A arte como suporte de um olhar critico

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS Silvia Adriana de Barros Camboim

A arte como suporte de um olhar crítico

Canoas, 21 de junho de 2011


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Silvia Adriana de Barros Camboim

A arte como suporte de um olhar crítico

Trabalho de Curso apresentado como prérequisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Dr. Celso Vitelli e Me. Ana Lúcia Beck.

Canoas, 21 de junho de 2011.


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Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas/RS. Curso de Licenciatura em Artes Visuais Estágio em Artes Visuais IV

ATA Nº 47/2011 Ao primeiro dia de Julho de dois mil e onze, no horário das 20 horas e 30 minutos, fez-se a apresentação pública do Trabalho de Curso intitulado “A arte como suporte de um olhar crítico”, nível de Graduação — prática de Ensino em Arte desenvolvida

pelo/a

acadêmico/a

Silvia

de

Barros

Camboim

no

Ensino

Fundamental, aluno/a do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sendo a mesma avaliada pelos professores: Me. Ana Lúcia Beck e Me. José Carlos Broch. Realizada a apresentação, a Comissão de Avaliação conferiu à mesma NOTA ____. Esta nota será confirmada como grau final da disciplina de Estágio em Artes Visuais IV, mediante a realização das correções indicadas pela Comissão de Avaliação e a entrega da versão final impressa do Trabalho de Curso. ___________________________________________________________________ Me. Ana Lúcia Beck – Profa. Orientadora do Estágio em Artes Visuais IV ___________________________________________________________________ Me. José Carlos Broch – Professor Examinador ___________________________________________________________________ Me. Renato Garcia dos Santos – Coordenador do Curso de Licenciatura em Artes Visuais


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Agradecimentos A Deus por iluminar minha jornada e me ajudar a vencer os obstáculos. Aos meus pais e irmãos pelo carinho e incentivo nessa fase do meu curso de graduação e durante toda minha vida. Aos meus amigos de forma especial a minha amiga Ana que sempre me incentivou e esteve disposta em ajudar colaborando com as diversas discussões sobre a prática. Aos meus professores orientadores de estágio pela orientação e pelos conhecimentos adquiridos. A minha sogra pela dedicação, incentivo e colaboração cuidando dos meus filhos na minha ausência. Ao meu marido Adilson e meus filhos Amanda, Guilherme e Eduarda pelo amor, dedicação, compreensão e pela presença constante durante toda essa fase me ajudando a buscar soluções para os problemas existentes.


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Epígrafe

“Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta. Levanta ai que você tem muito protesto pra fazer. E muita greve, você pode, você deve, pode crer. Não adianta olhar pro chão. Virar a cara pra não ver. Se liga ai, que ti botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!” (Gabriel o Pensador)


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Resumo

O trabalho de curso apresenta a minha jornada durante o estágio I, II, III e IV do curso de licenciatura em Artes visuais. O trabalho iniciou-se com a coleta de dados nas duas escolas, ensino fundamental e médio, a qual realizei a prática de ensino. Foram realizados questionários com a direção das escolas, com as professoras titulares das turmas e com os alunos da 6º série e os alunos do 1ºano do ensino médio. Após observar algumas aulas de Arte dessas turmas e analisar os questionários dos alunos escolhi o tema de pesquisa que recaiu sobre as obras de alguns artistas que se engajaram questionando a sociedade através da sua arte. Entre os artistas pesquisados está Pablo Picasso, Goya, Portinari, Diego Rivera. E os contemporâneos Siron Franco, Cildo Meireles, Sebastião Salgado, Rosana Paulino e os grafiteiros Nunca e os grafiteiros os Gêmeos. Que através de alguns de seus trabalhos já questionaram, criticaram e denunciaram problemas sociais como miséria, desigualdade social, violência, preconceito, problemas ambientais e outros. Após dei inicio ao projeto de ensino que foi introduzido com o título “A arte como suporte de um olhar crítico”. O projeto teve como objetivo geral aprimorar o senso crítico dos alunos levantando questões e problemas sociais da atualidade através da Arte. E como objetivos específicos o projeto teve como finalidade oportunizar aos alunos que reflitam através de debates e diálogos os problemas sociais da atualidade, que compreendam como artistas se engajaram conscientemente em movimentos e causas sociais através das suas artes. Aproximar dos alunos imagens de obras com conteúdos sociais e críticos oportunizando a eles que observem, analisem e reflitam sobre a obra e o pensamento do artista. Fazer com que os alunos percebam através da arte contextos sociais. Decidi fazer o trabalho de curso (TC) e a reflexão da conclusão do TC da prática de ensino aplicada no ensino fundamental com os alunos da 6 º série da turma 62. Durante os sete encontros do projeto foi proporcionado aos alunos muito diálogo e questionamento sobre os problemas sociais da atualidade. Aulas teóricas sobre as características das obras dos artistas estudados o qual estavam engajados questionando a sociedade assim como apresentação de imagens demonstrando como eles se manifestaram sobre a sociedade através da sua arte. Também aulas práticas utilizando como recursos releituras de obras sobre os artistas em questão, desenho e pintura de um mural de protesto, máscaras e como culminância a instalação artística sobre a temática do projeto. Analisando a conclusão da prática de ensino pude observar que o projeto contribuiu na conscientização dos alunos da importância em ser um cidadão crítico e consciente de seu papel.

Palavras-Chaves: Arte. Crítica Social. Cidadania.


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Sumário Introdução 1. Capítulo I – Reconhecimento do Espaço de Ensino 1.1.

Dados Gerais da Escola

1.1.1. Filosofia da Escola 1.1.2. Visão da Escola 1.2.

Observações Silenciosas 1 e 2

1.2.1. Observações Silenciosas 3 e 4 1.2.2. Observações Silenciosas 5 e 6 1.3.

Análise das Observações Silenciosas

1.4.

Análise do Questionário Respondido pela Professora

1.5.

Análise dos Questionários Respondidos pelos Alunos

2. Capítulo II – Pesquisa Sobre Tema nas Artes Visuais 2.1.

A Arte nas Manifestações Sociais

3. Capítulo III – Projeto e Prática de Ensino em Artes Visuais 3.1.

Arte na Educação como Forma de Representações Sociais

3.2.

Dados Gerais do Projeto de Ensino e da Escola que Foi Realizada a Prática

3.3.

Prática de Ensino

3.3.1. Primeiro Encontro 3.3.2. Segundo Encontro 3.3.3. Terceiro Encontro 3.3.4. Quarto Encontro 3.3.5. Quinto Encontro 3.3.6. Sexto Encontro 3.3.7. Sétimo Encontro Conclusão Referências Apêndices


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Introdução

Este Trabalho de Curso é um relato das atividades e reflexões realizados durante os estágios I, II, III e IV do Curso de Licenciatura em Artes visuais. Durante o estágio I foi realizado, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Reus e na Escola Estadual de Ensino Médio Caetano Gonçalves da Silva, o reconhecimento do espaço de ensino, as observações silenciosas, a elaboração e aplicação de questionários com a direção das escolas, com os professores titulares das turmas e com os alunos. Também a análise das observações e dos questionários. Através das observações e das análises dos questionários dos alunos pude analisar o posicionamento dos professores e o perfil das turmas. A partir disso pude determinar a escolha do tema de pesquisa. Um dos fatos que me despertou o interesse em abordar o tema de pesquisa nas Artes visuais foi ao observar algumas aulas da 6º série do Ensino Fundamental e perceber que alguns alunos, após observarem imagens de algumas obras artísticas, fizeram comentários que achavam feio e esquisito. Então achei que seria interessante mostrá-los que a arte não retrata apenas o belo, pois muitas vezes o artista teve a intenção de provocar uma forma de inquietação no observador. Outro fato determinante foi que o grupo mostrou-se bastante participativo, questionador e crítico. Sendo assim, percebi que despertaria maior interesse da turma se instigasse esse pensamento crítico utilizando da arte para abordar temas sociais onde através de debates eles tivessem oportunidade de serem ouvidos, podendo criticar, questionar e argumentar os temas em questão. Todos esses dados se encontram no Capítulo I. O tema de pesquisa trata-se como os artistas expressaram sua desaprovação e crítica a um comportamento ou situação, em geral, denunciando ou criticando a realidade a sua volta, manifestando o desejo de mudanças através das várias manifestações artísticas como a música, cinema, literatura e a linguagem das artes visuais (pintura, desenho, escultura, gravura, fotografia). Entre os artistas pesquisados encontra-se Pablo Picasso com sua obra “Guernica” que foi um grito contra a violência que teve como tema o bombardeio à cidade de Guernica que


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culminou com muitas mortes. Também o artista Goya com a obra “Os fuzilamentos de três de maio de 1808”. Portinari, que através da sua arte mostrou o sofrimento do povo nordestino com a obra “Retirantes”, Diego Rivera com o período Muralismo Mexicano. E os artistas contemporâneos com suas performances, instalações, grafite e fotografia. Entre eles Siron Franco, Cildo Meireles, Rosana Paulino, os grafiteiros Gêmeos e Nunca e Sebastião Salgado, que através de algumas de suas obras provocaram os expectadores, denunciando, criticando e questionando problemas sociais como miséria, violência, desigualdade social, exclusão, preconceito racial e problemas ambientais. Entre os autores que me auxiliaram na pesquisa sobre o tema posso citar: Viktor Lowenfeld, Mikel Dufrenne e o crítico de Arte Miguel Chaia. Para mim foi importante quando Viktor Lowenfeld, afirmou que questões sociais são preocupações legítimas da arte. Que o jovem ao expressar emoções, sentimentos e rebelião em forma artística, ele está exercendo uma função social. E que apesar da importância, em permitir o jovem se fazer ouvir, raramente na rotina das aulas isso acontece.

Esta idéia me fez refletir quanto ao tema escolhido,

fazendo-me ver que estava no caminho certo, proporcionando aos alunos debates e diálogos e utilizando da arte como instrumento para abordar problemas sociais. Já o autor Mikel Dufrenne comenta que em nosso país, mesmo nos dias atuais, umas grandes massas de pessoas estão alheias à arte. E que a arte não é somente o sentimento estético. Ela provoca reflexões, e principalmente os artistas por serem pessoas inovadoras, que estão sempre propondo outros caminhos, e que na maioria das vezes não aceitam regras. Eles usam, algumas vezes, sua arte não apenas para causar prazer estético ao expectador. Mas também seu ponto de vista, sua crítica atraves de seus trabalhos.

Com essa afirmação me fez compreender a

postura do artista e me auxiliou em elaborar meu tema indo em busca de pesquisa sobre artistas que tinham características comuns em denunciar e criticar o que estava errado na sociedade, através de sua arte. Miguel Chaia, em entrevista, questionado se ele acredita que a arte pode interferir ou transformar a realidade; ele responde que a arte não transforma o mundo, não tem papel de ideologia nem de fazer revoluções. Mas pode transformar os indivíduos nesse sentido ela é transformadora. Assim contribui para fazer-me


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perceber que a arte, mesmo não mudando o mundo, pode fazer a diferença, pois acredito também que um indivíduo transformado pela arte poderá atuar positivamente na sociedade. A pesquisa sobre tema em Artes visuais se encontra no Capítulo II. Este tema de pesquisa serviu para elaborar o projeto de Ensino que foi desenvolvido com o título “A arte como suporte de um olhar crítico.” O tema do projeto de ensino foi escolhido devido ao fato da sociedade atual estar cada vez mais exigindo cidadãos críticos e formadores de opiniões. E a Arte, através de suas várias manifestações, pode ser um suporte que possibilita visões críticas. Esse pensar reflexivo pode contribuir para constituir elementos de crítica e de formação de um cidadão consciente, crítico e participativo. Podendo vir a atuar positivamente nas mudanças em nossa sociedade. O objetivo geral do projeto de ensino foi aprimorar o senso crítico dos alunos levantando questões e problemas sociais da atualidade, buscando através da arte uma conscientização do seu papel como cidadão. Possibilitando que eles refletissem sobre a relação entre a arte e a sociedade e como a arte, através da história, pode estar engajada em questões importantes para sociedade podendo contribuir para protagonizar mudanças sociais. Essas informações sobre o projeto de ensino se encontram no Capítulo III. Após a elaboração do tema de pesquisa e do projeto de Ensino, iniciei no semestre seguinte a prática de Ensino. As práticas foram realizadas em duas escolas diferentes. O Ensino fundamental foi realizado na Escola Municipal Padre Reus, na cidade de Sapucaia do Sul, com os alunos da 6º série da turma 62. Foram sete encontros com carga horária de dois períodos. Os conteúdos estudados durante a execução do projeto foram etnia, culturalidade, crítica social e política. Para isso, recorri à história da arte com o Muralismo, Cubismo, Arte contemporânea como grafite e instalação apresentando os artistas Gêmeos, Nunca e Siron Franco cujos trabalhos mostram questões sociais. O projeto aplicado proporcionou diálogos e questionamentos sobre os problemas sociais da atualidade, e envolveu vários recursos de ensino como releituras de obras através de recorte e colagem, desenho e pintura de um mural representando os protestos dos alunos, confecção e caracterização das máscaras representando as diferentes caras do Brasil e a


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montagem e abertura da exposição com instalação.

As metodologias utilizadas

foram aulas teóricas e expositivas, diálogos, trabalhos em grupo, atividades práticas, análise de imagens e exposição. Como culminância foi realizada a montagem e a exposição, com instalação dos trabalhos realizado nas aulas e performance dos alunos representando os temas discutidos em aula, com intuito de possibilitar aos visitantes da exposição que refletissem sobre a relação entre a arte e a sociedade. E para os alunos, que fosse mais um momento de aprendizagem sobre a temática do projeto. O estágio do Ensino Médio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Caetano Gonçalves da Silva, na cidade de Esteio, com alunos do 1º ano do Ensino Médio da turma 7D. Foram doze encontros com carga horária de um período. Os conteúdos aplicados foram crítica social, consumismo, desigualdade social e preconceito. Para trabalhar esses temas recorri a Arte contemporânea apresentando os artistas Cildo Meireles, Sebastião Salgado, Rosana Paulino, Oswaldo Goeldi e outros cujo trabalho trata de questões relativas à temática do projeto. As atividades e recursos envolvidos foram vídeo, desenho e produção textual sobre o consumismo exagerado, releituras de obras artísticas, colcha de retalhos de tecidos com monotipia representando os preconceitos existentes, gravura sobre o tema cotidiano, confecção de um livro de imagens representando questões ambientais tais como poluição do ar, rios, desmatamento e aquecimento global. Utilizando como metodologia as mesmas utilizadas no Ensino Fundamental. Como culminância foi realizada a exposição dos trabalhos na XII Mostra de Arte que estava acontecendo na escola. Todos esses dados da prática de ensino; as aulas executadas com os objetivos, desenvolvimento, recursos, metodologias, o realizado e as imagens dos trabalhos dos artistas e dos alunos se encontram no Capítulo III. As duas práticas de ensino foram para mim muito significativas contribuindo-me para o meu crescimento pessoal e profissional. Escolhi fazer o trabalho de curso (TC) e a reflexão da conclusão do TC sobre a prática de ensino realizada no Ensino Fundamental com os alunos da 6º série, devido ao fato da turma ter um número maior de alunos, dos alunos demonstrarem maior participação e envolvimento, pois eles interagiram em todo processo dando sugestões e idéias. Acredito que isto deu mais sentido e significado ao projeto. Também, nas atividades propostas, realizaram os trabalhos demonstrando empenho, criatividade e


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imaginação. Inclusive nas produções realizadas, eu percebi uma grande força expressiva, souberam expressar-se através do desenho transmitindo suas idéias, procurando desenvolver de forma pessoal sem recorrer á cópia, seus trabalhos foram plasticamente bem construído, com boas composições demonstrando em suas produções um alto teor crítico o qual buscava na temática do projeto, superando minhas expectativas. Portanto devido á dar mérito a produções dos alunos, decidi prestigiá-los escolhendo o ensino fundamental para compor o trabalho de curso. Também escolhi essa prática porque o principal objetivo do projeto, que foi aprimorar o senso crítico dos alunos levantando questões sociais, foi atingido. Acredito que o projeto conseguiu instigar o pensamento crítico e provocar algumas reflexões fazendo-os perceber que a arte pode estar relacionada a questões importantes para sociedade sendo um suporte para visões críticas. O projeto de ensino sofreu algumas mudanças, durante a prática de ensino, modifiquei o que havia planejado para instalação aceitando as mudanças sugeridas pelo grupo a fim de atender o interesse e o desejo da turma. Mudei algumas metodologias no processo da elaboração da instalação artística. Possibilitando uma maior participação e autonomia aos alunos, para uma melhor aprendizagem dos alunos. Precisei modificar o planejamento das aulas, excluindo uma aula planejada a fim de que a aula do 2º encontro fosse realizada em dois momentos para que os alunos conseguissem realizar até o fim a atividade prática da confecção do mural de protesto. O estágio para mim foi um momento de aprendizagem, pois houve vários fatos em sala de aula que me oportunizaram refletir sobre minha postura como educadora. Estes fatos me levaram a perceber a importância e a necessidade no processo ensino aprendizagem da motivação por parte do professor, como a exigência por parte do professor pode ser construtiva, como através da prática em sala de aula é possível compreender a teoria de alguns autores, como através da prática dos nossos alunos podemos repensar nossa metodologia aplicada e que a avaliação é fundamental como processo de aprendizagem de ambas as partes, professor e aluno. E no estágio IV tive a oportunidade de analisar os fatos ocorridos


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e repensar os erros, e os acertos. Essas reflexões foram importantíssimas para mudanças necessárias no exercício futuro da profissão.


