A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo

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Universidade Luterana do Brasil- Ulbra/ Canoas/ RS Unidade Acadêmica de Graduação Curso de Licenciatura em Artes Visuais

Casciana Tedesco

A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo

Canoas/ RS 2010


Casciana Tedesco

A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Me. Ana Lúcia Beck e Dr. Celso Vitelli

Orientadora Prof(a):Ana Lúcia Beck

Canoas, 20/12/10


À Deus pela realização de um sonho. Aos orientadores dos estágios Prof. Dr. Celso Vitelli e a Prof (a) Me.Ana Lúcia Beck, pelas valiosas orientações e dedicação que a mim tiveram. E aos meus pais, Celso e Anita, que muito me apoiaram quando minha vontade era desistir. É a eles que dedico esta conquista.


Resumo O presente trabalho resulta da Prática dos estágios I,II,II e IV em Artes Visuais, realizada na E.E.E. Básica Santa Rita, na cidade de Nova Santa Rita, com os alunos da 6ª série, tendo com tema: A Impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo.Este tema introduz o aluno no conteúdo Impressionismo: Trabalhar este tipo de expressão artística e proporcionar aos alunos atividades diferenciadas e realizar trabalhos com diversidade de cores e materiais. Ao preparar o Projeto de Ensino procurei a apresentar artistas impressionistas como Claude Monet e suas obras: Impressão, O Sol Nascente, Ninféias e Reflexos na Água e Edgar Degas e suas obras: Prima Bailarina e A Pequena dançarina de 14 anos. Durante as aulas do projeto foram desenvolvidos exercícios de observação e análise de obras e também dos trabalhos realizados, com atividades de criação e utilização de materiais diversos.Os alunos nem sempre mostraram interesse pelas atividades propostas, no início eram indisciplinados e apresentaram dificuldades com adaptação do espaço físico à disponibilidade de recursos materiais para o processo de produção de trabalho na área de Artes.De início os encontros foram desagradáveis nas questões de relações humanas. Mas com o avanço dos encontros posso dizer que os objetivos foram alcançados conforme o planejado dentro das possibilidades da realidade daquele momento. Não fiquei totalmente satisfeita com os resultados práticos, talvez por perceber que alguns alunos não se dedicaram a fazer um trabalho de qualidade dentro de suas potencialidades.Ao refletir sobre o resultado deste trabalho pude perceber que a necessidade de lidar com situações que não haviam sido previstas ao realizar o planejamento foram essenciais para perceber que aquela apreensão de início de estágio não era nada frente aos acontecimentos que iam surgindo.Nestas vivências de aprendizagem mútua no decorrer das aulas de Arte percebi que a resposta do aluno vem mais facilmente quando o que se propõe a ele tem algum significado, pois assim ele pode criar um elo com o trabalho que está produzindo. Palavras chave: Impressionismo – Desafios – Aprendizagem.


Sumário Introdução...................................................................................................................05 Capítulo 1: Pesquisa em Artes Visuais.......................................................................09 Capítulo 2: Considerações sobre possibilidades de ensino a partir do tema pesquisado...............................................................................................16 Capítulo 3: Diálogo com a Escola...............................................................................24 3.1. Histórico................................................................................................24 3.2. Caracterização......................................................................................24 3.3. Avaliação..............................................................................................25 3.4. Ensino das Artes..................................................................................25 3.5. Análise Ensino Fundamental (Professora)..........................................25 3.6. Análise Ensino Fundamental (Aluno)..................................................26 3.7. Análise das Observações Silenciosas (Ensino Fundamental)............27 Capítulo 4: Projeto de ensino em Artes Visuais.......................................................29 4.1. Dados Gerais do Projeto.....................................................................29 4.2. Prática de Ensino................................................................................29 4.2.1. Aula: 01............................................................................................29 4.2.2. Aula: 02............................................................................................32 4.2.3. Aula: 03............................................................................................35 4.2.4. Aula: 04............................................................................................39 4.2.5. Aula: 05............................................................................................42 4.2.6. Aula: 06............................................................................................45 4.2.7. Aula:07.............................................................................................49 4.2.8. Aula: 08............................................................................................52 4.2.9. Aulas: 09 e 10..................................................................................55 4.2.10. Aula: 11..........................................................................................59 4.2.11. Aula: 12..........................................................................................62 Conclusão.................................................................................................................67 Referências de pesquisa..........................................................................................73 Apêndices.................................................................................................................75 A: Questionário com a Direção.................................................................................76 B: Questionário com a Coordenação Pedagógica....................................................78 C: Questionário com a Professora............................................................................80 D:Questionário com os alunos..................................................................................82


Introdução

O presente trabalho resulta da Prática dos estágios I,II,II e IV em Artes Visuais, realizada na E.E.E. Básica Santa Rita, na cidade de Nova Santa Rita, com os alunos da 6ª série, tendo com tema: A Impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Abordam- se temas, projetos e atividades feitas em aulas, posicionamentos pessoais que eu relato a experiência da prática docente. Este TC está dividido em 4 capítulos, e em cada um deles saliento todo este processo, desde o tema de pesquisa até as atividades teóricas e práticas desenvolvidas com os alunos desta turma. Nas páginas que seguem, procurei colocar o meu ponto de vista em relação ao tema abordado. Lembrando que a escolha do movimento o Impressionismo, foi colocado pela escola, e coube a mim seguir tal escolha. No capítulo 1,falei apresento a pesquisa desenvolvida tendo como tema principal o Impressionismo, movimento da história da pintura e também um determinante da Arte no século xx. Segundo STRICLAND (2002), p. 96, “Seu objetivo principal era apresentar uma „impressão‟ ou as percepções sensoriais iniciais registradas por um artista num breve vislumbre”. A meu ver, esse trabalho diferencia drasticamente da norma, em abordagem e técnica. O artista pinta do início ao fim ao ar livre, fazendo esboço a céu aberto, podendo terminar em seu ateliê. Falar sobre o Impressionismo não é tarefa fácil, pois no período que antecedeu o início do movimento, ocorreu exposição em um salão que era uma mostra anual de arte em Paris. Durante essa exposição os jurados rejeitavam as obras desses artistas, que eram contemplados inovadores, eles acharam que os impressionistas eram “um perigo para a sociedade” (STRICKLAND, 2002, p. 101). Um fator determinante para dar continuidade a este assunto, foi acreditar que os alunos podem se tornar conhecedores e admiradores de certos movimentos artísticos. O Impressionismo, por exemplo, seria um desses movimentos. Para tanto, foi importante que os alunos estudassem alguns artistas de tal movimento, suas técnicas e soubessem conhecer algumas de suas principais obras, tais como: Edgar Degas com as obras: Prima Bailarina e A Pequena dançarina de 14 anos e Claude


06 Monet, com as obras: Impressão, O Sol Nascente, Ninféias e Reflexos na Água. Era preciso que conhecessem as técnicas e que reconhecessem as principais obras. No capítulo 2, comento sobre a necessidade deste tema para o ensino de arte. Tanto a escola como os alunos, devem ter o conhecimento que a sala de aula o lugar para que as propostas de trabalho em Artes possam se desenvolver. Devemos utilizar diferentes linguagens, principalmente os alunos desta turma se interessavam mais, sobre o desenho e a pintura. É na escola que o aluno pode ter um espaço de criação para aperfeiçoar essas linguagens. A meu ver, a escola também deveria dar oportunidades para que seus alunos possam vivenciar e aprender que as artes constituem modos específicos para a sua criatividade, integração com os colegas e a si mesmo. Pois é com essas experiências em arte que os alunos e professores se encontram e dedicam tempo para adquirir novos saberes, pois assim, ambos desenvolvem novas habilidades e ampliam seus conhecimentos artísticos. Compreendo que a escola tem este tema no seu Plano de Ensino e por esse motivo, tive que segui- lo, mesmo assim, tive como objetivo, levar este conhecimento artístico para a sala de aula com a tentativa de desestereotipar certos conceitos que os alunos tem sobre desenhos e também de certas produções artísticas. Precisei me aperfeiçoar tanto nos saberes artísticos, quanto em saber organizar e desenvolver este trabalho. Foi preciso oferecer oportunidades de aprendizagem, ou seja, inventar possibilidades, inovar e ousar. No capítulo 3, está descrito todo o diálogo com a escola, realizei um breve comentário geral da estrutura desta escola e algumas dificuldades que obtive quanto ao espaço físico. A escola não tem sala para as aulas de Artes, os alunos também não podem contar com os materiais dados pela escola, cada um tem o dever de ter o seu, vale ressaltar que os alunos não seguem o pedido. Em relação à análise da professora, percebi que as aulas de Artes estão exigindo que o professor adquira noções de ensino e aprendizagem. Esta escola mostra em Plano de Ensino, períodos da História da Arte, mas não se dá conta que é preciso ter profissionais com conhecimento na área e que sejam comprometidos para que o ensino aconteça. De tudo o que vi e ouvi observando esta professora, acredito que para ser um bom professor de Artes é necessário desenvolver as potencialidades dos alunos,


07 dentro de suas limitações, pois é preciso saber distinguir e respeitar as potencialidades de cada um. Quanto aos alunos não me surpreendi. Mesmo estudando o Impressionismo, pintavam e desenhavam livremente. Mas para mim que pretendo ser uma docente, isto é inaceitável. Os alunos precisam de transformação. A transformação à qual me refiro é transformar as aulas de artes com atividades dirigidas para esta disciplina e para estes alunos. Quanto à escola, percebi que direção e supervisão acreditam na importância da disciplina de Artes, tanto para o desenvolvimento cultural, como para despertar a criatividade de seus alunos. No capítulo 4, apresento o projeto de ensino em Artes Visuais realizado com esta turma. Uma 6ª série com 17 alunos. Comento os conflitos, a insegurança e o medo que passei em 12 encontros. Com esse grupo de alunos. Respondi algumas perguntas que fazia para mim mesma. Por que será que eu estava sempre preocupada com a aparência dos trabalhos dos alunos? E por que sempre me preocupei com o conteúdo que estava no plano de ensino? Relembrando as análises citadas acima pela professora titular. Será que eu, uma estagiária, sem experiência docente, consegui fazer a transformação destes alunos? As aulas de Artes eram no primeiro período com duração de 40 minutos, mas apenas no segundo encontro fui informada pela direção escolar que eu deveria dar aos alunos 10 minutos de tolerância, pelo fato do atraso dos ônibus, com isto, me restavam apenas 30 minutos de aula com a turma 72. Está descrita, aula a aula, a minha primeira experiência como docente. Além de enfrentar todas as dificuldades na aplicação das atividades práticas pela falta de espaço físico, comentei como convivi com estes alunos. Alguns eram muitos desinteressados, outros debochados, outros me davam medo. Ali presenciei agressão física e tive muita vontade de desistir. Porém, sobrevivi para falar o que passei e percebi que os alunos citados acima precisavam de alguém para ouvir seus problemas. É neste TC que conto todo o sentimento vivido a cada dia que passei com estes alunos, dificuldades como agressões físicas, desinteresses e insegurança que podem ser aliada com a teoria e a prática que aprendi nestes anos de faculdade e revendo tudo, percebo que estou dando os primeiros passos para a longa caminhada


08 na educação. Porém um passo fortemente alicerçado e na direção certa, que me orientará por todas as dificuldades que virão. E desta maneira, acredito que eu estarei contribuindo para o desenvolvimento do futuro profissional de educação em arte.


Capítulo 1 Pesquisa em Artes Visuais

Esse trabalho trata sobre o assunto Impressionismo não apenas como um momento da história da pintura, mas também como um determinante da Arte do século XX. O Impressionismo foi o movimento mais importante ocorrido na pintura ocidental, especialmente francesa, entre 1860 e 1890. Os pintores precursores deste movimento foram os ingleses Constable e Turner, pintando as paisagens londrinas sob o efeito de nevoeiro, mas os iniciadores foram Edouard Manet e Claude Monet. (DUÍLIO,1989,p.98) Nas páginas que seguem procurarei colocar o meu ponto de vista em relação ao assunto. Percebi que o movimento iniciou na França através de alguns alunos de um ateliê que decidiram pintar a natureza ao ar livre, Monet, Bazille, Sisley e Manet deram início a esse trabalho, de pintar do início até o fim ao ar livre. Esses alunos faziam esboços, usavam também a luz e a cor. Seus trabalhos tinham como objetivo captar a natureza de uma forma instantânea, fazendo com que essa pintura ficasse com a impressão da natureza. O nome desse movimento foi dado pelo crítico de arte Louis Leroy (TRINDADE, 2007), que após ter contemplado a tela de Claude Monet, Impressão, Sol Nascente, a ridicularizou dizendo que era um quadro inacabado e que dava somente a impressão da realidade. Os participantes tinham como princípio em sua pintura usar tonalidades que mudam dependendo da luz solar. Era possível notar que não existia linha, e que era através da cor percebemos a forma, usavam também cores complementares e, principalmente a sobreposição e justaposição das cores. Falar sobre o Impressionismo, não é tarefa fácil, pois no período que antecedeu o início do movimento, ocorreu uma exposição em um Salão que era uma mostra anual de arte ocorrida em Paris. Durante essa exposição os jurados rejeitavam as obras desses artistas que eram completamente inovadores, eles achavam que os impressionistas eram “um perigo para a sociedade”(STRICKLAND, 2002, p.101). Cabe ressaltar que essa exposição não foi bem aceita pelo público e pelos críticos, pois poucas pessoas compreendiam e apoiavam os jovens artistas. Muitos diziam que eram


10 falsos pintores, que não sabiam o que era a beleza e não conheciam as regras tradicionais da pintura e os princípios de arte. Os visitantes ignoravam e riam das obras.

