UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
Gabriel da Silva Abreu
Animação: Arte em Movimento
Canoas/RS 2010
Gabriel da Silva Abreu
ANIMAÇÃO: ARTE EM MOVIMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Orientador (s): Me. Ana Lúcia Beck.
Canoas/RS 2009
Dedico este trabalho aos meus pais, Telmo e Maria, e a minha av贸 Ledi por todo apoio que me deram durante estes
anos,
e
por
terem
me
proporcionado o contato com as Artes desde a inf芒ncia.
AGRADEÇO
ao meu irmão Telmo Junior que varias vezes me ajudou para que pudesse chegar à faculdade; a todos meus outros irmãos que são motivação a cada dia; a Fabiana minha noiva que me apoiou nos momentos mais difíceis desta trajetória; aos colegas de serviço pelas trocas de jornada para que pudesse assistir as as aulas; aos colegas de faculdade em especial a Taís e Verônica que várias vezes me emprestaram as fotocópias solicitadas pelos professores; e por fim aos professores por todo conhecimento que me ajudaram a desenvolver durante estes anos.
“O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.”
Alfred Montapert)
RESUMO Este trabalho foi desenvolvido nas disciplinas de estágio I, III e VI do curso de Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil em Canoas, que relata o Projeto “Animação – Arte em movimento”, que tinha como objetivo a utilização da Animação como metodologia do ensino das Artes Visuais. Este projeto foi aplicado junto à turma 102, primeiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião, situada no município de Porto Alegre. O tema do projeto foi escolhido com base nas observações silenciosas nas quais os alunos demonstravam certo desinteresse pelas atividades propostas assim como pelo conteúdo das aulas, e com base nos questionários respondidos pelos alunos que demonstraram vontade de trabalhar com materiais diferenciados.
O projeto
buscou ao longo de sua aplicação a ênfase no desenvolvimento da animação em todos os passos necessários para o desenvolvimento desta, iniciando pelo roteiro, criação dos personagens e cenários, modelagem dos personagens até a pósprodução das mesmas, e concomitantemente a isso em que aspectos a Arte estava envolvida em cada um dos passos para a criação destas produções. Por exemplo quais as poéticas são utilizadas em cada uma das etapas, por exemplo, o desenho na criação dos personagens e cenário. Nas primeiras aulas foram feitas discussões com os alunos com o tema “O que é Arte para mim” e com a atividade de leitura de imagem, as aulas subseqüentes foram direcionadas para a produção das animações. No decorrer do projeto ocorreram diversas situações que não haviam sido previstas e que acabaram enriquecendo a vivência em sala de aula. Ao final do projeto foram desenvolvidas animações que superaram as expectativas tanto dos alunos quanto dos professores, mostrando que esta experiência foi de grande valia para todos os envolvidos. Palavras- chave: Animação. Artes Visuais. Vivência
SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07 1. O QUE É ANIMAÇÃO? .......................................................................................... 09 1.1.ANIMAÇÃO: REPRESENTRAÇÃO DE MOVIMENTO DO TEMPO DAS CAVERNAS AOS DIAS DE HOJE ............................................................................. 10 2. ANIMAÇÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ............................................. 24 3. CONFRONTO COM A ESCOLA (OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS) .................... 29 3.1 OBSERVAÇÕES 1 E 2 – TURMA 102 .............................................................. 29 3.2 OBSERVAÇÕES 3 E 4 – TURMA 102 .............................................................. 30 3.3 OBSERVAÇÕES 5 E 6 – TURMA 102 .............................................................. 31 3.4 ANALISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS.............................................. 31 4. PROJETO DE ENSINO.......................................................................................... 33 4.1 ENCONTROS 01 E 02 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 33 4.2 ENCONTROS 03 E 04 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 36 4.3 ENCONTROS 05 E 06 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 38 4.4 ENCONTROS 07 E 08 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 43 4.5 ENCONTROS 09 E 10 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 45 4.6 ENCONTROS 11 E 12 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 48 4.7 ENCONTROS 13 E 14 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 50 4.8 ENCONTROS 15 E 16 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 53 4.9 ENCONTROS 17 E 18 – PLANEJADO E REALIZADO .................................... 57 CONCLUSÃO............................................................................................................. 58 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 62 APENDICE ................................................................................................................. 64 ENTREVISTA ALUNO 1............................................................................................. 65 ENTREVISTA ALUNO 2.......................................................................................... 66 ENTREVISTA ALUNO 3.......................................................................................... 67 ENTREVISTA ALUNO 4.......................................................................................... 68 ENTREVISTA ALUNO 5.......................................................................................... 69 ANEXO....................................................................................................................... 70
INTRODUÇÃO O interesse por Animação começou no decorrer do curso de Licenciatura em Artes Visuais, este tipo de Arte era tido por mim como um hobby, um objeto de pesquisa, mas a partir das observações feitas na turma 102, primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião, e debates em sala de aula em outras disciplinas do curso de Artes Visuais acabaram servindo como oportunidade de utilizar esta manifestação artística, ou seja, utilizar a Animação como metodologia para o ensino das Artes Visuais, sendo este o objetivo do projeto aqui apresentado. O maior empecilho para o desenvolvimento do projeto foi a escassez de material bibliográfico assim como outras referências Mas, após pesquisa, foi possível localizar alguns autores (a maioria em monografias e trabalhos acadêmicos disponíveis na internet em sites de instituições de ensino superior) para desenvolver assim como para embasar este trabalho. Esta monografia esta dividida em 4 (quatro) capítulos. O primeiro trata da história da Animação, desde a representação do movimento no tempo das cavernas através das pinturas rupestres até as técnicas mais atuais da Animação feitas através da computação gráfica, passando pelos ‘brinquedos’ ópticos desenvolvidos nesta busca pela representação/ilusão de movimento. Neste capitulo foram utilizados os autores/pesquisadores, Wiliam Andrade, Paula Cruz, Daniel Werneck e Ana Carolina Vita, que tratam da história da animação ao longo da história, além destes autores foram utilizadas outras fontes de pesquisa como o documentário The Pixar Story, que relata a história deste estúdio e alguns aspectos sobre a história da animação.
O segundo capitulo faz um breve apanhado sobre a atual realidade da escola (tendo como base a escola onde o projeto foi aplicado) e a utilização da Animação como metodologia para o ensino da Arte, bem como suporte para expressão dos alunos, isto por esta abranger diversos aspectos das Artes mais tradicionais (desenho, pintura, escultura, fotografia). Este capitulo está embasado nas obras de Claudia Almeida, Analice Pillar, Maria Castanho e Tatiana Vieira, Edith Derdyk, Miriam Martins e Sergio Vilaça, os quais, abordam a utilização da animação assim como de outras linguagens em sala de aula. O terceiro capitulo aborda as observações silenciosas feitas na turma 102 que junto com as respostas dadas pelos alunos, acabaram resultando no projeto ‘Animação: Arte em Movimento’. Além das características da turma, por exemplo, sua relação com as aulas de Artes Visuais antes do início do projeto, há uma sucinta descrição sobre a localização da escola e por consequência a sua realidade. O quarto capitulo traz o projeto aula a aula com o planejado para esta e em seguida o que foi realizado. É possível perceber no decorrer deste capitulo que o planejado sofreu diversas modificações para se adaptar as necessidades da turma. Os autores utilizados para o embasamento deste capitulo foram, Analice Pillar, Edith Derdyk, Maria Castanho e Tatiana Vieira, referente a realidade dos jovens e a midia, Lowenfeld, que trata da arte que cerca os adolescentes e muitas vezes não é percebido pelos mesmos. Em uma questão mais técnica foi utilizada a autora Betty Edwards. Por fim teremos a conclusão com os aspectos que sobressaíram durante a aplicação do projeto, assim como mudanças necessárias para um melhor aproveitamento por parte da turma durante o estágio.
1. O QUE É ANIMAÇÃO? Neste capitulo será apresentado o que é Animação e algumas técnicas bem como um breve histórico em um panorama internacional e nacional da criação desta arte até a contemporaneidade. Para iniciarmos é necessário saber qual o conceito que estamos utilizando para animação1, palavra derivada do verbo animar que significa dar vida a, ou seja, o animador é aquele que ‘da vida’ a algo inanimado através de qualquer uma das técnicas (stop motion, flip book, 3D, etc.) que serão abordadas mais adiante. Além do conceito de animação é necessário citar, mesmo com a atual ‘explosão’ das animações existe ainda certo preconceito em relação a esta e o cinema tradicional (cinema com atores reais), pois a grande maioria da população associa a primeira a algo menos sério direcionado para crianças o que é um equivoco já que o que realmente importa em qualquer um dos dois é a história contada. Fora este primeiro preconceito, temos também questões orçamentárias, pois para produzir uma animação em relação a um filme com atores reais é que a primeira necessita de muito mais tempo e por consequência dinheiro como nos relata Cruz: De fato, a necessidade de se produzir com rapidez e com baixo orçamento, estabelecida na indústria dos bens simbólicos ao longo dos anos, vem sendo um entrave no desenvolvimento da produção de filmes animados, que em geral demandam mais tempo – e, portanto, mais dinheiro– para sua realização. Para se ter uma idéia, lembremos que cada segundo de filme contém 24 frames; no caso dos filmes de Disney, eram exibidos em média 4 desenhos a cada frame (96 desenhos por segundo); como os longas-metragens duravam cerca de 80 minutos, a cada filme eram criados em torno de 460.800 desenhos finalizados – sem contar os desenhos de teste, esboços etc. que levavam esse número à ordem de 2 2 milhões e meio.
Apartir desta afirmação podemos perceber que a produção de animações é mais trabalhosa, pois para ser feita os produtores partem do nada, ou seja, a forma como o personagem ira se mover, como vai se expressar e cada fala tem de 1
Animação, s.f. Ato ou efeito de animar, movimento; vivacidade na expressão fisionômica, arrebatamento. FERNANDES, Francisco. DICIONÁRIO BRASILEIRO GLOBO ILUSTRADO, 1º volume A, 9ª edição, ed. Gêmeas distribuidora de livros ltda., SP 1982 2
CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenhoanimado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009
ser pensado pelo diretor e o restante da equipe sem contar com a interpretação de um ator. Após este breve relato em relação ao conceito de animação e quanto a certo preconceito quanto à mesma, bem como o porquê de as animações não serem tão populares quantos os filmes living-action (filme com atores reais), passaremos a parte histórica da animação.
1.1 ANIMAÇÃO: REPRESENTAÇÃO DE MOVIMENTO DO TEMPO DAS CAVERNAS AOS DIAS DE HOJE Desde que os homens viviam nas cavernas já procuravam retratar os movimentos através de desenhos onde representavam animais com quatro pares de patas bem como cenas de ação representadas pelas imagens de caça.