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Capítulo I Reconhecimento do Espaço de Ensino


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1.1. Dados Gerais da Escola

Nome da Escola: Escola Municipal de Ensino fundamental Padre Reus Endereço: Rua Santa Teresinha, nº 25, Capão da Cruz, Sapucaia do Sul. Fundação 01-03-1978 Equipe Diretiva: 3 Equipe Pedagógica: 3 orientadores pedagógico e 2 orientadores educacionais Número de professor: 35 Número De funcionários: 15 Número de alunos manhã: 344 Turno da tarde: 300 Turno da noite: 144 (EJA, onde a idade varia entre 15 até 70 anos)

A escola conta com prédio de dois andares em alvenaria, possui salas de aulas amplas e iluminadas, banheiro masculino e feminino, laboratório de informática, secretária, sala dos professores, sala de orientação e Supervisão, auxiliar de disciplina, laboratório de aprendizagem, refeitório, cozinha, biblioteca e quadra esportiva. Conta também com computadores no laboratório de informática, dois televisores, três aparelhos de rádio, notebook, DVD, vídeo cassete, retroprojetor e um projetor multimídia (Data Show) A mantenedora é a Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul. O Projeto Político Pedagógico foi construído com a direção, grupo de professores e funcionários.


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No estabelecimento são desenvolvidos diversos projetos como o “Mais Educação” do governo Federal, História e Valores, Educação e Cidadania, Apoio Pedagógico, Laboratório de Informática, Recreação e Proerd.

1.1.1. Filosofia da escola

A metodologia deve ser pensada de modo a atender as peculiaridades de cada

turma

buscando

questionamento,

cooperação,

reflexão,

incentivos,

socialização, associação com o meio escola-comunidade e trocas de conhecimento. Sua filosofia é “promover com a comunidade escolar a busca de uma sociedade justa, fraterna, consciente, crítica e transformadora.”

1.1.2. Visão da escola

A escola, como mediadora da construção do conhecimento, busca efetivar, uma prática através de um trabalho comprometido entre ESCOLA-FAMÍLIA, formando sujeitos capazes de tomarem decisões e com condições de intervirem e transformarem o meio no qual estão inseridos.


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1.2. Observações Silenciosas 1 e 2 Série: 6ª Turma: 62 Data: 09/03 Número de Alunos: 26 Alunos Presentes: 25 Hora: 15h10min ás 17h Após o recreio os alunos subiram para sala de aula juntamente com a professora. Eles foram em fila, chegando à sala e sentando em seus lugares com educação e tranqüilidade. Fui muito bem recebida por todos, eles já me conheciam, pois anteriormente fui professora da maioria dos alunos da turma, não necessitando de apresentação. A sala de aula fica no 2º andar, possui classes comuns, cadeiras, armários, ventiladores e um quadro negro. É bastante ampla, arejada e iluminada. A professora iniciou com a chamada enquanto a turma permaneceu calma e silenciosa. Após começou a explicar o trabalho que iriam fazer dando continuidade à aula anterior. Pediu que pegassem o caderno de aula e passou no quadro algumas regras básicas para um bom funcionamento das aulas solicitando que os pais assinassem. Conversou sobre a importância dos comprimentos das regras para um bom desenvolvimento das aulas. Recolheu os trabalhos feitos na aula anterior, apenas dois alunos não entregaram. A proposta da próxima atividade é que os alunos escrevam em uma folha tudo o que lembrarem as atividades que realizaram no ano de 2009 e as quais foram significativas para eles. Essa sondagem teve a seguinte pergunta: Quais foram às atividades mais realizadas na disciplina de Arte na 5ª série? Ao término do trabalho escrito recolheu e fez a leitura para turma. As respostas foram bem variadas uns citaram como atividades interessantes as pesquisas sobre os artistas, teatro, sinopse, ilustração de textos, desenhos abstratos, de observação, mosaico, história


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em quadrinhos, confecção de bonecos, criação de personagens, dinâmicas como jogo da mentira, improviso etc. A professora ficou motivada com as respostas, pois lembraram-se de muitas coisas demonstrando que gostaram das aulas. Após essa atividade eles fizeram uma dinâmica, estavam ansiosos para fazerem uma brincadeira. Então como encerramento ela iniciou a dinâmica, pediu que cada um escrevesse em uma folha uma palavra que representasse um objeto ou sentimento que gostaria de ofertar, pós, dois alunos vinham até a frente, liam os papéis sorteados e representavam através de mímicas o que estava escrito e o restante da turma era a platéia que tentaria adivinhar. Ela pediu clareza e criatividade, ficava a todo momento interagindo e motivando-os . Os alunos demonstraram prazer e envolvimento nesta proposta. Esta dinâmica foi até o final da aula. A sala ficou limpa e organizada, dado o sinal os alunos desceram sozinhos sem fila. A professora arrumou seus materiais e também desceu.

1.2.1. Observações Silenciosas 3 e 4

Série: 6ª Turma: 62 Data: 16/03 Número de Alunos: 26 Alunos Presentes: 24 Hora: 15h10min á 17h


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A professora iniciou com a chamada e após fez a entrega dos textos da sondagem que haviam feito na aula anterior. Pediu que os alunos se colocassem em circulo, sentados e sem as classes. Iniciou explicando a proposta de trabalho, fizeram uma dinâmica de grupo que recebeu o nome “O Jardim”. Todos deveriam se deslocar do lugar no momento que sobrava uma cadeira e que seu nome fosse citado. No meio da brincadeira ela ia entregando para alguns alunos Cartazes com palavras (surdo, cego, idoso, cadeirante, etc.). Eles deveriam sair do lugar encenando esses personagens. Ela pediu energia, ritmo e ficou envolvida em todos os momentos, precisando algumas vezes interferir e recomeçar a brincadeira. No inicio os alunos estavam um pouco tímidos e ao poucos foram entendendo a dinâmica ficando mais espontâneos, divertindo-se e colaborando. A professora os fazia pensar e tentar resolver os problemas e como o grupo poderia auxiliar os personagens em questão. Eles iam trocando os papéis para que todos experimentassem ser um personagem, por fim a atuação foi ficando bem melhor. Ficaram uns 30 minutos envolvidos nesta brincadeira após a professora pediu que retornassem aos seus lugares, teve um diálogo sobre as diferenças e pediu que fizessem um desenho representando o seu jardim e o que gostaria que tivessem nele. Essa mesma atividade foi até o final da aula alguns conseguiram entregar e os que não terminaram ficaram para entregar na próxima aula.

1.2.2. Observações Silenciosas 5 e 6

Série: 6ª Turma: 62 Data: 23/03 Número de Alunos: 26 Alunos Presentes: 24


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Hora:15h10min á 17h A professora iniciou com a chamada, após começou a aula comentando sobre o dia mundial da água. Fez no quadro um esquema de um gráfico mostrando que o planeta é composto por 70% H2O, desses 98% é água salgada e apenas 2% é água doce, disto 0,5 é totalmente poluída, 1% é muito poluída restando 0,5 águas doces e potáveis. Os alunos ficaram surpresos, houve muitos comentários e reflexões. Após a professora questionou-lhes sobre o que era uma agência de publicidade as respostas foram relacionadas com panfletos, outdoor e designer. Ela explicou para eles do que se tratava e iniciou a proposta de trabalho, pediu que imaginassem que trabalhavam em uma agência de publicidade onde deveriam através da publicidade (cartaz) promover à conscientização da população sobre a preservação e economia da água. Os cartazes eram para serem feitos individualmente. Ela solicitou que fizessem desenhos com frases ou palavras de efeito, pediu criatividade e capricho. Os alunos juntaram algumas classes para realizar o trabalho, ficaram totalmente livres na organização e disposição das mesas e cadeiras. Mesmo sendo um trabalho individual houve interação entre eles, faziam comentários, sugestões e houve cooperação no empréstimo de materiais. Os alunos trabalharam cerca de 30 minutos nesta atividade. A professora circulava pela sala atendendo-os. Ao final da aula entregaram os trabalhos para avaliação. Para que na próxima aula fizessem uma reflexão sobre seus trabalhos e por fim seria exposto na escola. A sala ficou limpa e organizada. Dando o sinal desceram juntamente com a professora.


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1.3. Análise das Observações Silenciosas

Através das observações percebemos uma grande sintonia na relação professor/aluno e aluno/aluno. Eles participavam das aulas demonstrando interesse e curiosidade sobre os conteúdos e as propostas de trabalho. A postura da turma era de um grupo bastante observador, escutavam a professora e dialogavam sendo bastante participativos. As atividades realizadas foram desenvolvidas com prazer, desenvoltura e criatividade em todo processo. A principal dificuldade observada foi escolher o que fazer, pois alguns se mostravam ansiosos não sabendo o que desenhar e também preocupados com o tempo. Também foi percebido, em seus trabalhos, uma grande variedade de estilos individuais, visto que não recorreram à cópia. A maioria dos desenhos eram bem elaborados, porém, em alguns trabalhos, havia a presença de desenhos estereotipados. Quanto ao fazer teatral, no início da dinâmica, alguns demonstravam certa timidez, sendo que a professora teve que intervir e aos poucos eles foram se soltando. Porém, a maior parte do grupo participou das dinâmicas de improvisação e dramatização com integração, espontaneidade e sem demonstrar resistência, o que nos leva a pensar que estão abertos a experiências novas. Quanto à postura dos alunos, ficou claro que a maioria deles possui respeito, pois durante as explicações se concentraram e observaram com atenção a explicação da professora sobre as dinâmicas que fariam. Também seguiam as regras do jogo procurando incentivar e trocar experiências com os colegas. Após cada brincadeira a professora fazia uma reflexão sobre a prática, fazendo-os entender o porquê do jogo, e considero que isso enriqueceu o seu trabalho. Para Rita Celentano, (apud BRIOSCHI, 2003, p. 17), A relação de confiança será fundamental para a participação dos alunos. Por isso temos de conversar após cada prática realizada, estimular que o aluno anote e fale sobre as experiências vivenciadas, não deixar que acumule duvida sobre “por que” e “para quê” estamos fazendo esse ou aquele tipo de atividade. Tem sido freqüente a pergunta carregada de espanto: “Vamos brincar professor?


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1.4. Análise do Questionário Respondido pela Professora

A professora Renata Savaris tem formação em Artes Cênicas e atua a cinco ano no magistério. Para auxiliá-la na elaboração e fundamentação de suas aulas faz uso de alguns autores como Olga Reverbel, Sandra Chacra, Augusto Boal, Ana Mae Barbosa, etc. Adaptando e modificando exercícios segundo as necessidades dos alunos e o espaço físico disponível. Durante as observações percebe-se que a professora é bastante comprometida com o processo de ensino e aprendizagem. Inclui em suas aulas temas atuais como ética, inclusão, preservação e outros. E partindo destes assuntos ela faz com que seus alunos aprofundem idéias desenvolvendo experiência cognitiva mostrando uma preocupação em adaptar o estudante ao seu ambiente social. Quanto aos artistas que costuma mostrar com mais freqüência em suas aulas referiu-se a Iberê Camargo, Sebastião Salgado e Tarsila do Amaral. E da área teatral trabalha com dramaturgo Nelson Rodrigues, Pedro Bandeira e Dias Gomes. Trabalha a história do teatro (origem, teatro brasileiro, etc.) e períodos históricos com base para atividades práticas (explicações, pesquisa, relatos, etc.). Mencionou que utiliza em suas aulas materiais básicos que a escola disponibiliza, sendo estes: lápis de cor, giz de cera, canetinha, régua, folhas de oficio, tesoura, cola e papel pardo e também livros didáticos e de leitura. As atividades que seus alunos mais gostam de realiza são os jogos dramáticos, jogos teatrais, improvisação, criação de cenários, caricaturas, releituras de obras de arte, etc. Em suas respostas mencionou que realiza trabalhos interdisciplinares com outras disciplinas como Ciências, Português e Religião. Segundo Japiassu (1976, p.82), A interdisciplinaridade exige uma reflexão profunda e inovadora sobre o conhecimento, que demonstra a insatisfação como o saber fragmentado. Neste sentido, a interdisciplinaridade propõe um avanço em relação ao


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ensino tradicional, com base na relação critica sobre a própria estrutura do conhecimento entre as disciplinas e no desejo de revitalizar o próprio papel do professor na formação dos estudantes para o mundo.

É importante ressaltar que a professora citou a importância que tem dos alunos visitarem espaços artísticos e também manifestou o desejo de realizar esses passeios, entretanto relatou a dificuldade de organizar estes, devido à falta de condições financeiras dos alunos e o descaso da prefeitura que não oferece nenhum auxílio. Avalia seus alunos levando em consideração e participação, criatividade, organização e o capricho. Avaliando todo o processo e não só o resultado final dos trabalhos. Também outro fator que costuma observar é a criatividade dos alunos na elaboração dos seus trabalhos Para Rosa lavelberg (2003, p.29), A avaliação é um excelente recurso para o professor planejar suas atividades práticas. Ele pode avaliar antes, durante e depois de uma ou mais seqüências de atividades ou projetos de trabalho a fim de ter mais elementos a guiar suas ações.


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1.5. Análise dos Questionários Respondidos pelos Alunos

O texto refere-se às respostas obtidas no questionário dos alunos do ensino fundamental da 6º série, com faixa etária de 11 a 14 anos. As questões foram tabuladas sobre os 24 alunos presentes em aula. Através das observações percebemos nos alunos o gosto na produção e realização das atividades, o qual foi comprovado no questionário mostrando uma grande receptividade já que mais de 90% dos alunos gostam das aulas de Arte. Na questão sobre o que é Arte, as respostas mais citadas foram que Arte era expressar-se através do desenho, também que era a criação, inspiração e suas linguagens como teatro e dança. Quanto ao conteúdo escolhido para estudar, o desenho e o teatro foram os mais mencionados já que atualmente suas aulas são sobre a linguagem teatral. Ficou claro o gosto, a participação e o envolvimento da turma nas aulas observadas. Manifestaram em suas respostas sobre as habilidades necessárias à aula de Arte, o desenhar bem, imaginação, criatividade e vontade. Os materiais mais utilizados são os básicos, como folha de ofício, lápis, borracha, giz e lápis de cor, sendo que alguns materiais a escola fornece. Gostam de trabalhos em grupos, já que sua rotina promove muitas dinâmicas de grupo. Devido ao pouco conhecimento artístico e cultural a maioria dos alunos não sabiam citar nomes de artistas plásticos, apenas alguns lembraram-se de Van Gogh, Picasso e Da Vinci por serem muito conhecidos na mídia. Também não possuem nenhuma experiência estética de apreciação em espaços artísticos, pois foi unanime a resposta de “nunca” terem visitado museus ou galerias de arte. Mas manifestaram a vontade. Vejo que apenas uma pequena minoria desses estudantes tem acesso à cultura, sendo que as famílias não têm o habito de freqüentar espaços artísticos e nas escolas as saídas são poucas. Segundo Stuart Hampshire (apud BARBOSA, 2005, p.33), A escola seria a instituição publica que pode tornar o acesso á Arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa nação. Isto não só é


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desejável, mas essencialmente civilizatório porque o prazer da Arte é a principal fonte de continuidade histórica, orgulho e senso de unidade, para uma cidade, nação ou império.

Assim o desafio do professor de Arte é continuar mantendo vivo o interesse desses adolescentes pelas questões artísticas.


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CapĂ­tulo II Pesquisa sobre Tema nas Artes Visuais


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2.1. A Arte nas manifestações sociais

A arte faz parte em nossas vidas, o homem antes mesmo de saber escrever expressou e interpretou o mundo em que vivia pela linguagem da arte. Desde a idade primitiva o homem pré-histórico usava as paredes rochosas das cavernas para registrar suas histórias e sua passagem pelo mundo representando sua busca pela sobrevivência e proteção. Isto nos remete a pensar o quanto a Arte é a expressão da vida, que associada ao processo de criação, transforma-se na capacidade de exercer plenamente a condição do ser humano. Sendo uma expressão de vida, a Arte já contribuiu para protagonizar as mudanças sociais e o processo de construção da sociedade. Pois ela, através dos tempos, tem sido um elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social e de um individuo. Portanto, a Arte pode ser um veículo para a critica social. A arte transmite idéias, sentimentos, informações, e com isso ela possibilita influenciar as manifestações culturais humanas para uma coesão social, reafirmando valores, provocando, denunciando ou criticando a realidade a sua volta fazendo assim uma interação homem e sociedade. O

artista

pode

expressar

sua

desaprovação

e

critica

de

um

comportamento ou uma situação geral através das várias manifestações artísticas: pela música, cinema, teatro, literatura e as linguagens das artes visuais (pintura, desenho, escultura, gravura, fotografia). A música foi um veiculo usado não só para exaltar sentimentos como para protestar. De acordo com Mello (1978), aqui no Brasil os artistas usavam a música para protestar contra a censura. Entre eles: Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros. Algumas músicas ganharam um caráter histórico dentro do movimento da MPB. Canções como “Caminhando e cantando”, que se tornou hino de resistência do movimento civil estudantil, interpretada como uma chamada à luta armada contra os ditadores. Parte das músicas apresentadas trazia uma mensagem de oposição ao governo, mas de forma disfarçada, devido à