Para decidir o que é arte ou não, nossa cultura possui instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e autoridade [...]. Mas, por ora, o importante é termos em mente que o estatuto de arte não parte de uma definição abstrata ou teórica, mas de atribuições feitas por instrumentos sobre os quais ela recai (COLI, 1987, p.10-11).

Porém, com as obras rejeitadas, realizaram uma exposição, e com essas obras se deu o início da Pintura Moderna. Mas o Salão foi declinando na medida em que os artistas passaram a fazer suas próprias exposições. Sem dúvida o maior marco do movimento Impressionista do final do século foi a pintura. Segundo Tamar Garb, “Um „impressionista‟ era alguém em cujo trabalho uma certa informalidade técnica parecia revelar uma visão do mundo natural que era ao mesmo tempo imediata i individual”.(1998, p.144) Tal movimento teve relevância em outros campos das artes ultrapassando as fronteiras da França influenciando direta ou indiretamente a música, a escultura e a literatura. Isto foi um fato inédito na História da Arte, pois então, a música, a filosofia e a literatura é que condicionavam as Artes Plásticas. Com base nestes dados, o artista impressionista em que optei por trabalhar foi Claude Monet, que deu impulso ao movimento. Era um artista, de início, pobre, mas muito sonhador. Em suas telas colocava pontos vibrantes lado a lado, utilizando principalmente cores complementares, que segundo ele luz é cor. Monet começou a pintar quando realizava viagens ao litoral, e tinha como tema as marinhas iluminadas pelo sol, registrando assim diretamente a natureza, e dessa maneira transmitia as impressões de um dado momento. Monet aprendeu a pintar paisagens com Constable e Turner, como foi dito no início do texto. Sua primeira exposição foi com a tela “Impressão: Nascer do Sol”, sendo que a partir desta tela é que nasceu o nome do movimento. A técnica de Monet, partia de pinceladas de pigmentos à tela, colocando pontos vibrantes de cores diferentes lado a lado, se pode dizer que essas “cores quebradas” se misturavam a distância e tinha como hábito usar cores complementares.


11 Em torno de 1880, ele alongou suas pinceladas, deixando passadas rápidas e sinuosas de cor. As suas obras geralmente tem um foco central, mas a perspectiva e os reflexos não estão presentes. Como havia comentado anteriormente, ele sofreu de uma pobreza aterradora, pedia comida e assistência financeira a seus amigos.

Monet suplicava a colecionadores que levassem suas telas por qualquer preço e queimou dezenas de suas pinturas para que não caíssem na mão de credores. Em torno de 1886, as coisas melhoraram. Sua exposição teve sucesso e pode pagar a construção de seu ateliê para abrigar suas imensas telas (STRICKLAND, 2002, p.102).

A arte de Monet floresceu entre as contradições da sóbria modernidade e outras obras recordando o simples jogo da luz. Enquanto Monet se recusava a pintar paisagens industriais da localidade, a sua preferência era modular os lugares onde a natureza tinha sido modificada pela intervenção do homem. Os temas da cidade fatigada e do rio estimulavam a sua arte, já que lhe ofereciam insinuantes contrastes entre o rural e o contemporâneo. Foi talvez, durante esse período, que Monet adquiriu seu excepcional poder de observação e análise visual. Pintou durante essa época quase exclusivamente paisagens e trabalhou em seus quadros ao ar livre, examinando os temas escolhidos em suas telas com luz natural e analisando cuidadosamente seus tons, cores e texturas. O artista presta mais atenção à exaltação do motivo à plena luz. Apareceu então a técnica impressionista, que consistia em aplicar a cor em pinceladas curtas, fragmentadas e rápidas, mostrando o efeito vigoroso que a presença da natureza produzia no artista. É sabido, que este movimento conta também com a participação de Edgar Degas. Este artista me chamou a atenção, por ter um aspecto diferenciado ao artista anteriormente descrito, devido a isto decidi colocar no trabalho. Segundo Paul Valéry:

Edgar Degas, geralmente classificado como impressionista, expôs em sete das oito amostras do grupo. Contudo sua formação no desenho clássico e o fraco interesse pela pintura diretamente da natureza produziram um estilo que representava uma alternativa ao Impressionismo [...]. As cenas com vários personagens são pretextos para pesquisas de composições inéditas, onde o motivo é segmentado, descentrado, fixado num instantâneo fotográfico (VALÉRY,2003, p.208).


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Muitas de suas obras, se davam pela idéia de outras obras que via em seu cotidiano. Penso que é interessante esse segmento de Degas, pois a comparação de suas obras com os trabalhos de outros artistas nos ensina muitas coisas. A partir deste ponto, nossa imaginação, observação e a criação se desenvolvem ainda melhores. Para Degas, segundo STRICKLAND, “A arte não é um esporte” (2002, p.106).Ele costumava falar isso por que não gostava de pintar ao ar livre, como Monet. Compreendo que apesar dessa diferença básica dos impressionistas, Degas fazia parte do grupo, pois tinha grandes amizades e seus temas contemporâneos faziam parte da sua pintura. O artista se diferenciava também, porque não tinha interesse em pintar paisagens e nenhuma preocupação com o efeito da luz, na qual, Monet se interessava. Seus temas preferidos eram as mulheres trabalhando, banhistas nuas, corridas de cavalo, óperas e principalmente bailarinas. Uma característica em comum com Monet, é que ambos se interessavam por cenas não planejadas e espontâneas. Assim com o Monet teve alguém que lhe ensinou a pintar, e também teve seu o ídolo, Ingrês, que também pintava nus, retratos e paisagens. Degas soube também retratar a burguesia com poucas cores, desenhos nítidos e ausência da fantasia (TRINDADE, 2007). Com a ajuda de seu mestre, Degas, aprendeu a desenhar muitas linhas, tanto de memória ou de natureza. Foi a partir daí que se tornou um bom pintor. Ser “original” era oferecer uma representação (relativamente) fiel das originalidades materiais da percepção e da experiência no mundo real.(GARB, 1998, p.146) Ele costumava dizer que nenhuma obra era menos espontânea que a sua, pois todo quadro exige dedicação. Ele tinha a especialidade de capturar imagens em movimento dando preferência por bailarinas, conseguia desenhar cenas de bocejo, coceira e até mesmo as bailarinas arrumando suas sapatilhas. Em suas obras os ângulos não são convencionais com as figuras que estão na tela, geralmente existe uma composição assimétrica com vazio no centro. Depois de 1886, pintou figuras de mulheres em pleno banho, e tinha como hábito falar que esses desenhos eram feitos pelo buraco da fechadura. Percebi também que ele gostava muito da distração dessas mulheres, acredito que dessa maneira ele mesmo valorizava mais o seu trabalho, considerando seu trabalho ainda mais valorizado. Para evitar que seus desenhos ficassem estereotipados, ele pedia que suas modelos deixassem ser conduzidas por ele, pois dessa maneira Degas conseguia gravar na memória e a partir dali desenhar em qualquer lugar que estivesse.


13 Analisei que este artista tem resposta a tudo o que lhe interrogam, mas me chamou a atenção é quando lhe perguntavam porque suas mulheres são feias, Degas afirmava, “que as mulheres de modo geral, são feias” ( STRICKAND,2002, p.107). Compreendi que Degas era um dos mais brilhantes desenhistas desta geração, sempre teve um profundo respeito aos velhos mestres. Ele tinha personalidade arredia e estranha. Era famoso também, pelo seu jeito indiferente e sua habilidade verbal. Tinha poucos amigos íntimos e, aparentemente, nenhum caso de amor, preferindo dedicar- se a sua arte. Este artista também é conhecido por não gostar de crianças, flores e cachorros, seu referencial era somente o trabalho. No entanto, sua amiga Mary Cassat, costuma o chamar de solteiro misógino, ele era muito intelectual e conservador, quando comparado a outros impressionistas. Quando se juntou aos impressionistas, Degas não abandou a antiga fidelidade pelo desenho. Muitas de suas melhores obras foram executadas em pastel (bastão em giz com pigmentos de diversas cores), meio que exercia sobre ele uma forte atração. Edgar Degas tentou um caminho na escultura. Para ele o toque determina a obra, e por isso mesmo, representava o meio mais fácil de se expressar. Ele expôs sua primeira escultura em 1881, um trabalho em cera que representava uma pequena bailarina adolescente. Nas suas esculturas e pinturas das bailarinas, Degas procura demonstrar a dança como uma arte dos movimentos humanos, representar do querer alcançar algum lugar ou objeto qualquer, ou modificar alguma percepção ou sensação de um ponto determinado. Quando ele terminava alguma representação de movimento, que estava descrito na relação de corpo com o objeto, a nossa intenção, cessa, pois não se pode imaginar a ação exterior terminada, sem que certo mínimo se imponha a mente. Esses movimentos tem como fim criar um estado, ou seja, nascem da necessidade de serem realizados, ou de uma ocasião que os excite. Acredito que esse impulsos não determinam nenhuma direção no espaço, eles são desordenados. Compreendo que os movimentos são feitos no espaço e que esse espaço tem um tempo, que determina um papel importante nas bailarinas de Degas. Tal tempo é o tempo em que as bailarinas se atuam por meio de um ciclo de atos musculares, em que se reproduz, como se a conclusão ou o término de cada salto engrenasse o impulso seguinte. Com isso, suas bailarinas criam uma “embriaguem” que vai do longo ao delírio. O estado da dança está esta na sua criação.


14 Suas obras deixam um ato misterioso, que vai da igualdade da duração até o intervalo do tempo. Segundo Paul Valéry, “A Dança engendra toda uma plástica: o prazer da dança irradia a seu redor o prazer de ver dançar” (VALÉRY,2003,p.36). Era um artista obcecado, capaz de atirar- se em direção a qualquer novidade, fosse na fotografia, na técnica da pintura, no desenho ou na escultura, como citado anteriormente. Degas sempre permanecia fiel a os seus princípios, a sua arte, a que ele manteve em constante renovação, na qual, era marcada por um realismo inovador, que mostrava um avanço em relação aos outros artistas. Por mais divertido e alegre que às vezes tinha parecido, seu lápis, seu pastel e seu pincel nunca o abandonaram. A vontade de tê- los perto sempre o dominava. Seu traço nunca estava suficientemente perto do que ele queria alcançar. Sempre desejava alcançar a perfeição da forma, multiplicava os rascunhos, as rasuras, avançava recomeçando inúmeras vezes e nunca admitia que havia alcançado o auge de sua obra. Degas era um artista que retomava seus desenhos, se aprofundava deixando se envolver de folha em folha. Para melhorar seu trabalho, voltava até seus rascunhos, onde adicionava cores e chegava a misturar materiais como o pastel e o carvão. O significado real não residia apenas no tema, pois, quando pintava uma bailarina, não era a dança que o atraía, mas o espetáculo do corpo no espaço e o desafio de transforma- lo em arte (GRANDES ARTISTAS, 1986, p.13)

Degas é um dos raros pintores que deu importância ao solo. Posso dizer que ele tinha “assoalhos admiráveis”, pois ele retratava uma dançarina de certa altura e toda a forma se projetava sobre o plano do palco. Essa técnica lhe deu vistas novas e combinações interessantes. O solo é um dos fatores principais da visão das coisas, pois de sua natureza depende em grande parte da luz refletida. Degas considerava a cor não mais como qualidade local que age por si própria e em contraste com as outras cores, mas como efeito local de todos os reflexos que ocorrem no espaço. A partir do momento que se percebe essa repercussão, em utilizá- la para dar à sua obra certa unidade totalmente diferente da sua composição, a sua forma se altera, e é neste momento que ele chega ao Impressionismo. Embora ele sempre desenvolveu muito bem a sua maneira de ver, nunca sacrificou o culto do contorno.


15 A paisagem, que estimulou nos artistas as interpretações que entendem “o impressionismo”, nunca o agradou. As raras vezes que as fez em seu ateliê era totalmente de memória. Era para ele uma diversão, mas ao mesmo tempo realizava isso por respeito aos outros artistas que eram fanáticos por pintar ao ar livre.

No grande artista, a sensibilidade e a técnica possuem uma relação particularmente íntima e recíproca que, no estado vulgarmente conhecido sob o nome de inspiração, alcança uma espécie de gozo, troca ou correspondência quase perfeita entre o desejo e aquilo que se realiza (VALÉRY, 2003, p.88).