Desenho rupestre representando animal com quatro pares de patas (WILLIANS, 2001 p.11)
Como nos diz Andrade e Toledo:
As pinturas rupestres têm sido estudadas sob diversas óticas, desde livre expressão até rituais de magia. Seja qual for a verdade por trás desses registros, o mais importante é perceber que eles servem para contar uma história a partir de um meio. Neste caso, o meio visual, através da concepção de uma imagem. [...] Em tais representações também são encontradas tentativas de demonstrar movimentos, com desenhos de um animal, por exemplo, com várias patas 3 adjacentes.
Na Grécia antiga também existiam tentativas de representação do movimento em vasos onde eram pintados diversos momentos de uma mesma ação, como caminhar, por exemplo. Já no século XVII, um inventor chamado Athanasius Kircher criou a ‘Lanterna Mágica’, um aparelho que consistia em uma caixa fechada com uma fonte de luz (na época uma vela) interna e um espelho que refletia as imagens em uma superfície, o inventor chegou a ser considerado um feiticeiro, talvez por este motivo não prosseguiu com seu invento, porém, outros viram no seu invento boas oportunidades como Etienne Gaspard que utilizando o invento de Athanasius criou o show “Fantasmagorie”, que consistia na projeção de ‘fantasmas’ sobre público enquanto Gaspard narrava uma história (ANDRADE; TOLEDO, 2007) 4. E apartir deste experimento foram possíveis novos tipos de ‘testes’, bem como a criação de novos aparelhos para a ilusão do movimento, como o Fenakistoscópio criado por Joseph Plateau em 1832, que consistia em um disco de papelão com imagens desenhadas em sequência intercaladas por um orifício retangular, e seu funcionamento se dava da seguinte forma, em frente a um espelho girava-se a roda enquanto se olhava pelo orifício e então tinha se a ilusão de movimento (ANDRADE; TOLEDO, 2007).5 Já em 1834 surge o Zootrópio (roda da vida) com William Horner porem e utilizado em sua forma final por Pierre Devignes em 1860, a ‘roda da vida’ lembra o seu antecessor, a diferença principal é que este não necessita de um espelho já que este tem a forma de um cilindro e as imagens são desenhadas dentro no seu interior, estas são intercaladas por orifícios retangulares por onde o ‘espectador’ deve olhar para ver a animação.
3
ANDRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf> acesso em 25 jun 2009 4 Ibid. 2007. p.7 5 Ibid.2007. p. 6
Com a criação da fotografia é dado um novo passo em relação à captura de movimento bem como a animação, em 1880 Eadweard Muybridge inovou ao conseguir fotografar a trajetória de um cavalo colocando diversas máquinas no percurso, e verificou que passando as imagens rapidamente estas passavam a sensação de movimento, este experimento serviu como trampolim para novas tentativas e experiências em relação à captura de imagem e a animação.
Imagem do experimento de Eadweard Muybridge 6 (LORD e SIBLEY, 1998 p.17)
Em 1892 Emille Reynaud aprimora o Zootrópio e rebatiza-o como Praxinoscópio como podemos perceber em Werneck: Criado em 1892 pelo frances Emille Reynaud. Uma versão mais aprimorada do zootropio, mas que na verdade não tem muita diferença. No centro do carrossel e colocado um espelho circular que reflete os desenhos. Assim, ao invés de ver os desenhos do lado oposto do circulo, enxerga-se o desenho mais próximo. Isso permitia a criação de círculos maiores, com mais desenhos, com animações que duravam mais tempo e 7 permitiam movimentos mais complexos.
Com a criação do Praxinoscópio Reynaud criou o espetáculo que foi considerado o nascimento do cinema pela complexidade que ele apresentava, tanto que o local (um teatro) onde foi apresentado o ‘show’ é considerado o primeiro 6 LORD, Peter. SIBLE, Brian. Creating 3-D animation. New York: H.N. Abra ms, 1998. 7 WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira__estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009
cinema do mundo (Werneck, 2005) 8, porém Reynaud não conseguiu ultrapassar o que seu invento proporcionava como percebemos em Lucena Júnior9, Reynaud “estava preso ao fascínio do instrumento, à sua própria novidade tecnológica, limitante artisticamente como qualquer tecnologia por si mesma” Então em 1895 os irmãos Lumière com o seu cinematógrafo ‘revolucionaram’ o que era tido como cinema, já que com este novo aparelho era possível além de reproduzir captar as imagens que seriam projetadas, nas primeiras projeções dos irmãos Lumière eram de cenas do cotidiano como a famosa cena do trem chegando à estação (“L’arrivée d'un train en gare de la Ciotat”) a qual gerou pânico nos espectadores, pois estes achavam que o trem passaria sobre eles (ANDRADE, TOLEDO, 2007. p. 8) 10. Em pouco tempo os Lumière perceberam as possibilidades do cinematógrafo e inovaram com um filme encenado por ‘atores’ contando uma história pré esquematizada; foram também estes irmãos os primeiros a cobrar por uma exibição, mas mesmo com todo o entusiasmo os irmãos Lumière não acreditavam que o seu invento pudesse ser algo além de um ‘brinquedo’ e desta forma não ousaram mais ficando assim como Reynaud estagnados. Apartir de então os filmes ficam basicamente utilizando técnicas de mágica, é neste momento que George Mèliés, um ilusionista Frances, percebendo que o cinematógrafo proporcionava “[...] novas dimensões ao cinema” (ANDRADE; TOLEDO, 2007 p.9) 11 Mèliés verifica que além de reproduzir imagens vê no invento dos irmãos Lumière à possibilidade de contar histórias. Os filmes feitos por Mèliés mostravam diversas técnicas novas como a utilização de marionetes entre outras sendo que teve certa ajuda do acaso conforme verificamos em CRUZ: [...] descobriu acidentalmente, em 1896, a técnica da parada por substituição (precursora do stop motion) e foi um dos primeiros cineastas a usar técnicas inusitadas, como exposições múltiplas, fotografia no lapso de 12 tempo e pinturas sobre a película.
8 Id. 2005 P. 52 9 LUCENA JÚNIOR, 2005 apud CRUZ 2006, p. 26. 10 ANDRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf acesso em 25 jun 2009 11 Ibid. 2007 p. 9 12 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenhoanimado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p. 26
E desta forma as histórias contadas por ele se aproximam cada vez mais aos sonhos a estórias fantásticas transpondo as imagens dos sonhos das pessoas para a ‘realidade’. Mas com o passar do tempo as pessoas começaram a entender como se dava a ‘mágica’ que apareciam nos filmes de Méliés e com isto seus filmes começaram a já não ter o mesmo brilho que tinham antes.
Viagem a lua de George Mèliés (LORD e SIBLEY, 1998 p.20)
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Mas foi graças a este ‘cansaço’ do público com as produções de Mèliés que houve certo ‘rompimento’, ou seja, as produções se desprenderam do uso de truques e mágicas e passaram a ser encarados de uma forma mais técnica e o uso destes chamados ‘truques mágicos’ são cada vez menos utilizados e é desta forma que surge o que podemos chamar de primeira animação em forma de desenho animado de fato com o ilustrador James Stuart Blackton, como consta em LUCENA: Ainda na primeira década do século XX, o artista plástico e ilustrador anglo-americano, James Stuart Blackton realizou o primeiro desenho animado da história: Humorous Phases of Funny Faces. Em 1894, Blackton entrou para o vaudeville, apresentando suas lightning sketches - performance em que o artista desenhava sobre um quadro negro, modificando os desenhos rapidamente diante dos olhos do público. Em 1900, ele apresentou The Enchanted Drawing, que pode ser considerada uma proto-animação, uma vez que foi empregada a técnica do stop motion. Porém, Humorous Phases of Funny Faces (1906) foi o primeiro filme a ser realizado em stop motion e, além disso, a ser feito 13 LORD, Peter. SIBLE, Brian. Creating 3-D animation. New York: H.N. Abra ms, 1998.
frame a frame. Blackton encarava a atividade artística como um negócio; sua intenção era obter lucros - tanto que é reconhecido por empreender um marketing bombástico sobre o seu filme seguinte, The Haunted Hotel, 14 lançado em 1907.
Blackton fundou um dos principais estúdios da sua época o Vitagraph, onde desenvolveu a maior parte dos seus filmes, contudo se as ‘mágicas’ já estavam sendo maçantes com Mèliés chegaram ao extremo com Blackton, mesmo este as utilizando com outras técnicas.
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Cena de Humorous Phases of Funny Faces primeiro filme feito em stop motion
Já em 1908 Emile Cohl lança a animação “Fantasmagorie” feito completamente frame por frame; sendo muito parecido com o Hotel Fantasma de Blackton. Cohl também simplificou seu traço para adaptar-se melhor ao processo de animação para BENDAZZI16 este foi o artista que conseguiu levar os conceitos plásticos formais para a animação. Cohl também implementou certos conceitos fundamentais da animação tradicional como “comprimir e esticar, aceleração e
14 LUCENA JÚNIOR, 2005 apud CRUZ 2006, p. 27. 15 Os desenhos animado completam 100 anos disponível em <www.universohq.com/.../2006/n06042006_14.cfm > acesso em 29 jun. 2009 15 BENDAZZI, 2003 apud CRUZ 2006, p. 28. 16 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenhoanimado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p.29
desaceleração, temporização e personalidade, mais tarde sistematizados pelo estúdio de Walt Disney (CRUZ, 2006. P. 29) 17. No mesmo período o também ilustrador McCay entra no ‘mercado’ da animação fortalecendo a autonomia desta ‘nova’ linguagem criando a sua principal animação Girtie The Dinosaur em 1914, diferente de Cohl McCay não se preocupou em simplificar seu traço para utilizar na animação mesmo que desta forma fosse Ter mais trabalho na produção. Em 1914 o pintor Raoul Barré (fundador do primeiro estúdio direcionado diretamente para animação) cria uma padronização dos furos nas folhas de desenho para animação facilitando na produção das animações já que desta forma facilitava para fazer os movimentos diminuindo os erros. Isto facilitou para uma implantação de sistema de produção nos estúdios da época e acabou sendo utilizado nos que os sucederam. Com o passar dos anos estas técnicas foram sendo aprimoradas pelos estúdios e artistas que foram surgindo com alguns destaques como a animação feita utilizando silhuetas (inspirado no teatro de sombras chinês) As Aventuras do Príncipe Achmed de 1926 produzido por Lotte Reiniger em parceria com Ruttmann.