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censura que não permitia nenhum tipo de crítica social ou política em nenhum veículo de comunicação (jornais, rádio, TVs, artes, etc.) O cinema também contribui para as criticas sociais e políticas. Algumas vezes direta ou caricata. Segundo Garces (2004), podemos citar entre muitos, o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin onde mostrava embutida uma temática política que reflete o ponto de vista sobre a modernização das empresas, a produção em massa, o desemprego e a luta do proletário contra seus empresários capitalistas. Uma história sobre indústria, a iniciativa privada, a humanidade em busca da felicidade, dizem os créditos iniciais contraposto a um relógio. A televisão com sua possibilidade de transmitir ao vivo, e real e sua praticidade de estar dentro dos lares, tornaram esse o meio mais poderoso de transmissão de informações, idéias e ideais. Portanto a televisão ultrapassa todos os limites do simples entretenimento e se transforma num fator fundamental no panorama econômico, social e cultural da modernidade. Entretanto, o espectador deve ser muito esclarecido e crítico para não se deixar manipular e influenciar cegamente pelas idéias, modismo, valores e necessidades de consumo veiculado pela televisão de forma tão sedutora. Na literatura vários autores escreviam sobre temas carregados de critica e denúncia aos grandes problemas sociais no Brasil. Destacam-se as obras “Vidas Seca”, de Graciliano Ramos retratando a vida de retirantes nordestinos tentando sobreviver a condição de fome e morte a qual estão submetidos; também “O País do carnaval”, de Jorge Amado, “O cortiço”, de Aloísio de Azevedo, entre outros. E finalmente o campo das artes visuais, os artistas não ficavam indiferente a tudo o que se passava à sua volta. E através da história utilizaram suas pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e outras manifestações artísticas não somente para causar prazer estético, mas também um pensamento, uma visão de mundo a fim de provocar uma forma de inquietação no observador. Por isso nem sempre a experiência estética esta associada ao prazer, pois muitas vezes ficamos inquietos, pensativos, tristes ou assustados com certas obras. É que muitas vezes o artista buscou em sua arte provocar o público, causar um choque retratando fatos e acontecimentos, mostrando a realidade, o lado


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social utilizando temas com forte componente político, pois é um campo privilegiado de experimentações de crítica até de denúncia. Entretanto, a imagem, apesar de mais concreta do que a palavra é certamente mais ambígua e seu sentido precisa ser interpretada com cuidado. Deste modo é preciso aprender a interpretar a arte seja ela filme, música, artes visuais ou performances uma vez que a arte é um dos modos humanos de atribuir significados ao mundo. Na história da Arte podemos citar vários artistas que manifestaram através das suas obras o sofrimento de um povo mostrando revolta em relação à violência e às políticas de seus países. Entre eles Goya e Picasso, dois artistas, duas obras e um tema: sofrimento de um povo. Eles questionavam a vida, morte, a resistência e o poder. Conforme Proença (2002) a obra Guernica de Pablo Picasso (1881-1973) foi um grito contra a violência. O painel instituído Guernica foi produzido em 1937 tem como tema o bombardeio á cidade basca de Guernica que culminou com a morte de 1654 pessoas e 889 feridos incluindo mulheres, crianças e trabalhadores civis. Picasso pintou o quadro com intuito de chocar e mostrar a sua revolta em relação ao bombardeio nazista ocorrido na cidade espanhola de Guernica. No mural há representação de corpos pelo chão, pessoas desesperadas, clarão de bomba tudo com tendência cubista, mas sem deixar de ressaltar a violência da cena com cores preto, branco e cinza realçando o lado sombrio da guerra pelo artista. Goya (1746-1829) nasceu em Fuendetodos , Aragão na Espanha, pintou o episódio da invasão francesa com a obra “Os fuzilamentos do três de maio de 1808”. Representa uma das mais memoráveis imagens da desumanidade do homem para com o homem. O quadro reconstrói a imagem familiar do herói pronto a morrer por uma causa, Goya dá-nos o anti-herói; não o guerreiro, mas a vítima, cuja morte se torna, por acaso, o ponto de partida para os que lutam contra a opressão. No Brasil o sofrimento é provocado pela natureza. O nordeste é atingido por grandes secas que trazem conseqüências graves para os camponeses. E Portinari (1903-1962) pintor brasileiro nascido em Brodosqui, em São Paulo a nada disto fica alheio e se expressa com sua pintura, com a obra “Retirantes”. A obra


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representa o povo nordestino, mostra a necessidade que o povo tem em abandonar sua terra em busca de uma vida melhor em outra parte do país (por isso o nome Retirantes-retirante é o homem nordestino que viaja de onde mora a outro lugar em busca de água e comida, fugindo da seca). A obra tem influências do pintor cubista Picasso e mostra a miséria que atinge o país. Segundo o mesmo autor Proença (2002), Portinari sofria muito com o sofrimento de sua gente e precisava mostrar o sofrimento do povo brasileiro. Portinari dramatiza ao máximo a obra, os personagens ilustrados por eles são reais, muito magros, famintos. Eles estão descalços, com aparência horrível, dando a impressão de estarem sujos. Uma das crianças de um total de cinco tem um corpo muito feio e deformado. Os dois homens, o chefe da família e seu pai, têm a aparência de quem viveu uma vida muito dura no sertão nordestino. A mulher, a esposa, carrega uma sacola. Isso quer dizer que ela está em busca de uma vida melhor. O céu é mostrado em cinza escuro, apesar de não ter nuvens. É como que um céu seco, sem água, mas também sem luz. A lua não tem brilho e há muitos urubus à procura de alimentos, seja um gato morto pela seca ou os próprios retirantes. Não há plantas nem flores, o chão traz só restos de ossos de gado e pedrinhas. Assim Portinari mostra em sua arte o sertão em sua forma mais triste, mas é realidade do povo nordestino. Outra arte com conteúdo social forte e misturado com utopias socialistas e agrárias que podemos citar o muralismo.1 Conforme autora Prado (1981), outro local onde a pintura mural ressurgiu no início do século 20 foi o México, foi marcado pela revolução Mexicana (19101920), até hoje considerada a primeira grande mobilização social na América Latina. No século XX, o mural possibilitou uma arte pública e coletiva, que rompia com individualismo da pintura de cavalete. 1

Muralismo ou pintura mural é feita sobre paredes é, uma técnica antiga. A técnica do afresco,

aplicação de pigmentos de cores diferentes, diluídas em água sobre argamassa ainda úmida, existe desde a Antiguidade. No Renascimento com Michelangelo, com pinturas na Capela Sistina após um tempo entrou em decadência. Surgindo novamente no século 20 com as vanguardas européias fauvistas e cubistas com características expressionistas e abstratas.


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Os artistas mexicanos viram no muralismo o melhor caminho para expressar suas idéias sobre a arte nacional e popular engajadas no momento revolucionário. Os muralistas acreditavam que só mesmo o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização précolombiana durante tantos séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais culturalmente voltadas para as metrópoles espanhola. Também para impedir que estas não acabassem em propriedades de algum abastado colecionador. Segundo indica a autora Prado (1981) o início do movimento muralista no México se deu com a revolução Mexicana de 1910. Os ventos revolucionários penetraram por toda a sociedade, pondo principalmente em destaque a participação dos camponeses. No período pós-revolucionário (década de 1920 e 1930), temos um importante momento da história cultural mexicana, pois nessa época os muralistas constituíam o grupo mais atuante e criativo que formava a vanguarda cultural revolucionária do México, com forte sentido do valor social de sua arte. Para muitos mexicanos, a Revolução lhes revelou o México e deu aos pintores olhos para enxergar essa nova realidade. Dessa forma, os pintores muralistas inundavam as paredes com torrentes de imagens reproduzidas das mais variadas formas: realistas, alegóricas, sátiras, sempre refletindo suas aspirações e conflitos, sua história e múltiplas culturas. Entre muitos artistas muralistas, um nome importante é de Diego Rivera, nascido em 1886 em Guanajuato no México e faleceu em 1957. Conforme autora Brioschi (2003), Rivera foi um pintor revolucionário que queria levar a arte ao grande público, nas ruas e edifícios, manejando uma linguagem precisa e direta com estilo realista, pleno de conteúdo social. Diego, Juntamente com José Clemente Orozco e David Siqueiros, financiados pelo governo e dentro das diretrizes culturais pensadas pelo ministro José Vasconcelos, aliaram seu talento artístico à causa da Revolução. Sua produção cultural transmitia uma interpretação da história mexicana marcada pela denúncia dos ricos e poderosos, com fortes imagens de índios oprimidos e explorados pelo violento colonizador apoiado na igreja católica. Ao longo da sua vida criou mais de dois mil quadros, cinco mil desenhos e cerca de quatro mil metros quadrados de pintura mural. Iniciou uma fase de


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gigantescos murais que contavam a história política e social do México e mostravam a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações. Em 1929 casou-se com a pintora Frida Kahlo. Em 1930, Riveira foi para os Estados Unidos onde permaneceu por quatro anos e pintou vários murais. Portanto, pode-se perceber que o movimento muralista mexicano tinha como um dos principais objetivos transmitir as idéias nacionalistas às pessoas mais humildes. Dessa forma, inúmeros murais relatam a história do povo do México, mas não apenas sua história, como também: seus problemas sociais e sua vida cotidiana. Esta arte possibilitava (e ainda possibilita) também, um canal aberto para críticas, tanto políticas quanto sociais. Sendo assim, a arte dos muralistas, buscava uma maior aproximação com o povo, pois tinha neste seu principal alvo. No Brasil influências do muralismo mexicano podem ser sentidos na obra de Di Cavalcanti (1897-1962) e Candido Portinari (1903-1962). Através dos séculos ocorreram significativas transformações no mundo das artes. A arte se multiplica em várias vertentes que refletem a perplexidade do homem diante de suas próprias possibilidades. Todos estão em busca de novas formas de expressão, chegando um tempo de liberdade total de criação, de pesquisa de novos materiais, de rompimento das regras já estabelecidas e de independência. Surge o artista plástico contemporâneo que mescla diversas artes (performances e instalações): música, teatro, escultura, pintura, vídeo, fotografia etc. Os efeitos estéticos se misturam a denúncias sociais e a manifestações conceituais, desafiando o apreciador a vivenciar experiências intelectuais e sensoriais significativas. Um tipo de arte contemporânea tem a instalação. Conforme a autora Brioschi (2003, p.72),


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a instalação é uma arte tridimensional que envolve a ocupação de um espaço. Esse termo começou a ser usado a partir da década de1970, quando começaram a ser criados ambientes, construídos em galerias ou museus,para determinadas exposições. A instalação pode ser temporária. Podem ser feita, para determinados lugares e, as vezes, resiste durante algum período de tempo. Uma instalação pode incluir pinturas, esculturas, objetos e até mesmo, pessoas executando alguma ação. Talvez o sentido da instalação seja o envolvimento do espectador com o trabalho. Alguns artistas levaram essa pesquisa adiante construindo instalação também com cheiro. Há muitos anos uma artista inglesa executou na bienal de São Paulo uma instalação que tinha um tanque cheio de chocolate derretido. O cheiro tomava toda a sala e era difícil fazer com que as pessoas não comessem o chocolate.

Entre os muitos artistas contemporâneos que se preocupam em mostrar seu ponto de vista, sua desaprovação e sua crítica através de seus trabalhos artísticos utilizando muitas vezes a arte da instalação podemos citar Siron Franco. Gessiron Alves Franco nasceu em Goiás Velho (GO), em 26 de julho de 1947, pintor, escultor, ilustrador, desenhista e gravador. Conforme Brioschi (2003), Siron Franco é um artista muito ligado às questões sociais. Nos anos 80, por exemplo, montou uma instalação com antas, chamando atenção para grave crise da questão ambiental. Criou também o monumento ao índio Galdino que foi queimado vivo pelo um grupo de adolescente nos anos 90. Foi de Siron a voz mais presente no momento do célebre acidente com o césio em Goiás há alguns anos, quando a irresponsabilidade das autoridades ,que deveriam proteger a população, levou á morte várias pessoas simples e desamparadas e ocasionou uma enorme tragédia econômica aquela região do Brasil. O artista denunciou o desastre e continuou chamando atenção pelo fato, inclusive pintando uma série chamada “CÉSIO 137” onde se pode encontrar várias referências ao acidente de tristemente famosa Rua 57. Ele expõe individualmente “vestígio” – série Césio (camas, objetos escultórios). Atuando contra os descaso das autoridades diante do desamparo dos cidadãos. É também um artista significativo em todos os acontecimentos de arte ligados à questão preservacionista trazendo em seus quadros denúncias sobre a matança de animais e a exterminação criminosa das espécies, perpetrada pela ignorância ganância do ser humano, em sua notável e antecipatória série intitulada “PELES”. Também em 1999 fez uma instalação artística “Salvai Nossas Almas”, com roupas manchadas de sangue sobre obra, reproduzindo uma folha de jornal


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gigantesca, com ampliações de notícias verídicas veiculadas pela imprensa, denunciando a violência contra as mulheres e crimes relacionados à pedofilia, na esplanada do ministério de Brasília. Esses temas foram desenvolvidos em esquemas inusitados, por vezes instalações, de uma criatividade peculiar ao artista ligado às questões do seu tempo.

Césio 137

Peles

(Fonte: http://perigoconcreto.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

(Fonte: http://olhosdefolhacintiathome.blogspot.com/ Acesso em 03 de julho de 2011)

Salvai Nossas Almas (Fonte: http://www.artenaescola.org.br/ Acesso em 03 de julho de 2011)

Outro artista que considera um ativista político que denuncia a situação dos oprimidos através da arte da fotografia com qualidade expressivas e excepcionais pode-se citar Sebastião Salgado. Seguem abaixo informações gerais sobre Sebastião Salgado conforme a integra que pode ser visto no site: O século


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prodigioso;

Salgado

Sebastião.

(Disponível

em:

oseculoprodigioso.blogpot.com/.../salgado.sebastiao.fotografia.html. Acesso em: 02 de maio, 2010.) O fotógrafo brasileiro Sebastião salgado é natural de Aimorés, Minas Gerais, onde nasceu em 1944, considerado um dos mais respeitados do mundo. Salgado, que foi nomeado Representante Especial da Unicef em 2001, dedicou-se a fotografar as vidas dos desesperados do mundo. Sebastião Salgado comenta: “Desejo que cada pessoa que entra numa das minhas exposições seja, ao sair, uma pessoa diferente. Creio que todas as pessoas podem ajudar, não necessariamente dando bem materiais, mas também tomando parte de debate e preocupando-se pelo que sucede no mundo.” A arte de Salgado é um perfeito mosaico que alia a beleza fotográfica com a realidade. Caracterizada pela estética em preto e branco e pelo retrato do homem excluído e o sofrimento de vários povos principalmente aos direitos humanos. Suas fotos são verdadeiros registros históricos da luta do homem para sobrevivência por uma vida melhor, retratando desigualdade latino-americano, a situação de povos refugiados, dos trabalhadores rurais. Em 1993 fez um projeto de um documentário fotográfico sobre a extinção do trabalho manual em 26 países que resultou o álbum ‘Trabalhadores’. Em seguida, produziu Terra: Luta dos sem terra em 1997. Em 2000 com apoio das Nações Unidas e da Unicef, Sebastião Salgado montou uma exposição em Nova Iorque com 90 retratos de crianças desalojadas extraído de sua obra “Retrato de criança do êxodo”. Em 2007 apresentou no Japão sua mostra ‘África’. Em suas viagens pela África, Salgado teve a oportunidade de retratar o processo de independência de Angola e Moçambique e tragédias humanitárias em Ruanda.


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Trabalhadores

Retrato de Criança no Êxodo

(Fonte: http://saotantashistorias.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

(Fonte: http://saotantashistorias.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

África (Fonte: http://saotantashistorias.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

Ele assegurou que ainda segue trabalhando como no início, passando por todo o processo de revelação das fotos, que permite ”reviver cada momento e sensação que senti quando tirei a foto: às vezes raiva e outra felicidade”. Sebastião Salgado é reconhecido internacionalmente e adepto da tradição da “fotografia engajada”, recebe praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento de seu trabalho. Porém, Sebastião Salgado precisou fazer sucesso lá fora para ser reconhecido e respeitado no seu país.


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Ana Mae Barbosa (1999, p.110) comenta que, em geral nos países colonizados, sucesso lá fora significa sucesso em casa. Muitos escritores e artistas latino-americano tiveram que fazer sucesso primeiro nos países colonizadores, como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Gabriel Garcia Márquez, Frida Khalo e entre eles e o caso Sebastião Salgado hoje no Brasil. Segundo Barbosa, (apud PILLAR, 1999, p.110),

Sebastião Salgado, considerado um grande artista, sua obra vem sendo estudada em teses e cursos nas universidades americanas e japonesas, mas, no Brasil, a crítica hegemônica com o seu terror pelos aspectos políticos e pela figuração procura ignorá-los ou dizer que ele é somente um bom fotógrafo documental, mas não um artista, ou, o que é pior, analisam apenas os aspectos formais de sua obra como luz, teatralidade, claro, escuro, etc. sem fazer nenhuma referência aos conteúdos, aos temas sempre engajados com a vida dos trabalhadores, o destino das crianças abandonadas ou a luta pela terra.

Também engajado em questões políticas e sociais esta Cildo Meireles. Seguem abaixo informações gerais sobre Cildo Meireles conforme a integra que pode

ser

vista

no

site

Cildo

Meireles.

(Disponível

em:

www.itaucultural.org.br/apliceexternas/enciclopedia-ic/index.cfm?fuseaction-artistasbiografia-verbete= 581. Acesso em: 10 de maio, 2010.) O artista nasceu no Rio de Janeiro em 1948. O surgimento de Cildo Meireles, como um dos mais significativos artistas brasileiros de sua geração, coincide com o fechamento político provocado pela promulgação do AI-5, em 1968, e o conseqüente desenvolvimento de propostas conceituais. Durante os anos 70 e 80, Meireles arquitetou uma série de trabalhos que faziam uma severa crítica à ditadura militar. Obras como “Totem Monumento aos presos políticos”, que consiste em uma tenda sob a qual se encontrava uma cadeira comum forrada com ponta de pregos, na qual evocava aos presos e desaparecidos políticos do regime militar. Nestes anos de censura, medo e silêncio, que se seguiram à promulgação do AI 5, Cildo

Meireles destacou-se por uma série de propostas

política e socialmente críticas, por exemplo, a obra chamada “Cruzeiro Zero” é uma


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réplica fiel de uma nota de cruzeiro (a moeda corrente naquele tempo), essas cédulas de um cruzeiro são carimbadas com a frase: “Quem matou Herzog2?”,1975. E essa verdadeira ojeriza aos meios de circulação oficial, seja de informação ou de valores, sempre moveu a obra e a trajetória de Meireles. É também, neste período, que o artista elabora seu projeto “Inserções em circuitos ideológicos”, que consista em gravar nas garrafas retornáveis de coca-cola informações, opiniões críticas, a fim de devolvê-las à circulação. O trabalho consiste em um processo coletivo de alteração da regra de consumo vigente “beba coca-cola” presente desde os circuitos mais íntimos até o macro política do mercado internacional. Já no final da década de 1970, ele passa a explorar através de seu trabalhos, a capacidade sensorial do público (gustativa, térmica, oral, sonora) como chave da fruição estética, e em detrimento da predominância visual das artes plásticas. Emprega cada vez mais, mas em função de uma idéia, materiais precários, efêmeros, de uso cotidiano e popular. Em “O Sermão da Montanha” (1973-1979) a situação é extrema. Diante de caixas de fósforo empilhadas, homens vestidos como segurança (parecendo bandidos de terno e óculos escuros) pisam em um chão de lixa preta. Qualquer fagulha pode ser fatal. O risco da explosão é reforçado pela situação opressora encarnada pelos personagens que habitam o ambiente criado pelo artista. O perigo está na possibilidade da explosão, que pode ser gerada pelo fogo ou pelo confronto personificado nos seguranças. Cildo visualiza a situação política que o país vive naquele momento da ditadura em que, a qualquer momento, pode se estabelecer uma situação de explosão e opressão.

