UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS CLÁUDIA REGINA FREIRE FORTES
INTERPRETAR IMAGENS – CONTRUINDO OUTROS OLHARES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Canoas/RS 2010
CLÁUDIA REGINA FREIRE FORTES
INTERPRETAR IMAGENS – CONTRUINDO OUTROS OLHARES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Orientador: Me.Profª Ana Lúcia Beck
Canoas/RS. 2010
RESUMO O projeto de ensino “Interpretar imagens – construindo outros olhares na educação escolar”, com o tema “Arte e Propaganda” foi realizado em uma turma de terceiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, localizada na cidade de Porto Alegre, na Avenida Niterói, 472. A justificativa pela escolha desse tema deve-se ao fato de acreditar que a Publicidade e Propaganda oferecem um grande material para ser usado em sala de aula. O objetivo geral foi motivar o aluno a compreender a relação entre Arte e Propaganda, desenvolvendo a leitura e a interpretação de imagens artísticas e publicitárias, enfatizando temas da sociedade atual. O presente projeto de ensino foi desenvolvido a partir de pesquisas realizadas em diversos autores, entre eles: ANA MAE BARBOSA (1991), JOHN BERGER (1972), ANALICE PILLAR (1999), LUIZ CELSO PIRATININGA (1994), os quais me auxiliaram a entender questões como: interpretar e compreender as imagens artísticas e publicitárias. Esse trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos: no capítulo 1 (A influência das imagens artísticas e publicitárias na comunicação visual) será apresentada uma definição do termo “imagem” e a importância de procurar interpretá-la. No capítulo 2 (A importância de trabalhar imagens em sala de aula) abordará a relação das imagens artísticas e publicitárias e sua importância na educação escolar. Já no capítulo 3 trará informações sobre a escola e a análise das observações silenciosas. No capítulo 4 apresentará o projeto de ensino “Interpretar imagens – construindo outros olhares na educação escolar”, com a aplicação do projeto (planejado e realizado) na escola. Concluindo o trabalho, foi verificado o quanto é importante o professor auxiliar o aluno a construir um vocabulário expressivo a partir de interpretações de imagens trabalhadas em sala de aula.
Palavras – chave: Imagem; Arte; Propaganda; Ensino
AGRADECIMENTOS Agradeço a minha avó, a minha mãe e ao meu noivo pela paciência e compreensão que tiveram comigo, pois muitas vezes quase deixei todos malucos com minhas neuras e stress durante meus estudos. A minha amiga Thais pela amizade e companheirismo sempre. Aos professores que me mostraram o caminho certo a seguir, entre eles: Dr.Me. Profº Celso Vitelli por suas sábias palavras de incentivo, amizade e dedicação, Me. Profª Ana Lúcia que ao utilizar uma frase em aula “Não pensa, executa!”, motivou-me a não desistir do que eu mais queria. Muito obrigado a todos
SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1 1. A INFLUÊNCIA DAS IMAGENS ARTÍSTICAS E PUBLICITÁRIAS NA COMUNICAÇÃO VISUAL...................................................................................... 3 2. A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR IMAGENS ARTÍSTICAS E PUBLICITÁRIAS EM SALA DE AULA................................................................. 13 3. DIÁLOGO COM A ESCOLA................................................................ 24 3.1. Dados de Identificação da escola..................................................... 24 3.2. Análise das observações silenciosas............................................... 25 4. PROJETO DE ENSINO: INTERPRETAR IMAGENS – CONSTRUINDO OUTROS OLHARES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR.............................................. 26 4.1. Tema................................................................................................ 26 4.2. Justificativa....................................................................................... 26 4.3. Objetivo Geral................................................................................... 26 4.4. Objetivos específicos....................................................................... 26 4.5. PRÁTICA DE ENSINO..................................................................... 27 4.5.1. Aula 1............................................................................................ 27 4.5.2. Aula 2............................................................................................ 29 4.5.3. Aula 3............................................................................................ 33 4.5.4. Aula 4............................................................................................ 37 4.5.5. Aula 5............................................................................................ 40 4.5.6. Aula 6............................................................................................ 45 4.5.7. Aula 7............................................................................................ 51 4.5.8. Aula 8............................................................................................ 54 4.5.9. Aula 9............................................................................................ 55 4.5.10. Aula 10........................................................................................ 59 4.5.11. Aula 11........................................................................................ 61 4.5.12. Aula 12........................................................................................ 63 CONCLUSÃO......................................................................................... 69 REFERÊNCIAS....................................................................................... 74 APÊNDICE A – Questionário aplicado com os alunos............................ 77 APÊNDICE B – Questionário aplicado com os alunos............................ 78 APÊNDICE C – Questionário aplicado com os alunos........................... 79 APÊNDICE D – Questionário aplicado com os alunos........................... 80 APÊNDICE E – Questionário aplicado com os alunos............................ 81 APÊNDICE F – Questionário aplicado com a professora de Arte........... 82 APÊNDICE G – Questionário aplicado com a supervisora da escola..... 83 ANEXO – CD........................................................................................... 84
INTRODUÇÃO As imagens cada vez mais estão presentes nos espaços familiares e sociais, interferindo nas nossas opiniões e forma de agir e pensar. Para uma melhor compreensão deste mundo imagético, faz-se necessário, procurar interpretar essas imagens. Trabalhar a decodificação das imagens (artísticas e publicitárias) em sala de aula é uma forma de estimular o aluno a pensar e criar suas conclusões a respeito do mundo em que vive. O presente projeto de ensino foi desenvolvido a partir de pesquisas realizadas em diversos autores, entre eles: ANA MAE BARBOSA (1991), JOHN BERGER (1972), ANALICE PILLAR (1999), LUIZ CELSO PIRATININGA (1994), os quais me auxiliaram em
como interpretar e compreender as imagens artísticas e publicitárias, como também sua importância em ser trabalhada em sala de aula. O presente trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos: Capítulo1 – A influência das imagens artísticas e publicitárias na comunicação visual; capítulo 2 - A importância de trabalhar imagens artísticas e publicitárias em sala de aula; capítulo 3 – Diálogo com a escola; capítulo 4 - Projeto de Ensino: Interpretar imagens – construindo outros olhares na educação escolar. No primeiro capítulo (A influência das imagens artísticas e publicitárias na comunicação visual) será apresentada uma definição do termo “imagem” e a importância de procurar interpretá-la. Em seguida serão feitas relações entre imagens artísticas e publicitárias, com exemplos de imagens de obras de artes e anúncios publicitários. O segundo capítulo (A importância de trabalhar com imagens artísticas e publicitárias em sala de aula) abordará a relação das imagens artísticas e publicitárias e sua importância na educação escolar. As imagens publicitárias compõem-se de um importante objeto de estudo a ser discutido em uma aula de Arte, pois, sua veiculação mantém um contato significativo e influente com o cotidiano do aluno. A proposta de trabalhar leitura de imagens em aula, servirá para iniciar um diálogo com as novas realidades do aluno, tentando provocar mudanças individuais, sociais e culturais.
O terceiro capítulo trará informações sobre a escola e a análise das observações silenciosas realizada em sala de aula. Já o quarto capítulo apresentará o projeto de ensino: “Interpretar imagens – construindo outros olhares na educação escolar”. O tema escolhido foi “Arte e Propaganda”, realizado em uma turma de terceiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, na Avenida Niterói nº. 472, no bairro Medianeira, na cidade de Porto Alegre. A justificativa pela escolha desse tema deve-se ao fato de acreditar que a Publicidade e Propaganda oferecem um grande material para ser usado em sala de aula. Ao fazer relações entre Arte e Propaganda o aluno poderá desenvolver um olhar mais crítico e observador, criando assim múltiplas interpretações. O objetivo geral desse projeto de ensino foi motivar o aluno a compreender a relação entre Arte e Propaganda, desenvolvendo a leitura e a interpretação de imagens artísticas e publicitárias, enfatizando temas da sociedade atual. Nesse capítulo também abordará a aplicação do projeto de ensino (planejado e realizado), com análises formais e conceituais aula por aula. Concluindo o trabalho, serão apresentadas reflexões sobre algumas questões observadas durante a aplicação do projeto de ensino como: a dificuldade de criar um diálogo com a turma, como lidar com os imprevistos ocorridos em sala de aula e a importância de motivar o aluno a pensar e desenvolver um vocabulário expressivo.
1
A INFLUÊNCIA DAS IMAGENS ARTÍSTICAS E PUBLICITÁRIAS NA COMUNICAÇÃO VISUAL As imagens têm uma presença significante no cotidiano das pessoas, que acabou ganhando um lugar privilegiado na comunicação e na aprendizagem. Imagem significa a representação visual de um objeto. Em grego antigo corresponde ao termo eidos, raiz etimológica do termo idea ou eidea,cujo conceito foi desenvolvido por Platão. A teoria de Platão, o idealismo, considerava a idéia da coisa, a sua imagem como sendo uma projeção da mente. Aristóteles, pelo contrário, considerava a imagem como sendo uma aquisição pelos sentidos, a representação mental de um objeto real, fundando a teoria do realismo. O mundo das imagens se divide em dois domínios. O primeiro é o domínio das imagens como representação visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias e as imagens cinematográficas, televisivas, holo e infográficas pertencem a esse domínio. Imagens, nesse sentido, são objetos materiais, signos que representam nosso ambiente visual. O segundo é o domínio imaterial das imagens na nossa mente. Nesse domínio, imagens aparecem como visões, fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações mentais. Ambos os domínios da imagem não existem separados, pois estão inextricavelmente ligados já na sua gênese. Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens da mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais. (SANTAELLA; NÖTH, 1999, p.15)
O conceito de imagem adquirida como a gerada pelo homem, em muitos domínios, quer na criação pela arte, na pintura, no desenho, na gravura ou em programas gráficos, seja qual forma visual, acaba tornando-se uma maneira do artista expressar sua idéia. Toda expressão significa comunicação. Através da leitura de imagens podemos criar um olhar capaz de explorar formas e cores do que está sendo representado diante de nós, como exemplos: obras de arte ou qualquer tipo de trabalhos artísticos.
3
Por meio dos livros de imagens (trabalhos artísticos) é possível compreender e identificar o conceito “livro”, que passa a assumir o papel de objeto de arte, com isso possibilita uma aproximação real, tátil e visual.
Livro de Imagens. Fonte: http://livrodeartista.blogspot.com - Acesso em 10 abr.2009
No campo das artes, a imagem exerce o papel de projetar para fora o pensamento do artista, onde, de certa forma expressa seus sentimentos e emoções em suas obras, procurando através disso provocar reações de todos os estilos em seus espectadores. Já o artista que trabalha para a publicidade, deve buscar a verdade sensorial subjetiva, deve recorrer ao realismo concreto, à expressão viva da realidade, com aquilo que o público se sente familiarizado.
