumas ideias surgiram por parte dos alunos como forma de registro, entre elas: escrever partes de poemas, letras de música que lembram ou fazem relação com a atividade proposta, colar partes de imagens retiradas das revistas que lembrem de alguma maneira a atividade feita. Adorei as sugestões e disse a eles que todas as ideias seriam bem aceitas e que ajudariam na aprendizagem deles. Também reforcei que as formas de registros apareceriam de acordo com a necessidade que cada aluno sentiria após realizar o exercício. Dando sequencia a aula, lancei o desafio de aprimorarem o desenho desenvolvido na última aula, inserindo elementos que reforcem as características Barrocas. Disse que poderiam utilizar recortes, assim como o próprio desenho. A ideia não foi bem aceita, pois não queriam mexer no desenho que haviam feito. Senti-me um tanto perdida mediante esta situação e mudei de estratégia rapidamente, o que considero que foi um erro. A segunda opção foi sugerir que eles realizassem um desenho ao fundo da obra que haviam feito, o tema não deveria referir-se a moda e sim ao outro assunto que escolheriam. Considero um erro o fato de que eu poderia ter insistido para que eles realizassem a atividade sugerida. Mediante a situação com que me deparei, achei melhor modificar o exercício para que não houvesse discordância. Sei que não devemos procurar solucionar o problema ignorando-o, por isso não estou satisfeita com a decisão que tomei e irei trabalhar para dar uma continuidade correta ao desenvolvimento do trabalho.


Apesar da decisão precipitada, os alunos desenvolveram um bom trabalho. As construções que acompanhei me levam a pensar que os temas que escolheram para complementar o desenho foram muito criativos e realmente não condizem com o tema moda.

Trabalho da aluna Amanda, 16 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho da aluna Jaqueline, 16 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

No primeiro desenho, a aluna utilizou uma variação enorme de cores criando oposições entre elas. A roupa possui uma forma mais volumosa e tons muito claros, já o fundo é composto por tons escuros com cores quentes e estampas variadas. A roupa se destaca em relação ao fundo, talvez seja a intenção da aluna lembrando que no Barroco a moda tinha por característica chamar a atenção. Apesar das cores mais usadas no Barroco estarem pintadas no fundo e não nas próprias roupas, a ideia da contraposição é bastante válida. O segundo trabalho exprime uma das características da moda Barroca, o volume das roupas. O vestido apesar de não ter as cores mais fortes, possui muito volume e a sensação de trabalhado. As linhas no vestido produzem movimento, a aluna também quis representar a sua maneira mangas bufantes, próprias do Barroco.


Trabalho da aluna Natascha, 16 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho do aluno Nathan, 16 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

No primeiro desenho, a aluna reproduziu o seu desejo de ser estilista criando um modelo de roupa diferenciado. Não seguiu os modelos “padrão” da moda Barroca, em que as roupas são mais volumosas e ricas em detalhes. Em seu trabalho, a aluna apresentou um vestido mais justo, com linhas dando sensação de movimento. O fundo é composto por muitas linhas em diferentes direções. No segundo desenho, o aluno aproveitou a forma que havia dado ao vestido, com linhas sinuosas e o volume para fazer uma relação com a vida marinha, pois a aparência da roupa lembra uma sereia e desta maneira ele criou uma composição ao fundo com elementos de cores variadas e que se apresentam em movimento. Ambos são válidos, apesar de não apresentarem as características Barrocas, usaram a criatividade e fizeram trabalhos bastante diferenciados.


Trabalho da aluna Fernanda, 17 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho da aluna Juliane, 16 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho da aluna Janice, 18 anos (Fonte: Leonhardt, 2011)

Nos três desenhos, independentes de suas características singulares, as alunas inseriram cores típicas do Período Barroco (tons escuros), assim como texturas variadas e formas com volume.


O fundo dos trabalhados receberam diferentes temas tais como: natureza, formas geométricas, oceano. O primeiro trabalho possui características bem interessantes, pois existe uma mescla de formas geométricas e linhas sinuosas, representando o trabalhado do vestido. Houve a preocupação em manter as cores do Barroco na roupa, o preto e o tom próximo ao vermelho. No segundo, o preto predomina na roupa, ao fundo cores claras contrastando. O mar é representado com variações suaves de azuis e a aluna desenvolve diferentes linhas tais como: horizontal, sinuosa, diagonal, curva. O terceiro desenho tem uma particularidade que chama a atenção, a aluna produz uma sensação de que a pessoa é retirada da própria paisagem, como se o primeiro plano estivesse unido ao segundo. A roupa é rica em textura, o desenho representa várias camadas. Independente do tema escolhido, o importante é explorar as características específicas do período Barroco, isto está aparecendo de uma maneira ou outra nos trabalhos.


3.3.5. Aula 05: Dando forma e volume à Moda Barroca Data: 12 de maio de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: Período Barroco (obras de Velásquez e Rembrandt), tridimensional, perspectiva.

Lista das atividades:  Mostrar aos alunos uma obra de Velásquez “As meninas” e uma de Rembrandt “ Ronda Noturna”.  Análise dos elementos formais presentes nas imagens tais como: cores, volume, formas, presença de luz, sombra.  Identificar 1º, 2º e 3º planos (perspectiva).  Realizar um trabalho tridimensional visando explorar os elementos de forma que, dispostos, possam refletir a ideia de perspectiva.

Objetivos:  Identificar de que modo os artistas usam os elementos formais tais como: cor, luz, sombra, forma, para dar a sensação de profundidade à obra.  Realizar uma produção tridimensional valendo-se dos elementos formais tais como: cores, sombra, luz, formas, para produzir sensação de profundidade ou de perspectiva na obra.

Metodologia: aula expositiva, análise de uma obra de Arte.

Materiais e recursos a serem utilizados: imagem de uma obra de arte.


Avaliação:

Observar se os alunos identificam os elementos formais presentes na hora e qual a função de cada um na composição total da cena para expressar profundidade ou perspectiva. Analisar de que maneira os alunos utilizarão esses elementos em suas produções para que possam representar diferentes planos em uma mesma cena.

Iniciarei a aula pedindo aos alunos que observem a obra “As meninas” de Velásquez, esclarecerei que a obra pertence ao Período Barroco e que foi criada entre os anos de 1656 e 1657.

As meninas Velásquez, 1656/1657 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 abr. 2011

Os alunos serão convidados a identificar os elementos que aparecem tais como: cor, volume, forma, luz, sombra. Após, pedirei que eles analisem se os personagens da pintura estão no mesmo plano, ou seja, na mesma linha visual. Conversarei com eles sobre como o artista dispôs os


mesmos em lugares diferentes, distanciados para dar uma sensação de profundidade que se completa com o jogo de luz e sombra. Depois de observarmos bem a primeira imagem, mostrarei a segunda que será “A Ronda Noturna” de Rembrandt, ressaltarei aos alunos que se trata de uma obra do mesmo período que a anterior.

A Ronda Noturna Rembrandt, 1642 (Fonte: SLIVE, 1966, p.73)

Os alunos deverão observá-la e identificar como o artista da época resolveu a questão de profundidade, através das cores, assim como com o tamanho dos elementos e a entrada da luz refletindo nos personagens principais. Tentarei desenvolver uma conversa com eles sobre as cores e suas funções em uma obra, exemplo: a utilização de tons claros para representar a luminosidade e os tons escuros demonstrar as sombras. Outro aspecto que discutiremos será o tamanho dos elementos e sua disposição na cena para produzir o efeito de distanciamento. Para colocar em prática e demonstrar o que foi absorvido, pedirei que eles criem uma cena, pensando como tema a moda Barroca, de forma tridimensional, utilizando papelão e variados materiais. O trabalho será em grupo e terá a finalidade de demonstrar através da cor e da disposição dos personagens a ideia de profundidade.


Realizado:

Iniciei a aula pedindo aos alunos o trabalho da aula anterior. Aqueles que não haviam me entregado trouxeram e os recolhi. Comecei a aula mostrando aos alunos uma imagem que trouxe em folha A4, “As meninas” do pintor Velásquez.

As meninas Velásquez, 1656/1657 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br Acesso em: 05 abr. 2011

Pedi a eles que relembrassem o que havíamos conversado nas aulas anteriores, como se caracterizava a maneira de trabalhar dos artistas do Período Barroco assim como representavam a moda através de suas pinturas. Sugeri que observassem alguns pontos como: que variações de cor costumavam inserir, que efeitos produziam e de que maneira conseguiam fazê-los, quais as formas presentes nas roupas. Os alunos foram fazendo vários comentários, entre eles: “há presença de luz na cena”, “o ambiente lembra um atelier”, “as meninas são as personagens em destaque”. Aproveitando esses apontamentos, perguntei a eles se todos os personagens estavam na mesma linha visual, a resposta foi não. Então expliquei que muitas vezes o artista se preocupa em demonstrar esta ideia valendo-se de diferentes elementos, entre eles o uso de tons diferenciados de cor (claros e


escuros), tamanhos distintos (em primeiro plano maior e em segundo plano menor), a própria base do cenário pode começar mais larga e ir afunilando. Outro fato para o qual chamei a atenção dos alunos foi a maneira como estão dispostos os personagens, pedi que observassem o cachorro e as meninas mais a frente. Destaquei que se encontravam distantes em relação ao pintor que aparece na imagem e muito mais afastados do homem que está em uma porta ao fundo. Expliquei a eles que esta distribuição tratava de diferentes planos. As meninas e o cachorro estavam em um primeiro plano, o pintor e duas pessoas estavam em segundo plano e o homem mais distante em terceiro plano.

Velásquez quis oferecer, através do quadro, uma representação da ideia de representação, colocando em cena tudo o que constitui a própria máquina da pintura, e sobretudo os olhares que a fundamentam, a relação de fruição atemporal externa à obra e que, em As Meninas, está projetada por meio de uma série de jogos especulares vertiginosos. A única coisa, porém, sugerida, mas ausente, que deveria instituir uma relação de mimese, o objeto da representação, o príncipe, está, ao contrário, “imperiosamente indicado por toda parte como um vazio essencial”. A representação desliga-se do próprio objeto e mostra-se como pura representação (Calabrese, 2002, p. 209).

Complementei dizendo à turma que o artista distribuiu os elementos de maneira muito organizada e deve ter se preocupado com a proximidade e o tamanho de cada um para produzir este efeito. Continuamos analisando o quadro, conversamos sobre algumas curiosidades, como o reflexo do casal que estava sendo pintado e que não aparece na pintura. Concluímos que provavelmente estavam de frente para as meninas e o pintor como se estivesse na nossa posição, a posição de observador. Depois, dando continuidade ao pensamento sobre profundidade, analisamos a obra “A Ronda Noturna” de Rembrandt. Os alunos fizeram várias contribuições em relação à obra tais como: “a maior parte da imagem está muito escura”, “somente três personagens estão iluminados”, “a luz destaca estes personagens e não parece que estão junto com os outros”. Aproveitei estes comentários para explicar a eles que a luz, representada pela cor clara, acaba reproduzindo um efeito de destaque e distanciamento das demais pessoas.


