Histórias em quadrinhos no dia a dia

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS MARIA DE LOURDES SATYRO DE ALMEIDA JACOBSEN

HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO DIA-A-DIA

Canoas, 20 de Dezembro de 2010 0


MARIA DE LOURDES SATYRO DE ALMEIDA JACOBSEN

HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO DIA-A-DIA

Trabalho de Curso apresentado como pré-requisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Dr. Celso Vitelli, Me. Jurema Roehrs Trindade, Me. Ana Lúcia Beck.

Orientadora: Prof(a). Me. Ana Lúcia Beck

Canoas, 20 de dezembro de 2010

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DEDICATร RIA A Deus que me deu a vida, sabedoria e forรงa para ter a capacidade de trilhar o caminho do saber. 2


AGRADECIMENTO

Agradeço aos meus familiares e amigos, por disporem de paciência, carinho e palavras de incentivo nas horas de pesquisa. 3


Todas as artes procedem de Deus e devem ser consideradas criações divina. (João Calvino) A arte é um dom de Deus e deve ser usada para a sua glória. (Henry Wordsworth Longfellow)

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RESUMO O presente trabalho resulta da Prática de Ensino do Estágio em Artes Visuais II, realizada no Colégio Luterano da Paz, na cidade de Porto Alegre, com alunos do 1º ano do Ensino Médio, tendo como tema História em Quadrinhos no dia-a-dia. Este tema surgiu com o propósito de conseguir chamar a atenção dos alunos para aprenderem conceitos ligados às Artes Visuais. Sendo assim, era preciso conhecer mais sobre esta arte. Fui então, em busca do conhecimento sobre a origem da História em Quadrinhos, do primeiro personagem e como ela foi se desenvolvendo ao longo da história e se expandindo pelo mundo, valendo-me de textos, imagens e pinturas. Também queria conhecer como foi a aceitação deste tipo de literatura entre as pessoas, se houve rejeição ou boa aceitação. Durante as primeiras aulas realizei exercícios de leitura de textos, leitura de imagens e pesquisa de campo. Através destes exercícios que deram o conhecimento histórico da História em Quadrinhos e a circulação delas hoje, pude melhor integrá-la no contexto atual dos alunos que é de pouco interesse no ensino da arte. Fazer esta contextualização se faz necessária porque muitos alunos vêem esta matéria como de pouco praticidade no seu dia a dia. Contudo, no decorrer das aulas, especialmente quando chegou o momento de praticar, ocorreu um despertar de interesse e uma maior e melhor participação nas aulas. A partir da prática as aulas tornaram-se agradáveis, pois pude ver os objetivos serem alcançados ao presenciar os alunos construindo as suas Histórias em Quadrinhos contextualizando para os dias de hoje a obra literária O Cortiço. É bem verdade que os resultados não foram totalmente satisfatórios, pois alguns alunos, desinteressados, deixaram a desejar na construção da sua Históra em Quadrinhos. Analisando o resultado da minha Prática de Ensino do Estágio em Artes Visuais conclui que as Histórias em Quadrinhos são uma maneira lúdica e atraente de ensinar os conteúdos da disciplina de artes. Tinha consciência que era uma tarefa difícil, com muitos desafios, como a insegurança, o cronograma de aulas, o desenvolver das atividades e o despertar o interesse dos alunos. Mas sabia que tinha condições de vencer esses desafios através da minha dedicação, comprometimento e responsabilidade. Por fim, me colocando ao lado dos alunos como colaboradora e conciladora, cooperando no processo de ensino/aprendizado e procurando trabalhar em harmonia consegui, junto com eles, vencer os desafios do Estágio em Artes Visuais. E acima de tudo perceber que, ao transmitir ensinamentos de uma forma que desperte o interesse do aluno, fará com este tenham um maior significado e aplicabilidade no dia a dia de suas vidas. Palavras chaves: Conhecer – Contextualizar – Praticar

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 7 1. A HISTÓRIA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS .................................................................... 11 1.1 A breve história de um século .................................................................................................. 11 1.2 O primeiro personagem ............................................................................................................ 12 1.3 Vencendo desafios .................................................................................................................... 14 1.4 Uma arte próxima ..................................................................................................................... 15 1.5 A estética da liberdade.............................................................................................................. 17 1.6 O surgimento das tiras e seriados ............................................................................................. 17 1.7 A expansão da estética das HQs ............................................................................................... 19 2. A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DA ARTE ....................... 21 2.1 A aplicabilidade da história em quadrinhos no ensino ............................................................. 21 2.2 Os quadrinhos na sala de aula .................................................................................................. 25 3. DIÁLOGO COM A ESCOLA ....................................................................................................... 31 3.1 Histórico da Escola ................................................................................................................... 31 3.2 Observações Silenciosas....................................................................................................... …33 3.3 Análise do questionário com os alunos .................................................................................... 43 3.4 Análise do questionário com o professor ................................................................................. 44 4. PROJETO E PRÁTICA DE ENSINO EM ARTES VISUAIS...................................................... 46 4.1 A história em quadrinhos e a sua aplicação no ensino da arte ................................................. 46 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 78 APÊNDICES ...................................................................................................................................... 79 1. Questionário com a direção ........................................................................................................ 80 2. Questionário com a professora ................................................................................................... 82 3. Questionário com a supervisora ................................................................................................. 83 4. Questionário com os alunos ....................................................................................................... 84 5. Coluna de David Coimbra .............................................................................................................. ANEXOS ........................................................................................................................................... 85 1. Apresentação em PowerPoint (PPT) feita para a Banca de Avaliação .......................................... 2. Trabalho de Conclusão em versão PDF ......................................................................................... 3. Apresentação em PPT sobre aplicabilidade de recursos artísticos apresentado em aula……….... 4. Planos de aula da 6ª série do Ensino Fundamental……………………………………………….

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INTRODUÇÃO

O Aprendizado na vida de uma pessoa dá-se de diversas formas. Desde tenra idade as crianças são estimuladas a desenvolverem sua inteligência através de estímulos dados pelos pais, num primeiro momento, e depois também pela escola. Com os pais, surge a preocupação de descobrir meios de melhor proporcionar esses estímulos, mas é na escola que eles ganham um maior incremento. É inegável que um dos primeiros estímulos utilizado para

levar as crianças a

compreenderem uma lição é a associação com algo imaginário. E esse imaginário vai sendo construído nas mentes das crianças através das histórias contadas ou lidas pelos pais e depois pelos professores na escola. No início são sempre histórias curtas, de fácil assimilação e com muitas figuras para facilitar a associação. Levando-se isso em conta, é praticamente impossível deixar de lado a utilização das Histórias em Quadrinhos no processo de aprendizagem de uma criança. Isto

por que

elas

enquadram-se nos conceitos de brevidade, simplicidade e riqueza de imagens, fundamentais para uma rápida e eficiente assimilação de mensagem. Baseada nisso foi iniciado o processo de Estágio em Artes Visuais e assim, no Estágio I ocorreu a escolha do tema “História em Quadrinhos no dia-a-dia”. Desejava, através desta temática, incitar os alunos a aprenderem conceitos ligados às Artes Visuais e aplica-los na construção de uma História em Quadrinhos. Iniciaram-se também, no Estágio I, uma série de buscas de dados na escola onde realizaria o estágio, o Colégio Luterano da Paz.: entrevista com a direção, supervisão, professor, alunos, além de informações sobre o Histórico, caracterização, Avaliação e Ensino de Artes da escola. Igualmente, no Estágio I foram realizadas as observações silenciosas da turma e uma análise crítica das informações levantadas. Foi observado, especialmente, que a escola onde seria realizado o estágio era de ensino privado. Presume-se que este tipo de escola ofereça meios diferenciados para uma boa qualidade de 7


aprendizado, especialmente no que se refere a salas apropriadas e recursos qualificados. No entanto isso não foi encontrado na área das artes, pois não havia um atelier e muito menos materiais para poder desenvolver um bom trabalho. Esse fato gerava uma certa desconfiança de muitos pais quanto à qualidade de ensino da instituição. Isso também motivou a escolha do tema a ser trabalhado, pois instigou-me a mostrar que é possível ter um ensino de qualidade mesmo quando não se dispõe de uma estrutura adequada. Tinha em mente deixar uma imagem positiva da escola através da disciplina de artes visuais. Assim foi concebido o Projeto de Ensino em Artes Visuais, contemplando, justamente, uma metodologia bem diversificada, envolvente e com uma variedade de recursos e técnicas fáceis de serem conseguidas, visando despertar o interesse dos alunos e conquistar a confiança dos pais. Já nos Estágio II e III o Projeto de Ensino em Artes Visuais foi desmenbrado em 9 aulas. Nelas foram trabalhados desde um conhecimento histórico das Histórias em Quadrinhos baseado nos autores Carlos Patati e Flávio Braga, como vários conceitos das artes visuais que seriam empregados pelos alunos na construção das Histórias em Quadrinhos. Conceitos de Leitura de Imagem, Perspectiva, Luz e Sombra, Cores e Composição, Enredo, Personagens, Linha do Horizonte, Ponto de Fuga, Linha Convergente foram consultados nas autoras Jurema Roerhs Trindade, Denise Akel Haddad e Dulce Gonçalves Morbin. No Estágio II e III também foi possível fazer considerações sobre a execução do Projeto de Ensino em Artes Visuais: se houve erros, problemas durante o andamento do Projeto, se os alunos conseguiram alcançar os objetivos propostos. De igual modo, foi feita uma análise daquilo que os alunos produziram. É de relevância dizer que este Projeto de Ensino foi aplicado na turma do 1º ano do Ensino Médio da escola. Escolhi esta turma porque ela era conhecida como uma turma que não queria “nada com nada”, como se diz popularmente. Havia muita conversa, desatenção e falta de interesse nas aulas ministradas pelos professores, independentemente da disciplina. Havia também um desrespeito pelos professores. Era um “entra e sai” da sala constantemente. Nas aulas de artes, por exemplo, os alunos pensavam que estavam na hora do recreio. Estes fatores contribuiram para que me lançasse no desafio de despertar o interesse destes alunos e assim contribuir no crescimento pessoal e intelectual deles.

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Passado o desafio de dar as aulas chegou o momento, já no Estágio IV, de realizar uma análise crítica das aulas ministradas. Foi o momento de deparar-me com os desafios enfrentados durante o processo de execução do Projeto de Ensino “História em Quadrinhos no dia a dia. Os desafios foram a insegurança, pois perguntas vinham a minha mente: O que será que os alunos vão achar do projeto? Vão gostar? Vão engajar-se no projeto?; o cronograma de aulas, pois tudo estava esquematizado para sete aulas, mas a falta de compreensão dos alunos e a quantidade de conteúdo teórico fizeram com que eu tivesse que acrescentar mais duas aulas; o desenvolvendo as atividades, visto que os alunos sempre levavam mais tempo do que o previsto para desenvolve-las; e despertando o interesse, pois encontrava-me pronta para dar algo aos alunos, mas eles não estavam totalmente prontos para receber. Estes serão desenvolvidos na Conclusão do Trabalho de Conclusão (TC), que, juntamente com a introdução, também foram produzidos no Estágio IV. O presente Trabalho de Conclusão de Estágio em Artes Visuais possui a seguinte estrutura: introdução, quatro capítulos e conclusão. Estas partes apresentam detalhadamente todo o processo de Estágio. O primeiro capítulo, apresenta o momento e com qual propósito surgiu a História em Quadrinhos. De igual modo, como ela evoluiu no decorrer da história da humanidade. E por fim, como a História em Quadrinhos se aplica na vida cotidiana das pessoas e como uma ferramenta de ensino nas escolas. Já no segundo capítulo, de maneira mais explicita, se descreveu como a História em Quadrinhos foi e pode ser aplicada através de conteúdos teóricos e atividades práticas no ensino da Arte. Também foi apresentado, neste capítulo, um Projeto de Ensino com o intuito de proporcionar aos alunos uma melhor compreensão da disciplina de Artes Visuais. Para o terceiro capítulo foi reservada a avaliação do ensino da Arte na escola, através de observações e questionários com direção, supervisão, professores e alunos. Isto para que se possa fazer uma análise crítica de como a Arte está sendo ensinada aos alunos. Chega-se então no quarto capítulo. Neste será apresentado o Projeto de Ensino em Artes Visuais, ou seja a prática de ensino planejada e realizada em cada um dos 9 encontros. É a hora de ver como foi aplicado tudo que estava no papel. Por fim, a conclusão do presente Trabalho apresenta uma avaliação de como foi o 9


desempenho da estagiária, seus desafios e conquistas. Também, como foi a relação com os alunos. Num primeiro momento foi necessário agir com firmeza, mostrando quem era a autoridade na sala de aula. Em outros momentos, porém era preciso ter um pouco mais de maleabilidade, ou seja ser um pouco mais flexível. Por fim, esta relação estreitou-se ao nível de colaboração, ou seja, um ajudando ao outro e também de concíliação, visto que se buscava trabalhar em harmonia e não em atrito. Da mesma forma, reflete sobre o que é preciso implementar ou reavivar para uma melhor assimilação por parte dos alunos da disciplina de Artes. Igualmente, avaliar como ela está sendo ministrada hoje. Acima de tudo, tem-se o propósito principal de desenvolver o interesse e o prazer em aprender em todos alunos que entrarem numa escola em busca do saber.

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1 A HISTÓRIA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

1.1 A breve história de um século Comics trips, bandes dessinées, fumetti. Esses são alguns dos nomes usados em diversos países para designar as tradicionais histórias em quadrinhos. Contar uma história ou um fato em quadrinhos não é uma idéia nova. O estandarte de Ur, feito em arenito1 e coberto com lápislazúli2 (obra dos sumérios, povo que viveu na Mesopotâmia por volta de 3200 a 2900 a.C.), que conta, através de quadros, a história da guerra e da paz, é uma espécie de história em quadrinhos (HQ). A novidade que a HQ introduziu foi a utilização de balões para os textos e as onomatopéias para a representação de sons.3 Pormenorizando, no início do século XX a mídia sofreu modificações de conteúdo e de forma, devido as transformações do gosto e do tamanho do seu público. O sucesso dos primeiros personagens de quadrinhos e de diversos posteriores faz parte destas modificações, que continuaram no início do século XXI. Os verdadeiros protagonistas são as pessoas que faziam e fazem quadrinhos.4 A fama e o prestígio de uma quantidade imensa de personagens e de uma produção febril logo transbordou da página impressa para outras mídias, com consequências marcantes para o imaginário popular. O fato de que os principais personagens demarcaram as fronteiras constitutivas da chamada nona arte torna ainda mais rico o seu percurso. A pergunta básica acerca do 'que fazer?' para despertar interesse nos leitores estava intimamente ligada ao 'como fazer? (PATATI, 2006, p. 12)

Com o passar do tempo os ilustradores amadureceram o desenho como forma de expressão para a reprodução em massa e para a reprodução sequenciada. E com o surgimento da imprensa popular, nos Estados Unidos (EUA), deu mais agilidade ao desenho enquanto comentário voluntário ou mesmo involuntário da realidade. 5

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Arenito: Rocha constituída basicamente por grãos de areia unidos por um cimento argiloso. Lápis lazúli: Mineral de cor cinzento-azulada. HADDAD, Denise Akel. MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 6ª série. 2ªed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2004. PATATI, Carlos. BRAGA, Flávio. Almanaque dos quadrinhos: 100 anos de uma mídia popular. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. Idem/Ibidem, 2006.

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O impacto cultural dos quadrinhos, mídia barata e de grande alcance de público, foi tanto imediato quanto duradouro. Até hoje as Hqs são importante ferramenta na construção do imaginário coletivo dos povos ocidentais e orientais. Hoje, não vê-se mais grandes escalas de produção de HQs, mas há consumo em massa e com larga variedade de opções temáticas e de tratamentos. Do mesmo modo, há uma reavaliação no que diz respeito a criação de produtos para uma variedade de leitores interessados em assuntos diversos, diferente do período inicial, particularmente no período de implantação das HQs na imprensa, no início do século XX.6 Atualmente os criadores de HQs precisam ter uma iniciativa empresarial, não esquecendo da ética, é claro. As megaeditoras de HQs, continuam no mercado de acordo com interesses imediatos e muitas vezes gerenciados de modo pouco claro. Mas há espaço para mais gente autônoma, pelo menos nos países efetivamente alfabetizados e industrializados. Cada vez mais, os quadrinhos são econômicos para quem os faz, porém sem a ambição da megaescala do início.7 A necessidade de conquistar um grande público leitor dialogou fortemente com a criatividade dos profissionais, e isso se deu de um modo inédito. Hoje, inúmeros arranjos quanto à distribuição tornaram viáveis tiragens menores, obrigando os editores ao exercício constante da criatividade em todas as etapas do processo editorial. Há quem faça quadrinhos para quem os está vendo pela primeira vez e há quem os faça só para o público especializado. Isso faz com que se produzam quadrinhos para todas as idades e todas as culturas, com toda a largueza que o conceito de cultura permite.(PATATI, 2006, p. 15)

1.2 O Primeiro personagem Em outubro de 1896, jornais norte-americanos de William Randolph Hearst (18631951), que tinham uma longa tradição na Europa de narrativas humorísticas e infantis ilustradas, deram as características finais que permitiram o surgimento da definição do que vem a ser uma história em quadrinhos. A principal dentre elas é o surgimento dos balões e legendas integrados ao texto, tornando a leitura mais fluente.8 Nessa época surgiu a publicação de The Yellow Kid (O menino amarelo), inicialmente batizado de Down on Hogan's Alley, página humorística que o referido Menino 6 7 8

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Amarelo tomou do resto dos personagens do beco, assim que “aprendeu a falar”. Os personagens que compunham O Menino Amarelo surgiram das novas etnias que vinham se somar ao mosaico cultural norte-americano. O desejo deles era o de tornarem-se cidadãos norte-americanos. O Menino Amarelo era apenas uma das muitas páginas periódicas de textos e lustrações humorísticas dos jornais de grande circulação. É de imaginar-se o impacto popular que este tipo de publicação causou na época. 9 Isto deu-se porque na página publicada no dia 13, Richard Felton Outcault pela primeira vez fez com que os leitores lessem as falas do Menino Amarelo na primeira pessoa do singular, no seu camisão amarelo, em vez de aparecer na legenda como as falas dos outros personagens, em discurso indireto. Daí em diante, O Menino Amarelo cresceu muito na série, integrando falas aos desenhos. O seu nome também mudou. Logo em seguida, na tira diária, ainda em gestação, nasceu uma das características marcantes dos quadrinhos: a fala em balão.10 Yellow Kid é universalmente aceito, com pequenas restrições, como o primeiro personagem de quadrinhos. Ele foi o primeiro a conquistar seu público próprio na imprensa e tornar manifestos os traços básicos da nova forma de expressão. Suas falas e, pouco depois, a inserção delas em balões, foram um sinal evidente de que o leitor estava diante de uma HQs.11 Por esta razão, hoje, o Yellow Kid dá nome a um dos principais prêmios internacionais de HQ, no Salão de Lucca, na Itália. A expressão ”Yellow journalism”, num primeiro momento, estava ligada às aventuras não censuradas e atrevidas deste personagem sensacional (ista).12 As aventuras em HQs eram acompanhadas pelos leitores nos jornais diários. Ainda não existia o nível de industrialização e o consumo específico de revistas, álbuns e livros em HQ. No início do século XX, mídias como o cinema e a televisão ainda ensaiavam seus primeiros passos. Havia muito a aprender com os quadrinhos, do ponto de vista da organização de conteúdos específicos para divulgação visual em larga escala.13 Um reflexo desse dado pode ser constatado ainda nos nossos dias, quando diversos manuais de treinamento do exército americano foram e continuam sendo feitos em quadrinhos, às vezes até mesmo por artistas de destaque, como Will Eisner, John 9 10 11 12 13