Degas tinha todos os traços de um artista puro, seus desenhos tinham se tornado nele uma paixão, uma disciplina e uma ética que se bastava por si mesmas, uma preocupação que abolia todos os outros assuntos. Entendo que ele era o que queria ser: um especialista, em um gênero que pode se alcançar a uma espécie universal. Por volta de 1870, Degas passou a perder a visão, teve então que mudar a tinta a óleo para os tons pastéis, pois dessa maneira conseguia desenhar e colorir ao mesmo tempo, desenvolvendo assim seu estilo original. Interessante saber que ele foi o primeiro a expor suas obras finalizadas em pastéis, e também o primeiro a expor pastéis como obras acabadas ao invés de esboços. Além disso, foi o único pintor a produzir grande conjunto de obras importantes nesse grupo. A medida que seus olhos enfraqueciam, as cores de Degas se intensificaram, e ele simplificou as composições. Nos últimos trabalhos em pastéis que realizou, afrouxou a forma de manipular os pigmentos, fazendo- os explodir em raios livres, vigorosos, em cores vivas, colocadas juntas para provocar o impacto de ambas. Ele fazia contornos decisivos nas formas, preenchendo- as com manchas de cor pura. Acredito que, mesmo com esse acontecimento em sua vida, os seus quadros mostram muita firmeza e vontade no que fazia.


Capítulo 2 Considerações sobre possibilidades de ensino a partir do tema pesquisado

Este capítulo trata de abordar o Impressionismo na Escola. Mas antes de entrar no determinado tema, vou enfatizar um pouco sobre a importância da arte na escola. A meu ver, a escola deveria dar oportunidade para que seus alunos possam vivenciar e aprender que as artes constituem modos específicos para sua criatividade, integração com os colegas e a si mesmo. Pois é lá que alunos e professores se encontram e deveriam se dedicar em adquirir novos saberes, pois assim, ambos desenvolveriam novas habilidades e ampliariam seus conhecimentos artísticos.

Basta visitar uma escola numa data específica como Páscoa ou Dia das Mães. Ali se encontram murais cobertos de desenhos todos iguais. Ao perguntar qual é o seu, certamente, ela [uma criança de 10 anos] terá dificuldade em dizer e, neste caso, buscará algum detalhe particular fora do trabalho artístico para responder (SANTOS, 2008, p.15).

Para que isso não ocorra, o professor precisa se aperfeiçoar, tanto em saberes artísticos, como na sua história, quanto em saber organizar e desenvolver o seu trabalho escolar em arte. É preciso também oferecer ricas oportunidades de aprendizagem, ou seja, inventar possibilidades, inovar e ousar. Enfim, para desenvolver bem a aula, é preciso conhecer as noções e os conhecimentos artísticos dos alunos verificando o seu nível de aprendizagem, pois uns avançam mais do que outros. Feita esta breve introdução, tentarei dar um enfoque à importância desse assunto na escola. Acredito que os alunos, tanto no nível fundamental como no médio, podem se tornar conhecedores e admiradores de certos movimentos artísticos. O Impressionismo, por exemplo, seria um destes movimentos. Para tanto é importante que os alunos estudem alguns artistas de tal movimento, suas técnicas e saibam reconhecer algumas das principais obras, isso pode ajudar a formar alunos críticos e a conhecerem e compreenderem as diferenças entre um artista e outro do mesmo movimento.


17 Tanto a escola como os alunos devem ter o conhecimento de que é na sala de aula o lugar para que as propostas de trabalho em Artes devem se desenvolver. Assim devemos utilizar diferentes linguagens, principalmente as que os alunos se interessam mais, como o desenho e a pintura, Por exemplo. É lá que o aluno poderá ter um espaço de criação para aperfeiçoar essas linguagens. Para Kátia Helena Pereira

[...] É indispensável que as relações entre os sujeitos na sala de aula e os conteúdos sejam estabelecidos como maneira de aperfeiçoar o conhecimento sobre os objetos. Por isso, é necessária clareza no papel do professor como autoridade, como mediador, como propositor que deflagra caminhos (PEREIRA,2007, p.11).

Compreendo que essa turma não tem muito conhecimento sobre História da Arte, pois a escola não discute isto com seus alunos. Por isso, terei como objetivo, principal levar esse movimento artístico ao conhecimento deles, com a tentativa de desesteriotipar certos conceitos que os alunos têm sobre seus desenhos e também de certas produções artísticas. Pretendo trabalhar com os alunos no nível fundamental, o artista Claude Monet. Acho importante também que eles saibam que hoje Monet, é um artista mundialmente admirado e reconhecido pelas dificuldades que passou.

Determinado desde muito jovem a ser pintor. Monet foi, enfim, depois de muitas dificuldades, um homem plenamente realizado e feliz. Cultivou a beleza na arte e na própria vida (GRANDES ARTISTAS, 1986, p.54).

Este artista é muito importante para o movimento, por ser considerado o maior nome da arte impressionista. Além de ser muito dedicado tinha a facilidade de capturar os efeitos da natureza através de impressões passageiras de luzes. Nenhum artista antes dele conseguiu esse objetivo. Monet foi também o pintor que realizou com maior perfeição o ideal impressionista, sendo que este nome faz parte do título em seu quadro Impressão, O Sol Nascente.


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Claude Monet, 1972-1873. (Fonte:Coleção Gênios da Arte, 2001, p.41)

Esta pintura foi responsável pelo nome que o grupo recebeu “Impressionistas”, cunhado por um crítico como reparo depreciativo sobre a natureza “não acabada” das obras (STRICKLAND, 2002, p.96). É importante também que os alunos aprendem a identificar como Monet “tratava”, por exemplo, a água em suas pinturas. Vemos que o artista não fez questão de mostrar a forma exata das ondulações, mas por meio das pinceladas firmes é que surgem os reflexos em sua superfície.

Claude Monet,1904. (Fonte:Coleção Gênios da Arte, 2001, p13).


19 A partir desta imagem, podemos ver que o pintor consegue captar a imagem e não o que a mente concebe sobre o tema. Com o auxílio das figuras n°01 e n°02, observa-se as cores que o artista costumava utilizar. Na maioria das vezes, são tons solares, cores primárias puras em pinceladas uma ao lado da outra, ou seja, as sombras são cores complementares em pinceladas uma ao lado da outra.

Claude Monet,1874. (Fonte: Coleção Gênios da Arte, 2001, p.36).

Neste quadro é possível observar o talento do artista para retratar a água. Ele reproduz seus reflexos e o leve balanço da superfície com apenas algumas pinceladas, que demonstram até linhas abstratas. Monet foi um artista de extrema importância para o Impressionismo, pois ele soube fazer da imagem registrada pelo seu olho o ponto de partida para a sua obra. Embora também buscasse a objetividade ele nunca foi um artista impessoal. Acredito que a sua arte não era só observar e registrar, mas também tinha como objetivo principal encontrar a variação da luz. Observei que as suas obras escapam a qualquer análise ou explicação. Compreendo que a sua arte também, contém uma interpretação poética e muito pessoal da realidade. Com isso, é fundamental seguir a recomendação que o próprio artista deixou sobre as suas obras: “Tentar esquecer que objetos têm a sua frente, árvore, casa, campo ou o que for. Pense apenas: „Aqui está um quadradinho azul, aqui uma forma alongada cor- de –rosa,


20 aqui uma faixa amarela, e pinta- a exatamente como você a vê‟” (STRICKLAND, 2002, p.97). Levando em conta esta consideração, será possível fazer com que os alunos esqueçam um pouco dos desenhos estereotipados que fazem em sala de aula, e procuram observar mais os objetos que os cercam. Conforme citado no capítulo anterior, este movimento teve a participação de Edgar Degas, um artista impressionista, que apresentava diferenças em relação ao movimento. Em virtude disso, acredito na importância dos alunos conhecerem também outro este artista. Segundo Janson:

Quando se juntou aos impressionistas, Degas não abandonou a antiga fidelidade ao desenho. Muitas de suas melhores obras foram executadas em pastel [...], meio que exercia sobre ele forte atração, dado que lhe permitia simultaneamente efeitos de traço, tonalidade e cor (JANSON, 2001, p.894).

É preciso saber que, ao contrário de Monet que usava pinceladas, Degas era um artista que seguia muito a linha. Suas obras eram basicamente destinadas ao movimento, em alguns aspectos. O artista não compartilhava com as exigências do movimento. Observei que a sua arte traduzia uma capacidade diferente aos outros representantes do movimento impressionista. Podemos fazer algumas observações na maneira como o artista realiza suas obras.

Edgar Degas,1878 (Fonte: www.historiadaarte.com.br.)


21 É possível analisar nesta obra, que Degas se interessava muito pelo traço. Podemos notar que seus desenhos são rápidos e precisos. É importante comentar com os alunos que ele costumava elevar algumas linhas, inventar outras, ou seja, ele criava um enquadramento descentralizado, como ele mesmo diz já: “olhando pelo buraco da fechadura” Percebi que pouco se sabe sobre as esculturas de Degas, e quando se fala sobre o assunto tudo se envolve em um mistério. Sabe-se que durante a sua vida expôs a única obra: A Pequena Bailarina aos 14 anos. Esta obra é um exemplar em bronze da única escultura que expôs. Quando visto pela primeira vez, em 1881, o modelo original, em cera, deixou a crítica e os artistas perplexos por seu realismo sem precedentes: a menina vestia roupas reais e usava até uma peruca. Degas trabalhava com cera, usava também gesso e argila e com freqüência colocava em seus procedimentos materiais e objetos estranhos. Muitas de suas criações exibiam provas de sua elaboração, por meio de impressões digitais preservadas e apresentavam marcas denteadas de modelagem, que era de uso habitual dos escultores do final do século XIX. Para Paul Valéry, “Na pintura das bailarinas, a dança é uma arte dos movimentos humanos, daqueles que podem ser voluntários [...] ou modificar alguma percepção ou sensação em um ponto determinado”. (2003, p.33). Isso também está presente escultura que segue.


22

Edgar Degas, 1881. (Fonte:www.historiadaarte.com.br)

Além dos alunos saberem diferenciar os dois artistas apresentados, é importante que aprendam a importância de Degas para o movimento, como seus outros amigos impressionistas. O artista criou obras marcadas pelo realismo inovador. Ele costumava usar temas do cotidiano, seu instrumento para realização de seu trabalho era um pincel, que revela uma visão, acredito eu, pouco tolerante da realidade e expressa, ao mesmo tempo, seu talento em trabalhar com a cor. Quando ele estava quase cego, com a saúde frágil, terminou seus dias solitário, vagando pelas ruas. Em relação ao ensino da disciplina na escola, vejo que discutir as Artes Visuais, coloca o professor diante de muitas dificuldades. O espaço físico da sala não é o mesmo que costumamos usar na universidade, o que dificulta a realização do planejado. Além disso, os contextos propostos nem sempre estão ligados ao ensino/ aprendizagem, ao interesse dos alunos pela disciplina, ao uso de materiais compatíveis que o educador necessita para ensinar o conteúdo. Os conteúdos programáticos em arte devem incluir noções a respeito da arte produzida e em produção pela humanidade, incluindo artistas, obras, formas visuais, corporais, desenho, pintura, modelagem, sempre articulando as vivências e apreciações no ambiente cultural.


23 No caso das crianças e dos jovens, é importante que o professor proponha atividades que propiciem vivências de ensino e aprendizagem dos mesmos, considerando tanto os mais simples como os mais complexos. Em suma, para desenvolver bem as aulas, o professor precisa conhecer as noções e os fazeres artísticos dos alunos, verificando a medida de seu rendimento para auxilia –los.

[...] O ensino somente é bem- sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das forças intelectuais.[...] Quando mencionamos que a finalidade do processo de ensino é proporcionar aos alunos os meios para que se assimilem ativamente os conhecimentos é porque a natureza do trabalho docente é a mediação da relação entre aluno e as matérias de ensino (LIBÂNEO, 1991, p.54-55).

Enfim, escolhi o tema Impressionismo, por ser um movimento artístico que me interessou por ter sido, a meu ver, um movimento que superou de uma maneira radical a rejeição da perspectiva, da composição e das figuras idealizadas da Renascença. Optei pelo mesmo, por ver que os alunos se interessam muito por cor e tinta e penso que os mesmos irão gostar de aprender sobre o movimento. O assunto me interessou também, porque os artistas registravam as “impressões” de que seus olhos viam, criando dessa maneira pinceladas curtas, distintas e de preferência com efeitos da luz. A obra de arte nesse período, deixa de ser apenas uma cópia da natureza e ganha novos rumos, tendo que buscar algo novo, contribuindo dessa maneira para a pintura moderna no século XX.