Lembrei a eles que, nesta obra, também podemos afirmar que existem diferentes planos, alguns personagens estão em primeiro, outros em segundo e a parede ao fundo em terceiro. Depois que refletimos sobre as imagens e seus elementos, lancei uma proposta à turma que, em grupos, deveriam criar uma cena sobre moda Barroca e representá-la de forma tridimensional. Os materiais que poderiam utilizar eram: lápis 6B, lápis de cor, giz de cera, folha de desenho A4, folha tríplex A3, revistas, cola, tesoura e tecido. Alguns pontos que deveriam observar ao realizar o trabalho: utilizar cores que destacam os elementos e tragam luminosidade ou escuridão ao cenário e procurar distribuir os personagens de maneira que demonstrem afastamento, dando a sensação de profundidade. As formas e o volume das roupas, assim como os seus detalhes, também precisam ser representados. A turma reuniu-se em grupos de quatro alunos. Assim, iniciaram-se os trabalhos. Os alunos começaram conversando entre si para decidir o que iriam fazer, muitos optaram por realizar um projeto prévio através de um rascunho para depois começar o tridimensional. Algumas ideias já criaram corpo tais como: um grupo irá representar, segundo eles, um teatro lírico cujos personagens vestirão roupas Barrocas. Outro grupo irá representar uma cena de representação de uma família Barroca. Os demais grupos ainda não haviam concretizado suas ideias em relação à atividade proposta. A aula chegou ao fim e combinamos que a atividade seria finalizada na próxima semana, recolhi o material para guardar. Percebi, devido à participação dos alunos em aula, que gostaram do conteúdo que procurei passar, assim como tiveram facilidade em assimilar a utilização de alguns elementos para a representação de profundidade, de perspectiva. O interesse no início do trabalho me faz pensar que desenvolverão excelentes composições tridimensionais, já que começaram a se organizar através de projetos ou simplesmente esboços e trocaram ideias e sugestões entre si. Esta troca de ideias, quando há respeito nas diferenças, é uma grande contribuição para o grupo já que mescla opiniões e conhecimentos diferentes, levando a valorização da criatividade.


3.3.6. Aula 06: Dando forma e volume à Moda Barroca Data: 19 de maio de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: moda Barroca, elementos formais, tridimensional, perspectiva.

Lista das atividades:  Realizar um trabalho tridimensional visando explorar os elementos de forma que, dispostos, possam refletir a ideia de perspectiva.  Inserir no trabalho elementos formais tais como: cor, forma, volume, para representar diferentes planos na mesma cena, lembrando se tratar de uma representação do período Barroco.

Objetivo:  Realizar uma produção tridimensional valendo-se de elementos formais, para produzir sensação de profundidade e de perspectiva na obra, que deverá representar a moda no período Barroco.

Metodologia: aula prática.

Materiais e recursos a serem utilizados: papel, tecido, cola, etc.

Avaliação: Analisar de que maneira os alunos utilizarão os elementos formais tais como: cor, volume, forma, luz, sombra, em suas produções para que possam representar a moda Barroca em uma cena com diferentes planos.


Iniciarei a aula combinando com os alunos a continuação do trabalho que estamos realizando há algumas semanas. Lembrarei que devem observar elementos fundamentais para que a cena representada produza a sensação de profundidade. Organizarei a turma novamente em grupos e distribuirei os materiais para a construção. No decorrer da aula, passarei nas classes para orientar no que for necessário, observando como eles estão resolvendo os desafios propostos. Quero perceber, nos detalhes, quais as características que os alunos julgam importantes inserir no trabalho em busca da moda Barroca e é claro, de uma cena com diferentes planos. Analisarei se os alunos estão fazendo uma relação correta entre os elementos formais e suas funções dentro da obra, assim como se estão empregando-os bem para que o resultado final apareça nas roupas tornando-as características do Período Barroco. Pedirei a eles que troquem ideias com os colegas, que discutam quais as maneiras mais fáceis de inserir tais elementos, pois é importante que socializem estas dúvidas para que juntos busquem soluções.

Realizado:

Iniciei a aula pedindo aos alunos que se organizassem em seus grupos, conforme definido na aula anterior, cada grupo deve ser composto por quatro componentes, com exceção de um que será composto por cinco alunos. Perguntei a eles se na última aula haviam se organizado e planejado de que maneira construiriam sua obra. Alguns grupos já estavam bem definidos a respeito do que fariam, inclusive haviam passado para o papel, em uma espécie de projeto, como ficariam dispostos os elementos no cenário. Outros grupos ainda não estavam decididos sobre a forma como trabalhariam, pedindo mais um tempo para conversarem e chegarem a um consenso. Pedi aos grupos que já estavam com as metas traçadas, que começassem a colocar em prática a construção da obra. Os demais alunos deveriam conversar entre si e definir como fariam os personagens e os objetos que iriam compor a cena. Distribui diversos materiais aos grupos: revistas, tecidos, lápis de cor, giz de cera, cola, cola-quente, folhas de desenho, folhas tríplex. Sugeri a eles que utilizassem variados


materiais, que aceitassem experimentar combinações de tecidos com papéis e materiais para pintar. Os alunos me perguntaram se precisavam desenhar ou se podiam usar recortes para compor os corpos das pessoas que seriam representadas. Disse-lhes que poderiam usar as duas formas, pois deixaria a critério deles o que seria mais acessível. A escolha dos materiais e linguagem a ser trabalhada ficou livre. Enquanto os alunos estavam trabalhando, circulei entre os grupos para observar a maneira de trabalhar de cada um. Como interagiam com os colegas e se havia colaboração e troca de ideias entre eles. Em um dos grupos, composto somente por meninas, todas estavam envolvidas procurando construir um cenário cuja base é uma folha de papel tríplex A3 e as paredes feitas de folhas de desenho A4. Enquanto uma das alunas trabalhava na colagem das paredes, as outras três envolviam-se na elaboração das cortinas, é importante enfatizar que o objetivo delas é a construção de um palco de teatro lírico, por isso as cortinas em tecido vermelho são muito importantes neste cenário. A preocupação delas era achar uma maneira de pendurar as cortinas e que elas pudessem ser abertas quando necessário. Um segundo grupo utilizou todo o período de aula para trabalhar a folha que será a base do cenário, eles utilizaram linhas diagonais que iniciam mais largas e vão se afunilando. As mesmas linhas são cruzadas com outras na horizontal, produzindo uma ideia de xadrez e profundidade. Os grupos que não haviam definido seus projetos passaram o período todo conversando e definindo o que fariam. Folhearam revistas, pediram para olhar novamente as imagens do Rembrandt e do Velásquez em busca de ideias para o trabalho. Entre os comentários que escutei, posso destacar alguns que me chamaram a atenção: _ Vamos fazer os vestidos costurados usando bonecas como base. ( grupo 1) _ Podemos usar o papel para fazer todo o trabalho, tanto os personagens como lugar. (grupo 2) _ Já sei! Podemos procurar nos materiais recicláveis que tem na escola algumas garrafas para fazer os personagens. (grupo 3) Além disso, uma aluna veio conversar comigo, pois estava incomodada porque um outro grupo tinha comentado que ela e suas colegas de grupo estavam copiando a sua ideia, já que também usariam bonecas para ser a base dos vestidos. Disse-lhe que não


deveriam se preocupar, pois cada um estava pensando em uma forma diferente de confeccionar as roupas e que as bonecas só seriam um apoio ao trabalho. Os alunos se envolveram na procura por ideias durante todo o período e aqueles que começaram a construção somente definiram as bases, os personagens e demais objetos serão construídos do decorrer das aulas. Percebo que os grupos estão envolvidos e dispostos a trabalhar visando aconstrução de uma cena da moda Barroca e que transmite profundidade ou a sensação de diferentes planos. Sei que estão fazendo uma associação com a atualidade, pois realmente não é fácil entender uma realidade que não faz parte de nossa época e com isso é preciso relacionar o assunto estudado com aspectos de seu cotidiano para dar sentido à proposta. De acordo com a autora Rosa Iavelberg (2003, p.99), “o professor, como mediador de obras ou orientador de percursos de criação de alunos em arte, deve saber que a disponibilidade para a aprendizagem está relacionada ao sentido que tem para os aprendizes e ao que já sabem”. Demonstram preocupação em relação a maneira como irão dispor os elementos e de que maneira serão construídos, seja através de papéis e sua variadas gramaturas ou com diferentes tecidos tendo como base outros materiais como garrafas pet ou cones de papelão. O mais importante é que estão observando e enfatizando em suas falas que determinados elementos são fundamentais na representação de uma cena com profundidade, como: as cores, o volume e as formas. Também não estão esquecendo que as roupas da moda Barroca são caracterizadas por cores fortes e aplicações, enriquecendo os detalhes. Acredito que as construções obterão o objetivo definido na proposta, os alunos conseguirão representar de maneira muito criativa cenas da moda Barroca que transmitirão sensação de diferentes planos e profundidade. Continuaremos nosso trabalho na próxima aula.


3.3.7 Aula 07: Dando forma e volume à Moda Barroca Data: 26 de maio de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: Período Barroco, elementos formais, tridimensional, perspectiva.

Lista das atividades:  Realizar um trabalho tridimensional visando explorar os elementos de forma que, dispostos, possam refletir sobre a ideia de perspectiva.  Inserir no trabalho elementos formais tais como: cor, forma, volume, para representar diferentes planos na mesma cena, lembrando se tratar de uma representação do período Barroco.

Objetivo:  Realizar uma produção tridimensional valendo-se dos elementos formais tais como: cores, sombra, luz, formas, para produzir sensação de profundidade ou de perspectiva na obra, que deverá representar a moda no período Barroco.

Metodologia: aula prática.

Materiais e recursos a serem utilizados: papel, tecido, cola, etc.

Avaliação:

Analisar de que maneira os alunos utilizarão os elementos formais tais como: cor, volume, forma, luz, sombra, em suas produções para que possam representar a moda Barroca em uma cena com diferentes planos.


Iniciarei a aula propondo aos alunos que continuem a construção da aula anterior, não deixando de observar elementos fundamentais para que a cena representada produza a sensação de profundidade. Organizarei a turma novamente em grupos e distribuirei os materiais para a utilização. Passarei nas classes para orientar no que for necessário, observando como eles estão resolvendo os desafios propostos. Quero perceber quais os elementos que eles introduzirão na obra, que importância darão às cores e como as usarão, que formas utilizarão, como resolverão para dar texturas as roupas dos personagens e de que maneira distribuirão os mesmos. Analisarei se os alunos estão fazendo uma relação correta entre os elementos formais e suas funções dentro da obra, assim como se estão empregando-os bem para que o resultado final apareça nas roupas tornando-as características do Período Barroco. Pedirei a eles que troquem ideias com os colegas, que discutam quais as maneiras mais fáceis de inserir tais elementos, pois é importante que socializem estas dúvidas para que juntos busquem soluções. Após a conclusão dos trabalhos, cada grupo irá expor suas experiências ao realizálos. Comentarão como se organizaram, o que cada um realizou para o trabalho num todo, que elementos usaram e como eles contribuíram para dar a sensação de diferentes planos, se representaram luz e como o fizeram, se os tamanhos dos personagens eram iguais. Terminaremos a aula com esta reflexão, lembrando-nos de que modo isto contribuiu em nossa aprendizagem.