4
Propaganda da marca Bombril. Fonte: http://macieldealmeida.blogspot.com/2009/02/lingua-portuguesa-olavo-bilac-ultima.html - Acesso em 25 mar. 2009
A propaganda da marca Mon Bijou, por exemplo, fez uma paródia da obra mais conhecida da história da arte, a Monalisa (1503-1504) de Leonardo Da Vinci, para mostrar ao futuro comprador como Mon Bijou deixa as roupas com aspecto de uma obra prima. Reparem no fundo a logomarca da Bombril em vermelho está em grande destaque, isso porque essa cor é facilmente percebida visualmente. Por se tratar de uma cor também relacionada à conquista, ela passa a idéia de que o espectador irá conquistar a beleza de uma obra prima em suas roupas. O problema não é imitar a natureza, mas obter a essência do sujeito representado. Não se trata de representar integramente os objetos ou uma série de personagens, mas de evocar um sentimento, suscitar certas sensações, determinados sentimentos. (SAN’TANNA, 1982, p.113)
5
A arte é sempre uma forma de expressão consciente ou inconsciente. Já a Publicidade e Propaganda não são expressões, mas sim representações. De acordo com Teresinha Franz: “Supõe considerar a arte dentro do sistema geral de representações simbólicas e não se tratar de buscar o sentido de beleza na obra de arte, senão de conhecer o significado destas obras e conhecer a cultura da qual procedem.” (2003, p. 133) A propaganda sempre terá como princípio o caminho mais curto até o público, o acerto imediato de um alvo, a busca do mínimo denominador comum. Já a arte deveria buscar o eterno. Por isso mesmo alguns artistas demoram a obter todo o reconhecimento que suas obras merecem. Em compensação, suas obras têm longa vida, enquanto a propaganda, apesar de obterem resposta mais rápida do público não sobrevivem ao tempo. A cor tem um papel importante na arte, como também em campanhas publicitárias, pois tem um efeito muito direto em nossos sentidos. A gama das cores, poderia ser disposta numa série correspondente à gama de nossas emoções. Por isso algumas pessoas gostam e desgostam das cores, porque associam com suas preferências gerais. “A cor não é nem uma substância, nem uma fração da luz. É uma sensação, a sensação de um elemento colorido por uma luz que o ilumina, recebido pelo olho e comunicada ao cérebro.” (PASTOUREAU, 1993, p.6) Como a percepção da cor é a mais emocional dos elementos específicos do processo visual, ela tem grande força e pode ser usada com muito proveito para expressar e intensificar a informação visual, junto com as propagandas publicitárias e obras de arte. As cores fazem parte da vida do homem porque são vibrações de cosmos que penetram em seu cérebro, para continuar vibrando e impressionando sua psique, para dar som e um colorido ao pensamento e ás coisas que o rodeiam; (FARINA, 1986, p.112)
As cores podem ter influência psicológica sobre o ser humano, algumas estimulam, outras tranqüilizam, pois são captadas pela visão e transmitidas para o 6
cérebro e consequentemente refletem impulsos e reações para o corpo. Com isso, a cada cor são atribuídos alguns significados que contribuem para a sua influência psicológica sobre as pessoas. Segundo GUIMARÃES (2002), o vermelho é a cor que mais se destaca visualmente. Sua associação é ao perigo, fogo e sangue. Também representa a paixão. Já o azul, é a mais profunda de todas as cores. É a própria cor do infinito, propicia saúde, tranqüilidade e confiança. O branco representa a soma de todas as cores. É associado à pureza, inocência, calma e paz. E o preto é a ausência da luz, encarna a profundeza e a angústia infinita. É simbolizado pelo mal, tristeza e morte. Conforme FARINA (1986), o amarelo é atribuído ao calor da luz solar e ao verão. Simboliza criatividade, alegria, iluminação e juventude. Já o verde é o ponto ideal de equilíbrio da mistura do amarelo com o azul. É relacionado ao frescor, bosques e folhagem. Simboliza a cor da esperança, da força e do bem-estar. O roxo simboliza a noite, sonho e mar profundo. É também associado ao mistério, fantasia e espiritualidade. E o laranja é associado ao outono. Simboliza a alegria, energia e força. Sobre o observador que recebe o código visual, a cor exerce três ações: impressiona, provoca e constrói uma linguagem própria, ou seja, comunica uma idéia. Por seu poder de impacto, por seu conteúdo emocional e por expressividade de fácil assimilação, a cor caminha lado a lado com a propaganda, favorecendo a transmissão de
informação
idealizada.
De
acordo
com
GUIMARÃES,
“Acreditamos
na
potencialidade do uso da cor como informação cultural. Isto significa que já estamos assumindo a cor como uma codificação cultural.” (2002, p.16). As cores, enfim, tem a capacidade de liberar um leque de possibilidades criativas na imaginação do homem, agindo sobre quem admira certas imagens, e também sobre quem as produz.
7
O grito (1893), de Edward Munch Fonte: http://vidaliteraria.zip.net/images/CharlesEdwardMunchGrito.jpg - Acesso em 10 abr. 2009
A obra “O grito” do artista plástico Edward Munch, tornou-se um dos quadros mais reproduzidos, não só em pôster, como também em canecas, canetas e portachaves. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. É considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um status de ícone cultural, ao lado de obras como a Monalisa (1503-1504), de Da Vinci. A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, devido às cores utilizadas, transmitindo um ar de melancolia, a paisagem fica dolorosa e, por essa característica, nós nos identificamos tanto com a obra, já que podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Essa descrição em relação à obra seria o início de uma leitura de imagem, onde a partir disso, pessoas que admiram Arte poderão fazer seus julgamentos e tirarem suas próprias conclusões.
8
As imagens veiculadas através das mídias procuram vender produtos, conceitos, comportamentos e idéias. Por tudo isso, um movimento artístico surgiu como uma rebelião aos estilos convencionais de arte, trazendo de volta a realidade do dia a dia e a cultura popular, esse movimento foi o Pop Art. Tal movimento começou a tomar forma quando alguns artistas, depois de estudar símbolos e marcas de propagandas, transformaram isso em arte. Entre um dos artistas principais desse movimento destacase Andy Warhol.
Andy Warhol Fonte: http://cc-nikki.blogspot.com/ - Acesso em 18 abr.2009
Andy Warhol - Depois de estudar desenho, trabalhou como desenhista publicitário em Nova York. No final dos anos de 1950, já utilizava em suas obras motivos oriundos da publicidade, empregando tintas acrílicas. Muitas vezes utilizou imagens fortemente publicitárias na criação de suas obras, como as famosas gravuras com as embalagens das sopas Campbell. Mas neste caso, ele criou uma peça publicitária: um cartaz para a Vodka Absolut.
9
Cartaz para a Vodka Absolut (1985) Fonte: http://lafora.com.br/conmark/rstuvxywz/warhol.jpg - Acesso em 18 abr.2009
Os meios de comunicação criaram uma iconografia urbana (garrafas de refrigerantes, rostos de estrelas de cinema, vestuários, etc., que alguns artistas incorporaram em suas obras, centrando sua atenção para a imagem publicitária). Inversamente, o tratamento formal dado pela experimentação plástica a esses materiais é aproveitado pelos meios de comunicação em novas mensagens. Esses mesmos meios tomaram elementos à sensibilidade popular (imagens técnicas de representação) e os incluíram em sua comunicação. A imagem ocupa um espaço considerável no cotidiano do homem contemporâneo. Livros, revistas, outdoors, internet, cinema, vídeo, televisão, para citar apenas fontes mais comuns, produzem imagens incessantemente, quase sempre a exaustão e diante de olhares de passagem. Todos são meios ao alcance da maioria da população brasileira e tão presentes quanto enraizados nos gestos mínimos de nosso dia a dia. (BUORO, 2002, p.34)
10
Abaixo temos uma imagem de uma obra que foi criada partindo de produtos de consumo:
“Osso 008” (2006-2008) Fonte: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp847/exposicoes.htm - Acesso em 25 mar. 2009
Jacqueline Leirner é uma artista multimídia. Para realizar suas obras a artista realiza uma longa coleta de objetos comuns, freqüentemente ligados ao universo do consumo. Ao criar seus trabalhos, insere esses objetos do cotidiano no circuito artístico, retirando-os do fluxo previsto e atribuindo-lhes, portanto, outros significados. Na obra “Osso 008”, a artista faz um trabalho com sacolas promocionais, em que ela faz intervenções com recortes, costuras e materiais como linha de nylon e manta de poliéster. Ao fazer essa exposição com sacolas coloridas e de tamanhos variados e formas distintas, o espectador tende a percorrer seu olhar sobre as peças analisando detalhadamente uma a uma. A publicidade não tem o compromisso de educar, de passar um conteúdo além do produto que deseja representar e vender, porém, educa na medida em que se utilizam os conteúdos e informações da vida corrente e da história como material de seu trabalho, como ocorrem em teatros, cinemas, museus e galerias.
11
[...] a publicidade nada mais faz senão apanhar e demonstrar em cada uma de suas manifestações artísticas os conflitos dos homens de seu tempo, dando ao individua a fantasia (ou ilusão própria da arte) de poder superar seus problemas através deste ou daquele valor, da concretização deste ou daquela forma de comportamento, do consumo deste ou daquele bem ou serviço. (PIRATININGA, 1994, p.82)
A propaganda quer atingir um determinado público, para isso deve conhecer e reconhecer o seu público alvo. Assim também funciona na TV, revistas e jornais, quando apresentam suas imagens e textos. “A interpretação de imagens e obras de arte é um processo dialógico que se constrói socialmente, gerando diversidade e possibilitando deslocamentos perceptivos e conceituais.” (FRANZ, 2003, p.133) Muitas vezes, estudar a obra de um artista significa mais do que entender as particularidades e características estéticas de seu trabalho. Estudar o conjunto da obra de um artista é também entender como ele deu forma poética ao seu trabalho.
12
2
A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR IMAGENS ARTÍSTICAS E PUBLICITÁRIAS EM SALA DE AULA Os professores encontram diante de si o desafio de estimular seus alunos a pensarem com os olhos. Tal aprendizagem pode favorecer compreensões mais amplas para que o aluno desenvolva sua sensibilidade e seus conceitos a cerca do mundo, criando um olhar crítico e observador. De acordo com Marilda Oliveira “O processo educativo que move a aprendizagem da arte revela-se cheio de sutilezas porque envolve colocar em movimento os sentidos/sensações, o sentimento, a razão e a ação.” (2007, P.353) O mundo atual utiliza da visualidade em imagens para criar um universo de exposições múltiplas, o que gera a necessidade de uma educação para saber perceber e distinguir sensações, idéias, sentimentos e qualidades. Ao estudar arte, o aluno aprenderá a olhar, sentir, perceber coisas que de alguma maneira passam despercebidas de sua visão. Conforme aponta Oliveira “[...] faz necessário que o professor de arte consiga apropriar-se dos conteúdos teóricos das diferentes metodologias e assim se sentir seguro para experimentar os percursos metodológicos propostos.” (2007, p.254) A leitura de imagens como prática pedagógica, quando bem utilizada poderá trazer resultados benéficos dentro e fora da escola, permitindo o desenvolvimento visual e cultural dos alunos. Quando o professor faz um comentário sobre alguma imagem de determinada época e não mostra tal imagem aos seus alunos, eles terão que usar seu imaginário para captar e decodificar todas as informações fornecidas pelo professor. Isso acaba complicando a maneira do aluno de tentar compreender o que está sendo trabalhado em aula, pois, ver é um processo de memorização, facilita melhor associação a fatos
13
discutidos em aula. E se o aluno não vê tal imagem, não processa completamente essas informações. Lidar com a leitura da imagem como conteúdo de uma disciplina na escola formal deve garantir um saber entender a arte produzida pelos artistas e assim permitir o acesso ao universo cultural de diferentes momentos e lugares do mundo no âmbito da linguagem da arte. (OLIVEIRA, 2007, p.257)
A arte é compreendida como a atividade ligada à manifestação de ordem estética por parte do ser humano, portanto, a imagem poderá ser interpretada sob várias perspectivas de forma integral ou parcial. A área da Arte situa-se como um tipo de conhecimento que envolve tanto a experiência do aprender arte por meio de obras originais, de reproduções, como também em textos, vídeos, gravações e aprender o fazer artístico. Uma das maneiras de mediar à leitura de imagens em aula é a proposta metodológica que o professor Feldman estabelece: A descrição diz respeito á identificação do título do trabalho, nome do artista, lugar e época em que a imagem foi criada; a linguagem plástica empregada, material utilizado, tipo de representação (figurativo ou abstrato). Em suma, a partir da observação atenta dos elementos, listar apenas o que se vê, sem julgamentos ou interpretações. A análise procura as relações de tamanho, proximidade, cor, forma, textura, espaço e volume entre os elementos básicos, como se influenciam ou interferem no resultado final da obra. A interpretação é a etapa em que se decide a significação da imagem, em que se dá sentido ás observações visuais, [...] interpretar é revelar intuição, inteligência, imaginação e combina-las com os conceitos e observações realizadas; é apropriar-se da imagem de um modo próprio e especial. O julgamento decide sobre a qualidade de um objeto artístico, pois nem tudo que se vê atinge as pessoas do mesmo modo: alguns trabalhos parecem especiais, alguns poderiam ser vistos muitas vezes e outros deixados de lado. Então é importante optar por uma filosofia de arte que justifique o julgamento. (Llotto; Schramm, apud Feldman, 2001, p.117)
A proposta de trabalhar leitura de imagens em aula, servirá para iniciar um diálogo com as novas realidades do aluno, tentando provocar mudanças individuais, sociais e culturais. De acordo com o PCN “É papel da escola estabelecer vínculos entre os conhecimentos escolares sobre a arte e os modos de produção e aplicação desse conhecimentos na sociedade.” (1998, p.31) É importante conectar a arte com a cultura junto à atmosfera escolar, procurando perceber como o sistema simbólico da imagem poderá contribuir para uma leitura da mensagem visual. 14
A produção da arte visual poderá exercer uma forte influência no ensinoaprendizagem do cidadão, pois, é através das imagens que a arte aflora todo seu poder de comunicação. Conforme Alexandre Ramos “A educação deve entrar junto com a televisão, rádio, o museu, outdoor e shopping, no fluxo da vida cotidiana.” (2006, p.98) O objetivo da escola não é transformar os alunos em artistas e sim, educar seu olhar, tornando-se observadores críticos que aprendam a compreender e interpretar um universo novo a partir dessa prática de leitura visual. A criatividade do aluno não será desenvolvida somente no fazer arte, mas sim também através das leituras e interpretações das obras de artes. Não se trata, pois de ler, aprender a ler uma imagem (como identificação de elementos visuais isolados), mas sim de conhecer criticamente as diferentes manifestações artísticas de cada cultura (e não só as obras de arte definidas como tais pela cultura ocidental e reconhecidas em seus museus e enciclopédias). E se o conhecer é o primeiro passo, a reflexão sobre o visual como forma de interpretação da própria cultura seria o outro. (HERNANDÉZ, 2000 p.78 e 79)
Criar um projeto de ensino em Arte exige do educador uma dedicação exclusiva ao objetivo que planeja alcançar com seus alunos. Durante o desenvolvimento desse projeto ele poderá ser submetido a algumas intervenções, por isso o motivo de estar preparado para qualquer “surpresa”. Conforme Mirian Celeste Martins: “Um projeto gerado, pode ser transformado durante sua concretização, na medida em que novas ações precisem ser inseridas a fim de que os objetivos possam ser alcançados.” (1997, p.72) As representações visuais utilizadas como linguagens, manifestadas através da escultura, pintura, desenho, gravura, etc, são usadas como recursos para o desenvolvimento afetivo e sensível do aluno, contribuindo pra sua construção de sentidos, a partir da apreciação do seu olhar.