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Waldimir Herzog foi um jornalista e preso político que oficialmente teria se suicidado na cadeia. O artista e boa parte dos brasileiros não acreditavam na história.


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Totem Momumento aos Presos Políticos (Fonte: http://marcelinhacam.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

Inserções em Circuitos Ideológicos (Fonte: http://theywalked-inline.blogspot.com/ Acesso em 03 de julho de 2011)

Cruzeiro Zero (Fonte: http://theywalked-inline.blogspot.com/ Acesso em 03 de julho de 2011)

O Sermão da Montanha (Fonte: http://www.tate.org.uk/ Acesso em 03 de julho de 2011)

Rosana Paulino é outra artista que em sua trajetória tem se ocupado de questões relativas à posição da população negra, e principalmente da mulher negra na sociedade brasileira. A triste realidade do racismo é abordada em suas variadas obras. Rosana (São Paulo, 1967) vive e trabalha em São Paulo e é gravurista, desenhista e escultora. Em 1993 e 1995 fez e estágio no ateliê de restauro de obras de arte do MAC/USP. Em 1994 freqüenta o curso livre de gravura no ateliê Lasar Segal. Cursa Artes Plásticas na ECA/USP e torna-se Bacharel em Gravura em 1995. Na Inglaterra faz estágio de aprimoramento em técnicas de gravura, no London Print Workhop-lpw. Já vez várias exposições individuais e coletivas. Ela possui obras no


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acervo do MAM/SP,Pinacoteca Municipal, Centro Cultural SP e da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, São José dos Campos. No início de sua carreira, nos anos 90, Rosana Paulino realizava trabalhos que utilizavam imagens de mulheres e crianças negras, serigrafados, pintados, recortados, costurados. Os trabalhos se inserem numa discussão em que arte se articula com a política, raça e cultura,questões que, naquele começo de década, ainda não freqüentavam a produção artística jovem de modo tão contundente.

Manipulando

a

diferença

na

arte,

Paulino

expandiu

suas

“retrospectivas” que trabalhava com antigos retratos familiares, falando de um universo negro e feminino, para lidar com novas instalações utilizando suportes originais. Na obra “Bastidores”, de 1990, a artista formula uma instalação em que bastidores de costura, utilizados para bordados, sustentam um tecido de algodão branco onde se imprimiu fotografias em preto e branco de mulheres negras. Nesse suporte, Rosana faz intencionalmente um bordado grosseiro sobre as bocas ou olhos dessas figuras. A mãe da artista trabalhou como costureira na periferia de São Paulo e que em sua infância Rosana conviveu com essa prática. A artista discute a construção da subjetividade da mulher negra em muitas de suas obras, focando como é na intimidade que as práticas de submissão forjam-se e mantêm-se. O elemento biográfico aqui se cruza com imagens e memórias coletivas sobre a relação das mulheres no espaço doméstico, por vezes permeada de silêncio e humilhação subjetiva. O problema do preconceito racial e sexual é enfrentado por Rosana Paulino, que aborda em sua dor e crueldade, como um meio de intervir nas práticas estabelecidas, sensivelmente usando a arte para abrir outros caminhos de constituição de si sejam compostos por relações de liberdade e não de resignação. Paulino, fala em seu depoimento: Sempre pensei em arte como um sistema que devesse ser sincero. Para mim, a arte deve servir às necessidades profundas de quem a produz, se não corre o risco de tornar-se superficial. O artista deve sempre trabalhar com as coisas que o tocam profundamente. Se lhe toca o azul, trabalhe, pois, com azul. Se lhe tocam os


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problemas relacionados com sua condição no mundo, trabalhe, então, com esses problemas. No meu caso, tocaram-me sempre as questões referentes a minha condição de mulher e negra. Olhar no espelho e me localizar em um mundo que muitas vezes se mostra preconceituoso e hostil é um desafio diário. Aceitar as regras impostas por um padrão de beleza ou de comportamento que traz muito preconceito, velado ou não, ou discutir esses padrões, eis a questão. (1997, p.114) Conforme Paulino (1997) ela apropria-se de objetos do cotidiano de domínio quase exclusivo das mulheres. Utiliza-se de tecidos e linhas, dando novas significações a esses elementos. Referindo-se a linha como uma maneira de modificar o sentido, pois costurando pode intervir e dar novos significados tornando um elemento de violência e repressão produzindo obras com bocas e olhos costurados reportando-se a sua condição no mundo, e seu desafio e sua busca é através de seu trabalho. Assim, afirma Paulino (1997, p.140), Pensar em minha condição no mundo por intermédio do meu trabalho. Pensar sobre as questões de ser mulher, sobre as questões da minha origem, gravada na cor da minha pele, na forma dos meus cabelos. Gritar, mesmo que por outras bocas estampadas no tecido ou outros nomes na paredes. Ele tem sido meu fazer, meu desafio, minha busca.

Sua obra ‘Bastidores “carregam a força das denúncias sociais, revigorando o princípio solido defendido pelo movimento feminista, já na década de 1970, que explicitava que o pessoal é político. Em 2003 seus trabalhos continuam com a mesma temática, ao criar a obra “As tecelãs”, a artista mergulha nessa matéria subjetiva dos seus traumas, converge para um eu feminino, valente que experimenta no corpo as transformações do tempo e que carrega a capacidade de regenerar-se. A obra mostra figuras femininas metamorfoseadas nascem de casulos de barro e povoam paredes. São tecelãs de seus próprios corpos, mulheres-insetos– dois seres estranhos, conectados na poética visual de Rosana. Os corpos de suas figuras posicionam-se como lagartas, esforçando-se em curvaturas que remetem a


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um movimento vital de liberação. Mulheres que se distendem como larvas, em colônias estruturadas, protegendo-se mutuamente, num campo de ligação entre psique feminina e o mundo dos insetos. Assim, segundo a artista Rosana Paulino, Tecelãs 2003 (Deleuze e Guatarri, 1997, p.24),

É lendária a associação da mulher com alguns tipos de insetos (borda como uma aranha, obreira como a abelha, delicada como a borboleta, etc.) e tal associação avança desde a mitologia grega até a arte contemporânea. Quantas vezes, por exemplo, tecemos verdadeiros casulos em torno de nossos desejos e necessidades, nos encasulamos para nos protegermos do mundo?

Bastidores (Fonte:http://artelatina2009.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

As Tecelãs (Fonte:http://artelatina2009.blogspot.com Acesso em 03 de julho de 2011)

Portanto podemos observar que desde os tempos mais remotos até os dias de hoje, a arte se afirma como manifestação privilegiada da cultura humana ela se relaciona com religião, a moral, o direito, a política. É criada para o expectador, para platéia, para o público, sendo fruto da iniciativa de um indivíduo, o artista.


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É desejo de todos nós em ter um mundo e uma sociedade melhor, igualdade entre os sexos, entre raças, o fim da pobreza, da violência são umas das tantas aspirações que temos. Esses desejos muitas vezes se tornam ”questões sociais” movimentos organizados, debatidos por intelectuais, veiculados em jornais, TV, tema de livros, telenovela, cinema etc. E muitas vezes coube a arte mostra o horror de uma guerra ou situação e incitar à reação contra ela. A arte fez isso tantas vezes quanto os meios de comunicação. No livro “Arte e Utopia”, Teixeira Coelho comenta (1987, p.157),

No mundo de Platão, acultura não fazia distinção entre arte e comunicação e seu temor à arte pode ser entendido; o que Homero dizia de Zeus era uma informação, não “apenas”imaginação poética. Era uma informação com arte- mas, informação. E a informação deveria reforçar a República, não corroê-la.

Nas artes, as questões sociais também aparecem, pois muitos artistas expressam seus sentimentos e visões da sociedade em que vivem. Portanto, a arte é uma forma de expressão e muitas vezes podem estar a serviço de nossas críticas e desejos de mudanças. O autor Mikel Dufrenne em seu livro Art et politique, comenta que em nosso país, mesmo nos dias atuais, uma grande massa de pessoas estão alheias à arte. Então questiona : O que fazer para atraí-las?Como condição prévia expressa que a arte não é somente o sentimento estético, ela provoca reflexão sendo um elemento à revolução social. Tarefa ingente, dever de todos os homens lúcidos. Também o artista é convocado a se engajar. Dufrenne, (apud FIGUEREDO, 2007, p.150), comenta:

Um leque de opções abre-se diante dele. Há os que preferem a militância política. Há os que, graças à obra de arte, procuram levar o espectador a tomar consciência da urgência em mudar o que está errado na sociedade. Há os que, de maneira mais sutil, mostram que não são insensíveis à injustiça, a violência, a opressão e, ao mesmo tempo, são portadores de esperança e de espírito de renovação


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Para todos vale a advertência do autor: “a arte engaja-se melhor na recusa do que na celebração, ela ensina melhor a revolta que a adesão, seja qual for o regime” ( Dufrenne,2007, p.150). Isso se deve ao fato, dos artistas serem pessoas inovadoras que estão sempre propondo outros caminhos, outras formas, para propor o novo. Sendo que na maioria das vezes não aceitam regras, e se opõem aos regimes totalitários. E muitas vezes não são compreendidos pelo público, principalmente o artista que utiliza em sua arte uma linguagem diferenciada e despojada como os artistas de bienais e de exposições de arte contemporânea. No entanto, precisamos desenvolver nas pessoas a disposição de apreciar a excelência nas artes, sentir a arte, compreendê-la, e refletir com espírito crítico não podemos nos conformar com uma atitude passiva e acrítica diante da manifestação artística, sem uma participação ativa mas, sim, precisamos ser ativos e inquietos diante dos estímulos que a manifestação criativa das obras de arte nos lançam. Segundo Lucília Garcez e Jô Oliveira (2004, p.159).

O trabalho de conhecimento e apreciação da arte é uma vivência, ou seja, é ao mesmo tempo indagação, questionamento (a obra me propõe perguntas) e elaboração de múltiplas possíveis respostas (eu tento responder as perguntas que a obra me propõe). É portanto um exercício de comunicação, de integração, de interação.

A arte pode assumir diversos significados em suas várias dimensões, mas como conhecimento proporciona meios para a compreensão do pensamento e das expressões de uma cultura. Em entrevista com Miguel Chaia, concedida à Fernanda Albuquerque, publicada na revista Tatui em 2009, ele responde sobre a seguinte pergunta feita pele entrevistadora: Fernanda Albuquerque: Muitos artistas vão dizer que não importa se a sua prática do campo da arte, ou do campo social, que essa não é a questão. Mesmo que esses artistas sigam participando de exposições e fazendo o seu trabalho circular por espaços próprios do sistema da arte? Miguel Chaia: Arte é um conceito polissêmico. Cada artista pode criar a sua concepção da arte. Essa é uma possibilidade colocada pela


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contemporaneidade. O artista pode querer eliminar a aura artística e afirmar que ele não é um ser diferenciado, com um tipo específico de conhecimento, de produção de linguagem etc. Então depende da concepção de arte que se tem. Eu, pessoalmente, penso que a arte é uma área ligada ao social. E é ai que o problema se coloca: até onde podemos dizer que a arte é expressão poética, pesquisa, desenvolvimento de linguagem, tentando explicitar as relações sociais, e até onde ela é relação social? É uma questão em aberto. Gosto da idéia de arte como relação social não quando ela se dilui na sociabilidade, mas no campo da performance, da instalação, do vídeo, das novas tecnologias. Tenho a impressão de que nessas linguagens o campo da arte se amplia ao seu limite. Como se chegasse perto do fio da navalha. Na fronteira, estariam os ativismos.

Perguntado sobre as linguagens mais tradicionais: desenho, pintura e gravura, e o diálogo entre a arte e a política, ele afirma que:

“Talvez com o desenho e a pintura a discussão seja mais intimista, reflexiva. Já na performance, nas instalações, no vídeo ou nas novas tecnologias me parece haver uma facilitador frente às condições da sociedade contemporânea, como se essas linguagens pudessem traduzir com mais facilidade uma nova percepção.”

Ainda questionando se ele acredita que a arte pode interferir ou transformar a realidade social, o crítico explica que:

A arte não transforma o mundo, a sociedade, a cidade, o bairro. Não tem papel de ideologias, de fazer revoluções. Mas pode transforma as realidades subjetivas, pois podemos ser transformados por um livro, uma peça de teatro, uma pintura, uma instalação. Mas é uma transformação no indivíduo, nesse sentido, ela é transformadora em seu próprio âmbito, transformando as nossas subjetividades.

Portanto penso que a arte contribuindo para transformações subjetivas pode transformar um individuo, e este sujeito transformado pode mudar a realidade, atuando na sociedade, de maneira dinâmica, critica e reflexiva, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.


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Capítulo III Projeto e Prática de Ensino em Artes Visuais


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3.1. A Arte na educação como forma de representações sociais

A sociedade atual está exigindo cada vez mais um novo comportamento nas atitudes dos cidadãos, frente à realidade que estamos enfrentando, mas, para fazer a estas transformações, precisamos ser capazes de pensar e agir de maneira dinâmica. Com isso a escola é desafiada a contribuir para conscientização dos alunos para uma melhoria das práticas sociais. O presente trabalho apresenta uma iniciativa de discutir a importância do ensino de Arte para formar alunos cidadãos críticos e reflexivos, fazendo com que eles possam atuar no exercício da cidadania. Para isso o professor também precisa adotar uma postura crítica frente à realidade na qual está atuando de forma responsável na sua prática docente agindo como um facilitador, instigando o pensamento crítico do seu aluno a fim de que ele desenvolva a sua capacidade de reflexão, e que seja consciente de seu papel, no exercício de sua cidadania para mudanças sociais, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Segundo Fusari e Ferraz (2001, p.25)

A educação escolar e o meio social exercem ação recíproca e permanente um sobre o outro. Para os educadores mais otimistas a educação escolar é pensada de forma idealística, considerando-a muito influente e capaz de mudar, por si só, as práticas sociais. Em oposição a estes, existe outro grupo de professores que acredita que é a sociedade, com suas práticas, que determina totalmente a educação escolar, a qual por sua vez é considerada reprodutora dessa sociedade, sendo incapaz de mudá-la.

As autoras comentam que percebe-se que ambas precisam ser consideradas. É importante definir quais desses posicionamentos queremos destacar em nossas aulas de Arte. E mais, quais queremos conservar e quais queremos assumir para atingirmos uma nova posição mais realista e progressista,


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na qual a educação escolar em Arte possa contribuir e não responsabilizar-se sozinha nas transformações sociais e culturais. Portanto, o educador precisa fazer uma reflexão sobre o poder que tem em suas mãos na direção da vida social de cada aluno que passa por sua sala de aula. A sociedade vem sofrendo grandes transformações sociais, políticas e econômicas os grandes disparates sociais estão visíveis: exclusão social das classes menos favorecidas, desigualdade social, corrupção, menores do tráfico, injustiças, violência demasiada, problemas de questões ambientais, etc. Como é, então, que a arte pode se tornar um instrumento para formação de um cidadão consciente, crítico e participativo, capaz de compreender a realidade em que vive, e se tornar um homem mais pleno? Como a arte educa? Ouvimos falar que a arte humaniza, portanto precisamos mais do que nunca da sua utilização na educação e mais ainda na sociedade. Tanto a educação como a família são bases estruturais de uma sociedade completa, para isto precisamos ser humanizados pela arte. Segundo Luiza de Maria (1998, p.59),

O que a arte busca é justamente preservar a integridade dos homens, proverem cada ser do alimento necessário para que nele se concretize o sentido de “humano”. E se a busca é pela humanização, mais do que justo será unir arte e educação para que nosso mundo seja melhor. Pode aparecer que estou tentando escrever um artigo de auto-ajuda, cheio de crenças infundadas e de utopias, mas minha intenção não é essa, senão fazê-lo acreditar que somente as pessoas envolvidas no desenvolvimento da sociedade, sejam de que segmento for (família, amigos, educadores, sociólogos, etc.), podem mudar essa história. Enquanto continuaremos privilegiando coisas inúteis para o crescimento sócio-cultural dos alunos, estaremos contribuindo para mesmice em que o nosso mundo se encontra.

Penso que a arte pode estar a serviço de uma função social, pois as propostas de arte em sala de aula podem promover crescimento pessoal fazendo com que os alunos percebam através da arte contextos sociais. Mais objetivamente, é importante despertar no aluno a vontade de atuar politicamente, mostrando que a


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política se faz no dia a dia, dando subsídios para que eles possam, através de questionamentos, falarem o que pensam sobre política de maneira geral.