Realizado:

Iniciei a aula pedindo aos alunos que se acomodassem em grupos com a mesma formação da semana anterior. Os alunos aos poucos foram se posicionando e começando a organizar os materiais. Distribui as folhas, as revistas, os tecidos e outros materiais para que eles começassem a trabalhar. Comecei a circular pelos grupos para conversar com os alunos e saber o que estão pensando sobre o conteúdo e sobre as propostas. Queria observar como eles estavam resolvendo os obstáculos durante a construção dos elementos.


Em um dos grupos percebi o interesse por construir as roupas de características Barrocas, usando como suporte bonecas Barbie que as meninas emprestaram das irmãs menores e que irão devolver somente após o término das aulas. As roupas estão sendo confeccionadas com tecidos de diferentes estampas e que possuem cores mais escuras, entre elas há também o vermelho e o dourado. Elas estão demonstrando preocupação inclusive com os detalhes como aplicações de pedras e renda. Percebo que todas as componentes do grupo se envolvem colaborando na construção.

Trabalho das alunas Sara, Alexandra, Diana e Josiane (Fonte: Leonhardt, 2011)

Outro grupo utilizou a aula para elaborar um cenário muito interessante, as bases foram construídas com cones e rolos de papel tolha, o telhado foi reproduzido com papelão.

Trabalho dos alunos Uéslei, Nathan, Tiago, Richard e Samuel (Fonte: Leonhardt, 2011)


Os cones que sobraram serão usados como base na composição dos personagens. Os alunos saíram pela escola em busca dos materiais recicláveis e encontraram inúmeras peças. Eles encaixaram os rolos e os cones uns sobre os outros e colaram com cola-quente. Ao conversar com eles e observar todo o movimento que fizeram saindo da sala em busca dos materiais, percebi que se empenharam e aproveitei para elogiar a iniciativa deles. Ressaltei a importância de buscar sanar as dificuldades e que se organizar é fundamental para a realização de um bom trabalho. No terceiro grupo que passei, a preocupação maior não era com o cenário e sim com os personagens. Os alunos providenciaram garrafas pet, que decidiram cortar ao meio, para servir como estrutura para as vestimentas que estavam produzindo. O que me chamou mais atenção foi que eles pediram a minha ajuda o tempo todo para colar os tecidos com cola-quente. Estavam um pouco enrolados e não conseguiam firmar o tecido e colar ao mesmo tempo. Mas foi muito legal, pois enquanto colávamos, fomos conversando e trocando algumas ideias. O aluno William queria minha opinião sobre como deveria colar as roupas, como poderia representar o volume por baixo dos vestidos. Sugeri ao aluno que na garrafa pet mais estreita, ele poderia colar rolos de papel (folhas de revistas) em torno criando um espiral e com isso volume. Estou muito satisfeita com o desempenho dos alunos, na maioria eles estão comprometidos com a proposta que lancei e estão buscando diferentes alternativas para a representação do Período estudado, o Barroco. Em busca de aproximar as cores em seus trabalhos das cores que observaram nas obras dos artistas, os alunos se preocupam com os tipos de tecidos que usarão, na construção dos personagens, buscam o volume nas roupas através de diferentes maneiras, entre as quais várias camadas de tecidos e também um preenchimento embaixo do tecido com papéis. Alguns possuem a preocupação sobre os tecidos, se podem ter estampas ou não, assim como também em aplicar pedras, rendas e outros detalhes, visando caracterizar a vestimenta de acordo com a moda Barroca. Há um grupo que resolveu trabalhar diferente e adotou o papel como base para representar as roupas, reproduzindo a sensação de estampas e texturas através do lápis de cor e giz de cera. Todo o cenário e os personagens serão elaborados em papel.


Trabalho das alunas Estéfane, Vanessa, Juliane, Fernanda e Ana Paula (Fonte: Leonhardt, 2011)

Independente da maneira como estão sendo elaborados, seja em papel ou tecido, o que importa é que os alunos estão demonstrando iniciativa e criatividade na construção das obras, pois estão buscando soluções para representar a moda de acordo com a época estudada e de maneiras diferentes estão atingindo o intuito de transmitir profundidade ao cenário, através da disposição dos objetos e dos personagens. As características principais do Período Barroco cores, volume, texturas, formas, estão sendo representadas à maneira deles nas cenas, pois é complicado transmitir a ideia de moda em outra época mesmo que sejam visualizados alguns exemplos em obras, pois os detalhes devem ser observados e seguidos e muitas vezes com os materiais disponíveis não é tão simples conseguir. É neste momento que a criatividade dos alunos em buscar novas alternativas faz a diferença.

Cabe ao professor de arte, ao ensinar conceitos e princípios, criar múltiplas oportunidades de interação dos estudantes com esses conteúdos, variando as formas de apresentá-los, utilizando meios discursivos, narrativas, imagens, meios elétricos e eletrônicos, textos; enfim, o professor pode recorrer a todos os meios para informar sobre conceitos e princípios que deseja ensinar, ciente de que é o aluno quem transforma tais informações em conhecimento por intermédio de interações sucessivas (IAVELBERG, 2003, p. 27).

O toque que eles estão dando na construção é muito importante, pois através de gestos simples adquirimos construções significativas.


A atividade novamente não foi concluída por falta de tempo. O período tem somente cinquenta minutos, sendo que precisamos de dez minutos no final para organizar a sala, tornando-se impossível terminar este tipo de atividade tão demorada. Espero que possamos concluir na próxima aula.


3.3.8. Aula 08: Dando forma e volume à Moda Barroca Data: 02 de junho de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: Moda no Período Barroco, elementos formais, construção tridimensional, perspectiva e diferentes planos.

Lista das atividades:  Realizar um trabalho tridimensional visando explorar os elementos de forma que, dispostos, possam refletir a ideia de perspectiva.  Inserir no trabalho elementos formais tais como: cor, forma, volume, para representar diferentes planos na mesma cena, lembrando se tratar de uma representação do período Barroco.

Objetivo:  Realizar uma produção tridimensional valendo-se de elementos formais para produzir sensação de profundidade ou de perspectiva na obra, que deverá representar a moda no período Barroco.

Metodologia: aula prática.

Materiais e recursos a serem utilizados: papel, tecido, cola, etc.

Avaliação:

Analisar de que maneira os alunos utilizarão os elementos formais tais como: cor, volume, forma, luz, sombra, em suas produções para que possam representar a moda Barroca em uma cena com diferentes planos.


Começarei a aula convidando os alunos a prosseguirem na construção da obra tridimensional, lembrarei que é muito importante a presença dos elementos formais, aplicados de forma correta, para que a cena representada produza a sensação de profundidade. Organizarei a turma novamente em grupos e distribuirei os materiais para a utilização. Quero aproveitar o momento em que os alunos estiverem trabalhando para conversar com eles sobre a entrega dos desenhos realizados anteriormente, devido ao fechamento das notas, assim como observar o andamento da produção. Se eu perceber que a aula irá finalizar e a atividade não for concluída, combinarei com os alunos para que o façam em casa. Acredito que são responsáveis o suficiente para reunirem-se em grupos em casa e na próxima aula entregar finalizado com muito cuidado. Quero aproveitar o final do período para entregar-lhes os diários sugerindo-os que registrem em casa suas impressões e sensações ao realizar a atividade e o que pensam sobre o conteúdo.

Realizado:

Iniciei a aula organizando a turma em grupos para que concluíssem a obra tridimensional já iniciada anteriormente. Pedi que se agilizassem na busca por materiais e que não perdessem tempo com conversas laterais, já que estavam mais preocupados em estudar para a recuperação que teriam em outra disciplina, aliás, este tipo de preocupação já havia percebido em outras aulas e não posso negar que acaba atrapalhando o andamento das atividades, pois alguns alunos acabam detendo a atenção no conteúdo que vai cair na prova e esquecem a proposta de trabalho. Durante a realização da atividade, circulei entre os grupos para combinar com alguns alunos, que ainda não haviam me entregado os desenhos, a entrega para que eu possa fechar as notas, já que o trimestre está encerrando. Combinado isto, comecei a observar o andamento das obras e pude perceber o empenho de um grupo de alunos que levou os cones, que serão as bases do cenário, para casa e pintou com um compressor, a pintura ficou muito boa apresentando as cores vermelho e branco, cuja textura ficou evidente. Esses cones foram colados pelos alunos com cola-quente em uma base de papel tríplex, para a cobertura usaram tecido vermelho.


Trabalhos dos alunos: Uéslei, Samuel, Richard, Tiago e Nathan (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalhos dos alunos: Uéslei, Samuel, Richard, Tiago e Nathan (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalhos dos alunos Uéslei, Samuel, Richard, Tiago e Nathan (Fonte: Leonhardt, 2011)


Outro fato que me chamou a atenção neste mesmo grupo foi que quando a aula estava próxima do fim, combinei com a turma que deveriam terminar em casa, foi quando os alunos que já haviam terminado a base decidiram acelerar o processo de criação dos personagens. Só que o curioso foi a solução que encontraram, com os cones que sobraram construíram os personagens enrolando-os literalmente com diferentes tecidos e colando na extremidade superior rostos recortados de revistas. Tentei insistir para que se esforçassem um pouquinho mais com os personagens, elaborando-os com mais detalhes, mas mesmo assim decidiram dar por concluída a tarefa. Sei que preciso valorizar a criatividade que tiveram na construção do cenário e não me deter somente no que inicialmente destaquei como principal no trabalho, os personagens. A princípio as características do Período Barroco deveriam ser refletidas nas roupas, mas pensando sobre isto percebi que podemos identificar a época através dos objetos e da cena e isto, é o que este grupo tentou representar. Um segundo grupo trouxe o trabalho finalizado, mesmo eu não tendo pedido. Ficou uma construção muito boa, pois foi feita através de papelão e na frente as alunas se preocuparam em colocar uma cortina em tecido vermelho, quiseram na verdade (segundo elas mesmas) representar um teatro lírico.

Trabalho das alunas: Francine, Janice e Joana (Fonte: Leonhardt, 2011)


Trabalhos das alunas: Francine, Janice e Joana (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Francine, Janice e Joana (Fonte: Leonhardt, 2011)

Os dois personagens foram construídos tendo como base bonecas e suas roupas foram criadas representando uma vestimenta real. Vários detalhes estão presentes no vestuário do rei e da rainha, entre eles o cetro que foi construído com um palito e a ponta com colaquente. A representação dos diferentes planos, podemos perceber através de dois aspectos, no primeiro plano podemos considerar os personagens que se encontram sentados e no segundo plano o fundo que foi todo trabalhado com lápis de cor. Fiquei muito satisfeita com o interesse em terminar o trabalho por parte das alunas, pois devemos reconhecer quando há dedicação nas tarefas e comprometimento.


Os demais grupos estão em processo de construção, sendo que alguns possuem maior preocupação nos personagens e na própria caracterização da moda Barroca através das cores, volume e das formas que estão dando às roupas. Há outro grupo que procurou produzir os personagens com materiais distintos e obteve um resultado muito legal. Digo isto pelo fato de não se deterem em suportes mais firmes como os outros e sim somente em folhas de desenho. A confecção, pelo que pude acompanhar, está com aspectos Barrocos muito presentes, entre os quais as cores e as formas, já que volume fica difícil em se tratando de elementos chapados.