Capítulo 3 Diálogo com a Escola Informações da Escola 3.1.Histórico A Escola Estadual de Educação Básica Santa Rita, localizada no Município de Nova Santa Rita, sob jurisdição da 27ª Coordenadoria de Educação, foi criada através do Decreto 32.593/82 e autorizada pelo Parecer do Conselho Estadual de Educação n°10.37/85. Segundo a Diretora Patrícia Fernandes Amorim, a Escola está passando por uma “reciclagem”, pois essa Escola e a do Ensino Médio, localizada no mesmo endereço, se tornarão uma só, a partir de novembro, na qual a comunidade elegerá a Direção. Afirma também que Vice- Direção, Orientação e Supervisão já são uma só. A Escola tem como filosofia: “O aluno é um importante papel na transformação da sociedade.” (PP,1990,P.12) 3.2.Caracterização A Escola Estadual de Educação Básuca de Santa Rita, está situada na Rua João Antônio de Oliveira n° 268, Loteamento Bela Vista, na cidade de Nova Santa Rita. Segundo a Diretora Patrícia, nas dependências da Escola, possui dois banheiros apropriados para os alunos, um para professores,uma biblioteca aberta também a pais e responsáveis e uma quadra para as aulas de Ed. Física. A Escola não tem sala específica para as aulas de Artes, os alunos também não podem contar com materiais dados pela Escola, cada aluno tem o dever de ter o seu. A diretora Patrícia não soube me dizer exatamente a área da Escola, mas segundo Patrícia, são bem amplas o que ajuda nas festas que a Escola faz nas datas festivas.


25 As salas de aula são pequenas pelo número de alunos, o prédio conta com apenas 17 salas, com classes, cadeiras e quadro de giz em estado regular. A Escola funciona nos turnos manhã, tarde e noite. No decorrer do ano letivo são desenvolvidas gincanas e jogos para integração com as turmas. 3.3.Avaliação A avaliação ocorre a cada trimestre, onde são usados os conceitos: I-0 a 59 (reprovação); S-71 a 89 (suficiente para aprovação mínima); B-71 a 89 e MB- 90 a 100 (aprovação). 3.4.Ensino das Artes No PP da Escola, a única referência que encontrei foi o projeto que o professor deve seguir durante o ano letivo. Os planos descritos são: Reta, Simetria, Figuras Geométricas, Identificação de Cores e Coordenação motora para pintura à lápis ou giz de cera. 3.5.Análise Ensino Fundamental (Professora) Neste período de observações silenciosas com a professora do Ensino Fundamental, percebi que as aulas de Artes estão exigindo que o professor adquira noções de ensino e aprendizagem, pois as Escolas se deram conta que é preciso profissionais com conhecimento na área e comprometidos com o ensino para que ele realmente aconteça.

Em tempos de aquecer transforma- ação a saída possível é que nos tornamos, cada vez mais, professores pesquisadores. Ávidos por descobertas, corajosos e ousados para permitir o caos criador e o estudo que nos leva para o que ainda não sabemos, compromissados de nossas ações, desejosos por compartilhar (MARTINS,2002,p.55).

Portanto, é necessário constantes buscas e aperfeiçoamentos para que a disciplina de Artes não seja vista com menos seriedade que as demais. Quanto aos conteúdos, pelo que ela me disse, são extraídos da coleção Arte e Habilidade, mas acredito que ela deveria buscar recursos em exposições, vídeos, revistas, internet, etc.


26 Sobre a avaliação, no meu ponto de vista é muito boa, pois leva em conta a participação e o interesse do grupo, e não somente o produto final.

Com referência ao ensino e aprendizagem de arte, o ato avaliativo não pode ser uma simples mensuração de produtos finalizados [...]. A avaliação é um processo de verificação do que e como o aluno pratica elaborações artísticas e estéticas sobre o mundo. Cabe ao professor reconhecer o caráter desse aprendizado e, portanto, avaliá- lo (FERRAZ & FUSARI,1999,p.123).

De tudo o que vi e ouvi nestas observações acredito que para ser um bom professor de Artes é necessário desenvolver as potencialidades dos alunos, dentro de suas limitações, pois temos que saber distinguir e, principalmente respeitar as particularidades de cada um. 3.6.Análise Ensino Fundamental (Aluno) Analisando a turma B31, 5ª série, percebi que eles possuem poucos conhecimentos sobre Artes, pois à acham importante para desenhar e pintar livremente. Tal fato não me surpreende, pois grande parte desta turma é procedente das séries iniciais e aprendizes da mesma docente. Nestes anos, as Artes são trabalhadas com pinturas de desenhos estereotipados ou desenhos livres, os quais não acrescentam nada ao aluno em termos de Arte.

Os desenhos estereotipados empobrecem a percepção e a imaginação da criança, inibem sua necessidade expressiva; embotam seus processos mentais, não permitem que desenvolvem suas potencialidades.Estereotipar quer dizer então, simplificar, esquematizar reduzir a expressão mais simples (VIANNA,1994,p.5).

E nós, como educadores não podemos aceitar essa condição porque queremos a transformação. Essa turma precisa dessa disciplina, para desfazer e modificar o conceito que tem de Artes, e também para compreender seu verdadeiro valor. Examinando de forma geral, fica claro que os alunos preferem aulas práticas e em duplas, para trocar idéias e ter um colega para lhe ajudar também.


27 O estereótipo torna- se alternativa facilmente adotada na expressão plástica por se apresentar como forma segura de representação, um modo de não se arriscar, de não se expor. Essa busca de garantia de aprovação resulta em trabalhos mecânicos, acomodados, sem desafios (BUORO,2003,p.36).

Quanto às aulas de Artes, percebo que os educadores estão satisfeitos com a disciplina e que o material solicitado é quase sempre levado por todos. E, a meu ver, é um ponto positivo para uma aula de qualidade.

3.7.Análise das Observações Silenciosas- Ensino Fundamental Neste período de observações silenciosas, onde acompanhei a turma B31, percebi que as aulas de Artes precisam se “atualizar”. A prática me mostrou uma professora formada no magistério há 28 anos que ensina desenhos geométricos e desenhos livres, pois é a atividade que grande parte da turma gosta de realizar.

Ao assumirmos que a arte deve ser ensinada e aprendida também na escola, temos a necessidade de trabalhar a organização pedagógica das inter- relações artísticas e estéticas junto aos estudantes [...]. O trabalho com a arte na escola tem uma amplitude limitada, mas ainda assim há possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e qualitativamente bem- feita (FERRAZ & FUSARI,1999,p.19).

Durante as observações, notei que os alunos se interessam pelas aulas e gostam de desenhar, utilizando lápis de cor, canetinha e lápis n°2. Percebo que quando a docente solicita que eles façam desenhos geométricos, por exemplo, ela não utiliza material didático que sirva de apoio a seus alunos. Ela não percebe a necessidade que o aluno tem de ver, tocar e perceber. Segundo Maria Heloisa C. deT. Ferraz e Maria F. de Rezende e Fusari: O ideal é que se trabalhe a observação e análise utilizando o aspecto físico, intuitivo e o contato mais profundo com as formas; é uma observação que procura desenvolver todos os ângulos visuais possíveis, investigando os objetos e fenômenos tanto com a visão, como também com os demais sentidos (REZENDE & FUSARI,1999,p.59).


28 Os alunos sempre procuram alcançar os objetivos propostos pela professora e se esforçam para deixar seus trabalhos bonitos, neste momento percebo que exercitam sua imaginação e fantasia. Quanto à escola, percebo que direção e supervisão acham que a disciplina de Artes importante, tanto para o desenvolvimento cultural, como para despertar a criatividade de seus alunos.


Capítulo 4 Projeto de Ensino em Artes Visuais

4.1- Dados gerais do Projeto Nome da autora do Projeto: Casciana Tedesco. Nome e endereço da Escola: Escola de Educação Básica Santa Rita, situada na Rua João Antônio de Oliveira n°268, no Loteamento Bela Vista, na cidade de Nova Santa Rita. Tema do Projeto: A primeira impressão é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Justificativa

do

Projeto:

Este tema

introduz o aluno no conteúdo de

impressionismo, trabalhar este tipo de expressão artística e proporcionar aos alunos atividades diferenciadas e realizar trabalhos com diversidade de cores e materiais. Objetivos

Gerais

do

Projeto:

Perceber as características do Movimento

Impressionista e compreender que com cores básicas é possível estabelecer relações diferentes e desenvolver a criatividade através de atividades práticas. Objetivos Específicos do Projeto: Perceber as características do Movimento Impressionista, compreender que com poucas cores se consegue muitas, reconhecer cores complementares, compreender como se obtém as tonalidades, trabalhar a pintura impressionista através da sobreposição de cores e conhecer e identificar as obras de Claude Monet.

4.2- Prática de Ensino 4.2.1- Aula: 01. Data:

05/03/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo.


30 Objetivos: Apresentar o Projeto de Ensino. Manipular materiais com várias cores. Conteúdos: Projeto de Ensino. Cor e suas matizes. Metodologia: Expositiva/ dialogada. Desenvolvimento: Primeiramente, apresentarei o Projeto de Ensino, com o auxílio do quadro negro, onde explicarei o objetivo geral do mesmo. Solicitarei que a turma se divide em 3 grupos, os quais eu tomarei nota dos mesmos para os trabalhos a serem realizados. Entregarei aos alunos catálogos de cores de tintas para que possam manipular- los, e observar as cores que se formam. Enquanto isso, distribuirei aos alunos uma cópia que explica a definição de cor.

Algumas definições de Cor “A aparência dos corpos, segundo o modo por que refletem ou absorvem a luz” “Impressão particular que causam, no sentido da visão, os diferentes raios luminosos, simples ou combinados, quando refletidos pelos corpos” “A cor é a sensação resultante da impressão produzida no órgão da visão, pelos raios da luz, que incidem nos objetos, decomposta e refletida”

Estudo da Cor. (Fonte: TRINDADE e HEYDRICH, 2005, p.9).

Para concluir, perguntarei se ficaram com algumas dúvidas, e peço que anotem o material para próxima aula: lápis de cor, canetas hidrocor e folhas A4. Recursos: Catálogos com cores de tintas. Cópias para cada aluno da fig. 01.


31

Realizado: Por ordem da direção da escola, aguardei o professor titular na sala dos professores. Ao bater o sinal ás 13h, ele ainda não havia chegado, e após um atraso de 15 minutos, nos dirigimos para a sala. Logo que entramos os alunos estavam calmos e, para minha surpresa, a turma é formada por 17 alunos e a sala de aula não tem espaço físico. As mesas, não existem, apenas cadeiras com apoio de braço, para que o aluno escreva com a mão direita, o que impossibilita realizar atividades já planejadas que seriam aplicadas aos aprendizes. Segundo Ferraz e Fusari:

Para o educador Georges Snyders (1992 : 13-15) esse confronto deve ser priorizado no âmbito da escola [...]. Completando, queremos ressaltar a necessidade de um programa de curso de arte bem estruturado, que leve em consideração as experiências dos alunos com a natureza e culturas cotidianas e garanta a ampliação destes e de outros conhecimentos (FERRAZ & FUSARI, 1999, p.50).

O confronto ao qual se refere o autor acima, é às estruturas, funcionalidades e as características da escola. Acredito que tais imprevistos são capazes de afetar e contribuir muito no aprendizado, podendo tornar um aluno sem interesse pela disciplina. Após ser apresentada pelo professor titular, expliquei à turma que trabalharei com eles as próximas 12 semanas de aula. Pedi que cada aluno falasse seu nome em voz alta, os quais eu anotei em uma folha, afim de gravar os nomes, pois a turma toda estava presente. Quanto à divisão dos grupos, ao notar que a sala é retangular e não tem espaço, pedi que se agrupassem, um grupo à esquerda, um no meio, e outro à direita. Assim, se eu permanecesse em pé, poderia observá- los. Perguntei se eu poderia fotografar as aulas de Artes, que o mesmo faz parte do meu estágio. A resposta não foi positiva, quando solicitei que levantassem a mão para responder, nenhum aluno se acusou, fato este que me preocupou muito. Os poucos minutos que sobravam, para o término da aula, acredito que foi de extrema importância aos aprendizes. Percebi que gostavam de manusear os catálogos e gostaram das cores.


32

Para Santa Marli dos Santos:

As cores, assim como as ciências e as artes, são sistemas simbólicos, por isso é fundamental que a criança aprenda a decodificar os símbolos desta linguagem, realizando experiências cromáticas significativas (SANTOS,2008, p.47).

Lamento o pouco tempo de aula, mas percebi que a turma é participativa e dinâmica, a tal ponto do professor titular, pedir que eu recolhesse o material, pois estava na troca de períodos. Por eventualidade, minha próxima aula, é no período que segue, com o mesmo professor titular, porém, com o Ensino Médio.

4.2.2. Aula: 02. Data:

12/03/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Compreender que com poucas cores se conseguem muitas. Aplicar a sobreposição das cores em um desenho geométrico. Reconhecer cores complementares. Conteúdos: Disco de Newton. Cores primárias, secundárias e terciárias. Desenho geométrico. Cores complementares. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Trabalho individual. Desenvolvimento: Primeiro farei uma revisão do conteúdo, falarei para os alunos que cor é luz e que a mistura das cores do aspecto solar resulta na cor branca.


33 Após, comentarei que o vermelho, o azul e o amarelo, se distinguem das demais cores pela pureza, e a partir delas, conseguimos produzir uma ampla série de cores. Darei a cada aluno uma cópia em que estão descritas as cores primárias e secundárias. CORES PRIMÁRIAS

CORES SECUNDÁRIAS

AMARELO: amarelo+ vermelho=

LARANJA

AZUL: azul+ amarelo=

VERDE

VERMELHO: vermelho + azul=

VIOLETA

Mistura de cores. (Fonte: TEDESCO, 2010).