Cena da animação As Aventuras do Príncipe Achmed 18
18 As Aventuras do Príncipe Achmed disponível em < www.funceb.ba.gov.br/.../2008.08/08.08.15.htm > acesso em 28 jun. 2009
Em 1923 são fundados os Estúdios Disney que irão revolucionar o mercado da animação tanto em técnica quanto nas histórias contadas, na procura de desenhar o real em forma de cartoon os profissionais dos estúdios Disney ficavam horas observando modelos vivos para capturarem a movimentação dos mesmos em cada detalhe, a busca por uma padronização no desenho deste estúdio era tanta a busca pelo desenho digamos perfeito que Walt Disney procurava levouos a criarem conceitos como vemos em THOMAS e JOHNSTON: [...] 12 princípios fundamentais da animação: a) comprimir e esticar; b) antecipação; c) encenação; d) animação seguida e pose a pose; e) continuidade e sobreposição da ação; f) aceleração e desaceleração; g) arcos; h) ação secundária; i) temporização; j) exageração; k) desenho volumétrico; 19 e l) apelo
O primeira longa metragem da Disney foi Branca de Neve e os Sete Anões em 1937 e utilizava todos os 12 princípios instituídos nos estúdios, mas o maior símbolo do ‘império’ Disney teve sua estréia em 1928 foi neste ano que Mickey Mouse surgiu tornando-se o maior símbolo deste estúdio (ANDRADE; TOLEDO, 2007 p.10). 20 Em seqüência foram criados outros personagens como Pato Donald, Pluto, Pateta, etc, os estúdios Disney tiveram um grande papel de divulgação durante a II Guerra Mundial, quando criou diversas animações mostrando os nazistas como os grandes inimigos do mundo e para isto utilizava seus personagens para fazerem esta propaganda. Apartir de então os estúdios Disney tem se mantido como o principal estúdio de animação 2D ou convencional. Após a criação do microcomputador e dos programas vetoriais, a animação começa a tomar um novo rumo, com o avanço tecnológico os efeitos especiais feitos por computador começam a tomar conta alem de serem muito utilizados em filmes como em Guerra nas Estrelas de George Lucas 1977, Alien 1979 entre outros do mesmo período já demonstram como os recursos digitais puderam ser utilizados bem como suas capacidades.
19 THOMAS; JOHNSTON, 1981 apud CRUZ 2006, p. 34 20 ANRADE, Wiliam Machado de. TOLEDO, Glauco Madeira de. O Cinema em Desenho Animado: pioneirismo, experimentalismo e consolidação, 2007 disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0706-1.pdf acesso em 25 jun 2009
Na década de 80 esta tecnologia começa a ser utilizada para a animação e neste período já temos algumas experiências nacionais21 como nos mostra CRUZ: O contexto pós-1980 foi propício, ainda, para que países mais atrasados na área começassem a despertar para a animação, como é o caso do Brasil. Arnaldo Galvão (fundador da Associação Brasileira de Cinema de Animação – ABCA) e Otto Guerra Netto são exemplos de animadores brasileiros que primam pela originalidade de uma produção 22 autoral.
Já na década de 90 ocorrem diversas situações que ‘ajudam’ ainda mais no desenvolvimento bem como na divulgação do cinema de animação, como o primeiro Oscar dado a um filme de animação e o primeiro feito completamente por computação gráfica como consta em VITA:
Em 1991 estréia A Bela e a Fera, primeiro filme de animação a ser indicado ao Oscar® de melhor filme, que apresentou cenas produzidas com a ajuda de computadores, como a dança de Bela e Fera no salão de baile. Em 1995, os estúdios Disney, em parceria com a produtora de animação digital Pixar, apresentam Toy Story, considerado o primeiro 23 longa-metragem totalmente produzido por computação gráfica.
Apartir deste momento ocorre uma verdadeira explosão em se tratando de filmes de animação a Pixar alcança um feito que achavam impossível, lançar seis sucessos em sequência, Toy Story (1995), A’bugs Life (vida de inseto) (1998), Toy Story 2 (1999), Monster S.A (2001), Finding Nemo (2002) e The Incredibles (2004) 24 Com as boas experiências da Pixar tanto técnica quanto financeiramente outros estúdios começaram a se aventurar pelo mundo da animação, temos como exemplo a Dreamworks responsável pela trilogia de Shrek, e o Blue Sky Studios produtores da também trilogia A Era do Gelo.
21 É necessário fazermos um parênteses neste ponto e salientar que até hoje o mercado interno de animação em nosso país não se desenvolveu muito,temos poucas produções nesta área com um cunho mais de entretenimento, ficando muito mais focado na área publicitária. 22 CRUZ, Paula Ribeiro da. Do desenho Animado à Computação Gráfica: A Estética da animação a Luz das Novas Tecnologias, 2006 Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/cruz-paula-desenhoanimado-computacao-grafica.pdf >. Acesso em: 2 jun. 2009 p.51 23 VITA, Ana Carolina Kley. A ILUSÃO DA VIDA: ESTUDOS SOBRE A EVOLUÇÃO DO CINEMA DE ANIMAÇÃO Disponível em < www.fag.edu.br/adverbio/artigos/artigo05%20-%20adv06.pdf > acesso em 2 de jun. 2009 p. 01 24 The Pixar Story, Direção: Leslie Iwerks, disponível também em < http://www.youtube.com/watch?v=_nUCPqw0f7c> acesso em 10 jul. 2009
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Toy Story
É necessário citar também as produções feitas em Stop Motion, entre elas as dos estúdios Aardman criadores de a Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit, e o diretor Tim Burton, criador de O estranho mundo de Jack e Noiva Cadáver.
A Noiva Cadáver
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25 Toy Story Disponível em < http://viterbivoices.usc.edu/kristensc/files/2009/10/toy-story1.jpg> acesso em 01 jul. 2010 26 A Noiva Cadáver Disponível em < http://jocelin.files.wordpress.com/2009/07/corpse_bride.jpg> acesso em 01 jul. 2010
E o que muitos achavam que poderia acontecer que seria uma substituição da arte 2D convencional pela digital em 3D, não ocorreu e ambas com o passar do tempo e pelo desempenho dos seus profissionais estão ganhando cada vez mais requinte chegando a um grau de sofisticação almejado por todos que querem percorrer este caminho.
1.2 TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO As técnicas de animação variam entre maneiras simples até combinações entre técnicas, apresentaremos algumas destas e um breve relato de como funcionam. Flip Book: consiste em um bloco de folhas onde são feitos desenhos em sequência em cada uma das folhas com pequenas mudanças em cada um e quando passamos estas imagens em velocidade temos a ilusão de movimento, esta é à base da animação tradicional (2D).
Flip Book27
Stop Motion: esta técnica consiste em capturar a imagem, por exemplo, de um objeto modificar este objeto de posição e em seguida capturar uma nova imagem e assim consecutivamente, depois de capturadas todas as imagens 27 Flip Book. Disponível em < www.tsl.state.tx.us/.../ya_cartoons.htm > acesso em 01 jul. 2009
necessárias estas são colocadas em ordem em algum software especifico para animações ou utilizando a mesma técnica do Flip Book para termos a sensação de movimento. O stop motion possui variações de nomenclatura dependendo do material a ser utilizado, por exemplo, as animações feitas com ‘massinha’ são denominadas Claymation, as que utilizam pessoas Pixelation e as que utilizam somente objetos são denominados apenas pelo nome geral desta técnica, ou seja, Stop Motion.
Claymation28
Pixelation29
28 Claymation. Disponível em < coe.winthrop.edu/.../lti/pal/PAL_claymation.htm> acesso em 01 jul. 2009 29"Harpya", de Raoul ServaisIn. WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira__estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009
Animação Digital (3D) é a técnica onde através de um programa de computador o artista irá criar todo o ambiente onde deve ocorrer a animação, desde os personagens até cada detalhe do cenário (cores, luz, textura, etc.). Antes de começar a modelar os personagens e os cenários existe um estudo dos mesmos utilizando até mesmo alguma das outras técnicas descritas anteriormente.
Exemplo do uso de desenhos a lápis usados como referência para modelagem tridimensional (Fábio Poeira) 30
29 Ibid. 2005 P. 82 30 POEIRA, Fabio. [sem titulo], Referencia para modelagem tridimensional. In. WERNECK, Daniel Leal. Estratégias digitais para o cinema de animação independente, 2005 disponível em < http://www.danielpoeira.org/jornada/download/daniel_poeira__estrategias_digitais_animacao_independente.pdf> acesso em 02 jun. 2009
Além destas existem também a técnica de recorte que consiste em desenhar os personagens e recortá-los nas partes que serão articuladas e depois ir movendo estas partes conforme queremos os movimentos e gravando a cada modificação.
2. ANIMAÇÃO COMO FERRAMENTA PEDAGOGICA Quando falamos em Arte e em ensino da Arte logo nos vem à cabeça a idéia de pintura, desenho, escultura, etc., ou então textos sobre história da Arte; para os alunos é a idéia de uma aula onde não é preciso ter muitas responsabilidades bem como apenas um espaço onde irão fazer ‘desenho livre’ ou ficarão vendo o professor explanar sobre algum artista do século XIX ou mais antigo, e desta forma não percebem nem conseguem entender como esta pode influenciar nas suas vidas fora da sala de aula. Chegamos a um ponto da educação onde a escola se tornou um dos espaços que os alunos gostariam de estar apenas pelo lazer encarando-a como um local de exclusivo convívio social (de encontro, namoro, etc.), porque para eles não existem atrativos dentro das salas de aula, pois não conseguem fazer a relação entre os conteúdos apresentados na escola e sua vida fora desta. Por este motivo torna-se necessário encontrarmos maneiras e ferramentas pedagógicas para atrair nossos alunos para a sala de aula. É neste quadro que a Animação se apresenta como forma de atrair estes alunos, porque fora ser algo que começa a ser utilizado e divulgado atualmente os ajudará (alunos) a perceberem um dos aspectos onde a arte pode ser utilizada em suas vidas, pois além de aprenderem algumas noções básicas sobre animação, poderão se interessar pelo assunto como algo além da sala de aula e quiçá se profissionalizar nesta área. Fora a procura por novos meios de instigar o pensamento e o fazer artístico dos nossos alunos, não podemos esquecer que não somos responsáveis apenas pelo ensino da Arte, mas também somos e devemos ser facilitadores para a comunicação a expressão de nossos educandos entre si e perante a sociedade como um todo, e as novas tecnologias nos são úteis exatamente neste aspecto como vemos em PILLAR: As tecnologias digitais favorecem a arte da participação, a arte da comunicação. A interatividade é a palavra chave das tecnologias digitais propiciando a interação no sentido estrito do termo. A contemplação estéril, baseada na mera interpretação de ordem mental é trocada pelo conceito de relação. A interatividade se dá através de dispositivos de acesso que permitem ao antigo espectador provocar mutações no que lhe é proposto,
num diálogo, numa partilha com o pensamento do artista. Muitas obras 31 nem mesmo existem se não houver esta participação.