Trabalho das alunas: Amanda, Daniele, Jaqueline e Natascha (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Amanda, Daniele, Jaqueline e Natascha (Fonte: Leonhardt, 2011)


Os alunos procuram corresponder às expectativas em relação aos aspectos mais importantes do Período através dos materiais disponíveis. Entretanto, somente alguns aspectos podem ser percebidos nos trabalhos. Podemos identificar traços semelhantes a ideias préestabelecidas que decorrem há muitos anos desde a infância, misturando-se ao conteúdo absorvido. Na maioria das formas elaboradas, percebe-se a figura estereotipada dos contos de fada, vestidos semelhantes aos que as princesas exibem nos desenhos. É claro que a intenção de aproximar-se do assunto estudado é evidente, mas é preciso atenção aos detalhes que compõem a cena para que as diferenças fiquem visíveis.

Aprender em arte implica desafios, pois a cultura e a subjetividade de cada aprendiz alimentam as produções, e a marca individual é aspecto constitutivo dos trabalhos. O aluno precisa sentir que as expectativas e as representações dos professores a seu respeito são positivas, ou seja, seu desenvolvimento em arte requer confiança e representações favoráveis sobre o contexto de aprendizagem (IAVELBERG, 2003, p. 11).

Conseguimos destacar pontos significativos em relação à construção na caminhada dos alunos, aplicação de rendas nos punhos e golas, mangas longas em alguns vestidos, tecidos de cores escuras, formas volumosas nas roupas, em geral. Combinei no final da aula que deveriam se reunir em casa para finalizar a produção e que deveriam me trazer na próxima aula. Também fiz a entrega dos diários para que levassem para casa e registrassem toda a experiência vivida. Ao final da aula, uma aluna me mostrou o poema que começou a escrever em seu diário, de sua própria autoria, muito legal e criativo. Com a entrega dos trabalhos na próxima aula, seguiremos o conteúdo que será em torno do Surrealismo.


3.3.9. Aula 09: A moda a partir do olhar da Arte Data: 09 de junho de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: Moda Barroca e sua influência na atualidade, Surrealismo, trabalhos de Salvador Dalí com a estilista Elsa Schiaparelli.

Lista das atividades:  Conversar com a turma sobre os trabalhos realizados, observando-os e analisando-os.  Relacionar a moda barroca com a moda atual, destacando os traços semelhantes.  Utilizando o mesmo olhar sobre a moda, conhecer o Surrealismo e o trabalho de um dos principais artistas do Período, Salvador Dali, com a estilista Elsa Schiaparelli.

Objetivos:  Refletir e conversar sobre as produções realizadas nas aulas anteriores;  Analisar as influências dos Períodos Barroco e Surrealista na moda Contemporânea;  Conhecer e analisar os trabalhos do artista Surrealista Salvador Dalí e da estilista Elsa Schiaparelli.

Avaliação:

Observar a análise que os alunos farão sobre o trabalho realizado, se realmente destacarão os elementos fundamentais do conteúdo relacionando com sua construção. Perceber a participação dos mesmos ao apreciar as imagens dos trabalhos surrealistas e as contribuições feitas em encontro com o conhecimento que já possuem.


Iniciaremos a aula colocando os trabalhos em destaque no centro da sala, convidarei os alunos a observarem um por vez, listando os aspectos sobre o conteúdo estudado e que estão presentes nos trabalhos. Ou seja, cada aluno será convidado o mostrar de que maneira procuraram representar a Moda Barroca, como resolveram a questão do volume, da textura, das cores, luz e sombra. Outra questão que discutiremos será se os alunos conseguirão transmitir a sensação de profundidade e de diferentes planos na mesma cena. Depois de relembrarmos os elementos mais importantes da Moda Barroca, convidarei os alunos a refletirem sobre os traços semelhantes deste Período com a moda Contemporânea, que aspectos podemos destacar na atualidade que nos remetem àquela época. Aproveitando este raciocínio, conversarei com a turma sobre outro Período que tem uma relação muito forte com a moda, o Surrealismo. Destacarei alguns pontos importantes do Período Surrealista, mostrando algumas lâminas que conterão imagens dos trabalhos de Salvador Dalí e também os que ele realizou com a ajuda da estilista Elsa Schiaparelli.

Chapéu em forma de sapato Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)


Burning Giraffe Salvador DalĂ­ (http://wwwsalvadordali.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

Casaco Mesa Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)


Vestido Rasgo-ilus達o Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)

Vestido com desenho de lagosta Elsa Schiaparelli (http://www.portalsaofrancisco.com.br Acesso em: 07 jun. 2011)


Estas lâminas serão mostradas no retroprojetor, procurarei explicar aos alunos um pouco sobre o Surrealismo à medida que mostrarei cada imagem. A turma será convidada a observar e relatar os elementos presentes nas obras que chamarem a atenção. Procurarei relacionar o trabalho de Dalí e Schiaparelli com a moda na atualidade, conversaremos sobre as influências sofridas deste e de outros Períodos.

Realizado:

Iniciei a aula pedindo aos alunos que colocassem no centro da sala os trabalhos terminados em casa. A turma organizou algumas mesas que foram usadas para a apreciação das obras.

Trabalho das alunas: Estefani, Juliana, Ana Paula, Vanessa e Fernanda (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Francini, Janice e Joana (Fonte: Leonhardt, 2011)


Trabalho dos alunos: Richard, Uéslei, Nathan, Tiago e Samuel (Fonte: Leonhardt, 2011)

Pedi aos alunos que por alguns instantes observassem os trabalhos, depois conduzi uma conversa visando à reflexão sobre elementos fundamentais nestas construções. Primeiro pedi que identificassem quais as características que estavam visualizando correspondentes ao Período estudado. Fizemos esta reflexão em todos os trabalhos, um por vez, tentando relacionar a moda Barroca e as representações que os alunos fizeram. A turma contribuiu com alguns comentários, principalmente cada grupo que produziu a obra. Este momento foi de grande importância para a concretização da atividade realizada, pois segundo a autora Mirian Celeste Martins (1998) “é importante criar momentos para a avaliação, como forma de retomar o que acabamos de fazer. Através deles, conversaremos sobre o que aprendemos, analisando o que foi ou não significativo, sintetizando a nossa apropriação do conhecimento”. Chamei a atenção para as cores que foram usadas nas roupas através dos tecidos e lápis de cor. Os alunos lembraram da preocupação que tiveram com as cores escuras e fortes, assim como com o uso das estampas, pois não sabiam se podiam utilizar ou não. A turma reforçou a presença de formas volumosas, um dos alunos explicou que para chegar a este efeito seu grupo precisou produzir algumas camadas de papel para depois aplicar o tecido em cima. Conversei com eles sobre como podemos trabalhar com diferentes materiais e mesmo assim conseguir efeitos semelhantes, como exemplo usei dois trabalhos. O primeiro do grupo dos alunos que reproduziram os personagens com cones e garrafas pet, para isto


ainda precisaram de tecidos e papéis para dar volume, os personagens ficaram com formas que lembram vestidos de época.

Trabalho dos alunos: William e Lucas (Fonte: Leonhardt, 2011)

O segundo grupo utilizou o papel como base para todo o trabalho, os personagens foram desenhados em folhas de desenhos a cobertos com diferentes tecidos o que produziu texturas variadas. Na disposição dos mesmos, as alunas colaram uma espécie de suporte embaixo sustentando-os em pé, o que pôde destacar as formas obtidas.

Trabalho das alunas: Amanda, Jaqueline, Natascha e Daniela (Fonte: Leonhardt, 2011)

Os alunos procuraram representar, utilizando diferentes materiais, a moda característica no Barroco, mas é preciso observar alguns pontos muito importantes, entre eles: as formas com volume estão presentes nas roupas, mas diferencia em relação às imagens que


observamos e se aproxima dos personagens infantis que visualizamos em filmes e desenhos. Em alguns grupos, houve uma aproximação maior como período na construção dos alunos, mas na maioria dos casos o que podemos perceber é que as formas construídas não possuem as características necessárias para serem classificadas como moda Barroca. Em seguida, cada grupo falou sobre a maneira que escolheram para dispor os personagens, visando proporcionar diferentes planos e profundidade. O grupo que produziu a obra com base no papel colocou as pessoas (segundo elas) dispostas de forma a preencher todo o espaço do cenário, uns mais na frente e outros atrás. Na verdade a impressão que temos ao olhar e ouvir a fala das alunas, é que estão posando para uma pintura, pois fizeram uma referência ao quadro “As Meninas” de Velásquez, cuja parede ao fundo foi desenhada com dois quadros retratando figuras da realeza, assim como na obra.

Trabalho das alunas: Amanda, Jaqueline, Natascha e Daniela (Fonte: Leonhardt, 2011)

As meninas do segundo grupo explicaram que o desenho do cenário possuía uma estrada extensa que começava mais larga e ia afunilando porque queriam transmitir distanciamento, ou seja, os personagens colocados mais na frente deveriam ficar distanciados dos inseridos ao fundo e esta foi a solução encontrada.


Trabalho das alunas: Estefani, Juliana, Ana Paula, Vanessa e Fernanda (Fonte: Leonhardt, 2011)

Um terceiro grupo, formado por quatro meninas, disse-nos que talvez não houvessem conseguido chegar à ideia de profundidade, mas que tinham dividido em dois planos, um no espaço ocupado pelos dois personagens e outro ao fundo cujas paredes trabalharam em lápis de cor.

Trabalho das alunas: Francine, Janice e Joana (Fonte: Leonhardt, 2011)

Disse-lhes que muitas vezes encontramos cenas em que podemos diferenciar os planos através do distanciamento dos objetos ou pessoas, o que acaba ao mesmo tempo transmitindo sensação de profundidade. Mas, existem situações em que os planos estão definidos de maneira diferenciada e precisamos mover o olhar para vários locais ao mesmo tempo, como exemplo lembrei-lhes da obra de Rembrandt, “A Ronda Noturna”. Mostrei a imagem apontando para diferentes “grupos de pessoas” que compunham a mesma obra, as


pessoas em destaque estão no centro sob uma luz e nas laterais formam-se mais alguns grupos. Depois de comentarmos sobre os trabalhos, pedi aos alunos que organizassem a sala e sentassem em seus lugares. Queria dar continuidade ao pensamento sobre a moda Barroca fazendo uma relação com a atualidade. Perguntei a eles que elementos podemos encontrar nas roupas que usamos ou que vemos nas ruas hoje em dia que lembram o Período Barroco. Os alunos citaram alguns exemplos: os vestidos longos, a aplicação de renda em algumas peças, as cores escuras e fortes. Seguindo esta linha de pensamento, conversei com os alunos que a moda também sofreu influência de outro Período muito importante, o Surrealismo. Destaquei um artista que inspirou e auxiliou uma grande estilista italiana, Salvador Dalí. Mostrei algumas lâminas que continham imagens de trabalhos que Elsa Schiaparelli criou a partir dos trabalhos de Dalí e outros com a ajuda dele. Para que conseguisse mostrar as lâminas aos alunos, passei por uma verdadeira maratona, pois havia reservado um retroprojetor com antecedência e o que me foi disponibilizado acabou dando problema ao iniciar. Não tinha uma boa visibilidade e começou a esquentar muito, assim a professora titular se disponibilizou em trocá-lo e enquanto aguardávamos pelo novo entrou uma moça para fazer divulgação de um curso de informática. Isso tomou mais alguns minutos da aula que já estava próxima do fim. Com a troca do aparelho e a saída da moça, retomamos a observação das lâminas. Pedi aos alunos que fossem tecendo comentários a respeito das imagens que estavam sendo mostradas. Muitos participaram com contribuições muito importantes como: “Esta obra dos relógios nós já conhecíamos, inclusive temos ela pendurada aqui em nosso corredor”; “ É um corpo cheio de gavetas, parece ser muito útil”; “O casaco é mais senhora, mais certinho”; “Essa mulher junto com as outras, parece segurar um véu longo”; “ Olha! Parece o estilo da Lady Gaga”. Depois destes comentários perguntei aos alunos como eles classificariam ou explicariam o que seria o Surrealismo, baseando-se nos trabalhos que viram. Expliquei um pouco sobre a construção de cada peça, que relação havia nos pensamentos de Salvador Dali e os de Elsa Schiaparelli. Uma aluna me disse que tinha a impressão que os trabalhos dos artistas deste Período eram baseados em sonhos, que não eram reais. Outro aluno me disse que os objetos perdiam a sua verdadeira função. Achei muito bom este comentário, pois ele (ao observar as imagens) conseguiu perceber uma das