15
Ensinar arte é viver. É exercitar o pensamento visual sonoro, cinestésico, metafórico. É desenvolver a competência simbólica, desafiada e ampliada pela capacidade de simbolizar e comunicando imagens, idéias, pensamentos e sentimentos. É instigar para o contato e percepção das características, qualidades, processos e ordenações dos trabalhos dos parceiros e dos artistas. É relacionar intenções e valores do passado e do presente, de culturas diversas. (MARTINS, 1997, p.71)
A arte na educação para a compreensão da cultura visual implica não apenas o conhecimento formal, conceitual e prático da arte, mas também como parte da cultura visual de diferentes povos e sociedades. Um exemplo bem interessante como atividade de aula seria o professor levar imagens de obras de arte e trabalhar com reproduções em monocromia, produzindo tons claros e escuros, utilizando técnicas mistas com vários materiais pra reprodução dessa obras. Instigar o aluno a trabalhar sobre as obras de arte sem o compromisso da cópia fiel, permite que ele não se prenda em muitos detalhes e sim as formas, linhas, pontos, cores, harmonia e equilíbrio. Assim como mostra a imagem abaixo, uma pintura abstrata de kandinsky.
“Cossacos” (1910-11), de Kandinsky Fonte: http://www.arteduca.unb.br/galeria/mostra-bauhaus-turma-2009 - Acesso em 13 mai. 2009
16
E até mesmo trabalhar atividades como a construção do livro de imagens, partindo da própria percepção do aluno sobre sua visão do que a Arte representa para ele. As crianças, por meio de álbuns de figurinhas, livros ilustrados, são bem mais receptivas aos livros de imagens. A linguagem visual é muito rica, por isso é através da percepção e pela imaginação que o leitor de imagens irá construir e formular sentidos que o texto visual lhe mostra.
Exemplo de livro de imagens Fonte:http://oquiosquecolorido.blogspot.com/2008/11/oslivrosdeimagensproporcionam-um.html – Acesso em 10 abr. 2009
Outro exemplo que poderá ser trabalhado em aula é utilizar imagens publicitárias que se encontram disponíveis em qualquer lugar: revistas, televisão, jornais, outdoors e cinemas. Mais do que vender produtos, as imagens publicitárias utilizam os meios de comunicação e as mais variadas formas de linguagens que passam a estimular o imaginário de cada indivíduo.
17
Personagem do filme “Pânico” (1997) Fonte: http://www.pipocacombo.com/wp-content/uploads/2009/01/panico-255x300.jpg - Acesso em 10 abri. 2009
Essa imagem teve sua construção baseada na expressão da obra de arte “O grito” (1893), criando esse personagem do cinema atual, o conhecido filme de terror chamado “Pânico”. O quadro de Munch já inspirou dezenas de profissionais pelo mundo afora com a intenção de comunicar algo além do que as palavras podem dizer. A semelhança da expressão de ambas as figuras servem de aproximação entre arte e cinema, possibilitando um estudo maior sobre a história da arte e sua influência nos meios de comunicação. Nesse sentido, a televisão está muito mais próxima do público, pois cria um vínculo contínuo de visibilidade, apresentando o mundo ao vivo dos bens culturais da humanidade. Pelo menos é essa a sensação que traz. Milhões de pessoas vêem programas de TV que veiculam imagens de obras, artistas e lugares. (RAMOS, 2006, p.69)
18
Outdoor da grife Marité et François Girbaud (2005) Fonte: www.fimdostempos.netodio_milao.html – Acesso em 15 mai. 2009
A imagem acima foi utilizada pela grife Marité et François em um outdoor para divulgar sua nova coleção. Inspirada na obra “A última ceia’ de Da Vinci, essa propaganda teve grande repercussão na mídia. Muitos católicos acharam uma ofensa à igreja, entrando com um processo para a proibição da vinculação dessa imagem . O interessante de trabalhar esse tipo de atividade em aula, por exemplo, é que esse anúncio faz referência direta a uma obra muito famosa do passado. É uma releitura da obra em imagem contemporânea, que ajuda o aluno a relacionar o passado ao presente, assim conforme Ramos, “Eis a importância da percepção da imagem e da percepção artística, fundamentais para leitura do mundo e para indicar caminhos à educação.” (2007, p.110)
19
Comercial da C&A (2009) Fonte:http://moda.terra.com.br/interna/0,,OI3610747EI1119,00Trio+de+tops+poderosas+faz+campanha+ para+CA.html - Acesso em 15mai. 2009
O cenário desse comercial foi inspirado na obra tridimensional do artista gráfico holandês M. C. Escher, em que o teto se confunde com o chão e a parede com a passarela, o espectador se perde no olhar, tudo interage junto. Essa propaganda une obra de um artista com a tecnologia, criando uma campanha publicitária onde não só as roupas chamam a atenção, o cenário também faz papel de protagonista. A imagem a seguir é uma campanha da Nokia, mostrando mais uma vez aos consumidores que é possível existir uma relação entre obra de arte e propaganda.
20
Propaganda da marca NOKIA Fonte: http:// www.zag.com.br/blog/2006/11/worth1000-photoshopping-o-objetivo-da.html - Acesso em 18 mai. 2009
A publicidade e propaganda oferecem um material muito rico, importante e de fácil acesso para todos os alunos. Facilita a melhor compreensão sobre o que está sendo observado e auxiliando eles a fazerem múltiplas interpretações, relacionando fatos com os seus cotidianos. Assim como afirma Oliveira, “O marketing, a publicidade e a internet são cada vez mais, instrumentos de informação e educação para arte.” (2007, p. 99) Por isso a importância de trabalhar arte e propaganda em aula. A arte pode dialogar em campanhas publicitárias, pois dela são retiradas idéias, e até mesmo, são utilizadas obras artísticas em suas propagandas, dando credibilidade e atenção em sua campanha. Qualquer obra de arte citada pela publicidade serve para duas finalidades: a arte é um sinal de riqueza, pertence à boa vida, faz do mobiliário de que se supõe estar rodeado a vida das pessoas ricas e belas. Mas uma obra de arte também sugere autoridade cultural, uma forma de dignidade, senão de sabedoria, que está acima de qualquer interesse material e vulgar; uma pintura óleo pertence ao patrimônio cultural; (BERGER, 1972, P.139)
21
Desse modo percebemos que a obra de arte implica que a compra que propõe é ao mesmo tempo um luxo e um valor cultural. É preciso que a arte enriqueça a publicidade, contribuindo para mostrar de melhor forma, o que o anúncio tenta comunicar. [...] o desenvolvimento crítico para arte é o núcleo fundamental para a capacidade crítica de desenvolver através do ato de ver, associado a princípios estéticos, éticos e históricos ao longo de quatro processos distinguíveis, mas interligados: ver, descreve: observar, analisar, dar significado á obra, interpretar. (BARBOSA, 2005, p.43)
Os professores quando questionam e procuram compreender as imagens, principalmente às leituras que são feitas sobre elas, poderão despertar em seus alunos, o interesse pela autocrítica. Ao utilizar esse tipo de material com o os alunos, o professor acaba fazendo uma aproximação da história da arte, os artistas de determinadas época e suas obras. De acordo com Analice Pillar, “É preciso que trabalhe sobre a imagem como um valor e uma forma de conhecimento, unindo o cognitivo ao afetivo e ambos às formas vinculares de comunhão com a cultura, para que a sensibilidade oriente um agir criador e transformador” (1999, p.132) Trabalhar a decodificação das imagens publicitárias em aula é uma maneira de tentar mudar esta cultura na qual estamos inseridos, uma cultura de aparências esperando resultados imediatos. A publicidade é explicada como um meio de competição beneficiando o público consumidor e os fabricantes dos produtos anunciados. A partir dela oferece-se a oportunidade de escolher entre este ou aquele creme, este ou aquele automóvel, roupas, calçados, celulares, perfumes etc. Ainda propõe a cada um de nós que se transforme, que tenhamos o poder de modificar a nossa vida pela compra do produto anunciado. É importante salientar que os alunos tenham consciência sobre as imagens que costumam ver diariamente. Muitas vezes tais imagens são formadoras de valores, criando códigos visuais que podem torná-los prisioneiros de um mundo regido pela sociedade de consumo. Conforme Juan Mosquera, “A ajuda maior que arte pode dar à educação consiste em um desenvolvimento de identidade pessoal e no sentimento natural de integridade. Essas necessidades são básicas em nossa época.” (1976, p.102)
22
Através de conhecimentos da linguagem visual, o aluno construirá um vocabulário expressivo como desconstruir para reconstruir, selecionar e elaborar a partir do conhecido ou desconhecido e modificá-lo. A apreciação da história da arte não é apenas uma narração ilustrada, com a dedicação do professor em aula passa a ser uma atividade participativa. Alunos comparam e utilizam do passado para compreender o presente, criando condições de uma livre expressão, estimulando sua percepção, sua criatividade e uma melhor visão do mundo em que vivem.
23
3
DIÁLOGO COM A ESCOLA 3.1 – Dados de Identificação da Escola: Escola Estadual de Ensino Médio Presidente Costa e Silva Endereço: Av.Niterói, 472
Bairro: Medianeira
Fone: (51) 3217 6790
Cidade: Porto Alegre
Turnos de Funcionamento: manhã e tarde Diretora: Maria Inez de Rose Vasconcellos Vice-Diretora: Sônia Cristina da Silva Nunes Número de observações silenciosas: 03 (sempre no último período) Turma : 301
Total de alunos: 15 alunos
FORTES, 2009
24
3.2 - Análise das observações silenciosas na turma 301 do ensino médio Durante minhas observações nessa turma, percebi que na visão dos alunos, a aula de artes não é uma disciplina importante. Um dos motivos seja talvez pelo fato de a turma prestar vestibular no final do ano e, portanto darem prioridade para outras disciplinas como Português e Matemática. “Arte não é enfeite. Arte é Cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário, e é conteúdo.” (BARBOSA, 1996, p.4) A aula de arte tem tanta importância como qualquer outra disciplina, porque através dela o aluno amplia sua sensibilidade e percepção. Durante a observação do segundo dia, enquanto a professora explicava a tarefa, muitos alunos conversavam e outros ouviam música. Penso que esse tipo de situação mostra que os alunos apresentam padrões e valores diferentes do seu universo. Não demonstram interesse no que a professora ou até mesmo a própria disciplina (Artes) tem para oferecer á eles. Por várias vezes notei que tudo era motivo de piada e deboche com a atividade solicitada, que era a construção de prismas, quadrados, retângulos, triângulo e etc. No meu último dia de observação a aula era a continuação da construção de peças geométricas. Claro que esse tipo de aula acaba deixando a turma sem a mínima vontade trabalhar, mesmo fazendo relação com a aula de Matemática a partir dessa atividade. É preciso inovar, o professor dever trazer propostas diferentes e atuais para o ensino em Arte. Trata-se de compreender as diferentes possibilidades de seleção e tratamento dos materiais, e mais ainda, os diferentes resultados que se pode obter com o mesmo processo de seleção e tratamento, na perspectiva tanto estética quanto comunicacional. (PCN, 1997, p.99)
Entendo que trazer materiais do cotidiano, incentivando visitas em galerias de arte e museus, o professor pode tonar-se um criador de técnicas que incentivem a livre expressão do aluno.