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Celardo e Russ Manning. (PATATI, 2006, p. 16)

Na época, os quadrinhos tinham uma produção e alcance muito além do cinema, teatro e televisão. Isto porque os quadrinhos, esta mistura de traço e texto é uma das formas que a liberdade de expressão e manifestação encontrou, historicamente, na imprensa. As HQs, irmãs do cartum e do folhetim, deixaram marca que não se pode apagar nas fisionomias culturais e costumes do século XX.14

1.3 Vencendo desafios Atualmente as HQs se nutrem ainda do impacto que essa mídia causou quando nasceu, e de seu contínuo contato com o público, então muito maior do que é hoje. Por serem menos especialistas, estes leitores queriam apenas histórias interessantes e rápidas. A ousadia, a energia das histórias em quadrinhos causou imediata empatia entre público e personagens. Esta empatia foi imensa quando do surgimento das HQs, principalmente pela via do humorismo. Foi o único momento da história da imprensa, por exemplo, em que criadores sofisticados, gente do porte de Lionel Feininger (Kin-der-Kids) trabalharam ombro a ombro com os gráficos, para que as cores e a definição das imagens por eles pretendidas tivessem o rendimento esperado.15 Os conteúdos se adensaram, a narrativa verbal e os desenhos amadureceram ao longo do tempo, não há dúvida. Em nossos dias há exemplos de HQs realizadas por meio digital, de alta qualidade. Mas o fato é que, até bem recentemente, a primeira era das HQs foi a mais criativa.16 A época da eclosão dos quadrinhos na imprensa popular e diária foi especialmente rica porque todos se lançaram ao trabalho com energia. Até mesmo os gráficos se esmeravam, para que seus filhos tivessem o que ler no domingo. O fato de os criadores de HQs se expressarem livres de regras de bom gosto e de convenções narrativas também ajudou. (PATATI, 2006, p. 16)

O acesso do público às HQs foi muito facilitado pelo aparato industrial de imprensa, que se firmava na vida econômica norte-americana do início do século. Basta dizer que os primeiros editores de quadrinhos nos suplementos dominicais foram Hearst e Joseph Pulitzer,

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ambos

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proprietários de impérios do jornalismo.17 A impressão em massa das HQs durante seu inicio em páginas dominicais era monitorada pelos desenhistas. Este aparato não só dominou e mediou o acesso de desenhistas norte-americanos ao mundo do jornal, como criou um produto cultural de alto valor de exportação. Ele foi absorvido por leitores da Argentina ao Japão, passando por toda Europa , no pós-guerra. Foram inclusive utilizadas de forma ideológica pelos norte-americanos contra o nazismo.18 Depois, num segundo período da explosão dos quadrinhos, a saber, o da exportação maciça das HQs de aventura e humor, nessa ordem, são oriundos autores tão diferente quanto o brasileiro João Mottini, residente na Argentina e Hergé, na Bélgica e na França. 19 Um outro desafio a ser vencido foi a liberdade de criação dos praticantes de histórias em quadrinhos, pois sofreu um período de interrupção quando ficou claro como era amplo o seu público. Ela só iria se repetir na imprensa norte-americana mais tarde, quando da eclosão do movimento do gibi underground nos anos 60, pelas mãos de gente ousada com Robert Crumb, S. Clay Wilson, Gilbert Shelton e Spain Rodriguez, que, a princípio, pagou para trabalhar, mas depois se tornou altamente lucrativo. 20 Também foi vencida, pelos criadores das HQs, todas as formas de censura formal ou informal que os quadrinhos podiam sofrer, até mesmo da parte de seus próprios criadores. Hoje é difícil encontrar algum artista de HQ tão ousado quanto eles. Os gigantes do underground dos anos 60 conquistaram a liberdade de darem pouca importância ao dinheiro, redefinindo, assim, sua herança cultural.21

1.4 Uma arte próxima No mundo ocidental, com o advento da industrialização do entretenimento popular e em meio a alternância de períodos de liberdade criativa e outros de controle editorial e censura, nasceram, assim intituladas pelos fãs brasileiros, as HQs.22 Isto está ligado a dois fatos. O primeiro consiste em que a distância entre a condição 17 18 19 20 21 22

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de fã, ou de colecionador, e a de realizador, é comparativamente bem menor que em outras mídias populares. 23 Trata-se de mostrar histórias e/ou a desenhar intrigas de modo integrado. Às vezes isoladamente, às vezes em equipe. A própria intuição do autor pode bastar como aprendizado suficiente, o que, nos casos do cinema, da TV, e mesmo do rádio, é tido como impossível. De modo que o desenvolvimento dos quadrinhos como entretenimento industrializado está ligado à capacidade de sedução e de comunicação de desenhos feitos para serem impressos e lidos em sequência, interagindo direta ou indiretamente com palavras. (PATATI, 2006, p. 20)

O segundo caso é o das HQs mudas, onde o que se lê é só o interior de cada imagem e a relação de uma imagem com a outra. Só há palavras no roteiro de HQs mudas, e isso quando quem desenha não é quem escreve.24 Essa problemática toda afeta as relações profissionais envolvidas. As editoras não compram a posse dos desenhos, mas os direitos de reprodução. Não que tenha sido assim desde o começo, quando rotineiramente se destruíam originais publicados. Jack Kirby, para citar apenas um grande mestre quase sempre desprezado durante sua vida profissional, que o diga. Com o desenvolvimento da informática este problema tomou outras dimensões. 25 Diversos desenhistas, de todas as épocas, gente variada como o brasileiro Luiz Gê e o norte-americano Russ Manning, sempre produziram suas HQs sem desenhar os quadros em sua ordem de leitura. 26 Os quadros eram montados em ordem sobre mesas de luz ou na parede do estúdio, para amadurecer a visão de conjunto. Este e outros métodos de trabalho foram exportados mundo afora, tanto para as Filipinas como para a Itália, por exemplo. Em fins do século XIX, na Europa, artistas como Caran D'ache (França), Rudolph topfer (Suiça), Wilhelm Busch e Christophe (Alemanha) já haviam estabelecido os cânones básicos da ilustração de imprensa, e mesmo de uma narrativa visual sequenciada, que ainda não tinha balões para indicar falas e suas fontes de emissão. (PATATI, 2006, p. 20)

No Brasil, também há exemplos muito bem acabados de todos esses precursores dos quadrinhos. Em 1869, nas páginas de Vida Fluminense, o imigrante italiano Angelo Agostini publicou As aventuras de Nhô Quim – um caipira na capital, “história em quadrinhos” sem 23 24 25 26

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quadrinhos, realizada com enquadramentos quase fixos. Os personagens apareciam sempre de corpo inteiro e a narrativa era sustentada pela legenda. O talento de Agostini o tornou precursor não só das HQs como da charge política e do cartum brasileiro. As gerações futuras tiveram pouco acesso à obra deste grande artista. Enquanto vivo, todavia, ele foi de leitura obrigatória.27

1.5 A Estética da liberdade Nas HQs há muitas variação nas relações entre imagens, balões e legendas, bem como, sempre há histórias em quadrinhos breves ou longas. Por mais que se defenda a integração concisa entre texto e imagens, há variações que mantém a qualidade alta e o entendimento mais difícil. São HQs épicas e clássicas, como o Príncipe Valente e Flash Gordon, que, muitas vezes, dependem de legendas isoladas do desenho até para que se compreenda onde estão os personagens e o que estão fazendo. O Reizinho, de Otto Soglow, e Polly and Her Pals, de Cliff Sterrett, viveram muitas aventuras sem palavras.28 No inicio, a narrativa visual das HQs não tinha a mesma agilidade de hoje. Sempre abusou muito, no princípio, do peso de legendas. Mas isto não se deu de modo linear, e tanto no começo da mídia como no mundo contemporâneo dos super-heróis, há HQs mudas ou longas e experimentais. Ainda assim, é comum se ouvir dizer que os quadrinhos de mais público, de modo geral, não suportam excesso de texto.29 É preciso dizer que há espaço suficiente na imaginação de criadores e leitores para que haja quadrinhos de todo tipo, mas há gostos mais ou menos afinados com a mentalidade de cada época. Com que proporção, eis a questão; cabe às relações da criatividade dos autores com as expectativas do público fixar. No entanto, que as HQs são narrativas visuais sequenciais as quais de algum modo integram texto e desenhos, e que são feitas para serem impressas, parece inegável. (PATATI, 2006, p. 23)

1.6 O Surgimento das tiras e seriados As primeiras HQs eram histórias completas em uma única página. Eram feitas para ocupar uma página nos suplementos dominicais do começo do século XX. As tão conhecidas tiras diárias, por sua vez, tiveram seu início em 1907 com Mutt e Jeff, de Bud Fisher, na página de turfe do jornal. A segunda série que se firmou no mercado foi The Katzenjammer Kids (Os sobrinhos do 27 28 29

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Capitão), de Rudolph Dirks. Foi logo convertida em tira e introduziu o uso sistemático do balão para mostrar as falas dos personagens. Dirks inventou e desenvolveu um dos paradigmas do gênero: o conflito.30 Em 1908 nasceu a tira francesa com Les Pieds Nickelés, de Louis Forton. É a única das três citadas ainda em produção. Forton também é um dos primeiros autores, no mundo todo, a usar balões para colocar as falas dos personagens e um dos inventores da narração seriada na tira de humor. 31 E graças ao pouco espaço e à popularidade de personagens que o leitor podia encontrar todo dia no jornal nasceu o formato clássico das tiras, da piada desdobrada em três tempos ou três quadros. O desafio narrativo é a brevidade. Todas as primeiras tiras diárias são de humor, e quanto mais óbvio melhor.32 A piada não tinha o menor problema em ser grosseira. Além do mais, os autores puderam criar e desenvolver seus regimes de narração com relativa autonomia. A incerteza da definição entre o que vem a ser um quadrinho infantil ou um quadrinho de humor contribui, desde o início da formação da mídia, para sua riqueza expressiva. Os estudiosos informam que assim há multiplicação dos níveis de leitura.33 Enquanto uns acham graça das ceroulas do personagem, outros se compadecem de seu drama existencial. Os personagens de Peanuts (de Charles Schulz), Garfield (de Jim Davis), Calvin & Hobbes (de Bill Watterson) e Mafalda (de Quino) são mesmo só para crianças? Era intenção de seus criadores que adulto nenhum pudesse se reconhecer nos seus traços aparentemente ingênuos? Tal ambiguidade se ampliou até mesmo para o domínio das HQs de aventura. Os norte-americanos Capitão Cesar (Wash Tubbs), de Roy Crane, e o brasileiro Contra-Ataque, do mineiro Lor, são exemplos. Trata-se de séries de HQs de aventura camufladas em desenhos aparentemente muito simples ou humorísticos. (PATATI, 2006, p. 24)

Embora o arranjo formal das tiras narradas em três quadros tenha dominado e constituído formato padrão por vários anos, não resta dúvida de que as páginas dominicais foram o que causou o inicio da era de ouro dos quadrinhos. Antes de qualquer era de ouro dos super-heróis. Ali se estabeleceram as características mais reconhecíveis das HQs. Foi questão de tempo para que

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Idem/Ibidem, 2006. Idem/Ibidem, 2006. Idem/Ibidem, 2006. Idem/Ibidem, 2006.

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as histórias em continuação, os seriados, nascessem.34 No inicio dos quadrinhos como produto de massa, tando nos EUA como no Brasil e pelo mundo afora, as correntes de humor que dominaram as HQs foram a infantil e a escrachada. Suas cores fortes, misturadas com a temática espalhafatosa, seguravam e cultivavam a atenção dos leitores. Só mais tarde é que o suspense seria mencionado, e mais adiante, tornou-se necessário.35 O período inicial das HQs foi de crítica familiar e de costumes. Ria-se muito do avô que bebia e do neto tagarela, do genro e da sogra, do bicho e do dono do bicho. Ainda hoje, em Garfield ou em Calvim & Hobbes, se continua rindo. Não há dúvidas. A criação dos estereótipos fundadores na imprensa diária foi absorvida por publicações como Famous Funnies, o primeiro gibi norte-americano. As contrapartidas nacionais de outros países logo surgiram, como O Tico Tico, precursor brasileiro dos gibis. Foram revistas que adaptaram os trabalhos pioneiros das HQs dos jornais para suas páginas inteiras. (PATATI, 2006, p. 24)

Cabe ressaltar que no Brasil, em 1905, foi lançado através do jornal O Malho, o gibi Tico-Tico, com os personagens Juca e Chiquinho, Reco-Reco, Bolão e Azeitona, criados pelos desenhistas J. Carlos Belmonte, Luis Sá e Paulo Afonso. Hoje, Ziraldo, Laerte, Angeli, Maurício de Souza e outros fazem a alegria dos leitores.36

1.7 A Expansão da estética das HQS A liberdade de criação de que dispunham os primeiros artistas de HQs dos EUA foi a alavanca das vendas de jornal. Toda a primeira fase da história em quadrinhos na grande imprensa norte-americana se destinou efetivamente ao humorismo acerca da família e do status social. 37 Mas, durante o início do século XX, para além de poder exercitar o espírito “grosseiro”, “pé-sujo”, de que dispunham, houve artistas sagazes que perceberam o potencial dessa nova forma de expressão e tomaram a si a tarefa de expandir seus horizontes. Homens como Winsor McCay, Lionel Feininger, Cliff Sterrett, Frank King, Georg Herriman e outros logo levaram os quadrinhos a um outro nível de realização.38 MacCay vinha do cinema de animação, então uma arte circense, onde havia realizado As aventuras de Gertie, o dinossauro. Importava, para ele, por conta disso, não apenas desenhar bem os personagens como sugerir sua movimentação pelos 34 35 36 37 38

Idem/Ibidem, 2006. Idem/Ibidem, 2006. Haddad, 2004. Patati, 2006. Idem/Ibidem, 2006.

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cenários majestosos, oníricos, onde se passavam suas aventuras. Foi o início de uma enorme sofisticação visual das HQs. Embora convivendo harmonicamente com diversos exemplos mais crus, o fato é que florescia a qualidade. Trazendo da animação o procedimento simplificador – e tremendamente eficiente – do ponto de vista narrativo, de desenhar os personagens de modo mais simples que os cenários. (PATATI, 2006, p. 26)

Uma tira que teve longas consequências e projetou sua sombra no desenvolvimento dos quadrinhos como forma de expressão foi o Bringing up Father (Pafúncio), de Geoge McManus, criado em 1913. Foi a que primeiro estabeleceu a família como teatro de operações de uma sátira social acabada. Os anos 30 e 40 assistiram à sua publicação em vários países. Ainda hoje, é publicada internacionalmente. 39 Os apontamentos deste primeiro capítulo visaram dar um breve conhecimento sobre a história da história em quadrinhos para que melhor se possa entender o seu surgimento, crescimento e evolução até os dias de hoje.

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Idem/Ibidem, 2006.

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2 A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DA ARTE 2.1 A aplicabilidade da história em quadrinhos no ensino Hoje, cada vez mais, no mundo globalizado em que vivemos, cobra-se a evolução do ser humano. Ele não pode ser e fazer aquilo que era e fazia na década passada. Ele precisa buscar crescer em todos os níveis para poder sobreviver diante da competitividade que o mundo lhe impõe. Devido a esse desafio é preciso que o homem de hoje busque algumas características que são tidas como essenciais que são a flexibilidade, a imaginação, a inventividade e a criatividade. Aquele que as possui está apto a ser alguém, a ser visto, procurado e até mesmo muito valorizado no mercado de trabalho. Mas como adquirir características tão valiosas? Certamente através do ensino, pois não nascemos com elas, precisamos adquirí-las ao longo de nossa vida. E falo exclusivamente de uma área do ensino, que é a arte. Isto porque cada vez mais se reconhece a importância desta área do saber e como ela influência nossa vida. Vivemos em meio a arte, sem às vezes, nos darmos conta, pois nem sempre ela se apresenta no cotidiano como obra de arte. Os Parâmetros Curriculares Nacionais sobre a arte apontam que a arte pode ser observada na forma de objetos, no arranjo de vitrines, na música dos puxadores de rede, nas ladainhas entoadas por tapeceiras tradicionais, na dança de rua executada por meninos e meninas, nos pregões de vendedores, nos jardins, na vestimenta, etc.40

Desta forma, a escola precisa despertar no aluno um olhar mais aguçado para a arte que o cerca de tal modo que ele a conheça melhor e, assim, possa ter uma experiência de aprendizagem mais ampla e rica. Aprendendo arte o aluno poderá progredir no caminho de criação pessoal alimentado pelas informações daqueles ou daquilo com que ele interage, ou seja, pessoas e objetos. Ao agir assim a escola estará possibilitando ao aluno uma aprendizagem ligada aos valores e aos modos de fazer arte presentes nos meios socioculturais. Devido a importância do estudo da arte, há teóricos e educadores que lutam para que 40

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ARTE / Secretaria de Educação Fundamental. – 2ª. ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000, p.51.