Apartir destas palavras de Analice Pillar notamos como as novas tecnologias podem nos ser úteis em relação à educação e ao ensino da Arte, quanto à utilização da Animação a única divergência se é que podemos dizer desta forma é que o aluno não modificará o trabalho de outro, mas sim o seu próprio trabalho, e por ser esta arte algo dinâmico facilita também a experimentação por parte dos mesmos. Há quem possa achar que não é possível utilizarmos animação no ensino da arte ou que esta não tem relação com a mesma, porém, poucos sabem, que os profissionais que fazem estas produções, se não forem todos na grande maioria tem conhecimentos de arte formal, ou seja, desenho, pintura, escultura entre outras. Isto porque antes da animação ser realizada em si existe todo um trabalho de estudo de cenário e personagens feitos através dos storyboards32 e concept arts33, além disto, é necessário conhecimento de perspectiva, luz e sombra, cores entre outros conhecimentos da Arte tida como formal. Apartir disto podemos verificar que existe muito mais Arte na animação do que pensávamos, e fora a produção em si, existem outras maneiras de trabalhar utilizando-a como base, é possível trabalhar com leitura de imagens através da animação, porém, para isto, é necessário mudar as imagens que normalmente são apresentadas aos alunos não desmerecendo as imagens que são normalmente trabalhadas em sala de aula, baseio-me nas palavras de ALMEIDA: Pode-se afirmar que a valorização da imagem é consenso entre os educadores comprometidos com o desenvolvimento estético e artístico. Perceber que seus alunos saem da sala de aula, conversando pelos corredores, biblioteca ou até em casa sobre as obras de Van Gogh, Miró, Picasso, etc. é motivo de orgulho para estes professores. Mas o que parece ser pertinente a esta altura do processo de re-visão do ensino é se a seleção dos conteúdos desenvolvidos esta dando conta das imagens divulgadas na televisão, publicidade, e outros meios que usam a imagem para comunicar. Esta é uma questão pertinente, já que estas imagens constituem em grande parte do material visual que impressiona os sentidos das pessoas, hoje. [...] as abordagens contemporâneas apontam para o
31ALMEIDA, Claudia Zamboni de. As relações arte/ tecnologia no ensino da arte. In PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006 32 Storyboard são os estudos de enquadramento, posição de câmera que irão auxiliar durante a produção 33 Concept art são os desenhos dos personagens bem como seus modelos feitos em algum material palpável (ex: argila) que irão auxiliar na hora de animar os personagens.
grande desafio que é fundamentar e qualificar as novas propostas do ensino da arte numa relação com o mundo cotidiano contemporâneo. Considerando que as imagens constituem parte fundamental na alfabetização estética, fazendo-se presente no dia-a-dia de uma maneira muito mais intensa do que em outros tempos, cabe definir quais imagens vão ser levadas para a sala de aula. Esta escolha é muitas vezes arbitrária. O professor decide quais imagens farão parte do repertório merecedor da apreciação de seus alunos. Caberia, então, ao professor a tarefa de estar sempre em contato com a produção de imagens do seu tempo e atento às imagens consumidas por seus alunos, resgatando na cultura da imagem o 34 que é relevante para a formação do indivíduo.
É exatamente neste contexto de estar atualizado com as imagens as quais nos são apresentadas bem como com as inovações tecnológicas que todos os dias temos acesso quer pessoalmente quer através dos meios de comunicação de massa que temos de pensar em novos métodos de ensino, não tendo medo de ousar, de fazer algo que não seja somente o convencional. Antes de pensar em fazer animações devemos lembrar que crianças assistem estas seja na televisão ou em filmes, e que estas mexem com o sentido criativo dos nossos alunos quer por motivos de esperança, por gostarem das cores ou outro motivo qualquer, o que não devemos fazer é subestimar os ‘apelos’ visuais que estes desenhos passam para as crianças e como interferem na sua percepção. Como afirma SILVA: O desenho, a partir dos seus elementos visuais e sonoros, ativa as estruturas mentais relacionadas à criatividade, às emoções e às sensações. A criança, ao entrar em contato com o mundo imagético, é despertada e estimulada a trabalhar os próprios sentimentos, ainda que inconscientemente. Ela inicia um processo de exteriorização da sua interioridade, ou seja, ela se envolve com o desenho identificando-se com algumas personagens de forma carinhosa, doce, da mesma forma que passa a antipatizar com outras. A criança imita aquilo que vem ao encontro 35 do seu interior; é um momento de escolhas, de identificação.
Neste ponto que podemos então perceber como a animação esta ligada as crianças e por conseqüência aos nossos alunos. Além das possibilidades em relação ao ensino da Arte a Animação apresenta-se como uma ferramenta interdisciplinar, pois os alunos tendo de escrever um roteiro, pensar quantos desenhos e quantos segundos irá querer em 34 ALMEIDA, Cláudia Zamboni de, PILLAR, Analice Dutra (org.) A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, p. 73 35 ADILSON, Citele (coor.); SILVA, Salete Therezinha de Almeida. Outras Linguagens na escola: publicidade cinema e tv, radio, jogos , informática. 2 ed. São Paulo: Cortez 2001
cada animação terão de colocar em pratica também conhecimentos de outras disciplinas o que pode auxiliá-los nestas quando estiverem trabalhando em algo específico das mesmas. E isto se torna muito importante ainda mais quando falamos em re-visão do ensino. Outro ponto que favorece a utilização da animação como ferramenta pedagógica é a possibilidade e/ou facilidade em trabalhar este tipo de arte na forma de um projeto, o que passa para os alunos certa segurança já que o tema a ser abordado normalmente não é conhecido por eles. Trabalhando apartir de projetos temos como ir verificando a forma como nossos alunos estão se portando diante da proposta feita e assim caso seja necessário podemos efetuar modificações tanto que nós mesmos queiramos quanto propostas dos próprios alunos. Segundo MARTINS: Teremos de ser cuidadosos com a diversidade de ritmos dos alunos, especialmente porque as idéias germinais de um projeto podem não ser do interesse maior de todos os alunos de uma classe. Alguns mergulham logo nesse trabalho, outros vão aos poucos tomando contato com ela e se motivando. Se desistirmos antes de obter algum resultado, não permitiremos que os alunos mais arredios, resistentes ou mais lentos, tenham a oportunidade de serem envolvidos e iniciar o projeto de fato Alimentar os aprendizes com a ampliação de referência e diálogos que problematizam o projeto certamente impulsionará o perseguir 36 idéias, indo mais longe do que poderíamos prever.
Desta forma percebemos quão importante é a interferência, ou melhor, como o professor irá conduzir o projeto para que ele mesmo não se sinta desmotivado e acabe desmotivando seus alunos, pois por se tratar de algo que como já foi dito é dinâmico pode em algum momento os alunos ficarem achando que não alcançarão os objetivos e é neste momento que deve ficar claro que o importante não é o resultado final o importante, mas sim o percurso para chegar até ele. A animação como um todo possibilita uma nova forma de experimentar técnicas que alguns já conhecem de outras formas; também os aproxima de um tipo de mídia que até então estes tinham conhecimento somente através da televisão, cinema ou internet. Desta forma estaremos facilitando uma inclusão audiovisual que será bom tanto para os alunos em relação a conhecimento que irão adquirir e transformará a escola não mais em apenas um local onde recebem uma ‘enxurrada’
36 MARTINS, Miriam C., PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha. A língua do Mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1988
de informações, mas sim um local de conhecimento de si como do mundo em geral. Conforme afirma MASSETO: [...] os recursos audiovisuais formam a combinação simples que oferece as melhores contingências para a aprendizagem; deve-se determinar de que forma cada meio pode ser utilizado para contribuir para um sistema criativo. Eles transformam a escola não em um centro de ensino, mas de aprendizagem. Um centro preocupado não pela simples transmissão de conhecimento, mas pelo enriquecimento em experiências de todo tipo: conhecimento, sensações, emoções, atitudes e intuições. Contudo, é importante considerar a participação do sujeito que aprende. Ele não deve ter uma atitude passiva, mas, sim, ativa fazendo com que os sentidos estejam “alertas”, absorvendo as informações uma atitude passiva, mas, sim, ativa fazendo com que os sentidos estejam “alertas”, absorvendo as 37 informações.
Com base nisto é que podemos afirmar que a Animação bem como outros tipos de mídia que até então não eram pensados como ferramentas de ensino como Histórias em Quadrinhos, Grafite, entre outros apresentam se como resposta para o desinteresse por parte dos alunos com o ensino. Voltando para a relação entre Animação e o ensino da Arte, a primeira pode ser utilizada também como forma de desestereotipar o trabalho dos alunos, apartir das próprias imagens feitas por eles, e sendo modificados aos poucos até tomarem outra forma, o que de certa modo torna-se uma maneira de quebrar estes laços que são construídos por todos nós de uma forma menos abrupta o que, facilitara, pois desta forma a resistência será menor. Não podemos esquecer que os alunos que estão nas escolas hoje, vivem a era digital não como um todo, mas uma boa parcela tem conhecimento sobre novas mídias, acesso a celulares com câmeras ou a câmeras digitais o que torna a produção de animações em sala de aula mais fácil e barato, mas mesmo assim é um tipo de suporte que não é muito utilizado. Por fim a Animação tem somente a agregar em sala de aula, quer por suas mais variadas formas de ser feita, pelo custo que uma animação não profissional tem que é muito barata, ou pelas possibilidades de trabalhar temas transversais e interdisciplinares bem como nas relações interpessoais.
37 VILAÇA, Sergio Henrique Carvalho. Inclusão Audiovisual através do cinema de Animação. Disponível em www.bibliotecadigital.ufmg.br/.../disserta__o_sergio_vilaca.pdf > acesso em 02 jun. 2009
3. CONFRONTO COM A ESCOLA (OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS) Neste capitulo são expostas as observações que foram realizadas durante o primeiro semestre do ano de 2009, junto à turma de primeiro ano do ensino médio (102) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião que se localiza no bairro Lomba do Pinheiro, zona leste de Porto Alegre. E a partir destas observações assim como através das respostas que os alunos deram nos questionários que o projeto ‘Animação: Arte em Movimento’ foi pensado e elaborado. As observações estão divididas em duas aulas já que cada encontro era dividido em dois períodos. A análise feita sobre as observações sita a outra turma observada e na qual também foi elaborado e aplicado o projeto, sendo que o material (planejado e realizado) desta outra turma encontra-se no arquivo em anexo. Os questionários dos alunos encontra-se no apêndice deste trabalho. Os questionários referentes ao professor e diretor da escola não me foram entregues pelos mesmos e a escola onde foi aplicado o trabalho não possuía uma coordenação pedagógica por este motivo também não há o questionário referente ao mesmo.