principais características que definem o modo de trabalhar no Surrealismo. Aproveitei para explicar que dois aspectos são muito importantes quando pensamos em Surrealismo, o primeiro como a aluna já havia falado é que o trabalho parte do irreal através de sonhos e imaginação. O segundo é que o objeto representado perde a sua função original e passa a ser observado de outra maneira fora de seu contexto. Os alunos estranharam esta maneira de ver os elementos, mas acharam original este pensamento. Reforcei ainda que na moda atual existe indícios deste pensamento, usei como exemplo as roupas que usamos com rasgos, assim como o vestido Rasgo-ilusão de Elsa Schiaparelli nossos jeans e outras peças são usados com rasgos são inspirados em aspectos do pensamento Surrealista, a questão do irreal e da imaginação. Terminamos a aula combinando que na próxima iremos trabalhar desenvolvendo a imaginação e olhando para o irreal, cada aluno deve refletir sobre o que viu e ouviu procurando selecionar algo em seus sonhos ou em sua imaginação para que possamos desenvolver a próxima atividade.


3.3.10. Aula 10: Fazendo moda através do Surreal Data: 16 de junho de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: a moda e sua relação com o Surrealismo, trabalhos da estilista Elsa Schiaparelli e o artista Salvador Dalí, bidimensional (desenho).

Lista das atividades:  Relembrar as características do Surrealismo;  Observar as imagens dos trabalhos da estilista Elsa Schiaparelli e do artista Salvador Dalí;  Desenvolver um desenho com o tema central moda, observando as características surrealistas.

Objetivos:  Observar as imagens da moda Surrealista e conversar sobre os aspectos presentes nelas;  Relembrar as principais características do Período, procurando inseri-las no trabalho bidimensional através de um desenho.

Metodologia: aula expositiva, observação de imagens e reflexão sobre o trabalho do artista Salvador Dali e da estilista Elsa Schiaparelli.

Materiais e recursos a serem utilizados: imagens de obras Surrealistas e de trabalhos de moda com um olhar Surreal.


Avaliação:

Observar os apontamentos que os alunos farão em relação aos trabalhos de Elsa Schiaparelli e de Salvador Dalí quanto aos aspectos que destacarão. Perceber como os alunos demonstrarão, através do desenho, pontos relevantes do assunto estudado.

Iniciarei a aula revisando com os alunos palavras que definem o Período Surrealista, escreverei no quadro e conversarei sobre o significado de cada uma. Em seguida, mostrarei aos alunos novamente as imagens dos trabalhos de Elsa Schiaparelli e de Salvador Dalí. Pedirei aos alunos que apontem pontos que chamam a atenção deles e que relação eles tem com as principais características do Surrealismo. Depois de refletirmos sobre o Período e os trabalhos realizados, pedirei aos alunos que, através do bidimensional, desenvolvam uma ideia sobre moda cujos principais aspectos Surrealistas apareçam, entre eles: o desenho deve partir de um sonho que tiveram ou até de um pensamento com fundo irreal. Também é importante lembrar que o objeto deverá perder sua função original. O desenho será desenvolvido individualmente e produzido em folha A4.

Realizado:

Iniciei a aula convidando os alunos a repassar algumas palavras que descrevem o Surrealismo. Escrevi no quadro o que os alunos iam me dizendo: “Salvador Dalí”; “os relógios moles”; “estilista”; “surge do pensamento ou da imaginação”; “é irreal”; “o objeto não tem a mesma função”. Conversamos um pouco sobre cada item apontado pelos alunos, sobre Salvador Dalí mostrei novamente aos alunos a imagem A Persistência da Memória, uma expressiva referência em relação ao trabalho do artista, já que os alunos a visualizam toda vez que estão no corredor do bloco que estudam. Depois mostrei as imagens dos objetos que Elsa Schiaparelli criou com Dalí, conversamos sobre como foram feitos e de que maneira deveriam ser usados, já que todos perderam sua função original. Um aluno ressaltou que não entendia como alguém poderia usar um sapato na cabeça, que no dia-a-dia não vemos este tipo de coisa. Uma aluna discordou dizendo que na


atualidade muitas personalidades usam objetos desta espécie, como exemplo a Lady Gaga e seu estilo muito próprio de se vestir. Neste momento aproveitei para ressaltar que o modo de ver os objetos do Surrealismo está presente em vários elementos na moda, principalmente o que é divulgado nas passarelas. Os alunos também lembraram que algumas aplicações nas nossas roupas têm relação muito grande com estas ideias, alguns desenhos e imagens. Após esta conversa, convidei os alunos a desenvolverem um desenho pensando no tema moda, mas lembrei que deveriam levar em consideração os aspectos Surrealistas. O desenho deveria ser desenvolvido em folha A4 e os materiais utilizados poderiam ser lápis de cor ou giz de cera. O importante é chegar ao principal, que os alunos possam desenvolver de maneira livre e explorando o seu interior, considerando fundamental que a imaginação seja trabalhada e que a usem como fio condutor do trabalho.

Muitas vezes o aprendiz ainda não viveu situações positivas de aprendizagem em arte, e talvez tenha dificuldades em explorar e comunicar ideias de pensamentos/sentimentos, pode ter aprendido apenas a seguir a lição de outros. Silenciado de seu próprio pensar/sentir, repetidor do pensamento de outro, esse aprendiz terá de ser envolvido na rede da linguagem da arte por outros caminhos. É preciso abrir espaço para que possa desvelar o que pensa, sente e sabe, ampliando sua percepção para uma compreensão de mundo mais rica e significativa. Desvelar/ampliar e propor desafios estéticos são como poção mágica, pó de pirlimpimpim, na possível experimentação lúdica e cognitiva, sensível e afetiva do poetizar, do fruir e do conhecer arte (MARTINS, 1998, p.130).

Assim, como ressaltou a autora, é extremamente importante oferecer diferentes caminhos para que o aluno desenvolva de forma criativa suas atividades. Trabalhar o pensamento e o inconsciente ajuda na criatividade, portanto espero que os alunos possam fazer bom uso de seus pensamentos ou sonhos e consigam criar desenhos com características Surrealistas. Como nos envolvemos durante a conversa, o período chegou ao fim e ficou combinado que terminariam o desenho em casa. Ressaltei que teriam quatorze dias para fazêlo, já que na próxima aula seria feriado. Disse-lhes que não poderiam deixar o trabalho em casa em hipótese alguma, pois este seria a base para um novo trabalho.


3.3.11. Aula 11: Fazendo moda através do Surreal Data: 30 de junho de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: a moda e sua relação com o Surrealismo, bidimensional (desenho projetado em tamanho maior).

Lista das atividades:  Desenvolver em grupos, partindo de elementos dos desenhos anteriores, uma nova produção em tamanho maior (folha A1).

Objetivos:  Desenvolver um desenho que contemple características do Período Surrealista;  Utilizar elementos dos primeiros desenhos, misturando-os, passando para lâminas que serão projetadas para uma folha A4.

Metodologia: aula prática.

Materiais e recursos a serem utilizados: lâminas, lápis 6B, folhas A1, retroprojetor.

Avaliação:

Perceber como os alunos resolverão o desafio proposto, inserindo diferentes elementos que haviam realizado anteriormente para que possam produzir um desenho que apresenta as principais ideias do período Surrealista, ou seja, que o objeto altera sua função original e que sua criação deverá surgir baseando-se em um sonho ou na imaginação. Assim como de que forma se organizarão para trabalhar com as lâminas e após com o retroprojetor, reproduzindo em tamanho maior a imagem.


Iniciarei a aula pedindo aos alunos que se organizem em grupos de três alunos para que possam trocar ideias sobre os trabalhos. Para isso deverão observar seu desenho e os desenhos dos colegas. Depois de conversarem sobre o que compõem cada imagem e como irão proceder para que selecionem os elementos que serão combinados para a próxima produção. Organizarei a turma nos grupos e depois combinarei algumas regras com eles para que possamos desenvolver o trabalho tranquilamente sem perda de tempo. Deixarei claro que será preciso ter calma, pois só temos um retroprojetor e deverão respeitar a vez dos colegas. Procurarei organizar da seguinte forma, enquanto um grupo projetará sua lâmina na folha A1, outro grupo já irá selecionando seus elementos e passando para a lâmina. O primeiro grupo que estiver pronto com o retroprojetor poderá iniciar a pintura de sua composição em cima de suas classes, cedendo seu lugar para um novo grupo que projetará. Pedirei que da melhor maneira possível, possam concluir pelo menos a projeção, sendo que a pintura poderá ser finalizada na próxima aula.

Realizado:

Iniciei a aula pedindo aos alunos quem havia concluído seu desenho, para a minha surpresa apenas uma minoria levantou a mão. Então disse a eles que estava decepcionada, pois tinha deixado muito claro que seria extremamente necessário o desenho para prosseguir em uma nova atividade, ressaltei ainda que tiveram quatorze dias para finalizar já que na semana anterior era feriado. Diante desta realidade, organizei a turma da seguinte forma: aqueles poucos alunos que trouxeram o desenho pronto foram formando seus grupos (conseguimos formar dois grupos) e aqueles que precisavam terminar seu desenho, pedi que o fizessem nesta aula. Enquanto terminavam, auxiliei as meninas que começaram a selecionar seus elementos para passar para a lâmina. Elas queriam saber se havia algum critério para a seleção, eu disse que deveriam observar seu trabalho e o de seus colegas para que escolhessem partes que, juntas, formassem uma nova ideia vindo ao encontro do pensamento Surrealista.


Trabalho das alunas: Daniela, Juliana e Natascha (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Daniela, Juliana e Natascha (Fonte: Leonhardt, 2011)

Este grupo selecionou seus elementos de maneira a encaixar uma parte na outra, buscando harmonia no desenho. Para finalizar, adicionaram alguns detalhes que nos primeiros desenhos não apreciam, como por exemplo, o rosto que passou a ser formado por frutas. Uma das alunas desenvolveu uma espécie de “vestido flor” que se tornou a base para a nova composição.


Trabalho da aluna Juliana (Fonte: Leonhardt, 2011)

Um segundo grupo que iniciou a aluna com o desenho pronto logo se organizou e em pouco tempo já haviam passado para a lâmina. Assim liguei o retroprojetor a auxiliei as meninas para que passassem para a folha A1, enquanto eu centralizava a lâmina, uma das meninas segurava a folha e a segunda passava o lápis. Lembrei-as que deveriam riscar somente os principais traços e que os detalhes poderiam terminar depois em cima das classes.