Uma

forma de trabalhar tal assunto pode ser analisar obras de arte e identificar elementos que podem surgir como opiniões sobre as relações sociais. Não que o mundo irá mudar, pois seria utopia da minha parte, mas acredito que cada ser humano transformado pode vir atuar positivamente nas mudanças em nossa sociedade. Dentro dessa filosofia, penso como é importante e proveitosa a socialização desse ser humano através da arte enquanto recurso para as mudanças sociais e processos de construção da sociedade. A união destas duas vertentes, arte e educação, proporcionam a prática verdadeira do que é declarado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no seu artigo 3, dos princípios e fins da educação nacional, respeitar,valorizar e garantir ao educando uma formação completa de conteúdos práticos em sua existência. Segundo Fusari e Ferraz (2001, p.19),

A Educação através da Arte é, na verdade, um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence.

Vejo que é necessário repensar um trabalho escolar consistente, no qual o aluno encontre espaços para seu desenvolvimento pessoal e social por meio de posse do conhecimento artístico e estético. O ensino-aprendizagem de arte requer metodologias que possibilitem aos estudantes descobertas de novos caminhos, bem como na compreensão do mundo em que vivemos e suas contradições. O ser humano não pode ser moldado, manipulado e encarado como uma máquina copiadora. Ele deve ser único, espontâneo, com suas diferenças individuais. E a Arte na educação tem essa função de não deixar que o aluno se torne sufocado, uma máquina copiadora, mas sim, é orientado a manifestar o novo, a invenção, a expor toda sua originalidade, criatividade, reflexão e liberdade.


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Portanto, o uso da Arte na educação pode contribuir para que o educando se torne um ser humano pensante, que não aceita tudo de braços cruzados, mas que busca soluções que desenvolvam sua capacidade de reflexão e crítica. Ao longo da história da arte, muitos artistas se engajaram em questões sociais, denunciando ou criticando a realidade a sua volta, expressando sua desaprovação através das várias manifestações artísticas: cinema, teatro, música, literatura e as artes visuais (pintura, desenho, escultura, gravura, fotografia, instalação etc.) Desse modo, através de suas artes, manifestaram desejo de mudanças em ter um mundo melhor, expressando em suas obras o sofrimento de um povo massacrado pela violência das guerras em seus países. Como por exemplo, “Guernica”, 1973 de Picasso e “Os Fuzilamentos do Três de Maio de 1808”, 1814 de Goya. Também Candido Portinari mostrando a triste realidade da miséria do povo nordestino frente a seca em “Retirantes”,1914. Outro movimento foi o Muralismo no México, que também teve fortes conteúdos sociais engajados em momentos revolucionários, podendo citar entre os nomes importantes o de Diego Riveira. Na contemporaneidade, vários outros artistas surgiram com as mesmas preocupações mostrando em seus trabalhos a dura realidade do cotidiano como: a ditadura militar, as marcas da injustiça, da violência contra desamparados, os excluídos, a miséria dos povos, a luta dos direitos humanos e as denúncias de crimes ambientais entre outros. Entre muitos artistas destacam-se Siron Franco e Cildo Meireles com suas instalações artísticas, e Sebastião Salgado com suas exposições aliando a arte da fotografia à realidade. E a artista Rosana Paulino que aborda em suas obras questões como pobreza, racismo e sexismo. Suas imagens discutem o subjetivo, seus próprios conflitos e traumas. Ela usa a arte para abrir caminhos contra o preconceito em geral. Acredito na importância de trabalhar nas aulas de Arte com esses artistas e suas obras e seus conteúdos críticos da realidade. Já o professor deve organizar um trabalho consistente, através do ver, do ouvir, do diálogo, do refletir e do fazer


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artístico, para contribuir aos alunos, que eles sejam mais questionadores e cidadãos formadores de opiniões. Para Fusari e Ferraz (2001, p.24), No contexto da educação escolar, a disciplina Arte compõe o currículo compartilhado com as demais disciplinas num projeto de envolvimento individual e coletivo. O informativo, tem a possibilidade de contribuir para a preparação de indivíduos que percebam melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-lo e nele possam atuar. professor de Arte, junto com os demais docentes e através de um trabalho formativo e informativo, tem possibilidade de construir para a preparação de indivíduo que percebem melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-lo e nele possam atuar.

Para trabalhar com a arte na educação devemos aproximar dos alunos diferentes obras artísticas, dar oportunidade a eles de entender, admirar e refletir sobre os pensamentos dos artistas. Também é necessário promover diálogos entre os expectadores e as obras. Fazer entender, analisar, observar, perceber, distinguir, criticar. Por meio das obras de arte, é possível vislumbrar outros valores importantes para vida humana. É um campo privilegiado de experimentação, de crítica e até mesmo de denúncias sociais. Hoje o desenvolvimento da criatividade não deixou de ser um objetivo do ensino da Arte, mas busca-se também a alfabetização estética. Segundo Ana Mae Barbosa, (apud ROSSI, 2000, p.16), [...] pretende-se não só desenvolver a criatividade através do fazer arte, mas também através das leituras e interpretações das obras de arte. [...] desconstruir para reconstruir, selecionar, reelaborar, partir do conhecido e modificá-lo de acordo com o contexto e a necessidade são processos criadores, desenvolvidos pelo fazer e ver arte e fundamentais para a sobrevivência no mundo cotidiano.

Percebe-se

que

muitas

vezes

o

professor

não

conhece

o

desenvolvimento estético de seu aluno e suas propostas de leitura de imagens se reduzem à análise de elementos e de princípios formais da composição (linha, cor, forma, ritmo, equilíbrio, etc.) Geralmente é deixada de lado a expressão das idéias, teorias e intuições dos seus alunos sobre o que vêem. Segundo Parsons (apud ROSSI,1998, p.2), comenta:


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Que na concepção modernista havia uma única forma correta de compreender uma obra de arte, qual seja, através da percepção das suas qualidades visuais. Obras de arte eram consideradas como objeto estéticos, contemplados de maneira semelhante á contemplação dos objetos naturais, como nuvens, árvores ou rochas. No entanto , objetos de arte são imagens significantes e precisam ser interpretados, e não apenas contemplados.

Para o autor, na modernidade, a ênfase das leituras de obras era como a criança percebia as qualidades estéticas. Mas hoje precisamos perguntar não como as crianças vêem as coisas, mas qual o significado que atribuem a elas. Quais são as capacidades interpretativas que elas têm e como elas compreendem arte? Também precisamos levar em consideração todas as perguntas que surgirão, elas serão sempre oportunas, para cada pessoa, em cada momento da vida. Elas podem ser sobre beleza ou sobre verdade, temos que considerar que uma criança poderá perguntar, ao ler “Guernica” de Picasso: Por que estes fantasmas estão presos no quarto? Não entendendo o real significado da obra. Para Parsons (1996, P.33 ), “a compreensão é diferente do conhecimento da verdade, pois esta é uma coisa que está certa ou errada; é sim ou não. Mas interpretar é significar. E o significado surge a partir do mundo do leitor, pois não existe interpretação desconectada com do mundo em que se vive”. O olhar estético tem natureza e função diferentes do olhar banal, cotidiano. E é apenas através da educação formal que a maioria dos brasileiros poderá ter a oportunidade de desenvolver tal olhar. Hoje vivemos na civilização da imagem, há por toda aparte, as crianças estão desde cedo interagindo com elas através de comandos nos videogames e computadores, e aprendem a produzir e consumir imagens. Na publicidade contemporânea, a imagem é presença obrigatória. É nesse tipo de imagem que são investidos mais dinheiro, mais talento e energia do que em qualquer outro. Na publicidade, as imagens sugerem o que devemos fazer, o que devemos necessitar, o que devemos valorizar ou desejar, moldando pensamentos e comportamentos.


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Por isso que o professor tem a sua frente uma tarefa importante e difícil, quanto ao uso de imagem da arte no ensino contemporâneo, nas aulas de arte. Que é defender uma pedagogia crítica com seus alunos a fim de que eles saibam analisar tais imagens com sentido, desenvolvendo o processo de interpretação. A leitura dessas imagens (obras) é um meio para conscientização de que somos, portanto cabe a nós impor valores, idéias e comportamento os que não escolhemos. “A educação do olhar torna-se então um imperativo, uma forma de humanização e de cultivo, o que representa um dispositivo para a cidadania” (PILLAR, 1999, p.132). Assim, se considera que, A leitura da imagem precede a leitura da palavra. Nesse sentido, o primeiro mundo que buscamos compreender é da família, a casa onde moramos, o quintal onde brincamos a pracinha, o bairro onde vivemos, a cidade, o estado, o país. Tudo isso marcado fortemente por nosso lugar social, nossa origem social. E, ao buscar compreender, estamos fazendo leituras desse mundo. Leitura crítica, prazerosa, envolvente, significativa, desafiadora. Leitura, que inserida num contexto social e econômico, é de natureza educativa e política, pois nossa maneira de ver o mundo é modelada por questões ideológicas ( Freire,1995.p.8).

“Quando se expõe reproduções de imagens de obras dos artistas, essas desafiam os alunos seu poder de observação e oferecem conhecimento que os habilita para esforços criativos posteriores. O mundo orientado visualmente torna-se um elemento ativo na sala de aula por meio da percepção, da análise, da imaginação e da expressão, da produção ou do fazer arte na sala de aula” (Barbosa, Ana Mae,1997,p.121). Sabemos que a observação é um dos elementos fundamentais da investigação em ambas as áreas, científica e a artística. Alunos que observam arte em galerias e museus estão engajados em uma forma de pesquisa artística que exerce um papel essencial na arte-educação. Assim, as Bienais do Mercosul para nossos alunos, são um panorama aberto ao estudo e à investigação, permitindo aos expectadores um importante registro e espaço para discussões. Muitas Bienais trazem inúmeras oportunidades em relação ao campo das imagens, enriquecidas com novos meios de arte com diferentes

manifestações

artísticas

(instalações,

performance,

tecnologias


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eletrônicas, digitais, audiovisuais, etc) onde alguns artistas abordam temas sociais e políticos,também sendo um meio de interculturalidade. O que infelizmente sabemos é que somente uma pequena parcela dos estudantes tem acesso a estes espaços artísticos, tendo a oportunidade de apreciar e usufruir de experiências estéticas. Através dos questionários que apliquei, percebi pelas respostas dos alunos que a maioria deles nunca teve acesso, a museus ou galerias de arte, devido às famílias não possuírem o hábito de freqüentar tais espaços e as escolas muitas vezes, não investirem nesses passeios culturais. O que é uma pena, devido às várias manifestações dos alunos em desejar conhecer esses espaços artísticos. Nessa perspectiva de formação para cidadania crítica do educando podemos perceber que a Educação e a Arte podem estar engajadas nessa busca, pois a Arte é uma linguagem da vida e por meio dela podemos compreender melhor a humanidade, principalmente porque ela muitas vezes coloca questões ao mundo, faz perguntas as quais as respostas não são únicas, ela instiga. Enfim, todos nós estamos desejando mudanças em nossa sociedade e isso só será possível se tivermos uma cidadania consciente, crítica e participante.


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3.2. Dados gerais do projeto de Ensino e da Escola em que foi realizada a prática

Título do projeto: A arte como suporte de um olhar crítico Identificação da Escola: Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Reus, Rua Santa Teresinha nº 25, Capão da Cruz, Sapucaia do Sul – Rs Profª titular da turma: Renata Savares Série: 6º série Turma: 62

Tema do projeto

O tema desenvolvido levantou questões sociais como injustiças, violência, desigualdade social, preconceito, problemas ambientais e outros. Apresentou como os artistas se engajaram através da história utilizando suas pinturas, desenhos e outras manifestações artísticas para questionar a sociedade, através da sua arte. Enfatizou o quanto a arte tem relação com a sociedade, sendo a arte uma expressão de vida, e uma forma de expressão muitas vezes tem sido um elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social e de um indivíduo com isso, já contribuiu e poderá continuar a contribuir para protagonizar mudanças sociais.

Justificativa

O tema do projeto de ensino foi escolhido devido ao fato da sociedade atual estar cada vez mais exigindo cidadãos críticos e formadores de opiniões. E a


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Arte, através de suas várias manifestações, pode ser um suporte que possibilite visões críticas. Esse pensar reflexivo pode contribuir para constituir elementos de crítica e de formação de um cidadão consciente, crítico e participativo. Podendo vir a atuar positivamente em nossa sociedade.

Objetivo Geral

O objetivo geral do projeto de ensino foi aprimorar o senso crítico dos alunos levantando questões e problemas sociais da atualidade, buscando através da arte uma conscientização do seu papel como cidadão. Possibilitando que eles refletissem sobre a relação entre a arte e a sociedade e como a arte, através da história, pode estar engajada em questões importantes para sociedade podendo contribuir para protagonizar mudanças sociais.


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3.3. Prática de Ensino

3.3.1. 1º Encontro Aulas 1 e 2 Data: 17-08-2010 Duração: 1 hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos:

1- Instigar os alunos a relatarem suas percepções e relações entre o vídeo: Que país é esse?, youtube, Diego Detoni, 2007.

Contendo

imagens dos problemas sociais do Brasil e a música “ Que pais é esse?” 2- Proporcionar diálogos e reflexões entre os alunos, questionando-os sobre as questões sociais e políticas da sociedade em que vivem; 3- Apresentar, através das reproduções de imagens, de que forma os artistas estão engajados questionando a sociedade; 4- Analisar as imagens das obras dos artistas Goya, Picasso e Portinari, a fim de que compreendam a relação entre as mesmas; 5- Analisar, interpretar e reproduzir obras por meio das releituras;


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6- Observar as imagens dos trabalhos da artista Hannah Höch que utiliza colagem como referência para elaboração de seus trabalhos.

Conteúdos: - Releitura de obras; - Cubismo; - Goya, Picasso e Portinari.

Metodologias: - Aula expositiva e Dialogada; - Trabalhos em grupos; - Atividades práticas.

Desenvolvimento: 1º momento: Apresentação de um vídeo com a música (Que país é esse?) e imagens com conteúdo crítico sobre os problemas sociais do Brasil. 2º momento: Diálogo dirigido sobre o que assistiram no vídeo. Qual é a relação da música com as imagens vistas. 3º momento: Diálogo de como a arte e os artistas, através da história estão engajado questionando e criticando a sociedade. Após apresentar as imagens das obras, pedir para os alunos as observarem. Questioná-los sobre o que


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viram e o que tem em comum entre as imagens das obras dos três artistas e qual foram os sentimentos que tiveram etc. 4º momento: Apresentarei reproduções de imagens das obras de Hannah Höch, artista que usa a colagem. Após orientarei sobre a produção que farão. Atividade prática: realizar através do desenho e da colagem uma releitura das obras remetendo aos problemas contemporâneos da nossa sociedade.

Recursos/Técnicas: - Data Show; Computador e CD; - Imagens das reproduções das obras dos artistas em questão; - Desenho; Colagem; - Cartolina gigante; revistas; jornais; cola; tesoura.

Retirantes, Candido Portinari, 1944 (Fonte: Disponível em http://www.causosdocasulo.wordpress.com Acesso em: 10 agosto. 2010.)


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Guernica (1937), Pablo Picasso (Fonte: Disponível em: http://www.annalisamelandri.it Acesso em 10 agosto, 2010.)

“Três de maio de 1808” (1814), Goya. (Fonte: Disponível em http://www.ninhodogaviao.zip.net Acesso em: 10 de agosto, 2010.)


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“A bouquet of eyes.”, Hanna Höch (Fonte: Disponível em http://www.stumbleupon.com/stumbler/billayton/ Acesso em: 10 de agosto, 2010.)

Hannah Höch (Fonte:Disponível em: www.ricardo-domeneck.blogspot.com Acesso em: 13 de agosto, 2010)


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Realizado

A primeira aula com a turma 62 foi realizada no dia 17-08-2010, com 24 alunos presentes. A professora Renata, titular da turma, me acompanhou após o recreio até a sala de aula. Ela explicou aos alunos que a partir desse dia eu seria a professora da turma durante sete semanas, após despediu-se. Quando ela saiu da sala da sala, iniciei uma conversa com o grupo explicando-lhes que havia preparado aulas bem diferentes das quais eles estavam costumados já que a professora titular trabalhava com dinâmicas de grupos, teatro. Percebi no momento que alguns alunos gostaram, pois não se interessavam por teatro e outros ficaram um pouco insatisfeitos pela mudança. Expliquei como seriam as nossas aulas, os materiais que utilizaríamos os conteúdos, os trabalhos práticos, também falei da importância do envolvimento e da participação do grupo para que as aulas tivessem sucesso. Iniciei a aula pedindo que os alunos observassem com atenção o vídeo que passei no Data Show explicando que após faríamos um diálogo sobre o que viram. Neste momento ficaram atentos até o fim mostrando-se atraídos pela música e as imagens mostradas. Após iniciamos um diálogo sobre o conteúdo do vídeo. Todos iniciaram falando ao mesmo tempo, precisei interferir para que falassem um de cada vez. Comentaram sobre as imagens de violência nas ruas, a miséria, as greves, a violência policial, o desmatamento e queimadas. Surgindo a pergunta “O que o vídeo tinha a ver com a Arte?”, aproveitei a mesma para explicar que a música que ouviram no vídeo “Que pais é este?”, era um protesto contra tudo aquilo. Instiguei-os perguntando-lhes se achavam que a música também era arte, eles afirmaram que sim. Portanto expliquei que tanto a música, o cinema, a literatura e as artes visuais podem ser veículos de críticas sociais. Mostrei três reproduções das obras de artistas que se engajavam em questões sociais (Goya, Picasso e Portinari) comentando sobre cada imagem.