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ela seja reconhecida como uma área do conhecimento, isto porque entre vários aspectos, a arte na educação contribui de forma substancial e significativa para incitar o pensamento, sendo agente transformador e formador do cidadão que reconheça a si mesmo, reforce a relação com a cultura em que está inserido, sendo esse um dos principais apontamentos do ensino de Arte na contemporaneidade. (MENDONÇA, 2008, p. 43)

Também é possível perceber, que a arte proporciona ao aluno o conhecer e ser conhecido, descobrir e descobrir-se, o lidar com suas emoções, o criar um pensamento crítico e construtivo, o apreciar e criar trabalhos artísticos, ou seja, tira o aluno da esfera de coadjuvante e coloca-o como participante no processo de ensino/aprendizagem. Esta é a perspectiva pós-moderna do ensino de Arte que não olha o aluno apenas como mais um na sala de aula, mas leva em conta a sua história pessoal e coletiva, e como ele se relaciona com o meio cultural complexo e diversificado em que vive. Com isso se abrirão maiores possibillidades para o aluno crescer individualmente e assim estar melhor preparado para enfrentar o mundo competitivo no qual ele está inserido. Constata-se assim que a educação não ocorre dividida e à parte do ambiente em que vivemos. Comparando às idéias do filósofo John Dewey com as de Paulo Freire, Barbosa (2005, p. 12) afirma que a educação para ambos é “mediatizada pelo mundo em que se vive, formatada pela cultura, influenciada por linguagem, impactadas por crenças, clarificadas pela necessidade, afetada pelos valores e moderada pela individualidade”. Assim, o ensino da arte precisa abordar as múltiplas vivências culturais que os alunos trazem para a escola. Faz-se necessário trabalhar em sala de aula aquilo que é experenciado na comunidade na qual a escola está inserida. Sabe-se também o quanto a imagem visual se faz presente no cotidiano da vida das pessoas nas mais diversas formas e como influenciam de diferentes maneiras. Estamos constantemente nos deparando com outdoors, banners, luminosos, quer seja nas ruas, avenidas ou auto-estradas, supermercados, shoppings, faxadas de prédios, enfim imagens que tem por objetivo vender, informar algo àqueles que as vêem. Frente a essa realidade é necessário saber ver e analisar imagens. Esta capacidade não nos é inata, é preciso aprende-la. E de quem é essa atribuição? É da escola através da 22


arte/educação, pois ela tem a função de fazer a mediação entre a arte e o público, de clarificar aquilo que encontra-se obscuro aos olhos daqueles que são leigos em arte. É preciso então, descobrir maneiras de melhor alcançar este propósito de inserir as pessoas no mundo da arte/educação. Pensando nisso me lancei a estudar as Histórias em Quadrinhos com o propósito de averiguar como elas poderiam auxiliar os alunos a construirem saberes em arte através do conhecimento da história das Histórias em Quadrinhos, da contextualização das mesmas para os dias de hoje, e do praticar esta maneira de fazer arte. Levando em conta que as Histórias em Quadrinhos se valem essencialmente da imagem e que estas são ricas em conceitos de artes e que são de fácil acesso a praticamente todas pessoas, as escolhi a fim de que o processo de ensino/aprendizagem alcançasse um maior sucesso, pois quando ele tem sentido e proporciona prazer ao aluno, inevitavelmente o levará a ter uma compreensão mais clara do que lhe é ensinado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de artes (2000, p. 47) nos auxiliam neste propósito ao dizer que “os conteúdos da arte não podem ser banalizados, mas devem ser ensinados por meio de situações e/ou propostas que alcancem os modos de aprender do aluno e garantam a participação de cada um dentro da sala de aula”. A partir disso, foi apresentado no primeiro capítulo do presente trabalho que as Histórias em Quadrinhos, desde o seu surgimento, tiveram uma grande popularidade. Elas tornaram-se um meio de comunicação que atingia um maior número de pessoas em comparação com as outras mídias. Deste modo, mais pessoas tinham acesso à leitura. A aceitação dos quadrinhos expandiu-se rapidamente mas deixava dúvidas de como poderia ser benéfico esse tipo de leitura. Havia um preconceito, especialmente durante o século XX, com a História em Quadrinhos, pois atendia preferencialmente as crianças e jovens. Já os adultos pouco acreditavam nos aspectos relevantes dessa literatura por entenderem que não fornecia uma teoria pedagógica e cultural pronta que atendesse as suas expectativas. Assim lemos que as HQs cedo se tornaram objeto de restrição, condenadas por muitos pais e professores no mundo inteiro. De uma maneira geral, os adultos tinham dificuldade para acreditar que, por possuírem objetivos essencialmente comerciais, os quadrinhos pudessem também contribuir para o aprimoramento cultural e moral de seus jovens leitores. (BARBOSA, 2008, p. 8)

Tanto os educadores quanto os pais, não conseguiam confiar plenamente nas histórias contidas nas páginas multicoloridas das Histórias em Quadrinhos. Eles pensavam que esse 23


tipo de literatura poderia afastar suas crianças e jovens de leituras com conteúdos mais edificantes, o que os desviaria de um amadurecimento intelectual. Essa reação era fruto do medo pelo desconhecido, do diferente, de algo que ainda não fazia parte do contexto cultural da maioria das pessoas. Por esse motivo, a entrada dos quadrinhos em sala de aula encontrou severas restrições, acabando por serem banidos, muitas vezes de forma até violenta, do ambiente escolar. Aos poucos, tais restrições foram atenuadas e extinguidas, mas não de forma tranquila, sendo na verdade resultado de uma longa e árdua jornada. (BARBOSA, 2008, p. 8)

Havia o pensamento de que as Histórias em Quadrinhos eram muito pobres, simples, que não tinham conteúdo e que, desta forma, não tinham como trazer algum tipo de contribuição aos alunos no processo ensino/aprendizado, ou seja, não tinham nenhum valor. Mas, a obra (…) parece simples, mas não é. Graças à clareza e à simplicidade de sua apresentação, ela se torna acessível e de fácil consumo. Olhada de relance, a obra parece afirmar que o que os olhos vêem é o que existe, mas na verdade ela vem repleta de sutilezas invulgares e está calcada num pensamento conceitual perspicaz. Em contraponto com a aparente burrice de sua apresentação, cada gesto do artista foi calculado, pensado e preconcebido em um processo sistemático e cuidadoso. (PHILLIPS, 2005, p. 16)

Isto nos mostra que por mais simples que uma representação artística possa parecer, foi necessário habilidade, conhecimento, competência para que ela fosse criada. E isso deve ser valorizado de forma significativa pelo professor. As Histórias em Quadrinhos, por exemplo, foram encaradas, em determinado momento, como caricatura daquilo que era considerado um trabalho artístico, devido a sua simplicidade. Ao longo do tempo as Histórias em Quadrinhos foram evoluindo tanto em seu conteúdo formal quanto estético o que proporcionou, inicialmente na Europa, um despertar para as histórias em quadrinhos o que aos poucos foi alastrando-se para todo o mundo. Deste modo a carga de reprovação colocada sobre as Histórias em Quadrinhos foi caindo. Viu-se também, que aquela resistência e preconceito que pais e educadores alimentavam não tinha nenhum fundamento consistente.. A partir daí, ficou mais fácil para as histórias em quadrinhos, tal como aconteceu com a literatura policial e a ficção científica, serem encaradas em sua especificidade narrativa, analisadas sob uma ótica própria e mais positiva. Isto também, é claro, favoreceu a aproximação das histórias em quadrinhos das práticas pedagógicas. (BARBOSA, 2008, p.17)

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Atualmente as coisas são bem diferentes com as Histórias em Quadrinhos. Elas, inclusive, são usadas pelos professores nas escolas, pois eles entenderam que é possível conseguir alcançar seus objetivos educacionais com mais sucesso quando se valem do recurso da História em Quadrinhos. Existem alguns motivos especiais para isso: Os estudantes querem ler os quadrinhos; palavras e imagens, juntos, ensinam de forma mais eficiente; existe um alto nível de informação nos quadrinhos; as possibilidades de comunicação são enriquecidas pela familiaridade com as histórias em quadrinhos; os quadrinhos auxiliam no desenvolvimento do hábito de leitura; os quadrinhos enriquecem o vocabulário dos estudantes; o caráter elíptico da linguagem quadrinhística obriga o leitor a pensar e imaginar; os quadrinhos têm um caráter globalizador; os quadrinhos podem ser utilizados em qualquer nível escolar e com qualquer tema. (BARBOSA, p. 21-24)

A partir destes motivos percebe-se com clareza que as Histórias em Quadrinhos são um recurso que estimula a curiosidade dos alunos. Isto porque elas abordam os mais variados temas usando não apenas as palavras mas também as figuras o que facilita em muito a comunicação, ou seja, valem-se da linguagem verbal e visual. Também cabe ressaltar que, tendo o contato com as Histórias em Quadrinhos, os leitores acabam por criar o hábito de lerem outros tipos de literatura o que certamente aumentará sua gama de conhecimento de palavras e saberes e isso em qualquer faixa etária.

2.2 Os quadrinhos na sala de aula No estudo da arte existem muitos conceitos a serem estudados e nem sempre são de fácil compreensão. Isto acontece em muito porque na maioria das vezes os alunos vão ter o primeiro contato com a arte na escola, o que torna o processo de aprendizagem mais lento. Cabe então ao professor, se ele quiser alcançar seus objetivos com mais eficiência, escolher recursos didáticos adequados para repassar informações aos seus alunos. Ensinar arte com arte é o modo mais eficaz de convidar o aluno a viver experiências no mundo da arte. É de extrema importância na formação em arte que o aluno tenha possibilidade de conhecer às mais variadas formas e modos de produção e de conhecimentos de imagens, pois cada uma possui características próprias e outras em comum entre as artes visuais. Ao serem exploradas se tornarão meios para o aluno poder ver, significar e produzir arte. As Histórias em Quadrinhos são um exemplo de imagens que mesmo fazendo parte 25


do dia a dia dos alunos não informam tudo que podem e querem informar. Mas isso devido a falta de conhecimento sobre arte o que não tira a relevância delas, tanto que as histórias em quadrinhos se enquadram na modalidade dos avanços tecnológicos e transformações estéticas do século XX. Por esse fato, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (2000, p. 62) citam a sua utilização no ensino da Arte como “expressão e comunicação na prática dos alunos de artes visuais”. Um outro fator relevante para a utilização das Histórias em Quadrinhos no ensino da arte é que as crianças e jovens tem familiaridade com elas. Quem de nós não teve contato com os assim chamados “gibis” na sua infância, adolescência, juventude e até mesmo na idade adulta? E quantos de nós até mesmo fazia coleção deles? Haviam bancas especializadas com esse tipo de literatura onde era possível comprar, vender e trocar os “gibis”. Hoje, muitos dos personagens conhecidos por nós nas histórias em quadrinhos são desenhos animados na televisão. Por outro lado, muitos artistas da televisão viraram personagens de histórias em quadrinhos. Além disso, obras literárias e fatos históricos são contados hoje através das histórias em quadrinhos. Ou seja, é praticamente impossível alguém nunca ter tido acesso a uma história em quadrinhos. Deste modo, se o professor optar por valer-se das históiras em quadrinhos como meio para ensinar um conteúdo de aula ele vai, no mínimo, diminuir alguma eventual rejeição com a sua utilização. Em vez disso, vai proporcionar uma motivação maior aos alunos e estimular a curiosidade deles, pois ficarão atentos querendo saber o que o professor vai ensinar através de um “gibi” que eles não saibam. É então que os alunos começarão a ter surpresas, pois em meio as imagens e palavras das histórias em quadrinhos existem muitos conceitos e conteúdos ligados as Artes Visuais. Mas como eles tem um estreito laço de relacionamento com as histórias em quadrinhos, conseguirão, de uma maneira mais fácil e rápida assimiliar estas novas informações contidas em algo tão familiar a eles. A partir disso, passarão a ver as histórias em quadrinhs de outra forma, pois elas lhes proporcionarão imaginar novas possibilidades de leitura e interpretação tanto pela narrativa quanto pelas imagens. Para que aconteça uma compreensão das histórias em quadrinhos como um meio de 26


fazer arte, é preciso que os alunos conheçam os elementos que a compõem. E hoje é sabido que os principais conceitos das artes plásticas podem ser encontrados nas páginas de uma história em quadrinhos. Desta forma, para o educador, as HQs podem vir a ser uma poderosa ferramenta pedagógica, capaz de explicar e mostrar aos alunos, de forma divertida e prazerosa, a aplicação prática de recursos artísticos sofisticados, tais como perspectiva, anatomia, luz e sombra, geometria, cores e composição. (BARBOSA, 2008, p. 131)

No que se refere à perspectiva, inicialmente as histórias em quadrinhos pouco aplicavam esse conceito. Na segunda década do século XX é que surgem trabalhos de histórias em quadrinhos utilizando essa técnica. Windsor Mckay, por sua vez, utilizou com grande competência a técnica do ponto de fuga em suas tiras no ano de 1907. Já Alex Raymond valeu-se do uso de dois pontos de fuga nas suas tirinhas de Flash Godon. Porém a aplicação dessa técnica foi mais longe com Joe Kubert e John Buscema que valeram-se da perspectiva com três pontos de fuga. Mas a evolução da técnica continuou, A última perspectiva muito utilizada nos quadrinhos, principalmente nos quadrinhos de ação, é a chamada “olho de peixe”, ou grande angular. Nessa perspectiva temos a ilusão de que todos os objetos observados estão muito próximos, o que causa uma certa distorção na composição, deixando as laterais curvas. Nos quadrinhos, a técnica foi mais utilizada por Scott MacDaniel no seu trabalho com O Demolidor da Marvel e Asa Noturna nos anos 90 do século XX. (BARBOSA, 2008, p. 135)

Já no que se refere a Anatomia, atualmente, os artistas que desenham histórias em quadrinhos, a levam muito a sério. Principalmente os que trabalham com super-heróis. Sendo assim, quando existem algumas distorções anatômicas nos desenhos, pode-se perceber que elas são propositais ou então indicam a diferença entre um bom e um mau trabalho. Outra técnica utilizada nas histórias em quadrinhos é a Luz e Sombra. No início elas só podiam contar com efeitos de luz e sombra em alto contraste ou em forma de hachuras, uma vez que era muito caro para produzir peças coloridas em grande quantidade. Hoje, com a computação, onde tem-se uma gama muito grande de recursos no processo gráfico ficou mais fácil fazer este trabalho. E para professores de Artes que trabalham com a técnica da composição, nada melhor do que uma história em quadrinhos para revelar os seus segredos. Também é muito utilizada nas histórias em quadrinhos o elemento visual linha em 27


diversas formas. A linha é o registro gráfico de um traçado. Podem ser de formas variadas, estilos, espessuras e tamanhos. É um elemento visual expressivo, revelador, abrangente e sobretudo um caminho amplo para a manifestação expressiva pessoal. Na produção de histórias em quadrinhos, temos a presença da linha desde a demarcação das superfícies (os quadrinhos), em texturas, formas e desenhos que compõem as imagens. Em todos os casos ela se torna peça importante entre os mundos do autor e sua representação. (MENDONÇA, 2008, p. 58)

Sobre linha, é importante destacar que existem três formas em que ela se apresenta: a linha objeto, hachurada e a linha de contorno. A objeto é usada para dar a sensação de movimento e velocidade, recurso muito utilizado nas histórias em quadrinhos. A hachurada reforça o distanciamento pretendido no uso da perspectiva na cena. Já através da linha de contorno, a linha, diz Arnhein (2004, p. 212) “muda de função: de um objeto independente unidimensional transforma-se em contorno de objeto bidimensional. Torna-se parte de um todo”. Além destes conceitos acima apresentados também é preciso ensinar os alunos como criar uma história em quadrinhos. Num primeiro momento, faz-se necessário apresentar os elementos básicos para o desenvolvimento de uma história em quadrinhos. É importante, então solicitar aos alunos trazerem histórias em quadrinhos para a sala de aula para que eles possam analisar os diferentes tipos. Podem ser as revistas produzidas por Maurício de Souza (Mônica, Cebolinha, Cascão, Chico Bento etc.), Estúdios Disney (Zé Carioca, Pato Donald, Tio Patinhas etc.) ou as revistas japonesas (mangás), juntamente com as revistas de super-heróis (Superman, Batman, entre outras). Além dessas podem ser trazidas tiras em quadrinhos encontradas em jornais. Após esta análise apresenta-se então os elementos que compõem uma história em quadrinhos, pois sem o dominio deles não é possível construí-la. Estes elementos, como escreve Barbosa (2008, p. 143) são “argumento, roteiro, esboço de personagens, esboços de páginas, lápis final, arte-final, letreiramento e colorização. Em primeiro lugar, portanto, precisamos de um argumento, ou seja, definir a base da história, o que iremos contar”. Valendo-se ainda das revistas, o professor poderá destacar os diferentes estílos, traços, formas de representação de personagens e cenários, bem como estudar sobre a função, os tipos e a inspiração que levou o artista a criar aqueles personagens numa história. A partir disso pode-se estimular o aluno a criar os seus personagens inspirado em pessoas do seu círculo de convivência destacando suas características, ou criar personagens imaginários e atribuir a eles as 28


características desejáveis. Para se construir um personagem, normalmente se inicia estimulando os alunos a fazerem vários tipos de nariz, olhos, bocas, orelhas, cabeça, corpo, partindo de letras, números, círculos até ensinar como fazer expressões faciais e dar movimento e adequá-los as características que o aluno quiser dar ao personagem. Vê-se que Os personagens podem ser um meio para valorizar a capacidade lúdica, a flexibilidade e o espírito de investigação dos alunos, fazendo com que, a partir da criação de personagens de HQ, eles tenham a oportunidade de expressar suas idéias, emoções e sensações a respeito de diversos assuntos e que construam meios para se comunicar através das HQ. (MENDONÇA, 2008, p. 86)

Após construir os personagens é hora de trabalhar com os alunos o argumento e o roteiro da história em quadrinhos. O argumento é o resumo da história. Em seguida se faz a seleção dos personagens que farão parte da história. Parte-se então para a produção do roteiro que é o desenvolvimento da história com todos os seus detalhes, incluindo a fala, o movimento, os cenários, expressões faciais. É extremamente importante que a história em quadrinhos seja criada passo a passo para que haja coerência entre os quadrinhos. Todo esse processo pode ser feito a lápis e em forma de esboços, ou seja, é como se fosse um rascunho onde seja possível fazer correções tanto na construção dos personagens como na coerência do roteiro, erros gramaticais e sugestões de plano, pois geralmente o plano geral é mais utilizado parecendo que os personagens estão num palco de teatro. Também nesse momento faz-se necessário analisar se o aluno utilizou os conhecimentos em arte que lhe foram ensinados, pois a elaboração de uma história em quadrinhos não é simplesmente um amontoado de figuras. Uma etapa seguinte a ser trabalhada é o planejamento e a diagramação da história em quadrinhos, ou seja, a definição de como os quadrinhos serão disponibilizados nas páginas. Desta forma se terá o número de páginas necessárias para se contar a história. Nessa etapa não é necessário fazer os desenhos, apenas a marcação dos quadrinhos. É uma oportunidade de se discutir com os alunos alguns conceitos de composição, pois a forma como os quadrinhos forem disponibilizados indicarão o ritmo, o suspense, bem como valorizarão os elementos visuais de cada quadrinho. Segundo Mendonça (2008, p.107) “quando o aluno produz cada etapa do processo de construção de uma HQ, ele constrói um espaço para sua manifestação artística e expressiva e que, a partir dessa prática, ele pode estabelecer e construir relações com a aprendizagem em arte”. 29


A construção de uma história em quadrinhos pode ser feita tanto individualmente quanto em grupo. Quando for em grupo cada integrante pode ficar responsável por uma parte específica da produção que podem ser divididas em desenho dos personagens, cenários, balões, desenho das onomatopéias, letreiramento, arte final, desenho das molduras dos quadrinhos e cores. Este trabalho em grupo possibilitará uma maior socialização e vivência de diferentes experiências. Segue-se então o processo de arte-final da história em quadrinhos. Neste momento o professor, de acordo com a sua proposta de trabalho, definirá os tipos de materiais a serem utilizados. Neste processo também poderão ser resgatados conceitos sobre diferenes procedimentos artísticos aplicados na produção de uma história em quadrinhos, visando aumentar a bagagem de conhecimento sobre arte através dessa modalidade artística. Vimos assim que a história em quadrinhos abre um leque enorme de oportunidades para se ensinar arte numa sala de aula. E isso em vários níveis escolares, desde os anos iniciais, como por exemplo a pré-escola, bem como no ensino fundamental e médio e até no ensino universitário, pois há uma grande variedade de títulos e temas que o professor pode abordar e trabalhar através das histórias em quadrinhos. Sem dúvida que isto será um início na “arte” de conhecer e desvendar o mundo da arte que é deveras abrangente e instigador. Mas é necessário dar o primeiro passo e aqui ele foi dado através das histórias em quadrinhos. Sem dúvida elas são capazes, pelo fácil acesso e prazer que proprcionam, levar o aluno a interessar-se pela arte. É bem verdade que no mundo contemporâneo surgem a cada instante novas formas de expressões visuais como, por exemplo a interação entre som e imagem e as novas tecnologias. Apesar disso as histórias em quadrinhos, surgidas no início do século XX, são uma ferramenta que proporciona ao aluno experiências de aprender a criar, perceber, imaginar, além de aguçar a sensibilidade, flexibilidade e criatividade. Há muitas experiências a serem feitas, mas é possível dizer que as histórias em quadrinhos são um meio que possibilita ao aluno a construção de habilidades e competências pertinentes ao ensino da arte. E estas certamente lhe serão úteis no mundo globalizado e competitivo em que estamos inseridos.