A seguir, cada aluno receberá uma folha canson A4 e pedirei que façam um desenho com as três formas geométricas (quadrado, triângulo e circulo), mas que os mesmos deverão se sobrepor em algumas partes. Após, explicarei que este trabalho nos mostra as cores secundárias, ou seja, a mistura de duas cores primárias, e que se misturarmos mais uma primária a essa secundária, obteremos uma terciária. Ex.: vermelho-alaranjado (abóbora), amarelo- alaranjado (ouro). À medida que concluem o trabalho, realizaremos um comentário geral da atividade. Recursos: Cópia para cada aluno da fig.2. Folhas canson A4. Lápis de cor. Giz de cera. Máquina Fotográfica.

Realizado: Ao bater o sinal, às 13h., procurei me dirigir para a sala de aula, mas a vice diretora me orientou que esperasse 10 minutos, pois esse é o tempo de tolerância que a escola propõe aos alunos em virtude do atraso de alguns ônibus, fato que eu até então desconhecia.


34 A nossa aula começou com muita conversa, alguns alunos chegavam atrasados, outros entravam e saiam, mas após se acomodarem o clima ficou mais tranqüilo, então aproveitei e fiz a chamada. Dando início ao conteúdo, revisei as definições das cores e lembrei que a partir das cores: amarelo, azul e vermelho, conseguimos produzir uma ampla série de cores. Segundo Santos: Cada cor tem sua identidade própria, mas assim como as pessoas sofre influências de todas as outras. Quando diferentes cores estão agrupadas, a subjetividade muda sua intensidade e esta subjetividade é criada apenas pelo olho humano. Já com a forma é diferente, ela conserva sempre suas características iniciais (SANTOS,2008, p. 51).

Um aluno relatou que gostou de ver os catálogos das cores, pois não sabia que poderia se formar vários tons diferentes. Dando continuidade, percebi a dificuldade que os alunos encontraram para fazer a composição geométrica, por não terem espaço adequado para realizar a atividade. Segundo Ferraz e Fusari: “O trabalho com arte na escola tem uma amplitude limitada, mas ainda há possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e qualitativa” (FERRAZ & FUSARI,1999, p.19). Enquanto observava os alunos, percebi que eles estão usando bem a sobreposição das cores, mas notei que eles têm um certo receio do erro, o que ocasiona um medo de se arriscar. Acredito que esse fato ocorre pela falta de conhecimentos artísticos, pois estão acostumados a propostas livres. Entretanto, poucos alunos conseguiram aplicar o maior número de formas. Para os alunos, o que mais destacou, foi o aparecimento da cor secundária. Depois de alguns trabalhos prontos, alguns alunos perceberam o aparecimento das cores que surgiram, as cores terciárias.


35

Trabalho de aluno. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Trabalho de aluno. (Fonte: TEDESCO,2010).

Recolhi os trabalhos para possíveis reflexões, enquanto isso, a professora do período seguinte aguardava a minha saída. E os demais alunos me prometeram que vão entregar os trabalhos na próxima aula.

4.2.3.Aula: 03. Data:

19/03/10.

Planejado: Tema: A primeira impressão é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Compreender que a mistura de todas as cores resulta no branco, através do Disco de Newton. Reconhecer cores complementares.


36 Conteúdos: Disco de Newton. Cores complementares. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Prática individual. Desenvolvimento: Primeiro, revisarei o conteúdo da aula anterior, onde novamente falarei que cor é luz, e que a mistura das cores do aspectro solar resulta na cor branca e para isso mostrarei o Disco de Newton.

Disco de Newton. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Explicarei que podemos entender a teoria da Newton da seguinte maneira: a luz branca, como o raio de sol, entra por um prisma, que entra em refração e dispersa a luz resultando o aspectro que através da lente passa por um único ponto, por isso a cor branca é o resultado de todas as cores. Em seguida, explicarei as cores complementares, que ficaram pendentes da aula passada por falta de tempo. Falarei para os alunos, que cada cor primária- luz, é o complemento das outras duas, ou a que falta para formar o pigmento- luz. Cada cor primária é também o complemento para outras duas. Para concluir, pedirei que os alunos observem seus trabalhos realizados na aula passada e falem sobre os mesmos, dizendo se tiveram dificuldades, ou se conseguiram concluir de maneira tranqüila. Recursos: Disco de Newton.


37 Folha canson A4. Lápis de cor. Caneta hidrocor. Máquina Fotográfica.

Realizado: A aula se iniciou às 13h10min., com muito tumulto, uns alunos entravam gritando e pedindo que eu cedesse o período para organizar a festa de aniversário da professora do período seguinte. Para Santos:

O educador é o mediador pedagógico e, portanto, precisa atuar no processo de construção do conhecimento artístico da criança. Cabe a ele organizar as atividades com intencionalidade e sistematicidade, caso contrário, para passar o tempo e distrair as crianças não há necessidade de uma formação específica (SANTOS, 2008, p.14).

Imediatamente neguei tal pedido e pedi que eles se sentassem para que eu desse inicio à aula. Enquanto alguns alunos me entregavam os trabalhos pendentes, outros me pediram para finalizá- los, pois em casa não tinham material. Deixei que os alunos finalizassem, pois agora estavam mais calmos. Continuei com uma revisão da aula anterior e durante a explicação um aluno me questionou que estava com dúvidas em relação ao Disco de Newton, neste momento mostrei o mesmo e esclareci a dúvida. Surgiu, então, mais dúvidas sobre a mistura das cores e suas matizes, a partir daí, deixei circular pela sala os catálogos das cores que havia mostrado na primeira aula, para que eles pudessem relembrar. Na seqüência, alguns falaram que gostaram da atividade, enquanto a minoria falou que encontrou dificuldades em fazer a composição, pois estão adaptados a fazer desenho livre. Para Santos:

O uso indiscriminado das cores, leva muitas vezes, há uma poluição visual que, de certa forma, prejudica seus efeitos e compromete a organização [...]. Isto se dá, entre outras coisas, pela falta de educação que permita conhecer a teoria da dinâmica das cores, seus efeitos e possibilidades em cada situação da vida. O estudo da


38 cor e sua influência lógica e psicológica podem e devem ser iniciadas desde a infância (SANTOS, 2008, p.47).

Percebi essa dificuldade no uso das cores ao analisar os trabalhos dos alunos.

Trabalho de aluno Matheus. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Trabalho de aluno. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Ao finalizarem os trabalhos, iniciou uma correria, pois havia dado o sinal, e ainda pediram a minha ajuda para segurar a professora no corredor, pois eu não havia dado o período para arrumar a festa e eles tinham que organizar a sala.


39

4.2.4.Aula:04. Data:

26/03/10.

Planejado: Tema:A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Identificar cores neutras. Compreender como se obtém as tonalidades. Conteúdos: Cores neutras. Escala Tonal. Pintura. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Prática em grupo. Desenvolvimento: Inicialmente, revisarei o conteúdo da aula passada e perguntarei se os aprendizes recordam das cores estudadas. Em seguida, perguntarei se alguém sabe como se classifica o branco e o preto, pois até o momento não usamos os mesmos nas atividades. Independente das respostas, explicarei que os mesmos são considerados cores neutras e que servem para dar tonalidades às outras cores. Em seguida, dividirei a turma em 3 grupos: o grupo amarelo, o vermelho e o azul. A seguir, cada grupo deverá desenhar sua escala tonal na folha canson A4, sendo que, a escala deverá conter 12 linhas, sendo que na primeira linha terá que ter a cor branca, na última a cor preta e na sexta linha a cor original. Após, explicarei que cada grupo deverá pintar sua escala tonal, através da tinta original, mais a mistura do preto e do branco, a fim de cada linha ter a sua tonalidade. Com os trabalhos concluídos, pedirei que limpem a sala. Na seqüência, cada grupo deverá mostrar a sua escala tonal, ou seja, mostrando a que vai do mais claro ao mais escuro. Para finalizar, falarei que o preto e o branco são as cores que servem para dar tonalidades as cores.


40 Recursos: Tinta guache. Pincéis. Bandejas. Jornais. Potes para água. Fita adesiva. Papel canson A4. Panos para limpeza. Máquina Fotográfica.

Realizado: Logo que entrei para a sala, às 13h10minutos, percebi que esta seria uma aula como as outras. Os poucos alunos que compareceram entravam gritando, se empurrando e uma aluna chegou a dar um tapa em um colega, por um motivo que até agora me interrogo. Quando consegui acalmar a turma, realizei a chamada e pedi que os 12 alunos presentes formassem três grupos, para realizar a atividade proposta. Distribuí aos aprendizes jornais, pincéis, tintas, bandejas e uma folha canson A4 para cada grupo. Em seguida, expliquei como deveriam desenhar a escala tonal. Neste momento percebi que eles se interessaram mais e, mesmo sem ter espaço na sala, cada grupo procurou participar do trabalho, pois segundo eles escala tonal é um novo aprendizado. Para Santos:

A aprendizagem, quando é significativa para o aprendiz, possui um grande valor e encerra uma enorme possibilidade de ser duradoura. Acredita-se que ao trabalhar com as artes plásticas [...]. O trabalho escolar se reveste de sentido e significado, pois a arte está centrada na busca do novo, do simbolizar, do imaginar e do criar (SANTOS, 2008, p.24).

Em seguida, um grupo já queria pintar sua escala, tratei de explicar e demonstrei como se iniciava a pintura, retomando a explicação dada no início da aula.


41 Com isso, começou uma pequena agitação para fazer a mistura das cores, pois estavam curiosos para ver a cor que sairia e ficaram surpresos com as novas cores que foram criando. Para Kátia Helena Pereira:

Quando os alunos criam a partir da proposta do professor, interpretam aquilo que é pedido e procuram corresponder a certa expectativa - do professor e dos colegas. Há nos procedimentos a tentativa de “acerta”, ou seja, aproximar- se do que se quer e do que se imagina que o outro queira (PEREIRA,2007, p.13).

Percebi que alguns alunos tinham medo de errar e tom da cor me questionando a cada momento se o trabalho estava bem feito.

Alunos trabalhando. (Fonte: TEDESCO,2010).

Alunos trabalhando. (Fonte: TEDESCO,2010).

Antes de finalizar a aula, solicitei a limpeza da sala, embora apenas três alunos me ajudaram.


42 Contudo, fiquei satisfeita com o realizado, pois saiu com estava planejado. Recolhi as escalas tonais e levei comigo, e agradeci ao professor seguinte pelos minutos cedidos da sua aula, para que eu realizasse a minha.

4.2.5. Aula:05. Data:

31/03/10.

Planejado: Tema: A primeira impressão é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Trabalhar a pintura impressionista através da sobreposição das cores. Conhecer imagens de obras de Claude Monet. Conteúdos: Impressionismo. Leitura de imagem. Cores. Artista Claude Monet. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Prática individual. Desenvolvimento: Primeiro, revisarei rapidamente com eles os conteúdos vistos até agora sobre cores, bem como o uso de suas tonalidades e sobreposição. Afirmarei que é importante terem compreendido o conteúdo, pois iremos trabalhar com o Impressionismo, que exige um conhecimento prévio quanto o uso de suas cores na pintura. A seguir, fixarei no quadro negro, uma reprodução de obra do artista Claude Monet para que possam conhecer as pinceladas do artista.


43

Claude Monet,1872-1873. (Fonte: Gênios da Arte, 2001, p.41).

Deixarei circular pela sala o Livro Monet, da Coleção Gênios da Arte, para que os alunos possam conhecer mais obras do artista. Cada aluno receberá uma cópia do texto sobre o artista e o movimento. Assim, conforme Kohl, Claude Monet: Foi um pintor francês, conhecido como o líder dos impressionistas, um grupo de pintores que pintavam o que viam e sentiam. Monet era conhecido por pintar com pinceladas curtas e toques de salpico, captando a luz e reflexo em sua obra. Suas pinturas eram lindas, mas nem sempre ele ficava feliz com elas. (KOHL, 2001, p. 49)

E, conforme Trindade, Impressionismo: O nome do movimento foi dado pelo crítico de arte Louis Leroy, que após ter contemplado a tela de Claude Monet, Impressão, Sol Nascente, a ridicularizou dizendo que era um quadro inacabado e dava somente a impressão da realidade. (TRINDADE, 2007, p. 20)

Na seqüência, cada aluno receberá uma folha canson A4 e fotos de revistas, para que realizem uma pintura a partir da imagem que receberam, porém teriam que usar as técnicas de pintura impressionista. Com a conclusão do trabalho solicitarei a limpeza da sala, e o comentário dos alunos. Recursos: Livro Monet da Coleção Gênios da Arte. Imagens de obra de Claude Monet.