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Após a explicação passamos para o trabalho prático onde os alunos deveriam escolher uma das obras para realizar uma releitura. Expliquei a eles sobre a diferença de cópia e releitura e pedi que utilizassem o recurso da colagem e do desenho. Mostrei algumas imagens da artista Hannah Höch para que tivessem uma referência. Dividi a turma em grupos de quatro, sendo que alguns preferiram fazer em duplas. Durante o trabalho fui várias vezes solicitada nos grupos, eles pediam a minha opinião perguntando se estava certo ou errado. Alguns pediam que eu ajudasse, dei algumas dicas, mas deixei o trabalho por conta deles. Todos conseguiram terminar e me entregar. Após eles auxiliaram na arrumação da sala. Durante as observações feitas no estágio I, havia percebido um grupo calmo, participativo e envolvido. Na aula de hoje não foi diferente, pois os alunos foram bem participativos nos diálogos, questionaram sobre o que viram e demonstraram suas opiniões. No trabalho prático demonstraram estar gostando do que faziam, trocavam materiais entre eles, parecendo empolgados mesmo aqueles que gostavam mais das Artes Cênicas. Porém, percebi certa dificuldade em expressarem livremente, pois me chamavam, a todo o momento, querendo saber se estavam fazendo o trabalho corretamente, mesmo eu não querendo interferir muito. Algumas vezes precisei interferir e dar algumas dicas para um melhor resultado nas suas produções. Solicitei que o recorte fosse feito de outra forma, que não era somente uma colagem solta e sim uma composição. A interferência do professor durante a produção dos trabalhos dos alunos é fundamental, conforme os autores Viktor Lowenfeld e W. Lambert Brittain (1997, p.319), “O papel primordial do mestre, durante essa etapa, é proporcionar orientação e incentivo, para que essa expressão adquire forma significativa” Porém, por ser a primeira atividade realizadas com os alunos, fiquei indecisa sobre algumas atitudes, pois tive receio de exigir demais e com isso desestimulá-los e fazê-los desacreditar na suas capacidades.


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Também alguns alunos queriam recorrer à cópia ao me ouvirem elogiar um dos grupos. Assim, os demais resolveram fazer da mesma maneira, pois queriam agradar. Eu precisei explicar que o importante era o desafio e que cada um deveria criar e expressar-se da sua maneira. Para Viktor Lowenfeld e W. Lambert Brittain (1997, p.322), O jovem pode sentir relutância em envolver-se em experiências artísticas. Em parte, isso talvez seja porque suas realizações anteriores, no terreno da arte, foram ignoradas ou mesmo ridicularizadas. Em parte, é por causa da sua crescente consciência crítica: ou, ainda, pode ser até reflexo do pressentimento de que a arte não é atividade importante.

Releituras

Alunos da turma 61 - Releitura da Obra Retirantes de Portinari (Fonte Camboim, 2010)


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Alunos Igor e Anderson - Releitura da Obra: Fuzilamento de 3 de maio, Goya (Fonte Camboim, 2010)

Alunas DĂŠbora e Brenda - Releitura da Obra: Fuzilamento de 3 de maio, Goya (Fonte Camboim, 2010)


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. Alunos Caroline e MatusalĂŠm - Releitura da Obra: Guernica, Pablo Picasso. (Fonte Camboim, 2010)


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3.3.2. 2º Encontro Aulas 3 e 4 Data: 24-08-2010 Duração: 1 hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos: 1-conhecer o Movimento Muralista Mexicano e sua importância como arte revolucionária; 2-Conhecer as características das obras de Diego Rivera e como ele se manifestou sobre a sociedade através da sua arte; 3-Fazer um paralelo entre os murais de hoje (grafite) e os murais mexicanos; 4- Refletir sobre questões e problemas sociais da atualidade; 5- Desenvolver a expressão e a criatividade por meio da pintura.

Conteúdos: - Muralismo; - Diego Rivera e Nunca; - Grafite; - Crítica Social e política.


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Metodologias: - Aula expositiva; - Dialogada; - Atividades práticas.

Desenvolvimento: 1º momento: Iniciar a aula com a composição de quadro vivo fazendo a releitura da obra de Portinari (Retirantes). 2º momento: Com a utilização de data show, mostrarei aos alunos as reproduções das obras de Diego Rivera assim como o Movimento Muralista Mexicano. Feito isso farei uma explanação sobre o que foi o Movimento Muralista Mexicano, e as características das obras do artista em questão. 3º momento: Após farei um comentário explicando-lhes: que, assim como Muralismo que é uma arte produzida em grandes murais, temos, nos dias atuais, o grafite que é um desenho feito em paredes e muros, apresentarei imagens de grafite do grafiteiro “Nunca” que possui um forte conteúdo critico. 4º momento: Será realizado um breve debate levantando os problemas sociais da atualidade que os alunos consideram mais importantes. 5º momento:


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Os alunos receberão orientações sobre a atividade prática: criação de um mural. Eles produzirão um painel com o tema ”Eu protesto”. Cada aluno receberá uma folha de papel Kraft e fará uma composição sobre o tema em questão utilizando o recurso da pintura com tinta guache. Após faremos uma colagem de todos os trabalhos fazendo a montagem de um grande mural. Observação: Esse mural será exposto na instalação que faremos no último dia.

Recursos/técnicas: - Desenho; - Data Show, computador e Cd; - Imagem das reproduções das obras dos artistas em questão; - Papel Kraft, lápis e borracha.

O Mundo de Hoje e de Amanhã, Diego Rivera 1933


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(Fonte:http://www.fbuch.com Acesso em: 21 de agosto, 2010)

Sem TĂ­tulo (Fonte:http://www.indiavelha.wordpress.com Acesso em: 21 de agosto de 2010)

Sem TĂ­tulo, Grafiteiro Nunca na fachada Tate Modern (Fonte: http:// www.divinairdeia.net


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Acesso em: 21 de agosto de 2010)

Sem Título (Fonte: http://www.professorJunior.blogspot.com Acessado em: 21 de agosto, 2010)

Realizado

Conforme havíamos combinado, os alunos trouxeram roupas e acessórios para compor um quadro vivo fazendo uma releitura da obra de Portinari (Retirantes). Começamos a aula com alguns alunos se organizando em frente a um painel para serem fotografados por mim. Depois pedi que todos sentassem em circulo

para

assistirem

a

apresentação

de

PowerPoint

sobre

Muralismo.

Apresentando imagens de murais de Diego Rivera, comentei sobre o Muralismo Mexicano e também sobre o artista em questão. Após fui instigando-os para que percebessem a ligação entre Muralismo, que é uma arte em grandes murais; e o Grafite, que é uma arte contemporânea feita em muros.


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Apresentei os trabalhos de Grafite do grafiteiro Nunca, que possuem fortes conteúdos críticos, pois mostram imagens de indígenas que perderam sua identidade. Antes de iniciar a atividade prática, tivemos um breve debate comentando sobre os problemas sociais da atualidade. No diálogo foram levantados vários problemas os quais eu ia escrevendo no quadro (violência, miséria, meio ambiente, bullying e drogas), despertando o senso crítico do grupo. A maioria dos alunos fez uma ligação entre o aumento do consumo de drogas e os problemas sociais, que as drogas poderiam estar refletindo em quase todos esses problemas. Após iniciamos a prática, cada aluno recebeu um pedaço de papel kraft para que os alunos fizessem um desenho mostrando algum protesto. Expliquei que após a pintura com tinta guache faríamos uma colagem de todos os trabalhos, fazendo a montagem de um grande mural. Iniciaram seus trabalhos mostrando-se bastante empolgados, percebi que consegui motivá-los mostrando os trabalhos do grafiteiro Nunca, pois demonstraram gostar muito dos trabalhos desse grafiteiro.

Isso despertou o desejo em

empenharem-se para que o mural ficasse expressivo e plasticamente bem construído. Os alunos também perceberam que a participação e o empenho de todos seriam fundamentais para a conclusão do mural. O autor Viktor Lowenfeld comenta ( 1997, p.165),

Se pensarmos numa atividade criadora em grupo, o fato de que todos os seus componentes são arrastados por um “motivo criador” aumentará o desejo de participação na obra comum, desenvolvendo uma atitude de cooperação. No entanto, o trabalho em grupo somente é eficaz quando a criança, individualmente, tem a sensação de que não poderia ter realizado sozinha o que o grupo conseguiu fazer.

Durante a execução dos trabalhos percebi, que a maioria dos alunos procurou desenvolvê-los de forma pessoal, utilizando desenhos representativos. Alguns alunos fizeram desenhos estereotipados sem o uso de perspectiva, também utilizaram linhas finas e suaves, representando só contornos, sem volumes. Porém, não interferi, pois no processo da pintura pedirei que eles utilizem sombras de claro e escuro para dar volumes e camadas grossas e finas de tintas para obterem diferentes texturas.


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Algumas vezes interferi, pois alguns alunos queriam desenhar o que eles pensavam ser mais fácil e não o que realmente desejavam. Penso que isto aconteceu devido a serem autocríticos com seus trabalhos e por saberem a complexidade do desenho sentiram-se incapazes de realizá-lo. Para Viktor Lowefeld (1997, p.203),

A medida que a criança cresce, desenvolve seu espírito crítico em relação aos seus trabalhos. Muitas vezes, essa consciência crítica supera seu desejo de expressar-se criativamente. Isto é verdadeiro, principalmente nas crianças que passam, com rapidez, da infância para a adolescência. Se esta mudança de um estágio para o outro ocorre um prazo demasiado curto, a criança não pode ajustar-se com suficiente brevidade à sua nova consciência critica e fica insatisfeita com suas realizações. Acha tudo infantil e “mal feito”.

No final todos entregaram seus trabalhos para que na próxima aula retomássemos a atividade. Sobrou algum tempo o qual aproveitei para mostrar os trabalhos feitos por eles na aula anterior dando a oportunidade para que eles comentassem sobre suas produções.


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3.3.3. 3º Encontro Aulas 5 e 6 Data: 31-08-2010 Duração: 1hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos:

1- Compreender o conceito de instalação; 2- Propor uma instalação; e criar o projeto da mesma; 3- Proporcionar contato com as artes contemporâneas; 4- Explorar as cores e expressar-se por meio delas; 5- Fixar os conceitos de cor primária e secundária e estimular os alunos a usarem seus conhecimentos sobre as cores através da pintura.

Conteúdos: - Conceito de instalação; - Arte contemporânea; - Cor.


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Metodologias: - Aula expositiva e Dialogada; - Atividades práticas.

Desenvolvimento: 1º momento: Diálogo dirigido explicando que todos os trabalhos que faremos serão expostos na instalação. Após explicação do que se trata uma instalação artística e entrega de um texto para os alunos sobre o conceito de instalação. 2º momento: Apresentação de um documentário ( vídeo) de um artista e professor de artes, “Carlos Fajardo”, discutindo instalação junto com seus alunos na ECA/USP. Após apresentarei algumas imagens de instalações de alguns artistas utilizando o Data show. Depois teremos uma discussão, propondo ideias aos alunos de como poderemos elaborar a nossa instalação. 3º momento: Orientar sobre as misturas das cores primárias, secundárias e terciárias para fazermos a pintura do mural. 4º momento: Dar continuidade ao trabalho prático que iniciamos na aula anterior, começando a pintura dos trabalhos para elaboração do mural.

Recursos /Técnicas: - Vídeo: Carlos Fajardo: Para todos os sentidos, duração 20 min., organizado pela TV Escola, 2002.


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- Imagens de instalações; - Pintura; - Tintas guache e pincéis.

Sem título (Fonte: http:/www.formaarteconceito.blogsport.com. Acessado em: 5 de agosto, 2010)

Sem título (Fonte: http:/www.parapatapihahawo.blogspot.com Acessado em 5 de agosto 2010 )


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Realizado A aula foi iniciada com um diálogo explicando que todos os trabalhos realizados, inclusive o mural que faríamos na aula de hoje, seriam expostos na instalação que faremos no último encontro. Após expliquei do que se tratava uma instalação artística. Distribui fotocópias sobre o conceito de instalação. Por fim, apresentei um vídeo, documentário de um artista e professor de artes, “Carlos Fajardo”, discutindo “ instalação” junto com seus alunos na ECA/USP. Mostrei algumas imagens de instalação e discutimos como seria a instalação que faremos, solicitando que os alunos sugerissem idéias para as próximas aulas.

Eles mostraram-se bastante entusiasmados em elaborar essa

instalação, dando sugestões. Acredito que mostrando para os alunos que para elaboração do projeto será fundamental sua participação, isso pode ser motivador. Para Rosa Iavelberg (2003, p.11),

A autonomia e a participação dos alunos são reais quando eles têm consciência da necessidade das propostas que executam ou de interesse por elas. Trabalhar em tarefas escolares por solicitação do outro, sem perceber o sentido ou sem gosto por fazê-lo, é desenvolver uma postura de submissão, o que ou tarde, levará o aluno a não querer continuar aprendendo, seja por rebeldia, seja falta de motivação própria.

Após demos continuidade ao trabalho prático iniciado na aula anterior, começando a pintura dos desenhos para a elaboração do mural. Orientei-os sobre a pintura que fariam comentando sobre a mistura das cores primárias, secundárias e terciárias. Os alunos iniciaram seus trabalhos mostrando-se interessados, a maioria deles trouxe os materiais solicitados. Percebi que estavam concentrados na tarefa proposta, faziam as misturas das tintas demonstrando prazer no que estavam fazendo. Porém, mesmo explicando sobre o uso das cores e nuances, das pinceladas, manchas e o uso do claro e escuro para dar volumes, alguns alunos continuavam fazendo uma pintura chapada, sem textura e o resultado não foi o esperado. Também outro fator negativo foi o pouco tempo, pois tiveram que terminar


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logo para me entregar. No final conseguiram realizar a pintura sendo que a montagem não foi possível. A turma interagiu muito bem, trabalhando com diversos materiais, sendo para os alunos uma aula descontraída e prazerosa, mesmo alguns alunos não tendo conseguido fazer boas composições. Vejo que foi significativo oferecer aos alunos o trabalho com tintas e cores, já que dificilmente eles utilizam esse material. Também a experiência oportunizou provocar a sensibilidade e a expressão, pois as cores carregam bastante expressividade. Para Ostrower (2004, p.103),

Por maior que seja a nossa experiência prática, uma coisa é imaginar cores e outra, completamente diferente, é percebê-las. Na verdade, todas as cores são excitantes, não só o vermelho. Há uma excitação dos sentidos, que é própria da cor e que não existe em nenhum outro elemento visual.

Trabalho da aluna Taiara - Violência Urbana (Fonte: Camboim, 2010)


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Trabalho da aluna Julia - Poluição dos Rios (Fonte: Camboim, 2010)

Trabalho da aluna Adriana - Queimadas (Fonte: Camboim, 2010)


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Trabalho da aluna Bruna - Desigualdade Social (Fonte: Camboim, 2010)

Mural da turma 61 - “Nossos Protestos� (Fonte: Camboim, 2010)


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3.3.4. 4º Encontro Aulas 7 e 8 Data: 14-09-2010 Duração: 1 hora e 10min. Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos: 1- Aprender a técnica da máscara gessada; 2- Proporcionar conhecimento sobre culturalidade através da pesquisa sobre os tipos de máscaras; 3- Conhecer as simbologias e funções do uso das máscaras de acordo com as crenças e os costumes dos povos.

Conteúdos: - Culturalidade; - Técnica da máscara gessada.

Metodologias: - Aula dialogada; - Expositiva; - Atividades práticas.


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Desenvolvimento: 1º momento: Conversa dirigida sobre o uso da máscara como manifestação artística. 2º momento: Exposição e observação de imagens de máscaras trazidas pelos alunos e professora. 3º momento: Orientação sobre o procedimento da execução das máscaras. 4º momento: Iniciar a confecção das máscaras.

Recursos/Técnicas - Imagens de tipos diferentes de máscaras; - Atadura gessada; - Vaselina e algodão; - Bacia com água; - Secador de cabelo; - Massa corrida.


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Realizado Iniciei a aula perguntando quem havia feito a pesquisa sobre as máscaras e trazido as imagens das mesmas. Como eu esperava apenas alguns alunos trouxeram as imagens, coloquei-as coladas no quadro negro juntamente com as imagens que eu havia trazido. Pedi para quem tivesse feito pesquisa, que comentasse o que entendeu. O comentário foi muito sucinto, pois alegaram que não lembravam. Iniciei um diálogo falando sobre os tipos de máscaras: as africanas, indígenas, as de carnaval, as do folclore e de algumas regiões. Comentei sobre a simbologia dessas máscaras, o uso nas circunstâncias sociais e religiosas como rituais da fecundidade, nascimento, fúnebres e etc. Os alunos prestaram atenção e mostraram-se curiosos com a descoberta. Penso que é muito importante para o aluno ter oportunidade de adquirir novos conhecimentos e experiências culturais. Segundo Fusari e Ferraz (1991, p.23), A arte é representação do mundo cultural com significado, imaginação; é interpretação, é o conhecimento do mundo; é, também, expressão dos sentimentos, da energia interna, da efusão que se expressa, que se manifesta, que se simboliza. A arte é o movimento na dialética da relação homem-mundo.

Logo após iniciamos a prática, solicitei que todos ficassem em círculos. Pedi que um aluno sentasse ao centro e coloquei os materiais que utilizaríamos junto a ele. Iniciei a máscara fazendo o molde do rosto do aluno explicando para todos como se dava todo o processo até a retirada da máscara. Após perguntei quem gostaria de emprestar o seu rosto para o molde das máscaras. Vários alunos quiseram. Então escolhi seis duplas, um seria o molde e o outro o modelaria. Os outros alunos iam auxiliando no que fosse necessário. Fiquei passando e observando os alunos, dando orientação no que precisassem. No início do trabalho percebi que a turma estava muito agitada, muitos alunos riam alto, levando na brincadeira. Então tive que pedir para pararem e novamente retomei a conversa com o grupo explicando que se não se concentrassem e encarassem com seriedade a execução das máscaras haveria desperdício de material e a produção final não sairia o esperado. A conversa surtiu


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efeito, pois os alunos mudaram a postura e o trabalho ocorreu tranquilamente. Eles mostravam-se empolgados, participativos e satisfeitos com a experiência de manipular esses materiais diferenciados. Segundo Fusari e Ferraz (1991, p.113), Deve-se possibilitar aos alunos o maior numero de contatos e descobertas. Se pretendemos que os estudantes encontrem suas expressões próprias, devemos ficar atentos para que o convívio com os matérias se faça de forma diversificada.

