A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

JULIANE FRANCISCO DO CANTO

A BUSCA DA COMPREENSÃO DO CONSUMISMO A PARTIR DA IMAGEM PUBLICITÁRIA

Canoas, 20 de dezembro de 2010.


JULIANE FRANCISCO DO CANTO

A BUSCA DA COMPREENSÃO DO CONSUMISMO A PARTIR DA IMAGEM PUBLICITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito parcial para obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Dr. Celso Vitelli e Ms Ana Lúcia Beck.

Orientadora: Profª. Ms. Ana Lúcia Beck

Canoas, 23 de novembro de 2010.


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família que é muito importante na minha vida, porque sempre me ajudarão a confiar em mim e levar em frente meus objetivos. E compreenderam-me tão carinhosamente. Muito obrigada por vocês existirem em minha vida, me fazendo acreditar que todo o esforço vale a pena.


AGRADECIMENTOS Agradecer é admitir que houve um momento em que se precisou de alguém; é reconhecer que o homem jamais cresce sozinho. Sempre é preciso um olhar de apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de compreensão, uma atitude de amor. Agradeço a Deus por todo este cuidado que me levou a nunca desistir, apesar de momentos ter sentido o peso da responsabilidade em ter que dividir meu tempo com meus filhos Vinícius e João e ao marido Eduardo, deixando-os e precisando estar ausente. Aos meus pais Marlene e Eloi (in memoriam) pelo incentivo e apoio, nunca saberei como recompensar tanta dedicação. A toda a minha família e do meu marido que sempre contei com o apoio e carinho, em especial minha cunhada Anelise e minha irmã Daniela que sempre se colocaram ao dispor para ficarem com meus filhos para que eu continuasse na caminhada. E,

é

claro,

meu

orientador

Celso,

que

emprestou vários de seus livros e com palavras me apoiou e minha orientadora Ana Lúcia que com a frase “não pensa, executa” consegui descrever meus acertos e equívocos. E a quem aqui não agradeci, sintam-se abraçados, pois a caminhada foi longa e muitas pessoas passaram por ela.


LIMITES Qual o seu limite para sonhar e realizar objetivos em sua vida? Nenhum. Os limites são você quem impõe. Você é a única pessoa que pode colocar restrições nos seus desejos. Pense que as grandes realizações do nosso século, aconteceram quando alguém resolveu vencer o impossível... Desistir de nossos projetos, ou aceitar palpites infelizes em nossas vidas é muito mais fácil do que lutar por eles. Renunciar, chorar, aceitar a derrota é mais simples pelo fato de que não nos obriga ao trabalho. E ser feliz dá trabalho. Ser feliz é questão de persistência, de lutas diárias, de encantos e desencantos. Quantas pessoas passaram pela sua vida e te magoaram? Quantos ainda passarão pela sua vida só para roubar sua energia? Quantos estarão realmente preocupados com você? A questão é: como você vai encarar essas situações. Como ficarão seus projetos... Eles resistirão a amargura do dia-a-dia? O objetivo você já tem: Ser feliz! Como alcançar você já sabe: Lutando! Resta saber o quanto você realmente quer ser, e, principalmente, qual o limite que você colocou em seus sonhos. Lembre-se: Não há limites para sonhar... O impossível é apenas algo que alguém ainda não realizou! Não se limite, vá à luta! (Autor desconhecido)


RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo relatar as Práticas de Ensino dos Estágios em Artes e o Projeto de Ensino realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier, situada em Canoas/RS, com alunos do 2º ano do ensino médio, tendo como tema “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária”. O tema do projeto foi escolhido por tratar-se de um assunto de grande relevância e também pela necessidade de se trabalhar a influência da representação da mídia no cotidiano dos alunos. Mais especificamente, com a importância de introduzir a imagem da mídia no ensino da disciplina de Artes na escola, através de diferentes atividades. O projeto de ensino foi planejado a partir de pesquisas bibliográficas realizadas principalmente nos seguintes autores: Ana Mae Barbosa; Analice Dutra Pillar; Cecília Von Feilitzen; César Coll; Maria Helena Rossi; Marisa Vorraber Costa; entre outros, os quais auxiliaram-me a compreender e interpretar a importância do assunto “imagem e mídia” na sala de aula. Ao planejar as aulas deste projeto de ensino procurei, além de apresentar alguns artistas e suas obras, refletir sobre conceitos e ideias apresentadas nas imagens da mídia impressa, para que os alunos pudessem atribuir significados às coisas que vê e sente por meio das mídias de seu cotidiano usando referência própria. Durante as aulas do projeto foram realizadas atividades com o objetivo de analisar a influência da representação da mídia no dia a dia dos alunos, trabalhando as imagens da mídia impressa no ensino da disciplina de Artes na escola. Verifiquei que o tema do projeto chamou bastante à atenção dos alunos, que apresentaram muito interesse e foram participativos nos encontros. O projeto também foi muito bem recebido por toda a equipe diretiva da escola. Desde o início das aulas estabeleci um diálogo constante entre professora e aluno o que tornou as aulas muito agradáveis e tranquilas quanto as questões humanas. Porém, coloco que os objetivos em relação ao conteúdo da disciplina de Artes não foram totalmente alcançados, pois poderia ter trabalhado melhor as “imagens na mídia” com uma significação maior para os alunos nas aulas. Observei que errei algumas vezes por falta de experiência em fazer o planejamento das aulas e por ter pouca prática na docência. Contudo, conclui que, para superar os desafios que a docência apresenta o professor deve buscar abordagens que propiciem à apropriação e a reconstrução em arte da imagem que se vê nas diferentes mídias. Levar aulas diferenciadas, com menos objetivos e com novas maneiras de ensinar é primordial para que se possa ter sucesso na aprendizagem. Palavras-chave: Mídia. Representações. Consumo. Ensino de Artes.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 CAPITULO 1 A IMAGEM E MÍDIA ........................................................................... 12 1.1 CONCEITUANDO E COMPREENDENDO A LEITURA DE UMA IMAGEM ........ 12 1.1.1 Leitura de Imagens Televisivas ........................................................................ 13 1.2 EDUCAÇÃO PARA A MÍDIA ................................................................................ 15 1.3 A COMPREENSÃO ESTÉTICA.......................................................................... 16 CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM E MÍDIA NA ESCOLA ...................... 19 2.1 AS MÍDIAS E A ESCOLA..................................................................................... 19 2.2 O MUNDO ATUAL E O PAPEL DA ESCOLA....................................................... 21 2.3 UM NOVO OLHAR .............................................................................................. 23 2.3.1 O Marketing e as Marcas ................................................................................. 25 CAPÍTULO 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA ............................................................... 27 3.1 CONTEXTO ESCOLAR ...................................................................................... 27 3.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA DO ENSINO MÉDIO ... 28 3.3 ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO ............ 30 3.4 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS DO ENSINO MÉDIO .............. 31 CAPÍTULO 4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS .................................... 33 4.1 DADOS DA ESCOLA .......................................................................................... 33 4.2 TEMA DO PROJETO .......................................................................................... 33 4.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 33 4.4 OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO.................................................................. 34 4.5 PRÁTICA DE ENSINO ........................................................................................ 34 4.5.1 Aula 1 ............................................................................................................... 34 4.5.2 Aula 2 ............................................................................................................... 38 5.2.3 Aula 3 ............................................................................................................... 42 5.3.4 Aula 4 ............................................................................................................... 46 5.3.5 Aula 5 ............................................................................................................... 50 5.3.6 Aula 6 ............................................................................................................... 54 5.3.7 Aula 7 ............................................................................................................... 58 5.3.8 Aula 8 ............................................................................................................... 61 5.3.9 Aula 9 ............................................................................................................... 63 3.5.10 Aula 10 ........................................................................................................... 67


3.5.11 Aula 11 ............................................................................................................ 70 3.5.12 Aula 12 ........................................................................................................... 73 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 84 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 85 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 86 APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO COM ALUNO ...................................................... 87


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INTRODUÇÃO

Como graduanda, percebo a necessidade das práticas de estágio para o Curso de Artes como um dos requisitos fundamentais para que os acadêmicos cheguem ao final do curso, com uma pequena experiência da prática que fundamentará o trabalho a partir de agora. A práxis é a oportunidade para fazermos a ligação entre prática e teoria, bem como entrar em contato com o público alvo de nosso trabalho. O tema “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária” foi escolhido porque este estágio foi realizado no 2º ano do ensino médio e a turma era constituída por adolescentes. Atualmente, os adolescentes mantêm contato diário com os diferentes meios de comunicação, ao contrário dos adolescentes de anos atrás. Hoje há uma diversidade de mídias que difundem sons, cores e imagens. Neste número cada vez maior e crescente de mídias: CD’s, MP3, MP4, cartazes, revistas, exposições, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors, computador, celular, entre outras, a presença das imagens é recorrente. Assim sendo, este projeto de ensino em Artes surgiu de constatação da necessidade de desenvolver a reflexão crítica destes alunos em relação às imagens, vistas através das propagandas publicitárias em fotos, revistas, jornais, entre outras. Também por perceber que, atualmente, o consumismo em excesso faz parte do nosso cotidiano. Muitas pessoas compram carros, eletrodomésticos, telefones, etc, sem necessidade, ou seja, sem precisar, somente para se auto afirmarem no meio da sociedade, “fazer parte”. O bombardeio de imagens é muito intenso, portanto, espera-se que no decorrer das aulas os alunos sejam capazes perceber e reconhecer a importância das imagens que estão associadas a certos discursos, como os da publicidade, que se manifestam e influenciam a vontade de consumir. O projeto de ensino e as aulas práticas foram desenvolvidos a partir de pesquisas bibliográficas, realizadas com base nos autores: Ana Mae Barbosa, que me proporcionou a compreensão da proposta metodológica, fundamentada na ideia de arte-educação e a visão do papel das artes na cultura do homem contemporâneo. Analice Dutra Pillar, ensinou-me as diversas possibilidades de leitura de imagens, com base em teorias da arte e do ensino da arte. Cecília Von Feilitzen,


10 complementou meus conhecimentos através de exemplos de educação para a mídia. Como também, César Coll, aprofundou meus conhecimentos de que a aprendizagem escolar supõe, necessariamente, a construção de significados relativos ao conteúdo da mesma por parte do aluno. Maria Helena Rossi, conscientizou-me ainda mais que a torrente de imagens no nosso mundo aumenta e nos afeta cada vez mais, a educação em arte se torna mais necessária e uma de suas tarefas é ajudar os estudantes a compreenderem e adquirirem senso crítico sobre estas imagens. E a autora Marisa Vorraber Costa, direcionou-me a olhar a educação sob outros ângulos, ou seja, formular minhas reflexões nas concepções de pedagogias culturais, cultura da mídia e do consumo e política cultural da identidade; entre outros, os quais auxiliaram-me a compreender e interpretar a importância do assunto “imagem e mídia” na sala de aula. O trabalho, aqui descrito, tem como objetivo refletir junto aos alunos sobre as imagens que vêem na mídia impressa a que tem acesso, como é o caso de revistas, jornais, encartes, panfletos, entre outras e de que forma reproduzem estes conceitos no seu cotidiano. Para atingir esse objetivo o trabalho encontra-se composto por quatro capítulos que são: Primeiro Capítulo apresenta conceitos sobre a pesquisa do tema “imagem e mídia”. Necessária a interação da mídia no campo educacional, a compreensão da leitura de uma Imagem, os “Artefatos culturais” as informações que contêm significados implícitos ou explícitos possíveis de serem detectados nas mídias. O Segundo Capítulo aborda a imagem da mídia no contexto escolar e a importância de trabalhar este conteúdo na disciplina de artes. Desenvolvendo um olhar mais crítico sobre certas imagens publicitárias. O Terceiro Capítulo traz os dados da escola onde foi realizada a prática, assim como, as análises realizadas e as observações a partir dos questionários realizados com a professora titular e observações feitas com a turma do 2º ano do ensino médio. O Quarto Capítulo mostra o projeto de ensino aplicado na escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier, localizada em Canoas/RS. Justificase este projeto pela escola acreditar que atualmente a educação está ligada à educação da visão, à observação das imagens, o que permite a leitura do mundo


11 através dos elementos das artes visuais. Também, demonstra toda a prática de ensino com o realizado e planejado. Finalmente, uma reflexão sobre o projeto verificando o que foi planejado e o que foi realizado e as principais constatações sobre “a imagem nesta perspectiva da mídia” com significação das imagens para os alunos. O objetivo principal do projeto foi alcançado, pois os alunos conseguiram identificar “coisas boas” e “coisas ruins” nas imagens publicitárias, jornais, revistas, encartes, entre outros adquirindo, assim, uma postura mais crítica diante do que lhes é apresentado na mídia. Porém, enfatizo que na prática minhas aulas tornaram-se repetitivas porque abordei somente a imagem da mídia impressa, consumo, publicidade, refletindo sobre as imagens das obras de artes que estão associadas a publicidade. Observei somente ao término das aulas o quanto ficaram simples as produções artísticas dos alunos, ficando com poucas técnicas nas produções e resultando em muito desenho e colagem, poderia ter explorado mais materiais artísticos, como carvão vegetal, giz pastel, entre outros. Ainda assim, poderia ter trabalhado com mais profundidade em relação as imagens, questionando melhor os alunos, referente as cores usadas, porque usaram cores tão vivas nas embalagens, como foi o caso das que aparecem as obras de Romero Britto, que chamam atenção por sua cor, forma e figuras, aproximando ainda mais da cultura visual.


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CAPITULO 1 A IMAGEM E MÍDIA

As imagens são presenças constantes em nossas vidas, desde o nascimento elas fazem parte de nosso cotidiano. Desde a infância interagimos, aprendemos e somos influenciados por elas. Pode-se dizer que as imagens possuem mensagens e que elas podem influenciar muito mais do que as palavras, ou seja, muito mais que aquelas existentes em textos verbais. A partir deste momento, conceituarei alguns pontos importantes para este estudo.

1.1 CONCEITUANDO E COMPREENDENDO A LEITURA DE UMA IMAGEM

Há inúmeras conceituações para a leitura de uma imagem. Resumidamente pode-se entender leitura como decodificação mecânica ou leitura como um processo de entendimento. Hás duas definições são complementares visto que a leitura não acontece se não decodificarmos e se não compreendermos a imagem. Para que haja a leitura, temos que ter um leitor, a existência de um código (objeto/linguagem) e de um autor. Assim entende-se que a leitura de uma imagem seria a leitura de um texto, mais com cores, textura, forma e volumes, entre outros aspectos. Na hora da leitura de uma imagem deve-se considerar o desenvolvimento estético do aluno; ou seja, a construção de conhecimento do mesmo. Conforme Nelson Goodman (apud Pillar 2009, p. 12), “o modo como se ”lê” um rabisco depende do contexto em que ele se encontra, do marco gráfico que o rodeia e do “contexto mental” do observador”. Desta forma, observa-se que o ato da leitura refere-se a um emaranhado de informações do objeto, que são compreendidas a partir do momento em que o observador começa a perceber as características da imagem e dintingui-las, compará-las, associá-las, tais características referem-se às formas, cores, informações e conhecimento do leitor a cerca do objeto sendo observado, além da


13 imaginação, que é um item importante na busca da compreensão do objeto, da imagem sendo observada. Ressalta-se aqui a pluralidade no ato da leitura, há uma construção de conhecimentos visuais, ou seja, cada observador (leitor) possui uma carga diferenciada e vasta de experiências anteriores, são lembranças, fantasias, entre outros fatores, que afloram no momento da observação de uma obra. O que se vê não é um dado real, mas aquilo que se consegue aprender, compreender e interpretar a cerca da obra observada. Assim, entende-se que no ato da leitura há diferentes olhares, o mesmo observador pode “avaliar”, enxergar a mesma imagem de formas diferentes; deste modo ocorre uma pluralidade de leituras a respeito do que nos é apresentado, a respeito do mundo que nos rodeia, através das imagens que nos são apresentadas. Já para Debray (apud Pillar 1998, p. 85), “não há imagem em si, enquanto algo visível inerte, nem o olhar puro. A imagem terá seu sentido do olhar. É o olhar que organiza a experiência, que cria um sentido”. Assim, nota-se a importância que existe em cada olhar, a forma como cada indivíduo reflete sobre uma imagem. Sem o olhar não há sentido, não há imagem. A partir do momento em que se começa a observar as imagens e pensar sobre elas, cria-se uma “vida para elas, elas começam a existir”.