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3 DIÁLOGO COM A ESCOLA

Neste capítulo do trabalho será apresentado o hitórico do Colégio Luterano da Paz, as observações silenciosas e as análises das mesmas, bem como as análises dos questionários com a direção, supervisão, professor e alunos.

3.1 Histórico da Escola No início do ano de 1964, sob a coordenação do Pastor Jorge Muller, um grupo de membros de diferentes congregações luteranas de Porto Alegre começou a se reunir na residência do Sr. Alfredo Pospichil, localizada na rua Itaúna, Vila Leão. Nestes encontros eram realizados estudos bíblicos durante os quais surgiu a idéia de se fundar uma congregação evangélica luterana no bairro Sarandi. Dotados de um espírito empreendedor, ainda no primeiro semestre daquele ano, este grupo de pessoas através de doações, reuniu recursos financeiros suficientes para a aquisição de dois terrenos na rua Francisco Pinto da Fontoura onde funcionava um salão de baile, popularmente conhecido como “Sete Facadas”, que foi transformado em Capela. 19/07/1964 – Fundação da Comunidade Evangélica Luterana da Paz. 19/07/1967 – Fundação do Instituto Vocacional Luterano (IVL). O ano de 1967 foi marcado por novas ações empreendedoras como a fundação do Instituto Vocacional Luterano. Conforme decisão tomada em outubro de 1967, as aulas da escola recém formada tiveram seu início em março de 1968. 1969 – Em agosto de 1969, com um culto especial que contou com a participação de muitas crianças, foi inaugurado no mesmo endereço um pavilhão de madeira, o primeiro prédio do Instituto Vocacional Luterano. Ainda em 1969 foi dado outro passo importante para a ampliação de todo o trabalho. 31


Com verba conseguida junto à uma instituição sediada em Chicago, Estados Unidos, foi adquirida a área localizada na Av. Alcides são Severiano, nº 100, Sarandi, Porto Alegre. Nesta área, agora com recursos financeiros vindos da Alemanha, foram construídas as instalações do Instituto Vocacional Luterano. 1972 – Com o término da construção do novo prédio do Instituto Vocacional Luterano em 1972, a escola passou a funcionar no seu novo endereço. O pavilhão de madeira da rua Francisco Pinto da Fontoura foi levado para a chácara em Gravataí, transformando-se nas primeiras instalações do Lar Ebenézer, uma casa para atendimento especializado de idosos, fundado neste mesmo ano. O restante da década de 70 foi dedicada ao aprimoramento dos trabalhos existentes. Na escola foi implantado o segundo grau (posteriormente excluído) e a chácara de Gravataí teve suas instalações e condições de atendimento aos idosos melhoradas. Na década de 90, tanto a Comunidade Evangélica Luterana da Paz, quanto o Instituto Vocacional Luterano sofreram profundas reformulações na sua estrutura funcional. A instabilidade econômica bem como questões de ordem administrativas determinaram o surgimento de dificuldades financeiras. Por conseguinte, sem deixar de realizar o trabalho a que se propôs, esta instituição buscou caminhos que permitissem não apenas a manutenção de suas atividades mas também, a melhoria de toda a sua prestação de serviço. A principal mudança ocorrida neste período foi a substituição, em 1994, da Entidade Mantenedora Instituto Vocacional Luterano por uma nova Mantenedora denominada: CENASA – CENTRO ASSISTENCIAL SARANDI. A denominação Instituto Vocacional Luterano foi preservada como nome da primeira escola fundada na instituição. No ano de 1999, atendendo as normas estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação, a Escola de 1º Grau Instituto Vocacional Luterano mudou sua denominação e designação para ESCOLA LUTERANA DE ENSINO FUNDAMENTAL DA PAZ. No ano de 2001, dando continuidade novamente ao espírito empreendedor, nossa escola conseguiu mais uma vitória, a implantação do Ensino Médio.

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E, assim, devido a esta implantação, foi necessária, novamente, a mudança na denominação de nossa escola para COLÉGIO LUTERANO DA PAZ, atendendo desse modo as normas estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação, conforme Parecer nº 797/2001 – CEED. O ano de 2003 trouxe para nossa escola uma nova perspectiva de ensino com a implantação de novos cursos, na área técnica administrativa, sendo eles: Curso Técnico em Contabilidade – Área Gestão, e curso livre de Auxiliar de Escritório. E assim, prosseguimos nossa caminhada visando alcançar as metas e os objetivos pré-estabelecidos pela nossa Entidade Mantenedora, o CENASA, buscando sanar os anseios de nossa comunidade oferecendo uma educação de qualidade.

3.2 Observações Silenciosas Primeira e segunda observações Data: 26 e 27/08/2009 O conteúdo abaixo descrito refere-se a auto-crítica de aulas ministradas na turma do 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio Luterano da Paz, cito a rua Alcides São Severiano, 100 – Bairro Sarandi, Porto Alegre/RS. Na qualidade de docente da turma 51 (5º ano do Ensino Fundamental) na disciplina de Educação Artística apresento o diagnóstico desta: O ano letivo do Colégio Luterano da Paz está dividido em trimestres. Neste período do ano, meses de agosto e setembro, está-se encerrando o 2º trimestre. A turma 51 possui 30 alunos e assistem 2 períodos semanais na disciplina de Educação Artística. A primeira aula é no 3º período da segunda-feira pela manhã. Já a segunda aula é no 5º período da terça-feira pela manhã. Ambos os períodos são de 50 minutos. A turma do 5º ano possui algumas peculiaridades pertinentes. Visto ser o primeiro ano dos alunos no turno da manhã e por serem os menores (em relação aos alunos das outras turmas), encontram-se num período de adaptação. Devido a isso os horários desta turma são um pouco diferentes das demais. Exemplos: na hora do recreio, a turma sai 5 minutos antes do horário 33


pré estabelecido. Igualmente, na hora da saída, a turma também é liberada 5 minutos antes. Isto para que eles possam locomover-se de maneira mais tranquila, sem atritos com alunos maiores. Na qualidade de conselheira da turma, procuro auxilia-los nesta adaptação para que ela seja a mais saudável possível. Sempre procuro, em cada aula, dar uma atenção especial aos alunos no que se refere a vida cotidiana no âmbito escolar para que eles possam sentir-se bem acolhidos. Na primeira aula, que acontece na segunda-feira, somos antecedidos de dois períodos de Língua Espanhola. Após os alunos seguem para o recreio. Na segunda aula, que acontece na terça-feira, somos antecedidos da disciplina de Matemática. Após os alunos seguem para casa. Em decorrência de ser o 3º e 5º período, sempre assumo a turma já em sala de aula. Porém sempre é necessário reorganizá-los em espelho de classe o qual é comum para todas as disciplinas. Ao saírem, formam fila até descerem as escadas, quando então ficam livres. Minha posição em sala de aula é de firmeza e orientação ao grande grupo e acolhimento às necessidades individuais de cada um. Procuro sempre transmitir todas as combinações com muita clareza para o bom andamento da aula. Sempre, no início de cada período, apresento o que vai ser desenvolvido naquela aula. Já a chamada é realizada no início da aula em silêncio, enquanto a turma organiza-se em espelho de classe. Neste trimestre os conteúdos que estão sendo trabalhados são: Simetria e Assimetria, Folclore e Surrealismo (primeiro e segundo planos). Para o desenvolver de cada conteúdo acima citados, são requisitados materiais para os alunos trazerem.

Infelizmente nem sempre todos atendem à requisição, o que acaba

prejudicando o desenvolvimento da aula, pois é preciso remanejar materiais para que todos possam trabalhar. O envolvimento com a disciplina poderia ser maior. Porém, é tudo muito novo para a turma e por isso há uma certa flexibilização na cobrança do envolvimento visando que este aconteça gradativamente, pois, se há uma cobrança excessiva hoje,

pode atrapalhar o processo de

envolvimento com a disciplina no futuro. 34


De igual modo, o comprometimento com as tarefas e materiais solicitados pela professora também ficam a desejar. Alguns alunos precisam ser lembrados constantemente para trazerem materiais e também serem auxiliados na conclusão das tarefas. Em média, conseguem ficar 30 minutos concentrados no realizar de uma atividade. Procuro sempre dinamizar bastante o uso de recursos utilizando-os com destreza para que possa alcançar o objetivo de transmitir o conteúdo. Quando utilizo imagens, procuro sempre que elas sejam grandes e de boa qualidade a fim de serem visualizadas com clareza e para a boa compreensão do conteúdo. Valho-me da apostila adotada pela escola, de obras literárias clássicas, bem como dvd's para o obtenção de imagens. O encadeamento entre as propostas trabalhadas sempre é buscado visando a melhor compreensão do conteúdo. Também, visto que o período de trabalho é pequeno, com o encadeamento é possível aprimorar as atividades concernentes a cada conteúdo. A dinâmica do grupo é muito boa. Interagem bastante uns com os outros no realizar das atividades dentro das combinações. Essa dinâmica também auxilia na construção do saber, pois qualifica a realização das atividades através da troca de idéias. No que tange a movimentação dos objetos e corpos os alunos ainda estão em adaptação à disciplina, pois é um mundo novo para a grande maioria deles. O que se busca muito neste primeiro contato com a Educação Artística é justamente a participação dos alunos em cada proposta a ser realizada. Desta forma eles conseguirão conhecer os conteúdos, o mundo da Arte e posteriormente interagirem com os objetos e corpos na realização dos trabalhos propostos. Infelizmente a maior interferência para o melhor aprendizado é a falta de um local específico para as aulas. A escola não possui um atelier e as classes das salas de aula não são apropriadas para a realização da maioria das atividades. Porém, sempre procura-se fazer o melhor dentro dos recursos disponíveis. Muitos alunos têm suas peculiaridades. Aqueles que de fato tem dificuldades de aprendizagem, outros que se dispersam com facilidade devido a conversa; há também os esquecidos que quase sempre não trazem materiais. Por outro lado existem os que realmente se interessam e participam ativamente das aulas e até auxiliam os que não tem a mesma facilidade de absorção dos conteúdos. 35


Sempre após cada aula, todos alunos são convidados a limpar a sala, especialmente quando é utilizado tinta, telas, gesso, argila, isopor, enfim. Do mesmo modo, ao final da aula, os alunos deixam a sala organizada em espelho de classe assim como no início. Estas e outras regras sempre são estabelecidas entre professora e alunos para que aconteça o bom andamento da aula. As mesmas são relembradas quando necessário, bem como discutidas para que sejam bem compreendidas. Todos estes pontos visam o crescimento do aluno no âmbito escolar, como pessoa, bem como no conhecimento de Artes na disciplina de Educação Artística.

Terceira e quarta observações Data: 14 e 15/08/2009 Neste dia a turma mostrou-se bem integrada às atividades iniciais da aula como descrita no diagnóstico. Porém, após o início das atividades com material didático (apostila do positivo), mostraram dificuldades em concentrar-se nos objetivos propostos. A turma participa das aulas, mas se distrai com muita facilidade, precisando que a professora retome com ela as atividades propostas. O conteúdo trabalhado neste dia foi o uso da cor, iniciando o trabalho com uma breve exposição do Artista Lula Cardoso Ayres e suas obras (material utilizado para ilustrar estavam registrados no próprio material apostilado) que apresenta descrição da obra

e uma

fotografia (uso do material visual) de forma positiva. Em seguida foi mostrado como nossos ancestrais mais distantes usavam de tudo para colorir seus desenhos. Ex: plantas (urucum), minerais (carvão) e até sangue de animais. Neste momento os alunos demonstraram muita curiosidade de como se dava esse processo. Mostrei nos livros da história da arte que havia levado para a sala algumas obras deste período. Como por exemplo: Inscrições rupestres – Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) A partir daí observamos o conteúdo descrito como: A divisão das cores em cor da natureza, cor da luz e cor pigmento e a decomposição da luz branca. 36


Como objetivo deste conteúdo destaco a necessidade de conceituar, reconhecer, representar, nomear e aplicar o uso da cor. O exercício desenvolvido (estratégia) foi o círculo da cor. Utilizando um pedaço de cartolina branca, lápis de cor e um CD. Falei que a combinação das cores do arco-íris se combinam para formar a cor branca. As instruções foram as seguintes: recortar um círculo de 10cm de diâmetro; pinte cada parte com as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta); cole em um CD; faça um furo no centro do círculo e prenda-o em um pedaço de lápis e/ou caneta e girar. A atividade iniciou, porém não houve tempo para terminá-la em aula. Foi proposto o término desta atividade em aula (dias 21 e 22/09/2009). Materiais solicitados para próxima aula: elementos químicos como: giz, batom, creme dental, anilina, beterraba, cenoura, chá preto.), folhas de papel Canson A4, folhas brancas A4.

Quinta e sexta observações Data: 21 e 22/09/2009 Nesta aula a turma estava um pouco mais agitada comparada com as aulas anteriores, pois neste dia houve recreio estendido e alguns alunos acabaram sendo encaminhados ao Serviço de Orientação Escolar (SOE). Foi necessário acalmá-los antes de iniciar as atividades propostas. Após acalmá-los, pois sou conselheira da turma e isto durou mais ou menos 30 minutos (até os alunos retornarem para a sala), iniciamos as atividades, ou seja, retomamos de onde havíamos parado. No desenvolver da atividade a turma demonstrou interesse e capricho em realiza-la. Alguns necessitaram que fosse retomado com eles as atividades propostas, pois são muito dependentes da professora e de alguns colegas que se dispõem a ajudá-los. Porém grande parte da turma demonstrou capricho, interesse e dedicação, mostrando-se independente e responsável com a atividade proposta. Ao término da atividade anterior foi iniciada a segunda parte dos experimentos da 37


cor. Solicitei que todos acomodassem os materiais sobre a mesa. (materiais solicitados na aula anterior). Pedi que friccionassem folhas, flores, terra, casca de frutas, giz, batom, creme dental, anilina e beterraba. Depois, solicitei que escrevessem o que encontraram na sua experiência. A turma mostrou-se espontânea para conversar e expor suas experiências. Mostraram-se comunicativos e participativos. Alguns alunos precisaram ser estimulados a expressar-se, pois possuem alguma dificuldade. A conclusão desta atividade foi na aula posterior, pois não houve tempo hábil para concluí-la neste dia, ou seja, a data do término das apresentações e exposição dos trabalhos foi no dia 28/09/2009. Como não foi possível realizar tudo neste dia encaminhei os mesmos materiais para a aula seguinte.

Análise das observações silenciosas – 5º ano do Ensino Fundamental Neste ano, o professor exerce a função de conselheiro desta turma. Devido a esse fator, foi possível perceber uma atenção especial do professor para com os alunos e vice-versa. Ele está sempre pronto a acolhe-los em suas dificuldades referentes tanto a sua disciplina como de outros assuntos. Por outro lado parece cobrar um pouco mais dos alunos. Acredito que é com o propósito de que sejam uma turma exemplar. Também, de que levem mais a sério a disciplina de Educação Artística que, muitas vezes, é deixada de lado. Inclusive às vezes ouve-se comentários como: “pra que estudar artes? No que isso vai me ajudar na vida?” Comentários desse tipo mostram o quanto os alunos são carentes no que diz respeito ao que realmente é importante na vida. E as escolas, professores precisam estar atentos a isso e incutirem neles por exemplo que na arte “aprende-se que a cultura visual contribui para que os indivíduos fixem as representações sobre si mesmos e sobre o mundo e sobre seus modos de pensar-se. A importância primordial da cultura visual é mediar o processo de como nos olhamos, e contribuir para que os seres humanos saibam muito mais do que experimentaram pessoalmente.” (Hernández, 2000.p. ) 38


Quanto ao conteúdo apresentado, conforme o livro A Arte de Fazer Arte de Denise Akel Haddad e Dulce Gonçalves Morbin, o professor mostrou pleno domínio dos temas cor e simetria e assimetria. Apresentou a parte teórica, ou seja, os conceitos dos temas valendo-se de exemplos práticos e e figuras para que houvesse uma boa compreensão por parte dos alunos. Demonstrou também, bastante dinamismo na apresentação aos alunos, pois permitiu a participação dos mesmos, quando puderam relatar experiencias vivênciadas, o que enriqueceu a aula. Na culminância destes temas estudados foi realizada uma atividade prática, a qual foi muito interessante. Isto porque o professor instigou os alunos a experimentarem sensações de acordo com o que aprenderam teoricamente, somado as suas experiencias. E então,

as

expressassem livremente. É notório que quando existe uma boa interação entre professor e aluno, é possível construir-se aulas interessantes e que, acima de tudo, acrescentem algo proveitoso a vida. Por isso é sempre necessário se estar aberto para novos conhecimento tendo a certeza de que em um momento ou outro da vida ele nos será útil.