Trabalho das alunas: Sara e Alexandra (Fonte: Leonhardt, 2011)


Trabalho das alunas: Sara e Alexandra (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Sara e Alexandra (Fonte: Leonhardt, 2011)

Primeiramente tinham a preocupação de conseguir colocar todos os elementos dentro da folha, já que haviam copiado muito separados um do outro e na hora de projetar não conseguiam visualizar todos. Disse-lhes que teriam duas alternativas: a primeira era que poderiam virar a folha de maneira que os elementos fossem se enquadrando e a segunda seria agrupar mais os elementos até mesmo fazendo uma sobreposição ou uma ligação entre ambos, optaram por virar a folha até que copiassem todos. As meninas iniciaram a pintura do desenho na aula, mas comprometeram-se em finalizar em casa. Enquanto as meninas começavam a colorir e os demais alunos terminavam seus desenhos, aproveitei para observar e acompanhar o modo como se organizavam em relação ao


material e ao que havia sido proposto. Como a maioria não estava pronta para iniciar a nova atividade, resolvi me deter na singularidade de cada trabalho, avaliando o que cada aluno procurou transmitir e se realmente estava de acordo com a ideia inicial. Acredito ser fundamental para o desenvolvimento do aluno a criação de momentos como este (desenvolvimento de um desenho sobre moda que contemplava as duas principais características do Surrealismo: partir do pensamento ou da imaginação e trocar a função original do objeto) em que ele produz a partir do seu pensamento, da sua criatividade e de maneira singular. É importante que o educando possa fazer uma caminhada independente, assim ele enriquecerá sua própria aprendizagem, pois segundo MARTINS (1998, p.59) “no ensino e aprendizagem de arte o professor deverá possibilitar a cada um de seus aprendizes o fazer artístico como marca e poética pessoal, pois trabalhos iguais não apresentam formas expressivas, mas tão-somente “fôrmas” repetitivas sem significado para quem as fez”. Os alunos apenas iniciaram o desenho, então não pude formar uma ideia de como eles resolveram o que havia sido proposto. É difícil quando o que foi combinado anteriormente não é cumprido, pois o processo avaliativo não transcorre como o esperado. Pude perceber, através dos comentários dos alunos, que estão surgindo algumas ideias bem diferenciadas, como por exemplo: uma aluna recortou de uma revista uma garrafa de cerveja e me disse que gostaria de aproveitar a forma do objeto como base para o trabalho, mas não sabia como dar continuidade. Disse-lhe que poderia pensar em uma forma de transformar o que o objeto procura transmitir para o público (ingestão de álcool) em algo que venha contra esta ideia procurando dar um sentido de conscientização. Depois de alguns minutos, ela me disse que iria desenvolver um sapato para transmitir segurança, pés no chão e sustentação, atitudes contrárias ao álcool. Achei muito boa a ideia da aluna e disse-lhe que estava conseguindo aplicar um dos principais pensamentos do Surrealismo, que o objeto perde sua função original e passa a ser usado de uma maneira diferente. A aula chegou ao fim e combinei com a turma que deveriam trazer, sem a hipótese de esquecer, seus desenhos na próxima, pois é a última aula do estágio e gostaria muito de finalizar esta atividade.


3.3.12. Aula 12: Fazendo moda através do Surreal Data: 07 de julho de 2011. Horário: 9h10min às 10h

Duração: 50 minutos

Conteúdos da aula: a moda e sua relação com o Surrealismo, bidimensional (desenho projetado em tamanho maior).

Lista das atividades:  Desenvolver em grupos, partindo de elementos dos desenhos anteriores, uma nova produção em tamanho maior (folha A1).

Objetivos:  Desenvolver um desenho que contemple características do Período Surrealista;  Utilizar elementos dos primeiros desenhos, misturando-os, passando para lâminas que serão projetadas para uma folha A4.

Metodologia: aula prática.

Materiais e recursos utilizados: lâminas, retroprojetor, folhas A1 e lápis 6B.

Avaliação:

Perceber como os alunos resolverão o desafio proposto, inserindo diferentes elementos que haviam realizado anteriormente para que possam produzir um desenho que apresenta os principais aspectos do Período. Assim como de que forma se organizarão para trabalhar com as lâminas e após com o retroprojetor, reproduzindo em tamanho maior a imagem.


Iniciar a aula organizando a turma em grupos, os alunos deverão distribuir em cima das classes seus desenhos desenvolvidos na aula anterior, o qual tinha como finalidade representar a moda de acordo com a visão e as características do Período Surrealista. Lembrarei aos alunos que as características fundamentais nas obras Surrealistas eram: surge a partir da imaginação ou do pensamento, sendo algo irreal e que perde a sua função original. Os alunos compartilharão seus desenhos e combinarão que elementos serão extraídos de cada um para que juntos, em um novo desenho, possam formar uma nova imagem. Esta imagem será transmitida para uma lâmina cuja será projetada ampliando o tamanho, os alunos deverão copiar os principais traços com lápis 6B e após colorir.

Realizado:

Iniciei a aula propondo a turma que se organizassem em grupos e espalhassem seus desenhos em cima da mesa. Em seguida, pedi que conversassem sobre as características de cada trabalho e que combinassem que elementos iriam escolher para que, juntos, formassem uma nova imagem. O primeiro grupo distribui seus desenhos e logo começou a passar para a lâmina.

Trabalhos dos alunos Juliana, Daniela e William (Fonte: Leonhardt, 2011)


Os alunos desenvolveram um vestido partindo da ideia principal que era a flor como base, acrescentaram alguns elementos como frutas no rosto e calculadora no tronco. Segundo elas, a calculadora perdeu sua função e as frutas também, assim como um vestido com forma de flor pode ser considerado irreal, segundo o que estudamos sobre o período Surrealista. Durante a aula procurei circular pelos grupos e reforçar a importância de valorizar cada elemento construído por eles, disse-lhes que todos somos merecedores de respeito e com isso devemos valorizar o que fazemos, assim como o que o colega faz.

O respeito pelo próprio trabalho e pelo dos outros, a organização do espaço, o espírito curioso de investigar possibilidades, a paciência para tentar várias vezes antes de alcançar resultado, o respeito pelas diferenças entre as habilidades de cada aluno, o saber escutar o que os outros dizem numa discussão, a capacidade de concentração para a realização dos trabalhos são atitudes necessárias para a criação a apreciação artísticas (PCN ARTE, 1997, p.113).

O segundo grupo, no qual pude observar melhor a realização do trabalho, criou uma vestimenta muito interessante.

Trabalhos das alunas Jaquelina, Natascha e Amanda (Fonte: Leonhardt, 2011)

A partir de um vestido que representava dinheiro e cédulas, as alunas desenvolveram uma outra vestimenta inserindo outros elementos como uma árvore na cabeça, uma base de outro vestido ao contrário e pés que lembram sapatos de palhaço.


O grupo mesclou vários elementos que resultaram em um modelo totalmente diferenciado que lembra muito o estilo Surrealista. A turma não conseguiu concluir os trabalhos e ficou combinado que entregarão em uma aula extra, além dos doze encontros, que será destinada a reflexão de todos os trabalhos realizados durante a minha prática de Estágio.


3.4. Considerações após a prática de ensino: Como um grupo de alunas, que desenvolveu um trabalho da moda Barroca todo em cima de costura, não conseguiu terminar a tempo de entregar, as imagens ficaram para serem inseridas somente após a conclusão do Estágio.

Trabalho das alunas: Sara, Alexandra, Diana e Josiane (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Sara, Alexandra, Diana e Josiane (Fonte: Leonhardt, 2011)

Trabalho das alunas: Sara, Alexandra, Diana e Josiane (Fonte: Leonhardt, 2011)


Podemos perceber como as alunas se preocuparam em detalhar as aplicações em rendas e topes, assim como descrever as roupas através do recorte e da costura. Apresentaram vestimentas com mangas compridas na altura dos punhos, o vestido se estende até os pés e as cores nos tecidos são as que predominaram no período Barroco, escuras. Podemos ver, na primeira figura, o cuidado no uso de pedras e fitas, o que reflete o conteúdo estudado anteriormente nas aulas. Realmente esta produção se aproxima mais das características Barrocas. Além deste trabalho, é necessário considerar a entrega dos últimos que estavam sendo concluídos no final dos Estágios II e III. Eu havia mencionando uma aula extra para a entrega dos trabalhos, mas esta não foi necessária, pois como sou funcionária desta mesma escola os alunos me entregaram os trabalhos no decorrer da semana. Seguem abaixo alguns dos trabalhos:

Trabalho das alunas Francine, Joana e Janice (Fonte: Leonhardt, 2011)

Este trabalho reúne elementos muito diferentes das outras produções. Para desenvolver este desenho, segundo as alunas, procurou-se a junção de formas reais como a base do vestido e as pernas e figuras como o coração e pétalas de flores para transmitir a sensação de irreal. Penso que esta composição segue o jeito inusitado de trabalhar e pensar surrealista, por se tratar de um desenho que deixa de lado a funcionalidade e os padrões considerados reais.


Trabalho das alunas Natascha, Jaqueline, Daniela e Amanda (Fonte: Leonhardt, 2011)

Esta produção reúne parte da realidade que encontramos nos vestuários, ou seja, um vestido com decotes, mas é preciso atentar para o fato de que é composto por camadas de cédulas de dinheiro e pela calça tradicionalmente utilizada por homens e mulheres. Mas, o que determina a ideia surrealista é a inversão que as alunas procuram dar à saia. Com esta solução, elas procuram transmitir a ideia que o objeto pode alterar sua função original, para reforçar isto colocaram uma árvore no lugar de um chapéu.

Trabalho das alunas Alexandra, Sara, Diana e Joseane (Fonte: Leonhardt, 2011)


Neste trabalho, as alunas utilizaram diferentes figuras que inseriram aleatoriamente. É importante lembrar que estes elementos não representam a moda e sim algo que se refere a uma comemoração. Mas, é preciso levar em consideração que a ideia principal do trabalho é alterar as funções de cada objeto, o que se relaciona com o pensamento surrealista. Percebi, ao analisar os trabalhos, que a maior parte da turma conseguiu compreender os principais aspectos do Surrealismo, pois representaram de várias formas como a função dos objetos pode ser alterada e como o uso de algo não funcional pode ser considerado irreal. Considero que esta atividade foi muito produtiva porque, além de abranger um período da história muito instigante e contestador, levou os alunos durante a produção a criarem com mais liberdade seus desenhos e isto proporcionou trabalhos muito interessantes. Acredito que toda a Prática de Ensino foi enriquecedora, pois pudemos trocar ideias e experiências entre ambas as partes, professor e aluno. Os trabalhos ficaram muito bons, demonstrando a atenção e o empenho da turma ao realizar as produções.