No final de cada término das máscaras eu ia retirando-as do rosto dos alunos, pois tive receio que ocorresse algum acidente. Após as máscaras estarem secas, os alunos passaram uma camada de massa corrida e as deixaram secar para que na próxima aula retomássemos os trabalhos.

Alunos da Turma 62 – Confecção das Máscaras (Fonte: Camboim, 2010)


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Alunos da Turma 62 – Confecção das Máscaras (Fonte: Camboim, 2010)

Máscaras Gessadas (Fonte: Camboim, 2010)


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3.3.5. 5º Encontro Aulas 09 e 10 Data: 21-09-2010 Duração: 1 hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos: 1- Dar prosseguimento à confecção das máscaras; 2- Instigar os alunos a perceberem as diferentes culturas étnicas do povo brasileiro; 3- Ampliar o uso de diferentes materiais propondo experimentações; 4- Estimular a imaginação através das representações de máscaras; 5- Estimular os alunos a refletirem sobre as suas produções.

Conteúdos: - Etnia; - Máscaras.

Metodologias: - Dialogada; - Aula Prática; - Trabalho em grupos.


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Desenvolvimento: 1º momento: Diálogo dirigido sobre as diferenças culturais e etnias do povo brasileiro. 2º momento: Orientá-los a selecionar e utilizar de maneira criativa os materiais disponíveis: (tinta, cola, glitter, tecidos, plumas, lantejoulas, papel colorido, fita, lã, pincéis e outros), a fim de caracterizarem suas máscaras. 3º momento: Atividades práticas: propor aos alunos que representem, através das máscaras, as diferentes “Caras do Brasil”. 4º momento: Observar a máscara que criaram após refletir e responder sobre as mesmas.Perguntei: Qual a palavra que lhe vem à cabeça ao olhar a sua máscara? OBS: As máscaras serão expostas na instalação que faremos no último dia de aula.

Técnicas/Recursos - Pintura, colagem; - Tinta, pincéis, lápis; - Tecidos, diferentes papéis, fitas, lã, penas; - Cola, glitter, lantejoulas e tesoura.


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Realizado Iniciei a aula solicitando que a turma se dividisse em nove grupos para fazermos a caracterização das máscaras. Distribui uma máscara para cada um dos grupos para que eles caracterizassem as máscaras representando as caras do Brasil: as Africanas e Indígenas representando as raças, as de carnaval, a alegria dos brasileiros, as máscaras das caras pintadas, o patriotismo e os protestos também, as folclóricas representando as regiões. A maioria dos alunos trouxeram os materiais solicitados e mostraram-se bastante entusiasmados em realizar o trabalho. Ficaram envolvidos manipulando os materiais trazidos. Acredito que os alunos estavam empolgados devido ao fato deles estarem envolvidos em todo processo de criação desde a modelagem das máscaras até a etapa final, também por oportunizar-lhes criar livremente podendo escolher as cores e os materiais que desejassem. Penso que o adolescente já possui autonomia e desenvolveu a capacidade de criar e construir. Segundo Lowenfeld e Brittain (1977, p.319),

Não é o momento oportuno para prescrever tarefas sem finalidade alguma, só pelo mero intuito de manter os jovens ocupados. O estudante, nesse período, está cheio de idéias e projetos. Ressente-se, profundamente, por ter de executar tarefas artísticas fixadas pelo professor e que impedem sua própria expressão.

Passei em todos os grupos orientando-os e os observando. Percebi que durante o processo de criação das máscaras houve participação de todos os componentes do grupo. Conversavam entre eles trocando e sugerindo idéias, mostraram ter iniciativa procurando solucionar os problemas em relação aos materiais optando por outros. Também tiveram bastante capacidade de dar forma visual as suas idéias. Acredito que esse momento de criação das máscaras exercitou a capacidade de imaginar, fantasiar e de se expressar, e isso é fundamental para o desenvolvimento da criatividade. Segundo Fusari e Ferraz (1991, p.56), A criança em atividade fabuladora ou expressiva participa ativamente do processo de criação. Durante a construção ela se coloca uma sucessão de


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imagens, signos, fantasias, que às vezes são mais considerados por ela no momento em que aparecem do que no resultado do trabalho. Estes fatos são muito importantes para o conhecimento da produção da criança e evidenciam o desenvolvimento e expressão de seu eu e do seu mundo.

No final todos os grupos conseguiram terminar as máscaras e as entregaram. Mostraram-se realizados e satisfeitos com as suas produções.

Cara pintada (Representando o Patriotismo) (Fonte Camboim, 2010)


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Os indígenas (Representando as Raças) (Fonte Camboim, 2010)

O carnaval (Representando a Alegria) (Fonte Camboim, 2010)


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Máscara Africana (Representando as Raças) (Fonte: Camboim, 2010)

Exposição das Máscaras (Fonte: Camboim, 2010)


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Alunos da Turma 62 demonstrando as mรกscaras (Fonte: Camboim, 2010)


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3.3.6. 6º Encontro Aula 11 e 12 Data: 28-09-2010 Duração: 1 hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos: 1- Dar prosseguimento à instalação.

Conteúdos: - Instalação.

Metodologias: - Aula dialogada; - Atividades práticas; - Trabalhos em grupos.

Desenvolvimento: 1º momento: Diálogo dirigido explicando que faríamos os últimos preparativos para instalação.


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2º momento: Fazer uma votação para escolhermos o título da instalação e a música que será usada de fundo. Fazer a escolha de quais alunos irão fazer a performance, as vestimentas que utilizarão. 3º momento: Atividade prática: Dividir a turma em grupos, sendo que cada grupo fará uma atividade diferente: uns irão recortar as letras para as frases dos cartazes, outros irão selecionar e recortar figuras de pessoas e cenas do povo brasileiro. O outro grupo fará as placas de protestos que serão usados na instalação.

Recursos/Técnicas - Recorte e colagem; - Revistas, jornais, folhetos; - Tinta guache, pincéis , cola e tesouras.

Realizado

Iniciei a aula com um diálogo dirigido, explicando que neste encontro faríamos os últimos preparativos para a instalação. Sugeri alguns títulos para essa instalação. Depois fizemos uma votação onde foi decidido que o título seria “O mundo não é, ele está sendo”. Também escolhemos a música que seria usada e conversamos sobre como poderia ser feita essa instalação. A princípio, sugeri que construíssem alguns personagens para representarem os problemas sociais do Brasil, porém o grupo preferiu que eles próprios fizessem a performance desses personagens. Então foi feita a escolha de quem gostaria de fazer a performance, as vestimentas que usariam e quem poderia vir no turno inverso para a montagem da instalação.


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Após dividi a turma em grupos e cada qual fez atividades diferentes, alguns recortavam as letras para frases dos cartazes, outros selecionavam e recortavam figuras de revistas, imagens de pessoas representando o povo brasileiro e outros fizeram a pintura das placas de protestos. Foram até o final da aula se envolvendo nessas atividades. Todos os grupos mostraram-se empenhados, fizeram boas escolhas na seleção das imagens, demonstrando que entenderam a proposta. Percebi que a turma estava bastante entusiasmada, pois a maioria deles se dispôs a vir em turno inverso para a montagem da instalação. Também se mostravam envolvidos realizando seus trabalhos com autonomia, combinando entre eles quem traria as vestimentas e os objetos para fazer a performance. Senti que o grupo realmente estava levando a sério e querendo que desse tudo certo para mostrarem os seus trabalhos para os outros alunos da .escola. Vejo a importância de trabalharmos com projetos e não apenas com atividades isoladas, pois através de um projeto com atividades elaboradas em seqüência e com objetivos claros, o ensino e a aprendizagem e acontecerão da melhor forma. Para Miriam Celeste Martins, Gisa Picosque e M. Terezinha T. Guerra ( 1998, p158),

Os projetos refletem uma atitude pedagógica fundamentada numa concepção de educação que valoriza a construção do conhecimento. É uma outra forma de planejar o ensinar/ aprender arte. Um projeto é uma intenção,que precisa ser continuamente avaliado e replanejado.

. Porém, como as autoras afirmaram o projeto algumas vezes precisa ser modificado para alcançar os seus objetivos. A aula de hoje me fez avaliar que o projeto não era só meu, pois precisei levar em consideração as opiniões e sugestões da maioria da turma e optar em mudar o que havia pensado em fazer na instalação. Acredito que o professor precisa levar em conta a realidade e o interesse da turma. Segundo Maria F. Fusari e Maria Heloísa T. Ferraz (1991, p.107),


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O fato é que a arte não é somente executar, produzir, realizar e o simples”fazer” não basta para definir sua essência. A arte é também invenção. Ela não é execução de qualquer coisa já ideada, realização de um projeto, produção segundo regras dadas ou predisposta. Ela é um tal fazer que, enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer.

Alunos elaborando a montagem da Instalação (Fonte: Camboim, 2010)


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Alunos elaborando a montagem da Instalação (Fonte: Camboim, 2010)

Alunos elaborando a montagem da Instalação (Fonte: Camboim, 2010)


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Alunos elaborando a montagem da Instalação (Fonte: Camboim, 2010)


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3.3.7. 7º Encontro Aulas 13 e 14

Data: 05-10-2010 Duração: 1 hora e 10 minutos Tema: A arte como suporte de um olhar crítico

Planejado

Objetivos: 1-Realizar a montagem e a abertura da exposição com instalação; 2-Fazer com que os visitantes da exposição reflitam sobre a relação entre arte e sociedade; 3- Realizar uma auto-avaliação sobre seu comprometimento durante as aulas; 4- Fazer uma análise sobre o que os alunos pensaram sobre as aulas de arte.

Desenvolvimento: 1º momento: Montagem da instalação. 2º momento: Abertura da exposição para visitação das turmas.


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3º momento: Apresentação no Data Show das fotos dos alunos tiradas durantes as aulas. Após será feita uma conversa dirigida sobre quais os trabalhos realizados durante as nossas aulas que os alunos mais gostaram de fazer e comentar o porquê desta escolha. Também comentar sobre as aulas de Arte, expondo a sua opinião.

Realizado

Neste dia iniciamos a montagem da instalação pela manhã. Conforme combinamos a maioria da turma compareceu para fazermos a montagem. Distribuí as tarefas aos alunos, alguns colavam os cartazes e móbiles, outros iam montando os cenários para organizar os ambientes. A instalação foi realizada no saguão da escola e organizada em três ambientes: na entrada foram apresentados os problemas sociais do Brasil, com cenários e as performance de alguns alunos. Também os protestos com a pintura do mural e as placas. Em outro ambiente, as faces do Brasil com móbiles de fotos de pessoas com várias etnias: o branco, o negro, o índio, o oriental e as máscaras representando as “caras do Brasil”. Na saída foi mostrada a parte otimista, e o desejo de mudanças, com a representação da bandeira do Brasil e os móbiles com imagens e palavras referentes à frase “O povo brasileiro é: trabalhador, festivo, solidário, feliz, criativo, sonhador” e no final um cartaz com uma frase para refletirem: “Faça nascer um novo futuro... repleto de possibilidades e prosperidade”. Á tarde iniciaram as visitações, os alunos iam até as turmas e convidavam o professor e os alunos para apreciar a instalação. A princípio tinha pensado em convidar apenas as turmas da 5ª á 8ª séries, porém as professoras das séries


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iniciais mostraram interesse em olhar os trabalhos com os seus alunos. Então decidi fazer a visitação com todas as turmas da escola do turno da tarde. Os alunos visitaram a instalação e mostravam-se curiosos, observavam com atenção os cenários, as performances, as imagens, e conversavam entre eles. Como eu imaginava os alunos das séries finais tiveram um melhor entendimento, perceberam no mesmo momento que o trabalho artístico estava questionando e criticando os problemas sociais do Brasil. Porém, com os alunos menores, precisei fazer algumas perguntas: “O que vocês estão vendo aqui?”, “Isto está certo?”,” Vocês já viram pessoas assim, dormindo nas ruas?”, “Por que será que isto acontece?”, “Para onde a violência leva o homem?” Eles olhavam a presidiária e respondiam:” Para a cadeia.” Eu lia os cartazes:” O povo brasileiro é”... Eles respondiam: “Somos nós”. “Então podemos tentar melhorar nosso país?” Acredito que a instalação conseguiu instigar a curiosidade e provocar algumas reflexões e sentimentos nos visitantes. Por parte dos alunos da 6ª série que organizaram percebi que estavam empenhados, representando os personagens com atitude séria e expressiva. Também para eles foi um momento de aprendizagem sobre a temática do projeto. A instalação e a performance como culminância do projeto foi uma produção artística que envolveu diferentes linguagens da arte, como a música, o teatro e as artes visuais. Com isso acredito que contribuí aos alunos um maior desenvolvimento artístico. Para Mirian C. Martins, Gisa Picosque e M. Terezinha Telles Guerra (1998, p.57), A criação artística desvenda em imagens- sonoras, visuais, cênicas- o nosso modo singular de captar e poetizar a realidade. Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o representa à sua maneira, sob seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário...

No final da instalação os alunos auxiliaram-me a desmontá-la e organizaram todo o material. Após fomos para sala, e como havíamos combinado fiz uma apresentação no Data Show com as fotos que havia tirado da turma durante as aulas. Por fim pedi que comentassem sobre as aulas. Fiquei satisfeita com a avaliação, pois a maioria mostrou ter gostado. Citaram ter gostado de realizar as


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atividades práticas de desenhar, pintar, de fazer as máscaras e conhecer alguns artistas e suas obras. Também demonstraram estar orgulhosos consigo mesmo em realizar a instalação, comentando que gostaram de mostrar aos outros alunos da escola seus trabalhos. Penso que as aulas, por estarem entrelaçadas, com objetivos claros e elaboradas, sempre com teoria, reflexão e prática, proporcionaram maior envolvimento da turma e, ao mesmo tempo, contribuíram para um melhor entendimento em arte. Sabe-se que a aprendizagem tem mais significado quando os saberes práticos e teóricos estão juntos. Para as autoras Fusari e Ferraz (1991, p.53),

O professor de arte é um dos responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a melhorarem suas sensibilidades e saberes práticos e teóricos em arte. (...) de organizar o trabalho de educação escolar que contribua nesse rumo é um desafio para o coletivo dos professores compromissados em conseguir escolas de melhor qualidade para toda a população.

Aluno João - Representando a Desigualdade Social


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(Fonte: Camboim, 2010)

Alunos Daniel e Anderson - Representando o Tráfico de Drogas (Fonte: Camboim, 2010)

Aluna Débora - Representando a violência (Fonte: Camboim, 2010)


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Alunas Jenifer e Renata - Representando usuárias de drogas (Fonte: Camboim, 2010)

Visitação das turmas (Fonte: Camboim, 2010)


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Visitação das turmas (Fonte: Camboim, 2010)

Visitação das turmas (Fonte: Camboim, 2010)


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Conclusão O projeto de ensino realizado com alunos da 6º série do ensino fundamental me oportunizou vivenciar várias situações positivas e algumas negativas durante o estágio que me fizeram reavaliar alguns fatores acontecidos em sala de aula e também a minha postura como educadora. Estas reflexões me levaram a perceber como é importante a motivação do professor em sala de aula no processo ensino aprendizagem; como a exigência do professor pode ser construtiva e não desestimular o aluno; como a experiência e a preparação do professor se fazem necessária em certas situações; como através da prática dos nossos alunos podemos repensar nossa metodologia; como através da prática em sala de aula é possível compreender a teoria de alguns autores. E também que a idealização do professor deve ter coerência com o objetivo do projeto, e que a avaliação é importantíssima como meio de melhoria de qualidade da aprendizagem de ambas as partes aluno e professor.

A Necessidade do Professor como Incentivador no Processo EnsinoAprendizagem

Uma das funções importantes do professor, além de orientar os alunos, é incentivar e entusiasmá-los para que eles queiram aprender. Essa motivação percebi que foi fundamental contribuindo para que os alunos se envolvessem e quisessem participar. Isso aconteceu em várias aulas como no 3º encontro quando discutimos como seria a instalação artística que faríamos. Solicitei que os alunos sugerissem idéias para as seguintes aulas. Neste dia específico me senti desafiada a passar segurança e motivação, mostrando a eles que seria possível realizar essa instalação. Pois sabia que, naquele momento, o incentivo era fundamental para motivá-los a quererem participar. Apesar de eu mesma, não ter certeza dos obstáculos que teria pela frente como, por exemplo, o tempo, o espaço físico, os materiais entre outros. Mas mesmo assim incentivei-os como se tivesse certeza que daria tudo certo.


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Outro fato aconteceu no segundo encontro quando apresentei os trabalhos de grafite do grafiteiro “Nunca” e, após a apresentação e comentários, iniciaram um trabalho prático utilizando o desenho, a pintura e colagem fazendo um grande mural de protestos. Percebi que estavam bastante empolgados realizando este trabalho. Acredito que a motivação ocorreu pelo fato deles terem gostado muito dos trabalhos desse grafiteiro e também pelo fato dessa linguagem do grafite estar mais próxima da realidade da turma. Tudo que já faz parte do nosso conhecimento é aceito com mais facilidade, apesar de que devemos estar abertos para novas experiências. Estes acontecimentos destas aulas me fizeram confirmar o que era do meu conhecimento, que o professor que deseja motivar seus alunos deve estar atento ao interesse e à realidade do grupo. Estes fatos relatados me fizeram perceber a importância e a necessidade do professor em motivar seus alunos. Sendo que, futuramente na prática de sala de aula, continuarei incentivando os alunos

utilizando

recursos

incentivadores,

sugerindo

idéias,

desafiando-os,

sondando e atendendo seus interesses.