Primeira e segunda observações Data: 06/10/2009 A turma possui um número significativo de alunos, um total de 31. É uma turma com características bem ecléticas, pois observei que existem “várias tribos distintas” em sala de aula. Alguns mais participativos, outros dispersos e alheios a toda e qualquer interferência do professor. Este, por sinal, demonstra ser bem seguro do conteúdo e domínio da turma, embora algumas vezes seja necessário a interferência solicitando que o aluno respeite as regras e combinações da turma. As aulas acontecem em dois períodos semanais na 5ª feira, sendo estes períodos de 50 minutos cada (um antes do intervalo às 9:15 e o outro após o intervalo às 10:20). O desempenho e a atenção dos alunos fica um pouco a desejar, pois são um tanto dispersivos. Existe uma grande resistência para retornarem para a sala de aula após o intervalo, visto que muitos alunos ficam pelos corredores conversando ou em outras salas até serem 39


descobertos por outros professores e solicitados que se encaminhem para a sua sala de aula. O professor, por sua vez, é bem claro em suas combinações e solicita que estes alunos se dirijam ao SOE e só retornem com autorização para a sala. “Esta é uma prática solicitada pela instituição. Alguns respeitam e cumprem, outros simplesmente deixam os alunos entrar (para não causar problema para si). Isto faz com que alguns professores sejam taxados de chatos e outros de bonzinhos”. Os alunos são posicionados em filas de acordo com um espelho de classe, separando os casos de conversa e trazendo para perto da professora os alunos com maior dificuldade de concentração. Este espelho é estabelecido em todas as aulas e em todas as disciplinas, salvo quando há trabalhos em grupo. E, em artes, trabalhar em grupo é bem comum. A aula é expositiva no primeiro momento, com a parte introdutória onde o professor opta por ditar o conteúdo. Após é formado um seminário de questionamentos sobre o conteúdo. Depois do intervalo a turma se posiciona em grupos para elaborarem os projetos discutidos no período anterior. Durante a aula a professora se posiciona em todos os cantos da sala contribuindo oralmente e esclarecendo dúvidas. A chamada é algo que me chamou a atenção: O professor chega em sala, inicia a aula com a parte teórica e após, quando são solicitados a se posicionarem em círculo para o seminário, antes do intervalo, ele faz a chamada. Neste dia o professor dividiu os grupos e iniciou o projeto da construção de um jornal na internet (um jornal virtual da turma).

Terceira e quarta observações Data: 13/10/2009 Neste dia o professor iniciou a aula com a chamada seguida das orientações aos grupos montados na aula anterior. As orientações dizem respeito ao projeto do trimestre que tem por objetivo desenvolver a criatividade e o senso crítico e estabelecer um vinculo com a 40


comunidade. O jornal tem a proposta de ser virtual utilizando recursos tecnológicos, bem como da arte. O projeto teve início com a divisão por equipes de trabalho sorteados de acordo com a proposta (Para ler e fazer o jornal na sala de aula de Maria Alice Faria e Juvenal Zancheta Jr., da editora Contexto). Os assuntos foram: notícias (pequenas reportagens sobre a escola); entrevistas com pessoas da comunidade escolar; informações; recados e fofocas; classificados; publicidade; poemas; indicações de leituras; artes; dicas de entretenimentos e esportes. Alguns grupos ficaram insatisfeitos com o sorteio, questionando o professor sobre como elaborar o material para o jornal. Então os grupos foram orientados a montar o seu projeto de assunto com: título (tema do projeto); o que o grupo vai aprender; estratégias que podem desenvolver; como iniciar os conhecimentos e as experiências; conexão com outras matérias; recursos; atividade para toda a turma; atividades em grupo; atividades individuais; apresentação e avaliação. O professor avisou que esta atividade era avaliativa e que deveria ser entregue após o intervalo. Após esta solicitação aqueles que estavam brincando, e sem dar muita atenção, iniciaram a atividade. Um grupo chamou a atenção do fundo da sala, pois conversavam e escutavam música com fone de ouvido embora o professor tivesse solicitado que guardassem. Alguns integrantes do grupo demonstraram inquietude e falta de comprometimento com a aula, fazendo colocações desrespeitosas ao grupo com brincadeiras desagradáveis. Parte desta turma vem junto do ano anterior, outra parte vem de diversas escolas e outros ainda de vários anos de repetência em escolas da rede pública. Estes apresentam maior dificuldade cognitiva e sócio-afetiva nos objetivos da escola. A turma entregou o projeto quase no final do 2º período e alguns ainda deixaram algumas questões em branco, pois não sabiam o que responder (dificuldade de se organizar em grupo). O professor solicitou que a sala fosse organizada para o próximo período e orientou as atividades das próximas aulas.

41


Quinta e sexta observações Data: 20/10/2009 A aula teve início com um texto apresentando os primeiros passos do jornal (conteúdos, as equipes, as reuniões, a periodicidade, nome e logotipo e tipo de distribuição). Após a leitura do texto o professor montou um seminário para esclarecimento das dúvidas e orientações gerais às equipes. A turma organizou-se e demonstrou interesse pelo assunto. Inclusive um aluno trouxe a possibilidade de se criar um site oficial onde a turma iria custear e manter. Grande parte da turma mostrou interesse e o aluno ficou de pesquisar e trazer o orçamento na próxima aula. No segundo momento da aula foi falado do tamanho das letras e tipologia, primeira página e páginas internas, bem como a disposição do jornal (Manchete no cabeçalho central, foto central, título, chamada e publicidade; capa). A aula terminou e os alunos ainda continuaram tirando dúvidas e pedindo esclarecimentos.

Análise das observações silenciosas – 1º ano do Ensino Médio Acredito que o professor conduziu muito bem as aulas. Mostrou domínio da proposta de trabalho que visava estimular os alunos na sua capacidade de criação e execução de um projeto. Os objetivos deste projeto estavam muito claros: a interação entre os alunos, a divisão de tarefas, a capacidade de entrarem em consenso, bem como a de elaborarem uma obra de arte. Sim, pois um jornal não deixa de ser uma obra de arte, só que literária. O professor foi bastante claro na exposição do trabalho aos alunos, não deixando dúvidas de como deveriam acontecer todas as etapas. Na condução do processo, por vezes foi necessário ser firme na condução da ordem na sala de aula seguindo as orientações da instituição. Por outro lado, o professor também foi

bastante prestativo, auxiliando os alunos nas suas

dificuldades. Uma única observação é que talvez ele poderia ter proporcionado aos alunos escolherem o que gostariam de fazer no desenvolver do jornal ao invés de ter realizado um sorteio. 42


Acredito que seria mais democrático. Este trabalho proposto pelo professor vem ao encontro da necessidade de se estimular os alunos a terem uma mentalidade crítica da realidade. Como diz Hernández “o enfoque para a compreensão supõe adquirir as destrezas que permitam ir além do mundo tal e como estamos acostumados a percebê-lo pelos códigos linguísticos e signos culturais produzidos pelo poder estabelecido.” E do mesmo modo este trabalho foi muito interessante devido a troca de saberes que ele proporcionou, segundo Hernández, “conhecer também pode ser o processo de examinar a realidade de uma maneira questionadora e de construir visões e versões não só diante da realidade presente, mas também diante de outros problemas e circunstâncias.” Por fim, atividades deste nível mostram que uma disciplina que por vezes é questionada quanto a sua importância, tem o seu valor quando o professor faz com que ela seja atrativa aos alunos.

3.3 Análise do questionário dos alunos Ao tomar posse dos questionários dos alunos e poder lê-los, em primeiro lugar, foi possível perceber a riqueza desta experiência. Tenho consciência de que não é todo dia que alguém é confrontado com esse tipo de questionamento e as muitas perguntas sem respostas mostram isso. Em segundo lugar, as respostas às perguntas indicam uma pouca familiaridade com a Arte. É bem verdade que no dia a dia de nossas vidas o tema Arte não é discutido nas conversas corriqueiras. E, na maioria das vezes, as notícias veiculadas na mídia sobre esse tema passam desapercebidas. Muitos dos alunos responderam dizendo que tiveram um primeiro contato com a Arte na Escola e isso na 5ª série do Ensino Fundamental. E outros afirmam que além de terem o primeiro contato na escola, continuam apenas com ele, ou seja, o contato que estão tendo ainda não provocou mudança de comportamento frente a Arte. Isto evidencia que nas famílias o contato com a Arte é muito pequeno. Especialmente no que se refere a Artes Visuais. As respostas mostraram que numa maioria, o contato artístico que possuem é com a música, teatro e dança. Lógicamente que esse contato tem muito valor, mas certamente seria enriquecido se paralelamente houvesse a visitação a galerias de arte, por exemplo. Segundo Hernández, quando um estudante realiza uma atividade vinculada ao conhecimento artístico, que a mesma não só potencia uma habilidade manual, desenvolve um dos 43


sentidos (a audição, a visão, o tato) ou expande sua mente, mas também, e sobretudo, delineia e fortalece sua identidade em relação às capacidades de discernir, valorizar, interpretar, compreender, representar, imaginar, etc. Deste modo, fica evidente que cada vez mais a escola precisa estimular, e desde as séries iniciais, o contato com as artes, pois elas estão ligadas ao nosso viver diário e por vezes nem nos damos conta. Agora, se houver um estímulo por parte da escola aos seus alunos e também para os pais destes, certamente se terá uma evolução na capacidade de compreensão da Arte como um todo e a sua grande influência na vida de um ser humano. E acima disto, o aluno que for estimulado a vivenciar a Arte certamente terá capacidade de conhecer-se melhor e, inclusive, vencer tabus e medos.

3.4 Análise do questionário com o professor Pude perceber, ao analisar as respostas do professor de Artes, que a sua grande preocupação é proporcionar prazer ao aluno e, desta forma, transmitir conhecimento. Também averiguei, que ele usa de técnicas variadas para que os alunos possam expressar-se de diferentes modos, visto que nem todos possuem a mesma aptidão com este ou aquele material. Sendo assim, ela disponibiliza a pintura, a colagem, as dobraduras, leituras de imagem, audição de músicas, tudo visando o melhor aproveitamento da disciplina. De igual modo, foi constatado que a disciplina de artes não é algo solto na instituição. Ela está incluída num planejamento prévio em concomitância com disciplinas afins, como História, Literatura, Língua Portuguesa, etc. Esta ligação faz com que os alunos percebam a importância de se estudar Artes, o quanto de aprendizado ela proporciona quando vinculada a outros saberes. É bem verdade que, muitas vezes, a aula de artes é vista como uma espécie de “quebra de ritmo”, ou seja, a matemática, a física a química são puxados, e quando vem a aula de artes é hora de dar uma relaxada. Por isso o professor precisa de muita sabedoria para saber valer-se de trabalhos que estimulem os alunos a aprenderem o valor desta disciplina nas suas vidas. Infelizmente as escolas, em sua maioria, não oferecem materiais e local adequado para o desenvolver desta disciplina. Ela ainda esta num bloco secundário. Se bem que no contexto sócio-cultural da atualidade a cada vez mais uma cobrança de conhecimentos múltiplos para se 44


avaliar a inteligência do ser humano. Por isso é de suma importância que o professor de artes, antes de tudo, valorize sua formação e a sua disciplina. Isto para que todos que adentrarem numa escola para assistirem uma aula de artes percebam que estão diante de uma disciplina que pode, sim, em muito, contribuir, não só com conhecimentos, mas também para a construção da identidade e caráter de uma pessoa.

45


4 PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS

4.1 A HQ e a sua aplicação no ensino da arte A disciplina de Educação Artística do Colégio Luterano da Paz realizará durante o ano de 2010 o projeto cujo tema é a História em Quadrinhos. O público alvo será formado pelos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Estes serão

auxiliados pela estagiária e

professores da disciplina de Língua Portuguesa, os quais serão facilitadores do processo. Tem-se por justificativa que o conhecimento do desenho, bem como sua origem, tornam-se importantes para que se tenha domínio do processo, adaptando a diferentes registros e de forma coerente. Quanto maior, mais variado e interessante for a forma de expressar o desenho, maior será a chance de preparar os alunos, a fim de que tornem-se hábeis observadores e desenhistas. Também para que tenham acesso aos bens culturais e maior participação no mundo do desenho.41 Os objetivos do projeto serão os de motivar o conhecimento da linguagem do desenho, seus significados, construindo competências para a utilização da linguagem do desenho nas diversas situações de comunicação visual. De igual modo integrar alunos, professores e instituição escolar através da apreciação, experiências e criação de HQs de contos literários. E, de forma imprescindível, desenvolver no aluno a familiaridade com a linguagem em quadrinhos. Para o desenvolvimento de tal projeto e obtenção de tais objetivos e necessário ter-se uma metodologia. Esta buscará através do tema abordado realizar diferentes atividades que facilitem o entendimento da realização e montagem de uma história em quadrinho no contexto escolar. As ações pedagógicas (estratégias) para alcançar-se os objetivos serão:

41

textos e ilustrações para o jornal da escola;

utilização do computador na criação de HQs;

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual,mudança educativa e projeto de trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

46


confecção de cartazes para um trabalho interdisciplinar;

reproduzir um personagem em massa de modelar (para criação de stop-motion);

ilustração e criação de diálogos para a HQ. Mas como dar início a todo este processo? É necessário averiguar-se o nível de

conhecimento e experiência daqueles que são o alvo do projeto. Para tanto é preciso uma investigação do tipo de leitura estão mais habituados a fazer. Também, sondar quais as histórias em quadrinhos são as mais conhecidas por eles, e quando e de que forma tiveram contato com este tipo de manifestação artística. Num momento posterior, far-se-á conexões com outras matérias e saberes, especialmente a Língua Portuguesa. Desta forma buscar-se-á conteúdos de conhecimento literário e procedimentos para a construção de um texto para HQs. Os seguintes recursos serão necessários para a realização das atividades: ●

livros referentes ao tema;

folhas coloridas e bloco canson A3;

cola;

tesoura;

sala de informática;

lápis aquarelado 6B;

máquina fotográfica;

xerox;

Recursos humanos: Pais ou responsáveis. Tendo-se isso em mãos, partir-se-á para a realização de atividades em grupo, onde

cada grupo criará sub-temas para HQs de acordo com o tema geral proposto. Após esta escolha será apresentado para todos grupos um linha do tempo da HQ com imagens deste o seu início até os dias atuais. Na sequência do projeto, os alunos realizarão pesquisa individual sobre ilustrações da HQ, bem como as organizarão para que sejam anexadas nas representações. Também, farão leitura individualizada de acordo com o tema solicitado. Após estas etapas acontecerá a organização de todo processo elaborado pelo grupo, 47


de acordo com as ilustrações (textos e desenhos) e filmes em stop-motion. Por fim acontecerá a avaliação em três níveis: No nível cognitivo, a avaliação será constante, durante o desenvolver do projeto, observando-se a participação dos alunos, as suas conversas e a manifestação de sua criatividade. Já no nível psicomotor será observado a participação e a realização das tarefas propostas por parte dos alunos, bem como a manipulação do material para a realização do trabalho proposto. E no nível afetivo será verificado se todos os alunos tornaram-se mais interessados e apreciadores do assunto abordado.

Planos de aula 6ª Série e 1º ano do Ensino Médio 2 períodos semanais 1º plano de aula Data: 1ª aula Série: 6ª (Ensino fundamental II) e 1º ano (Ensino Médio) Turma: 61 e 101 Turno: Matutino Horário: 7:30 às 9:10 (2 períodos) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Apresentar o Projeto Educativo de Ensino “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Conteúdos: Projeto Educativo de Ensino. ●

História em quadrinho no dia a dia e no mundo.

Metodologia: ● ● ●

Aula expositiva dialogada Estudo do texto Leitura de imagens

Desenvolvimento: 1. Apresentação em PowerPoint do projeto aos alunos (resumo do projeto)

48


Projeto HQ PÚBLICO ALVO: 6ª série do Ensino Fundamental do Colégio Luterano da Paz e 1º ano do Ensino Médio. TEMA: “História em Quadrinhos no dia-a-dia” PERÍODO: Abril a Junho de 2010 OBJETIVO: Conhecer o início e a evolução até o dia de hoje das Histórias em Quadrinhos; Verificar a influência das Histórias em quadrinhos na vida das pessoas; Oportunizar a criação de uma História em quadrinhos contemporânea.

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: ●

Criar um texto que conta a história das Histórias em Quadrinhos.

Elaborar slides em PowerPoint sobre a evolução das histórias em quadrinhos.

Oportunizar leitura de imagens relacionadas as Histórias em Quadrinhos.

Construir uma pesquisa sobre a periodicidade com que as pessoas lêem Histórias em Quadrinhos e onde as encontram.

Montar uma tabela demonstrativa sobre os respostas obtidas na pesquisa.

Selecionar um clássico das Histórias em quadrinhos e criar um novo enredo.

Apresentação das Histórias em Quadrinhos criadas pelos alunos.

RECURSOS E TÉCNICAS 1

PowerPoint.

2

Sala de vídeo.

3

Sala de computadores.

4

Xerox.

5

Revistas de Histórias em Quadrinhos.

6

Lápis de desenho.

7

Lápis de cor.

8

Canetas hidrográficas.

9

Imagem de obra de Arte.

10 Biblioteca. 11 Televisão e aparelho de DVD. 49


12 Livros referentes ao tema. 13 Folhas coloridas e bloco canson A3. 14 Cola. 15 Tesoura. 16 Máquina fotográfica. 17 Xerox. 18 Recursos humanos: Pais ou responsáveis.

AVALIAÇÃO Cognitiva: ●

Constantemente, durante o desenrolar do projeto observando-se a participação dos alunos, as suas conversas.

Psicomotora: ●

Participação dos alunos nas atividades propostas.

Realização das tarefas propostas.

Manipulação do material para a realização do trabalho proposto.

Afetiva: ●

Verificar se todos os alunos sentiram o quanto as Histórias em Quadrinhos influenciaram suas vidas.

CULMINÂNCIA 1.Apresentação em sala de aula dos clássicos em História em Quadrinhos elaborados pelos alunos. 2. Reflexão sobre a História em Quadrinhos no mundo (material do PowerPoint - imagens) 3. Distribuição do texto

DESENVOLVIMENTO História em Quadrinhos Há muito tempo, por volta de 3200 a 2900 a.C., viveram na Mesopotâmia os sumérios. Eles fizeram uma obra chamada “Estandarte de Ur” que conta, através de quadros, a história da guerra e da paz. Esta obra é uma espécie de história em quadrinhos. O que aconteceu depois dessa obra foi o surgimento de balões para os textos e as onomatopéias para representar os 50


sons, além da forma de representar as figuras. Também existem as histórias com dois, três ou quatro quadros, com ou sem balões de texto. Estas são chamadas de tiras ou tirinhas. Foi em tirinhas que em 1896 os balões foram utilizados pela primeira vez. O personagem era Yellow Kid (“garoto amarelo”). Yellow Kid é quase universalmente aceito como o primeiro personagem propriamente de quadrinhos, por mais que haja antecessores imediatos. Ele foi o primeiro a conquistar seu público próprio na imprensa e a fazer convergir e tornar manifestos os traços básicos da nova forma de expressão. Suas falas e, pouco depois, a inserção delas em balões, foram um sinal inequívoco de que o leitor estava diante de uma HQ . (PATATI, 2006, p. 15-16)

Atualmente existem vários nomes para a história em quadrinhos: comic strips (em inglês), bandes dessinées (em francês) ou fumetti (em italiano), com características e desenhos próprios. No Brasil, elas são conhecidas como gibis. Falando específicamente de Brasil, uma das revistas mais conhecidas é a Turma da Mônica. Foi criada por Maurício de Souza. A Mônica, a Magali e a Marina foram inspiradas nas suas filhas. O que o Maurício de Souza sempre procura transmitir nas suas histórias são a amizade, a lealdade e a honestidade. Suas histórias em quadrinhos além dos gibis podem ser vistas no cinema, televisão e nos videogames. Um outro tipo de história em quadrinhos é o Mangá. Este é o nome dado para a HQ no Japão. O Mangá é uma referência no estilo de desenhar personagens humanos. Mangá significa “desenho sem limites”, e o seu desenhista é o mangaká. Osamu Tezuka é considerado o pai do mangá moderno. Em contraste com os mangás antigos que eram suaves e delicados, Osamu Tezuka criou personagens mais expressivos, com olhos grandes, de pupilas escuras e dilatadas. A idéia de movimento foi introduzida. Sua criação mais famosa foi o Astro Boy42.