Conclusão Através de um olhar reflexivo sobre a minha Prática de Ensino, percebi alguns pontos que considero de grande importância analisar e levar como experiência para o futuro. Entre eles está a participação do aluno ativamente nas aulas, ou seja, o educando precisa ser ouvido e suas contribuições levadas para as atividades futuras. No decorrer dos relatos das aulas realizadas, procurei falar da importância de se associar o assunto estudado com a realidade do aluno. Falei sobre como o professor deveria levar em consideração a realidade e as experiências do mesmo. Na sexta aula usei um pensamento da autora Rosa Iavelberg, que reforçava o que entendia sobre este assunto, segundo Iavelberg (2003, p.99) “o professor, como mediador de obras ou orientador de percursos de criação de alunos em arte, deve saber que a disponibilidade para a aprendizagem está relacionada ao sentido que tem para os aprendizes e ao que já sabem”. Hoje, penso que não basta entender esta importância em buscar trazer para as aulas o que realmente é significativo para os alunos. Percebi somente agora que a minha prática não seguiu de forma coerente este pensamento, pois por várias vezes poderia ter usado contribuições dos alunos para desenvolver o assunto abordado e não o fiz. Esta citação, hoje, me ajuda a perceber como poderia ter conduzido as aulas de maneira diferente. Ter aproveitado mais quando os alunos falavam sobre o que já sabiam sobre o conteúdo. Na primeira aula, demonstrei o meu interesse em desenvolver a atividade partindo da conversa que tive com a turma, pois os alunos falaram sobre moda e mostraram-se interessados em aprender mais em relação a este assunto. No relato deste encontro, aproveitei as palavras das autoras Fusari e Ferraz (1993, p.69) para reforçar o meu pensamento “para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais os seus interesses [dos alunos], vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de vida de seus alunos”. Hoje percebo que, mesmo tendo um embasamento teórico que reforça a importância de trazer para a sala de aula as experiências dos alunos e que isto contribui muito para uma melhor aprendizagem, em vários momentos do meu planejamento não consegui refletir esta ideia e deixei de aproveitar as contribuições dos alunos.


O professor deve respeitar e utilizar o que o aluno traz para a sala de aula, o que ele já sabe sobre o assunto que será trabalho e aproveitar este gancho para explicar aos demais, pois o conhecimento prévio do aluno é de grande valia para a aprendizagem. Esta teoria é muito clara em minha mente, mas tenho grande dificuldade em transpor para a prática. De um modo geral, nas aulas, reforcei a questão do conteúdo, não considerando o que os alunos queriam transmitir ou o que pensavam a respeito do assunto que estávamos trabalhando nas aulas: a moda em diferentes épocas da história. Com isto, muitas vezes deixamos de valorizar o que o aluno tem a oferecer. Acredito que o Projeto de Ensino não tenha contemplado os objetivos previamente elaborados visando uma aprendizagem em relação à moda e à sua evolução na história. A pesquisa procurou refletir como a Arte demonstrou através de diferentes linguagens (desenho, escultura, pintura, fotografia) as modificações que a moda sofreu no decorrer dos anos. Para isto, alguns artistas foram citados e seus trabalhos analisados. Mas, nas aulas, não alcançamos os mesmos resultados, pois nem todas as atividades propostas aos alunos ajudaram a desenvolver um olhar crítico e reflexivo (inicialmente almejado) para entender como os artistas representavam as roupas e seus significados. Portanto, em alguns momentos, o Projeto de Ensino não conseguiu atingir os objetivos relacionados com o tema de pesquisa. A minha preocupação maior era que os alunos entendessem o que estava sendo explicado. Eu procurava de várias maneiras transmitir o conteúdo, mas não utilizava um método tão simples e eficaz que é aproximar o aluno do assunto fazendo comparações com coisas de seu dia-a-dia. Acredito ter me aproximado disto somente nas aulas em que falei do Surrealismo, talvez mais pela ajuda dos alunos que associaram as imagens dos trabalhos de Elsa Schiaparelli e de Salvador Dalí com roupas e produtos da atualidade, principalmente com o estilo da Lady Gaga, cantora muito popular entre os jovens. Este tipo de relação deveria ter sido feita cada vez que introduzia algum assunto, pois tornaria mais fácil a assimilação dos alunos. A escola, assim como a turma, foi muito receptiva. Os alunos, em especial, tiveram uma participação muito importante dentro do trabalho desenvolvido, pois contribuíram com muitas informações e opiniões. Sempre atentos, eles participaram de todas as aulas com dedicação e interesse. Sei que em muitos momentos eles tiveram dificuldade em assimilar o conteúdo que eu queria transmitir, mas mesmo assim atenderam a todas as solicitações.


Esta interação que tive com os alunos, ou seja, esta troca de ideias e experiências (mesmo que em muitos momentos eu devesse ter valorizado mais suas contribuições) me ajudou a crescer profissionalmente, pois precisei aprimorar o meu conhecimento a cada aula para ter um bom diálogo com eles. Por outro lado, enfrentar momentos em que o que havia inicialmente projetado não ocorria como o previsto, me fez buscar novas alternativas e com isto aprimorar a maneira de conduzir a aula. Estes momentos eram caracterizados por ações inesperadas dos alunos, como na quarta aula em que decidiram não mexer no desenho que haviam feito anteriormente, mesmo após eu ter lançado a proposta de acrescentar mais aspectos do Período Barroco. Esta contrariedade me fez mudar de ideia e lançar uma nova tarefa. Em uma primeira avaliação desta aula, considerei um erro ter cedido ao desejo dos alunos, pensei ter conduzido de forma equivocada a atividade. Agora, de forma mais madura, percebo que a minha atitude foi coerente para o momento, pois de nada adiantaria contrariá-los e impor-lhes um exercício que não tinha nenhum significado para eles. Estas decisões e atitudes em adaptar ou improvisar o planejado mediante situações que ocorreram na sala de aula, enriqueceram o meu aprendizado como educadora. Durante esta reflexão final, compreendi que deveria ter explorado mais “os traços da vivência” deles que encontrei ao longo dos trabalhos. Percebo hoje como seria importante levar em consideração o que os alunos trouxeram para a sala de aula, o que pensavam sobre o assunto, o que já conheciam e principalmente deveria indagá-los sobre o que gostariam de contribuir no processo de desenvolvimento da atividade. Reforço, em meus realizados, que devemos estimular a participação do aluno nas atividades, mas após esta minha caminhada percebo que não é só durante as atividades que devemos estimular os nossos alunos e sim em outras coisas que eles querem nos dizer ou mostrar, mesmo que isto não esteja ligado ao presente trabalho. Valorizar a participação e as contribuições dos alunos a cada momento é fundamental para o bom andamento das aulas. As metodologias usadas para desenvolver as aulas ajudaram bastante. Percebi que os alunos gostaram muito da atividade envolvendo tridimensional, sendo que não eram acostumados a fazer este tipo de trabalho. Os materiais que procurei dispor aos alunos foram os mais variados possíveis, visando sempre a experimentação e o envolvimento com coisas novas. Os recursos utilizados e a forma como a turma foi organizada para as atividades, ou seja, em grupos, facilitou o andamento e contribuiu para a aprendizagem do conteúdo que


estava sendo estudado, pois a interação com os colegas e também com os materiais, ajudaram os alunos a assimilar os aspectos mais importantes do assunto. Para reforçar este pensamento lembro um fato que ocorreu na 8ª aula. Durante a confecção dos personagens que iriam compor a produção tridimensional, as alunas utilizaram o papel como material principal e sobre ele aplicaram diferentes tecidos, mas o que mais me chamou a atenção foram as formas que elas deram aos vestidos com uma lembrança muito forte dos desenhos animados que certamente fizeram ou ainda fazem parte de suas vidas. Os vestidos lembravam os usados pelas princesas nos contos de fada, com isso ficava clara a representação baseada em momentos de suas vivências. Percebo agora, com um pensamento mais amadurecido, que poderia ter explorado esta observação, aproveitado para comparar um período da história com um estilo que perdurou por muitos anos na ficção e que vemos até hoje. Este tipo de comparação enriqueceria muito a aprendizagem e daria uma atenção especial ao que as alunas estavam trazendo para a sala de aula. Esta maneira de observar o que o educando traz para a aula, buscando conciliá-lo com o conteúdo, torna o assunto mais atrativo e fácil de compreender. O professor despertará maior interesse pelas aulas. Pensando nisto vejo que seria mais significativo abrir caminhos para que o educando busque por si só soluções para as questões a ele lançadas. Pois, apropriar-se do conteúdo transmitido pelo professor é diferente de criar situações que propiciem ao aluno o ato de pensar ou articular sobre um assunto. Quando falei sobre o Surrealismo, nas aulas 10, 11 e 12, procurei seguir este pensamento e os alunos tiveram que refletir sobre como representar a ideia Surreal através de seus trabalhos. Consegui, utilizando alguns trabalhos como exemplo, passar a ideia de como trabalhavam com o pensamento Surreal, mas lancei o desafio de uma criação feita pelos alunos que contemplasse a forma de expressar o Surrealismo. Os alunos ficaram livres para desenvolver o trabalho e buscar alternativas diferentes para chegar ao proposto. Os alunos primeiro refletiram sobre o que significava um pensamento Surreal, depois tiveram que buscar formas de representar, em seus trabalhos, esta visão. Um fato muito interessante que ocorreu na 11ª aula foi a atitude de uma aluna em escolher uma imagem que tinha um significado errôneo e querer usá-la em sua produção. Neste momento aproveitei para lançar um desafio, queria que ela refletisse sobre o que realmente queria dizer este objeto em nossas vidas. Disse-lhe que deveria usar a garrafa de bebida alcoólica e transformá-la em algo que vinha em oposição ao significado inicial, com


isto ela estaria utilizando uma das principais características do Período Surrealista que era alterar a função original do objeto, mas acima de tudo refletindo sobre um assunto que serve de alerta à nossa saúde, buscando a conscientização das pessoas. Nesta aula, consegui atingir uma das coisas que deveriam ser primordiais no decorrer das atividades, indicar diferentes caminhos para que o aluno, com uma caminhada independente, possa refletir sobre algo e não somente absorver conteúdos prontos. Vejo, hoje, que esta reflexão sobre o que realmente importa: estimular para pensar ou estimular para aprender o conteúdo é fundamental para que o professor possa planejar suas aulas visando preparar o aluno para um olhar mais crítico sobre determinados assuntos. Entendo que isto faltou em muitos momentos do meu planejamento, pois a minha maior preocupação era que aprendessem o conteúdo que eu estava transmitindo, ao invés de procurar problematizar e deixar que eles próprios descobrissem as respostas ou que optassem por outros caminhos, ou seja, deixar os alunos buscarem alternativas para acrescentar em sua aprendizagem. Faltou esta, digamos, liberdade aos alunos. Percebo agora que compreender um assunto (que era um dos meus objetivos) não é a mesma coisa que apropriar-se dele assim como os alunos acabaram fazendo. Eles ouviam as minhas explicações, contribuíam com suas opiniões em alguns momentos, mas não houve espaços determinados para a reflexão do assunto discutido. Não provoquei dúvidas e eles somente seguiram a linha de raciocínio que introduzi sem caminhar em sentido oposto ao pensamento inicial. Durante a avaliação das produções dos alunos, no que eu mais me detinha era se eles estavam correspondendo ao que havia sido proposto, deixando de considerar o que eles transmitiam e de refletir sobre isto. O meu olhar sempre se direcionou para perceber se cada grupo havia atendido as minhas solicitações e se as características que eu enfatizava apareciam de uma maneira ou de outra nas produções, deixava de considerar o que os alunos conseguiam atingir, mesmo que em partes. Afinal, muitas vezes o que o professor espera não é o mais importante para o aluno, considerando suas ideias ou expectativas. Tenho como exemplo um fato que ocorreu na 8ª aula. Alguns alunos desenvolveram uma produção tridimensional e se empenharam ao máximo nos detalhes do cenário e deixaram para fazer rapidamente os personagens não dando muita atenção para os mesmos. Como eu estava levando muito em conta que eles aplicassem os principais aspectos do Período Barroco nas roupas dos personagens, deixei de indagá-los sobre como fizeram para criar o cenário, que por sinal ficou muito bom. Ao invés disto, abordei-os de uma forma errônea, querendo saber por que não haviam elaborado melhor as roupas.