1.1.1 Leitura de Imagens Televisivas

Conforme Domingues (apud Pillar 1998, p. 95): A imagem eletrônica é uma imagem fugaz. Não possui dimensões, medidas e molduras. É uma energia em imagem estando sempre pronta para mudar. Ela não possui topografia, pois não ocupa nenhum lugar. Pensar a imagem eletrônica é pensar em tempo, velocidade, movimento.

Ao analisar o exposto acima, pensa-se na sociedade na qual vivemos em constantes transformações, as coisas acontecem e mudam ao nosso redor de uma forma muito rápida. A televisão apresenta notícias, comerciais, filmes, que tentam acompanhar o tempo, que é muito rápido e passageiro.


14 Hoje, percebe-se que muitas vezes, ao invés de nos proporcionar entretenimento, a televisão procura influenciar explicita ou implicitamente a vida e o gosto das pessoas. Pillar (1998, p. 51), acrescenta que a publicidade vende felicidade, conforto, luxo, padrões de comportamento, moda. Difunde um modelo de homem, de mulher e de criança, valores de uma sociedade específica em que o que vale é o dinheiro, o status, o consumo. Pode-se exemplificar as modas apresentadas nas novelas, duram o tempo em que a novela está no ar, ou melhor, o período de sete ou oito meses em que ela passa na televisão. Depois de algum tempo, ninguém mais lembra do modelo do vestido do personagem principal, como era seu corte de cabelo, entre outros aspectos. Sublinha-se o verbo lembrar, principalmente para fazer-se uma reflexão, mas quem precisa lembrar-se desses pormenores? O que muda na vida dessas pessoas o comportamento de uma personagem televisiva? Até o momento da finalização da novela, muitos já consumiram o que não precisavam e viveram sonhos que não eram seus. Tudo acontece muito rápido, há um dinamismo, um constante movimento e as pessoas acabam levando para a sua vida diária. O mundo está adquirindo aspectos de uma rede global, mas conforme Mira (apud Pillar 1998, p. 52), “não são os gigantes dos meios de massa, o rádio e a TV, os protagonistas responsáveis por essas características. [...] Do ponto de vista da organização econômica, empresarial, a globalização das mídias“ levou à formação de grandes conglomerados, que se espalharam pelos continentes, combinando o controle de rádio e teledifusão, imprensa, edição, indústria fonográfica e edição de filmes, além de dominarem o setor de distribuição, com satélites e redes de cabo. Tudo é muito transitório, e as grandes organizações comerciais buscam através da mídia conquistar novos consumidores. Nota-se, também, que a publicidade voltada diretamente às crianças visam torná-las, transformá-las em consumidores em potencial dos produtos veiculados, principalmente na televisão. Diante desses fatos, surge uma questão que vai de encontro com o nosso propósito do capítulo posterior: “A televisão influência o olhar das crianças e dos adolescentes no que diz respeito ao ensino de artes?”. Segundo Pillar (1998, p. 101), “as imagens da televisão como parte de nosso cotidiano, estão presentes nos desenhos das crianças, nas obras dos artistas, nas


15 conversas acadêmicas e informais, nos nossos sonhos, enfim nos nossos sistemas de significação”. Percebe-se pela citação acima que a televisão faz parte dos sistemas de significação dos indivíduos. Assim, ao pensar-se no estudo de artes, sente-se a necessidade de perceber como a criança, o adolescente, até mesmo os professores são influenciados pela mídia e como obter uma postura crítica diante do que nos é apresentado. O professor deve sempre lembrar que, apesar da ficarem bastante tempo assistindo à televisão, as crianças gostam de brincar, gostam de estar junto de outras crianças, não se pode esquecer-se do lúdico nas atividades diárias. Assim, nesse período no qual as crianças permanecem em frente à televisão devem ser acompanhadas pelos pais ou responsáveis. Deve-se procurar ensinar às crianças a desenvolverem e exercitarem seu julgamento crítico. No momento em que a criança e o jovem passam a ser seletivo ao bombardeio de programas e comerciais que a mídia apresenta, seu comportamento começa a mudar e, aos poucos, naturalmente, adquire a capacidade de não se deixar “enganar”. Assim, a criança e o jovem passam a agir conforme suas idéias passam a corrigir estereótipos e imagens da mídia.

1.2 EDUCAÇÃO PARA A MÍDIA

Segundo Feilitzen e Carlsson (2002, p. 27), A educação para a mídia não deve, basicamente objetivar apenas proteger os alunos de certos conteúdos da mídia, injetando neles certos princípios e opiniões que lhes ensinem dissociar-se do mau conteúdo da mídia e selecionar de boa qualidade. [...] A educação para a mídia também deve envolver uma tentativa para mudar a produção da mídia e a situação na sociedade, por meio da própria produção e participação da criança, entre outras coisas.

Os direitos reservados ao indivíduo, como o direito à liberdade de expressão, à informação e o direito de expressar suas opiniões e idéias significa participação na mídia. Dessa forma, ao expressar-se na mídia o aluno passa a ser mais participativo e, consequentemente mais crítico.


16 1.3 A COMPREENSÃO ESTÉTICA

De acordo com Abigail Housen e Michael Parsons apud Pillar (2009, p. 25), “há estágios da compreensão estética que são importantes para serem abordados a fim de preparar o educador e dar uma visão mais elaborada na busca pelo desenvolvimento estético”. Assim, pode-se inserir atividades de leitura de imagens no ensino da arte considerando as etapas e a idade das crianças e dos adolescentes. Para Parsons (apud Pillar 1998, p. 93), Estas formas de entender a pintura surgem organizadas numa sequência do desenvolvimento. [...] as crianças pequenas começam todas, no essencial, pela mesma forma de entender a pintura, e vão reestruturando esse entendimento de maneira bem idêntica à medida que crescem.

Fazem-no para compreenderem melhor as obras de arte que vão encontrando. Daqui resulta uma sequência comum de desenvolvimento baseada numa série de intuições sobre as possibilidades da arte. Desta forma, aos poucos, cada passo é um avanço do indivíduo em relação a sua compreensão da arte. A sequência, o ritmo que se segue depende da natureza da obras de arte e o contato que o indivíduo tem com as mesmas, os estímulos visuais que o leva a pensar, refletir sobre o que vê. Conforme Pillar (2009), os estágios a serem abordados, além dos intermediários são: accountive (descritivo, narrativo), constructive (construtivo), classifying (classificativo), interpretative (interpretativo) e re-creative (recreativo). Basicamente, o primeiro estágio accountive (descritivo), refere-se às pessoas com pouco convívio com as artes. O leitor comporta-se como um narrador de um filme, a obra significa a partir da forma, da cor e tema. Eles elegem alguns detalhes para a análise, por exemplo, que flores bonitas, que escada longa, que prédios grandes, trata a obra como se ela fosse algo vivo. Ele parece um narrador, às vezes, observa, outras participa. “Imagina subir todas essas escadas, estou pensando como seria” (PILLAR, 2009, p. 35). Neste estágio a obra será boa se o assunto representado for de seu agrado, ou será ruim caso não corresponda aos seus padrões ou crenças pessoais. Neste estágio há um olhar rápido sobre a imagem sem maiores envolvimentos emocionais.


17 No segundo estágio, constructive (construtivo), o leitor relaciona as partes da imagem com a sua totalidade a fim de construir algum tipo de estrutura para ler. É através da construção dessa estrutura que ele tenta saber o que a obra significa, dentro de certos padrões, capacidade e valores, tentando conciliar o que já conhece do mundo, com o que vê na obra. Por exemplo, ao tentar descobrir por que foi usado o tom vermelho em determinado lugar na obra, se ele foi bem feito ou não, se menciona a técnica utilizada na sua elaboração, é um fator decisivo no julgamento da obra. O leitor, nesse segundo estágio, usa sua percepção e sua memória no encontro com a obra de arte, mas não utiliza apenas seu ponto de vista pessoal, vivências e emoções. Ele observa a obra e procura distinguir-se do objeto de arte, percebe-se que ele sabe que a obra tem vida própria separada de sua própria visão, começando a associar que a imagem tem algo para nos dizer. No

estágio

classifying

(classificativo),

menciona-se

duas

questões

importantes, o olhar do leitor busca compreender a obra, além de perceber informações da própria imagem, suas formas cores, entre outros aspectos, ele busca relacioná-los com um contexto de informações. Conforme Pillar (2009, p. 30), “as perguntas quem e por que estão intimamente conectadas, proporcionando ao leitor classificativo as condições para a análise da obra”. Ocorre uma busca para decodificar as influências históricas, ele faz hipóteses sobre o que o artista pretendia, ao analisar as marcas na tela. Ao decifrar as mensagem e classificar corretamente o trabalho, dentro de seu contexto estético, formal e histórico, o leitor decifra a obra e sente-se satisfeito. O quarto estágio a ser tratado é o interpretative (interpretativo), a compreensão da obra se faz baseada tanto nas informações presentes na própria imagem, quanto na intuição e numa memória carregada de significados. O leitor interpretativo sabe que há muitas respostas diferentes para um trabalho de arte, há justificativas e explicações, porém não dominam a sua resposta. Nesse estágio, o leitor está ciente que suas recordações, sentimentos e fantasias ajudam ou interferem na interpretação dos símbolos, e libera seus sentimentos, emoções e pensamentos. Ao declarar algo sobre a obra, todos notarão o seu ponto de vista.


18 Já o quinto estágio a ser tratado chama-se re-creative (recreativo), não há uma questão dominante na resposta estética, porém uma interação entre várias perguntas: o que, como, quem, por que e quando. O leitor re-creative possui características como: experiência em analisar obras de arte, uma mente crítica e uma postura que analisa e que responde. Há uma preocupação com o visível e com o que não está claro, ele sente, analisa e interpreta, em diversos níveis e procura uma nova forma de construir a obra. Ressalta-se que para Housen (apud Pillar 2009, p. 25), “as habilidades de leitura crescem cumulativamente, à medida que o leitor vai evoluindo através dos estágios”. Deve-se mencionar que o desenvolvimento estético fica por muito tempo, por toda a vida, as crianças apresentam-se no primeiro estágio. Já os adolescentes e adultos estão em vários estágios, isso não significa que alcancem todos. O que garante o desenvolvimento estético é o contato com as obras de arte, a freqüência à arte, neste estudo, não nos interessa apenas o estágio que a criança se apresenta, mas sim o percurso que percorre neste entendimento das imagens e como o professor pode ajudar na busca desta compreensão.


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CAPÍTULO 2 A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM E MÍDIA NA ESCOLA

Durante a década de 80 iniciou-se um movimento questionador da Educação Artística como disciplina escolar. Os professores passaram a denominar-se “arteeducadores” e buscavam discutir o papel da arte na escola, procuravam entendê-la com democrática e democratizante, visando à transformação da sociedade. Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 e com a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN em Arte), os professores conseguiram enfocar a disciplina com as discussões atuais. Aqui, pensa-se em alguns pontos e questionamentos a serem discutidos nesta relação entre ensino de arte e as escolas na atualidade: - As crianças e adolescentes conseguem compreender as imagens que os cercam? - Qual o papel da escola na busca por essa compreensão? - Qual a importância da imagem da arte na escola? - Como e escola ajuda as crianças e os jovens na compreensão das imagens do mundo? - A busca pela leitura social, cultural e estética das imagens proporcionará mais sentido ao mundo da leitura verbal? Pelas questões levantadas para a discussão, percebe-se a importância das imagens da arte na escola, visto o que elas proporcionam aos alunos, ou seja, permitem que eles aprendam a compreender e espera-se que aprendam criticar as imagens ao seu redor.

2.1 AS MÍDIAS E A ESCOLA

Atualmente as crianças e adolescentes mantêm contatos diários com os meios de comunicação, diferente das crianças de anos atrás, hoje há uma diversidade de mídias que difundem sons, cores e imagens.


20 Existe um número cada vez maior e crescente de mídias: rádios, CD’s, MP3, MP4, cartazes, revistas, exposições, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors, entre outras. Sobre o que foi citada, as presenças das imagens são recorrentes. Tudo acontece muito rápido, a uma velocidade que nos leva a pensar, como trabalhar e desenvolver as potencialidades dos alunos de hoje na escola? São pluralidades incontroláveis de mensagens que cada um usa e compõe como quer. A partir de um olhar, de um toque, de um controle remoto ou através de um mouse. Então, como os educadores podem e devem diversificar as suas aulas a fim de manterem-se atualizados e proporcionar o conhecimento das representações das imagens do mundo de uma forma sadia e satisfatória? Acredita-se que devemos considerar a amplitude do mundo cultural de nossos dias. Buscar caminhos através de novas atividades, a partir de conversas, brincadeiras, estudo de obras de arte. Enfim, proporcionar o encontro da disciplina de Artes com as novas mídias que se apresentam. Para isso, torna-se necessário que os alunos aprendam e consigam decodificar as mensagens que estão dispostas e recebem diariamente. Percebe-se que os alunos possuem contato com a mídia diariamente, mas muitos não a aproveitam de forma consciente, não são orientados a utilizá-la para fins educacionais ou desenvolver com ela, as suas aptidões. Ressalta-se que o acesso à mídia não significa o crescimento integral de uma criança ou adolescente, torna-se necessário ter a orientação por parte de pais, responsáveis e educadores. Mais atividades culturais na escola, exposições de artes, feiras de pesquisa, apresentação de trabalhos de artes seriam um caminho para utilizar a mídia que os alunos dispõem e mantêm contato. Assim, acredita-se que as potencialidades no ensino de Artes poderiam ser desenvolvidas com êxito. A mídia é de suma importância atualmente, torna-se necessário utilizá-la corretamente e, principalmente, entender, as suas mensagens, os sons e as imagens que chegam até nós diariamente apresentando diferentes dimensões culturais do mundo. Resumindo, percebe-se que hoje a imagem, a livre-expressão têm novos objetivos. Hoje admite-se que a imagem não é prejudicial à educação estética. Assim, os professores devem estar preparados para as novas abordagens em relação à educação estética em todos os níveis e contextualizando com à educação.


21 Na modernidade, a ênfase era na percepção. As questões eram, por exemplo: como as crianças percebem as qualidades estéticas, o estilo, as linhas? Como elas reagem às cores? Mas, hoje precisamos perguntar, não como as crianças percebem as qualidades estéticas, o estilo, as linhas? Como elas reagem às cores? Mas, hoje precisamos perguntar, não como as crianças vêem as coisas, mas qual o significado que atribuem a elas. Quais são as capacidades interpretativas que elas têm e como elas compreendem a arte? (ROSSI, 2006, p. 20).