25
4 PROJETO DE ENSINO: INTERPRETAR IMAGENS – CONSTRUINDO OUTROS OLHARES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR 4.1-Tema: Arte e Propaganda 4.2- Justificativa: A escolha desse tem deve-se ao fato de acreditar que a Publicidade e Propaganda oferecem um grande material para ser usado em sala de aula. Ao fazer relações entre Arte e Propaganda o aluno poderá desenvolver um olhar mais crítico e observador, criando assim múltiplas interpretações. 4.3- Objetivos geral: Motivar o aluno a compreender a relação entre Arte e Propaganda, desenvolvendo a leitura e a interpretação de imagens artísticas e publicitárias, enfatizando temas da sociedade atual. 4.4- Objetivos específicos: -Conhecer as imagens artísticas na Pop Art; - Trabalhar a compreensão do aluno sobre o movimento Pop Art e o artista Andy Warhol; - Auxiliar o aluno na leitura de imagens artísticas e imagens impressas de vídeos-clipe; - Fazer relações através de vídeo musical “Celebration” da Madonna com o movimento Pop Art; - Mostrar a relação entre Arte e Propaganda utilizando como exemplos duas obras de Warhol e fazer com que os alunos compreendam melhor sobre criações de peças gráficas, como exemplo: logotipos e logomarcas de alguns produtos; - Trabalhar a compreensão do aluno entre a arte e propaganda; Fazer com que os alunos aprendam como construir um anúncio publicitário; - Fazer com que o aluno desenvolva sua criatividade na construção do anúncio;
26
- Fazer com que o aluno aprenda a trabalhar em equipe durante a construção do anúncio; - Mostrar ao aluno como é possível trabalhar Arte Propaganda em sala de aula; - Fazer com que o aluno desenvolva sua criatividade durante a construção de um anúncio; - Relacionar a importância entre Arte e Propaganda no cotidiano do aluno;
4.5- PRÁTICA DE ENSINO: 12 encontros uma vez por semana com período de 45 minutos cada.
4.5.1- Aula 1: DIA 26/08/09 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Pop Art Objetivos: Conhecer as imagens artísticas na Pop Art Desenvolvimento: A professora solicitará que os alunos pesquisem na sala de informática imagens sobre a Pop Art, escolhendo uma imagem que chame mais sua atenção, seja pela cor, forma ou tamanho. Recurso: Pesquisa em computador na sala de informática. Encaminhamento: Para próxima aula, os alunos deverão trazer impresso ou reproduzidas as imagens que escolheram para comentar com a turma. Recurso: Pesquisa em computador na sala de Informática.
27
REALIZADO Entrei na sala de aula e cumprimentei a turma desejando “Bom Dia”. Todos responderam com olhares curiosos. A professora fez a chamada e eu me apresentei para todos. Expliquei que seria a estagiária de Artes e que daria 12 semanas de aula. Então perguntei quem faria vestibular no final do ano e todos levantaram a mão. Cada aluno foi dizendo o curso que queria fazer. Eu expliquei sobre a minha proposta de aula, Arte e Propaganda e todos acharam interessante e ficaram bem entusiasmados Sugeri para turma que para pesquisassem em casa (na Internet) algo sobre Pop Art, então um aluno sugeriu que poderíamos ir até ao laboratório de Informática, pois ainda restavam 20 minutos para terminar o período. Alguns alunos sentaram em duplas e outros, individualmente. Solicitei que entrassem na página do “Google” e digitassem “Pop Art”. A pesquisa de arte possibilita ao professor abraçar o estranho, tornar-se criador de novos caminhos e desbravador de novas formas de aproximação. Com sua prática, com as novas tecnologias, mídias e imagens, podem dialogar com teorias de análises e indicar novas necessidades de investigação. (IAVELBERG; ARSLAN, 2006, p.26)
É interessante que aluno tenha contato com as tecnologias que a escola oferece para trabalhos em pesquisas sobre obras de arte, pois facilita sua compreensão entre arte do passado e arte atual, podendo assim fazer relações entre ambas. Em seguida pedi que cada um escolhesse uma imagem que achava interessante, muitos me chamavam pra mostrar as imagens que tinham encontrado. Perguntavam se poderia ser aquela, falei que poderia ser qualquer uma que chamasse mais sua atenção. Logo em seguida o sinal tocou e todos foram embora, lembrei sobre a tarefa de casa e todos confirmaram que tinham anotado o que tinham que fazer.
28
4.5.2- Aula 2: DIA 02/09/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Pop Art Objetivos: Trabalhar a compreensão do aluno sobre o movimento Pop Art e o artista Andy Warhol. Desenvolvimento: Será distribuído para turma um texto sobre Pop Art e Andy Warhol. A professora explicará mais detalhadamente sobre esse movimento e mostrará imagens das obras desse artista. Recursos: Texto sobre Pop Art e Andy Warhol e imagens de suas obras. Imagens utilizadas na aula:
Andy Warhol Fonte: http://mil-olhares-blogspot.com/2009/07/o-rei-da-pop-art.html - Acesso em 18 abr. 2009
29
Marilyn, de Andy Warhol (1967) Fonte: http://recriararte.wordpress.com/2010/01/18/obras-de-andy-warhol-em-sao-paulo/ - Acesso em 18 abr. 2009
Lata de Sopa Campbell, de Andy Warhol (1968) Fonte: http://designmudo.blogspot.com/2009/01/pop-art-andy-warhol.html - Acesso em 18 abr. 2009
30
210 Garrafas de Coca-Cola, de Andy Warhol (1962) Fonte: http://artenorteamericana-flul.blogspot.com/2009_04_01_archive.html - Acesso em 18 abr. 2009
REALIZADO Ao entrar na sala solicitei aos alunos que sentassem para dar início à aula. Perguntei para todos se haviam trazido as imagens solicitadas no último encontro, para minha decepção ninguém havia levado, alegando que tinham esquecido. Então pedi para um aluno que distribuísse para turma um texto sobre Pop Art e Andy Warhol. Comecei explicando sobre esse movimento, sua importância e seus principais artistas, entre eles Andy Warhol. A cada momento tive que interromper a aula devido às conversas paralelas, comentei que não iria gritar para pedir silêncio, que esperaria todos ficarem quietos para dar continuidade à aula. A turma se calou, ficando todos em silêncio. Quando comecei a mostrar as imagens das obras de Andy Warhol, sugeri que poderíamos fazer uma leitura de imagens juntos. De acordo com Analice PiIllar “Ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar, a trama de cores texturas, volumes, formas, linhas que constituem uma imagem.” (2003, p.15)
31
No início os alunos participaram dessa atividade, fizeram comentários sobre o tamanho da boca e as cores utilizadas na obra reproduzida a “Marilyn” (1967). Em seguida mostrei a obra “Lata de Sopa Campbell” (1968), alguns falaram que haviam escolhido essa obra na aula passada. Depois mostrei a obra “Garrafas de coca-cola” (1962), comentei sobre como o artista trabalhava com repetições e ainda confundia a visão do espectador, colocando garrafas cheias, pela metade e vazias. Todos acharam muito interessante. Temos que alfabetizar para leitura da imagem. Através da leitura das obras de artes plásticas estaremos preparando a criança para a decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e da televisão, prepararemos para aprender à gramática da imagem em movimento. (BARBOSA, 1991, p.34)
Procurei mostrar para todos a importância da Pop Art, pois os artistas procuravam em seus trabalhos, unir arte e propaganda criando um cenário bem criativo e divertido de se observar. Mais uma vez todos começaram com piadas e conversas, atrapalhando a aula. Mesmo com a participação da turma, percebi certo descaso da parte dos alunos, como se o que eu estava explicando não era muito importante para eles. Comentei que a primeira parte poderia ser um tanto “chata” na visão deles, porque trabalharia mais teoria, mas levaria algumas imagens para serem comentadas. E depois começaríamos a criar o anúncio, mas para isso era necessário um embasamento teórico antes. A turma tentou compreender, falei que não estava sendo fácil ficar na frente deles explicando um assunto se eles não estavam interessados. A turma pediu desculpas e todos prometeram que irão se empenhar mais. Passei uma folha em branco para que todos assinassem como se fosse a chamada, porque o caderno de chamada não estava comigo, havia ficado com a professora. O sinal tocou e todos saíram da aula.
32
4.5.3 - Aula 3: DIA 09/09/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Pop Art Objetivos: Auxiliar o aluno na leitura de imagens artísticas e imagens impressas de vídeos-clipe. Desenvolvimento: A professora mostrará aos alunos imagens impressas de um vídeo-clipe da Madonna. Será solicitado que a turma faça análises e comparações dessas imagens com as obras de Andy Warhol. Recursos: Reproduções de obras de Andy Warhol e imagens impressas dos vídeo-clipe da Madonna. Imagens utilizadas na aula:
Parte do clipe de lançamento do álbum “Celebration” (2009) Fonte: www.popheart.com.br – Acesso em 27 jul. 2009
33
Triple Elvis (1964) Fonte: http://somdoroque.blogspot.com/2008_02_01_archive.html - Acesso em 18 abr. 2009
Parte do clipe de lançamento do álbum “Celebration” (2009) Fonte: www.popheart.com.br – Acesso em 27 jul. 2009
34
Marilyn Turquesa (1967), de Andy Warhol Fonte: http://camifashiontips.blogspot.com/2009_11/01_archive.html - Acesso em 18 abr. 2009
REALIZADO Entrei na sala de Informática e todos os alunos já estavam sentados na frente de seu computador. A aula foi novamente nessa sala porque eu queria mostrar dois vídeos-clipes da Madonna, onde serve de referência à Pop Art. Expliquei que essa atividade seria a continuação da aula passada. Perguntei se alguém lembrava sobre o que foi comentado no último encontro e apenas um aluno respondeu que sim. Ele respondeu que foram distribuídos textos sobre Pop Art e Andy Warhol e que foram mostradas algumas imagens das obras desse artista. Confesso que fiquei satisfeita que alguém prestou atenção na última aula. Solicitei que todos entrassem na página do “You Tube” e procurasse o vídeo “Celebration” de Madonna. Nesse dia a internet estava muito lenta para carregar o vídeo, por isso a turma começou a entrar na página do “Orkut”. Como estava desconfiada de que a internet poderia não funcionar, levei umas imagens impressas do vídeo-clipe para mostrar à turma. 35
Todos estavam muito agitados, a conversa era constante. Não tive outra alternativa a não ser levantar o tom da minha voz com eles, pedindo que ficassem quietos. Iniciei mostrando a primeira imagem do vídeo-clipe e perguntei se havia alguma semelhança com a imagem da obra “Triplle Elvis” (1964), de Warhol. Alguns responderam que sim, por se tratar de imagens repetidas em seqüências. Por um momento percebi que poderia vir a ter um resultado bom nessa atividade, era o começo de uma leitura de imagens.
Uma das funções centrais do ensino da arte na escola deveria ser esta: a de construir leitores sensíveis e competentes para continuar se construindo, adquirindo autonomia e domínio do processo, fazendo aflorar, desse modo, ao toque do próprio olhar, uma sensibilidade de ser-estar-viver no mundo. (BUORO, 2002, p.63)
Acredito que trabalhando esse tipo de atividade com a turma poderá fazer com que o aluno ao ver uma obra de arte, queira estudá-la e seja capaz de construir um conhecimento cultural, ampliando sua percepção visual. Mostrei a segunda imagem do vídeo-clipe “Celebration”, onde Madonna faz uma releitura de seu próprio retrato fazendo referência à obra de Warhol, “Marilyn”. Quando tentei iniciar a análise comparativa das imagens, a conversa retornou, mas dessa vez também com risadas altas. Procurei explicar a importância de fazer uma leitura de imagens, com afirma José Barbosa: “Aprender a ler é aprender a explorar um texto (uma imagem), lenta ou rapidamente, dependendo da intenção do leito. É buscar compreendê-la.” (1990, p.123) Solicitei que fizessem silêncio para dar prosseguimento à aula, mas meu pedido foi em vão. Comuniquei que todos estavam sendo avaliados pela participação e comportamento em aula e que a partir da semana que vem começaria a pedir trabalhos para entregar valendo nota. Todos se calaram. Como já estava na hora de tocar o sinal, fiz a chamada e liberei a turma.