Avaliação: Cognitiva – Averiguar o conhecimento adquirido através das contribuições durante a exposição dialogada do conteúdo. Psicomotora – Perceber o engajamento do aluno na cronologia e dinâmica da evolução da História em Quadrinhos. 42

HADDAD, Denise Akel. MORBIN, Dulce Gonçalves. A Arte de fazer arte. 3ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.6567.

51


Afetiva - Sentir o quanto o aluno envolveu-se com o contéudo relacionando-o as suas vivências cotidianas

2º plano de aula Data: 2ª aula Série: 6ª (Ensino fundamental II) e 1º ano (Ensino Médio) Turma: 61 e 101 Turno: Matutino Horário: 7:30 às 9:10 (2 períodos) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: ●

Apresentar a Obra “O Estandarte de UR” e a sua relevância nas Histórias em Quadrinhos.

Conteúdos: ●

Obra “O Estandarte de UR”.

Metodologia: ●

Aula expositiva e dialogada.

Estudo do texto explicativo sobre a Obra “O Estandarte de UR”.

Leitura de imagem segundo Edmund Feldman.

Desenvolvimento: 1. Apresentação da Obra “o Estandarte de UR” em PowerPoint.

52


2. Distribuição do texto explicativo sobre a Obra “o Estandarte de UR”. A Obra “O Estandarte de Ur” encontra-se no British Museum, em Londres. Ela foi descoberta por Leonard Woolley nos anos 1920. Esta obra é considerada, pela maioria dos historiadores como o mosaico mais antigo que se tem conhecimento e foi encontrado na antiga Mesopotâmia, atual Iraque. Trata-se de dois painéis retangulares feitos de mármore, arenito avermelhado (rocha constituída basicamente por grãos de areia unidos por um cimento argiloso) e coberto com lápis-lázuli (mineral de cor cinzento-azulada) e conchas. Quem fez esta obra foi os Sumérios, povo que viveu na Mesopotâmia por volta de 3200 a 2900 a.C.. A Obra constitui-se de duas faces numa espécie de história em quadrinhos. Na primeira face são narradas cenas de guerra, com o rei e seu escudeiro num carro que corre e espezinha seus inimigos, os vencedores conduzem os prisioneiros, os quais atados em pares, são apresentados ao rei. Na outra face mostra-se cenas da vida doméstica de um dos reis sumérios. Em suma a Obra “O Estandarte de UR” descreve cenas de guerra e paz. (HADDAD, 2004, p. 64)

3. Leitura da Obra “O Estandarte de UR”. Perguntas da Leitura de Imagem segundo Edmundo Feldmann: 1. Descrição: Observar o que é imediatamente visível. O que eu vejo? 2. Análise Formal: Tenta-se descobrir a lógica da composição. 3. Análise dos elementos estruturais: cor, linha, volume e perspectiva. 4. Interpretação: Expressamos significados. Podem ser fiéis à intuição do artista, ou não. O que eu sinto (interação com a obra). 5. Julgamento: Avaliar o valor artístico. ●

Filsofia Formalista: Esta crítica coloca a excelência na organização formal. A análise formal é privilegiada em detrimento da interpretação.

Filosofia Expressivista: Esta visão vê a excelência como a habilidade em comunicar idéias e sentimentos de forma intensa. É o oposto do formalismo.

Filosofia Instrumentalista: O que interessa são as consequências das idéias e sentimentos expressos pela arte.43

Avaliação: Cognitiva: Averiguar a participação dos alunos diante da exposição do contéudo, através de colocações e questionamentos. Psicomotora: Constatar a participação efetiva na técnica de leitura de imagem. Afetiva: Perceber o impacto causado frente a uma Obra de Arte tão antiga.

43

TRINDADE, Jurema Roehrs. Introdução à arte. (Cadernos Universitários). Canoas: Ed.ULBRA, 2002, p. 39-40.

53


3º plano de aula Data: 3ª aula Série: 6ª (Ensino fundamental II) e 1º ano (Ensino Médio) Turma: 61 e 101 Turno: Matutino Horário: 7:30 às 9:10 (2 períodos) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Identificar a trajetória da História em Quadrinhos através da história da humanidade. Conteúdos: ●

Linha do tempo da História em Quadrinhos.

Metodologia: ●

Aula expositiva dialogada

Visualização de um vídeo demonstrando a trajetória da História em Quadrinhos.

Pesquisa na turma e com docentes sobre a História em Quadrinhos.

Montar uma tabela demonstrativa de resultados.

Desenvolvimento: 1. Apresentação de slides sobre a história da História em Quadrinhos. 2. Perguntas a colegas de turma e docentes sobre a História em Quadrinhos. ●

Qual é o tipo de literatura é mais usada pelo público?

A biblioteca da escola disponibiliza História em Quadrinhos (gibi)?

Qual é a rotatividade das Histórias em Quadrinhos?

Qual é o público mais assíduo? 3. Preechimento dos dados obtidos na tabela.

Qual é o tipo de literatura mais usada pelo público? (1)_____________________________________ (2)_____________________________________ (3)_____________________________________ A biblioteca disponibiliza Histórias em Quadrinhos (gibi)? ( ) SIM ( ) NÃO Qual é a rotatividade das Histórias em Quadrinhos? ( ) BAIXA 54


( ) MÉDIA ( ) ALTA Qual é o público mais assíduo?

( ) EDUCAÇÃO INFANTIL ( ) ENSINO FUNDAMENTAL I ( ) ENSINO FUNDAMENTAL II ( ) ENSINO MÉDIO

Avaliação: Cognitiva: ●

Averiguar

a capacidade de compreensão dos alunos, através de questionamentos, da

evolução da História em Quadrinhos no decorrer da história. ●

Aferir as conclusões que tiraram da pesquisa que realizaram com colegas e docentes.

Psicomotora: ●

Perceber o quanto os alunos observaram as imagens do vídeo e a interação deles através de colocações e questionamentos .

Analisar a efetiva participação dos alunos na realização da pesquisa.

Afetiva: ●

Sentir o quanto o aluno envolveu-se com o contéudo e o impacto causado na sua vida.

Perceber as expressões sentimentais externadas pelo aluno ao contatar com colegas e docentes.

4º plano de aula Data: 4ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 6ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Recriar uma História em Quadrinhos. Conteúdos: 55


O livro “O Cortiço” em HQ.

Texto, enredo, personagens, balões, letreiros e onomatopéias na HQ.

Metodologia: Aula expositvia e dialogada Estudo de Texto

Desenvolvimento: Explicação sobre texto, enredo, personagens, balões, letreiros e onomatopéias na HQ. Interpretação do livro “O Cortiço” em HQ.

1.

O que é texto, enredo, personagens, balões, letreiros e onomatopéias na HQ?

Texto O Texto é um dos elementos utilizados na criação em quadrinhos. Ele pode aparecer na forma de balões ou como letreiros. Para que um texto atinja o seu real objetivo é necessário: a) Utilizar linguagem clara; b) Seguir um roteiro preestabelecido; c) Preocupar-se com: “O que comunicamos?” , “Como fazemos?”, e “A quem nos dirigimos?”; d) Escolher o tipo de redação que será utilizado no texto. Mas o desenhista pode criar uma história sem balões, letreiros ou onomatopéias. Ele pode desenvolver uma idéia usando apenas quadrinhos com desenhos.

Enredo Antes de criar uma história com desenhos, o quadrinista pensa no enredo ou argumento. O enredo é o que ele quer contar e como, o desenvolvimento da história: quantos personagens participarão dela; em que situações eles se envolverão; que transformações ocorrerão até o final

Personagens Os personagens fazem parte da ação da história. Podem aparecer com fala ou não e ser representados de diferentes formas (objetos, pessoas, animais, etc.) Eles demonstram expressões próprias de acordo com a história. Se a fala é triste, por exemplo, o personagem terá expressão de choro. 56


Balões Nos quadrinhos, os balões servem para comunicar os diálogos, as idéias, os ruídos, as sensações e os pensamentos dos personagens. O balão é dividido em corpo, ou forma delimitada, e um rabicho (indicando o personagem ao qual se refere). Os balões apresentam formas variadas, de acordo com o que se deseja expressar. Geralmente, usa-se letra bastão maiúscula na composição do texto. A posição dos balões dentro do quadrinho deve obedecer o sentido da leitura.

Letreiros Assim como os balões são a fala dos personagens de uma HQ, os letreiros são a fala do narrador, onde ele dá as explicações necessárias das mudanças na história (narrativa). Cada autor faz isso à sua maneira. Alguns autores colocam o letreiro dentro de pequenos retângulos, outros deixam as palavras soltas nos quadrinhos.

Onomatopéias São palavras que buscam reproduzir vozes de seres, ruídos da natureza ou sons. Por exemplo, “dim-dom” é a onomatopéia de uma campainha. Através da onomatopéia a linguagem escrita e a imagem visual se integram. A onomatopéia é utilizada em vários tipos de mensagem: humorísticas, trágicas, diferentes tipos de ruídos etc.44 2 Questionário interpretativo do livro “O Cortiço” 1. Faça um levantamento da linguagem popular expressada no livro. Citação

Página

Quadro

a)____________________ ______

______

b)____________________ ______

______

c)____________________

______

______

d)____________________ ______

______

2. Baseado nas questões escolhidas escrever o que cada uma representa. a)________________ b)________________ c)________________ d)________________ 44

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 3ªed. SãoPaulo: Saraiva, 2004, p. 65,66,68,70 e73.

57


3 Cite três onomatopéias presentes na leitura.

4 Escolha uma personagem do livro e faça uma descrição detalhada.

5 Os planos são os cortes das imagens que determinam o que aparece e o que é ocultado. Suas denominações utilizam o corpo humano como referência e são as mesmas empregadas no cinema. A – Plano geral (amplo, abrangendo tanto os personagens por inteiro, mas sem grande abertura para o cenário (

) sequência de quadros menores da p.21.

B – Médio (retrata os personagens mais ou menos da cintura para cima, mostrando com bastante clareza os seus gestos. (

) o último quadro da p.5.

C – Primeiro plano (atem-se a altura dos ombros dos personagens, salientando sua expressão fisionômica. (

) segundo quadro da p.15.

D – Close (concentra-se num detalhe da figura humana ou de um objeto, relçando o que poderia passar desapercebido pelo leitor. (

) penultimo quadro da p.5.

6 Nos quadrinhos os textos aparecem nas legendas de narração, nos balões de fala e nos de pensamento. Nesta HQ as falas mais gritadas foram representadas por palavras em corpo maior dentro de balões de contorno irregular (3º quadro da p.11) A – As falas mais sussurradas por palavras em corpo menor (

) último quadro da p.68

B – Balões tracejados (

) penultimo quadro da p.11. 58


C – Pensamentos foram representados em forma de nuvem (

) Como no último quadro da p.67

Avaliação: Cognitiva – Averiguar a participação do aluno durante a exposição do conteúdo através das suas contribuições. Psicomotora – Analisar o compromentimento do aluno em realizar o que lhe fora proposto. Afetiva – Perceber o envolvimento do aluno com a história do livro através das suas expressões e/ou falas.

5º plano de aula Data: 5ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 6ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Conhecer os diferentes recursos artísticos que podem ser usados numa HQ. Utilizar, na composição do desenho, a perspectiva, luz, sombra. Conteúdos: ● ●

Enredo e Croqui em HQ Perspectiva, luz e sombra, cores e composição.

Metodologia: Aula expositiva e dialogada. Apresentação de PowerPoint.

Desenvolvimento: 1. Slides sobre a aplicabilidade dos recursos artísticos, tais como: perspectiva, luz e sombra,

59


cores e composição. (cfe. Anexo)45

Avaliação: Cognitiva – Averiguar a participação dos alunos frente a exposição do conteúdo através das suas contribuições. Psicomotora – Analisar no aluno a sua atenção durante a apresentação em PowerPoint e no realizar das tarefas. Afetiva – Perceber o entrosamento com o conteúdo exposto e a sua representatividade na sua vida.

6º plano de aula Data: 6ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 2ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: ●

Conscientizar os alunos da linguagem específica dos quadrinhos (decodificação das múltiplas mensagens verbais e visuais).

Desenvolver Croqui.

Conteúdos: Enredo Croqui em HQ Metodologia: Aula expositiva e prática.

Desenvolvimento: Leitura do texto extraído da coluna do David Coimbra cujo título é “O Cortiço”, Ao caminhar por entre as artérias do Monumento ao Holocausto, no coração de Berlim, a cada passo aumentava minha admiração pelos 45

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 3ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 3872.

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alemães. Ali estava um povo que não se esquivava de suas culpas. Ao contrário, as purgava em público e em alta voz. Os mesmos passos me faziam pensar nos brasileiros. Nós aqui, ao que parece, não nos aflige culpa alguma. Do que o brasileiro se envergonha, afora a derrota na Copa de 50? Pois é. Mas nós temos do que nos envergonhar. Temos também o nosso nazismo. O nosso holocausto. Chama-se escravidão. O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão, mas nem ao aboli-la lavou-se de sua desonra. Agora mesmo, no Rio de Janeiro flagelado, lateja essa dor. Pois quem são esses que morrem sufocados pela terra que se desprende dos morros cariocas? Descendentes de escravos e exescravos expulsos do Centro quando o Rio se transformou no que hoje é. Você leu O Cortiço, de Aluísio Azevedo? Bom livro. Não devia ser obrigatório nas escolas, devia ser tratado como romance para iniciados. O Cortiço conta a história de um imigrante português que, como se dizia então, “amasiou-se” com uma escrava para somar suas economias às dela. Juntos, os dois e seus dinheiros, melhoraram a bodega dele e investiram em quartos de aluguel. Montaram um cortiço aos moldes de tantos que havio no Rio do século 19, o mais célebre deles chamado Cabeça de Porco, de propriedade do Conde D’Eu, ilustre marido da Princesa Isabel. O que não deixa de ser irônico – entre os 4 mil moradores do cortiço do marido, havia inúmeros ex-escravos libertados pela esposa. Essa gente não teve mais onde morar a partir do começo do século 20, quando a prefeitura do Rio botou abaixo os cortiços. O prefeito Pereira Passos, inspirado nas reformas feitas em Paris décadas antes, rasgou avenidas, abriu largos arejados, mudou a face da cidade. Os moradores dos cortiços, muitos deles, foram para a zona norte. Outros, que precisavam morar perto do Centro, onde trabalhavam para os senhores brancos e bem alimentados, esses ficaram por perto: subiram os morros do entorno, construíram casebres com as sobras das demolições protagonizadas por Pereira Passos, formaram as favelas como as conhecemos. Essa gente pingente das favelas não foi libertada da escravidão; foi atirada à liberdade. Para eles, nunca houve planejamento, muito menos investimento. Hoje, Lula dá certa atenção a esses desgraçados. Não é o ideal, claro que não. Porque não é uma ajuda estratégica; é uma ajuda tática. Mas, ao menos, é algo. Para quem não tinha nada, talvez seja muito. Por isso, Lula foi amassado pela vaia do Maracanã, no Pan em 2007. Vaiaram-lhe os brancos e bem alimentados, os moradores da planície, que olham para o alto, para o morro, com medo. Hoje, os brancos e bem alimentados da planície olham de novo para o morro. Aquela gente parda, aquela gente que passa os dias de bermuda e sem camisa, que mora em barracos construídos com pedaços de qualquer coisa, aquela gente teima em chamar a atenção. Às vezes roubando, às vezes matando e às vezes, como agora, morrendo. Inconvenientes, é o que são. Vivem a nos lembrar que em nós, também, pode haver culpa. (ZERO HORA, 2010, p. 2)

Propor uma explosão de ideias que devem ser inseridas no trabalho a ser desenvolvido. Para o desenvolvimento da HQ é necessário pensar no enredo, pois é ele que vai contar como será o desenvolvimento da história: quantos personagens participarão dela; em que situações eles se envolverão; que transformações ocorrerão até o final. Iniciação a construção dos personegens. 61


Escolha de um clássico juvenil para recriação. Apresentação em slides em PowerPoint (enredo,vinhetas e tiras para história). Texto com dicas para utilização na construção dos personagens. Para criar uma figura humana, podemos iniciar pelo desenho pedagógico, que é o “esqueleto” do personagem, traçado apenas com linhas. Dicas para utilização do desenho pedagógico: a) Faça o esqueleto do personagem. Procure traçar as linhas de acordo com a posição e o movimento que você quer dar a ele. b) Contorne o esqueleto com formas arredondadas. c) Finalmente, crie as roupas, de acordo com as características do personagem, e desenhe os traços fisionômicos.46 Formação de grupos para o desenvolvimento do conteúdo. Momento de explosão de idéias coletiva (levantamento de possibilidades de clássicos juvenis).

Avaliação: Cognitiva – Verificar a conscientização dos alunos na linguagem específica dos quadrinhos. Psicomotora – Analisar a produtividade do aluno durante a aula expositiva e principalmente na elaboração do enredo e do croqui. Afetiva – Perceber o quanto o aluno envolveu-se na escolha e reconstrução de um clássico juvenil e o quanto significa para ele.

7º plano de aula Data: 7ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 6ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.”

46

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 74.

62


Objetivos: Reconhecer, planejar e criar histórias em quadrinhos. Conteúdos: Criação de clássicos juvenis em HQ. Metodologia: Aula expositiva e prática. Trabalho em grupo.

Desenvolvimento: A construção do personagem. Elaboração da obra “construção da HQ”, através dos conhecimentos adquiridos. Leitura do texto extraído do jornal ZERO HORA da coluna do Davi Coimbra cujo título é “O Cortiço”, conforme texto no plano número 6. Propor uma explosão de idéias que devem ser inseridas no trabalho a ser desenvolvido. Texto com dicas para utilização na construção dos personagens. Para criar uma figura humana, podemos iniciar pelo desenho pedagógico, que é o “esqueleto” do personagem, traçado apenas com linhas. Dicas para utilização do desenho pedagógico: a) Faça o esqueleto do personagem. Procure traçar as linhas de acordo com a posição e o movimento que você quer dar a ele. b) Contorne o esqueleto com formas arredondadas. c) Finalmente, crie as roupas, de acordo com as características do personagem, e desenhe os traços fisionômicos.47 Direcionamento na elaboração da obra “ construção da HQ” ou proporcionar ao aluno usar os conhecimentos adquiridos até aqui: (profundidade, sombreamento, perspectiva, etc…) e mais algumas regras de perspectiva: Os folhetos que anunciam prédios de apartamentos e de casas de condomínio costumam ser bonitos, coloridos e bem desenhados. Os arquitetos e projetistas recorrem às regras da perspectiva para dar idéia de profundidade e de volume às paisagens e aos objetos. Vamos conhecer algumas regras de perspectiva. a) Linha do Horizonte (LH) – Quando você está na praia e olha para o mar, você tem a 47

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 74.