2.2 O MUNDO ATUAL E O PAPEL DA ESCOLA

Vive-se em um mundo no qual a cultura visual está por toda a parte, as crianças interagem, aprendem e se relacionam com e através das imagens, pode-se citar os videogames, computadores, entre outros meios no qual a imagem é dominante. Pergunta-se, qual é o papel da escola, dos educadores diante do bombardeio de imagens no qual os alunos estão inseridos e são expostos diariamente? Sabe-se que as imagens influenciam pensamentos e comportamentos; assim supõe-se que as abordagens feitas pelos professores em sala de aula devem auxiliar os alunos no processo de decodificação e interpretação das imagens. Para Barbosa (2005), a imagem ocupa lugar central nas aulas de Arte, visto que os professores assumem a idéia de que todo o aluno deve ter acesso, meios e oportunidade de compreender os símbolos da arte. Conforme a teoria explicada no Capítulo 1, o desenvolvimento estético se faz a partir do contato com as obras de arte. Ao proporcionar ao aluno esta ligação com “os objetos” de arte, o professor estará auxiliando o seu aluno para que ele se desenvolva e consiga com o tempo apreciar uma imagem e entender a mensagem que ela apresenta. Assim, se dará o seu desenvolvimento, o espaço escolar torna-se muito importante, pois muitos alunos somente mantêm contato e possuem chances de discutir as imagens na sala de aula, saindo dali, geralmente não há outro caminho. Acredita-se que o espaço escolar, as visitas aos museus, exposições, entre outros locais é muito importante para os alunos, e o professor, em sua prática educativa, deve proporcionar aos alunos esse encontro. Segundo Barbosa (2005), atualmente os arte-educadora buscam abordagens que propiciam a apropriação, a descontração e a reconstrução em arte. Eles buscam novos objetivos, novos conteúdos e novas metodologias no planejamento das aulas


22 e atividades. Os professores, além das questões “o quê” e “como”, devem pensar nas propostas metodológicas para as condições sociais dos alunos: “quando”. Este “quando” não se refere às datas comemorativas inseridas no calendário escolar, nem a dados históricos. Mas sim, às condições dos alunos. Deve-se pensar na adequação das propostas às possibilidades dos alunos, ou seja, “quando” eles podem usar os ensinamentos do professor de uma forma que enriqueça a interpretação e a conseqüente compreensão estética. Verifica-se que na escola, durante a sua prática pedagógica, que o professor deve procurar conhecer e entender o pensamento estético do aluno, a fim de que sua aula torne-se enriquecedora e suas leituras possam ajudar no desenvolvimento e compreensão dos alunos. Assim, para que a aula não se transforme em um espaço onde os alunos recebam informações e fiquem saturados com isso, o espaço escolar deve favorecer a leitura estética, propiciar que ela se desenvolva a partir de discussões, explicações, leitura e julgamentos e passe a ter um significado para a vida dos alunos, e não apenas um exercício escolar. O ensino deve favorecer a expressão das idéias dos alunos sobre o que vêem. Rossi (2006, p. 11) levanta as seguintes questões: - O que o aluno vê numa imagem? - O que enfatiza quando analisa uma imagem? - Como ele a interpreta? - Que perguntas faz frente à imagem? - Que critérios usa para julgar a qualidade da imagem|? - O que diferencia a leitura de cada aluno? - Quais são os pressupostos que cada aluno traz? - Como é, realmente, a leitura do aluno no contexto brasileiro? - Pode-se impor uma leitura? Assim, conforme as questões abordadas anteriormente, percebe-se a necessidade de compreender as condições de conhecimento do aluno. Há fatores como idade, nível de escolaridade, contexto social, cultural, familiar, entre outros que interferem no desenvolvimento estético do aluno, cabe aos educadores conhecê-lo a fim de que a construção do conhecimento ocorra de forma progressiva e significativa. Conforme Housen (apud Pillar 2009, p. 34), as habilidades de leitura crescem cumulativamente, a medida que o leitor vai evoluindo através dos estágios. No início,


23 toda a leitura é feita a partir de um ponto de vista egocêntrico e ingênuo, que leva em conta apenas o conhecimento pessoal do leitor. Posteriormente, o leitor usa um conhecimento mais geral e, finalmente, interage com o conhecimento estético. Dessa forma, o professor ou arte-educador deve estar sempre se atualizando, procurando

teorias,

oferecendo

programas

e

materiais

que

atendam

às

necessidades de seus educandos. Refletindo sobre o exposto no decorrer do meu estudo, penso na melhor forma de organizar um trabalho que proporcione reflexão por parte do professor e aluno e respeite as condições de leitura dos aprendizes. Acredita-se que o trabalho com imagens e discussão estética não se faz de um dia para o outro. Primeiramente deveria haver um diálogo entre o professor e os alunos, a fim de que o educador conheça o desenvolvimento estético dos seus alunos. Procurar saber se conhecem ou já visitaram exposições de arte, se freqüentam teatro, museus. A partir desse enfoque, conhecendo o aluno, o contexto, o ambiente no qual ele vive, pode-se desenvolver um trabalho eficiente, proporcionando os primeiros contatos do educando com as imagens. Diferentes materiais podem ser analisados, como, fotos, telas, objetos, imagens publicitárias. Após estes primeiros contatos deixa-se que os alunos se manifestem frente as imagens. Dessa forma, através de visitas e contatos com as imagens, os alunos poderão obter crescimento, conhecimento e crítica sobre as imagens que os cercam, além das imagens das obras de arte.

2.3 UM NOVO OLHAR

Acredita-se que o educador possui um papel importante no que diz respeito à orientação de seus alunos no que se refere a manter ou proporcionar um olhar crítico diante das imagens. Assim, o papel do ensino de artes deve passar por um momento de reflexão. Vive-se em uma sociedade complexa, confusa, muitas vezes difícil de administrar, a mídia precisa de um olhar atento e crítico, pois não deve ser vista apenas como um espaço para o consumo (COSTA, 2009).


24 A escola e o professor de artes são importantes no processo de formação da cidadania, no momento no qual ele ensina, educa e aconselha o aluno, leva-o a pensar nas imagens que lhe são apresentadas pela mídia, ocorre um processo de compreensão, é o que o professor espera, uma reflexão, o desenvolvimento da criticidade do aluno. Dessa forma, perguntam-se quais são as atitudes a serem desenvolvidas pelo professor diante da transformação social cada vez mais rápida em nossos dia-a-dia? Como se educa, ou aconselha um adolescente que sonha com fama e dinheiro e tem ídolos bilionários? Como pode-se orientar os alunos, permitindo-lhes que compreendam o mundo ao seu redor e sejam críticos diante do que se apresenta a eles? Costa (2009, p. 24), na citação a seguir nos faz refletir sobre os ícones dos novos tempos: Imensas audiências são mobilizadas por bilionários ridículos, mega star devassas ou outras personalidades irreventes e incontroláveis, invariavelmente associadas à fama, poder e dinheiro. A conclamação á fruição máxima, a exacerbação do individualismo e a proliferação irrefreável de narcisos pós-modernos são signos de um tempo em que somos assaltados pela ilusão da potência.

Refletindo-se sobre “ilusão da potência”, como seres humanos “normais”, digo, sem os refletores e microfones voltados para nós, como educadores ou como simples mortais, sentimo-nos impotentes diante da cultura que não prega valores como a coletividade, a participação, a amizade, o compreender o mundo, como reverter este quadro? Deve-se pensar sobre uma nova abordagem no ensino, manter os alunos conectados ao mundo, porém percebendo as influências das imagens da mídia em suas atitudes e hábitos. Nota-se que a sociedade está pautada na mídia e no consumo, projeta-se a vida pensando-se no sucesso futuro, entenda-se o sucesso, não pautado no estudo, no trabalho e no esforço. Sucesso pautado na forma repentina, talvez um reality show, uma aparição na TV, coisa do gênero. O que mais se vê, atualmente, são pais ansiosos pela fama dos filhos, querem transformar o filho em um novo fenômeno do futebol e a filha em uma nova


25 top model de sucesso; não dão suporte as suas crianças, deixam-nas a mercê de uma futura desilusão e consequentemente, frustração. Segundo Costa, (2009, p. 25), Vê-se na mídia trajetórias espetaculares e financeiramente bem-sucedidas de personalidades famosas (e ricas) e de nações poderosas (e ricas), transformando-as em modelos desejáveis, como tal visão impregna as sociedades, perpassando todos os seus estratos e invadindo nossas vidas inapelavelmente.

Parece tudo tão simples, fácil e palpável, a cultura do sucesso e do consumo faz parte do mundo contemporâneo, a inversão dos valores, a exarcebação do individualismo faz com que as pessoas sintam-se mais vazias, ansiosas e/ou frustradas. Acredita-se assim que muitos se tornam consumistas sem refletir o que lhes é apresentado a partir das imagens. Costa (2009, p. 33), diz “houve uma invasão da cultura do consumo na vida das crianças e a transformação do “outro” em mercadoria”. Assim, muitas crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos acreditam que na nossa sociedade compra-se tudo, porém não se compra companheirismo, amizade, talento, inteligência, entre outros.

2.3.1 O Marketing e as Marcas

Naomi Klein (2004), em sua admirável análise sobre como companhias transnacionais convertem o mundo em uma oportunidade de markenting. As marcas vendem uma ideia, um estilo, um conceito, um sonho. Observa-se uma cultura de estilo mundial, celebra-se uma promessa de igualdade planetária que se tornaria possível pela fusão de desejos e sonhos em logomarcas. De acordo com Costa (2003, p. 27), “há aí uma convocação irresistível, que se materializa mediante e preferência por determinados mercadorias, ícones deste mundo que nos faria todos iguais”.


26 Ao pensar-se em igualdade, nota-se que o trabalho dos educadores diante desta perspectivas, requer cuidado, principalmente na hora de selecionar material a ser trabalhado em sala de aula. Acredita-se que não se pode viver isolado do mundo que nos é apresentado, porém o educador deve cuidar para não reforçar marcas, “materializar” o consumo dentro da sua linda pedagogia, ou seja, escolher imagens que reforcem a venda, mesmo que inconsciente de algo ou alguma coisa. Por exemplo, ao trabalhar uma imagem que apresenta uma marca, por exemplo, a grife de Coca-Cola, que vende camiseta, calças, entre outros. Pensa-se que uma postura crítica faz-se necessário, compreender como surgiu a marca, de onde surgiu e com que finalidade. Costa (2009), apresenta-nos um exemplo: crianças adquirem uma “mochila de rodinhas” em comunidades que sequer têm ruas pavimentadas. Qual é a finalidade de se comprar este objeto? Além disso, acrescenta-se que, atualmente, é raro encontra uma mochila que não tenha um desenho da Walt Disney, ou de um novo desenho do momento como “Backardygans” que é um desenho animado canadense tornou-se um dos carroschefe da programação do canal Discovery Kids - e deu origem a mais de 300 produtos licenciados, como álbuns de figurinhas, chaveiros e mochilas ou “Bob Sponja” que também é um desenho que se passa no fundo do mar (REVISTA VEJA, 2008). Percebe-se que não há muita escolha para o professor, mas o caminho da amizade, do compartilhamento, de atividades interdisciplinares, de visitas a museus, galerias de artes e outros espaços artísticos seja um caminho para tornar nossas crianças e adolescentes, cidadãos conscientes aprendendo a valorizar o “ser” em detrimento do “ter”.


27

CAPÍTULO 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA

3.1 CONTEXTO ESCOLAR

A escola em que pretendo realizar o meu Estágio Docente chama-se Escola Estadual de Ensino Médio Affonso Charlier, localiza-se em Canoas, na rua José Maia Filho, número 1400, Bairro Harmonia, Rio Grande do Sul. A escola teve o seu Decreto de Criação no dia 22/03/1976, e obtendo seu parecer de autorização de funcionamento com 5º a 8º série, e anos após em 09/02/1990 a autorização de funcionamento de 1º a 4º série, a escola passou por transformações em 19/03/1991 e em 01/02/1995 recebe a sua autorização para o funcionamento do 2º Grau. Possuindo cerca de 776 alunos, sendo 372 alunos no turno da manhã, totalizando 12 turmas do Ensino Fundamental de 4º a 8º série e Ensino Médio do 1º ao 3º ano, no turno da tarde somente Ensino Fundamental, com 269 alunos sendo 10 turmas, e no turno da noite 135 alunos sendo 5 turmas de 1º ao 3º ano do Ensino Médio. Atualmente a escola possui 13 salas de aulas, laboratório, refeitório, secretária, sala dos professores, da direção, SOE, sala para Educação Física, e um pátio amplo. A comunidade Escolar é formada principalmente por alunos moradores dos bairros Harmonia, Mathias Velho e Cinco Colônias. Quanto ao aspecto sócio – político – econômico caracteriza-se por pertencer à classe média baixa, na sua maioria assalariada. Tendo

como

filosofia

da

escola,

integrar

a

Comunidade

Escolar,

oportunizando condições de interação com o meio ambiente; buscando a formação de cidadãos conscientes do senso crítico, responsável, participativo, livre e comprometido com a construção de uma sociedade democrática. A Escola visa o resgate de valores: - Cooperação: troca de materiais e experiências; - Solidariedade: estar presente e compartilhar em todos os momentos; - Respeito: tratamento entre profissionais, alunos, pais;


28 - Responsabilidade: Tomadas de decisões coletivas e zelo com o patrimônio público; - Justiça: ser coerente com o discurso e a prática; - Disciplina: organização, comprometimento, ser exemplo. A escola deve estar aberta a participação da comunidade escolar, onde alunos, pais professores e funcionários são os idealizadores, organizadores e executores do Projeto Educativo, objetivando o exercício democrático na escola e conseqüentemente contribuindo para uma sociedade também democrática. A avaliação é contínua, gradual, cumulativa e cooperativa, envolvendo Professores, Equipe Diretiva, alunos, pais, Serviços e Instituições da Escola. A avaliação exerce as funções diagnóstica e qualificadora. A avaliação abrange dois focos distintos, específicos e intimamente relacionados: a) a Escola como um todo; b) o aluno no seu desempenho escolar. A avaliação do desenvolvimento do aluno do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, exceto no primeiro ano do fundamental de nove anos, é feita ao longo e ao final de cada um dos trimestres do ano letivo, através de notas, de zero a cem (100). Sendo que o primeiro e segundo trimestre têm peso um (01) e o terceiro peso dois (02). No final do aluno letivo somam-se as notas dos trimestres, já multiplicadas pelos respectivos pesos e divide-se por quatro, sendo considerado Aprovado o aluno que obtém média mínima de cinqüenta (50).

3.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA DO ENSINO MÉDIO

Conforme a professora, ela trabalha há um ano com Artes e gosta de fazer ampliações de desenhos e atividades com EVA. Perguntei como seus colegas vêem a disciplina de Artes e qual a importância que dão, respondeu que dão importância, sim, principalmente o professor de Matemática quando se trabalha geometria. Deu a entender que o aprender em Arte se limita a geometria, ou ainda, que o importante é a geometria. De acordo com Ana Mae Barbosa: Em minha experiência tenho visto que as Artes Visuais ainda estão ensinando desenhos geométrico, seguindo a tradição positivista, ou


29 continuam a ser utilizadas principalmente nas datas comemorativas, na produção de presentes muitas vezes estereotipados para o dia das mães ou dos pais (2002, p. 14).

Com esta visão, que colegas professores, e até mesmo o próprio professor de artes tem de conteúdos, se resumindo até mesmo em datas comemorativas, é que nos faz pensar no que a Arte de hoje podemos proporcionar, como um leitor mais informado, um professor mais consciente do papel de sua disciplina pode acrescentar ao aluno ao seu desenvolvimento. Questionando sobre materiais utilizado em aula, ela relatou que entre vários materiais como folhas, lápis, EVA, usa com os alunos a régua e o compasso. Creio que não devemos limitar o processo de criação do aluno, pois no momento de uso de réguas há um certo conflito entre o impulso para criar e a forma que seria o ideal de perfeição ao olhar dos outros, usando assim a régua para sair perfeito seu trabalho. Quanto a avaliação, a professora processa pela execução dos trabalhos, inclusive os feitos em casa. As respostas são de uma professora que tenta passar o que sabe. Quando eu havia perguntado sobre os conteúdos usados, ela respondeu EVA e desenhos. Penso que em suas respostas, faltou um interesse e conhecimento maior sobre arte. Conforme Barbosa (2002, p.15): “A falta de uma preparação de pessoal para entender Arte antes de ensiná-la é um problema crucial, nos levando muitas vezes a confundir improvisação com criatividade”. A própria professora nos dias em que fiz observações silenciosas, havia dito que os alunos eram muitos criativos com seus “potinhos de EVA”. Para a prática em Artes, ela deveria pesquisar mais sobre Artes, conteúdos, metodologias, etc. De acordo com Fusari e Ferraz (2001, p.73): “ Para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e prática de vida de seus alunos”. Identificando assim as necessidades sobre o que falta ainda saber, ter um ponto de partida, um fio condutor para um trabalho de educação.