44 Cópias para cada aluno. Fotos de revistas Folhas canson A4. Tintas. Pincéis. Jornais Máquina Fotográfica.

Realizado: Ao entrar na sala de aula percebi que os alunos estavam muito agitados, gritavam, se empurravam, alguns alunos entravam e saiam da maneira que quisessem. Após alguns instantes, consegui acalmar a turma e realizei a chamada. E aos poucos o tumulto se iniciava, então pedi que quem não quisesse participar da aula se retirasse, e para a minha surpresa a turma ficou em silêncio. Analisando melhor a minha postura como estagiária, percebi que esta não foi uma atitude tão indicada para o acontecimento, pois percebi que outros alunos ficaram com certo receio de mim. Para Ferraz e Fusari: “A expressão infantil é, pois, a mobilização para o exterior de manifestações interiorizadas e que formam um repertório constituído de elementos cognitivos e afetivos” (1999, p.55). Tratei então de iniciar o conteúdo planejado, mesmo sabendo que com todo esse conflito não teríamos tempo para concluir, fato que me deixou muito preocupada. Ao anexar a obra do artista no quadro, muitos alunos acharam lindo, enquanto outros disseram “não entendo” algumas obras, que estavam no livro que deixei circular, pois não estão acostumados a ter aula com imagens de artistas. Para Ferraz e Fusari:

Logo, é na cotidianidade que os conceitos sociais e culturais são construídos pela criança, por exemplo, os de gostar, desgostar, de beleza, feiúra etc. Esta elaboração se faz de maneira ativa, a criança interagindo vivamente com as pessoas e sua ambiência (FERRAZ & FUSARI,1999, p.42).

Após uma breve explicação sobre os textos entregues, solicitei que realizassem a pintura se baseando na técnica impressionista.


45 Como já tinha dado o sinal e a professora seguinte estava atrasada, poucos alunos iniciaram a atividade, recolhi os trabalhos incompletos para fotografar em casa e continuar na próxima aula.

Trabalho de aluno. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Trabalho de aluno. (Fonte: TEDESCO, 2010).

4.2.6. Aula: 06. Data:09/04/10. Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivo: Trabalhar a pintura impressionista através da sobreposição das cores.


46 Conteúdos: Impressionismo. Pintura. Cores. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Prática individual. Desenvolvimento: Inicialmente, revisarei o conteúdo da aula passada, explicando novamente que o artista Monet usava em suas obras pinceladas curtas e toques de salpico, captando a luz e o reflexo em suas obras. E que o nome do movimento se deu a partir da obra “Impressão, Sol Nascente”, pois o crítico Louis Leroy, considerou a obra inacabada. Após, cada aluno deverá pegar sua folha canson A4, que foi entregue na aula passada e entregarei as fotos de revistas para que realizem uma pintura com a técnica impressionista a partir das fotos recebidas. Deixarei o livro Monet circular pela sala como na aula anterior e pedirei que os conflitos que ocorreram na aula passada não se repitam. Concluída a atividade, solicitarei a limpeza da sala. Recursos: Livro Monet, da Coleção Gênios da Arte. Tintas. Pincéis. Jornais. Folhas canson A4. Fotos de revistas. Material para limpeza. Máquina fotográfica. Realizado: Logo que entrei para a sala, às 13h10minutos, percebi que esta seria uma aula como as anteriores. Estavam presentes apenas 4 alunos, mas aos poucos os demais começaram a chegar, com eles vieram o tumulto, a gritaria e a agitação que é comum em todas as aulas.


47 Aos poucos consegui acalmá- los e dar início à aula. Iniciei revisando o conteúdo sobre Impressionismo e o artista Monet. Para a minha surpresa a turma estava em silêncio, todos prestando a atenção no conteúdo que estava sendo revisado e nas imagens do livro Monet que circulava pela aula. Para Ferraz e Fusari:

Em qualquer idade a criança tem capacidade para vislumbrar as variantes formais, estruturais e cromáticas existem no mundo do qual participa.[...]. Outro ponto importante é o contato da criança com as obras de arte. Quando isso ocorre com crianças que têm oportunidade de praticar atividades artísticas, percebe- se que elas adquirem novos repertórios e são capazes de fazer relações com suas próprias experiências (FERRAZ & FUSARI,1999, p.49).

Questionei os alunos se estavam com algumas dúvidas, pois achei a turma quieta demais, até que um aluno disse ter gostado de ver as outras obras que estavam no livro, pois não havia visto nas aulas anteriores, mesmo sabendo que carrego comigo todas as aulas para eventuais consultas. Como a maioria da turma estava compreendendo o conteúdo dei início a atividade prática. Pedi que cada aluno pegasse a folha canson A4 que foi entregue na aula passada e como alguns não haviam trazidos entreguei outras folhas para que realizassem a atividade. Distribuí em duas classes recortes de revistas e revistas, tintas, pincéis e jornais.

Recortes de revistas. (Fonte: TEDESCO, 2010).


48 Após, expliquei que deveriam dar continuidade ao trabalho da aula anterior que ficou pendente. Deveriam realizar pinturas com técnica impressionista a partir da imagem que escolheram.

Alunos trabalhando. (Fonte: TEDESCO,2010).

Aluno Willian trabalhando. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Neste momento fomos interrompidos pela vice- diretora, que chegou de surpresa para observar como estavam andando as aulas e para minha alegria a turma estava disciplinada e realizando a atividade. Observando os trabalhos durante a aula, percebi que algumas alunas utilizaram giz de cera e canetinha, material que não havia solicitado, então procurei não interferir, pois estas são as que têm sérios problemas com indisciplina e nesta aula estavam interessadas. Para Zélia Cavalcanti:

O reconhecimento, pelo professor, da importância da necessária qualidade da intervenção que realiza junto a seus alunos é fundamental para seus planejamentos


49 completem uma vasta gama de informações e possibilidades de produção em Arte (CAVALCANTI, 1995, p.33).

Quando percebi, nossa aula já havia terminado, pedi que os alunos me entregassem seus trabalhos e não pude deixar de elogiar a turma pelo bom comportamento que tiveram nesta aula.

4.2.7. Aula: 07. Data:

16/04/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Praticar e desenvolver a pintura impressionista. Identificar a obra de Claude Monet. Conteúdos: Pintura. Impressionismo. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Práticas individuais. Desenvolvimento: Primeiro, farei uma breve revisão sobre o Impressionismo e o uso de suas pinceladas, pois o conteúdo já fora estudado em outras aulas. A seguir, explicarei que cada aluno receberá um recorte, o qual deverá ser colado em uma folha canson A4, mas que primeiro pensarão em que lugar colar, pois a partir da colagem eles deverão completar o trabalho com o que imaginam ser a continuação dessa obra, sem que tenham visto por completo. Distribuirei os recortes , as folhas canson A4 e falarei que esse trabalho deverá ser feito com os materiais que distribuirei, porém seguido a tendência impressionista.


50

Recorte de figura. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Após concluir a atividade, os alunos apresentarão seus trabalhos e mostrarei a imagem por completo.

Claude Monet,1918. (Fonte: Gênios da Arte, 2001, p.76).

Recursos: Folhas canson A4. Pastel oleoso. Lápis de cor. Giz de cera. Tintas. Pincéis. Jornais.


51 Recortes para cada aluno. Máquina Fotográfica.

Realizado: Quando entrei na turma 72 percebi que os poucos alunos presentes estavam agitados e falando muito alto. Após alguns minutos os outros alunos começaram a chegar e se acomodaram em seus lugares. Aproveitei o momento e iniciei a aula fazendo uma rápida revisão sobre o Impressionismo. Em seguida, expliquei aos alunos à atividade que realizariam. Distribuí os recortes, com o pedaço da reprodução de obra Ninféias do artista Monet e expliquei que eles deveriam colar na folha que receberam e dar uma continuidade a tal reprodução. A turma inicialmente reclamou do grau de dificuldade, alegando não saber desenhar.

Trabalho da aluna Andressa. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Então, expliquei que ninguém precisava ter a preocupação de fazer algo perfeito. Para Pereira:

Ao desenhar, a criança parte de imagens mentais e as transforma na linguagem artística do desenho. Portanto, o desenho não é somente imagem mental ou somente a ação sobre o papel, mas a relação entre as duas instâncias. A criança pensa e tem de transformar o pensamento em determinada forma gráfica. Aqui existe a


52 necessidade de habilidades específicas para configurar um pensamento (PEREIRA,2007, p.18).

Após a explicação percebi que a turma ficou em silêncio e interessada na realização do trabalho. Porém, aos poucos se iniciou uma pequena desorganização, pois alguns alunos

escondiam

dos

colegas,

os

materiais

que

eu

havia

trazido

para

à aula, enquanto isso, os outros alunos tinham curiosidades em saber como era a imagem completa, percebi que ficaram inquietos e curiosos. Para Ferraz e Fusari:

A criança se exprime naturalmente, tanto do ponto de vista verbal, como plástico ou corporal, e sempre motivada pelo desejo da descoberta e por suas fantasias. Ao acompanhar o desenvolvimento expressivo da criança percebe- se que ele resulta das elaborações, sentimentos e percepções vivenciadas intensamente (FERRAZ & FUSARI,1999, p.55).

Neste momento avisei aos alunos que pelo fato de termos pouco tempo de aula, daremos continuidade ao trabalho na aula que vem. Pedi que me entregassem os trabalhos, mesmo estando incompletos. Alguns estranharam,então eu pedi que eles se organizassem, pois a professora do período seguinte já aguardava a minha saída.

4.2.8. Aula: 08. Data:

23/04/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Desenvolver a pintura impressionista. Identificar a obra de Claude Monet. Analisar os trabalhos coletivamente. Conteúdos: Pintura. Impressionismo. Metodologias: Expositiva/ dialogada.


53 Prática individual. Desenvolvimento: Inicialmente distribuirei aos alunos os trabalhos que iniciaram na aula anterior. Em seguida, distribuirei os materiais e explicarei que deverão finalizar a atividade prática que iniciaram na aula passada, na qual deverão dar continuidade ao recorte da imagem. E para finalizar, mostrarei a reprodução da obra de Monet por completo e solicitarei que cada aluno dê o seu comentário. Recursos: Folhas canson A4. Tintas. Pincéis. Jornais. Pastel Oleoso. Giz de cera. Livro Monet, da Coleção Gênios da Arte. Máquina Fotográfica.

Realizado: Quando entrei na sala de aula, os alunos se surpreenderam a me ver, pois eles não haviam sidos avisados que hoje teriam aula de Artes. Mesmo com os alunos se empurrando e gritando muito, expliquei o porquê de minha presença nesse dia. Alguns alunos queriam saber o que havia acontecido com a professora de Português, a qual deveria estar com eles. Esclareci que a vice- diretora realizou essa troca de período, por falta de professores, fato que poderá ocorrer novamente. Com tudo claro, dei início ao planejamento, embora poucos alunos prestavam atenção e se comportavam. Distribuí os trabalhos que os alunos haviam iniciado na aula anterior e os materiais para que finalizassem a atividade. Neste momento três alunos começaram a se bater, fato que me deixou assustada. Com o clima um pouco mais calmo, alguns alunos me questionavam se os trabalhos estavam bonitos e as cores combinando com a imagem real, pois eles se mostravam os trabalhos, as cores e os detalhes e sempre estavam diferentes.


54 Para Santos:

Cada pessoa capta os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura dos sentidos que, apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos, existe sempre uma diferenciação que leva a degraus de sensibilidade bastante desiguais (SANTOS,2008,p.49).

Assim que os trabalhos ficaram concluídos, mostrei a imagem Ninféias, por completo. Segundo Zélia Cavalcanti:

Faz parte do processo de trabalho mostrar uma reprodução do original e contar para as crianças a que artista pertence a obra de onde o detalhe que serve de interferência saiu, bem como a linguagem em que foi desenvolvido (CAVALCANTI,1995, p.36).

Neste momento os alunos começaram a falar sobre seus trabalhos e alguns riam dos desenhos dos outros. Aproveitei e falei que o bom desenho não é aquele onde aparecem réplicas perfeitas do mundo visível, mas sim aquele que traz marcas pessoais.

Alunos trabalhando. (Fonte:TEDESCO, 2010)


55

Alunos trabalhando. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Finalizei a aula recolhendo os trabalhos e organizando a sala, pois os alunos não ajudaram na organização, embora eu havia solicitado.

4.2.9. Aulas 09 e 10. Data:

28/04/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Trabalhar a sobreposição de tons com recortes. Identificar a obra de Claude Monet. Conteúdos: Impressionismo. Releitura de obra de arte com recortes. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Prática individual. Desenvolvimento: Primeiramente, entregarei a cada aluno uma cópia colorida da obra de Claude Monet, “Mulheres no Jardim”.


Claude Monet,1866. (Fonte: Coleção Gênios da Arte,2001 p.21).

Deixarei também que circule pela sala o livro Monet, da Coleção Gênios da Arte, para observar bem a obra. Explicarei que conforme eles observam a obra de arte e suas cores, deverão recortar de revistas os tons que mais se aproximam do original. Por exemplo, se nesta pintura existe um verde, eles deverão selecionar vários tons de verde e cortá-los em pedacinhos. Continuarei explicando, que eles deverão fazer isso com outras cores, até que toda pintura esteja representada por este recorte. Oriento que esta cópia seja colada na folha canson A4 para que o trabalho fique mais resistente. Durante o processo, saliento que a riqueza do trabalho está nesta sobreposição de tons de recortes. Recursos: Cópia colorida para cada aluno. Livro Monet, Coleção Gênios da Arte. Revistas, Cola, tesoura. Materiais diversos. Máquina Fotográfica.