36
4.5.4 - Aula 4: DIA 16/09/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Pop Art Objetivos: Fazer relações através de vídeo musical da atualidade (Celebration da Madonna) com o movimento Pop Art. Desenvolvimento: A professora mostrará aos alunos o vídeo-clipe “Celebration” da Madonna. Será solicitado que a turma faça comparações das imagens do vídeo com as obras de Andy Warhol. Em seguida será um aplicado um teste com perguntas referentes ao vídeo-clipe Recursos: Vídeo-clipe (Celebration) da Madonna.
REALIZADO Quando entrei na sala de Informática cada aluno já estava sentado em seu computador. Quando comecei a explicar a atividade do dia, um aluno veio até a mim e comentou sobre uma notícia que saiu nos jornais em relação às obras de Warhol que haviam sido roubadas. Confesso que fiquei muito surpresa, pois o que percebo na turma é um total desinteresse em relação a tudo que falo e mostro em aula. Mas após esse comentário, percebi que pelo menos alguém está prestando atenção em minhas aulas. Iniciei a aula explicando sobre a atividade de hoje, que seria assistir ao vídeoclipe “Celbration” da Madonna e analisar tudo com muita atenção, porque depois haveria um teste com perguntas sobre esse vídeo. A maioria começou a resmungar, gritar e dizer que não iria fazer o teste. Eu comuniquei que valeria ponto e quem não quisesse participar ficaria sem nota. Argumentei também sobre o fato de eu estar trabalhando com eles tecnologia, através de vídeos onde podemos fazer relações com
37
o passado e com o presente, saindo um pouco das aulas teóricas. Todos se calaram e foram ver o vídeo. As tecnologias se tornam instrumentos sensíveis que oferecem a nossa imaginação, relações vividas num mundo real. O que interessa não é o poder do computador, mas novas chaves para a imaginação das pessoas que podem interagir com as imagens propostas. (PILLAR, 1999, p.63)
Após a exibição, alguns alunos comentaram que acharam o vídeo muito Pop Art, muitos gostaram das cores utilizadas e das imagens da Madonna, outros comentaram que as imagens da Madonna lembravam muito a obra “Marilyn” de Andy Warhol, até mesmo pela técnica de repetição como mostra no vídeo. Um aluno também comentou sobre a imagem que aparece bem no final do clipe onde a Madonna faz uma releitura de sua imagem utilizando a técnica do Cubismo. Fiquei espantada com os comentários, realmente acho que eles compreenderam minha proposta de aula. O vídeo e a computação gráfica ou fotografia são meios mais recentes de produção de imagens e falam mais ao homem contemporâneo no sentido de ser novidade, pois emergem no meio publicitário, na televisão, ou seja, fazem parte das imagens do cotidiano. (PILLAR, 1999, pg.79-80)
Depois de muitas análises distribuí para cada aluno folhas com as perguntas referentes ao vídeo. Como a aula é só tem um período, todos resolveram responder logo o teste. Antes de o sinal tocar, todos já haviam entregado o teste, então liberei todos. Essa aula foi a que mais rendeu até agora, porque nesse dia houve uma participação maior da turma em relação à atividade proposta em aula.
38
Questões referentes ao vídeo –clipe “Celebration”
Fonte:FORTES, 2009
Fonte: FORTES, 2009
39
4.5.5 - Aula 5: DIA 23/09/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Logotipos, Logomarcas e Cor. Objetivos: Mostrar a relação entre Arte e Propaganda utilizando como exemplos duas obras de Warhol e fazer com que os alunos compreendam melhor sobre criações de peças gráficas, como exemplo: logotipos e logomarcas de alguns produtos Desenvolvimento: A professora explicará como se constrói um logotipo partindo das cores que mais chamam a atenção do consumidor. Em seguida os alunos terão que colar em uma folha ofício dois logotipos e duas logomarcas de produtos, lojas, supermercados, empresas, universidades e outros que a professora selecionou de revistas e jornais. Após, deverão cria uma logomarca partindo de seu nome. Recursos: Recortes de jornais e revistas com logotipos e logomarcas. Imagens utilizadas em aula:
Cartaz da Vodka Absolut (1985) Fonte:http://lafora.com.br – Acesso em 18 abr. 2009
40
Coca – Cola (1962) Fonte:http://mycreepyhouse.blogspot.com/2009/10/promocao-da-converse.html - Acesso em 18 abr. 2009
Recortes de Logotipos Fonte: FORTES,2009
41
Recortes de Logomarcas Fonte: FORTES, 2009
REALIZADO Iniciei a aula apresentado duas imagens das obras de Warhol (cartaz da Vodka Absolut- 1985) e (Coca-Cola - 1962), procurei explicar as relações entre as duas imagens com a Arte e a Propaganda. Em seguida, distribuí textos que explicavam a função dos logotipos, logomarca e cor na propaganda e sua definição. Conforme Celso Luft: “Logotipo é a representação gráfica distintiva, composta de várias letras, utilizada como marca.” (2000, p.428) Logo, a logomarca faz o papel do símbolo, pois ela serve para fixar a propaganda do produto. De acordo com Ana Luisa Escorel: “O símbolo e o logotipo são formas de grafar a marca, de torná-la visualmente tangível.” (1999, p.56) Como exemplos, mostrei em duas folhas ofício recortes de logotipos e logomarcas (símbolos) de vários produtos, empresas, lojas, supermercados, e outros. Perguntei quais a cores que mais se destacavam muitos responderam que era o vermelho, outros o amarelo e assim todos foram participando da aula. Procurei explicar que a cor é o elemento mais importante na comunicação visual. 42
Sobre o indivíduo que recebe a comunicação visual, a cor exerce uma ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de contribuir. A cor é vista: impressiona a retina. É sentida: provoca emoção. E é construtiva, pois tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade, portanto, de construir uma linguagem que comunique uma idéia. (FARINA, 1986, p. 27)
De acordo com Modesto Farina podemos afirma que, a utilização da cor possui relação direta com os meios de comunicação, tanta nas revistas, jornais e televisão. Quando bem trabalhada em logotipos, a cor poderá provocar sensações ao consumidor, entre uma delas, o desejo de querer adquirir tal produto. “Existem cores que vendem, e estas são as mais usadas pelos criadores publicitários, conhecedores de desejos dos consumidores.” (FARINA, 1986, p. 176) É tamanha a expressividade das cores, que ela por sua vez acaba se tornando um transmissor de idéias e desejos. Depois de muitas explicações, perguntei se alguém sabia o que era “slogan”, um aluno me respondeu dizendo que era a frase que vinha logo abaixo do logotipo ou da logomarca. Confirmei sua lógica, mas comentei também sobre a definição conforme Luft: “Slogan – Frase concisa e em geral incisiva destinada a apregoar as qualidades e a superioridade do produto, marca ou serviço.” (2000, p. 610) Em seguida, solicitei que falassem sobre alguns exemplos de “slogans”. Então falaram: “Você tem um estilo, a Renner tem todos”, “MC Donald´s – Amo muito tudo isso”, “Tá na moda, tá C&A”, logo percebi que todos estavam compreendendo a aula de hoje. Distribuí folhas ofício para cada aluno e solicitei que todos colassem na folha dois exemplos de logotipos e logomarcas, após deveriam criar uma logomarca partindo de seu nome. A maioria gostou dessa atividade, pelo que observei aqueles que participaram mais da aula eram o que mais estavam trabalhando com vontade e dedicação. Fui chamada várias vezes em suas classes para ver os trabalhos deles. Achei que não conseguiria concluir essa atividade em um período, mas como a teve a participação da turma, a aula ficou bem mais descontraída e o tempo de aula foi bem produtivo.
43
Trabalhos realizados pelos alunos:
Trabalho do aluno Hiago FORTES, 2009
Trabalho do aluno Robson FORTES, 2009
44
4.5.6 - Aula 6: DIA 30/09/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios publicitários criados a partir de obras de arte. Objetivos: Trabalhar a compreensão do aluno entre a arte e propaganda. Desenvolvimento: A professora mostrará imagens artísticas que servirão de inspiração para serem criados anúncios publicitários (que também serão mostrados). Em seguida serão feitas análises e relações entre as imagens, e um questionário com perguntas referentes à essas imagens estudadas em aula. Recursos: Imagens artísticas e Anúncios publicitários. Imagens utilizadas em aula:
Monalisa (1503-1504), de Leonardo da Vinci Fonte: www.brasilescola.com/artes/mona-lisa.htm - Acesso em 15 mai. 2009
45
Propaganda da marca Bombril. Fonte: http://macieldealmeida.blogspot.com/2009/02/lingua-portuguesa-olavo-bilac-ultima.html Acesso em 25 mar. 2009
As grandes banhistas (1887), de Pierre-Auguste Renoir Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=130284 – Acesso em 15 mai. 2009
46
Propaganda do iogurte Chambourcy inspirada na obra de Renoir. Fonte: www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/143.html - Acesso em 15 mai. 2009
Ăšltima Ceia (1494-1498), de Leonardo Da Vinci Fonte: http://www.reporternet.jor.br/wp-content/uploads/2009/06/ultima-ceia.jpg - Acesso em 15 mai. 2009
47
Outdoor da grife Marité et François Girbaud (2005) Fonte: www.fimdostempos.netodio_milao.html – Acesso em 15 mai. 2009
REALIZADO Hoje quando entrei na sala os alunos estavam reunidos em grande grupo, dando risadas e aos gritos. Fui até a minha mesa, comecei a arrumar o material que seria trabalhado hoje em aula, enquanto isso, a turma continuava conversando e me ignorando. Então parei na frente de todos, cruzei os braços e fiquei bem séria olhando para eles. Aos poucos alguns foram percebendo que eu estava esperando todos ficarem quietos para iniciar a minha aula. Finalmente a silêncio tomou conta da sala e então dei “Bom dia” e avisei que eu não ficaria gritando, pedindo silêncio, pois todos já são bem adultos para perceberem a hora que tem que ficar quietos. Iniciei a aula informando que hoje faríamos uma atividade valendo nota, que seria analisar alguns anúncios publicitários que foram criados a partir de obras de arte. Solicitei que um aluno me ajudasse a colar as imagens no quadro com fita crepe para que assim todos pudessem analisar juntos. Expliquei que os anúncios 48
seriam releituras da obras que também foram coladas no quadro para eles terem uma noção de onde foram tiradas as idéias dos anúncios. Solicitei que todos observassem detalhadamente cada obra que serviu como referência para os anúncios e depois, fazerem as relações entre ambas as imagens. Comentei que esse tipo de propaganda atrai muitos consumidores curiosos, que também apreciam a história da arte, pois existem nessas imagens uma relação de passado e presente. Sem conhecimento de arte e história não é possível a consciência de identidade nacional. A escola seria o lugar que se poderia exercer o princípio democrático de acesso á informação e formação estética de todas as classes sociais, propiciando-se na multiculturalidade brasileira uma aproximação de códigos culturais de diferentes grupos. (BARBOSA, 1991, p.33)
Quando os alunos viram a imagem do anúncio da “Mon Bijou” da marca “Bombril”, onde o garoto propaganda está caracterizado de Monalisa, eles comentaram que se lembravam desse comercial. Em seguida abordei um caso polêmico sobre o anúncio da grife francesa “Marité et François Girbaud”, quando esse anúncio foi vinculado pelas mídias os católicos não viram com bons olhos a divulgação da nova campanha dessa grife. Muitos acharam uma ofensa à igreja católica, e tudo isso terminou em um processo que proibiu a veiculação desse anúncio. Percebi que todos estavam atentos ao que eu falava, tanto que começaram a participar da aula. Ao falar sobre o anúncio do Chambourcy Diet, que faz a releitura da obra as “Grandes Banhistas” (1887) de Renoir, a turma comentou sobre as cores que chamavam sua atenção, a disposição das figuras humanas, onde na obra original as mulheres estão gordas e no anúncio com o auxílio da computação gráfica elas ficaram magras.