30 3.3 ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Após aplicar o questionário aos 21 alunos da turma 204, 2º ano do Ensino Médio, constatei que os alunos têm com a Arte uma expressão, e reações de satisfação. Apesar dos 76,2% alunos não visitarem museus e exposições, e não terem um contato mais próximo com a Arte, mostraram-se satisfeitos com artes. Esta turma mostrou-se atraída para realizar trabalhos em grupos, pois 66,7% gostaria de trabalhar em grupos. Assim, creio que a comunicação entre eles deve ser aproveitada, para uma troca de conhecimentos. Conforme Jurema Trindade (2002, p.11); “Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, idéias e sentimentos, influenciando-se reciprocamente e juntas modificam a realidade”. Acredito que a Arte é isto, esta troca de conhecimento, de comunicação, de sentimentos. E quando podemos trabalhar em grupos, faz-se grandes trocas de pensamentos, experiências e linguagens. Quando se fala de linguagem e comunicação, não podemos esquecer de mencionar o avanço da comunicação através da Internet, já que neste caso, 76,2% dos alunos têm acesso à Internet. Cabe saber qual seria o tipo de informações que eles retiram deste instrumento de comunicação. A Internet pode servir para um maior conhecimento sobre artistas, obras de arte e até mesmo informar mais sobre novos materiais para trabalhar com Artes. Segundo os resultados dos questionários, a turma não está interessada em novos materiais, tão pouco em conhecer vida e obra de artistas. Tem que dar uma oportunidade a esta turma, pois há um primeiro passo importante já dado, porque eles acham que Artes é importante. Porém, creio que não entendem, ou não tiveram a oportunidade de ter uma aula, com diversos materiais e outros recursos para Artes, que despertasse seu interesse pela Arte . Segundo Ferraz e Fusari (1999, p.19): [...] é na escola que oferecemos a oportunidade para que crianças e jovens possam efetivamente vivenciar e entender o processo artístico e sua história em cursos especialmente destinados para esses estudos.

Acredito que a apreciação da arte, e a vivência com o fazer artístico, os alunos se envolvam mais em Artes, observando que o processo artístico poderá


31 despertar neles um interesse maior, ou mais especifico, como fotografia, pintura, cerâmica, entre outras.

3.4 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS DO ENSINO MÉDIO

No período em que observei a turma do 2º ano do ensino médio, tive certeza que, apesar de eu nunca ter lecionado, ainda assim poderia, futuramente, ajudá-los em relação ao conhecimento e desenvolvimento da Arte. Constatei em aula, que com uma professora que está formada em outra área e já se aposentando, há um certo descaso com o que realmente deve ser trabalhado como conteúdos de Artes. A sociedade é percebida como em constante transformação, o que requer formação cada vez mais especializada dos profissionais que atuam na área de educação. Segundo Rejane G. Coutinho (apud Barbosa 2002, p.153): “Estamos portanto, diante de uma situação reflexiva. É preciso cuidar da formação do sujeito/professor formador. É preciso aprender a aprender a ensinar”. A professora titular tem autonomia para dar o conteúdo que quiser, podendo assim, usufruir melhor desta autonomia refletindo sobre este domínio da prática pedagógica, tendo clareza e responsabilidade nas escolas do que ensinar. Falta por parte da professora um pouco de pesquisa sobre o que ensinar. Ela ficava sentada, conversando com outra professora que visita a turma. Como se não bastasse, a professora que visita a turma interfere no processo criativo de uma aluna, comentando com a aluna que seu trabalho (potes de vidros com recortes de EVA) não parecia um cachorro e sim um leão. Tal comentário era acompanhado de risadas, constrangendo assim a aluna perante os colegas. Ainda uma outra aluna fala que não gosta das aulas de Artes, e diz que seus trabalhos nunca foram elogiados, que não ficam bons. De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 111): “A busca pela representação mais realista muitas vezes traz o medo, a preocupação com o fazer bem-feito, levando a criança a usar freqüentemente a borracha, ou a se refugiar no uso da régua”.


32 Tal preocupação com o fazer bem-feito é semelhante entre crianças e adolescentes, apesar das diferenças de idades, aparece nos adolescentes da turma observada. Nas observações os alunos sempre estavam com pressa de ir embora. A professora só transferia seus “moldes” de desenhos ou de artesanatos, o resto ficava por conta do interesse de cada um. Cada aluno trocava seus conhecimentos com o colega. Segundo Cury (2003, p. 68): “Bons professores cumprem o conteúdo programático, mas seu objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações”. Os alunos que poderiam ser mais criativos estavam ali somente repetindo moldes e mais moldes. Ao me defrontar com esta realidade nas aulas de Artes, com o descaso dos professores, a pressa dos alunos (que não estão tão interessados), pude observar que havia muito há fazer, há apresentar para os alunos em Artes, como diferentes materiais, para experimentar algo novo. Ali estavam os rapazes trabalhando desenho livre (somente para não ficarem sem fazer nada) e no outro lado as garotas fazendo potes com EVA para vender. Notei a falta de compreensão e conhecimento sobre os trabalhos dos alunos e de um planejamento do professor. O conhecimento e a pesquisa para atuar devem ser contínuos, o fazer e o pensar a docência em Artes, analisar materiais, tempos disponíveis, estimular o interesse nas aulas. Entre estes e outros casos a pensar, sei que a situação desta turma com as aulas de Artes esta abalada, tendo que haver mais dedicação e harmonização de ambos.


33

CAPÍTULO 4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS

4.1 DADOS DA ESCOLA

Nome da Instituição de Realização do Estágio: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier. Cidade: Canoas/RS. Endereço: Rua José Maia Filho, nº 1.400, Bairro Harmonia. Nº Total de Alunos: 776 Data da Realização do Projeto: 2010/2

4.2 TEMA DO PROJETO

“A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”.

4.3 JUSTIFICATIVA

Este projeto pedagógico em Artes surgiu de constatação da necessidade de desenvolver a reflexão crítica dos alunos em relação às imagens, vistas através das propagandas publicitárias em fotos, revistas, jornais, outdoors, entre outras. Também por perceber que, atualmente, o consumismo em excesso faz parte do nosso cotidiano, muitas pessoas compram carros, eletros, telefones, etc., sem ao menos estarem precisando. O “bombardeio” de imagens é muito intenso, portanto, espera-se que com estas aulas, os alunos possam refletir sobre alguns resultados que a mídia nos traz e nos faz pensar, um consumo sem crítica e exagerado. Espera-se que no decorrer das aulas os alunos sejam capazes de respeitar as diferentes opiniões sobre o assunto. Além disso, perceber e reconhecer a importância das imagens que estão associadas a certos discursos, como os da publicidade, que se manifestam e influenciam a vontade de consumir.


34 4.4 OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO

- Demonstrar para os alunos a importância de um olhar crítico diante das imagens que nos são apresentadas pela mídia; - Promover reflexões e interpretar as imagens da publicidade junto aos alunos; - Possibilitar aos alunos conhecer a arte dos artistas contemporâneos Jac Leirner, Romero Britto e Vik Muniz.

4.5 PRÁTICA DE ENSINO

Segue abaixo o relato das aulas do projeto de ensino.

4.5.1 Aula 1 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Entender o Projeto de Ensino; - Ler e compreender o Texto “Eu, Etiqueta”; - Refletir sobre as etiquetas que utilizam diariamente; - Refletir como as imagens publicitárias levam ao consumismo; - Desenvolver percepções sobre as diferentes mídias; - Olhar para si mesmo e pensar sobre o que está usando. Conteúdos: Projeto de ensino, marcas. Metodologia: expositiva dialogada com recurso (Texto: Eu, Etiqueta de Carlos Drumond de Andrade), reflexão; prática individual. Desenvolvimento: 1º Momento: Cumprimentarei os alunos e farei a chamada. Após apresentarei o projeto para os alunos escrevendo no quadro o tema: “A busca da


35 compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”. A seguir apresentarei os objetivos do projeto. 2º momento: Entregarei para cada um dos alunos uma cópia do texto “Eu, etiqueta” de Carlos Drummond de Andrade e pedirei para que façam uma leitura silenciosa. 3º momento: Neste 3º momento dividirei o texto em três partes e anotarei no quadro negro para os alunos seguirem. 1ª parte: os versos estão na cor vermelho. 2ª parte: os versos estão na cor azul. 3ª parte: os versos estão na cor verde. A partir da leitura da 1ª parte, solicitarei aos alunos que reflitam e respondam no caderno as seguintes questões. 1) Quais são as marcas de tênis e roupas que você está usando? 2) Quais são as marcas que você costuma consumir na alimentação (comida e bebidas) Cite algumas. 4º momento: Seguindo a leitura da 2ª parte, solicitarei aos alunos para que respondam as seguintes questões: 3) Você se sente escrevo da moda ou procura refletir sobre o que costuma usar? 4) Você se considera uma marca registrada e/ou logotipo do mercado? Um anúncio publicitário? Justifique. 5º momento: Seguindo a leitura da última parte do texto objetivarei fazer com que os alunos reflitam sobre seus gostos pessoais, sobre sua capacidade de escolher. Encerra-se com a questão: 5) O que eu uso e consumo reflete quem eu sou ou faz parte do gosto universal imposto a mim pela mídia? Recursos: texto, caderno, caneta, quadro-negro, giz colorido. Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno: - Entender o Projeto de Ensino; - Saber analisar as etiquetas que usa; - Perceber a importância do olhar crítico para o consumismo.


36 Realizado Data: 18/03/2010 Quinta-feira. Horário: 10h30min às 11h15min. Alunos: 35. Iniciando a aula após o recreio, todos demoraram a entrar para sala,então a professora titular chamou-os. Já na sala a professora Adriene começa a me apresentar dizendo que eu seria a nova professora de Artes e logo após saiu da sala. Cumprimentei os alunos e falei para eles que era estagiária de Artes e que gostaria de apresentar o projeto de trabalho, que colocaríamos em prática durante 12 aulas. Escrevi no quadro o nome do projeto, “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”. Comentei sobre os objetivos deste projeto, e que iremos trabalhar com alguns artistas contemporâneos. Alguns alunos questionaram-me quanto à Faculdade que eu estudava, respondi que era a Ulbra. Eles perguntaram se iria dar aula só para eles, respondi que estava dando aula para uma turma do Ensino Fundamental. A seguir comecei a distribuir uma cópia do texto, “Eu, etiqueta” de Carlos Drummond de Andrade e pedi para lerem o texto. Expliquei que a partir do texto eles responderiam a cinco perguntas, distribui também folhas de ofício brancas para que eles respondessem. Expliquei para eles, que como no texto estavam divididos os versos com cores, eles responderiam por partes. Coloquei no quadro a divisão dos versos, 1ª parte: os versos na cor vermelho; 2ª parte: os versos na cor azul; 3ª parte: os versos na verde. E assim, por partes, responderiam: 1º Verso na cor vermelho: Quais são as marcas de tênis e roupas que você está usando? Quais são as marcas que você costuma consumir na alimentação (comida e bebida)? Cite algumas. 2º Verso na cor Azul: Você se sente escravo da moda ou procura refletir sobre o que costuma usar? Você se considera uma marca registrada e/ou logotipo do mercado? Um anúncio publicitário?Justifique.


37 Pedi que eles refletissem sobre o que vestem e consomem. Passando para a 3ª parte(verde) eu encerrei com a pergunta: 5) O que eu uso e consumo reflete quem eu sou ou faz parte do gosto universal imposto a mim pela mídia? Todos

responderam

e

participaram

da

aula

com

interesse,

houve

questionamento sobre algumas marcas, principalmente a de alimentos consumidos como a de marca de feijão e arroz, se poderiam colocar nas respostas. Analisando as respostas do questionário, percebo que o que mais se destacou, foram como marca de roupas “Adidas e ”Nike”, como marca na alimentação “Pepsi”, “Coca-Cola”, biscoito “Trakinas”, suco “Tang” e arroz “Tio João”. E quanto à pergunta, se eles se sentem escravo da moda ou ainda uma marca registrada / logotipo do mercado, constato que a maioria respondeu que não se sente escravo, nem tão pouco uma marca registrada. Mas em algumas respostas há dúvidas e contradições como aparece na resposta do aluno William, sobre a pergunta se ele se considera uma marca registrada, um anúncio publicitário. Ele respondeu: “Não e sim, um anúncio publicitário. Porque posso ser um modelo de consumidor de diversas marcas” e ainda na próxima pergunta referente a pergunta: O que eu uso e consumo reflete quem eu sou ou faz parte do gosto universal imposto a mim pela mídia? Ele respondeu: “Sim, porque mostra que tipo de pessoa eu sou”. No caso desta resposta, creio que deixou claro que usando a roupa imposta pela mídia ele se torna diferente por usar a marca, como se torna-se membro de uma tribo. Segundo Ignácio (apud Costa 2009, p. 48): Crianças e jovens – na atualidade mais independentes e também responsáveis pela aquisição de produtos – buscam incansavelmente adquirir uma gama infindável de significados distribuídos pelos inúmeros produtos que circulam nas teias do consumo. Fazem isso para se sentirem parte do(s) grupo(s) com o(s) qual(is) se identificam.

Assim sendo, se tornam consumidores pelo apelo da mídia, mesmo que entre as respostas adquiridas os alunos não se sinta manipulado pela sensação de prazer e de beleza que a mídia impõe ao vestir uma marca. Como diz a aluna Carolina referente à pergunta se ela se considera uma marca registrada por vestir marcas , respondeu: “Não, porque não uso marca pelo nome e sim o que me deixa bonita”.


38 A meu ver, esta aula deixou claro que a captura da mídia para que o pensamento do consumidor seja realizar um padrão de beleza ou de felicidade após a compra da marca. Como diz Costa (2009, p. 78): Mais do que uma difícil tarefa, eis um novo e imenso desafio que se apresenta às professoras e aos professores destes tempos – enfrentar o consumismo e educar o consumidor-cidadão. Será isso possível? Teríamos alguma chance? Ainda há tempo?

Creio que se tratando desta turma, já houve interesse no assunto sobre imagens de consumo, marcas e seus valores culturais, sendo assim já tivemos um ponto de partida para o projeto de um olhar mais crítico.

4.5.2 Aula 2 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Fazer autorretrato com desenho e pintura; - Atribuir signos (símbolos) à própria imagem; - Identificar marcas pessoais na maneira de desenhar e pintar. Conteúdos: imagem, obras de arte, auto-retrato, signos, desenho e pintura. Metodologia: expositiva dialogada; trabalho individual e debate em grupo. Desenvolvimento: 1º momento: cumprimentarei todos os alunos, farei a chamada e organizarei a turma com as classes em forma de círculo. Explicarei que a atividade será realizar um trabalho chamado auto-retrato. 2º momento: Mostrarei aos alunos imagens de retratos e autorretrato de artista como Vik Muniz.