57

Realizado: A aula de hoje se iniciou com muita agitação, os alunos corriam pela sala e no corredor. Assim que consegui acalmá- los expliquei que hoje teríamos dois períodos de aula, porque houve mudanças nos horários e a professora que deveria seguir com eles não estava presente. Desta forma, a vice- diretora me cedeu o período. Com tudo claro, dei início à aula e expliquei que cada aluno receberia a cópia colorida de uma obra de Monet e que eles deveriam deixar essa pintura representada pela sobreposição de tons de recortes de revista. Na seqüência, distribui várias revistas para que os alunos iniciassem a atividade. Neste momento se iniciou uma desorganização, os aprendizes brigavam porque queriam as mesmas revistas e escondiam os materiais de seus colegas, fato que me fez chamar a atenção de toda turma. Com isso, a aula ficou mais calma e deixei que eles circulassem o livro do artista para que os alunos observassem a obra e as cores, pois deveriam recortar os tons que mais se aproximassem do original. Neste momento um aluno achou vários tons de azul nas revistas e comentou com os colegas se eles sabiam que cada cor tem um significado. Os colegas dele não sabiam, mas esta revista falava sobre as cores e seus significados. Segundo Santos:

Em termos conceituais parece simples, mas a cor além de ser luz, ela é informação. No aprofundamento dos estudos é possível compreender um pouco mais sobre a relação da cor com as atitudes, fraquezas, medos, desejos, gosto, harmonia e vida das pessoas [...]. A cor branca, por exemplo, no Ocidente é tida como a cor da paz e da calma; por outro lado, no Oriente, ela faz referência ao luto e a morte (SANTOS,2008, p.49).

Dando continuidade, percebi que eles entenderam a atividade e estavam interessados na aula. Enquanto eu observava os alunos, explicava que a riqueza do trabalho estava na sobreposição de tons dos recortes. Também falei que eles poderiam usar as colas coloridas e os outros materiais que estavam à disposição deles. Percebi que alguns alunos acharam estranho diversificar os materiais em um só trabalho, mesmo eu já tendo pedido isso em outras aulas.


58 Segundo Ferraz e Fusari:

Se pretendemos que os estudantes encontrem suas expressões próprias, devemos ficar atentos para que o convívio com os materiais se faça de forma diversificada. Por exemplo, instrumentos que servem para traçar (lápis, lápis de cera, carvão, rolha queimada, giz, canetas esferográficas, hidrocores, etc.) podem também ser experimentados e direcionados para deixar marcas mais extensas, aproximando se da pintura. E as crianças sabem como fazê- lo (FERRAZ & FUSARI,1999, p.113).

Expliquei que diversificar só iria enriquecer o trabalho que estavam fazendo. Com isso se iniciou uma desordem em busca de outros materiais.

Alunos trabalhando. (Fonte: TEDESCO, 2010).


59

Alunas trabalhando. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Quando percebi nossa aula já estava terminando, pedi que me entregassem os trabalhos, e como poucos alunos estavam atrasados, deixei que me entregassem seus trabalhos no próximo encontro. Solicitei a limpeza da sala, como não me obedeceram, realizei a organização sozinha.

4.2.10. Aula:11. Data:

05/05/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Avaliar o Projeto de Ensino. Orientar os alunos para a exposição. Conteúdos: Projeto Educativo de Ensino: História da Arte, cores, escala tonal, pintura, Impressionismo e vida e obra de Claude Monet. Metodologias: Expositiva/ dialogada. Trabalho escrito individual.


60 Desenvolvimento: Primeiramente avisarei aos alunos que antes de dar as orientações para a exposição que faremos na sala de aula, farei uma avaliação escrita com eles. Entregarei para cada aluno uma folha A4 para que realizem uma avaliação escrita sobre o Projeto de Ensino, explicarei que deverão avaliar as aulas e os conteúdos aprendidos. Recolherei as avaliações para posteriores análises das mesmas. Após, entregarei para cada aluno todos os trabalhos feitos durante o Projeto. Explicarei que na próxima semana todos os trabalhos serão expostos na sala de aula. Recursos: Todos os trabalhos feitos durante o Projeto de Ensino. Cópias para os alunos da avaliação do Projeto. Máquina Fotográfica. Realizado: Quando entrei na sala tratei de organizar os alunos, pois todos estavam fora de seus lugares, entravam e saiam da sala e falavam muito alto. Com o clima um pouco mais calmo, falei para os alunos que antes de organizar os trabalhos que iremos expor na sala, eles deveriam fazer uma avaliação sobre o Projeto. Neste momento começou uma desorganização, pois alguns alunos não queriam expor seus trabalhos porque estavam feios. Aproveitei e esclareci a importância de todos os trabalhos serem expostos. Segundo Mirian Celeste Martins: “Todos os trabalhos devem ser expostos, do mesmo modo que todos são atuantes numa apresentação cênica ou musical” (1998, p.182). Como iniciou vários comentários sobre a exposição, expliquei de que maneira deverão se organizar para a próxima aula e entreguei os trabalhos realizados. Distribuí as cópias de avaliação do Projeto de Ensino e expliquei: gostaria que cada aluno formulasse um texto avaliando o Projeto, citando que conhecimentos adquiriram através dele, destacando uma atividade que foi realizada dentro do mesmo. Percebi que a turma ficou um pouco assustada, pois conforme eles “estamos acostumados a sermos avaliados com provas e não avaliar uma professora”.


61 Esclareci que esse tipo de avaliação não se trata em dar uma nota para o Projeto, mas sim de escrever tudo o que aprenderam durante o mesmo, citando os

pontos positivos e negativos. Para Martins: Na verdade, uma avaliação é uma bússola de excelente qualidade para o professor se orientar. Ela é um diagnóstico dos alunos, do professor e do assuntotratado, fornecendo um mapa claríssimo dos interesses e necessidades da turma. É ponto de chegada e de partida; é meio, começo, fim e reinício (MARTINS,1998,p.144).

Justifiquei o quanto é importante eu saber a opinião deles, pois a partir desse texto cada um terá a liberdade de comentar o que aprendeu, e assim eu poderei verificar se o mesmo atingiu os objetivos. Com tal fala, os alunos entenderam melhor a proposta e iniciaram a atividade.

Aluno avaliando o Projeto. (Fonte: TEDESCO,2010).

Faltando poucos minutos para o final da aula, pedi para os alunos me entregarem as avaliações. Me despedi da turma e avisei para trazerem seus trabalhos na próxima aula e aqueles alunos que ainda estavam com trabalhos pendentes seria o último dia para a entregar, pois o professor titular me deu um prazo para fechar as notas. Refletindo sobre as avaliações do Projeto, as quais li em casa, julgo que muitos alunos conseguiram compreender o Impressionismo, as cores e os artistas estudados,


62 pois boa parte do grupo relatou de forma clara o que foi visto durante o Projeto e destacaram a atividade de escala tonal como a que mais gostaram.

Avaliação do Projeto. (Fonte: TEDESCO,2010).

Enfim, de tudo que li, gostaria de salientar que dentre as avaliações encontrei várias que se referiam a minha pessoa, o que me deixou surpresa e feliz. Surpresa porque em nenhum momento falei que deveriam escrever sobre mim e feliz porque em todas as avaliações eu fui elogiada. Isso é muito gratificante, principalmente vindo desta turma que apresenta muitos problemas por indisciplina. Perguntei para os outros professores se essa turma era assim, pois eu estava preocupada achando que isso só acontecia em minhas aulas pelo fato de eu ser estagiária. Segundo eles essa turma é indisciplinada não só nas minhas aulas, mas nas outras também. Afirmo que tive dois alunos que foram um desafio constante em relação ao comportamento, o qual foi colocado pela direção. Eles me deixaram satisfeita com suas participações e inclusive com a avaliação do Projeto.

4.2.11. Aula:12. Data:

12/05/10.

Planejado: Tema: A impressão do primeiro olhar é a que prevalece? Considerações a partir do Impressionismo. Objetivos: Avaliar o projeto de Ensino. Conteúdos: Projeto Educativo de Ensino, exposição e avaliação dos trabalhos.


63 Metodologia: Expositiva/ dialogada. Desenvolvimento: Iniciaremos a aula organizando os trabalhos para a exposição que serão fixados nas paredes da sala de aula. Cada aluno deverá fazer o seu comentário sobre os trabalhos que realizou para os colegas e professor titular, que virá para a apresentação. Para finalizar entregarei todos os trabalhos expostos para os alunos juntamente com um bombom. Recursos: Trabalhos feitos durante o Projeto. Fita adesiva. Máquina Fotográfica.

Realizado: Ao entrar na turma 72 percebi que eles estavam da mesma maneira como acompanhei durante o meu estágio, muito agitados, entravam e saiam da sala. Tratei de chamar a atenção de todos, pois hoje iríamos expor os trabalhos na sala de aula, pois tínhamos combinado isso na aula anterior. Neste momento os alunos começaram a me entregar os trabalhos e me ajudaram na organização da sala. Os aprendizes colocaram todas as cadeiras no fundo da sala, pois o espaço é muito pequeno e como a direção da escola colocou quadro branco na sala, eu e os alunos fixemos os trabalhos nas paredes. Durante a organização houve muita desorganização, dois alunos se agrediam verbalmente e ouviam música com o volume muito alto. Com isso adverti todos os alunos e convidei os dois que estavam perturbando a aula a se retirarem da sala. Tal fala foi suficiente para a cooperação deles. Com tudo pronto, aguardamos a chegada do professor titular por alguns minutos, e como ele não havia chegado iniciamos as apresentações. Durante a apresentação a maioria dos alunos não queria ser fotografado, tal fato me deixou preocupada, porém, respeitei o posicionamento deles. Percebi que boa parte dos alunos realizaram de forma correta as atividades propostas durante o projeto, com isso responderam aos meus objetivos. Comentei


64 com os alunos que eles souberam trocar idéias com os colegas e comigo também, criaram novas hipóteses em seus trabalhos, fato que também me envolveu, pois sempre ajudei os aprendizes. Para Mirian Celeste Martins:

Perseguir idéias é mergulhar no mar de suas potencialidades, buscando mais referências, procurando novas expectativas para investigá-las, perscrutando novas hipóteses, no exercício do pensamento projetante. Esse trabalho envolve tanto os aprendizes quanto o educador como estudiosos e pesquisadores (MARTINS,1998, p.161).

Trabalho de Aluno. (Fonte: TEDESCO, 2010).

Porém, em alguns trabalhos, notei que estavam muito parecidos com os colegas. Coloquei para eles que essa ação de copiar não fica como um conhecimento em nós, pois tal ação, é vazia e com o tempo vamos esquecendo. Segundo Martins: O que “decoramos” ou simplesmente copiamos mecanicamente não fica em nós. É um conteúdo momentâneo, por isso conhecimento vazio que no decorrer do tempo é esquecido. Não faz parte da nossa experiência (MARTINS,1998, p.128).

Notei que com tal fala os alunos ficaram pensativos. Alertei a eles quanto ao horário, pois estavam todos envolvidos na atividade. Com a finalização das apresentações, os alunos me ajudaram a recolher os trabalhos, aproveitei e devolvi todos para seus donos.


65

Trabalho do aluno Pedro. (Fonte:TEDESCO, 2010).

Concluí a aula dizendo para os alunos que se em algum momento eu deixei marcas ruins em alguns deles, foi porque agi por impulso, com isso, comentei sobre as avaliações que eu havia lido em casa, pois em duas delas estava escrito que eu fui um pouco brava. Expliquei que não era a minha intenção, pois só gostaria da ter deixado marcas boas em cada um deles. Enquanto todos ouviam, a aluna que mais me proporcionou problemas em relação à disciplina, falou ter gostado muito de mim e das aulas. Neste momento a maioria dos alunos perguntou porque eu não ficaria até o final do ano. Expliquei o motivo e eles compreenderam. Aproveitei o envolvimento deles e distribuí um bombom para cada um e, com a autorização dos mesmos, fotografei os minutos finais da aula.

Turma 72. (Fonte:TEDESCO, 2010).


66

Turma 72. (Fonte: TEDESCO, 2010).


Conclusão

Após vivenciar esta experiência docente com os alunos de uma 6ª série, tive que mudar os meus “pré”- conceitos em relação a alguns alunos que eu considerava desinteressados. Hoje continuo refletindo melhor sobre isto. Pois eu sempre achava que estagiar em uma turma (seja ela de qualquer nível), era se preocupar com o conteúdo que eu daria durante as aulas e agora me pergunto: Será que para ser considerada uma boa professora é importante saber o conteúdo a ser ensinado, ou pausar durante as aulas para conversar com os alunos sobre nós mesmos? Agora eu percebo a importância de valorizar os alunos que considerei agitados e até insuportáveis. Durante este estágio, estes alunos foram os que mais corresponderam aos objetivos. Posso dizer que eles cresceram, ou seja, iniciaram as aulas de Artes sem interesse e durante este processo mostraram que souberam criar e valorizar a disciplina. Para facilitar o entendimento do ocorrido nestes 12 encontros, listei 3 tópicos relacionados a esta turma: A difícil missão de despertar o interesse dos alunos, Meu erro: por que só me preocupava com o planejamento? Uma abertura para melhorar os dois lados...