Olhando para este episódio, agora que tenho um pouco mais de conhecimento, percebo que poderia ter agido muito diferente. Deveria ter levado em conta o fato de que os alunos descuidaram-se ou apressaram-se na produção dos personagens, mas acima de tudo ter valorizado a iniciativa e o cuidado nos detalhes da composição do cenário. Não devemos nos prender somente no que impomos aos nossos alunos para a realização das atividades, é preciso que eles tenham liberdade em criar e desenvolver seus trabalhos de maneira reflexiva e independente. Outro ponto que deve ser refletido para uma prática futura, é o fato de que pensava que os trabalhos deveriam corresponder ao proposto, sem fugir às regras prédeterminadas por mim ao iniciar a atividade. Não pensei que os alunos precisavam entender o sentido de aplicar alguns recursos nas produções. Assim sendo, em vários momentos percebi que, apesar de explicar quais elementos deveriam utilizar, os alunos não compreendiam a necessidade de utilizá-los. Por vezes, dei exemplos para esclarecer a finalidade de cada recurso, mas estes nem sempre eram significativos para a realização das atividades. Por exemplo, nas aulas em que falamos e procuramos desenvolver profundidade ou perspectiva nas obras, alguns aspectos deveriam ser observados pelos alunos como as cores utilizadas, os tamanhos dos elementos e o distanciamento, mas algumas dúvidas surgiram. Penso que poderia ter sido mais interessante para os alunos se eles pudessem estipular que elementos iriam inserir e que soluções iriam encontrar para chegar ao resultado final. Novamente aqui, percebo a importância de traçar caminhos e deixar que eles percorram com total liberdade. Assim, cabe ao professor orientar e dar suporte aos mesmos, pois o papel do professor, acima de tudo, é orientar o seu aluno para que escolha em meio a algumas alternativas listadas por eles como irão proceder durante as atividades, que técnicas e materiais irão usar para chegar ao resultado final. Não basta propor o trabalho. É preciso especificar que maneiras existem de fazê-lo, lembrando sempre que o mais importante é deixar a escolha do mesmo livre. A ideia que eu tinha em relação aos momentos que considerava de avaliação do trabalho realizado era questionável, ou seja, o que eu propunha aos alunos observar no que haviam realizado não era o que realmente importava. Detive-me muito em enfatizar se os aspectos que determinavam cada Período estavam inseridos nas produções e questionava muitos os alunos sobre isto mas, deixava de perceber que muitas vezes eles compreendiam de uma maneira este assunto e não achavam a necessidade de demonstrar da forma como eu havia proposto. Com isto considero que poderia ter direcionado melhor o olhar de cada aluno


para o que realmente era importante, a produção como um todo, a criatividade na representação e a singularidade de cada um. Um olhar correto e mais atento em relação ao trabalho, é o que deveria ter orientado aos meus alunos. Percebo, após algumas leituras, que o verdadeiro sentido em propor um momento de avaliação entre o professor e os educandos, é compartilhar experiências e refletir sobre o que alcançamos e não somente o que deixamos a desejar. Em meus relatos cito as palavras da autora Miriam Celeste Martins (1998) “é importante criar momentos para a avaliação, como forma de retomar o que acabamos de fazer. Através deles, conversaremos sobre o que aprendemos, analisando o que foi ou não significativo, sintetizando a nossa apropriação do conhecimento”. Sempre tive esta teoria muito clara, mas na prática durante os momentos que propus uma análise ou simplesmente uma conversa com os alunos sobre os trabalhos que eles haviam realizado, não consegui conduzir de forma correta o que deveriam observar. Direcionei o olhar dos alunos para aspectos que hoje não considero tão relevantes, pois, ao invés de pedir que falassem do que haviam conquistado ou construído, simplesmente pedi que identificassem se haviam alcançado os aspectos que caracterizam o Barroco. Refletindo sobre isto, percebo que o enfoque que dei aos trabalhos se tornou questionável, ou melhor, não deveria ter me preocupado somente em atingir o que havia estabelecido no início, mas também valorizar o que cada grupo construiu. Na 9ª aula, frisei muito a questão de que os alunos deveriam perceber, durante a avaliação, se haviam inserido alguns aspectos que contemplavam o Período estudado. Ao invés disto, deveria propor um olhar diferente, este sim o que realmente importaria, ao avaliar o processo ou o percurso percorrido por cada um. O modo singular como cada grupo transfere para as obras evidencia que o mais importante na hora de avaliarmos nossa caminhada, é enfatizar os progressos e as inovações que cada um fez, fala-se em inovações considerando os improvisos para chegar a determinados elementos, assim como o não seguimento de todas as regras previamente impostas. Isto deve ser valorizado pelo professor, as iniciativas e a autonomia dos alunos, o que engrandece muito a aprendizagem. Refletindo sobre as considerações acima citadas, hoje de maneira mais amadurecida, percebo que muitos momentos em minha Prática de Ensino poderiam ter sido diferentes, pois sei que algo que dificultou um pouco o andamento das aulas foi a maneira como pensei sobre o meu planejamento. Eu não tinha claro em minha mente o que são realmente os objetivos de um processo de Ensino-Aprendizagem. Para que o professor possa


planejar atividades adequadas para desenvolver o assunto estudado é preciso que ele estabeleça com clareza o que quer atingir com seus alunos, o que espera que os alunos aprendam e construam. Esta ausência de uma noção clara sobre os objetivos também dificultou no momento em que precisava avaliar os trabalhos, pois se não tinha bem definido o que gostaria que os alunos alcançassem, como poderia avaliá-los? Penso que para um bom planejamento o professor precisa listar objetivos claros, ou seja, o que espera alcançar juntamente com a turma através de determinadas atividades. Mas é preciso ter em mente que nem sempre o que se espera irá ser correspondido, os alunos muitas vezes respondem de maneira diferente do que o professor queria. Devemos compreender que durante o andamento de um projeto muitas mudanças poderão ocorrer, os objetivos que são listados no início nem sempre prevalecem. Foi o que ocorreu nas minhas aulas, a ideia inicial era que para finalizar o trabalho com o Surrealismo, iríamos criar uma roupa em conjunto que lembrasse os pensamentos surreais. Mas, como a produção tridimensional se estendeu por muitas aulas (mais do que o esperado), tive que modificar o planejamento e adaptar a atividade, pois o desenho que eles criaram deveria servir para estampar o vestido que iríamos fazer, mas como não daria tempo, então, resolvi mudar e trabalhar com as lâminas para ampliar a criação. Esta modificação feita no planejamento serviu para desenvolver a atenção dos alunos em relação aos cuidados para representar uma imagem em tamanho maior do que trabalham geralmente. Além disso, contribuiu muito com algo extremamente importante para a aprendizagem que é a interação com os colegas, pois foi necessário trocar experiências e observar os detalhes do seu trabalho assim como o dos colegas. Este momento é muito significativo e enriquecedor no aprendizado do assunto estudado porque assim o aluno vivencia momentos em que pode comparar recursos utilizados pelos seus colegas diferentes do que ele utilizou e conversar a respeito disto, o que o levará a aprender ainda mais. Mais uma vez nos deparamos com um acontecimento que serve para refletirmos sobre como proceder em uma prática futura. Muitas vezes precisamos mudar e isto não significa que erramos ou que não alcançamos algum objetivo e sim que estamos aprendendo e aperfeiçoando nosso trabalho. Hoje, de maneira mais reflexiva, percebo que desempenhei um bom trabalho como professora. Sei que em alguns momentos tive dificuldades em transmitir o que realmente almejava construir com os alunos. Procurei instigá-los (agora vejo que poderia ter feito isto muito mais), mas, dentro do possível, proporcionei momentos de avaliação e


reflexão sobre os trabalhos desenvolvidos (assim como já havia mencionado, acredito que o enfoque poderia ter sido diferente) e me dediquei ao máximo para dar atenção a todos, procurando esclarecer as dúvidas que surgiam no decorrer das aulas e auxiliando na produção dos trabalhos quando sentiam dificuldades. Após esta Prática de Ensino, percebo que é muito importante que o professor tenha bem definido os caminhos que deverão ser percorridos, ou seja, para cada assunto que será abordado, devem-se traçar objetivos que conduzam os alunos à aprendizagem realmente consistente. Outro fator muito interessante de ser considerado em uma prática futura é que o interesse dos alunos e o conhecimento que os mesmos trazem para a sala de aula precisam ser valorizados e utilizados como base para o desenvolvimento do trabalho. Algo que defino como fundamental para levar às futuras práticas são pequenas atitudes que tive durante as aulas. A primeira é que usei de maneira muito clara e simples para explicar os conteúdos, ou seja, uma linguagem mais acessível, que em um primeiro momento julguei não ser necessário. Mas, no decorrer das aulas, percebi que a melhor maneira para que os alunos compreendessem o assunto era usar palavras mais utilizadas por eles em seu dia-adia. Com isto consegui prender a atenção dos alunos. Senti-me muito à vontade para explicar o assunto, tive uma grande aproximação com a turma a cada aula. Outra atitude que procurei ter ao longo das aulas foi a de me envolver nas atividades, participar da construção junto com os alunos e não somente determinar o que fazer, mas interagir e auxiliar nas dúvidas. Esta forma de trabalhar me realizou, pois me sentia muito tranquila em cada período em que entrava em sala. A retribuição dos alunos mediante cada exercício proposto me deixou muito feliz. Eles faziam comentários sobre como gostavam e achavam importante realizar trabalhos com linguagens e materiais novos. Estes momentos de aproximação com a turma e o reconhecimento do trabalho que pensei com tanto carinho, fazem valer a pena as horas dedicadas à pesquisa e ao planejamento e confirmam a importância da dedicação que o professor precisa ter ao elaborar um projeto. Hoje entendo que não basta saber transmitir o conteúdo, é preciso saber falar de maneira que realmente torna-se interessante aprender. Pretendo preservar esta abordagem ao longo da minha carreira futura.


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PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ENSINO MÉDIO. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, 1999. SLIVE, Seymour. Pintura holandesa 1600-1800. São Paulo: Cosac & Naify, 1998. TRINDADE, Jurema Roehrs. Caderno Universitário – Artes Visuais do Século XIX. Ano 2010. Disponível em: http://www.faschionbubbles.com – Acesso em 06 nov. 2010 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br – Acesso em 06 nov. 2010


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Apêndice 1: Cópia da Avaliação de Aluno Estagiário realizada pela professora titular Taísa Inês Locatelli


Apêndice 2: Cópia do questionário respondido pela diretora da escola de Estágio



Apêndice 3: Cópia do questionário respondido pela professora da escola de Estágio



Apêndice 4: Cópias dos questionários respondidos pelos alunos da escola de Estágio











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