39

Autorretrato do artista Vik Muniz Fonte: http://veredaestreita.org/2009/05/

3º momento: Entregarei uma folha de ofício branca para cada aluno, onde os mesmos, primeiramente deverão desenhar um autorretrato no centro da folha e após deverão recortar e colar ao redor da folha os produtos que mais consomem. 4º momento: Pedirei para cada aluno mostrar para os seus colegas o seu trabalho e falar sobre os produtos que consome e achou na mídia. Orientarei os alunos para serem bastante observadores na procura dos produtos consumidos. 5º momento: Farei um debate sobre o que cada aluno está consumindo e uma avaliação sobre a convocação da mídia para o consumo de produtos e como devemos fazer uma análise crítica destes convites que estão nas mídias pois nem sempre eles são os mais nutricionais. 6º momento: Pedirei que os alunos tragam revistas, encartes de supermercados e jornais para a próxima aula. Recursos: Lápis preto, lápis de cor, revistas, jornais, folha de ofício branca, tesoura e cola. Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos participarem com exemplos e questionamentos. E também por fim realizarem as atividades propostas.


40 Realizado

Turma: 201 Data: 25/03/2010 Horário: 10h30min. as 11h15min. Neste dia, cheguei e fiquei aguardando na sala dos professores até dar o sinal para terminar o recreio, quando a diretora pede 10 minutos de atenção para fazer alguns comunicados, mas já estava na hora irem para as salas. Após os comunicados me dirijo à sala de aula. Os alunos demoraram para entrar, restando apenas 30 minutos para dar a aula. Cumprimentei os alunos e comecei a colar no quadro algumas reproduções, autorretratos de artista como Vik Muniz. Falei que iríamos trabalhar com autorretrato e distribui uma folha A4, um encarte de supermercado e colas. Expliquei que observassem os autorretratos no quadro, que alguns eram de artistas de diferentes épocas. A partir destes exemplos eles deveriam desenhar na folha o seu autorretrato. Muitos alunos olharam fotos deles no próprio celular para desenharem. Após o desenho, pedi que retirassem do encarte os produtos que eles mais consomem através da propaganda e colassem na folha do autorretrato. Como o tempo era pouco, tive que pedir para não demorarem, e que deviam refletir sobre o convite ao consumo através da imagem impressa no encarte. Perguntei a todos se os produtos ali escolhidos eram consumidos pelo produto ou pela embalagem e que muitas vezes a imagem encanta os olhos. Muitos responderam que dependia, que primeiro tinha que gostar, mas que a embalagem chama a atenção para a compra. Analisando este tipo de comportamento, que vem muitas vezes desde a infância, concordo com que diz Mairsa Costa (2009, p.199): Diariamente, novas e envolventes embalagens se oferecem aos olhos infantis embutidos em instigantes estratégias que convocam ao consumo.Exemplo disso é uma das campanhas do McDonald’s em que se associou um “alimento instantâneo” a um “brinquedo instantâneo.

Com esta educação desde a infância, quando chegam a adolescentes, fica mais rápido adquirirem hábitos de alimentação pelo olhar rápido das imagens.


41 Analisando os trabalhos de autorretrato, com colagem dos produtos escolhidos, o apelo ao consumo através da imagem sem haver muita reflexão fica nítido, pois os alimentos são praticamente os instantâneos, com embalagens e propagandas nas mídias. De acordo com Martins (1993, p.58): “Nossos olhos não aparecem ter sido exercitados para este universo contemporâneo repleto de apelos visuais, que impõem mais consumo que reflexão”. A atividade de desenhar o autorretrato e envolvendo desenhos e produtos, fez com que os alunos exercitassem um “olhar-pensante”. Como fundamenta Martins (1993 p.58): Instigados a desenhar e desafiados a ler mais atentamente, os adolescentes confrontaram-se com o texto visual. Pretendia-se ampliar o referencial visual sobre o desenho, provocar o exercício do olhar-pensante, através da própria imagem, instigar para a descoberta de significações pessoais e culturais, desafiar para a reflexão sobre a arte através de si mesma e estimular a ação expressiva.“

Com o autorretrato, iram poder olhar, pensar, refletir, interpretar e avaliar seu consumo através da imagem. Nossa aula poderia ter sido melhor, mas o tempo era pouco e não deu para fazermos um debate como programei, foi somente comentado sobre o que podemos olhar mais criticamente no consumo. Autorretrato e colagem sobre o consumo.


42

Figura 1- Produção do aluno Davi

Figura 2 - Produção da aluna Carina.

Fonte: CANTO, 2010.

Fonte: CANTO, 2010.

5.2.3 Aula 3 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Conhecer o artista Romero Britto e suas obras; - Descrever as características das obras deste artista; - Refletir sobre o efeito das cores na embalagem da propaganda; - Analisar o que uma imagem pode transmitir. Conteúdos: vida e principais obras de Romero Britto. Metodologia: expositiva, dialogada; prática individual e reflexiva. Desenvolvimento: 1º momento: após cumprimentar os alunos e fazer a chamada, iniciarei falando sobre a vida e obras do artista Romero Britto. 2º momento: Apresentarei vida e algumas obras do artista entre elas uma das obras do autor usada para propaganda de sabão em pó, sob forma de cartaz


43 afixado no quadro negro. Depois escreverei no quadro negro as três etapas (descrição, análise e interpretação). Explicarei que a descrição indica o que é perceptível na imagem; a análise diz respeito aos aspectos formais da obra, a interpretação são as hipóteses sobre o significado.

Propaganda Sabão em pó Omo. Fonte: http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/romerobrito/romerobrito.htm

Obra Sem título do artista Romero Brito.


44 Fonte: www.jornaljovem.com.br/.../galeria_virtual12.php

3º momento: Pedirei que os alunos observem a obra no quadro negro por 3 minutos e após solicitarei que registrem, individualmente, suas impressões na folha distribuída, listando as primeiras palavras que lhes vêem à cabeça. 4º momento: seguindo a análise passaremos para os aspectos mais visíveis da obra afixada no quadro negro. Levantarei questões como: - A composição da imagem é abstrata ou figurativa? - As cores utilizadas são alegres ou tristes (quentes ou frias)? - Porque será que colocaram a imagem colorida em embalagens de sabão em pó? -Você gosta desta imagem? -Você compraria o produto para ter a embalagem (de lata)? Assim, seguir-se-á o trabalho de leitura da imagem, anotarei no quadro negro palavras chaves das respostas dos alunos a fim de ajudá-los na compreensão desta obra. Recursos: cartaz com as obras, durez, quadro negro, giz colorido, caderno, folhas com as perguntas e lápis preto. Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno: - Conhecer o artista Romero Britto e suas obras.

Realizado

Data: 08/04/2010 Quinta-feira Horário: 10h30min. as 11h15min. Cumprimentei a turma e coloquei no quadro algumas obras do artista Romero Britto. Falei um pouco da vida do artista, e que ele chegou a pensar em ser advogado, mas sua paixão pela arte foi mais forte. Ele é casado com uma americana e, apesar de ser brasileiro, faz sucesso nos Estados Unidos. Ele espalhou 500 esculturas de vacas em tamanho natural nas ruas de Nova York. Comentei que ele começou a fazer sucesso com as propagandas, como a de bebida Vodka ”Absolut”, refrigerante Pespsi-Cola, Disney e na moda, inspirando os estilistas como o dono da Grife de moda praia Rosa Chá. Suas obras ainda decoram


45 a casa de várias celebridades como a cantora Madonna, Xuxa e Paloma Picasso (filha de Pablo Picasso). Após mostrar algumas reproduções de obras no quadro, comecei a retirá-las e deixei somente a que se refere à propaganda do sabão em pó “OMO”, conforme a abaixo.

Propaganda Sabão em pó Omo. Fonte: http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/romerobrito/romerobrito.htm

Aparecendo ao lado da caixa de sabão em pó duas latas estampadas com a obra feita exclusivamente para as publicidades de OMO. Pedi para todos analisarem a propaganda, o porque desta obras nas latas. Depois de observarem a obra pedi que, individualmente, eles respondessem a cinco perguntas em uma folha que eu estava distribuindo. A primeira pergunta: A composição da imagem é abstrata ou figurativa? Os alunos começaram a dizer que não sabiam o que era abstrato ou figurativo, então perguntei se nunca tiveram aulas sobre isso. A turma toda disse nunca ouvir nada sobre o assunto e que o ano passado quase não havia aula de artes. Então tive que parar com as perguntas e explicar o que era abstrato e figurativo. Passando para a segunda pergunta: As cores utilizadas são alegres ou tristes (quentes ou frias)? A maioria responde que eram alegres. Terceira pergunta: Porque será que colocaram as imagens coloridas em embalagens de sabão em pó? Grande parte dos alunos respondeu que era para chamar a atenção dos consumidores.


46 Nesta compreensão da imagem ficou claro o interesse do fabricante em agradar os consumidores através das obras coloridas. O modo de pensar e de olhar para o produto que os alunos tiveram despertou reflexões se havia a necessidade de comprar o produto para obter a lata colorida. Já na quarta e quinta perguntas, enfatizei se eles gostaram da imagem e se compraria o produto para ter a embalagem (lata) colorida? Responderam que adoravam coisas coloridas e que comprariam sim, que até já compraram outros produtos pela imagem agradar ou ainda por junto ao produto vir outro brinde. Chamo atenção para a importância da educação do olhar, onde todos os dias a mídia apresenta novas imagens dando um novo significado a cada uma delas. Segundo Luciana Borre Nunes (2010, p.13): As crianças e os jovens da contemporaneidade estão diante de novas maneiras de agir e de pensar socialmente. Vivenciam a força do mercado de consumo, as relações sociais contemporâneas e os constantes investimentos midiáticos.

Assim vivem numa sociedade de consumo, influenciada pelas imagens, imagens estas que devem ser trabalhadas na sala de aula para maiores reflexão, pensar sobre as imagens que estão no cotidiano. Seguindo, comentei com os alunos que na próxima aula iremos trabalhar mais sobre o mesmo artista. Liberei a turma, pois não haveria o próximo período que seria de Geografia, estavam dispensados pela diretora.

5.3.4 Aula 4 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Consolidar a leitura publicitária da imagem da aula passada; - Incentivar o aluno a criar uma reprodução artística a partir da obra de Romero Britto; - Analisar o que uma imagem pode transmitir.


47 Conteúdos: obra de Romero Britto, reconstrução de imagem e análise da imagem. Metodologia: dialogada, expositiva e trabalho em dupla. Desenvolvimento: 1º momento: cumprimentarei os alunos e farei a chamada, solicitarei aos alunos para que sentem em duplas, relembrarei a aula passada sobre a reflexão sobre a imagem publicitária de Romero Britto. 2º momento: Pedirei aos alunos que reproduzam uma imagens (desenho) baseadas na obra de Romero Britto estudada na aula anterior ou naquelas trazidas pela professora estagiária neste dia, sugerindo que seus desenhos sejam produzidos como fosse para uma publicidade. 3º momento: organizarei juntamente com os alunos um painel com as reproduções elaboradas pelas duplas. Recursos: folha de desenho, lápis preto, giz de cera, lápis de cor e cartazes com obras de Romero Brito. Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno: - Reconhecer as obras de Romero Britto; - Refletir sobre as imagens; - Reproduzirem um desenho a partir da obra de Romero Britto.

Realizado Data: 15/04/2010 – Quinta-feira. Horário: 10h30min. as 11h15min. Comecei a aula relembrando a anterior, sobre a vida e a obra do artista Romero Britto e o uso de suas obras na publicidade. Coloquei algumas reproduções e propagandas com o uso das reproduções de obras do artista no quadro. Pedi que observassem as reproduções, pois baseado nas obras do artista eles fariam um desenho. Sugeri que seus desenhos fossem sobre algum produto a ser divulgado em publicidade. Pedi atenção, pois o produto tinha que ter o estilo do artista e cativar um suposto, ou seja, um futuro consumidor. Distribui folhas A4, lápis de cor e lápis de cera para alguns alunos que não tinham materiais.


48 Nesta proposta de trabalho foi fundamental o aluno perceber e analisar a influência das cores, linhas e do uso da arte na imagem do produto para a publicidade. Acreditei na possibilidade de todos os alunos terem condições de desenvolver a imaginação criadora, assim como, trabalharem na construção de uma publicidade os alunos estariam vivenciando uma formação de um individuo críticos e criativos, estimulando assim a percepção do aluno para o mundo. Oportunizei os alunos, viverem o lado de quem produz a publicidade para transmitir a mensagem e, por outro lado, de quem observa a publicidade para consumir. Utilizando a imagem e a produção com os alunos estaremos no caminho para um trabalho de compreensão da cultura visual. Segundo Hernández (apud Nunes 2010, p. 51): Trilhar esse caminho da arte na educação não corresponde a uma moda, mas sim conecta com um fenômeno mais geral que tem a ver com o papel da escolarização na sociedade da informação e da comunicação, e com a necessidade de oferecer alternativas aos alunos para que aprendam a orientar-se e a encontrar referências e pontos de ancoragem que lhes permitam avaliar, selecionar e interpretar a avalanche de informações que recebem todos os dias.

Os alunos que nos chegam na sala de aula já estão capturados pelas malhas do consumo, com isso, cada vez mais se admite a importância do trabalho de imagens publicitária em sala, para um olhar mais crítico. Com relação às produções dos alunos, foram bem coloridas, conforme o estilo do artista. Eles também deixaram visíveis os desejos de consumo ou ainda de envolvimento de produtos desenhados da mídia. Isso aparece diversas vezes em produtos tecnológicos, como o MP4, as máquinas fotográficas, os celulares, computadores e ainda os produtos de moda e beleza. Após terminarem recolhi os trabalhos, pedindo para que na próxima aula eles tragam materiais como cola tesoura e lápis de cor.


49

Produção da aluna Elen Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Fabiana Fonte: CANTO, 2010.


50

Produção da aluna Jéssica Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Bruna Fonte: CANTO, 2010.

5.3.5 Aula 5 Planejado


51

Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publi citária” Objetivos: - Apresentar o artista Leonardo da Vinci e sua importante obra “Monalisa”; - Refletir sobre o comercial da Bombril onde o ator aparece como a Monalisa; Conteúdos: pintor Leonardo da Vinci, obra Monalisa, técnica do Sfumaço e comercial TV Bombril com a Monalisa. Metodologia: expositiva dialogada; trabalho reflexivo e debate em grupo. Desenvolvimento: 1º Momento: Nesta aula falarei sobre o pintor Italiano Leonardo da Vinci e sua famosa obra Monalisa, provavelmente a obra mais famosa da história da Arte. Conversarei com os alunos sobre seu valor e sobre o Museu do Louvre na França, local onde a obra esta exposta. Explicaremos que a técnica utilizada por Leonardo da Vinci para pintar a Monalisa foi o Sfumato que em italiano quer dizer “misturado” ou “esfumaçado”. Esta técnica apresenta uma pintura sem linhas ou limites, como se fosse fumaça.

Obra Monalisa de Leonardo da Vinci


52 Fonte:Fonte:http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/ vinci/joconde/joconde.jpg

Propaganda da empresa Bombril. Fonte:http://analisandodiscursos.wordpress.com/

2º momento: Perguntarei para os alunos se eles lembram da propaganda do Bombril onde aparecia o ator principal como Monalisa. Solicitarei que os mesmos juntem-se em grupos de quatro e reflitam sobre esta campanha publicitária e respondam no caderno os seguintes questionamentos: - Qual a razão desta escolha (Monalisa)? -Porque um quadro italiano foi escolhido para vender amaciante de roupa no Brasil? - O que está campanha publicitária queria demonstrar? - Qual a relação do Bombril com a Monalisa? 3º momento: Pedirei que os alunos façam um debate colocando no quadro negro suas respostas. Farei a chamada. Recursos: Imagens da propaganda do comercial Bombril, quadro negro e giz colorido. Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos observarem e perceberem a ligação de uma obra de arte mundialmente conhecida e uma campanha publicitária de um produto muito conhecido.