Fiquei feliz com os comentários afinal, eu queria que acontecesse isso
mesmo, uma análise em conjunto, porque assim eles perceberiam a influência da arte na propaganda e a importância dela na vida cotidiana. Conforme Analice Pillar: “Uma propaganda de televisão, uma imagem publicitária gráfica ou um clipe musical da MTV, muitas vezes trazem um discurso poético/conceitual que renderiam comentários profundos à cerca dos conteúdos da arte.” (1999, p.81-82) Em seguida apliquei o teste escrito, enquanto isso fez a chamada e na medida em que foram terminando fui liberando para irem embora. 49
Questões referentes aos anúncios trabalhados em aula
Fonte: FORTES, 2009
Fonte: FORTES, 2009
50
4.5.7 - Aula 7: DIA 14/10/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios publicitários criados a partir de obras de arte. Objetivos: Fazer com que os alunos aprendam como construir um anúncio publicitário. Desenvolvimento: A professora explicará como será feita a confecção do anúncio publicitário. Esse mesmo será feito no formato de um cartaz, tendo como referência uma obra de arte escolhida pelos alunos. Como mais um exemplo de como poderá ser feito o anúncio, foi utilizada a imagem da obra “As Respigadeiras” (1857) de Jean François Millet outra imagem que faz uma releitura à obra pelo fato de mostrar latinhas da marca Coca – cola. Recursos: Imagem Artística e releitura de uma obra de Arte Imagens utilizadas em aula:
“As respigadeiras” (1857), de Jean François Millet Fonte: http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/ef2/oficinas/leitura2.htm - Acesso em 02 jun. 2009
51
Releitura da obra “As respigadeiras” Fonte: http://julirossi.blogspot.com/2008/07/realismo.html - Acesso em 02 jun. 2009
REALIZADO Ao entrar na sala percebi que os alunos já estavam bem agitados. Enquanto eu arrumava os materiais para aula, a professora titular fez a chamada e logo em seguida se retirou da sala. Iniciei a aula informando que explicaria como seria a produção do anúncio publicitário, que seria no formato de um cartaz. Perguntei se alguém lembrava das imagens que havia levado na última aula e a maioria respondeu que sim. Então falei que a confecção do cartaz seria baseado em obras de arte, ou seja, o anúncio seria releitura de uma obra de arte que o aluno escolherá para criar o seu anúncio. Expliquei sobre a importância de um cartaz na mídia. Conforme Modesto Farina: “É importante frisar que a função do cartaz é causar impacto. Portanto, precisa reter a atenção do espectador e o que mais importa é conseguir fixar, na memória, a mensagem que deseja transmitir.” (1986, p.197)
52
Chamei a atenção da turma para uma imagem que havia levado para mostrar em aula, uma releitura da obra “As Respigadeiras” (1857) de Jean François Millet. Informei que essa imagem não era um anúncio, mas que poderia servir de exemplo caso alguém fosse trabalhar com anúncio de bebidas. Em seguida mostrei a obra original que serviu de referência para essa releitura. Alguns alunos comentaram que acharam muito criativa essa releitura, pois mostra bem a idéia de substituição de objetos na obra, como exemplo: latinhas da marca Coca-cola. Torres-Gêmeas e Estátua da Liberdade ao fundo da paisagem. Todos ficaram um bom tempo analisando as imagens e fazendo comparações. Comentei que essa era a idéia do cartaz que todos iriam confeccionar, partindo de uma obra de arte, onde todos deverão pensar em um produto conhecido, ou até mesmo criar um e trabalhar técnicas sobre o anúncio, como por exemplo: recorte e colagem, pintura, desenho, etc. Afirmei que todos os grupos deverão explorar as necessidades dos consumidores que pretendem atingir e criar um cartaz que chame a atenção do consumidor que, no caso, serei eu. De acordo com Luiz Celso Piratininga:
[...] compete à publicidade, neste cenário e dinâmico, embeber-se no imaginário coletivo (através de suas atividades de pesquisa), extrai-lhe os mitos e sonhos, usálos no revestimento dos bens e serviços que dela servem e num tempo só a sustentam (através de sua função de manuseio estético-artístico de texto e imagem) e dar-lhes forma criativa final – para o que lança mão dos modernos recursos técnicos de produção e reprodução das obras de arte: fotografia, cinema, gravação audiofônica ou em vídeo – tape, indústria gráficas, meios de comunicação social e etc. (1994, p.81)
Informei que as obras ficarão sob o critério de escolha de cada grupo, mas que todos deverão trabalhar em equipe e explorar sua criatividade durante a atividade proposta. Percebi que a turma aprovou essa tarefa, e como houve colaboração em aula da parte deles, resolvi liberá-los cinco minutos mais cedo.
53
4.5.8 - Aula 8: DIA 21/10/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios publicitários criados a partir de obras de arte. Objetivos: Fazer com que o aluno desenvolva sua criatividade na construção do anúncio. Desenvolvimento: A professora explicará passo a passo como será construído o anúncio.
REALIZADO Conforme havia combinado com a turma a aula de hoje seria na sala de Informática, mas enquanto me dirigia até a sala, percebi que os alunos estavam no corredor. Achei estranho o fato deles não estarem dentro da sala, então fui até a professora que estava na sala (onde costumo dar minha aula) e ela me informou que a o Laboratório de Informática estava sendo ocupado por outro professor. Logo conclui que ela havia esquecido de reservar (na semana passada) o laboratório para a turma. Chamei turma e avisei que a aula seria na sala de costume, como não tinha levado nenhum material para aula de hoje porque estava certa que seria na sala de Informática, tive que improvisar. Antes de eu iniciar a aula, a professora pediu para ela fazer a chamada antes, em seguida se retirou da sala. Percebi que na turma havia alguns alunos que não tinham comparecido na aula passada, então expliquei sobre a confecção do anúncio que seria feita no próximo encontro. Separei a turma em grupos, mas alguns alunos quiseram fazer em duplas, expliquei que não teria problema nenhum. Mais uma vez ressaltei que o anúncio seria construído a partir de uma obra de arte onde o grupo ou dupla escolheria. Eles terão que trabalhar criando a releitura de uma obra com materiais diversificados, poderão também pensar em um produto que eles acham interessante ou até mesmo inventar um.
54
A releitura de obras, por exemplo, é um procedimento bastante explorado pelos professores, que propõem um resgate da produção de artistas, onde os alunos interferem na obra recriando-a através de intervenções, citações, recontextualizações, etc. Essa forma de trabalhar imagens é uma das tendências da arte contemporânea. (Pillar, 1999, p.74)
Procurei explicar sobre a importância dessa atividade, pois eles poderão fazer relações entre o passado e o presente na história da arte. Enquanto eu falava sobre a atividade, conversas paralelas se iniciaram, fazendo com que eu aumentasse meu tom de voz com a turma pedindo silêncio. Quando todos se calaram pedi a colaboração deles, pois já estava chateada pelo fato de não ter conseguido a sala de Informática e ter realizado o meu plano de aula. O silêncio tomou conta da sala. Continuei a explicação informando que iria fornecer folhas A3 para os grupos trabalharem no anúncio. Derrepente a professora entra na sala e interrompe a aula avisando que teria que sair mais cedo e que todos deveriam sair junto com ela, não poderia ficar ninguém na sala. Confesso que não entendi muito bem essa situação, pois na turma da tarde eu ficava sozinha com todos tranquilamente até a hora de tocar o sinal. Como eu já estava meio abalada com o acontecido no início da aula, liberei a turma e fui embora.
4.5.9 - AULA 9: DIA 04/11/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios publicitários criados a partir de obras de arte. Objetivos: Fazer com que o aluno aprenda a trabalhar em equipe durante a construção do anúncio. Desenvolvimento: Serão distribuídas folhas A4 e imagens de obras de arte para os grupos. Todos darão início ao esboço do anúncio que será construído na próxima aula. Recursos: Folhas A4, lápis, borracha e hidrocor
55
Imagens utilizadas para construção do anúncio.
“As Banhistas” (1918), de Pablo Picasso Fonte: http://feeds.feedburner.com/moradadevenus - Acesso em 25 ago. 2009
“Pierrô e Arlequim” (1890), de Paul Cézzane Fonte:http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2009/02/129_2859-Mardi%20Gras.jpg – Acesso em 25 ago. 2009
56
“Mulheres do Taiti” (1891), de Paul Gauguin
Fonte: http://www.arteespana.com/gauguin.htm - Acesso em 25 Ago. 2009
“Baco” (1513), de Leonardo Da Vinci Fonte: http://fadabruxa.blogspot.com/2009/03/o-deus-grego-dionisio.html - Acesso em 25 ago. 2009
57
“O grito” (1893), de Edward Munch
Fonte: http://vidaliteraria.zip.net/images/CharlesEdwardMunchGrito.jpg - Acesso em 10 abr. 2009
REALIZADO Ao entrar na sala os alunos já estavam sentados em seus lugares, então fui falar com a professora titular sobre a reserva da sala de Informática. Ela me informou que os computadores não estavam funcionando naquele dia. Como eu já imaginaria que poderia acontecer um imprevisto levei algumas imagens de obras de arte impressas para trabalhar em sala de aula. A professora titular fez a chamada e se retirou da sala. Iniciei a aula comunicando que não iríamos mais para sala de Informática devido ao mau funcionamento dos computadores. A turma começou a gritar, muitos falaram que não iriam trabalhar, então pedi silêncio e os grupos foram se organizando calmamente. Coloquei as imagens sobre uma classe e avisei que cada grupo escolhesse uma imagem para construir o anúncio, mas quando percebi, estavam todos se empurrando e gritando uns com os outros. Na mesma hora falei para todos sentarem e um aluno de cada grupo deveria escolher sua imagem civilizadamente. 58
Depois de feitas às escolhas dos grupos, distribuí folhas A4 para iniciarem um esboço do anúncio, para que na próxima aula começassem a construir em uma folha A3. Expliquei que toda folha deve ser trabalhada, assim como o produto tem que apresentar logomarca ou logotipo e um slogan, procurando chamar a atenção do consumidor. [...] o conteúdo do anúncio ou comercial – manifestações concretizadas da arte publicitária – se atém aos públicos – alvos pretendidos e busca valorizar junto a eles as características do bem ou serviço ofertado, quer em seus aspectos estéticos, quer no que diz respeito às formas de sua utilização final [...] (PIRATININGA, 1994, p.75)
Enquanto os grupos trabalhavam em seus esboços, resolvi caminhar pela sala para observá-los. Alguns mostraram suas idéias e esclareceram dúvidas. Um grupo me mostrou seu trabalho e achei bem criativa a idéia do produto que eles irão “vender”. Comentei que essa atividade servirá mais como um desafio para o conhecimento deles, onde deverão unir Arte e Propaganda em uma única composição, o anúncio. Somente dessa forma a publicidade, através de signos artisticamente dispostos na mensagem – uns gestuais, outros verbos-vocais, outros ainda apenas através de objetos -, estimulará os mais profundos significados namente e alma de cada consumidor, induzindo-o ao comportamento ativo e predispondo-o ao gesto pacificador do consumo. (PIRATININGA, 1994, p.76)
Depois de esclarecidas mais dúvidas e sugeridas algumas idéias, avisei para turma que na próxima aula eu levaria folhas A3 e mais alguns materiais para construírem seu anúncio. Ao toque do sinal, todos saíram calmamente.