A difícil missão de despertar o interesse dos alunos: Me recordo que na primeira aula que apliquei para esta 6ª série. Muitas eram as dúvidas que passavam em minha cabeça. Dúvidas sobre a minha pessoa, sobre as aulas e aos aprendizes que estavam em minha frente. No início deste processo, recordando a atividade proposta, expliquei uma breve definição sobre o estudo da cor e cada aluno recebeu uma cópia do mesmo. Durante esta explicação eu me incomodava muito perguntava para mim mesma, por que alguns riam e não me respeitavam? Enquanto outros demonstravam interesse? O interesse desses alunos ao menos me deixou esperançosa. Durante a atividade que eles estavam realizando, percebi a dificuldade que alguns alunos encontraram para fazer a composição geométrica. Foi assustador vê-los


68 rasurando seus trabalhos, demonstrando serem alunos sem capricho e sem interesse. Ou será que eu estava muito preocupada com a aparência dos trabalhos? Afirmo que reforcei a explicação sobre a composição geométrica e enquanto eu observava os alunos, percebi que eles estavam usando bem a sobreposição das cores, mas notei que eles têm um certo receio do erro, o que ocasiona um medo de arriscar. Acredito que esse fato ocorre pela falta de conhecimentos artísticos, pois estavam acostumados a proposta livre. Após tantas dúvidas que me atormentavam vi que eles concretizaram a atividade que a propus. Posso afirmar que alguns alunos foram participativos e quando surgiram as dúvidas sobre a mistura das cores e suas matizes, deixei circular pela sala os catálogos das cores que eu havia mostrado na primeira aula, dessa maneira eu reforcei a explicação para que os alunos relembrassem. Percebi que alguns alunos não se dedicavam em entregar seus trabalhos limpos mesmo eles me afirmando que gostaram de tal atividade fato que me incomodava, pois eu havia passados alguns anos estudando, para chegar lá e ver o que estava vendo. Posso dizer que esta turma seria um desafio constante durante o meu estágio, pois eles não colaboravam com as aulas. A falta colaboração a qual me refiro é a indisciplina, falta de interesse e trabalhos entregues sempre „sujos”.

Meu

erro:

Por

que

me

preocupava

com

o

planejamento? Após observar como estes alunos eram em sala de aula, julgava os mesmos como desinteressados e indisciplinados. Este era apenas o início de uma preocupação, pois o planejamento me atormentava, como eles eram muito desinteressados o planejado sempre ficava pendente. O fato dos alunos não se interessarem por seus trabalhos e serem alunos indisciplinados, fez com que eu não sentisse mais vontade de entrar na sala nesta turma. Porém na aula de escala tonal os alunos se comportaram e prestaram atenção nas explicações eu então me perguntava: O que está havendo? Os alunos estão trabalhando? Eu não quis interromper para perguntar o que havia acontecido, mas percebia que alguma coisa tinha ocorrido. Afirmo que mesmo sem ter vontade de permanecer ali, me surpreendi ao ver o resultado final desta aula, pois os três grupos confeccionavam bons trabalhos e o que


69 mais me deixou satisfeita foi o fato de estarem limpos, bem diferentes daqueles vistos no início do estágio. O motivo do silêncio foi uma advertência que receberam da orientação escolar. Mas o ocorrido citado acima já terminou na aula seguinte. Pois senti a necessidade de chamar a atenção deles e afirmei que se alguém não quisesse ficar na aula se retirasse, porém, quando a turma ficou em silêncio, analisei melhor a minha postura como estagiária, e percebi que esta não foi uma atitude indicada para o momento, mas não consegui me controlar. Com todos esses conflitos eu já sabia que o conteúdo planejado não seria concluído. Nesta atividade, que só teve início, afirmo que gostei de ver o interesse que demonstraram apesar depois da conversa que tivemos. Percebi que o meu ponto de vista estava começando a mudar. O que os meus alunos estavam precisando era mais diálogo e menos preocupação em relação ao conteúdo que eu deveria passar. Percebi que eu estava conseguindo me adaptar com estes alunos no sexto encontro e comecei a conhecer os aprendizes. Pois um aluno comentou com seu colega que nunca tinham visto livros de artista. Eu confesso que senti uma emoção, uma sensação estranha, algo de ver livros assim para mim é normal mas não poderia imaginar que chamaria a atenção deles. Motivos estes que levaram a perguntas e curiosidades. Após esta pausa dei inicio ao planejado. Consegui localizar em algumas alunas que mais me deram problemas de indisciplina o interesse pelas aulas de Artes. Quanto aos demais alunos, vi que responderam bem à proposta, os trabalhos estavam bem apresentados, os alunos deixavam as folhas mais limpas e demonstraram interesse pela aula. Afirmo que este fato me agradou. Porém foi somente no sétimo encontro, que eu dei uma pausa aos conteúdos, pois tinha um medo enorme de não vencer todas as aulas que eu tinha planejado e abri um espaço para comentar com eles que eu havia notado, ou seja, que o comportamento deles tinha melhorado assim como a participação em aula e comentei que eu gostaria que eles continuassem assim, mesmo após a minha saída, pois assim poderiam mudar a “fama” que tinham, de ser uma turma indisciplinada.


70

Uma abertura para melhorar os dois lados... Me recordo que, na metade deste estágio, eu decidi dar uma pausa nos conteúdos. Não sei por que. Só sei que está abertura foi produtiva para os dois lados, tanto para os aprendizes quanto para mim. Ainda lembrando na pausa desta aula, e me pergunto: Por que eu sempre me preocupei em dar o conteúdo que estava no plano de ensino? Porque não abri um espaço um pouco antes para saber como é a vida pessoal de cada um deles? Agora vejo como fazer uma pausar a matéria nós ajuda a nós conhecermos melhor. Eu senti mais segurança e meus alunos se sentiram mais a vontade comigo. Eles se abriam e falavam de seus problemas familiares. Pais drogados, que bebem e que acabam deixando seus filhos sem expectativa para a vida. Esta realidade familiar enfrentada por eles foi visível na aula seguinte. Num dado momento três alunos começaram a se agredir fisicamente. Eu confesso que me desesperei, pois não sabia como acalmar os ânimos de todos ali presentes. Me lembro perfeitamente que pedi calma a todos enquanto procurava disfarçar o nervosismo que estava sentido. Com o coração batendo forte conversei com os três alunos, eles não quiseram esclarecer o motivo do mesmo. Naquele momento me questiono porque havia ocorrida aquilo e se eu havia agido certo. Agora reflito sobre isso acredito que sim, é de extrema importância dialogar com eles e se eu não abrisse um espaço para conversar e nos conhecermos melhor nas aulas anteriores isso poderia ter sido pior. Creio também que o medo sentido naquele instante foi normal porque esta é a realidade que terei que enfrentar. Com os trabalhos em andamento, os alunos me questionavam se seus trabalhos estavam bonitos e as cores combinando com a imagem real, recordo que os trabalhos de alguns alunos não correspondiam a imagem apresentada, mas foi satisfatório ver os alunos realizando a proposta, conversando calmamente com os colegas do lado. É claro que eles trocavam idéias porque as classes eram coladas. Com toda esta conversa consegui 15 minutos da próxima aula para que os aprendizes mostrassem e falassem sobre seus trabalhos. Então mostrei a imagem Ninféias, alguns alunos falavam sobre os seus trabalhos enquanto outros riam. Neste instante os deboches que eu enfrentei no primeiro dia pareciam que estavam voltando. Aproveitei e falei que o bom desenho não é aquele onde aparecem réplicas perfeitas do mundo visível, mas sim aquele que traz marcas pessoais, ou seja, cada um cria de um jeito. Uns estavam mais coloridos, outros nem tanto, e 2 alunos imaginaram a


71 imagem mais próxima da mesma, isto me fez ver a alegria de cada um deles. Apesar do que aconteceu consegui concluir o planejado. Com poucas semanas para finalizar o estágio, eu tive a oportunidade de permanecer com os alunos 2 períodos seguidos, e notei visivelmente que o conteúdo rende mais e que a atividade proposta seria concluída. Ao ver os trabalhos completos sentia uma sensação de missão cumprida mas me questionava: Por que exigi tantopara os trabalhos ficassem do jeito que eu queria? Por que será que no estágio só focalizei vencer as atividades propostas? Estas perguntas são algumas de tantas outras que eu me perguntarei sempre. Vou me lembrar e levar para a profissão, que estes alunos me fizeram ver a necessidade de conversarmos durante as aulas e que focalizar os conteúdos não é a melhor maneira de lecionar. Neste estágio, os alunos estudaram o movimento impressionista. Eu expliquei através de textos teóricos e imagens, além de atividades práticas. Contudo para eu ter certeza que os alunos compreenderam tal movimento, realizei uma avaliação sobre o projeto. E refletindo sobre as avaliações do Projeto, julgo que muitos alunos conseguiram compreender o Impressionismo, as cores e o artista estudado, pois boa parte do grupo relatou de forma clara o que foi visto durante o Projeto e destacaram a atividade de escala tonal como a que mais gostaram. Falaram onde se iniciou o movimento, ser o precursor e qual obra deu início ao mesmo e por que foi considerada uma obra inacabada. Quanto às atividades práticas optaram pela escala tonal, acharam ela mais interessante porque conheceram como as cores vão mudando de tonalidade. Afirmo que tive dois alunos que foram um desafio constante em relação ao comportamento, o qual foi colocado pela direção. Eles me deixaram satisfeita com suas participações e inclusive com a avaliação do Projeto. Foram eles que mais falaram sobre o artista e o movimento estudado, citaram até o nome do artista Picasso, enquanto outro me sugeriu mais livros de arte. Só eu sei a euforia sentida. Os demais alunos também souberam falar sobre o Impressionismo, mas percebi que focalizaram mais a minha pessoa. Percebi juntamente com o restante da turma que os trabalhos haviam melhorado muito, eles não estavam mais sujos como no início, notamos também que souberam trocar idéias com os colegas e comigo também, criavam novas hipóteses, fato que também me envolveu, pois sempre ajudei os aprendizes.


72 Com a finalização da apresentação, os alunos me ajudaram a recolher os trabalhos e cada um recebeu o seu. Hoje revendo tudo o que aconteceu nestes 12 encontros, que no início me pareciam intermináveis, hoje é uma realização. Conquistar a amizade desses alunos foi uma concretização, assim como vencer as aulas que eu temia não concluir. Afirmo que eu também amadureci muito com eles. Pois aprendi que lecionar nem sempre é focalizar as aulas planejadas e pensar no conteúdo a ser aplicado. Justifico isto porque foram os alunos desta turma que mudaram a minha percepção. Como este estágio foi a minha primeira experiência como docente, eu imaginava que o mais importante era saber tudo o que eu deveria ensinar, e não imaginava que era de extrema importância ouvir e participar da vida de cada um deles. Talvez eles até gostariam de chamar a minha atenção para isto, porém naquele momento eu não queria ver e não sei por que. Mas, com a ajuda deles, hoje procuro conhecer melhor cada um deles, valorizando o aluno e nem sempre julgando o modo como eles apresentam um trabalho, ou se este está sujo ou mal feito, como eu fiz. No entanto, fiquei um pouco constrangida pela escola colocar em seu plano de estudo uma exposição dentro da sala, e não comparecer, nem o professor titular, nem a equipe pedagógica vieram ver os trabalhos dos alunos, se outras pessoas vissem,o interesse pela disciplina só tem a crescer. Posso afirmar que esta turma foi um desfio constante e que muitas vezes dava vontade de sair correndo. Hoje vejo que foi um passo dado, e que isto é o início de um processo, pois acredito eu, que para ser um bom professor requer muita determinação e persistência. Lecionar não é tudo o que sonhei, pois nos meus sonhos eu não senti medo, nem vontade de desistir e fugir deles, embora isto tenha acontecido serviu de lição para mim, pois aprendi com eles, principalmente que a violência escolar está presente em qualquer escola. O principal de tudo que é muito importante conhecer os nossos alunos, saber dos seus laços familiares, de que maneira vivem e às vezes pausar no conteúdo para conversar sobre isso com eles. Eu que sempre achava isso perda de tempo e atraso na matéria mudei meu olhar, ou seja, eles me mostraram a necessidade de conhecer cada um deles, para depois exigir um trabalho caprichado do jeito que eu queria. Foi conversando sobre nós mesmos, sobre nossas vidas, do meu estágio que estes alunos me conquistaram vi que eles precisavam de alguém para conversar, dar um abraço. Porém lamento não ter percebido isto bem antes.


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Disponível em: 22/08/2009. http://historiadaarte.com.br Disponível em: 24/08/2009.http://terra.com.br


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ApĂŞndices


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A.Questionário com a Direção


78

B.Questionário Pedagógica

com

a

Coordenação


80

C.Questionรกrio com a Professora


82

D.Questionรกrio com os alunos


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