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impressão de que o mar e o céu se encontraram. Essa linha imaginária de encontro entre céu e mar, por exemplo, é chamada de linha do horizonte. b) Ponto de fuga – Quando você olha para uma paisagem, um ambiente, etc., seus olhos se direcionam automaticamente para um único ponto, mas sem perder a imagem do todo. Esse ponto para onde nossos olhos se dirigem é chamado de ponto de fuga. c) Linha convergente – São linhas que se dirigem a um só ponto.48

Avaliação: Cognitiva – Averiguar o capacidade do aluno em planejar e criar histórias em quadrinhos. Psicomotora – Analisar a produtividade do aluno durante a aula expositiva e principalmente na elaboração do projeto. Afetiva – Perceber o quanto o aluno envolveu-se na escolha e reconstrução de um clássico juvenil e o quanto significa para ele.

8º plano de aula Data: 8ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 6ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Criar histórias em quadrinhos. Conteúdos: Criação de classicos juvenis em HQ. Metodologia: Aula expositiva e prática. A construção do personagem. Continuação do trabalho em grupo.

48

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 52.

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Desenvolvimento: Elaboração da obra “Construção da HQ”, através dos conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores. Texto com dicas para utilização na construção dos personagens. Para criar uma figura humana, podemos iniciar pelo desenho pedagógico, que é o “esqueleto” do personagem, traçado apenas com linhas. Dicas para utilização do desenho pedagógico: d) Faça o esqueleto do personagem. Procure traçar as linhas de acordo com a posição e o movimento que você quer dar a ele. e) Contorne o esqueleto com formas arredondadas. f) Finalmente, crie as roupas, de acordo com as características do personagem, e desenhe os traços fisionômicos.49 Direcionamento na elaboração da obra “ construção da HQ” ou proporcionar ao aluno usar os conhecimentos adquiridos até aqui: (profundidade, sombreamento, perspectiva, etc…) e mais algumas regras de perspectiva: Os folhetos que anunciam prédios de apartamentos e de casas de condomínio costumam ser bonitos, coloridos e bem desenhados. Os arquitetos e projetistas recorrem às regras da perspectiva para dar idéia de profundidade e de volume às paisagens e aos objetos. Vamos conhecer algumas regras de perspectiva. d) Linha do Horizonte (LH) – Quando você está na praia e olha para o mar, você tem a impressão de que o mar e o céu se encontraram. Essa linha imaginária de encontro entre céu e mar, por exemplo, é chamada de linha do horizonte. e) Ponto de fuga – Quando você olha para uma paisagem, um ambiente, etc., seus olhos se direcionam automaticamente para um único ponto, mas sem perder a imagem do todo. Esse ponto para onde nossos olhos se dirigem é chamado de ponto de fuga. f) Linha convergente – São linhas que se dirigem a um só ponto.50

Avaliação: Cognitiva –

Averiguar o capacidade do aluno na criação de histórias em quadrinhos.

Psicomotora – Analisar a produtividade do aluno durante a aula expositiva e principalmente na 49 50

HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 74. HADDAD, Denise Akel, MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 52.

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execução do projeto de HQ. Afetiva – Perceber o quanto o aluno envolveu-se na construção de um clássico juvenil e o quanto significa para ele.

9º plano de aula Data: 9ª aula Série: 1º Ano (Ensino Médio) Turma: 101 Turno: Matutino Horário: 07:35 às 08:20 (1 período – 5ª feira) 12:00 às 12:50 (1 período – 6ª feira) Tema: “História em Quadrinhos no dia-a-dia.” Objetivos: Averiguar o conteúdo das histórias em quadrinhos criadas pelos alunos. Apreciar a disposição gráfica das HQs criadas pelos alunos. Conteúdos: Histórias em Quadrinhos criadas pelos alunos. Metodologia: Aula expositiva e prática. Apresentação das HQs criadas pelos alunos.

Desenvolvimento Apresentação das HQs criadas pelos grupos de trabalho. Cada grupo irá expor para a turma o processo de construção da sua HQ. Falarão das dificuldades e da maneira como as venceram. Também responderão questionamentos do professor e dos colegas se houver.

Avaliação: Cognitiva – Analisar o conhecimento adquirido sobre o conteúdo e a sua aplicação na elaboração da HQ apresentada. Psicomotora – Averiguar a desenvoltura e criatividade na construção da HQ e na apresentalção da mesma aos demais colegas e professora. Afetiva – Perceber a identificação do aluno com a obra de HQ que ele criou e a representatividade 66


da mesma no cotidiano da sua vida.

Análise dos planos de aula Quem de nós, uma ou outra vez não folheou ou leu uma História em Quadrinho (HQ), o famoso gibi? É difícil um não ter passado pelas nossas mãos até mesmo por ser considerada uma leitura fácil e gostosa de se fazer. Em virtude disso veio o planejamento de montar uma monografia de conclusão do curso de Licenciatura em Artes Visuais tendo por tema “A história em quadrinhos e sua aplicação no ensino da arte”. Desta forma, os planos de aula elaborados para a turma 61 (6ª Série do Ensino fundamental) e para a turma 101 (1º ano do Ensino Médio) tiveram como tema a evolução das Histórias em Quadrinhos no decorrer da história e uma maneira de contextualiza-las na atualidade. As aulas, num primeiro momento serão expositivas, para apresentar os conteúdos necessários sobre a evolução da história das HQs, valendo-se de recursos como livros e slides com documentários para uma melhor fixação. Junto a estes conteúdos serão explicados como os recursos artísticos são usados na elaboração de uma HQ. Num segundo momento as aulas serão práticas onde os alunos serão conduzidos a fazerem releituras de clássicos e contos literários em HQ. Após estes passos os alunos terão condições de, associando a evolução da HQ e as técnicas artísticas, criarem novas histórias em quadrinhos contextualizadas com nossa época. Os planos foram elaborados de forma simples, visto que é na simplicidade que ensina-se a complexidade. Os mesmos contam com auxílios de professores de Língua Portuguesa e de Literatura, a fim de auxiliarem na elaboração da escrita e compreensão das histórias a serem estudadas, a saber “Dom Quixote” e “O Cortiço”. O objetivo final é incutir conhecimento sobre a História em Quadrinhos e sua relevância no estudo da arte bem como de outras disciplinas, visto transmitirem de forma direta e objetiva idéias, pensamentos e ensinamentos. Também, de estimular a criatividade dos alunos fazendo-os criarem novas histórias em quadrinhos. Por fim, espera-se que os alunos possam perceber através da História em Quadrinho que a arte é de grande valia para as nossas vidas, pois acima de tudo enriquece nossa gama de 67


conhecimentos e a nossa capacidade de expressar-se.

Auto análise Nas aulas de Artes vejo a possibilidade de proporcionar um olhar crítico e mostrar que a arte pode ser acessível a todos. A didática aplicada nas aulas é baseada no material didático trabalhado na escola que leciono (Positivo) que, de uma certa maneira engessa a criatividade obrigando a trabalhar os conteúdos apresentados no material. Leciono em uma entidade privada que solicita com antecedência o planejamento, bem como os projetos interdisciplinares que vem complementar

as atividades desenvolvidas

durante o ano letivo. Na 6ª série o conteúdo de artes é algo novo, ou seja, tudo que vem é novidade. Por isso as aulas são encaradas com muita espera e ansiedade pelos alunos. Quando é oferecido algo além do material didático, como atividades na sala de vídeo ou atividades extra-curriculares, a turma responde de maneira significativamente positiva. Já os conteúdos são trabalhados de acordo com a listagem oferecida pelo material didático, porém deve-se levar em conta que as atividades práticas chamam atenção e as que envolvem conteúdos escritos foge aos interesses da turma. Essas atividades práticas trabalhadas são técnicas que envolvem pintura com tinta guache e desenho com releituras de obras. Os materiais utilizados são de uso pessoal e os que a escola dispõe é muito pouco e fica na biblioteca para uso geral dos alunos. Infelizmente a escola não dispõe de um atelier e não tem planos para isso no momento. Com materiais alternativos e inovadores (que não seja o habitual) leva-se o aluno para o pátio da escola. Por fim, penso que a arte possui a função de motivar e de fazer o cidadão um ser que pensa, vê e transforma. E as escolas possuem um papel fundamental neste processo de formação.

68


CONCLUSÃO

Desafio. Talvez seja essa uma palavra que descreva a concepção inicial na hora de ir para a sala de aula. Havia um tema a ser desenvolvido com os alunos: “História em Quadrinhos no dia a dia.” Era precisava apresentar o Projeto Educativo de Ensino. Isto para que os alunos pudessem conhecer o início e a evolução até o dia de hoje das Histórias em Quadrinhos a fim de que verificassem a influência delas na vida das pessoas, bem como oportunizar aos alunos a criação de uma História em Quadrinhos contemporânea. Como então vencer o desafio da insegurança, do cronograma de aulas, de conseguir que os alunos desenvolvessem as atividades e despertar o interesse da turma diante do projeto apresentado? Estes foram os desafios que me acompanharam nos Estágios em Artes Visuais.

Insegurança Este foi o primeiro desafio a ser vencido. Perguntas vinham a minha mente: O que será que os alunos vão achar do projeto? Vão gostar? Vão engajar-se no projeto? Com essas perguntas e a insegurança segui para a primeira aula. Esta foi

desenvolvida

num primeiro

momento através da apresentação em power point do projeto “História em Quadrinhos no dia-adia”, ou seja, os objetivos, o desenvolvimento do projeto, os recursos e técnicas e a avaliação. Foi também distribuído um texto sobre o assunto. Confesso que entrei na sala procurando demonstrar firmeza, segurança e domínio daquilo que iria apresentar aos alunos. Só que no meu íntimo estava com receio de que tudo que tinha planejado não desse certo. E também não tinha respostas para tudo sobre o projeto, pois ainda estava elaborando e descobrindo muitas coisas sobre as Histórias em Quadrinhos. A palavra insegurança descreve um primeiro desafio porque tinha plena consciência daquilo que me aguardava. Havia um cronograma a ser seguido, aplicado e vencido, ou seja, não era possível ficar marcando passo. Os objetivos precisavam ser alcançados. Ao mesmo tempo, estava deslumbrada com o projeto que tinha me proposto trabalhar com os alunos. Sentia-me empolgada, radiante, imaginava coisas mirabolantes acontecendo no andamento do projeto. Via verdadeiros “Maurícios de Souza” na sala de aula. Porém, não era 69


possível ter total certeza de que isso iria acontecer. Dependia do desenvolvimento dos alunos. De igual modo queria dar o melhor de mim para receber a devida recompensa, ou seja, a aprovação no estágio. Eu sabia que estava sendo avaliada. Queria fazer tudo conforme o combinado com minha orientadora. Não queria decepcioná-la e, além do mais, queria ter uma boa nota no meu currículo. Mas, lá no fundo havia um receio de que tudo que fora planejado desse errado. Essa insegurança ainda me acompanhou especialmente nas cinco primeiras aulas, pois eram mais teóricas e consequentemente exigiam um maior preparo da minha parte, tanto para transmitir os conhecimentos como para conseguir a atenção dos alunos. Já a partir da sexta aula a insegurança foi sendo vencida, pois tinha todos os conteúdos elencados. Agora era só apresentar aos alunos e colocá-los em prática. Surgiu então um segundo desfio.

Cronograma de aulas Tudo estava muito bem pensado, elaborado em minha mente, discutido e repensado com a orientadora e por fim, tudo muito bem escrito no papel. Sentia-me pronta para dar um “show”. Mas havia o desafio de vencer cronograma de aulas. Será que conseguiría? Estava tudo esquematizado para sete aulas, só que já na primeira aula percebi que nem tudo que está na nossa mente ou no papel é possível de ser praticado. Há os imprevistos. Um deles foi a falta de compreensão dos alunos o que implicava em mais tempo para dar esclarecimento a eles. Outro fator que determinou o não cumprimento do cronograma de sete aulas foi a quantidade de conteúdos teóricos. Eram muitos os conceitos relativos as artes visuais que se aplicavam às Histórias em Quadrinhos. Senti que era necessário dar o máximo de informações aos alunos para auxiliá-los no momento de executarem o trabalho prático. Porém, na sexta aula, quando os alunos começaram este trabalho, algumas dúvidas começaram a surgir. Foi preciso retomar algumas explicações teóricas para que os alunos conseguissem realizar o que foi proposto. E, além disso, ainda haviam novos conteúdos teóricos necessários para os alunos compreenderem como se constrói uma História em Quadrinhos. Isso tudo fez com que cronograma das sete aulas não fosse suficiente para concluir o projeto “Histórias em Quadrinhos no dia a dia”. Necessitei de mais duas aulas. Mas, havia ainda um 70


terceiro desafio a ser vencido.

Desenvolvendo as atividades Desenvolver as atividades era um terceiro desafio que tinha pela frente. Tinha minhas dúvidas se os alunos conseguiriam compreender o objetivo das atividades, como a leitura de imagens, a pesquisa de campo, a leitura e análise de textos, a confecção do croqui e, por fim, a construção de Histórias em Quadrinhos. Procurei detalhar ao máximo, através da teoria, a maneira como os alunos precisavam desenvolver as atividades que solicitava. Só que na hora de as realizarem vinha a dificuldade e então era preciso dispor de mais tempo para auxiliá-los. Foi possível perceber que os alunos achavam tudo difícil de fazer, especialmente aqueles menos interessados em participar das aulas. Não queriam fazer o que lhes competia e ainda atrapalhavam os que queriam. Desta forma, cada atividade desenvolvida levava mais tempo do que o previsto, o que também contribuiu para o não cumprimento do cronograma inicial de sete aulas. Porém, o intuito de cada uma das atividades era, justamente, aguçar o interesse dos alunos no projeto que estava desenvolvendo com eles.

Despertando o interesse Este, sem dúvida foi o maior desafio. Encontrava-me pronta para dar algo aos alunos, mas eles não estavam totalmente prontos para receber. E eis aí uma oportunidade para refletir: Levamos em conta o interesse dos alunos quando elaboramos um projeto? Faço essa reflexão porque já na primeira aula foi perceptível o pouco interesse dos alunos com o projeto que lhes estava apresentando. É bem verdade que uma minoria, mas o desinteresse estava presente no ambiente da aula e isso incomoda, questiona. Foi necessário usar da autoridade de professora e estabelecer algumas combinações a fim de poder dar andamento na aula. Precisei me expor diante dos alunos a fim de não perder o controle. As aulas, então, foram acontecendo. A teoria estava sendo apresentada para tentar conscientizar os alunos da importância do projeto. As atividades práticas também eram aplicados e então havia um pouco mais de envolvimento, especialmente daqueles mais desinteressados. Sem 71


dúvida, por vezes era necessário retomar as combinações com os alunos para que os trabalhos continuassem a fluir. É bem verdade que esta falta de interesse de alguns alunos era algo que eu sabia que poderia acontecer. Senti-me culpada pela falta de preparo para aceitar esta possível reação de falta de interesse dos alunos, pois isto é algo que nunca pode ser descartado no universo de uma sala de aula. Não é segredo para ninguém o fato de que muitos jovens apenas sentam-se numa cadeira de sala de aula porque os pais querem, a sociedade cobra, e a moral e os bons costumes presam por isso. Mas se os alunos realmente pudessem escolher, talvez, naquele momento da vida, estariam fazendo outra coisa. Alguns até tomam essa atitude e passam a ser marginalizados. O desafio de despertar o interesse nos alunos é a base na qual está sustentado o projeto “História em Quadrinhos no dia a dia. Isto porque vejo a importância crucial de planejar bem uma aula, pois é isto que vai fazer a diferença entre o interessar-se e o não interessar-se por um conteúdo. Não é possível e nem admissível entrar numa sala de aula sem saber direito o que e como ensinar e o onde quero levar os alunos. Se não preparar bem uma aula posso levar meus alunos a qualquer lugar, menos ao campo do conhecimento. Para que isto aconteça é imprescindível levar em conta o interesse do aluno. Fiquei então pensando em como ensinar arte para adolescentes de uma maneira que chamasse a atenção deles. Lembrei-me das Histórias em Quadrinhos, os famosos “gibis”, que são um tipo de literatura que atraiu nossos avós, pais e, ainda que alguns com uma roupagem nova, continuam atraíndo nossos filhos. Então, criei um texto que conta a história das Histórias em Quadrinhos para que os alunos pudéssem ler. E, ao mesmo tempo, elaborei slides em power point que contavam a evolução das histórias em quadrinhos. Também, oportunizei aos alunos a leitura de imagens relacionadas as Histórias em Quadrinhos. E, buscando despertar cada vez mais o interesse dos alunos diante do projeto, construí uma pesquisa sobre a periodicidade com que as pessoas lêem Histórias em Quadrinhos e onde elas se encontram. Esta pesquisa constava das seguintes perguntas: Qual o tipo de literatura é mais usada pelo público? A biblioteca da escola disponibiliza Histórias em Quadrinhos (gibi)? Qual a rotatividade das Histórias em Quadrinhos? Qual é o público mais assíduo? Esta pesquisa foi realizada pelos alunos no ambiente da escola com 22 colegas e 10 professores. 72


Depois de realizada a pesquisa o resultado comprovou que a biblioteca disponibiliza os “gibis” para os alunos, que a rotatividade é muito boa e que tanto o público da educação infantil, do ensino fundamental, bem como do ensino médio, são bastante assíduos com mínimas diferenças entre eles. Esta pesquisa deu suporte ao projeto que estava desenvolvendo e igualmente, mexeu com a minha auto-estima, pois pude visualizar que estava no caminho certo. Através das Histórias em Quadrinhos poderia sim ensinar as teorias básicas relacionadas à arte. Isto porque as Histórias em Quadrinhos são algo que faz parte do cotidiano de crianças e adolescentes, ou seja, são conquistas já efetivadas pelos alunos, pois a maioria já as leu e até mesmo procuraram fazer as suas Histórias em Quadrinhos. Agora o que estava procurando passar para eles é, além do como surgiram as Histórias em Quadrinhos, o como elas são construídas. Não são apenas um amontoado de riscos que originam um desenho e sucessivamente uma história. Várias são as técnicas artísticas que estão envolvidas, e isto é algo que faz parte do desenvolvimento potencial da maioria dos alunos, ou seja, estão relacionadas a capacidades em via de serem construídas. Resumindo, o meu propósito era ensinar através de algo conhecido pelos alunos, as Histórias em Quadrinhos, algo que eles não conheciam, ou seja, conteúdos de artes visuais. Parti para este desafio, como estagiária, de despertar o interesse nos alunos através de algo diferente porque não acredito que a forma de ensinar deve manter-se sempre a mesma, ou seja, a velha expressão “sempre foi assim”. É preciso uma análise no contexto em que se está inserido para averiguar se os objetivos do ensino estão sendo alcançados. Algo semelhante lemos na obra “Estágio e Docência”: O estágio então, nessa perspectiva, reduz-se a observar os professores em aula e imitar esses modelos, sem proceder a uma análise crítica fundamentada teoricamente e legitimada na realidade social em que o ensino se processa. Assim, a observação se limita à sala de aula, sem análise do contexto escolar, e espera-se do estagiário a elaboração e execução de “aulas modelo”. (PIMENTA, 2009, p. 36)