Estímulo e Exigência na Aprendizagem

Outro fator acontecido na prática da sala de aula que me vez reavaliar foi á importância e a necessidade da exigência e do estímulo. Fazendo-me repensar até que ponto a exigência do professor pode contribuir sem que desestimule o aluno. Pois aconteceram situações em que tive que exigir e ao mesmo tempo tive receio que com isso pudesse desestimular os alunos. Aconteceu essa situação no primeiro encontro os alunos estavam realizando uma atividade prática e precisei interferir e dar algumas dicas para um melhor resultado. E mesmo eu orientando, alguns alunos continuavam a fazer uma colagem solta, sem preocupar-se em fazer uma composição. Porém, por ser a primeira atividade que os alunos realizavam, fiquei indecisa sobre que atitude deveria tomar. Tive receio de exigir demais e com isso desestimulá-los e fazê-los desacreditarem em suas potencialidades. Agora, analisando, considero que o estímulo é fundamental. Mas a exigência também é positiva e tem que acontecer, pois a livre expressão não é


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sinônimo de “fazer de qualquer jeito”. Quando o professor interfere, ele está desafiando, exigindo modificação por parte do aluno, e isso é construtivo para ele. Com isso compreendi que o professor pode ser exigente sem desestimular seus alunos. Cabe ao professor conduzir a aprendizagem agindo como facilitador, sugerindo caminhos diferentes, dando um suporte para que os próprios alunos corrijam seus erros. Assim, a crítica positiva incentivará o desenvolvimento dos alunos. Continuarei adotando essa postura, pois a considero importante no processo da aprendizagem.

A Importância do Conhecimento e do Preparo na Atuação Profissional do Professor

Deparei-me com várias situações em sala de aula, que percebi em alguns alunos dificuldade de entendimento. Então procurei conduzir a orientação de outra forma para que houvesse uma melhor compreensão. Esse fato ocorreu no 3º encontro. Havia passado um documentário de um artista e professor de artes explicando o conceito de instalação artística. Após, fiquei atenta para perceber se ouve entendimento e, pelos comentários, percebi que ainda não tinham compreendido o real significado. Então, novamente expliquei usando uma linguagem mais próxima deles dei mais alguns exemplos, fiz perguntas, o que facilitou o entendimento deles. Acredito que neste momento minha experiência já adquirida como professora foi importante, pois foi através dela que percebi que a linguagem do documentário estava dificultando o entendimento dos alunos. Outro fato ocorreu no 4º encontro, quando me preparei trazendo as imagens e a pesquisa das máscaras, para não contar com o imprevisto, pois já estava a par da realidade e sabia que nem sempre poderia contar que os alunos iriam trazer os materiais solicitados. Também, antes de realizar com os alunos o trabalho das máscaras, fiz primeiramente em casa para ver se daria tudo certo porque sabia que poderiam acontecer alguns imprevistos e precisaria saber solucionar na hora. Tinha que saber todo o material que iria utilizar. Isso foi importante, pois surgiram algumas dúvidas nos alunos quanto à quantidade de


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atadura gessada, vaselina para colocar no rosto, o tempo de secagem, e eu estava tranqüila para dar as orientações corretas. Estas experiências acontecidas na prática de sala aula fizeram-me confirmar a importância e a necessidade do professor em conhecer a realidade da sala de aula como as dificuldades e as dúvidas de seus alunos os imprevistos que podem acontecer e outros. Assim o professor tendo esse conhecimento o auxiliará a uma melhor atuação.

Critérios para a Escolha dos Métodos de Ensino

O estágio me oportunizou repensar minha dinâmica em aula. Entre elas a metodologia aplicada nas aulas. Na maioria das vezes eu utilizava aulas expositivas, com dialogo dirigido, interagindo com os alunos e após realizávamos um trabalho prático. Entretanto, no 1º encontro após a teoria, propus que fizessem uma releitura das reproduções das obras artísticas apresentadas. Neste momento, notei que mesmo explicando de que se tratava de uma releitura de obras, alguns alunos demonstravam não ter entendido a proposta. Precisei interferir e dar algumas dicas para um melhor resultado, solicitando que o recorte fosse feito de outra forma, que não era somente uma colagem solta e sim uma composição. Neste dia a prática dos meus alunos me fez perceber que houve falhas nas explicações, pois talvez não expusesse de forma clara e satisfatória. Poderia ter dado mais exemplos, dado mais orientação sobre o trabalho prático que fariam e feito mais perguntas para constatar se houve entendimento. Essa experiência me vez ver que não estava agindo corretamente porque ser professor não é somente expor e distribuir tarefas e esperar obter resultados. Também para que eles tivessem um melhor entendimento sobre o que era uma releitura utilizei como referência imagens dos trabalhos da artista Hannah Höch que utilizava a colagem em seus trabalhos, porém o trabalho desta artista ficou muito distante dos trabalhos dos outros artistas apresentados o que não apoiou o entendimento dos alunos. Outro fato acontecido que me fez repensar os métodos adotados aconteceu no 4º encontro. Havia solicitado na aula anterior que fizessem uma


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pesquisa sobre a simbologia das máscaras e me trouxessem neste dia. Propus a pesquisa porque achei que seria mais um recurso para facilitar a aprendizagem, para dar autonomia e talvez despertasse um maior interesse e curiosidade sobre o assunto. Porém o resultado não foi o esperado, quase nenhum dos alunos trouxe. E aqueles alunos que haviam feito a pesquisa não lembravam o que haviam pesquisado. Acredito que apenas imprimiram a página para me entregar sem se preocuparem em ler e compreender. Isso me fez avaliar que talvez a pesquisa nessa aula não fosse importante ou talvez se tivesse reservado com antecedência o laboratório de informática da escola e os levassem até lá, dando orientação sobre essa pesquisa teria outro resultado. Estas experiências contribuíram fazendo-me perceber que o professor deve estar atento quanto aos métodos de ensino que irá adotar. Compreendi que, ao elaborar o planejamento das aulas, precisarei analisar e decidir quais os melhores procedimentos e técnicas a serem utilizadas a fim de contribuir para uma melhor aprendizagem dos alunos.

A Importância dos Conhecimentos Teóricos para uma Melhor Ação Pedagógica

Vários fatos acontecidos durante a prática de sala de aula me fizeram refletir, analisar e compreender as teorias de alguns autores que havia pesquisado. No 3º encontro os alunos mostraram-se entusiasmados em elaborar a instalação, dando sugestões. Mostrei para eles que para elaboração do projeto seriam fundamentais suas participações. Acredito que isso foi motivador, pois segundo a autora Rosa Iavelberg a autonomia e a participação dos alunos são reais quando eles têm consciência da necessidade das propostas que executam ou de interesse por elas. E que trabalhar em tarefas escolares por solicitação do outro, sem perceber o sentido ou sem gosto, por fazê-lo, é desenvolver uma postura de submissão. Isso levará o aluno não querer continuar aprendendo por rebeldia ou falta de motivação.


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Outro fato ocorreu no 4º encontro. Iniciamos a confecção das máscaras gessadas e neste dia particularmente os alunos mostraram-se muito empolgados, participativos e satisfeitos com a experiência de manipular os materiais diferenciados. Confirmando a afirmação das autoras Fusari e Ferraz que dizem que se deve possibilitar o maior número de contatos e descobertas. Se pretendermos que os estudantes encontrem suas expressões próprias, devemos ficar atentos para que o convívio com os materiais se faça de forma diversificada. No 5º encontro os alunos estavam bastante entusiasmados e envolvidos manipulando os materiais, então percebi como foi importante envolver os alunos em todo processo de criação desde a modelagem até a etapa final. Também em ter dado bastante autonomia oportunizando a eles que fizessem a escolha dos materiais, e as cores que desejassem. Confirmando a teoria de Lowenfeld que diz que não é oportuno prescrever tarefas sem finalidade alguma, só para manter os jovens ocupados. O estudante ressente-se em ter que executar tarefas artísticas fixada pelo professor que impedem sua própria expressão. No 6º encontro percebi o entusiasmo, o empenho e a participação dos alunos na elaboração e nos preparativos para montagem da instalação artística. Vendo a importância de trabalharmos com projeto e não apenas com atividades isoladas, pois através de um projeto com atividades elaboradas em seqüencia e com objetivos claros, o interesse e a aprendizagem dos alunos serão melhores. Essa prática confirmou a fala das autoras Miriam Celeste, Gisa Picosque e Terezinha Guerra que comentam que os projetos refletem uma atitude pedagógica fundamentada numa concepção de educação que valoriza a construção do conhecimento que é outra forma de planejar o ensinar e aprender a arte. Nesta mesma aula, precisei fazer mudanças que já havia idealizado na elaboração da instalação. Atendendo a opinião e o interesse dos alunos. Confirmando a fala das autoras em questão dizem que um projeto é uma intenção que precisa ser continuamente avaliado e replanejado. Na prática de sala de aula me deparei com várias situações que confirmavam a fala de alguns autores que eu havia pesquisado. Isso me fez compreender que as questões dos autores estavam de fato sendo aplicado na prática. Também entendi que é importantíssimo o professor ter conhecimentos teóricos. Futuramente, pretendo continuar buscando conhecimentos


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teóricos, refletindo e analisando criticamente para adotar os que acredito a fim de dar embasamento e fundamentar as aulas.

Objetivo do Projeto

O projeto de ensino teve como uns dos objetivos gerais aprimorar o senso crítico dos alunos a fim de contribuir para que sejam cidadãos críticos e formadores de opiniões. Este objetivo que pretendia alcançar estava bem claro para mim. Entretanto no 6º encontro deparei-me que estava sendo incoerente nas minhas atitudes, pois a minha teoria não estava condizendo com a minha prática. Nesta aula foi mais um momento de aprendizagem para mim, pois eu já tinha idealizado como seria a instalação, não me dando conta que precisava levar em consideração a opinião e o desejo do grupo. Pois o projeto não era só meu. Tive que optar em fazer, na instalação artística algumas mudanças sugeridas pela turma. Essa aula me fez avaliar que deveria mudar minha atitude, pois não queria que eles fossem passivos e aceitassem tudo que estivessem sendo imposto, pois se agissem assim iria contra os objetivos que pretendia alcançar. No 3º encontro, os alunos fizeram a pintura dos desenhos utilizando tinta, demonstrando interesse e prazer no que faziam. Porém mesmo explicando sobre as misturas das tintas o uso das cores, das pinceladas, o uso do claro e escuro para dar volume alguns alunos continuavam fazendo uma pintura chapada, sem textura e o resultado não foi o esperado. Também conclui que tiveram pouco tempo para terminar, pois pedi que terminassem logo para me entregar. Agora refletindo melhor sobre essa aula, penso que estava equivocada, estava muito ansiosa para dar conta de executar todas as aulas que havia planejado, e fiz muito na correria. Porém agora agiria diferente, pois acredito que ficaria melhor se fosse mais trabalhado.


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Avaliação como Processo de Aprendizagem de Ambas as Partes

Durante o estágio havia planejado a avaliação dos alunos para que fosse continua. E isso aconteceu através da observação direta, durante o percurso das aulas. Procurava explicar aos alunos com clareza os critérios avaliativos em fim o que eu iria avaliar. Após, observava o aluno como um todo e fazia o registro dessas observações. Registrava os aspectos quantitativos, o conhecimento que eles adquiriam através de debates, observando os comentários feitos, como formulavam as perguntas. E também os qualitativos, as atitudes o interesse, participação, responsabilidade e colaboração. Essas observações eram feitas tanto em atividades realizadas individualmente como em grupo. Também foram realizadas autoavaliações criando uma participação do aluno nesse processo. Na elaboração das aulas não havia planejado um momento para que os alunos refletissem e avaliassem suas produções. Porém na aula no 2° encontro devido ter sobrado certo tempo, aproveitei para mostrar os seus trabalhos realizados na aula anterior. Dando oportunidade para que eles comentassem e autoavaliassem suas produções. Os comentários me surpreenderam, pois foram muito significativos. Entre eles mesmo comentavam os seus erros e acertos: “Acho que as figuras foram repetitivas.” “Se houvessem mais recortes de figuras ficaria mais interessante.” “Ah!! essa imagem não tinha nada haver.” “Esse ficou tri porque mostrou bem a violência atual”. Isso tudo aconteceu sem que eu precisasse me manifestar. Portanto me fez pensar que a auto avaliação é importantíssima, pois é uma oportunidade de aprendizagem aos alunos podendo motivá-los a modificar seus caminhos e na medida em que eles fazem os seus próprios diagnósticos, poderão criar o desejo de obter resultados mais satisfatórios.


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Com isso compreendi que a autoavaliação deve estar no cotidiano do aluno e que o professor sempre que possível deve oferecer aos seus alunos para auxiliar a serem mais reflexivos e capazes de conduzir o seu aprendizado. Nas atividades práticas (desenho, pintura, recorte, montagem e outras) eu procurava não deixar o meu gosto pessoal interferir, valorizando não apenas o resultado final, o capricho a beleza, mas o conhecimento que eles adquiriam. A avaliação pode ser uma melhoria da qualidade da aprendizagem de ambas as partes. Ao avaliar meus alunos, me auxiliou a avaliar o meu próprio trabalho. Fazendo-me refletir se estava conseguindo transmitir meus conhecimentos, se estava atingindo os objetivos. Fazendo-me avaliar se havia necessidade de modificar meus procedimentos e metodologias. Na avaliação em geral, percebi nos alunos que eles conseguiram expressar-se fazendo questionamentos através dos debates realizados, nos trabalhos práticos foram criativos, usaram a imaginação, não recorreram á cópia e mostraram ter iniciativa. Inclusive percebi nas produções realizadas, pelos alunos uma grande força expressiva. Souberam expressar suas idéias através do desenho, seus trabalhos foram plasticamente bem construídos, com boas composições e tinham um alto teor crítico o qual buscava na temática do projeto, superando minhas expectativas. Devido á dar mérito as produções dos alunos decidi escolher o ensino fundamental para compor o trabalho de curso. Porém, nessas avaliações realizadas, não foi possível observar o real avanço que tiveram em algumas questões, pois o tempo, com sete encontros, não foi suficiente para verificar todo o processo. Confesso que para mim, a avaliação foi uma das etapas mais difíceis, pois havia feito todas essas anotações fazendo um parecer descritivo, mas quando a professora titular me pediu para mostrar a ela as notas obtidas, tive dificuldade em passar esse conceito para uma nota, um valor numérico. Vejo que o sistema educacional valorizando apenas a nota, como resultado do desempenho dos alunos não colabora com aprendizagem e sim inibi o desenvolvimento. A avaliação deveria ser pensada como um instrumento para


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estimular o interesse e motivação dos alunos. Assim teria no meu ponto de vista um real significado. No ultimo encontro, aconteceu á montagem e a realização da instalação artística. E acredito que a instalação e a performance como culminância do projeto foi para os alunos mais um momento de aprendizagem sobre a temática deste projeto. A instalação envolveu diferentes linguagens da arte como a música, o teatro e as artes visuais contribuindo a um maior desenvolvimento artístico. No final da apreciação da instalação os alunos me auxiliaram a desmontá-la e organizaram todo material. Após retornamos para sala e iniciamos uma conversa, solicitei que comentassem o que acharam das nossas aulas. Citaram ter gostado de realizar as atividades práticas, de conhecer as obras dos artistas através das imagens apresentadas no PowerPoint, alguns alunos comentaram que no inicio dos nossos diálogos, não se sentiam a vontade para falar mas depois gostaram. Também disseram que os trabalhos que eles fizeram eram bem diferentes dos que costumavam fazer. E que todos esses trabalhos (releitura de obra de arte, as máscaras, o mural e a instalação) tinham a ver com os nossos diálogos. E que também mostravam questões sociais, assim como dos artistas. Aproveitei para falar que eram diferentes porque não eram modelos prontos retirados de livro de arte. Fiquei satisfeita com entendimento que eles demonstraram ter em relação aos trabalhos que realizaram e com o tema que o projeto focava. Portanto penso que os diálogos, as aulas teóricas e práticas, as imagens de obras artísticas apresentadas, e a instalação artística como culminância contribuiu para o entendimento dos alunos fazendo-os perceber que a arte muitas vezes pode estar relacionada a questões importantes para sociedade sendo um suporte para visão crítica. Apesar de eu já estar inserida no contexto escolar. O estágio para mim sem dúvida foi um aprendizado e me trouxe novos conhecimentos. E um deles foi perceber como foi importante dar oportunidades aos meus alunos para expressarem suas opiniões, manifestarem seu modo de ver as coisas e de trocarem idéias. Penso que o professor encarando seus alunos como um ser ativo e pensante vai refletir em suas atitudes contribuindo para formar cidadãos mais críticos e reflexivos. Ao final do estágio, me senti muito gratificada, pois percebi que meu esforço em motivá-los e


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mostrar que eram capazes, foi compensador. Acredito que consegui atingir os objetivos traçados conseguindo transpor as dificuldades encontradas. Percebi em alguns alunos mudanças no modo de pensar e agir, colocando em prática o que aprenderam e isto, creio eu, é a maior realização que um professor pode ter. Também me fez refletir o quanto ser educador é desafiante, pois freqüentemente precisamos enfrentar o desinteresse, a desatenção, o comodismo e muitas vezes até o desrespeito por parte dos alunos. Mas, apesar de todos os desafios e dificuldades o processo ensino e aprendizagem também esta repleto de novas experiências, de descobertas e de realizações as quais pude experimentar durante o estágio. A aprendizagem foi mútua, não se tratando apenas em conteúdos, mas especialmente de vivências.


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Referências

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APÊNDICE 1 – AVALIAÇÃO DO ALUNO ESTAGIÁRIO REALIZADO PELO PROFESSOR DA ESCOLA DE ESTAGIO


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APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO DO DIRETOR DA ESCOLA DE ESTÁGIO


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APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIO DA PROFESSORA DA ESCOLA DE ESTÁGIO


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APÊNDICE 4 – QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS DA ESCOLA DE ESTÁGIO


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