53

Realizado

Data: 22/04/2010. Horário: 10h30min. as 11h15min. Ao iniciar a aula, comentei que gostaria do apoio de todos com silêncio, pois nosso tempo seria mais curto devido a despedida para a Diretora da escola, que estava se aposentando. Então teríamos aproximadamente 30 minutos de aula. Comecei colocando no quadro a reprodução da Monalisa, o autorretrato de Leonardo Da Vinci e a propaganda da empresa Bombril, referente à linha de amaciantes para roupas “Mon Bijou”. Falei para os alunos sobre o pintor Italiano Leonardo Da Vinci e sua famosa obra, que provavelmente seria a mais famosa da história da Arte. Exposta no Museu do Louvre na França, expliquei a técnica utilizada para a pintura do quadro, que se chamava Sfumato que em italiano quer dizer “misturado” ou “esfumaçado”. Apresenta uma pintura sem linhas, como se fosse fumaça, sem limites. Após a explicação sobre o artista e a técnica da obra, perguntei para os alunos se lembravam da propaganda da Bombril, onde aparecia o ator principal como Monalisa. Mostrei a imagem da propaganda que coloquei no quadro. Pedi para os alunos que refletissem sobre esta campanha publicitária e respondessem: - Qual a razão desta escolha (Monalisa)? - Porque um quadro Italiano foi escolhido para vender amaciante de roupas no Brasil? - O que esta campanha publicitária queria demonstrar? - Qual a relação do Bombril com a Monalisa? Entre as respostas dos alunos, apareceram que: “a obra é famosa por isso tornaria o amaciante famoso”, “porque queriam chamar atenção do público”, “porque todos conhecem o quadro daí conheceriam o amaciante também”, ”pela beleza da Monalisa”. Ao mesmo tempo alguns alunos acharam que não há nenhuma relação entre a Monalisa e a Bombril. Entre várias respostas, ficou claro que os alunos refletiram e trocaram ideias sobre a propaganda, dando a entender que o quadro por ser famoso, deixaria o amaciante famoso e com isso atrairia mais consumidores.


54 Segundo Alexandre Dias Ramos (2006, p.95): A campanha da Bombril não está discutindo Estética – na verdade isso pouco importa para a agência ou para a pessoa que vai lavar roupa -, mas o uso da imagem, ou melhor dizendo, da fama que tal quadro possui foi eficiente para a brincadeira que o publicitário criou com a história da arte.

Com os reconhecimentos mundiais da obra Monalisa, com tamanha fama, passando por inúmeras culturas e linguagens, proporcionou ao comprador e aluno, uma quantidade de informações guiada pelos publicitários, para aquisição de produtos de consumo, muitas vezes as obras utilizadas despertam mais a atenção do consumidor.

Guiando nesta aula os alunos também para um olhar mais

consciente sobre a intenção da obra de arte na propaganda. Comentei com os alunos que na próxima aula iríamos continuar com o assunto, mas fazendo um trabalho referente à publicidade.

5.3.6 Aula 6 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: - Apresentar o artista Leonardo da Vinci e sua importante obra “Monalisa”; - Refletir sobre o comercial da Bombril onde o ator aparece como a Monalisa; - Interagir com a imagem da obra tornando publicitária. Conteúdos: pintor Leonardo da Vinci, obra Monalisa, e comercial TV Bombril com a Monalisa, produção de uma publicidade com a Monalisa. Metodologia: expositiva dialogada; trabalho reflexivo, trabalho em dupla. Desenvolvimento: 1º momento: Iniciarei falando sobre a aula passada, relembrando a aula sobre o artista Leonardo da Vinci e a imagem da obra Monalisa utilizada em publicidade. 2º momento: A seguir entregarei para os alunos uma folha apenas com o contorno da Monalisa e pedirei que interajam com a figura da Monalisa para que


55 tornem em uma imagem de anúncio publicitário de sua preferência, como foi feito na propaganda do Bombril podendo fazer colagem, pintura, etc. 3º momento: Pedirei que realizem as produções, com atenção para que chame a atenção do consumidor do produto. 4º momento: Lembrarei que tragam materiais, como papelão, sucata, cola, etc, para montagem de um produto, para a próxima aula. Recursos: Imagens da propaganda do comercial Bombril, folha com o desenho, adesivos, revistas, cola, linhas, lã, lápis preto, giz de cera, caderno, caneta, quadro negro e giz colorido. Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos produzirem e interpretarem a imagem publicitária.

Realizado Data: 27/04/2010 – Terça-feira. Horário: 9h25min. as 10h10min. Comecei relembrando a aula passada, sobre o artista Leonardo da Vinci e a imagem da sua obra Monalisa, usada no comercial de TV pela empresa Bombril para a venda de amaciantes de roupas “Mon Bijou”. Lembrando que na aula passada, eles chegaram a refletir sobre o uso da obra na publicidade e suas intenções para o consumo. A partir desta recapitulação, comentei que como já havíamos refletido sobre esta campanha publicitária, iríamos criar uma imagem publicitária a partir de uma folha apenas com o contorno da Monalisa. O trabalho consistia em interagir com o desenho da Monalisa, destacando um produto, transformando a imagem em anúncio publicitário da preferência dos alunos, como foi feito na propaganda do Bombril. Eles poderiam fazer colagens, pinturas, etc. Colocando o aluno no lugar do publicitário, ele terá a visão do que um publicitário faria para vender um produto. Assim eu pretendia desenvolver a leitura, interpretação e a produção com uma imagem publicitária. Surgiram, entre as produções dos alunos, publicidades para jóias, vinhos, shampoo, imagens da Monalisa como coelha de Páscoa com ovos, Monalisa do time de futebol do Grêmio e Inter (de Porto Alegre), Monalisa usando roupas da marca Adidas, Monalisa que pensa só em bombons, em refrigerantes Coca-cola, Monalisa


56 escondendo seus dentes, pois não usa creme dental “Sensodyne”, e até Monalisa na publicidade do filme Avatar. As produções foram criativas e promoveram aos alunos momentos de múltiplas interpretações. Segundo Rossi (2003, p. 29): A compreensão das imagens publicitárias desenvolve um olhar crítico que pode desmistificar idéias veiculadas pela mídia. Assim, justifica-se a inclusão de uma propaganda no material a ser analisado pelos alunos.

Este trabalho mostrou aos alunos visões mais amplas sobre as imagens publicitárias, sobre as quais muitas vezes não compreendemos seus “apelos” e significados. Entre eles, uma aluna recusou-se fazer a atividade, dizendo não gostar de pintar. Sugeri então que ela fizesse colagens de produtos. Ela produziu um trabalho, mas não se dedicou muito. Os demais alunos aceitaram bem o trabalho proposto com as produções, sendo que um deles pediu para levar uma folha com o contorno para casa para realizar mais uma produção. Finalizando, pedi para os alunos trazerem na próxima aula materiais para a produzirem um produto para venda, materiais como sucata, papelão, cola, tesoura, etc. Obs. Houve troca de dia e horário da aula nesta semana, devido a um passeio da turma na quinta-feira, dia que seria a aula. Produções dos alunos:


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Produção da aluna Daniela Fonte: CANTO, 2010.

Produção do aluno Vinícius Fonte: CANTO, 2010.


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Produção da aluna Bruna Fonte: CANTO, 2010.

5.3.7 Aula 7 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da Imagem publicitária” Objetivos: - Criar um produto original para vender; - Analisar a apelação da mídia para a venda do produto; - Expor opiniões; - Argumentar; - Sintetizar idéias; - Trabalhar em grupos. Conteúdos: desenho, imagem, criação, texto e comunicação. Metodologia: aula dialogada, prática criativa e trabalho em grupo. Desenvolvimento: 1º Momento: Cumprimentarei os alunos e falarei dos objetivos da aula.


59 2º momento: Solicitarei aos alunos que sentem em grupo. Explicarei para eles que além de serem muito criativas, muitas campanhas publicitárias apelam para o cômico, outras tentam comover o público. Enfim, algumas são apelativas como as campanhas de venda de cerveja que quase sempre colocam mulheres bonitas e exuberantes para fazerem seus comerciais. Pedirei que os alunos dêem exemplos de comerciais vistos por eles. 3º momento: Solicitarei para que cada aluno (grupo) crie um produto original, podem usar sucata, papelão, plástico, ou seja, qualquer material que acharem conveniente para a montagem do produto. Recursos: sala de aula, sucata, materiais diversos, cola, tesoura, canetas coloridas, papel pardo, jornais e revistas. Avaliação: a aula será satisfatória se todos os alunos envolverem-se criativamente na elaboração do produto.

Realizado

Data: 06/05/2010. Horário: 10h30min. as 11h15min. Ao iniciar a aula, solicitei aos alunos que se organizassem em grupos de quatro pessoas e colocassem os materiais solicitados na aula anterior sobre a mesa. A maioria dos alunos não trouxe os materiais, então falei que eu havia trazido uma caixa com alguns materiais, e que os colocaria no centro da sala para que cada grupo escolhesse o que fosse necessário. Primeiro eu expliquei atividade do dia. Falei que gostaria que cada grupo produzisse um produto para venda. Expliquei a eles que há muitas campanhas publicitárias que são criativas, que usam o lado cômico e até apelativo, como as mulheres exuberantes dos comerciais de cervejas, por exemplo, e

também outras propagandas que tentam comover o

público, como dia das mães. Então pedi a todos que dessem exemplos de propagandas vistas por eles. Os alunos deram como exemplos os comerciais do supermercado Bourbon que são emocionantes, especialmente em datas comemorativas. Falaram do programa da rede Globo “Casseta e Planeta”, sobre os produtos ”Tabajara”, que são sempre cômicos ao inventarem produtos. Lembraram também das propagandas de cervejas, em especial, uma que a atriz Juliana Paes aparece bem sensual.


60 A partir das lembranças de comerciais, pedi que cada grupo se organizasse para construír um produto para uma suposta venda, mas tendo que chamar atenção pelo seu lado cômico, apelativo ou emocional. Nos produtos criados pelos alunos, apareceram “Binóculos” coloridos (para ver colorido), “Boneca da copa do mundo” feita com rolo de papel higiênico e cabelos de lãs com as cores do Brasil (para várias utilidades na copa), “Relógio Spike” feito de lã, palitos de churrasco e papéis (para espetar inimigos), “Cavalo boneco” feito com rolo de papel colado com folhas coloridas e bolinhas de isopor. Neste trabalho proporcionei aos alunos momentos de trocas de idéias, de expor opiniões, de criação de produtos envolvendo a aprendizagem de um olhar mais atento às imagens publicitárias que envolvem os sentimentos do consumidor. Como afirma Marly Meira, não se referindo diretamente das imagens publicitárias, mas às imagens em geral. O olhar é anestesiado por uma emoção e arrastado pelo fascínio da imagem, predispondo aquele que a vê ficar imantado pela emoção, encantado. Ela propicia os meios para quem vê, de tornar-se o vidente do objeto de seu desejo virtual. Sem substituir o corpo do ser desejado, a imagem vai articular-se com imagens-lembrança, imagens-relação e imagens-percepção, vai compor fantasias, vai criar o cristal de pensamento em imagens. (2003, p. 53).

Por este motivo de imagens relacionadas a lembranças, emoções e fantasias, é que o nosso arquivo sentimental aflora ao apelo de determinadas imagens publicitárias, cabendo ao professor trabalhar o que é observado pelos alunos explorando a criatividade dos mesmos nos trabalhos de produções, deixando assim, claro ao aluno o quanto devemos desenvolver nosso olhar crítico.

Pois qualquer

um pode tornar-se um criador de suas imagens, despertando no aluno um olhar mais crítico sobre as imagens, colocando o aluno neutro entre à fonte produção e à fonte de consumo, para uma melhor compreensão na hora de apreciar uma imagem publicitária.


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Figura 5 – Binóculo Produção da aluna Carina

Figura 6 - Boneca da Copa Figura 7 - Cavalo Boneco Produção do aluno Vinícius. Produção do aluno Rafael.

Fonte: CANTO, 2010.

Fonte: CANTO, 2010.

Fonte: CANTO, 2010.

5.3.8 Aula 8 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: - Refletir sobre as imagens que a mídia não mostra; - Analisar se o consumo e a mídia estão à disposição de todos; - Perceber se as imagens que a mídia mostra está presentes em nosso cotidiano social. Conteúdos: imagens, mídia e consumo. Metodologia: aula dialogada, prática reflexiva, exercício individual. Desenvolvimento: 1º Momento: Cumprimentarei os alunos e farei a chamada. 2º momento: Comentarei sobre as imagens que a mídia, os comerciais de TV, campanhas publicitárias e outdoors nos apresentam, são pessoas “bonitas”, “magras”, “com bom poder aquisitivo”, “com carros bonitos e novos” e “casas espetaculares”. A família está sempre feliz, por exemplo, (do comercial da margarida). Colocarei no quadro algumas imagens de comerciais impressos, para observarem.


62 3º momento: Farei com os alunos algumas reflexões: -Até onde estas imagens são a realidade do nosso dia a dia? -O padrão de beleza adotado pela publicidade é verdadeiro? -Quais são os instintos que as imagens publicitárias provocam em nós? -Onde elas nos levam? -Compramos somente o que precisamos? Ou o comercial nos leva a comprar um pouco mais? -Todos de nossa sociedade têm acesso a este mundo (representado)? -O que você acha que tem de comum entre estas imagens publicitárias? 4º momento: Após comentarem suas respostas e reflexões, pedirei aos alunos responderem as questões acima no caderno. Recursos: sala de aula, caderno, caneta, imagens de comerciais. Avaliação: a aula será satisfatória se todos os alunos refletirem sobre o que a mídia não mostra e não incentiva.

Realizado Data: 13/05/2010 – Quinta-feira. Horário: 10h30min. Às 11h15min. Já com todos os alunos em sala, após terem entrado do recreio, comecei a colocar no quadro propagandas de empresas referentes a produtos de beleza, a bebidas e a vendas de imóveis. Com a turma já observando as imagens, comentei sobre as imagens da mídia, os comerciais de televisão, outdoors que nos apresentam pessoas “bonitas”, “magras”, com “bom poder aquisitivos” e famílias “alegres”. Pedi então, que ao observarem as imagens, fizessem reflexões quanto: -Até onde estas imagens são a realidade do nosso dia a dia? -O padrão de beleza adotado pela publicidade é verdadeiro? -Quais são os instintos que as imagens publicitárias provocam em nós? -Onde elas nos levam? -Compramos somente o que precisamos? Ou o comercial nos leva a comprar um pouco mais? -Todos de nossa sociedade têm acesso a este mundo (representado)? -O que você acha que tem de comum entre estas imagens publicitárias?


63 Com todas estas perguntas houve na aula reflexões e debates, onde os alunos concluíram que: “Os comerciais nos levam sim a comprar além do que devemos”, que “o que está representado ali não é a nossa realidade pois na propaganda está sempre tudo lindo”, que “desperta em nós um instinto de que devemos comprar os produtos, para que tenhamos as mesmas sensações de alegrias e belezas das pessoas das fotos e propagandas”. Referente a relação do que haveria em comum com as imagens observadas, sempre aparecem “felizes”, famílias “unidas”, espaços “ótimos”, o “ideal” de beleza sempre está ali exposto, tudo isso para vender a mensagem da imagem de consumir. Segundo Everardo Rocha (1985, p.108): A publicidade junta tudo magicamente. Na sua linguagem, um produto vira uma loura, o cigarro virá saúde e esporte, o apartamento vira a família feliz, o carro vira um fim de festa [...]. E assim a publicidade coloca para nós, nos comerciais, um jogo de ilusões para consumirmos seus produtos.

Logo, trabalhando na escola com as mensagens das imagens publicitárias, estamos desenvolvendo com os alunos pensamentos que devem refletir sobre a produção destes ou daqueles comerciais, que sugere no comercial um estilo de vida “ideal”. Conforme Rocha (1985, p. 26): Estudar a produção publicitária é, dessa maneira, importante e se justifica na medida em que ela não é apenas volumosa e constante, mais que isto, ela tem como projeto “influenciar”, “aumentar o consumo”, “transformar hábitos”, “educar” e “informar”, pretedendo-se ainda capaz de atingir a sociedade como um todo.