Se permanecermos sem dar importância na descoberta dos motivos pelos quais os alunos não têm interesse em estarem na sala de aula, continuaremos apenas proporcionando aos alunos o assistirem uma amontoado de conteúdos que não vão dizer nada para o dia a dia da vida deles. 73


Com o projeto “História em Quadrinhos no dia a dia” algo já estava superado: estava fugindo um pouco das “aulas modelo”. Isso foi perceptível pelos alunos já na primeira aula, pois procurei me valer de recursos que proporcionassem uma maior intereção entre professor e alunos. Fiz uso do powerpoint, da sala de vídeo e de imagens de obras de arte. E, no decorrer das aulas utilizamos também o laboratório de Informática, idas à biblioteca e trabalhos em grupos. Tudo para procurar despertar o interesse dos alunos diante de um conteúdo que, num primeiro momento, não lhes dizia nada. Porém, ao estimulá-los, os alunos foram percebendo o quanto o universo da arte está presente no seu dia a dia. Sem dúvida, tudo isso envolve muito trabalho, mas é preciso dosar as aulas entre teoria e prática. E valendo-se de recursos diferentes as aulas não caem numa rotina maléfica tanto para o professor, que pode cair na “mesmisse”, como para o aluno que pode ficar desinteressado tanto em vir para a escola como em aprender. Os alunos, por exemplo, na terceira aula, perceberam isso e comentaram o como as aulas estavam sendo diferentes. Isto mostra que as metodologias e os materiais que estavam sendo usados eram adequados aos objetivos propostos. O período de estágio, sem dúvida, é fantástico para se fazer experiências, pois é tempo de aprendizado (na verdade estamos sempre aprendendo quando estamos abertos para isso), em que se tem a oportunidade de contar com uma supervisão e orientação naquilo que se está executando. Por isso, é preciso ousar no estágio. O desafio pela busca do interesse do aluno faz bem até mesmo para a auto-estima do professor na sala de aula, pois ele terá um maior retorno do seu trabalho. Aquelas horas ocupadas em casa na elaboração de uma aula, que visa o interesse do aluno, valerão a pena. Isto porque os alunos serão mais participativos, terão prazer em assistir a aula e realizar as trabalhos, quer individualmente ou em grupo, porque perceberão o empenho do professor. O aluno, querendo ou não, é um reflexo do professor, salvo algumas excessões. A auto-estima do professor pode ser percebida também nos trabalhos em grupos dos alunos. E o projeto “História em Quadrinhos no dia a dia” teve bastante trabalhos em grupo. Começaram na terceira aula e, especialmente a partir da quinta aula, pois nesta foram criados os grupos para recriar o clássico “O cortiço” em História em Quadrinhos. E o primeiro passo na formação do grupo é proporcionar o envolvimento e comprometimento de todos. O desafio de despertar o interesse se faz muito presente nos trabalhos em grupo e o 74


professor é muito importante neste processo, tanto se for ele a montar o grupo quanto se ele permitir a livre montagem. O professor precisará ser sempre aquele que motivará, que zelará pela harmonia e consequentemente, o bom andamento do trabalho. Se o grupo caminhar assim, sem dúvida a autoestima do professor estará em alta. Do mesmo modo, ao começar o trabalho em grupo, é lógico que surgirão dúvidas em relação aos conteúdos teóricos apresentados e que agora precisarão ser lembrados. Neste caso o professor precisará sempre se colocar ao lado dos grupos para sanar as dúvidas. Para isso ele necessitará ter um ótimo domínio dos conteúdos. Se ele estiver assim, bem preparado, a sua autoestima também crescerá porque os alunos reconhecerão no professor um porto seguro diante das suas inseguranças e assim também se motivarão a trabalhar melhor. O trabalho em grupo também requer dos alunos muita atenção naquilo que cada integrante fala para que não passe desapercebido e, consequentemente possa ficar desinteressado. Igualmente o professor precisa ficar muito atento para tudo o que os integrantes do grupo falam para que possa interferir de modo eficaz. Diante disso vale a pena ressaltar que ouvir é apenas uma atividade biológica, que não exige maiores esforços do nosso cérebro. Pois eu posso ouvir música enquanto arrumo a casa, preparo uma refeição, etc. Portanto, ouvir exige menos esforço de que escutar”. Segundo o mesmo autor, “escutar”, pressupõe um trabalho intelectual, pois após ter ouvido, é preciso interpretar, avaliar e reagir à mensagem. Escutar implica num processo intelectual e emocional. (POLITO, 2005)

Isso observei na sexta aula. Os alunos de um grupo vieram até minha mesa solicitar ajuda e expuseram o que não tinham entendido. Como eu estava fazendo algumas anotações na minha agenda, disse aos alunos que já iria até a mesa deles. Quando cheguei lá fiquei apenas olhando o que os alunos estavam fazendo, pois nem lembrava mais o que os alunos tinham me pedido. Isto mostra que apenas tinha ouvido e não escutado os alunos. Percebe-se assim a importância do professor diante do trabalho em grupo. O professor precisa encará-lo com muita responsabilidade e parte integrante do processo ensino/aprendizagem. Não é um momento para o professor dar uma relaxada. Pelo contrário, é hora de mais trabalho, é momento de culminância de todo o processo. E se não produzir os efeitos esperados o professor terá culpa por não ter dado o devido interesse aos trabalhos em grupos. 75


Vencendo os desafios Enfrentando estes desafios, a insegurança, pois perguntas vinham a minha mente: O que será que os alunos vão achar do projeto? Vão gostar? Vão engajar-se no projeto?; o cronograma de aulas, pois o Projeto de Ensino estava esquematizado para sete aulas, mas a falta de compreensão dos alunos e a quantidade de conteúdo teórico fizeram com que eu tivesse que acrescentar mais duas aulas; o desenvolvendo as atividades, visto que os alunos sempre levavam mais tempo do que o previsto para desenvolve-las; e despertando o interesse, pois encontrava-me pronta para dar algo aos alunos, mas eles demonstravam pouca vontade em aprender, chego à conclusão de que cada um deles me ajudou a ter uma melhor postura em sala de aula enquanto professora. Aprendi que às vezes é preciso agir com firmeza, ou seja, com energia e determinação, e cobrar as obrigações dos alunos sem deixar-se influenciar, pois isto mostrará aos alunos que o professor está seguro daquilo que está fazendo, que ele é a autoridade na sala de aula. Outras vezes, porém, é preciso ter um pouco mais de maleabilidade, ou seja, ser mais flexível, tolerante especialmente diante de eventuais dificuldades que a turma esteja enfrentando, com o objetivo de auxiliá-los. Percebi, e pude aprender na prática, que só se vence a insegurança quando é possível preparar-se bem para elaborar um projeto de ensino e para dar uma aula e, do mesmo modo, quando se conhece os seus limites. Hoje, o professor precisa estar pronto para vencer o limite da falta de tempo, pois dificilmente ele é só professor. Muitos desempenham outros papéis como ser mãe, pai, ter um outro emprego, enfim. Outro limite é a falta de respostas para tudo. O professor, muitas vezes, esbarra na falta de informação. Diferentemente dos alunos, ele não dispõe de tanto tempo para, por exemplo, navegar na internet para saber o que está acontecendo de novidade no mundo. E ainda, um outro limite que o professor enfrenta é a falta de condições adequadas para ministrar a sua aula. Às vezes as turmas são muito grandes, a escola não disponibiliza os recursos necessários à disciplina, ou seja, o professor precisa fazer proezas para conseguir exercer a sua função. Concluí também que é preciso levar em conta o contexto dos alunos e encontrar uma forma de chamar a atenção deles. Para tanto, ao elaborar um projeto de ensino, é preciso estar bastante atenta ao cronograma de aulas para que ele não seja muito longo, tornando-se cansativo e desmotivador tanto para o professor quanto para os alunos. Constatei ainda, no que diz respeito ao desenvolvimento das atividades, que é preciso 76


torná-las atrativas e de fácil compreensão para que não gerem muitas dúvidas e, consequentemente, dificuldade de realização. Averiguei, por fim, que todo projeto de ensino precisa ser enxuto, dinâmico e muito bem contextualizado. Ele precisa colocar o aluno em primeiro lugar, pois somente assim vai ser possível atingir o aluno no processo ensino/aprendizagem conquistando seu interesse pelas aulas. Afirmo que o professor precisa transmitir ao aluno segurança, apresentar-lhe um projeto de ensino que tenha um bom cronograma de aulas e de atividades visando despetar o interesse do aluno. Se isso não acontecer, é muito provável que tanto o professor como os alunos ficarão frustrados. E então o professor desenvolverá uma baixa auto-estima e o aluno uma falta de interesse. Ou seja, neste processo de aplicação só foi possível vencer os desafios devido a muita dedicação, ao comprometimento e à responsabilidade diante do projeto que me propus trabalhar com alunos. Ao mesmo tempo, é necessário uma constante busca pelo aprimoramento, pois sempre surgirão novos desafios a serem vencidos, diferentes da insegurança, do cronograma de aulas, do desenvolver as atividades e do despertar o interesse. Assim em função de tudo que eu vi neste processo me vejo uma professora com postura colaboradora, pois procuro sempre ajudar, contribuir, ter parte, cooperar no processo de construção do saber dos alunos. Não me coloco como aquela que sabe tudo diante de alunos que por sua vez não sabem nada, mas como alguém que está ali para caminhar com eles. Também me vejo como conciliadora, procurando trabalhar em acordo, em harmonia, em compatibilidade com os alunos e não em atrito. Numa sala de aula é preciso somar e não diminuir, multiplicar e não dividir conhecimentos. Ou seja, mesmo que o professor e o aluno sejam distintos entre si, é possível trabalhar em perfeita combinação. Desta forma professor e alunos sairão ganhando e alcançarão melhores resultados no processo de ensino/aprendizagem, tornando-se professores alegres e alunos felizes!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARNHEIN, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Martins Fontes, 2004. BARBOSA, Alexandre. RAMOS, Paulo. VILELA, Paulo. Como usar as histórias emquadrinhos na sala de aula. Angela Ramos e Waldomiro Vergueiro (orgs.). 3ª ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/Educação Contemporânea. Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. HADDAD, Denise Akel. MORBIN, Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 6ª série. 2ªed. São Paulo: Saraiva, 2004. HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual,mudança educativa e projeto de trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. MENDONÇA, João Marcos Parreira. Traça traço quadro a quadro. A produção de histórias em quadrinhos no ensino da arte. Belo Horizonte: C/Arte, 2008. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ARTE / Secretaria de Educação Fundamental. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. PATATI, Carlos e BRAGA, Flávio. Almanaque dos quadrinhos: 100 anos de uma mídia popular. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. PHILLIPS, Lisa. Vida Animada. Roy Linchtenstein: animatedlife – vida animada. Catálogo de exposição. São Paulo, 2005. PIMENTA, Selma Garrido, LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2009. POLITO, Reinaldo. Assim é que se fala. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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APÊNDICES

A- Questionário com a direção B- Questionário com a professora C- Questionário com a supervisora D- Questionário com os alunos E- Artigo de David Coimbra

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A- Questionário com a direção 1 Em que se baseia a proposta pedagógica da escola? O Trabalho da instituição se baseia nos quatro pilares da educação: Aprender a aprender, aprender a conhecer, aprender a conviver e aprender a ser. 2 Qual a filosofia e missão da entidade? A filosofia da escola visa à promoção do ser humano levando-o a ser agente do seu próprio desenvolvimento, norteando pelos princípios do cristianismo incluindo, respeitando e valorizando a pluralidade cultural e religiosa, no resgate de valores morais e sociais, da valorização da vida e na constituição do conhecimento voltado para o exercício crítico e consciente da cidadania. A missão promover, apoiar e participar de ações que visem a valorização da vida, o exercício da cidadania e o desenvolvimento social, fundamentados no amor de Deus.

3 Como se dá as características do planejamento educacional da instituição? O Planejamento educacional da instituição se dá através dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental e ensino médio que visa o desenvolvimento de princípios éticos capazes de: 1 Compreender a cidadania com participação social e política; 2 Conhecer a valorizar a pluralidade sócio-cultural brasileira; 3 Perceber-se integrante e agente transformador do ambiente; 4 Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas. 5 Construir uma imagem positiva de si e participante do mundo do trabalho.

4 Qual o papel do planejamento educacional na perspectiva da escola cristã? Compete à Orientação Religiosa oferecer condições para que o colégio funcione dentro de um contexto cristão preservando a confessionalidade da IELB. 5 Paulo Freire afirma: (pedagogia da autonomia p. 119) “é decidindo que se aprende a decidir”. Em vista desta,

quais são os princípios, objetivos e características do projeto

político-pedagógico da escola que o planejamento deve levar em conta? 80


1 Responsabilidade e ambiental 2 Orientação para desenvolver competência e profissionalismo 3 Ensino de qualidade 4 Visão e construção do futuro 5 Respeito a diversidade Humana 6 Formação de valores Cristã

6 Que tipo de homem e de sociedade queremos construir? Uma pessoa responsável, consciente de seu papel social, através da vivência de valores cristãos e da aquisição de conhecimento formais que possibilite a realização pessoal e profisional. 7 Que papel desejamos para a escola em nossa realidade? Construir com a comunidade escolar, ações educativas que promovam a integração consciente, atuante e solidária na sociedade globalizada. 8 Que tipos de relações devem ser estabelecidas entre professor e aluno, entre escola e a comunidade? Professor e Aluno Escola e Comunidade: Através da participação em reuniões e nas atividades especiais desenvolvidas ao longo do ano, bem como das campanhas e projetos, a família pode ''ver a Escola por dentro'' e contribuir de forma direta com organização. 9 Há projetos permanentes na escola e quais são? De que maneira a arte poderia se inserir nestes projetos? Coleta Seletiva do Lixo Educação e Segurança no Trânsito Projeto Ação Integrada (PAI) Campanha do Agasalho Projeto Sorriso Projeto Natal Solidário Desenvolvendo o lado critico do cidadão em formação contribuindo moralmente nas ações mostrando que a arte tem a função de contribuir para este processo. 81


10 Qual é a escola dos nossos sonhos? Como resolver, em termos de ideais, os problemas mais comuns que podem atingir diretamente a educação? Como a arte pode se engajar neste propósito? Uma escola única no sentido de que se atende alunos com características e necessidades próprias e nela atua profissionais com diferentes experiências de trabalho e de vida e diferentes percepções de sociedade, educação, escola, aprendizagem. Falta de planejamento Profissionais adequados na realidade da comunidade escolar Estrutura da família Disciplina em sala de aula Desenvolvendo neste aluno a sensibilidade na cultura através de projetos sociais que possibilite a criatividade e o senso de autonomia. Dionisio Estevão Kubaszenski

B- Questionário com a professora 1 O que você tem em mente ao dar uma aula de artes? Que seja algo prazeiroso para o aluno, que ele possa fazer uso de técnicas variadas para expressarse. 2 Qual a didática aplicada nas aulas de artes? Geralmente desenvolvemos um estudo sobre um tema específico na apostila ou em outros materiais; audição de músicas (clássicas, ou não); leitura de grandes nomes como Mozart, Monet, entre outros.

3 Existe um planejamento prévio em concomitância com disciplinas afins para as aulas de artes? Sim, junto com os conteúdos programados. 4 Qual a reação dos alunos diante dos conteúdos desenvolvidos nas aulas de artes? Os alunos mostram grande reação, pois não é algo solto, tudo está contextualizado. 5 O que chama a atenção dos alunos nas aulas de artes? 82


O trabalho com pinturas, mosaicos, algo mais livre, que possam usar a criatividade. 6 Os conteúdos trabalhados são elaborados levando em conta a faixa etária dos alunos? Sim. 7 Por quais técnicas artísticas os alunos sentem-se mais atraídos? Pinturas, colagem e dobraduras. 8 A escola dispõe e/ou oferece recursos didáticos para as aulas de artes? Somente os materiais trazidos pelos alunos.

9 Existe um local específico (atelier) para as aulas de artes? Não.

10 Você vê alguma relevância para o estudo de artes no contexto sócio-cultural da atualidade? Sim, acredito que quanto mais próximo da realidade do aluno, levando em conta aspectos da atualidade, mais atrativo será para o aluno.

C- Questionário com a Supervisora PROBLEMAS CONCRETOS (alguns possíveis exemplos)

O QUE FAREMOS PARA PROPOSTAS DE AÇÃO SUPERAR ESTE PROBLEMA (TIPOS) (exemplos) (exemplos)

1. A indisciplina e a violência estão altos na escola

Não.

Caso haja (a equipe conversa em separado).

2. Ameaçar, falar alto, gritar com os alunos

Capacitação com os professores.

Conversar com o grupo em reuniões.

3. Avaliação do aluno muito rígida e tradicional

Não.

Mudar o tipo de avaliação.

4. Dinâmica e horário das reuniões de pais e mestres

Diversificada de acordo com a necessidade.

Trimestral e bimestral.

5. Discurso e prática de professores não coincidem

Muitas vezes.

Reunião.

6. Disposição das carteiras na sala de aula (em filas)

Em filas, em grupos e em U.

Diversificação de proposta. 83


7. Excesso de atividade extraclasse

Não há.

Apresentações envolvendo a comunidade.

8. Falta de atividades lúdicas em sala de aula

Atividades práticas.

Jogos e materiais didáticos de acordo com o conteúdo.

9. Falta de integração direçãoprofessores-pais

CPM (Comissão de Pais e Mestres).

Reuniões mensais.

10. Falta de integração entre o corpo docente

Muito diálogo.

Comprometimento.

11. Falta de um trabalho interdisciplinar, integrado

Sim, definindo papéis para todos.

Divisão de tarefas.

12. Falta de maior participação Sim , atividades envolvendo a dos pais na escola família.

Palestras, lazer, encontros de famílias.

13. Funcionários da escola não são ouvidos

Reuniões semanais.

Informativos semanais via email e xerox.

14. Horários pedagógicos mal ou subutilizados

Ouvindo a necessidade do grupo.

Reuniões a cada 15 dias.

15. Muitos professores desmotivados

Atendimentos individuais.

Com supervisão e orientação.

16. Os pais e mães não estão acompanhando os filhos

Chamá-los na escola.

Conversa com a equipe pedagógica e professor.

17. Preconceito com os alunos, Trabalho interdisciplinar. desrespeito, desprezo

Trabalhar valores, reflexão com o SOR (religião).

18. Reprovação e evasão – taxas ainda muito elevadas

Pré-conselho.

Não. Atendimento individual.

19. Salas de aulas muito sérias e Não. tradicionais

Salas coloridas e diversificadas.

D- Questionário com os alunos

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ANEXOS

1 – Apresentação em PPT (PowerPoint) feita para a Banca de Avaliação. 2 – Trabalho de Conclusão em versão PDF. 3 – Apresentação em PPT (PowerPoint) sobre aplicabilidade de recursos artísticos apresentado em aula. 4 – Planos de aula da 6ª Série do Ensino Fundamental.

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