3.1 Observações 1 e 2- turma 102 Estas observações ocorreram na turma 102 (primeiro ano do ensino médio) a qual a professora titular é a Professora Ana Maria. Nesta primeira aula a professora me levou até a sala e pediu que eu sentasse, não fui apresentado à turma logo no começo, por este motivo provavelmente vários alunos acharam que eu era um colega novo, entendi o porquê da professora não me apresentar logo que entrou na sala, quando ela disse que este era o primeiro dia de aula com aquela turma, porque a professora anterior teve de sair da escola por motivos pessoais. Então por este motivo quis se apresentar antes de informar que nesta turma haveria um estagiário.
Durante a apresentação da professora vários alunos mantinham conversas paralelas, outros com fones de ouvido. Quando a professora disse que eu seria o estagiário nesta turma os alunos ficaram em silêncio um pouco. Em seguida a professora perguntou o que eles já haviam visto sobre Arte, estes responderam que a professora anterior havia passado apenas um texto sobre História da Arte. A professora propôs então que os alunos fizessem um desenho livre para que ela “os conhecesse”. Mesmo com uma proposta mais ‘livre’ os alunos demoraram a começar e vários copiaram desenhos de capa de cadernos, camisetas entre outros, seus desenhos apresentavam diversos estereótipos. No segundo período entrou na sala uma aluna que a professora já conhecia; a professora então parou a aula para dizer que já a conhecia e que ela tinha o ‘dom’ para o desenho. A sala de aula é muito descuidada tendo pichações nas paredes, porta, janelas e até no quadro negro.
3.2 Observações 3 e 4- turma 102 Neste dia havia menos alunos que no outro, a professora teve de aguardar certo tempo até a turma prestar atenção na proposta que a professora tinha para esta segunda aula na turma, solicitou que um aluno que estava com fones os retirasse, e este disse que outros professores deixam; ao que a professora informou que esta era uma norma da direção da escola, após certo protesto por parte do aluno este cedeu e retirou os fones. A professora Ana Maria explicou o que era desenhos figurativos e abstratos, propondo aos alunos que fizessem uma composição com formas geométricas. A turma claramente não gostou muito da proposta, e apenas alguns começaram a fazer o que havia sido solicitado, no segundo período chegaram mais alunos e começaram a fazer a atividade, porem no final da aula poucos entregaram o trabalho para a professora.
3.3 Observações 5 e 6- turma 102 Na última observação a professora chegou atrasada, e novamente demorou até a aula começar, quando finalmente conseguiu a atenção da turma a professora manteve sua linha de trabalhar com desenho, só que desta vez a proposta era efetuar uma composição figurativa. Com esta proposta houve um pouco mais de interesse por parte dos alunos que novamente utilizaram muitos estereótipos e a professora reforçou sua opinião em relação à aluna que tem o ‘dom’ para desenho o que ocasionou um verdadeiro alvoroço, pois a maioria da turma queria que esta desenhasse os seus desenhos. Na metade do segundo período a professora deixou para que eu aplicasse os questionários, a professora como precisava sair um pouco mais cedo levou o questionário para entregar-me depois. Ao entregarem os questionários pude perceber que diversos alunos estavam ansiosos em saber o que aconteceria nas aulas que eu daria a eles, tentei minimizar um pouco esta ansiedade conversando sobre Arte com a turma e assuntos que interessavam a turma.
3.4 Analise das observações silenciosas Neste período em que estive nestas duas turmas (51 - Ensino Fundamental e 102 - Ensino Médio) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião, fiquei me perguntando como atrair a atenção dos alunos para a sala de aula, como atraí-los para a escola e mostrar ao contrário do que vários deles pensam que a Arte não interfere nas suas vidas. Como fazê-los perceber que a Arte esta em quase tudo o que consomem desde programas de TV a roupas que compram e comidas.
Segundo OLIVEIRA:
As artes, em todas as manifestações de ruptura, podemos afirmar, sem impor grande argumentação a favor ou contra essa declaração, são experimentos, desenvolvimentos, traduções em linguagens de modo de percepção determinantes de novos modos de cognição. 38 Apartir destas palavras podemos afirmar o que já foi dito anteriormente, ou seja, a Arte esta em toda a parte atualmente, até onde menos esperamos como nos grafites que os próprios alunos fazem. E esta questão de estudar a Arte como uma forma de expressão utilizando as mais diversas linguagens ficou claro após observar as aulas das duas professoras, era perceptível a tentativa de fazer uma ligação entre a Arte e outros sistemas porem não parecia que os alunos compreendessem as intenções das duas educadoras. Podemos dizer que a turma de ensino fundamental tenha menos resistência em relação à experimentação, tentavam sair do desenho comum não utilizando quase estereótipos por mais que um ou outro aparecesse nos desenhos. Apesar das aulas não me parecerem continuas seis (6) observações são pouco para afirmar que esta não existisse, até pelas conversas que tive com a professora titular desta turma (5ª série) pude perceber que a intenção era trabalhar em forma de projeto para que os alunos percebessem certa continuidade nas aulas bem como objetivos a serem alcançados. Já em relação à turma de ensino médio (1º ano) a presença de estereótipos era muito maior que na turma de ensino fundamental, talvez por existir certa separação na turma por parte da professora, pois a professora selecionou uma das alunas e na frente do restante disse que aquela tinha o ‘dom’ para o desenho, neste momento a professora criou uma barreira nos próprios alunos, e no seu processo criativo. Desta forma os alunos acabaram tentando desenhar algo a que eles se apegam ou conhecem de alguma maneira, que se apresenta para eles como alguma coisa ‘bela’.
38OLIVEIRA, Ana Claudia de. Convocações multissensoriais da arte do século XX. In PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006
Podemos concluir até este momento que ambas as turma tem um certo tipo de déficit em relação a conhecimentos de materiais, bem como de linguagens das quais podem se apropriar para se expressarem.
4. PROJETO DE ENSINO 4.1 ENCONTROS 01 E 02 PLANEJADO AULA 01 Tema: Onde vejo Arte Duração: 45 minutos Objetivos: - Incentivar o fazer artístico - Proporcionar a experimentação de materiais diversos - Facilitar a aprendizagem de um desenho sem estereótipos - Observar a qualidade o repertório gráfico dos alunos Desenvolvimento da aula: 10 min. – Apresentação à turma 15 min. – Debate sobre o tema ‘Onde vejo Arte’, com apresentação de imagens. 20 min. – Divisão da turma em grupos e criação de desenhos utilizando materiais diversos com base nas imagens apresentadas. Recursos: - Professor: imagens, folhas A4 / A3, materiais diversos (carvão vegetal, giz de cera, lápis de cor, etc.) - Alunos: material de desenho que possuírem
AULA 02 Tema: O poder das imagens Duração: 45 minutos Objetivos: - Analisar imagens e as mensagens que estas podem e querem passar - Incentivar o pensamento crítico Desenvolvimento da aula: 15 min. – Leitura de imagem apartir das trazidas pelo professor e feitas em aula pelos alunos 15 min. – aula expositiva sobre elementos formais 15 min. – criação de painéis pelos grupos com as imagens produzidas Recursos: - Professor: imagens, folhas A4 / A3, materiais diversos (carvão vegetal, giz de cera, lápis de cor, etc.) - Alunos: material de desenho que possuírem
REALIZADO Analise Aulas 1 e 2 Comecei a aula me apresentando à turma e explicando sobre o trabalho que iríamos desenvolver durante as aulas, o que despertou certo interesse na turma já que se afastava muito do que eles já haviam feito até então. Após a apresentação, questionei os alunos qual seria a função das aulas de Artes, e recebi uma grande quantidade de respostas, entre elas que seria para ‘cumprir horário’ ou ‘para descansar das outras disciplinas’. A estas respostas disse a eles que na minha visão este seria um espaço onde poderiam se expressar, questionar a sua realidade, um espaço de criação. Disponibilizei então algumas imagens e pedi que cada um escolhesse uma onde eles vissem Arte. Entre estas imagens e pedi que cada um escolhesse uma onde eles vissem Arte. Entre estas imagens haviam as de artistas como Vik Muniz, Giussepe Arcimboldo e Rembrandt, além de imagens de histórias em quadrinho, publicidade e animação, pois ‘ a arte cerca-os constantemente, inspira o estilo das roupas que vestem, dos edifícios onde vivem, das embalagens que os induzem a comprar [...]. Mas nada disso faz parte do que esses jovens consideram arte’39. Em relação ao que escreve o autor é que propus esta mistura de imagens em uma tentativa de relacionar a Arte ao cotidiano dos alunos. Assim que todos já haviam escolhido uma imagem, pedi que cada um explicasse onde via Arte naquela imagem. As respostas começaram tímidas, mas conforme fui questionando-os, eles se soltaram mais falando das cores, dos traços das coisas que eles gostavam naquelas imagens. Dando sequência à aula, dividi a turma em grupos e propus que eles montassem cartazes com imagens que cada um havia escolhido demonstrando o que era Arte para eles, enquanto eles se dividiam nos grupos fui explicando que a Arte não é utilizada somente para pintar quadros, esculpir, gravar etc, mas também em diversas outras áreas profissionais, como na publicidade, em estúdios de animação e cinema, nos grafites feitos pelas ruas, entre outras. Durante o trabalho disponibilizei materiais que a turma não tinha muito ou nenhum contato, por exemplo, carvão vegetal, bastão de grafite, pastel seco, pastel oleoso e nanquim. Entretanto, os alunos, apesar da curiosidade em relação a estes 39 LOWENFELD, Viktor. Desenvolvimento da capacidade criadora.São Paulo. Mestre Jou: 1977
materiais, demonstraram certa ‘resistência’ na hora de utilizá-los. Com o passar do tempo eles acabaram experimentando mais os materiais nos seus trabalhos.
Experimentação de materiais diversos - pastel seco, nanquim (FONTE: ABREU, 2009)
Durante a confecção dos cartazes não apareceram muitos estereótipos nos trabalhos dos grupos, alguns fizeram tentativas de interferência nas imagens bem como reorganizá-las dentro de um novo contexto.
Reorganização da imagem (FOTE: ABREU, 2009)
Alguns após verem os trabalhos prontos achavam que não haviam feito algo bom, disse a eles que o importante não era apenas o resultado final, mas sim o processo para chegar a este resultado. Percebi ao final destas aulas que os alunos estavam mais dispostos a encarar o formato da aula que eu estava propondo e mostravam-se ansiosos pela continuidade do projeto. Como os alunos estavam se empenhando em desenvolver os trabalhos práticos acabei deixando para fazer a parte de leitura de imagem para o próximo encontro.