Com o uso destas imagens do cotidiano, se faz presente uma série de representações, fazendo do consumo um projeto de vida, ou seja, consumindo estaria fazendo bem as sensações, emoções e o prazer. Enfim, ficou claro nesta aula que o importante é que a interpretação dos anúncios nos traz informações que atribuem quanto à necessidade deste consumo e influências destas imagens em nossas vidas, como “ideal de vida”.

5.3.9 Aula 9


64 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Conhecer o artista Jac Leirner e suas obras; - Divulgar o trabalho de Jac Leirner para os alunos; - Apresentar e trabalhar com arte contemporânea; - Incentivar a coleta de um objeto (cédulas antigas) para a realização de um trabalho; - Promover a participação de todos os alunos na criação de uma obra de arte baseada no artista Jac Leirner. Conteúdos: vida e principais obras de Jac Leirner e objetos cotidianos. Metodologia: expositiva dialogada; prática individual e em grupo e debate. Desenvolvimento: 1º momento: após cumprimentar os alunos e fazer a chamada, explanarei sobre a vida e as obras da artista contemporânea Jac Leirner, através da coleta de objetos comuns, desde a década de 80 realiza uma série de trabalhos com papel moeda. Em 1987 com a obra “Os Cem”, utiliza notas de 100 cruzeiros. Assim, explanarei gradativamente as principais obras e as principais técnicas utilizadas para a elaboração dos trabalhos.

Obra da série “Os cem”, 1985/87 da artista Jac Leirner Fonte: www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=967.


65

2º momento: Organizarei com os alunos um varal com cédulas antigas de dinheiro, solicitadas com antecedência. Cada aluno perfurará as notas com o furador e passaremos uma a uma em um barbante montando um varal com as notas. 3º momento: Seguirão a aula com uma atividade escrita em uma folha distribuída onde os alunos deverão analisar a obra desenvolvida em grupo. Bem como, os alunos deverão debater com o grande grupo sobre o valor do dinheiro antigo, que antes poderia comprar muitas coisas, hoje se torna apenas um papel. Recursos: giz, quadro negro, cédulas antigas de dinheiro, barbante, lápis preto e caderno. Avaliação: a avaliação será satisfatória se o aluno: - Conhecer a artista contemporânea Jac Leirner; - Participar ativamente das atividades propostas; - Compreender que as obras desta artista servem para mostrar o consumo e seus males.

Realizado Data: 20/05/2010 – Quinta-feira. Horário: 10h30min. as 11h15min. Cumprimentei os alunos e logo fiz a chamada. Coloquei no quadro algumas reproduções de obras da artista Jac Leirner e perguntei aos alunos se já conheciam a artista. Responderam que não, então comentei que iríamos trabalhar conhecendo um pouco do trabalho da artista. Comecei falando sobre a vida da artista, que ela é contemporânea, tem 49 anos, e nasceu em São Paulo, em 1961. Formada em Artes Plásticas, já lecionou na Inglaterra e participou da 5ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre-RS, em 2005. Algumas de suas obras são realizadas com uma longa coleta de objetos comuns, freqüentemente ligadas ao universo de consumo. Pedi que os alunos observassem a reprodução da obra “Os Cem”, que estava no quadro. Expliquei que na década de 1980, Jac Leirner realizou uma série de trabalhos com papel-moeda. E na obra “Os Cem”, feita em 1987, a artista utilizou notas de 100 cruzeiros, na qual as cédulas são furadas, presas em longas tiras e colocadas no chão.


66 A partir desta explicação, comentei também sobre as suas obras com sacolas, com carteiras de cigarros vazias e até cinzeiros tirados de aviões. Então propus aos alunos que nos organizássemos e produzíssemos um varal de cédulas para colocar na sala de aula como reflexão e observação, assim como na obra de Leirner. Distribui cédulas (sem valor) em reais e dólares. Cada aluno colocou no barbante a sua cédula. Após já exposto o varal com as cédulas os alunos começaram a analisar a produção, fazendo refletir o trajeto que as cédulas fazem, o que nos trazem, a troca, a riqueza, a pobreza, desvalorização. Houve comentários sobre a ganância que o dinheiro pode trazer e muitas vezes até mesmo a infelicidade. Nesta leitura da produção dos alunos, ficou claro que como as cédulas que circulam no nosso cotidiano, que há muito mais coisas que circulam e não paramos para observar e analisar. Alguns alunos ao observarem a produção, comentaram: “O dinheiro assim pendurado, me faz pensar o quanto o dinheiro é importante na vida, mais que às vezes dou importância demais a ele”.Gerando um pensamento crítico na aluna que apesar de pouca idade, já traz consigo suas experiências de vida e conhecimento. Segundo Pillar, ao referir sobre o ato da leitura, deixa claro que: É preciso, no entanto, ter claro que esta leitura, esta percepção, esta compreensão, esta atribuição de significados vai ser feita por um sujeito que tem uma determinada história de vida, em que objetividade e subjetividade organizam, de modo singular, sua forma de apreensão e de apropriação do mundo. (2002, p. 74).

Assim, muitas vezes a interpretação que o leitor faz, vem de um resgate de lembranças de

experiências

anteriores, podendo

então

refletir resgatando

sentimentos pessoais, para ir ao encontro com que a obra nos quer passar.


67

Produção do Varal de Cédulas. Fonte: CANTO, 2010.

3.5.10 Aula 10 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária” Objetivos: - Proporcionar uma aproximação crítica de imagens publicitárias conhecidas por todos, com novas idéias e ponto de vista, de forma refletiva e criativa. -Despertar a percepção, a imaginação através da construção dos trabalhos. Conteúdos: releitura de propaganda publicitária Metodologia: expositiva dialogada, trabalho em grupo e leitura de imagem. Desenvolvimento: 1º Momento: Organizar em grupos de quatro alunos e escolherem uma propaganda da mídia, nos encartes, revistas, jornais, TV, etc. Pensar sobre a propaganda, para que público está voltada (criança, adolescentes, dona de casas, solteiros, executivos). 2º momento: Fazer uma releitura da propaganda, mudando o público alvo, ou seja, se a propaganda escolhida é de produtos de limpeza (sabão), voltada para a dona de casa, como ficaria se muda para o público de executivos? A partir da pergunta, estão livres para fazer a releitura desviando o público alvo para um novo público. Podendo usar sua criatividade com desenhos, pinturas, colagens, etc.


68 3º momento: Cada grupo deverá apresentar a propaganda original e sua releitura para a turma, dar opinião. Recursos: Cartazes, papéis, colas, tesoura, revistas, jornais, lápis de cor, pauzinhos de picolé, etc. Avaliação: A avaliação será feita com base na observação do empenho de cada aluno na execução da tarefa e resultado visual da releitura.

Realizado Data: 27/05/2010 – Quinta-feira. Horário: 10h30min. Às 11h15min. Comecei a aula fazendo a chamada, após pedi para a turma se organizarem em grupos de quatro pessoas. Distribui a todos os alunos propagandas de encartes, jornais, revistas e panfletos de propagandas que são entregues em esquinas das ruas. Todas as propagandas foram recolhidas para uma releitura destas publicidades. Expliquei que cada grupo teria que escolher uma propaganda, pensar sobre a mesma, para que público está voltada, direcionada (crianças, adolescentes, donas de casas, solteiros ou executivos). Eles deveriam fazer uma releitura da propaganda, mudando o público alvo, ou seja, se a campanha publicitária é voltada para as donas de casas (ex: como uma propaganda de sabão), como ficaria se mudasse para um público de executivos, por exemplo. A partir da explicação deixei os alunos livres para escolherem as propagandas e comentei que eles poderiam usar a criatividade com desenhos, pinturas, colagens, etc. Ao final do trabalho de cada grupo, eles deveriam apresentar suas releituras das propagandas para a turma. Houve uma grande participação de cada grupo, mas poucos aceitaram mostrar os seus trabalhos para a turma. No decorrer dos trabalhos, percebi que havia alguns alunos fazendo uma cópia da propaganda, então expliquei novamente a proposta de releitura da imagem. Como afirma Pillar (1999, p.18): Há uma grande distância entre releitura e cópia. A cópia diz respeito ao aprimoramento técnico, sem transformação, sem interpretação, sem criação. Já na releitura há transformação, interpretação, criação com base


69 num referencial, num texto visual que pode estar explícito ou implícito na obra final. Aqui o que se busca é a criação e não a reprodução de uma imagem.

Como no trabalho proposto, um dos objetivos era a releitura para a criação, reflexão e crítica da imagem para um outro público alvo, não poderia haver somente uma cópia. Por ouro lado, a utilização da releitura da propaganda deixou clara a influência da comunicação de massa: discursos presentes no rádio, televisão, revistas, que atuam sobre os alunos muito antes de entrarem para a escola. Um aluno relembrou uma propaganda antiga de brinquedo que ele costumava a ver nos comerciais, entre os desenhos animados, quando ele era bem pequeno, disse o mesmo. Assim a atividade proporcionou reflexões sobre imagens. Segundo Barbosa (1985, p. 93); “um dos papéis da Arte é preparar o povo para os novos modos de percepção, largamente introduzidos pela revolução tecnológica e da comunicação de massas”. Penso que é esta percepção visual que nós devemos explorar através das produções dos alunos nas aulas de Arte. Com relação aos resultados das produções dos alunos feitas através da propaganda, eles as optaram em fazer desenhos e colagens. Somente dois grupos apresentaram a turma suas releituras na qual a turma gostou, se tratava de uma propaganda de cerveja e sabão, no qual a mulher tem em sua bolsa uma cerveja e o homem duas caixas de sabão em pó que ganha de brinde, no caso, brinde este seria um amaciante de roupa. Os demais grupos se negaram a apresentar. No momento final da aula eu deixei que eles passassem os seus trabalhos para os colegas olharem.


70

Produção da aluna Jéssica. Fonte: CANTO, 2010.

Produção da aluna Carina. Fonte: Canto, 2010.

3.5.11 Aula 11 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”


71 Objetivos: o aluno deverá atingir os seguintes objetivos: - Expressar seus desejos de presentes de natal; - Associar o conteúdo da matéria com o Natal; - Refletir sobre as imagens e o apelo da mídia para o consumo no natal; Conteúdos: presentes, imagens, mídia e Natal. Metodologia: expositiva dialogada; prática individual. Desenvolvimento: 1º momento: farei a chamada e organizarei a turma sentada em forma de círculo. 2º momento: Entregarei uma folha de ofício colorida para cada aluno, onde os mesmos deverão escrever alguns dos seus desejos de natal, depois pedirei que verifiquem se estes desejos aparecem ou são sugeridos pela mídia, ou seja, se algum dos seus desejos aparece em encartes de lojas e supermercados, programas de TV, propagandas de revistas e jornais. 3º momento: Exporemos estes trabalhos no quadro negro da sala de aula. Faremos uma avaliação sobre a convocação da mídia para o consumo e como devemos fazer uma análise crítica das imagens que vemos nestas mídias. Orientarei os alunos para serem os mais conscientes possíveis, pois muitos produtos são caros e não tem uma boa qualidade. Recursos: folha de ofício colorida, lápis de cor, giz de cera, caneta hidrocor, revistas, jornais, encartes de supermercados e lojas, quadro negro e giz. Avaliação: A avaliação será satisfatória se o aluno: - Expressar-se através de desenhos; - Comparar seus desejos com a mídia; - Perceber a importância de um olhar crítico na imagem; - Tornar-se um consumidor mais atento.

Realizado Data: 10/06/2010 – Quinta-feira. Horário: 10h30min. as 11h 15min. Iniciei a aula passando uma folha para assinarem como chamada, e avisei que o horário havia sido modificado e nossa próxima aula seria na segunda-feira.


72 Distribui folhas de ofício para todos os alunos. Pedi que cada um escrevesse seu nome bem colorido ou desenhasse seu rosto no centro da folha. Após, ao redor do seu nome ou do rosto desenhado, eles deveriam colocar os seus desejos de Natal, podendo ser desenhados ou escritos. Comuniquei que se alguns de seus desejos estivessem em encartes, eu havia disponibilizado em uma mesa vários destes. A procura pelas propagandas tomou conta da turma, poucos desenharam seus desejos e menos ainda, houve quem os escrevesse. Como resultado dos desejos, apareceram dois trabalhos escritos, declarando desejos de felicidade no amor, na família e sucesso nos estudos. Surgiram também meninas que se preocupam demais com a beleza, a ponto de colocarem no trabalho, que gostariam de ganhar de Natal somente aparelhos de ginásticas para ficarem bem magras e lindas. Elas gostariam também de ganhar bastantes roupas e modificar todo o seu roupeiro para ficar na moda, inclusive fazer uma tatuagem. Em nossa sociedade ocidental, o corpo tem sido um dos alvos de investimentos, pois muitos as desejam ter uma “beleza” que nunca alcançam, estando sempre em busca da perfeição, através da cirurgia, ginástica, roupas cada vez mais atuais. Segundo Mariângela Momo (2009, p.38): Existe uma verdadeira indústria em torno da produção de corpos e desejos sobre os corpos. Moda, estética, cirurgias, adereços e tatuagens são algumas das possíveis intervenções que demonstram o quanto o corpo vem sendo invadido, ressignificado e investigado.

Esta preocupação consigo torna-se mais presente através da mídia, que incentiva cada vez mais a busca da beleza através do consumo, que muitas vezes torna-se uma obsessão. Nos trabalhos dos alunos, grande parte dos desejos eram produtos eletrônicos: celulares, TV LCD, aparelhos de som, MP4, câmeras fotográficas, todos lançados recentemente. Isso não quer dizer que os alunos já os tinham em mãos (os seus celulares, por exemplo), mas pelo prazer de ter um modelo de aparelho recentemente lançado, deixando de lado o antigo. Segundo Costa (2009, p. 37):


73 A própria sociedade de consumidores estimula a antecipação do descarte e premia com a reposição constante. O telefone celular (ou a Barbie, o computador, o par de tênis, a namorada, o emprego) recém-adquirido pode ser substituído praticamente sem custo, por outro mais novo, aperfeiçoado ou conveniente. Leve o velho à loja, e ela se encarregará de livrá-lo desse incômodo do passado.

Esta aquisição pelo produto funciona quase como uma realização pessoal,pelo fato de ter o que está na mídia, depois de adquirido automaticamente já começam a pensar em outros produtos da mídia, sem parar para pensar se é necessária a compra do produto ou não. Conforme

os

alunos

iam

terminando

os

trabalhos,

fomos

fazendo

questionamentos. Como por exemplo, se havia mesmo a necessidade de adquirir novos produtos e se estes estavam nas mídias. Após a maioria refletir que seus desejos estão sim na mídia, também falaram que nem sempre o que está na TV é o melhor produto. Terminei a aula pedindo que todos tragam na próxima aula, encartes de propagandas para novos trabalhos.

Produção da aluna Juliana.

Produção do aluno Welderson.

Fonte: Canto, 2010.

Fonte: CANTO, 2010.

3.5.12 Aula 12 Planejado Tema: “A busca da compreensão do consumismo a partir da imagem publicitária”


74 Objetivos: - Refletir sobre aspectos positivos e/ou negativos do consumo; - Perceber e registrar quais são os aspectos abordados nos comerciais de TV (positivos ou negativos?); Conteúdos: comerciais de TV e encartes, consumo, mídia. Metodologia: reflexiva trabalho individual e criação de um cartaz. Desenvolvimento: 1º Momento: Cumprimentar os alunos e fazer a chamada. Solicitarei para que os alunos coloquem sobre a mesa o material solicitado na aula anterior. 2º momento: A partir desse momento, com recortes de revistas e/ou jornais, os alunos montarão cartazes com imagens positivas e negativas (por exemplo, propaganda de bebida alcoólica e cigarro) vistas na publicidade em geral. 3º momento: Cada aluno colara no cartaz colado no quadro negro suas imagens e abordando os aspectos percebidos por eles nas imagens publicitárias. 4º momento: Pedirei para os alunos fazerem uma reflexão sobre, como a mídia procura influenciar sempre de forma positiva o consumo das pessoas. Recursos: Cola, tesoura, cartolina branca, revistas, jornais, encartes, quadro negro e giz colorido. Avaliação: a aula será satisfatória se os alunos identificarem aspectos positivos e negativos das campanhas publicitárias.