4.5.10 -Aula 10: DIA 11/11/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios Publicitários Objetivos: Mostrar ao aluno como é possível trabalhar Arte Propaganda em sala de aula. 59
Desenvolvimento: A professora distribuirá folhas A3 para os grupos iniciarem a construção do anúncio. Os alunos poderão utilizar qualquer material que achar necessário para elaboração do seu trabalho como: lápis de cor, recortes de revistas, hidrocor, outros tipos de papéis e outros materiais. Recursos: Material para aula de Artes
REALIZADO Ao entrar na sala, enquanto os alunos se dirigiam para seus lugares comecei a organizar os materiais que seriam trabalhados. A professora titular fez a chamada e se retirou da sala. Como hoje o período era reduzido, procurei ser breve, expliquei que todos deveriam iniciar seus anúncios, distribuí folhas A3, revistas, lápis de cor e hidrocor. Outros materiais que poderiam ser trabalhados ficaram a critério dos alunos em levar para aula. Os grupos se reuniram para dar início à atividade, enquanto eu fazia chamada. Resolvi caminhar pela sala para observar os grupos e percebi que apenas um grupo estava trabalhando, os outros só conversavam. Solicitei a colaboração de todos e informei que minha avaliação seria individual, ou seja, além do anúncio cada aluno receberia nota individual por participação nessa atividade. Alguns ficaram preocupados com esse tipo de avaliação, então falei que todos deveriam levar mais a sério a aula de Artes porque ela é tão importante quanto qualquer outra disciplina. Conforme Juan José Mosqueira: “A educação pela arte tenta o desenvolvimento de sensibilidade, imaginação, criatividade do ser humano, possibilitando-lhe ainda um crescimento em termos de visão estética, emocional e intelectual do seu mundo.” (1976, p.101) Muitos ficaram quietos, pensativos, então finalizei informando para eles que quando montei meu projeto de ensino, fiz pensando em usar algo diferente em aula, que saísse do desenho geométrico, conforme a turma havia respondido no questionário aplicado no semestre anterior quando eu estava fazendo minhas observações. Um aluno comentou que estava gostando dessa proposta, em relação ao anúncio, que agora observa mais as propagandas que passam na televisão. Como 60
exemplo ele citou a propaganda da Coca-Cola Zero onde aparece uma cena em que a tela está dividida em quatros partes iguais na vertical e mostra quatro bonecos dançando. Ele fez uma relação com o clipe da Madonna que foi inspirado no movimento Pop Art. Pelo menos alguém está compreendendo o quero ensinar sobre Arte e Propaganda. De acordo com Analice Pillar, “[...] parece natural que as imagens da arte contemporânea, voltada para as relações arte/tecnologia, recebam especial atenção e sejam merecedoras de espaço na sala de aula.” (1999, p.74) Ao toque do sinal os grupos devolveram as folhas e revistas e foram embora.
4.5.11 - Aula 11: DIA 25/11/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios Publicitários Objetivos: Fazer com que o aluno desenvolva sua criatividade durante a construção de um anúncio. Desenvolvimento: Continuação da construção dos anúncios publicitários. Recursos: Material para aula de Artes
REALIZADO Ao chegar à sala, comecei a arrumar os materiais para a turma continuar a construção dos anúncios. À medida que cada aluno chegava já se sentava com seu grupo para iniciar o trabalho. A professora titular me cumprimentou pegou seus pertences e se retirou da sala sem fazer a chamada.
Enquanto os grupos se
organizavam eu fiz a chamada. Depois de tudo organizado, resolvi caminhar pela sala para observar o andamento dos anúncios. Dois grupos já estavam com 80% do seu trabalho pronto, faltando apenas alguns detalhes que seriam discutidos pelo grupo. 61
Em mais uma caminhada percebi que um grupo não estava fazendo nada, ou melhor, uma aluna estava lendo uma carta, outra folheando revista (mais interessada na reportagem do que na pesquisa para o trabalho) e o outro aluno estava olhando para o “além”. Dirigi-me até eles e perguntei se já tinham alguma idéia sobre o anúncio que irão trabalhar. Um deles me respondeu que não sabiam o que fazer, estava sem idéias. Argumentei que já estávamos no terceiro encontro para a construção do anúncio, logo já era para eles terem pelos menos um rascunho do que irão fazer. Completei dizendo que eles estavam em três cabeças ficando mais fácil de pensar em alguma coisa pra o trabalho. Expliquei que eles deveriam usar a imaginação, procurando despertar seu lado criativo. Assim, com certeza, os três chegariam a um denominador comum. Informei também que eles não esperassem minha ajuda, pois, desde o ínício do estágio, informei que todos deveriam pesquisar mais coisas sobre propagandas para já terem alguma base sobre o que construir. Eles comentaram que não estavam acostumados a fazer pesquisas, sempre esperaram pelo auxílio do professor. Umas das aptidões básicas que deveriam ser ensinadas em nossas escolas públicas deveria ser a capacidade de procurar descobrir respostas, em vês de aguardar passivamente, as respostas e instruções do professor. As experiências centrais numa atividade artística consubstanciam precisamente esse fator. (LOWENFELD; BRITTAIN, 1977, p.74)
Comuniquei à turma que a avaliação do trabalho seria do seguinte modo: o anúncio valerá uma nota e a participação do aluno durante a realização do trabalho será outra. Cada aluno será avaliado individualmente. Um grupo mostrou seu anúncio e perguntaram o que eu estava achando. Respondi dizendo que eles estavam no caminho certo, entenderam o que foi solicitado. Uniram o passado com o atual, trabalharam sua criatividade no produto, fizeram uma junção do real para o imaginário, ficou bem interessante. As artes, nas suas variadas manifestações oferecem a possibilidade de transcender os limites dos acontecimentos cotidianos, permitindo ao indivíduo uma extensão da sua experiência na vida real e descortinando novas visões no sentido da fantasia e da criatividade. (MOSQUERA, 1976, p.102)
62
Faltando cinco minutos para tocar o sinal, solicitei que todos guardassem os materiais e me devolvessem as folhas A3. Um aluno insistiu pra levar a folha para casa, mas informei que eu queria “ver” todos trabalhando em aula. Então tive uma surpresa, um dos grupos (o primeiro que chamei a atenção) me devolveu a folha em branco, não tinham feito nada. Perguntei o que tinha acontecido. Nada do que falei com eles no início da aula adiantou para que surgisse uma idéia. Uma das alunas me respondeu que não conseguiu pensar em nada, então lembrei que na próxima aula será nosso último encontro e se não fizerem nada não poderão ser avaliados. A expressão que os três fizeram foi de total desprezo. Confesso que fiquei chateada com essa situação, mas não posso obrigá-los a fazerem o que não estão interessados. Ao toque do sinal a turma se retirou da sala calmamente.
4.5.12 - Aula 12: DIA 02/12/2009 PLANEJADO Tema: Arte e Propaganda Conteúdo: Anúncios Publicitários Objetivos: Relacionar a importância entre Arte e Propaganda no cotidiano do aluno. Desenvolvimento: Finalização da construção dos anúncios publicitários. Recursos: Material para aula de Artes
REALIZADO Chegando à escola fui falar com a supervisora pra confirmar meu pedido de ocupar os dois períodos, já que uma professora havia faltado nesse dia. Ela me respondeu que estava tudo certo. Peguei a chave da sala, enquanto me dirigi até a sala, os alunos já estavam no corredor me esperando. Ao entrar na sala devolvi as folhas A3 para os grupos terminarem seus trabalhos. Chamei o grupo que não havia feito nada na última aula e expliquei como 63
estava a situação deles na minha avaliação, que não poderiam ser avaliados se não trabalhassem em aula, que a decisão seria deles. Eles responderam que iriam construir o anúncio e finalizá-lo hoje, também. Fiz a chamada e resolvi caminhar pela sala para observar os trabalhos. Hoje percebi que os alunos estavam mais concentrados, todos estavam trabalhando em equipes, uns pintavam, outros desenhavam, outros recortavam e colavam. Acho que foi pelo motivo de eles terem mais tempo, afinal, consegui ocupar dois períodos para finalizar os trabalhos. Um grupo estava construindo um anúncio sobre a linha “Seda”, reproduziram a obra de arte “As banhistas” (1918), de Pablo Picasso com recortes, colagens e desenhos. Uma aluna argumentou que esse anúncio era para todas as mulheres que se preocupam com os seus cabelos durante o verão. Outro aluno do mesmo grupo explicou que as imagens utilizadas são mulheres bonitas e de idades diferentes, chamando a atenção para as consumidoras que ao comprar o produto, seu cabelo ficará igual ao das mulheres do anúncio. A publicidade é eficaz precisamente porque se radica na realidade. Vestuário, comida, automóveis, cosméticos, banhos, calor do sol, constituem coisas reais que são em si mesmas, muito apreciáveis. A publicidade começa por trabalhar a partir do apetite natural do prazer. (BERGER, 1972, p.136)
Continuando minha caminhada pela sala, me chamou a atenção um grupo que escolheu a imagem da obra de arte “Baco” (1513), de Leonardo da Vinci para criar um anúncio de propaganda de cerveja. Um aluno do grupo comentou que essa idéia da cerveja foi para fazer uma sátira da obra de arte já que “Baco” é o Deus do vinho. Outro grupo também fez um trabalho muito bom foi, reproduziram a obra de arte “O grito” (1893), de Edward Munch e do lado fizeram uma imagem igual ao personagem da obra, só que com cabelos. A idéia do anúncio era a propaganda de um produto capilar. O grupo que não tinha feito nada na aula passada argumentou que foi muito difícil pensar em alguma coisa devido a tanta pressão das outras disciplinas, mas respondi que tudo era questão de saber separar as coisas, e que tinha me colocado a disposição deles para esclarecer qualquer dúvida. Bastava apenas eles demonstrarem algum interesse pela atividade.
64
Após o término dos trabalhos, perguntei aos alunos o que tinham achado dessa atividade. A maioria respondeu que no início não estavam se encontrando, mas depois, reunidos em grupos é que foram surgindo as idéias. Acharam interessante trabalhar Arte e Propaganda. Um aluno comentou que quando se trabalha com imagens fica mais fácil de fazer relações com tudo, ou seja, para ele, as imagens têm um papel importante na construção de qualquer trabalho, facilita a compreensão e percepção do que estamos observando. De acordo com Anamélia Buoro: A imagem ocupa um espaço considerável no cotidiano do homem contemporâneo. Livros, revistas, outdoors, internet, cinema, vídeo, tevê, para citar apenas fontes mais comuns, produzem imagens incessantemente, quase sempre à exaustão e diante de olhares de passagem. Todos são meios ao alcance da maioria da população brasileira e tão presentes quanto enraizados nos gestos mínimos de nosso dia a dia. (2002, p.34)
Realmente fui pega de surpresa com a turma nesse último dia de aula, pois todos trabalharam em equipe e mostraram que entenderam o objetivo dessa atividade. Posso não ter conseguido manter meu projeto de ensino desde o início, durante o estágio tive que fazer algumas modificações, mas no final percebi que realmente as coisas não saem como a gente gostaria que fosse, que muitas vezes temo que lidar com muitos imprevistos, mas tudo isso faz parte da vida de um professor. Posso não ter alcançado 100% meus objetivos, mas a partir dessa experiência poderei rever conceitos e atitudes em relação ao ensino da Arte.