4.2 ENCONTROS 03 E 04 PLANEJADO AULA 03 Tema: Animação e Arte Duração: 45 minutos Objetivos: - Relacionar Arte e Animação - Verificar o conhecimento da turma em relação à Animação Desenvolvimento da aula: 10 min. – Apresentação e texto sobre história da animação. 10 min. – Arte na Animação: cor, forma, textura, luz e sombra. 20 min. – Informações sobre o trabalho final a ser apresentado, divisão dos grupos, escolha do tema e criação do roteiro. Recursos: - Professor: Texto sobre animação AULA 04 Tema: Linha: volume, Textura e ritmo Duração: 45 minutos Objetivos: - Representar textura e volume através da linha - Analisar a utilização da linha em imagens diversas Desenvolvimento da Aula: 15 min. – Análise de imagens diversas verificando a utilização da linha (publicidade, HQ, Animação) 30 min. – Criação de Flip – Book Recursos: - Professor – Imagens, e folhas A4 - Alunos – Material de desenho
REALIZADO Analise Aulas 3 e 4 Dando continuidade às aulas anteriores sobre imagens e seus significados, iniciei a aula fazendo um “debate” sobre os significados e as mensagens diretas ou indiretas contidas nas imagens. Conforme Analice Pillar, “No ensino de arte, leitura e releitura têm sido uma prática amplamente difundida, sem que muitas vezes se compreenda o que esta implicado nessas dimensões do conhecimento da arte” (2006, p.11)40. Desta forma, nesta afirmação da autora, iniciei a aula. Primeiramente mostrei para a turma algumas imagens de publicidade e pedi que eles falassem sobre o que achavam que as imagens queriam ‘dizer’. Diante destas imagens os alunos fizeram certas observações sobre as cores utilizadas como as dos anúncios, que normalmente são claras; a maioria das pessoas que aparecem são brancas e, normalmente, mostram que se utilizarmos este ou aquele produto seremos mais populares, mais atraentes entre outras coisas. Após este primeiro momento expliquei o que é leitura de imagem, e que havíamos feito até este momento era um tipo de leitura, porém, a turma não conseguia fazer esta ligação, talvez por esta segunda etapa ser escrita. Diante desta dificuldade pedi que a turma respondesse a duas perguntas de forma escrita. As questões eram: O que eu estou vendo? E como a imagem é composta? Após alguns questionamentos por parte dos alunos e os respectivos esclarecimentos, estes começaram a responder as perguntas. Durante este processo fui orientando que fossem o mais detalhistas possível, pois assim teríamos um trabalho mais ‘rico’. Conforme Feldman, a leitura de imagem é composta por diversas etapas, sendo que a primeira é a descritiva, ou seja, quando relatamos tudo o que é visto na imagem. Foi exatamente nesta etapa que os alunos se fixaram, porém, em alguns trabalhos, os alunos colocaram o que certas imagens os faziam sentir. Nesta atividade os alunos não se sentiram muito à vontade, talvez por ser nosso segundo encontro, e ainda ficarem com medo de ‘fazer errado’, mesmo com
40 PILLAR, Analice Dutra (org.). A educação do Olhar no ensino das artes. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006
minha tentativa de deixá-los mais tranquilos. E provavelmente devido a este motivo os alunos ficaram durante muito tempo nesta atividade.
4.3 ENCONTROS 05 E 06 PLANEJADO AULA 05 Tema: luz e sombra Duração: 45 minutos Objetivos: - Representar luz e sombra - Observar os sentimentos que a luz e sombra imprimem a imagem Desenvolvimento da aula: 15 min. – Leitura de imagem com ênfase para luz e sombra 20 min. – Atividade prática “trabalhando com a luz” 10 min. – Análise dos trabalhos AULA 06 Tema: Perspectiva Duração: 45 minutos Objetivos: - Representar profundidade em planos bidimensionais Desenvolvimento da aula: 10 min. – O que é perspectiva? 25 min. – Desenho de observação (perspectiva com 1, 2 e 3 pontos de fuga) 10 min. – Finalização dos roteiros Recursos: - Professor – Papel Kraft e modelo - Alunos – Material de desenho e régua
REALIZADO Analise Aulas 5 e 6 Nesta aula, diferente das anteriores, não foram utilizadas imagens para ilustração do que seria feito em sala. Expliquei para a turma que como trabalharíamos com animação seria necessária a elaboração de cenários onde ocorreriam as mesmas, e que para isso utilizaríamos a perspectiva em alguns casos. Porém, após esta introdução, fui questionado por grande parte da turma sobre o que era perspectiva. Expliquei então que basicamente a perspectiva servia como uma forma de representar profundidade em um plano bidimensional e que
seria isto que faríamos nesta aula. Após a explicação eles disseram que não queriam fazer esta aula, pois a professora (titular) já havia passado e segundo os alunos era ‘muito chato’ porque tinham que ficar medindo as distâncias exatas com a régua. Fiquei um tanto surpreso com esta reação da turma, e solicitei que dessem mais uma chance para este estudo e que faríamos um estudo de forma menos técnica do que as professora tentara passar, porque não poderia deixá-los com aquela impressão sobre perspectiva, pois segundo EDWARDS (2007, p. 159): Aqueles alunos que aprendem tudo menos a avaliar relacionamentos através da visualização prejudicam sua capacidade de desenho e acabam constantemente às voltas com erro frustrantes de 41 proporção e perspectiva.
Afirmação que compartilho com a autora já que um entendimento deste estudo seria de grande importância para o trabalho que desenvolveríamos. Distribui então folhas para cada aluno e pedi que utilizassem a régua a qual havia solicitado na aula anterior. Dei início explicando o que era a linha do horizonte e que esta representava a altura do olhar, em seguida falei sobre o ponto de fuga e as linhas imaginárias que convergiam para ele. Este primeiro momento resultou nos seguintes trabalhos:
Desenho da aluna Eduarda – perspectiva com um ponto de fuga (FONTE: ABREU, 2009) 41 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. 4ª ed. Revisada e ampliada. Rio de Janeiro. Ediouro: 2007
No começo a turma ainda mostrava certo receio em fazer um trabalho gráfico já que este estava sendo o primeiro desenho que faziam sendo eu o professor. Dando sequência à aula mostrei a perspectiva com dois pontos de fuga e alterando a linha do horizonte para cima ou colocando-a abaixo do objeto
Desenho do aluno Richard – perspectiva com dois pontos de fuga (FONTE: ABREU, 2009)
Conforme fui mostrando, explicando sobre a perspectiva e falando sobre as maneiras práticas que eles poderiam utilizar na hora da elaboração dos cenários, como por exemplo, para representar casas, prédios, ruas, entre outras coisas.
Utilização da perspectiva para representar um prédio (FONTE: ABREU, 2009)
Aproveitando o estudo da perspectiva passei para a turma algumas noções sobre luz e sombra que também seriam úteis na hora da produção das animações. De acordo com EDWARDS (2007, p. 214) “para aprender a desenhar é preciso aprender a ver conscientemente luzes e sombras e desenhá-las dentro de toda a sua lógica inerente”. 42 Expliquei à turma sobre foco de luz e como ele se comportaria sobre determinado objeto, bem como a sombra que produziria. Orientei que utilizando alguns dos desenhos feitos até agora eles imaginassem um foco de luz e colocassem a respectiva sombra neste objeto.
42 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. 4ª ed. Revisada e ampliada. Rio de Janeiro. Ediouro: 2007
Luz e sombra – aluno Leonir (FONTE: ABREU, 2009)
Luz e sombra – aluno Diego (FONTE: ABREU, 2009)
Ao ver os trabalhos que a turma produziu achei o resultado satisfatório, pois diante do planejado conseguimos, a turma e eu, alcançar os objetivos, sendo que nesta aula o que me deixou mais satisfeito foi ouvir da turma que haviam gostado de trabalhar com o conteúdo proposto naquela aula.
4.4 ENCONTROS 07 E 08 PLANEJADO AULA 07 Tema: Storyboard Duração: 45 minutos Objetivos: - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada Desenvolvimento da aula: 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos 20 min. – Transformar o roteiro em storyboard 10 min. – Curtas Anima Mundi Recursos: - Professor: materiais sobre storyboard, curtas -Alunos: materiais de desenho, papel
AULA 08 Tema: Criação de personagem Duração: 45 minutos Objetivos: Conceituar os personagens do roteiro Desenvolvimento da aula: 15 min. – Noções de proporção 30 min. – Criação de personagem (concept art) e visões: frontal, lateral e anterior (model sheet) Recursos: - Professor: imagens de concept art de personagens e model sheet -Alunos: materiais de desenho, papel
REALIZADO Analise Aulas 7 e 8 Dando continuidade a técnicas e conceitos que os alunos iriam precisar para desenvolver as animações, orientei-os sobre a criação dos roteiros os quais já estavam desenvolvendo desde o primeiro encontro. Então, assim que os concluíram, foram me entregando e eu fui lendo os roteiros, conforme estes me eram entregues. Enquanto isto orientei que os alunos fossem em grupos discutir como fariam os cenários bem como os personagens. Após terminar a leitura dos roteiros, devolvi aos grupos para que estes servissem de 'guia' no desenvolvimento do trabalho, porém, percebi que nenhum dos grupos havia desenvolvido nada em relação ao cenário. Questionei-os sobre
esta atividade e a turma respondeu, na grande maioria, que o problema era que não sabiam desenhar pessoas, no caso, os personagens. Também estavam sem idéias para desenvolverem os cenários. Existe certa resistência em relação a desenhar. Expliquei a eles a necessidade da tentativa e do processo de desenvolvimento e que neste processo haveriam 'erros' assim como 'acertos' e que sem a tentativa não haveria resultado. Mesmo depois de uma longa conversa, e de várias tentativas de estimulá-los a desenvolverem alguma coisa, a turma parecia decidida a não cooperar com a aula daquele dia. Como percebi que não conseguiríamos desenvolver nada plástico naquela aula, solicitei que os grupos descrevessem como seriam os personagens e os cenários, e fiquei aguardando a reação dos alunos. Eles me surpreenderam, pois em seguida começaram a fazer o que lhes solicitara. No término da aula, depois de recolher a tarefa que tinha passado aos alunos, pedi que na próxima aula viessem prontos para desenhar, afinal, esta atividade iria influenciar diretamente a produção das animações. Ao término destas duas aulas percebi que poderia ter certas dificuldades em 'quebrar' o preconceito que os próprios alunos haviam desenvolvido em relação a desenhar ou desenvolver algo mais 'prático'. Isto não se deve apenas a algo dos próprios alunos, mas sim da sociedade em que vivemos, bem como do sistema educacional que possuímos. Como afirma DERDYK (1989, p. 18), “Os sistemas educacionais, por força das circunstâncias, estão mais voltados para a educação técnica e profissionalizante. Esta postura inibe o ato perceptivo, e condicionando-o a uma visão temporal e histórica”. 43