Realizado Data: 14/06/2010 – Segunda-feira. Horário: 9h25min. as 10h10min. Iniciei a aula fazendo a chamada, após comuniquei que estava sendo a nossa última aula juntos e por isso eu gostaria de refletirmos sobre o que foi trabalhado neste período de doze aulas sobre: propagandas, mídia, imagens e suas influências. Coloquei no quadro dois cartazes, um escrito “imagens positivas” e no outro “imagens negativas”, pedi para que cada aluno desenhasse ou recortasse dos encartes, imagens que abordassem aspectos negativos e positivos e colassem nos cartazes do quadro. Ressaltei a importância de perceberem a imagem de consumo negativo e positivo.


75 Cada aluno escolhia as suas imagens e iam até o quadro e as colavam no cartaz. Após todos colarem, fiz uma reflexão sobre as imagens que eles haviam escolhido. Com o cartaz das imagens negativas apareceram muitas bebidas, vinhos, cervejas, licores e até uma foto de mulher. Já o cartaz das imagens positivas apareceram mochilas, aparelhos de ginástica, sorvete, gelatina e um destaque (por repetir muitas vezes) de fotos de mulheres com roupas íntimas e homens bonitos. Foi repedido tantas vezes que colaram mais imagens por cima de outras. Pedi que todos observassem os recortes colados nos cartazes e perguntei: O que foi que eu havia pedido? Eu pedi imagens de consumo, produtos que aparecem na publicidade, que refletissem aspectos e consumo positivo e negativo. O que resultou no cartaz positivo foi um grande número de fotos de mulheres. Então perguntei para a turma se não era um resultado do apelo da mídia em colocar mulheres belas nas propagandas que estava influenciando as escolhas deles? Comentaram que não haviam notado, mas no momento que falávamos em positivo e propaganda, vinha à cabeça mulheres e homens exuberantes. Segundo Costa (2009, p. 91): Capturados pelas malhas do mercado globalizado e pelas redes de mercantilização e consumo, crianças e jovens têm sido presas fáceis da imensa teia saturada de imagens, de cintilações sedutoras, que fascinam, interpelam, convocam, regulam e governam suas vidas.

As imagens publicitárias convocam e apelam tão freqüentemente, que os alunos geralmente não notam os seus fascino por determinados produtos, que o mesmo vem da pessoa que o apresentou, usando sua imagem sedutora para despertar a imaginação e assim convocar ao consumo. Com este debate e reflexão sobre as imagens, comentei que gostaria que a partir destas aulas em que trabalhamos com as imagens de publicidades, eles se tornassem consumidores mais atentos em relação as imagens, sempre com um olhar mais crítico, pois cada imagem tem mensagens a serem interpretadas. Finalizei a aula agradecendo a colaboração e participação de todos durante as aulas, tiramos fotos da turma e nos despedimos.


76

Produção dos alunos. Imagens positivas.

Figura 11 – Produção dos alunos. Imagens negativas.

Fonte: CANTO, 2010.

Fonte: CANTO, 2010.

Foto da Turma 201. Fonte: CANTO, 2010.


77

CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou a aplicação do Projeto “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária”, que foi desenvolvido com a turma 201 da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Affonso Charlier situada em Canoas/RS, com o objetivo de analisar a influência da mídia no cotidiano dos alunos, mais especificamente com a importância de trabalhar a imagem da mídia impressa no ensino da disciplina de Artes na escola, através de diferentes atividades desenvolvidas. Foram 12 encontros onde observei que o adolescente de hoje mantêm contato diário com diferentes tipos de mídias, tais como, MP3, MP4, celular, computador, encartes, revistas, fotografias, cinema, vídeos, televisão, outdoors, entre outras. Em todas estas mídias a presença das imagens é recorrente. Tudo acontece muito rápido, a uma velocidade que nos leva a pensar, como trabalhar e desenvolver a questão da “imagem nesta perspectiva da mídia” com uma significação das imagens para os alunos? Inicialmente, na 1ª e na 2º aula, quando da apresentação do projeto “A Busca da Compreensão do Consumismo a partir da Imagem Publicitária” com a explanação dos seguintes conteúdos: imagens divulgadas na televisão, na publicidade e outros meios que usam a imagem para comunicar e o apelo ao consumo, os alunos mostram-se bastante interessados, motivados, e estabeleci com eles desde o início um bom relacionamento baseado no respeito e na amizade. Os alunos demonstraram perceber que as imagens são presenças constantes em nossas vidas, desde o nascimento deles, e elas fazem parte de nosso cotidiano. Quando trabalhei na 2ª aula o autorretrato os alunos tiveram que fazer o seu autorretrato com desenho e pintura, atribuindo signos (símbolos) à própria imagem. No início da atividade a maior preocupação da turma era com quais símbolos ou imagens iriam associar o seu autorretrato. É possível dizer que as imagens possuem mensagens e que elas podem influenciar muito mais do que as palavras, ou seja, muito mais que aquelas existentes em textos verbais. Para Barbosa (2005), a imagem ocupa lugar central nas aulas de Arte, visto que os professores assumem a idéia de que todo o aluno deve ter acesso a meios e oportunidade de compreender os símbolos da arte.


78 Na 3ª aula os resultados em relação ao plano de aula, surgiram imprevistos, porque alguns alunos não sabiam ou não lembravam alguns conteúdos básicos da disciplina de Artes. Por exemplo, não lembravam o que é um desenho abstrato; o que é um desenho figurativo e quais são as cores quentes e as cores frias. Durante esta aula eu perguntava para mim mesma: e agora? Como foi trabalhado isso? Será que foi? O que faço? Tem alunos que não sabem a matéria. Então, comecei a explicar para os alunos quanto a suas dúvidas, e aprendi que ao planejar uma aula o professor deve ficar atento a esses imprevistos, visto que, tive que retomar o conceito de imagem abstrata, figurativa, cores quentes, cores frias. E essa revisão não estava no planejamento da aula, mas ninguém se prepara para imprevistos, e no meu papel de estagiário, isso é perfeitamente normal. Porém, alguns alunos que sabiam esse conteúdo falavam “isso de novo”, “essa matéria novamente” e confesso que me causou um certo constrangimento e também prejudicou o andamento desta 3ª aula. Já na 4ª, 6ª, 7ª, 11ª aulas consegui realizar o planejado e atingir os objetivos propostos. Estas aulas foram muito significativas e prazerosas para os alunos. Devese procurar conectar a Arte com o cotidiano do aluno para dar um novo significado na atividade que lhes foi apresentada? Porque estas aulas foram satisfatórias? Constatei que se deva ao fato de que, trabalhei dando mais liberdade para os alunos e propus as atividades diferenciadas a eles. Ou seja, quando abordei os conteúdos de forma resignificada, aproximando-me do cotidiano deles, verifiquei que eles se motivaram mais e buscaram produzir, confeccionar os seus trabalhos, apresentando aspectos relacionados com seus sentimentos, os seus desejos e como o que gostam. Dessa forma, compreendi que tudo que os motiva e cativa, eles fazem bem feito, com interesse, com riqueza de detalhes. Por exemplo, na 6ª aula quando realizei uma atividade baseada na obra Monalisa de Leonardo da Vinci, um grupo reproduziu-a com a cabeça cheia de bombons, outro grupo fez o trabalho relacionando-a com o filme Avatar. Percebi a criatividade através da capacidade dos alunos de produzir coisas novas e a originalidade dos mesmos através da habilidade de trabalhar uma imagem e reestruturá-la de outras maneiras nas produções artísticas dos trabalhos, mesmo fazendo uma reprodução. Os alunos apresentam bons reflexos do que as mídias do seu dia-a-dia trazem de significativo, segundo seus interesses. Representam personagens,


79 reproduzem falas e comportamentos das imagens que vêem e dos textos que ouvem, como descrevem Coll e Colomina (1996, p. 300): “mediante a simulação de papéis sociais nos jogos com iguais, os alunos aprendem estes papéis e tem a oportunidade de elaborar pautas de comportamentos comunicativo, agressivo, defensivo e cooperativo, que serão essenciais em sua vida adulta”. A 11ª aula sobre o Natal também foi muito produtiva, os alunos expressaram seus desejos de presentes e refletiram sobre as imagens no apelo da mídia para o consumo nesse período, considerei a aula boa. Verifiquei que os planos de aula associados à vida deles tiveram mais significado e mais forma artística. Porque as atividades desta aula envolveram mais os estudantes? Acredito que foi porque ao falar sobre o que gostariam de ganhar como presente de Natal o tema da aula chegou perto do universo deles. Os alunos debateram sobre o consumo e o apelo da mídia nesta data comemorativa, mas também sobre a época; que propicia momentos de sonho, compreensão, fraternidade e amizade. Principalmente nas atividades realizadas na escola, na família e no trabalho, ou seja, todos os alunos acabaram envolvendo-se e expressando-se de forma significativa nas suas produções artísticas. A autenticidade nas respostas e argumentos utilizados, quando instigados a escrever o que comprariam ou como gastariam o dinheiro com presentes de Natal, resultou, em desejos diversos que referiram-se a artigos de alimentação, vestuário, a produtos como casa, carro, celulares, máquinas fotográficas, enfim, discursos que são identificados pela mídia subjetivando e promovendo encantamentos. Porém, somente na 8ª aula percebi que minha prática estava com o conteúdo muito voltado para a mídia e para publicidade. Nesta aula questionei a mim mesma: o foco principal das aulas saiu da disciplina de Artes? Como não percebi isso antes? Refletindo estes questionamentos, fica claro que a publicidade se alimenta da História da Arte e vice-versa. Observei que a minha pouca experiência em dar aulas dificultou que eu focasse melhor meu planejamento de aula. Acredito que quando se trabalha Arte em sala de aula, o professor deve procurar conectar a Arte com a cultura, junto à atmosfera escolar e seu dia a dia. Portanto, ao preparar minhas futuras aulas na prática da docência, vou procurar enfocar as aulas buscando relacionar o conteúdo da disciplina de Artes com o cotidiano dos alunos, ou melhor, permitir que eles


80 tragam, ainda mais, suas vivências e as expressem através de suas produções artísticas. Nas aulas 5ª, 9ª e 10ª o resultado não foi positivo, e não foram atingidos totalmente os objetivos dos planos de aula. Os alunos não estavam gostando da aula, não estavam se entendendo nos grupos, estavam desinteressados. Porque nestas aulas os alunos estavam desmotivados e suas produções artísticas ficaram tão simples? Aprendi que apenas refletir e analisar sobre aspectos relacionados à imagem na mídia, consumo e publicidade deixa as aulas muito repetitivas e maçantes. Dessa forma, acredito que isso influenciou negativamente na minha prática e nas produções artísticas dos alunos, visto que considerei-as um tanto simples. Poderia ter utilizado mais técnicas e materiais concernentes à disciplina de Artes dentro do projeto citado, ou ter usado de forma mais aprofundada, as imagens escolhidas. Além disso, percebi que em determinados planos de aula as quantidades de objetivos foram extensos demais o que também comprometeu o êxito da aula. Assim, observei que trabalhar um tema muito seguido deixa os alunos “desmotivados”. Também constatei que os alunos apresentam dificuldades em fazer combinações, em tomar decisões que favoreçam o grupo de trabalho ao qual pertencem. Percebe-se o egocentrismo e a divergência em opiniões sobre os trabalhos, segundo Coll e Colomina (1996, p. 308), “há situações-tipo nas quais não se observa progresso algum nas competências intelectuais dos participantes quando: algum deles impõe seu ponto de vista aos outros”. Verifiquei que trabalhar com adolescentes requer um preparo ainda maior por parte do professor, visto que os alunos desta faixa etária costumam questionar mais, são mais críticos, participativos e respeitam menos a figura do professor e os seus colegas de aula. Na 12ª aula, a última, tive um retorno bem positivo. Primeiramente, realizei uma reflexão com a turma sobre todas as nossas aulas e comuniquei que esse era o nosso último encontro e finalização do projeto. Trabalhei com os alunos os pontos positivos e negativos da mídia e fiz um fechamento falando sobre como os comerciais de TV e as propagandas influenciam nas nossas escolhas. Os alunos concordaram e posicionaram-se de maneira positiva durante a reflexão porque a grande maioria deles falou que agora consome produtos diferenciados, ou seja, também compra o que não está na mídia.


81 Então, considero que essa última aula foi muito satisfatória, pois os alunos conseguiram identificar aspectos positivos e negativos das campanhas publicitárias e demonstraram ter adquirido durante as aulas uma postura mais crítica referente à mídia e suas mensagens, levei a uma postura crítica o aluno de que maneira? Percebi que a compreensão das imagens publicitárias desenvolveu um olhar crítico nos alunos que desmistificou as ideias veiculadas pela mídia. Dessa forma, dialogando com as imagens da mídia impressa o aluno passou a ser mais crítico e participativo, teve suas opiniões ouvidas e respeitadas durante as atividades do projeto. Segundo Feilitzen e Carlsson (2002), a educação para a mídia deve envolver uma tentativa para mudar a produção da mídia e a situação na sociedade, por meio da própria produção e participação do aluno, entre outras coisas. O ensino de Artes hoje depende de professores que atrelem o que tem de positivo no ensino tradicional com o que há de novo e inovador na educação contemporânea. De educadores que queiram realizar uma prática pedagógica com competência. E desta maneira espero poder ser a partir de agora alguém que pense diferente e seja útil para a educação. Refletindo sobre a minha prática, sei que errei algumas vezes, como por exemplo: fiquei insegura e constrangida em determinadas situações e imprevistos.E porque percebi que é difícil despertar o interesse dos alunos, o planejamento das aulas distanciou-se dos conteúdos da Disciplina de Artes, coloquei muitos objetivos para cada aula, verifiquei o difícil desafio que é trabalhar em grupos com os alunos e tornei as aulas maçantes para os alunos, pois repeti alguns conteúdos durante as aulas. Contudo, ao final, conclui que para superar os desafios citados acima e outros que a docência apresenta, que os professores devem buscar abordagens que propiciam a apropriação e a reconstrução em arte da imagem que se vê nas diferentes mídias. Levar aulas diferenciadas, com menos objetivos e com novas maneiras de ensinar é primordial para que se possa ter sucesso na aprendizagem. Portanto, tenho certeza que este estágio foi de suma importância para aperfeiçoar a minha prática docente, pois amadureci e compreendi que os planos de aula devem ser voltados para a disciplina de Artes e devem ser relacionados com o cotidiano dos alunos. E tenho a certeza, que é apenas o começo, pois a caminhada contínua.


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ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. 3. ed. Porto Alegre: Meditação, 2006.

ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Mediação, 2003.

TRINDADE, Jurema Roehrs. Introdução à Arte. Canoas: Ed.Ulbra, 2002.

Fontes das Imagens:

http://veredaestreita.org/2009/05/

http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/romerobrito/romerobrito.htm

HTTP://www.jornaljovem.com.br/.../galeria_virtual12.php

http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/vinci/joconde/joconde.jpg

http://analisandodiscursos.wordpress.com/2010/03/07/grupo-04-polifonia-discursivana-propaganda-de-bombril/ http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=967


84

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluno Blauner


85

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluna Juliana Beltio


86

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluna Rochele Alves


87

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO Questionário com o aluno Fagner


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