65
Imagens dos anúncios criados pelos alunos:
Anúncio criado a partir da obra “O grito”(1893), de Edward Munch. Fonte: FORTES, 2009
Anúncio criado a partir da obra “Baco”(1513), de Leonardo Da Vinci. Fonte: FORTES, 2009
66
Anúncio criado a partir da obra “Pierrô e Arlequim”(1890), de Paul Cézzane. Fonte: FORTES, 2009
Anúncio criado a partir da obra “As Banhistas” (1918), de Pablo Picasso. Fonte: FORTES, 2009
67
Anúncio criado a partir da obra “Mulheres do Taiti” (1891), de Paul Gauguin. Fonte: FORTES, 2009
68
CONCLUSÃO O tema escolhido para o projeto de ensino para a turma 301, do terceiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, localizada na Avenida Niterói, 472 em Porto Alegre foi “Arte e Propaganda”. Com o objetivo principal de motivar os alunos a desenvolver a leitura, interpretação, produção e contextualização de imagens artísticas relacionado-as com as imagens publicitárias, enfatizando temas da sociedade atual. Foram 12 encontros, uma vez por semana com período de 45 minutos cada. Eram poucos alunos, mas o suficiente para fazer com que eu refletisse sobre o que se deve “ensinar”. E ao mesmo tempo “aprender” em uma aula de Arte. A Arte na educação como expressão pessoal e como cultura, é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Atualmente não se trata mais de perguntar o que o artista quis dizer em uma obra, mas o que a obra nos diz aqui e agora em nosso contexto. No primeiro contato que tive com a turma, achei que trabalhar “Arte e Propaganda” seria um assunto interessante de ser estudado em sala de aula, uma vez que a maioria respondeu ao questionário aplicado em aula que já estavam cansados de fazer desenho geométrico. Ao explicar como seria o método de ensino (aulas teóricas, discussões em grupos, análises de obras de arte e anúncios publicitários e no final um trabalho prático), alguns alunos demonstraram interesse, outros nem tanto. Foram 12 encontros, mas 3 desses fizeram com que eu percebesse que enquanto alguém está se preparando para dar aula de Arte é preciso saber prender a atenção do aluno, saber improvisar e despertar seu interesse. Quando pensei em prender a atenção do aluno, foi trabalhar com uma atividade de leitura de interpretação de imagens artísticas e publicitárias. Procurei levar para sala de aula imagens da atualidade, fazendo com que eles desenvolvessem a capacidade de construir relações dentro e fora da escola. Foi na 6ª aula que isso aconteceu, quando trabalhei com a turma imagens de anúncios publicitários que foram inspirados em obras de Arte. Os alunos teriam que observar, analisar e interpretar essas imagens, tirando suas próprias conclusões. 69
No início da atividade a maior preocupação da turma era quanto valeria esse trabalho. Mas, no decorrer da aula, todos participaram, fizeram análises e comparações com coisas que faziam parte de seu cotidiano. Como exemplo: A imagem que mostrava a propaganda da marca Mon Bijou, em que o garoto propaganda está vestido de Monalisa. Alguns alunos comentaram que todo mundo já deveria ter ouvido falar desse produto, afinal ele existe há muitos anos. Quem lava ou já lavou roupas deve ter usado esse produto pelo menos uma vez na vida. Os alunos também fizeram relação da marca Mon Bijou com a obra de arte Monalisa, eles comentaram que os espectadores saberão que usando essa marca suas roupas ficarão idênticas a uma obra de Arte. No fim, o que era para ser um trabalho “chato” na visão de muitos alunos acabou tornandose muito estimulante e interessante. A proposta dessa atividade motivou os alunos a dialogarem com as imagens fazendo relações entre o passado e o presente, facilitando sua compreensão ao fato de como essas imagens influenciam suas percepções, formas de pensar e agir. Quando se trabalha Arte em sala de aula, o professor deve procurar conectar a Arte com a cultura junto à atmosfera escolar, assim fica mais fácil de perceber como o sistema simbólico poderá contribuir para uma leitura da mensagem visual. É dever do professor de Artes oferecer ao aluno a oportunidade de construir conhecimento com outro olhar, um olhar mais observador, mais sensível e planejar aulas que motivem o aluno a desenvolver sua percepção em relação a tudo ao seu redor. Ao planejar uma aula o professor deve estar preparado para qualquer imprevisto que geralmente acontece. Saber improvisar é uma forma de mostrar ao aluno que mesmo com contratempos, o professor pode apropriar-se de assuntos trabalhado em aula. No 8º encontro eu havia planejado que ocorreria na sala de informática, mas aconteceu um imprevisto com os computadores e tive que dar aula na sala de Artes. Nessa hora percebi que precisava improvisar. Confesso que naquele momento fiquei muito confusa, sem ação na frente da turma. Perguntava para mim mesma: - E agora? O que faço? Enquanto estava nesse dilema, a turma estava ali parada na minha frente esperando uma atitude minha frente a essa situação. Realmente eu não esperava que isso pudesse acontecer, não estava preparada para imprevistos. Ter que pensar em alguma atividade de aula de última hora foi algo 70
que eu não estava esperando naquele dia. Então pensei em alguma coisa relacionada às aulas anteriores e improvisei. Retomei em forma de resumo todos os temas vistos e aprendidos anteriormente. No início achei que não conseguiria dar conta, mas a turma colaborou em aula, fizemos análises de algumas imagens de obras de Arte e foi realizado um debate em grande grupo. A partir dessa aula percebi que a necessidade de alfabetização visual vem confirmando o papel da Arte na escola. Não se trata somente de desenvolver a criatividade através do fazer Arte, mas também através de leituras e interpretações de obras de Arte. Isso despertará no aluno um vocabulário expressivo, pois é através das imagens que a Arte aflora em seu poder de comunicação. Foi pensando nisso que realizei um trabalho prático com a turma, no 11º encontro (consegui dois períodos). Sugeri que fizessem uma interpretação utilizando a linguagem plástica. Escolheriam um tema e através do trabalho artístico o retratariam com criatividade e autenticidade. A proposta dessa atividade era despertar o interesse dos alunos, motivando-os a pensar que um trabalho artístico pode ser um momento de reflexão sobre o que realmente a Arte representa para eles. Ao explicar como seria essa atividade, parecia que estava tudo indo muito bem. Então surgiu um grupo, que no meu ponto de vista, demonstrou total desinteresse pelo trabalho. Dirigi-me até eles e perguntei se já tinham alguma idéia sobre o que iriam trabalhar. Um deles me respondeu que não sabia o que fazer, estava sem idéias. Expliquei que eles deveriam usar a imaginação, procurando despertar seu lado criativo, assim com certeza, os três chegariam a um denominador comum. Informei que eles deveriam ter pesquisado mais sobre imagens publicitárias para já terem algum exemplo sobre o que trabalhar. Eles comentaram que não estavam acostumados a fazer pesquisas, sempre esperaram pelo auxílio do professor. A partir disso, entendi que os alunos tomam suas iniciativas quando querem. Ou seja, se o assunto lhes agrada, eles imediatamente procuram trabalhar. Mas se o assunto não lhes chama a atenção, eles esperam pelo professor para saber por onde começar, o que fazer e como fazer. Eu estava feliz pelo fato dos outros grupos estarem trabalhando, mas ao mesmo tempo frustrada por não conseguir fazer com que esse grupo trabalhasse. Acredito que minha fixação em cumprir o projeto, achando que assim tudo daria certo, 71
fez com que eu não percebesse que nesse grupo os integrantes precisavam de uma atenção especial. Foi bem difícil criar um diálogo com eles, não poderia obrigá-los a fazer o que não queriam. Mas apesar de tudo, esse grupo resolveu trabalhar. Ao final da aula eles comentaram que tiveram muita dificuldade em iniciar o trabalho, mas que não queriam demonstrar que não tinha entendido a atividade. Argumentei que eles poderiam ter me falado e assim poderia ter ajudado em alguma coisa. Sempre que tinha uma oportunidade, eu caminhava pela sala para observar os alunos realizando o trabalho solicitado. Acredito que devido a essa minha caminhada posso ter intimidado esse grupo. Eu poderia estar passando uma imagem de autoridade, alguém que estava ali fiscalizando seus atos. Ao caminhar pela sala, minha idéia era mostrar aos alunos que eu estava disposta a auxiliá-los em qualquer dúvida. Procurei acompanhá-los durante as atividades não para criticá-los. Mas sim para ajudálos a encontrar o caminho, a direção de suas conclusões em relação aos trabalhos solicitados. Os grupos fizeram suas apresentações, explicando seus trabalhos desde o início de sua confecção até o resultado final. Um aluno comentou que: “Quando se trabalha com imagens fica mais fácil de fazer relações com tudo, ou seja, as imagens têm um papel importante na construção de qualquer trabalho, facilita a compreensão e percepção do que estamos observando”. Essa fala do aluno vai ao encontro do que foi abordado no capítulo 2 sobre a importância de utilizar imagens em sala de aula. O capítulo aborda que a construção do conhecimento em relação à leitura de imagens está integrada na pesquisa, na exploração, na interpretação da imagem como uma linguagem carregada de sentidos e significados. Fiquei muito satisfeita ao ouvir isso, pois apesar de alguns contratempos, percebi que meus objetivos foram alcançados. Confesso que foi um estágio cheio de expectativas, frustrações, ansiedades e surpresas, mas acredito que isso faz parte da vida de qualquer pessoa, inclusive de um professor. Ao aplicar esse projeto, percebi que quando se elabora um projeto no papel tudo fica fácil. Parece que nada poderá dar errado. Mas, ao vivenciar essa experiência em sala de aula, senti na pele que nem sempre as coisas são como imaginamos. 72
Aprendi que é preciso sempre ter um “curinga” na manga, estar preparada para todos os imprevistos. Mas acima de tudo jamais julgar um aluno por seus atos. Cada aluno tem um ritmo de compreensão em relação ao que está sendo estudado em sala de aula. Alguns levam mais tempo para perceber e desenvolver sua criatividade e imaginação na atividade solicitada. Mas mesmo assim são capazes de expressar idéias, sentimentos, sensações que os ajudam a criar um vocabulário expressivo. Sei que errei algumas vezes, mas também aprendi, e a lição que usarei para o futuro é nunca esperar resultados imediatos. As coisas acontecem com o tempo. Portanto, acredito que o papel do professor não é querer transformar o aluno em um artista, mas sim motivá-lo a ser uma pessoa mais observadora, crítica e construtora de um conhecimento na qual o processo de aprendizagem seja mais importante que o produto final.
73
REFERÊNCIAS ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual. São Paulo: EDUSP/Pioneira, 1980. BARBOSA, Ana Mae. As imagens no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991 _________________.(Org). Arte/ Educação internacionais. São Paulo: Cortez: 2005.
Contemporânea:
consonâncias
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1990 BERGER, John. Modos de Ver. São Paulo: Martins Fontes, 1972 BRONOWSKI, Jacob. Arte e Conhecimento: Ver, Imaginar e Criar. São Paulo: Martins Fontes, 1983 BUORO, Anamelia. Olhos que pintam. São Paulo: Cortez, 2002 CAMARGO,Luís (Org). Arte – Educação: da pré-escola à universidade. São Paulo: Nobel, 1989 CESAR, Newton. Direção de Arte em Propaganda. São Paulo: Futura, 2000 CUNHA,Susana R. (Org). Cor, Som e Movimento. Porto Alegre: Mediação, 1999 FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo, 1986 FERRAZ, Maria H; FUSARI, Maria. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 1992 FERRAZ, Maria H. Metodologia do Ensino da Arte. São Paulo: Cortez,, 1993 FRANZ, Teresinha Sueli. Educação para uma compreensão crítica da Arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003 GOMES, Neusa Demartini. Publicidade: comunicação persuasiva. Porto Alegre: Sulina, 2003 GUIMARÂES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, lingüística e cultural da simbologia das cores. São Paulo: Annblume, 2000 HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual: Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000 74
IAVELBERGER, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artimed, 2003 JOLY, Matine. Introdução à análise de imagem. São Paulo, Papirus Editora, 1996 LOGOMARCA. Disponível em: < www.criacaodelogomarcas.com/logomarca.html. > acesso em: 27 jul. 2009 LOGOTIPO. Disponível em: < http://.wikipedia.org/wiki/logotipo > acesso em: 27 jul. 2009 LLOTTO, Silva; SCHRAMM, Marilene. Reflexões sobre o ensino das artes. Joinville: Univalle, 2001 LOWENFELD, Viktor; W. L. Brittain. Desenvolvimento da capacidade criativa. São Paulo, Mestre Jou, 1977 LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. São Paulo, Editora Ática, 2002 MARTINS, Mirian Celeste F. Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, Maria T. Didática do Ensino da Arte: A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998 MOSQUEIRA, Juan José Mourino. Psicologia da Arte. 2ª ed. Ver. Porto Alegre: Sulina, 1976 OLIVEIRA, Marilda (Org.). Arte, Educação e Cultura. Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2007 OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro: Vozes, 1991 _________________. Universos da Arte: edição comemorativa Fayga Ostrower.24º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (5ª a 8ª série). Secretaria da Educação Fundamental – Brasília. MEC/SEF, 1998 PASTOUREAU, M. Dicionário das cores do nosso tempo – simbólico e sociedade. Lisboa: STAMPA, 1993 PILLAR, Analice Dutra. (Org.). A Educação do Olhar no Ensino das Artes. Porto Alegre: Editora Mediação, 1999 PIRATININGA, Luiz Celso de. Publicidade: Arte ou Artifício? São Paulo: T.A. Queiroz, 1994 POP ART. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Pop_art > acesso em 20 abr. 2009 75
RAMOS, Alexandre Dias. Mídia e Arte: Aberturas Contemporâneas. Porto Alegre: Zouk, 2006 ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Mediação, 2003 SANT’ANNA, Armando. Propaganda, teoria, técnica e prática. São Paulo: Livraria Editora Pioneira, 1982 SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. Imagem, Cognição, Semiótica, Mídia. São Paulo: Iluminuras, 1999 SILVEIRA, Paulo Antônio. A página violada: Da ternura à injúria na construção do livro do artista. Porto Alegre: Ed. Universidade/ UFRGS, 2001 WARHOL, Andy. Coleção Gênios da Arte, 2007
76
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ALUNOS
77
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ALUNOS
78
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ALUNOS
79
APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ALUNOS
80
APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ALUNOS
81
APÊNDICE F - QUESTIONÁRIO APLICADO COM A PROFESSORA DE ARTES
82
APÊNDICE G - QUESTIONÁRIO APLICADO COM A SUPERVISORA DA ESCOLA
83
ANEXO CD contendo versão em PDF do TC, apresentação em Power Point feita junto à banca, materiais relativos à prática de ensino no nível não contemplado no TC.
84