43 DERDYK, Edith. Formas de Pensar o Desenho. São Paulo: Scipione, 1989.
4.5 ENCONTROS 09 E 10 PLANEJADO AULA 09 Tema: Storyboard Duração: 45 minutos Objetivos: - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada Desenvolvimento da aula: 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos 20 min. – Transformar o roteiro em storyboard 10 min. – Curtas Anima Mundi Recursos: - Professor: materiais sobre storyboard, curtas -Alunos: materiais de desenho, papel
AULA 10 Tema: Criação de personagem Duração: 45 minutos Objetivos: Conceituar os personagens do roteiro Desenvolvimento da aula: 15 min. – Noções de proporção 30 min. – Criação de personagem (concept art) e visões: frontal, lateral e anterior (model sheet) Recursos: - Professor: imagens de concept art de personagens e model sheet -Alunos: materiais de desenho, papel
REALIZADO Analise Aulas 9 e 10 Como nas aulas passadas não foram alcançados os objetivos propostos, resolvi retomar a proposta da aula anterior, porém, com foco na criação dos personagens, deixando a criação dos cenários para um segundo momento. Percebi que os alunos, ao contrário da aula passada, pareciam mais dispostos, já que eles estavam mais entusiasmados, iniciei as atividades pensadas para estes encontros. Entreguei uma folha A4 para cada aluno e informei a eles que nesta aula iríamos desenvolver os personagens como havíamos tratado na aula anterior. Como a grande maioria tinha dificuldades para
o mesmo eu passaria algumas noções de proporção para o desenho do corpo humano (optei pelo corpo humano, pois a grande maioria dos roteiros tinha como personagem central figuras humanas). Comecei passando as medidas do corpo e que normalmente utilizamos a cabeça como unidade padrão de medida, e conforme ia explicando a turma ia desenhando um personagem comum a todos.
Representação do corpo humano aluno do ensino médio (FONTE: ABREU, 2009)
Depois que desenhamos esta primeira figura, pedi que utilizando as noções que havia passado que eles desenhassem os seus personagens. No começo a turma ficou meio inibida, mas depois começaram a desenvolver os seus personagens.
Representação de personagem (FONTE: ABREU, 2009)
Representação de personagem animação, o cachorro com medo de osso (FONTE: ABREU, 2009)
O interessante foi que após as noções explicadas, os aprendizes sentiram-se mais tranquilos para desenharem, para se expressarem tendo menos medo de errar. A partir dos desenhos feitos pelos alunos percebemos que o desenvolvimento gráfico deles parece estar um pouco atrasado em relação à faixa etária da turma. Apesar disto, ao término da aula, pude perceber que os próprios alunos, mesmo insistindo que não sabiam desenhar, estavam satisfeitos com o que haviam produzido, o que me deixou bem realizado, pois o objetivo havia sido alcançado.
4.6 ENCONTROS 11 E 12 PLANEJADO AULA 11 Tema: Storyboard Duração: 45 minutos Objetivos: - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada Desenvolvimento da aula: 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos 20 min. – Transformar o roteiro em storyboard 10 min. – Curtas Anima Mundi Recursos: - Professor: materiais sobre storyboard, curtas -Alunos: materiais de desenho, papel AULA 12 Tema: Storyboard Duração: 45 minutos Objetivos: - Transformar roteiro em uma sequência ilustrada Desenvolvimento da aula: 15 min. – O que é storyboard? Conceitos e termos 20 min. – Transformar o roteiro em storyboard 10 min. – Curtas Anima Mundi Recursos: - Professor: materiais sobre storyboard, curtas -Alunos: materiais de desenho, papel
REALIZADO Analise Aulas 11 e 12 Com os alunos mais confiantes em relação ao desenho segui com o planejado, que nesta aula era transformar o roteiro em uma sequência desenhada, ou seja, criar um storyboard. Expliquei para a turma como se fazia um storyboard, e que a tradução mais literal utilizada para este termo era ‘história em quadros’, e o que deveriam fazer não era nada mais que transformar o roteiro em uma espécie de história em quadrinhos, porém, em poucos quadros. Depois desta explicação mostrei aos alunos uma revista com alguns exemplos. Enquanto a revista era vista pelos alunos fui explicando alguns tipos de ‘visão’, ou seja, enquadramento que eles poderiam
utilizar, bem como noções de ângulo de câmera os quais poderiam constar no storyboard que eles desenvolveriam.
Storyboard da animação o cachorro com medo de osso (FONTE: ABREU, 2009)
Ao desenvolver o que havia proposto pude perceber que alguns alunos utilizaram algumas das noções que havíamos estudado como perspectiva e o desenho dos personagens. Apesar do empenho em desenhar os storyboards, apenas dois grupos me mostraram o mesmo
finalizado. M as mesmo assim, durante a
aula, enquanto os grupos elaboravam o trabalho, pude perceber as discussões que eram feitas em relação à elaboração da proposta. Neste ponto do desenvolvimento do trabalho e a partir das discussões entre os grupos, foi possível perceber que os alunos estavam se empenhando no desenvolvimento dos trabalhos.
4.7 ENCONTROS 13 E 14 PLANEJADO AULA 13 Tema: Produção das animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Criar animações com base nos roteiros Desenvolvimento: 15 min. – noções de enquadramento 30 min. – Produção das animações Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna) - Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem AULA 14 Tema: Produção das animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Criar animações com base nos roteiros Desenvolvimento: 15 min. – noções de enquadramento 30 min. – Produção das animações Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna) - Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem
REALIZADO Analise Aulas 13 e 14 Com os storyboards feitos iríamos passar para a construção em três dimensões dos cenários e dos personagens. N esta aula o orientador do estágio Professor Dr. Celso Vitelli foi observar as aulas. Informei para o professor qual seria a proposta para a aula naquele dia. Fomos então até a sala onde a turma teria aula. Ao chegarmos lá havia apenas dois alunos. Expliquei ao orientador que normalmente a turma chegava um pouco atrasada. Quando chegaram mais alguns alunos dei início à aula apresentando o Professor Celso à turma e dizendo aos alunos que ele iria observar aquela aula. Como o objetivo era a criação dos cenários e dos personagens havia
solicitado que os grupos levassem os materiais que iriam utilizar para a confecção dos mesmos. Porém, apenas dois grupos levaram o material. Neste momento aquele nervosismo da primeira aula parecia ter voltado, porque além de já estarmos nas últimas aulas, estávamos sendo observados pelo meu orientador de estágio. Comecei então a passar em cada grupo para verificar se haviam trazido algum tipo de material. Enquanto eu fazia isto alguns alunos pediram para ir comprar a massa de modelar para poderem fazer o trabalho. Orientei que falassem com a pessoa responsável pela entrada e saída de pessoas na escola para ver se poderiam ir a um estabelecimento próximo para comprarem o material mencionado. Como alguns alunos tinham certas dúvidas em como montar os personagens, pedi a uma das alunas o seu material emprestado para mostrar aos alunos como montar os seus personagens. A confecção dos personagens consistia em fazer um 'esqueleto de arame' que daria sustentação ao personagem, e cobrir este 'esqueleto com massa de modelar para então finalizá-lo. Enquanto falava com um dos grupos, houve uma briga no saguão do prédio onde estávamos o que ocasionou certo 'descontrole da turma que saíram correndo para o corredor do prédio. Após certo tempo consegui que os alunos retornassem para a sala. Depois do ocorrido o Professor Celso me informou que teria que ir embora. Mesmo com todos os acontecimentos no final a turma conseguiu produzir algo mesmo que nem todos tenham levado o material.
Construção de personagens animação, a falta de gasolina Personagem finalizado (FONTE: ABREU, 2009)
Criação de personagem (FONTE: ABREU, 2009)
Personagem finalizado (FONTE: ABREU, 2009)
Posso avaliar que mesmo com tantos fatos contrários, conseguimos alcançar em parte os objetivos propostos, porque nem todos os grupos confeccionaram os seus personagens.
4.8 ENCONTROS 15 E 16 PLANEJADO AULA 15 Tema: Produção das animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Criar animações com base nos roteiros Desenvolvimento: 15 min. – noções de enquadramento 30 min. – Produção das animações Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna) - Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna)
AULA 16 Tema: Produção das animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Criar animações com base nos roteiros Desenvolvimento: 15 min. – noções de enquadramento 30 min. – Produção das animações Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna) - Alunos: câmera fotográfica ou outro dispositivo que capture imagem Recursos: - Professor: material desenvolvido pelos alunos até agora, câmera fotográfica canhão de luz (lanterna)
REALIZADO Analise Aulas 15 e 16 Com os personagens e os cenários já confeccionados poderíamos passar para a produção das animações. Contudo, a animação era algo novo para a turma. Por este motivo, iniciei esta aula passando uma sequência de animações no estilo stop motion disponível no site youtube.com e uma animação no mesmo estilo que havia sido apresentada no festival de animações Anima Mundi.44 Após
a
exibição
das
animações
os
alunos
fizeram
alguns
questionamentos em relação à qualidade das animações apresentadas. Respondi que não era necessário se preocuparem já que esta seria a primeira experiência deles em animação. Assim que todas as dúvidas levantadas foram sanadas começamos a produzir as animações, o que serviu de motivação bem como forma de sanar a expectativa da turma.
44 Festival de Animação que ocorre anualmente no Brasil
frame da animação, A falta de gasolina (FONTE: ABREU, 2009)
Junto com uma das alunas da turma que havia optado por fazer o trabalho sozinha iniciamos a produção das animações, que consistiam em tirar fotos, e entre uma e outra, efetuar pequenas mudanças na posição dos personagens. Depois de tiradas todas as fotos, partimos para a segunda animação a ser feita, a qual consistia em um homem caindo. Particularmente achei a mais difícil de ser feita, pois além de dar a sensação de queda era necessário desmembrá-lo após tal queda, dificuldade que este grupo conseguiu contornar muito bem.
Frame da animação de um homem caindo 'sem título' (FONTE: ABREU, 2009)
Assim, conforme íamos terminando as animações, passávamos para o grupo seguinte.
Frame de animação, sem titulo (FONTE: ABREU, 2009)
Em algumas das imagens é possível perceber que os alunos utilizaram o que havíamos estudado nas aulas anteriores como na imagem a cima na qual há certa preocupação com a perspectiva representada no cenário.
frame da animação ' O cachorro com medo de osso' (FONTE: ABREU, 2009)
Houve também preocupação com a representação de texturas, assunto que foi abordado apenas de maneira superficial na terceira aula quando fizemos leitura de imagens. Assim que terminamos todas as fotos, os alunos informaram quais as músicas ou efeitos que achavam interessantes para as suas produções. Expliquei como seriam feitas as animações e deixei combinado que na aula seguinte faríamos a exibição das mesmas. Com o final desta aula posso afirmar que conseguimos alcançar os objetivos propostos. Pude perceber que até este momento os alunos, os que fizeram o trabalho, e de certa forma foi um número considerável, estavam envolvidos com o trabalho.
4.9 ENCONTROS 17 E 18 PLANEJADO AULA 14 Tema: Exibição das Animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Apresentar as animações feitas pelos alunos Desenvolvimento: 45 min.- Exibição de curtas Recursos: - Professor: Animações desenvolvidas pelos alunos. AULA 14 Tema: Exibição das Animações Duração: 45 minutos Objetivos: - Apresentar as animações feitas pelos alunos Desenvolvimento: 45 min.- Exibição de curtas Recursos: - Professor: Animações desenvolvidas pelos alunos.
REALIZADO Analise Aulas 17 e 18 Nesta última aula comecei com a exibição das animações, tendo como convidada a Professora Ana Maria, professora titular da turma onde foi feito o estágio. Após a exibição das animações pedi para que a turma falasse sobre o que acharam do trabalho desenvolvido, mas novamente houve pouca participação. Pedi que eles fizessem uma auto avaliação e na mesma folha uma avaliação das aulas, com os pontos positivos e negativos. Antes de iniciarem esta avaliação a professora titular expôs que havia gostado muito dos trabalhos e demonstrou certo interesse em dar continuidade as mesmas com a turma. S eria muito proveitoso para a turma já que os alunos demonstraram empenho com uma temática diferenciada da que vinham tendo até o momento.
Segundo CASTANHO e VIEIRA (2008, p. 3): O mundo está em movimento e o aluno, mais do que nunca, possui seu cotidiano preenchido de imagens em movimento, que por vezes substituem relações familiares. O desenho animado já é um tema próximo do aluno, basta agora, trabalhar toda a gama de conhecimentos que envolvem esta arte, desde a apreciação direcionada até a produção 45 de pequenos filmes.
Concordo plenamente com as palavras acima, pois nesta vivência q u e tive com a turma 102, pude perceber que a partir do momento no qual propus a atividade que não era comum para eles em sala de aula, mas fazia parte do seu cotidiano, a turma demonstrou um interesse que me surpreendeu. Entre altos e baixos, acabo estas aulas plenamente satisfeito. Certo de que poderia mudar certos pontos do projeto bem com outros que acho que se aplicam perfeitamente em outras turmas.
45 CASTANHO, Maria Eugenia , VIEIRA, Tatiana Cuberos NA ESCOLA: O POTENCIAL EDUCACIONAL DO CINEMA DE ANIMAÇÃO Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.puccampinas.edu.br/tde_arquivos/3/TDE-2008-08-12T063034Z1461/Publico/Tatiana%20Cuberos%20Vieira.pdf > Acesso em: 5 maio 2009
CONCLUSÃO A Animação como metodologia do ensino da Arte foi o tema escolhido para este projeto, aplicado junto à turma 102 - primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rafaela Remião. Este tema foi escolhido por representar algo que está ligado diretamente à realidade tanto dos alunos como da sociedade em geral seja por meio da animação em sua forma mais tradicional e direta (desenhos animados) quanto através da publicidade e mídia em geral. Este projeto se deu a partir da vivência e da experimentação dos aprendizes com o mundo da animação, a partir da elaboração do roteiro, passando pelo desenvolvimento dos personagens e cenários até a pós-produção, fazendo com que estes percebessem as diversas linguagens bem como conceitos e técnicas da Arte aplicadas neste meio de entretenimento e comunicação. No início da aplicação do projeto foram desenvolvidas algumas atividades para apresentação do conteúdo a ser desenvolvido durante as aulas, assim como algumas mais direcionadas para a Arte convencional, por exemplo, a leitura de imagem feita na 3ª e 4ª aulas. Concomitantemente as atividades mais dirigidas ao estudo das Artes (perspectiva e luz e sombra – 5ª e 6ª aulas) os alunos desenvolveram as atividades com foco na produção da Animação (roteiro – 1ª, 2ª, 7ª e 8ª aulas). A partir da aplicação deste projeto de ensino percebi três pontos relevantes para a reflexão sobre o mesmo. Estes pontos são o conhecimento do aluno que é obtido por ele durante a aula, por exemplo, técnicas, artistas e materiais que o professor leva para sala de aula os quais os alunos não tinham contato. E o conhecimento que este aluno já possui através das suas vivências ao longo da vida tanto acadêmica quanto fora do ambiente escolar e se é possível prever este conhecimento. Esta questão foi observada na 5ª e 6ª aulas. A segunda questão observada é a da homogeneidade ou não da turma, ou seja, em quais momentos e atividades a turma se mostrou mais unida (7ª e 8ª aulas) e em quais esta homogeneidade não foi percebida (11ª e 12ª aulas) e por fim a postura do professor diante das diversas situações que podem ocorrer em sala de
aula (7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 13ª e 14ª aulas) a escolha das atividades a serem aplicadas e a condução das mesmas. O primeiro ponto observado é o que trata sobre o conhecimento que o aluno adquiriu em sala de aula assim como o conhecimento que o aluno já possui e se é possível prever este conhecimento e como lidar com ele. Durante
as
aulas
os
alunos
demonstraram
possuir
um
conhecimento/desempenho acima do esperado como foi visto na 5ª e 6ª aulas, em que a turma mesmo tendo uma experiência anterior não ‘agradável’ e depois de certa relutância desenvolveu um trabalho além do que era esperado sobre o assunto desenvolvido nas aulas citadas. Durante esta atividade os alunos acabaram fazendo uma ligação com a segunda aula onde foi desenvolvida uma introdução à leitura de imagem e falamos sobre os variados tipos de representação através de linhas e de manchas. Estas variações discutidas na 2ª e 3ª aulas acabaram sendo úteis neste encontro, pois os alunos as utilizaram no momento de representar a luz e sombra nos trabalhos desenvolvidos. Chamou atenção que nas aulas em que estudamos a leitura de imagem, parecia que o assunto não havia sido assimilado pela turma tanto que os objetivos propostos para aquelas aulas não foram atingidos em sua totalidade, porém no momento em que os alunos utilizaram-se de temas e formas de representação discutidos nas aulas sobre leitura de imagem percebi que o projeto estava tendo uma continuidade que até este momento não havia sido percebida. Nos trabalhos que foram desenvolvidos nestas aulas foi possível perceber também que alguns desenvolveram um trabalho gráfico além do que era esperado, demonstrando que alguns alunos já possuíam certo conhecimento e/ou vivência com o desenho. Mas prever este conhecimento do aluno torna-se difícil por motivos como: o aluno não responder de forma sincera os questionários aplicados pelo professor, ou não se sentir à vontade com certas atividades propostas. Este segundo ponto, ou seja, sentir-se envolvido com as atividades, foi o que ocorreu neste projeto com a turma 102, pois em algumas atividades os alunos atingiram um excelente resultado em seus trabalhos. A homogeneidade da turma que é o segundo ponto percebido durante a aplicação do projeto, ficou mais clara na 7ª e 8ª aulas, quando os alunos, a partir de uma atividade proposta, acabaram de forma quase que geral não fazendo a atividade. Em outros momentos a turma fez as atividades de forma rápida evitando
discussões que eram previstas para as atividades, provavelmente com o intuito de terminar o mais rápido possível o trabalho que eu havia proposto para a turma. Porém, com o decorrer do projeto os alunos começaram a se envolver com as atividades, tanto que na 11ª e 12ª aulas os alunos acabaram tendo uma postura contraria a esta que viam demonstrando, ou seja, de concluir a tarefa independente da qualidade desde que fosse de maneira rápida, tanto que para algumas era necessária uma intervenção minha para acalmar os ânimos e para que a tarefa fosse concluída. Mas a falta de homogeneidade apresentada nestas aulas era algo construtivo, porque apenas acrescentou no trabalho dos alunos. Este acréscimo ocorreu devido as ‘discussões’ que os alunos fizeram em relação aos trabalhos que iriam produzir. Por fim o terceiro ponto, que diz respeito à postura do professor em sala de aula que acaba de alguma forma interferindo nos dois pontos tratados anteriormente. Durante o decorrer das aulas foi possível perceber que as ocasiões nas quais a turma apresentou resistência ou desinteresse nas atividades propostas foram aquelas que as atividades ficaram focadas muito mais na realização do projeto pensado pelo professor, ou seja, foram mais direcionadas para o agrado do educador do que direcionadas aos alunos. Foi possível perceber isto, por exemplo, o interesse da turma de acordo com a postura do professor bem como nas atividades propostas. Ao compararmos as 7ª e 8ª aulas quando os alunos acabam não fazendo as atividades solicitadas no início da aula exatamente no momento em que o professor acaba se distanciando da turma, com as 9ª, 10ª11ª e 12ª aulas quando ocorre também uma mudança na avaliação, esta passa a ser focada na autoavaliação, por exemplo, quando os alunos chegam a um resultado que os agrade e que não tenham vergonha de mostrar para alguém.
A partir destes encontros,
quando o educador reavalia a situação da turma bem como a forma das atividades os alunos passam de resistentes/observadores a produtores de suas animações saindo de um comodismo de aceitar ‘qualquer coisa’ com o intuito de acabar logo a atividade, para críticos de suas ações procurando algo que os agrade realmente. Por fim posso dizer que muitas dúvidas surgiram durante o processo de aprendizagem tanto por parte dos alunos como por parte do professor. Algumas destas dúvidas em relação às atividades propostas como a leitura de imagem (2ª e 3ª aulas) e o desenvolvimento dos personagens e cenários (7ª e 8ª aulas) nestas duas situações a dúvida principal foi em relação à condução das mesmas por parte
do professor. Provavelmente se tivessem sido abordadas de outra maneira poderiam ter um resultado muito mais satisfatório, no entanto estas ficaram para uma próxima pesquisa e vivência. Muitas outras dúvidas, estas mais de caráter técnico foram esclarecidas durante o desenvolvimento do projeto em sala de aula, algumas atividades que foram pensadas, mas não chegaram a ser desenvolvidas como, por exemplo, a confecção de um flip book, desenho de observação entre outras que ajudariam no desenvolvimento dos projetos dos alunos. Também existem certas atividades que deverão ser readaptadas. Como a leitura de imagem que deverá ser abordada de outra maneira e durante mais aulas por se tratar de um tema muito abrangente, assim como a atividade desenvolvida na primeira aula quando os alunos expuseram suas idéias sobre Arte também deveriam ter recebido um espaço assim como atenção maiores. No final do projeto pude perceber que o mais difícil não é a elaboração do projeto em si, mas perceber o momento certo para reavaliar as aulas bem como a turma de maneira a proporcionar atividades que façam o aluno desenvolver o seu melhor e que possam aproximálos da sala. Dessa vivência como professor de Artes levo muitas questões já citadas como as atividades a serem reavaliadas, a postura em sala de aula que me ajudarão a desenvolver futuramente projetos melhores com foco maior nos aprendizes.
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